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Sistema Financeiro Economia Monetária Profa. Cristina F. B. Reis Novembro, 2013 3. SISTEMA FINANCEIRO SUMÁRIO 3. Sistema financeiro • Mercados financeiros • Bancos e instituições financeiras • Tendências recentes • Discussão crítica sobre questões financeiras contemporâneas no Brasil e no mundo Figura 1: trader doido Figura 1: pregão eletrônico na Bovespa. Créditos: Percio Lima/Bovespa. Figura 3: Pregão viva voz na BM&F. Créditos Sergio Castro/AE [17] Figura 4: Wall Street Stock Exchange Mercados financeiros • Para desenvolver é preciso investimento: parte do produto se destine e acumular meios de produção => aumento de capacidade produtiva • Na sociedade moderna o investimento não é a “sobra” do que já foi produzido • Capital pode advir do passado ou de financiamento • Motivação não é apenas reprodução material, mas o lucro Mercados financeiros • Def. relações financeiras: “são estabelecidas sempre que um agente econômico é capaz de transferir o comando de recursos para terceiros, contra o reconhecimento de uma obrigação (e de seu serviço) por parte do beneficiário” (CARVALHO et al., p. 236) • Partes da relação financeira: – Unidade superavitária: possuem excedente de renda em relação ao dispêndio => poupança financeira. – Unidade deficitária: não possuem excedente => demandam poupança financeira • Mercado financeiro engloba todas as transações de obrigações emitidas entre agentes superavitários e deficitários, geralmente com instituições intermediárias Mercados financeiros • Def. sistema financeiro: “cjto de mercados financeiros, definidos em função das classes de ativos transacionados, as instituições financeiras participantes, as inter-relações entre eles e os regulamentos” (CARVALHO et al., p. 249). • Sistema é diverso pois existem inúmeras formas de transferir comando sobre recursos para outrem em troca do reconhecimento da necessidade de cumprimento da obrigação exigida. • Mercados podem ser divididos por: – Tipos de recursos: crédito x títulos – Identidade dos agentes: primários x secundários – Disponibilidade de informação: público x privado – Papel das instituições fin.: intermediado x desintermediado Mercados financeiros Mercado de crédito • Transações individualizadas/ • Contratos mais personalizados • Obrigações podem ser transferíveis (no passado, não) • Segmento de curto e médio prazo Mercado de título • Transações mais gerais/ • Contratos mais genéricos • Obrigações podem ser transferíveis • Segmento de curta duração (mercado monetário: menor risco de capital) ; a longa maturidade (mercado de capitais: títulos de propriedade ou de dívida) Mercado público • Informação simétrica • Todos participantes desfrutam de mesmos benefícios • Competitividade: lei do preço único => taxas de juros tendem a um mesmo valor • Exemplo: bolsa de valores Mercado privado • Informação mais assimétrica • Operações de balcão (OTC) • Exemplo: crédito, derivativos Mercados financeiros Mercado intermediado • Mercado de crédito intermediado por bancos • Risco de crédito (ou de default, por parte dos tomadores) fica com o intermediário) • Informação mais assimétrica Mercado desintermediado • Mercados de capitais • Risco de crédito sobre o emprestador • Maior risco de mercado: que o mercado não demande o ativo e o preço seja menor do que o esperado Mercados financeiros Mercados financeiros • Derivativos: ativos cujo valor é determinado pelo valor de algum outro ativo (subjacente) ou taxa de juros e um mercado específico ou outra ocorrência pré-especificada • Nasceu no século XIX: mercados agrícolas => bens vendidos para entrega futura a um preço fixo no presente, com pgto na data de entrega. – Produtores e compradores: risco de incerteza tecnológica (quanto vai produzir) e de mercado (obter o preço esperado) • No derivativo, o risco de mercado é “vendido” do produtor para o comprador e o de quantidade do comprador para o produtor • Derivam a trajetória da valorização do ativo, decompondo riscos: cada agente assume os riscos apenas que considera capaz de administrar => hedge • Contrapartida: especulação Mercados financeiros • Tipos de derivativos: – negociados em bolsa: mercado organizado, transações anônimas, operações com margem (garantia de que o valor seja cumprido, conforme o grau de risco), maior liquidez • Contratos futuros: aqueles em que a parte assume a obrigação de entrega de um determinado item numa determinada data, a um preço predeterminado • Opções: contratos que dão o direito (mas não a obrigação) de efetuar uma transação especificada numa determinada data ou contingência (venda – put/ compra – call) Mercados financeiros • Tipos de derivativos: – negociados em balcão: mercado idiossincrático, contratos não-transferíveis, menor liquidez => vantagem é tratar de riscos particulares que não interessam ao mercado em geral. • Contratos a termo: contratos futuros bilaterais • Swaps: troca-se as características de um ativo pelas características de outro (juros, câmbio – Simples ou estruturado Sistemas financeiros TO R R ES F IL H O & M A C A H YB A , p . 1 8 Bancos e Instits. financeiras • Definição genérica: instituição depositária • O banco mais importante: banco comercial • Origem dual: – Iniciativas de acumulação de recursos para financiar projetos – Iniciativas de depósito de valores • Bancos são uma categoria de empresas as instituições que captem recursos através de depósitos à vista e etc. Bancos e Instits. financeiras • Funções do banco: – Comerciais: captam recursos via depósitos à vista, repassando-os a tomadores sob empréstimos de curto prazo (K giro) – Investimento: captam recursos através de depósitos à prazo, usando-os para financiar a subscrição de títulos no mercado – Poupança: captam depósitos através de poupança para financiamento de imóveis via hipotecas. Bancos e Instits. financeiras • Dilema central do banco comercial (do lado do ativo): – ser lucrativo (maximizar volume de empréstimos) vs – ser seguro (maximizar liquidez dos ativos) • Solução segundo principais abordagens da firma bancária: – Neoclássica – Keynes Bancos e Instits. financeiras NEOCLÁSSICA: • Banco minimiza custos, que variam de acordo com distribuição de probabilidades conhecida • Tamanho do banco é dado exogenamente (montante de DV) • Problema: como alocar os recursos (o quanto emprestar)? – Função custo de ativos líquidos e não rentáveis (reservas, cujo custo é a perda de juros) x ativos rentáveis e mais ilíquidos (empréstimos, cujos custos são a taxa do Banco central se houver necessidade de emprestar) Bancos e Instits. financeiras KEYNESIANA: • Inadequado supor que bancos imobiliza em reservas, tudo é emprestável => formas de diferentes graus de liquidez • Existe incerteza e distribuição de probabilidades não é conhecida • Problema1: como alocar os recursos (que proporção emprestar nas formas menos líquidas)? Depende das expectativas – Tipos de empréstimos: curtíssimo prazo (overnight), cp (títulos), mp-lp (empréstimos a clientes). • Problema 2: como compor o passivo? Bancos e Instits. financeiras • No capitalismo, a função dos bancos comerciais de criador de crédito tem sido mais notável do que intermediáriode poupança • Hoje em dia, vem se consolidando a função de administrador de riscos (vários), enfrentando, conforme for a arrecadação de depósitos o risco de saque e de liquidez (perda esperada na venda de ativos sob pressão) e de crédito (calote tomadores) • As necessidades mais imediatas de liquidez se realizam no mercado interbancário de reservas (em seguida, com o BACEN) Bancos e Instits. financeiras • Balancete estilizado do banco comercial (CARVALHO et al, 2001, p. 259 e 277). Ativo Passivo Caixa 10 Patrimônio líquido 100 Reservas compulsórias 20 DV 200 Empréstimos capital de giro 270 Títulos públicos cp (reservas secundárias) e lp Empréstimo do BC (redesconto) Empréstimos no interbancário Empréstimos do interbancário Imóveis Depósito de poupança Equipamentos Total 300 TOTAL 300 Bancos e Instits. financeiras • Exemplo multiplicador bancário: 1) Amigos se juntam e formam um banco com patrimônio de R$ 100, que fica pro caixa – Ativo: Caixa 100/ Passivo: Pat. Líquido 100 2) Banco empresta todos os recursos: – Ativo: Caixa 0, Empréstimos 100/ Passivo: PL 10 3) Tomador deixa o $ no banco: - Ativo: Caixa 100, Empréstimos 100/ Passivo PL 100, depósitos 100 • Multiplicador é reduzido em caso de reservas voluntárias e compulsórias Bancos e Instits. financeiras • Forma de atuação dos bancos de investimento: subscrição de papéis • O banco compra títulos emitidos pelo tomador, adiantando recursos para ele, mantendo papéis em carteira para depois por no mercado no momento de boas condições de vendas • Função é acelerar projetos de empresas públicas e privadas • Remuneração através da valorização esperada do ativo a ser negociado em bolsa • Corre risco de mercado: demanda não ser a esperada Bancos e Instits. financeiras • Para dirimir risco de mercado, cada vez mais voláteis, aumentou a atuação como corretagem com tomadores de maior receptividade no mercado => banco não adquire os papéis, apenas promove colocação no mercado e reúne investidores. • Daí o balancete dos bancos de investimentos são pouco informativos, pois não se trata de ativo ou passivo => é preciso ver contas de receitas, despesas, demonstrativos de lucros. Bancos e Instits. financeiras • Bancos de poupança são aqueles que atuam no mercado de crédito, destacadamente no setor imobiliário, onde realizam contratos do tipo hipoteca. • Estão mais sujeitos a riscos de crédito e, principalmente, de juros (que é a probabilidade de ocorrer descasamento entre a maturidade dos ativos e passivos). • Este setor bancário nos Estados Unidos passou por uma grande crise nos anos oitenta, que melhorou após o advento da securitização. Bancos e Instits. financeiras • Cooperativas de crédito: instituições não voltadas para o lucro que funcionam como bancos comerciais: captam depósitos de uma sociedade determinada (ex. funcionários de uma empresa, sindicato de um certo ofício, etc). Importante em países com maior tradição associativa Bancos e Instits. financeiras Instituições financeiras não bancárias: • Sociedades de crédito, financiamento e investimento: captam recursos através da colocação de papéis próprios, as letras de câmbio, e usam recursos para financiar consumidores e empresas – Letras de câmbio são títulos de duração média, com taxas pré-fixadas de juros. – Sujeita a risco de crédito e de juros Bancos e Instits. financeiras Instituições financeiras não bancárias: • Sociedades de crédito, financiamento e investimento: captam recursos através da colocação de papéis próprios, as letras de câmbio, e usam recursos para financiar consumidores e empresas – Letras de câmbio são títulos de duração média, com taxas pré-fixadas de juros. – Sujeita a risco de crédito e de juros Bancos e Instits. financeiras Instituições financeiras não bancárias: • Corretoras e distribuidoras de valores : não captam recursos; aproximam compradores e vendedores e agem em nome dos clientes => são representantes deles – Corretoras atuam no mercado organizado de títulos: bolsa de valores – Distribuidoras estão no mercado balcão • Companhias de seguros: assumem obrigações junto ao público (cujo pgto é ativado por uma contingência específica) financiada pelo pagamento de apólices por parte do comprador Tendências recentes • A estrutura dos mercados financeiros, como a de todos os demais mercados, formou-se e organiza- se a partir de fatores gerais e idiossincráticos. • Os tipos de contratos financeiros predominantes na economia definem se o sistema financeiro é baseado em crédito ou no mercado de capitais, onde prevalece respectivamente a intermediação e a desintermediação financeira. • As funções exercidas pelas instituições financeiras na elaboração destes contratos podem ser ou universalizadas ou restritas a segmentos específicos. Tendências recentes • Sistema de crédito segmentado x universal: – SEGMENTADO: independentes por lei: Japão, EUA – UNIVERSAIS: mesma instituição pode exercer várias funções – Alemanha, Brasil • No Brasil bancos múltiplos ou universais autorizados em 1988 • Não é possível afirmar qual tipo de sistema financeiro e de forma de atuação de suas instituições é mais eficiente. • A tendência mundial desde 1990 é a universalização dos bancos, cujos benefícios e malefícios principais são, respectivamente, gerar economias de escopo, mas por outro lado, facilitar a transmissão de uma crise localizada de um mercado para outros mercados. Tendências recentes • Todos os sistemas têm evoluído em direção ao chamado “sistema financeiro internacional”, que é universalizado e baseado no mercado de capitais. • Fora da jurisdição dos estados nacionais e possui poucas instituições reguladoras. • A globalização financeira está levando a - e ao mesmo tempo é levada pela - uniformização das práticas e procedimentos deste sistema internacional, incluindo a desintermediação e o fortalecimento dos mercados de créditos. Tendências recentes • O fim do padrão ouro e o colapso de Bretton Woods em 1971, seguido pelos choques do petróleo de 1973 e 1979, a estaginflação nos países desenvolvidos e o aumento da volatilidade do comércio e dos capitais internacionais geraram um clima de mais incerteza quanto ao comportamento dos juros, câmbio e preços. • Em reposta à incerteza, surgiram algumas inovações financeiras: novos tipos de serviços e/ ou novas formas de produção de serviços financeiros que causam mudanças estruturais. • De forma geral, buscou-se diminuir os riscos e socializar a incerteza com novos produtos. • Promoveu-se a desregulação e liberalização da atividade financeira, removendo as barreiras que protegiam nichos de mercado específicos. O progresso tecnológico também teve papel importante na redução dos custos de transação através de seus avanços nas comunicações e na informática. Tendências recentes • O fim do padrão ouro e o colapso de Bretton Woods em 1971, seguido pelos choques do petróleo de 1973 e 1979, a estaginflação nos países desenvolvidos e o aumento da volatilidade do comércio e dos capitais internacionais geraram um clima de mais incerteza quanto ao comportamento dos juros, câmbio e preços. • Em reposta à incerteza, surgiram algumas inovações financeiras: novos tipos de serviços e/ ou novas formas de produção de serviços financeiros que causam mudanças estruturais. • De forma geral, buscou-se diminuir os riscos e socializar a incerteza com novos produtos. • Promoveu-se a desregulação e liberalização da atividadefinanceira, removendo as barreiras que protegiam nichos de mercado específicos. • O progresso tecnológico também teve papel importante na redução dos custos de transação Tendências recentes • a World Wide Web e o web browser • os protocolos para transporte de dados pela rede • a fibra óptica • aprimoramentos nos transmissores e receptores de dados ópticos • softwares de fluxo de trabalho • softwares desenvolvidos em comunidades (como o Linux), • maiores capacidades de processamento e armazenamento de dados • redes de compartilhamento de arquivos e chamadas telefônicas pela internet • vídeo conferência • computação gráfica • comunicação móvel e dispositivos wireless (sem fio) Avanços da Tecnologia da Informação que aproximaram os investidores, facilitando os negócios (Fonte: O Mundo É Plano, FRIEDMAN): Tendências recentes • SEABROKE (2001): destaca os fatores econômicos norte-americanos e a aliança de interesses entre o governo e os financistas americanos para compreender a evolução destes acontecimentos. – EUA ao final da década de setenta: déficit federal (Guerra do Vietnã e corte nos impostos) incentivou relaxamento na regulação financeira e encorajasse inovações, criando novos mecanismos de crédito para financiar mais investimento privado. • A inovação financeira principal foi a securitização, o processo de transformar uma obrigação que foi gerada em atividade de oferta de crédito em papéis colocáveis diretamente no mercado. – Primária: é a substituição do crédito bancário pela colocação direta de papéis de tomadores junto ao público não-financeiro. => commercial papers => desintermediação – Secundária: é o processo que coloca os ativos dos bancos no mercado de capitais, em geral empréstimos realizados aos tomadores finais. = > derivativos para financiar atividades com fluxo de receitas esperadas previsível e regular. Tendências recentes • A maior prova da tendência de universalização foi a revogação do Glass-Steagal Act em 1999, lei americana em vigor a partir da grande depressão, que obrigava a segmentação dos bancos naquele país. • Conseqüências principais da universalização: – queda dos custos dos recursos, principalmente via securitização; – valorização da liquidez dos ativos, verificada pela expansão dos mercados secundários e de derivativos; – menor importância das atividades tradicionais de intermediação de crédito; – queda de importância do relacionamento de longo prazo; – alargamento das fronteiras geográficas de operação dos bancos – crescimento das operações do tipo “administração de carteira”. .... – concentração bancária em conglomerados via eliminação dos bancos ineficientes como administradores de risco e/ ou que não acompanharam as mudanças estruturais do sistema financeiro. Tendências recentes • Dificuldade de regulação! • Basiléia 1: de 1988, tratado de regulação bancária internacional que se originou nas relações bilaterais entre os EUA e a Inglaterra (que estavam aquecidas pela expansão do euromercado) • Acarretou em grandes vantagens para o modelo anglo-saxão de finanças: eles foram inicialmente os únicos signatários reconhecidos de securities, poucos bancos ingleses e americanos foram enquadrados pelas regras de limites de coeficiente de capital. • A securitização, bem como a abertura e desregulação financeira beneficiara m os EUA porque permitem o financiamento do déficit em conta corrente do governo, a preservação e expansão dos mercados de suas indústrias e a abertura de mercados financeiros externos para os bancos americanos, gerando, portanto muito lucro para a elite financista dos Estados Unidos. • Novos acordos internacionais de regulação: Basiléia 2 (2005) e 3 (pós- crise). Tendências recentes Mercado financeiro brasileiro (TORRES-FILHO & MACAHYBA, 2012): • “De acordo com os dados coletados pela ANBIMA (...), o mercado financeiro brasileiro atingiu, ao final de 2011, um total de ativos de R$ 12,7 trilhões. Trata-se de um valor expressivo, que corresponde a três vezes o PIB nacional no mesmo ano . O crescimento recente também foi bastante expressivo. A expansão nominal registrada entre 2006 e 2011 foi da ordem de 140%” . P. 17 • Retirando derivativos e instrumentos financeiros (que são instrumentos de hedge, pode-s estimar o total crédito: os segmentos de renda fixa e variável atingiram em 2011, R$ 5,6 trilhões, ou seja, 1,4 vezes o PIB. Desse montante, a bolsa de valores alcançava 40% e os títulos representativos de dívida 60%”. Tendências recentes Mercado financeiro brasileiro (TORRES-FILHO & MACAHYBA, 2012): •Grande expansão entre 2006 e 2011: – A posição de capitalização bursátil da BM&F bovespa cresceu quase 50% –Maior base de investidores, principalmente internacionais – Integração com sist. Fin. Intl. –Crescimento do crédito • Mas as fontes de financiamento do investimento não residencial brasileiro mantiveram padrão estável Tendências recentes TO R R ES F IL H O & M A C A H YB A , p . 1 9 Tendências recentes TO R R ES F IL H O & M A C A H YB A , p . 2 4 Tendências recentes TO R R ES F IL H O & M A C A H YB A , p . 2 6 Tendências recentes • Em países desenvolvidos, o indicador Crédito/PIB atinge, em geral, mais de 100% e em algumas economias em desenvolvimento na Ásia e no Chile supera 80%. A média mundial em 2008 era 66%. • Crédito de longo prazo é de pequena monta e concentrado no BNDES, a exceção do setor habitacional. Tendências recentes TO R R ES F IL H O & M A C A H YB A , p . 3 0 Tendências recentes TO R R ES F IL H O & M A C A H YB A , p . 3 1 Críticas ao sistema financeiro brasileiro • O que encontraram? Críticas ao sistema financeiro brasileiro 1) Concentração bancária (Fonte: UOL, maio 2013): • “Os cinco maiores bancos do Brasil concentram 83% dos depósitos realizados no país (...) Desde 1995, data em que se inicia a série de dados disponíveis no site do Banco Central, este é o maior nível de concentração do setor bancário”. • “Os 83% representam R$ 1,4 trilhão – sendo que, no total, as pessoas físicas e jurídicas têm hoje R$ 1,7 trilhão depositado em bancos”. • “As cinco instituições financeiras que dividem essa grande fatia do mercado são velhas conhecidas dos brasileiros: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú, Bradesco e Santander”. Críticas ao sistema financeiro brasileiro Concentração bancária (Fonte: UOL): Críticas ao sistema financeiro brasileiro Concentração bancária (Fonte: UOL): Críticas ao sistema financeiro brasileiro Concentração bancária (Fonte: UOL): Críticas ao sistema financeiro brasileiro 2) Alta lucratividade (FONTE: CONTEC, 07/2013) • “Apesar da queda recente nos resultados, os bancos brasileiros mantiveram o posto entre os mais lucrativos do mundo, mostra o Banco Internacional de Compensações (BIS) em relatório anual divulgado. As instituições locais perderam, porém, no ano passado, a liderança em rentabilidade que exibiram entre 2008 e 2011 para Rússia e China”. • Levantamento entre os 15 maiores sistemas bancários do mundo. Críticas ao sistema financeiro brasileiro 2) Alta lucratividade (FONTE: CONTEC) • Maior spread (a diferença entre a taxa que pagam ao captar dinheiro e os juros que cobrampara emprestar) • Custos operacionais mais elevados. • 2000-2007: no Brasil margem financeira líquida era a maior de todas, 6,6% (EUA: 2,71%)/ custos operacionais chegavam a 6,2% do total de ativos (EUA: 3,5%/Rússia: < 5%). • 2008-2011: a rentabilidade dos bancos brasileiros baixou para 1,61% do total dos ativos, mas passou para o primeiro lugar (houve maior queda nos ganhos de instituições de outros países). Spread diminuiu para 4,77% em média/ custos operacionais foram cortados para 3,79%. Críticas ao sistema financeiro brasileiro 2) Alta lucratividade (FONTE: CONTEC) • “Entre 2000 e 2012, os custos operacionais dos bancos brasileiros caíram pela metade, de 6,21% para 3,33%, mas ainda são os mais altos entre os maiores bancos do mundo”. • “O spread no Brasil também diminuiu, mas permanece sendo igualmente o maior na comparação internacional. E a rentabilidade baixou, mas continua no topo”. Críticas ao sistema financeiro brasileiro 3) Taxas de juros elevadas (UOL, 10/2013) • “Com a decisão do Banco Central de subir a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, para 9,5% ao ano, o Brasil volta a liderar o ranking de países com maiores juros reais do mundo -liderança que não ocupava desde março de 2012”. • Juros reais = nominais - inflação projetada próximos 12 meses = 3,5% ao ano. Críticas ao sistema financeiro brasileiro 3) Taxas de juros elevadas (UOL, 10/2013) • 2º) Chile: 3,2%. • 3º) China: 3%, • 4º) Índia: 1,7%. • Venezuela: menor taxa real de juros do mundo, -16,9% aa. • Juros nominais : 1º) Venezuela: 15,53%; 2º) Argentina: 11,98%; Brasil: 9,5% Críticas ao sistema financeiro brasileiro 4) Subdesenvolvimento dos mercados financeiros • Crítica antiga (desde a CEPAL) • FOLHA (06/2012): “O Brasil tem espaço para a implantação de outras Bolsas de Valores, abrindo concorrência com a BM&Bovespa, que desde 2002 exerce o monopólio na negociação de ações, segundo estudo encomendado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) à consultoria Oxera”. Críticas ao sistema financeiro brasileiro 4) Subdesenvolvimento dos mercados financeiros • FOLHA: “O estudo foi contratado após duas Bolsas americanas --Direct Edge e Bats (Better Alternative Trading System)-- terem anunciado a intenção de se instalar no país. Na análise, a Oxera considerou as taxas de negociação e de pós-negociação (depósito, liquidação de operações, compensação e controle de risco) da Bovespa "superiores às que seriam em um mercado competitivo", indicando que a entrada de novas Bolsas poderiam reduzir o custo para os investidores”. • INFOMONEY (junho/2013): “Brasil não está pronto para ter 2 bolsas de valores, afirmam analistas” Críticas ao sistema financeiro brasileiro 4) Subdesenvolvimento dos mercados financeiros, especificamente dívida corporativa (IEDI via TORRES FILHO & MACAHYBA, 2012): “O processo de globalização financeira promoveu a partir dos anos 1980 a rápida ampliação e aprofundamento do mercado internacional de títulos privados (nota 48: Entre 1989 e 2008, a taxa de crescimento do segmento de títulos corporativos alcançou 6,4% foi pouco inferior ao das empresas financeiras, que superou 8,1% ao ano, ver BIS (2010)” p. 74. Críticas ao sistema financeiro brasileiro 4) Subdesenvolvimento dos mercados financeiros • “Entre os países desenvolvidos, foi mais intenso na Europa e no Japão e relativamente mais lento nos Estados Unidos e no Reino Unido. Na América Latina, também se observou um fenômeno semelhante. Os países andinos e o México mostraram uma forte expansão do endividamento direto das empresas. O mesmo, no entanto, não se repetiu em outros países da região, como o Brasil”. P. 74 • “o Brasil configura um caso de "atraso relativo" tanto no mercado internacional de títulos corporativos quanto no mercado financeiro nacional. Essa condição deve-se, nos dias atuais, primordialmente a fatores locais”. P. 74 Críticas ao sistema financeiro brasileiro IE D I, p . 1 4 Críticas ao sistema financeiro brasileiro 5) “Leniência” com lavagem de dinheiro (Estado, 03/2013) • “O presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, afirmou nesta segunda-feira, 11, que os bancos são lenientes no controle de operações financeiras suspeitas que podem se configurar como lavagem de dinheiro. Barbosa é o relator do processo julgado pelo STF no segundo semestre de 2012 que resultou na condenação de 25 pessoas acusadas de envolvimento com o mensalão, 21 delas por lavagem de dinheiro. Entre os condenados estão ex-dirigentes do Banco Rural”. Críticas ao sistema financeiro brasileiro 5) “Leniência” com lavagem de dinheiro (Estado, 03/2013) • "Enquanto instituições financeiras não visualizarem a possibilidade de serem drasticamente punidas por servirem de meio para a ocultação da origem ilícita de valores que se encontram sob a sua responsabilidade, persistirá o estímulo à busca do lucro, visto como combustível ao controle leniente que os bancos fazem sobre a abertura de contas e sobre a transferência de valores", disse Barbosa, ao discursar ontem na abertura de um seminário em Brasília sobre lavagem de dinheiro”. Críticas ao sistema financeiro brasileiro 6) Dominação das finanças (our Kingdom, power&liberty in Britain, 09/2013) • "One reason this bizarre arrangement exists is that finance dominates not only the economy but also politics and ideology. Its political influence is widely documented, yet somehow unseen or simply accepted (compare with the outrage at any hint of influence by trades unions). Yet in fact it is extremely active: it funds endless research projects that confirm its status as the golden goose, it is seen as a source of unbiased expertise, there are revolving doors with government and it doesn’t even have to ‘lobby’ very explicitly, since it is cosily part and parcel of the social world of the elites”. Críticas ao sistema financeiro brasileiro 6) Dominação das finanças (our Kingdom, power&liberty in Britain, 09/2013) • “Finance dominates not only the economy but also politics and ideology. Its political influence is widely documented, yet somehow unseen or simply accepted (compare with the outrage at any hint of influence by trades unions). Yet in fact it is extremely active: it funds endless research projects that confirm its status as the golden goose, it is seen as a source of unbiased expertise, there are revolving doors with government and it doesn’t even have to ‘lobby’ very explicitly, since it is cosily part and parcel of the social world of the elites”. Críticas ao sistema financeiro brasileiro 6) Dominação das finanças (our Kingdom, power&liberty in Britain, 09/2013) • “Less routinely recognised is how ‘finance thinking’ has become hegemonic ideologically. Finance may be a global industry but part of its power lies in the fact that it is intimate too – it gets inside our heads. People from finance are interviewed as ‘experts’ in the media, as though they had no interests at stake. Economics is thus removed from political contestation. Competitive individualism is taken for granted. Distinctions are forgotten (erased) between earned and unearned, between value creation and value extraction (convenient, since finance’s growth has depended so much on the latter – hence the burgeoning inequality from which we began this thumb-nail sketch of the state of the nation” Críticas ao sistema financeiro brasileiro 6) Dominação das finanças (our Kingdom, power&liberty in Britain, 09/2013) • “In this society that celebrates choice we are told there is no alternative. Thistruly is hegemonic common sense, and it is at this level that social settlements are consolidated. It is at this level, therefore, that a challenge must be launched. This means not just contesting individual policies and issues (though that must be done) but even more importantly challenging the whole framework, the very language, that has become our society’s common sense, and that both obscures the injustice that is being done and lulls us into acceptance that it is all inevitable[5].”. Referências (3) CARVALHO, F. C. (ed.) Economia monetária e Financeira: teoria e política. Ed. Campus, 2001. Caps. 13 a 18. LOPES, J. C.; ROSSETTI, J. P. Economia Monetária. SP: Atlas, 9ª Ed., 2005. Cap. 7. CHESNAIS, F. A Mundialização do Capital. São Paulo: Xamã Editora, 1996. GOWAN, P. A roleta global. Record, 2003. KREGEL, J. The past and Future of Banks. Roma: Bancaria Editrice, 1998. *REIS, C. “Securitização dos bancos: razões históricas, econômicas e políticas”. Boletim de Informações da FIPE, São Paulo, agosto de 2007. SARNO, P. A Criação da CVM e a Regulação do Mercado de Capitais no Brasil – 1976/1986. Tese de doutorado, IE-UFRJ. Rio de Janeiro: 2006. SEABROKE, L. US Power in International Finance. The Victory of Dividends. London: Palgrave, 2001. Referências (3) ASSEY, D. “The ills of finance dominance”. Our Kingdom. http://www.opendemocracy.net/ourkingdom/doreen-massey/ills-of-financial-dominance CONTEC. “Inf.13/1006 - Banco brasileiro entre os líderes de retorno”. Junho 2013 http://www.contec.org.br/contec-online/informes-anteriores-geral/320-junho/8865-inf-13-1006-banco- brasileiro-entre-os-lideres-de-retorno ESTADO DE SÃO PAULO. “Bancos são ‘lenientes’ com lavagem de dinheiro, critica presidente do STF”. Março 2013 http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,bancos-sao-lenientes-com-lavagem-de-dinheiro- critica-presidente-do-stf,1007403,0.htm FOLHA. “Brasil tem espaço para outras Bolsas de Valores, diz CVM”. Junho 2012 http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1106717-brasil-tem-espaco-para-outras-bolsas-de-valores-diz- cvm.shtml INFOMONEY. “Brasil não está pronto para ter mais bolsas de valores, afirmam analistas”. Junho 2013 http://www.infomoney.com.br/mercados/acoes-e-indices/noticia/2824763/brasil-nao-esta-pronto-para- ter-bolsas-valores-afirmam-analistas TORRES FILHO, E.; MACAHYBA, L. “O elo perdido: o mercado de títulos da dívida corporativa no Brasil: avaliação e propostas. IEDI, 2012. http://retaguarda.iedi.org.br/midias/artigos/4ff6e4934e2d3070.pdf UOL. “A concentração bancária brasileira em números”. Maio 2013. http://achadoseconomicos.blogosfera.uol.com.br/2013/05/10/5-bancos-ficam-com-83-dos-depositos-no- pais-maior-nivel-desde-95/ UOL. “Com alta da Selic, Brasil volta a ter maior taxa real de juros do mundo”. Out. 2013. http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2013/10/09/com-alta-da-selic-brasil-volta-a-ter-maior-taxa- real-de-juros-do-mundo.htm PRÓXIMA AULA • Definição dos trabalhos: formar grupos de 3 (manhã) e de 4 (noite).
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