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CCJ0032-WL-B-RA-02-Direito Penal II-Teoria da Pena

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Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Direito Penal II 
Prof.: Ricardo Cícero de Carvalho Rodrigues 
Disciplina: 
CCJ0032 
Aula: 
002 
Assunto: 
Teoria da Pena 
Folha: 
1 de 13 
Data: 
18/02/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-03/CCJ0032/Aula-002/WLAJ/DP 
Plano de Aula: TEORIA DA SANÇÃO PENAL 
DIREITO PENAL II 
Título 
TEORIA DA SANÇÃO PENAL. 
Número de Aulas por Semana 
Número de Semana de Aula 
2. 
Tema 
TEORIA GERAL DA PENA. 
Objetivos 
O aluno deverá ser capaz de: 
 
● Analisar as Teorias da Pena, sua evolução histórica, fundamentos e validade no Estado Democrático de 
Direito. 
● Compreender a relevância da subsunção das normas penais aos preceitos constitucionais e fundamento e 
finalidade da aplicação da sanção penal como forma de controle social. 
● Compreender, no sistema de justiça criminal garantista, a sistemática de execução pena, regimes 
prisionais, direitos e deveres do condenado e do preso provisório. 
● Aplicar os institutos previstos na parte geral do Código Penal aos crimes em espécie de modo a 
diferenciar as espécies de sanções penais e consectários relativos aos regimes prisionais e cumprimento 
de pena. 
Estrutura do Conteúdo 
1 - A Sanção Penal: 
 
1.1- Evolução Histórica. 
1.2- Finalidade e Fundamento das Penas - prevenção geral e especial. 
1.3- O sistema Penal Brasileiro: A Pena Criminal - Teorias absolutistas e relativas. Teoria adotada pelo art. 
59 do CP. 
1.4- Princípios da Pena: 
 
a) Humanidade das penas (art.5º, XLVII e XLIX, CRFB/1988); 
 
CRFB/88 
 
Art. 5° - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
 
( ) 
XLVII - não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; 
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; 
e) cruéis; 
 
CRFB/88 
 
Art. 5° - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
 
( ) 
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; 
 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Direito Penal II 
Prof.: Ricardo Cícero de Carvalho Rodrigues 
Disciplina: 
CCJ0032 
Aula: 
002 
Assunto: 
Teoria da Pena 
Folha: 
2 de 13 
Data: 
18/02/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-03/CCJ0032/Aula-002/WLAJ/DP 
b) Legalidade (art.5º, XXXIX, CRFB/1988); 
 
CRFB/88 
 
Art. 5° - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
 
( ) 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; 
 
c) Personalidade (art.5º, XLV, CRFB/1988); 
 
CRFB/88 
 
Art. 5° - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
 
( ) 
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o 
dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos 
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; 
 
d) Inderrogabilidade; 
 
e) Proporcionalidade (art.5º, XLVI, CRFB/1988 e art.59, Código Penal); 
 
CRFB/88 
 
Art. 5° - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
 
( ) 
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: 
a) privação ou restrição da liberdade; 
b) perda de bens; 
c) multa; 
d) prestação social alternativa; 
e) suspensão ou interdição de direitos; 
 
CP/1940 - DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940. 
 
CAPÍTULO III 
DA APLICAÇÃO DA PENA 
 
Fixação da pena 
 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do 
agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento 
da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do 
crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). 
 
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Direito Penal II 
Prof.: Ricardo Cícero de Carvalho Rodrigues 
Disciplina: 
CCJ0032 
Aula: 
002 
Assunto: 
Teoria da Pena 
Folha: 
3 de 13 
Data: 
18/02/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-03/CCJ0032/Aula-002/WLAJ/DP 
11.7.1984). 
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984). 
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; (Redação dada pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984). 
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se 
cabível. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). 
 
f) Individualização da pena (art.5º, XLVI, CRFB/1988); 
 
1.5- Espécies de Pena: 
a) Pena Privativa de Liberdade. 
b) Pena Restritiva de Direitos. 
c) Pena de Multa. 
 
2 - A Pena Privativa de Liberdade: 
2.1 – Conceito. 
2.2 - Espécies: 
a) Reclusão. 
b) Detenção. 
2.3 - Regimes de cumprimento de Pena: 
a) Fechado. 
b) Semi-aberto. 
c) Aberto. 
d) Regime Disciplinar Diferenciado - controvérsias. Lei n. 10792/2003. (RDD) 
 
LEI No 10.792, DE 1º DE DEZEMBRO DE 2003. 
 
Altera a Lei no 7.210, de 11 de junho de 1984 - Lei de Execução Penal e o Decreto-Lei no 
3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal e dá outras providências. 
 
2.4 - Progressão e regressão de Regimes: 
a) Conceito. Hipóteses de incidência. 
b) A progressão de Regimes e a Lei de Crimes Hediondos - Lei n. 8072/1990. 
c) Exame Criminológico. 
 
LEI Nº 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990. 
 
Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5º, inciso XLIII, da Constituição 
Federal, e determina outras providências. 
 
3 - Direitos e Deveres do Condenado e Preso Provisório. 
 
4 - Detração Penal. 
 
5 - Remição Penal. 
 
Indicação Bibliográfica 
 
-Leia os Arts. 32 a 42 e art. 59, do Código Penal. 
 
-Leia o art.5º, XXXIX, XLV, XLVI , XLVII e XLIX, da CRFB/1988. 
 
-Leia a Lei n. lei 7210/84 e Lei n. 10792/2003. 
 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Direito Penal II 
Prof.: Ricardo Cícero de Carvalho Rodrigues 
Disciplina: 
CCJ0032 
Aula: 
002 
Assunto: 
Teoria da Pena 
Folha: 
4 de 13 
Data: 
18/02/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-03/CCJ0032/Aula-002/WLAJ/DP 
-Leia os Verbetes de Súmulas n. 40, 269 e 341 do Superior Tribunal de Justiça, disponível em 
HTTP://www.stj.jus.br. 
 
-Leia os Verbetes de Súmulas n. 716, 717 e 718 do Supremo Tribunal Federal, disponível em 
HTTP://www.stj.jus.br. 
 
-Leia a Súmula Vinculante n.26, do Supremo Tribunal Federal, disponível em http://www.stf.jus.br. 
 
-Leia a seguinte decisão: Agravo Nº 70048786594, Sexta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: 
Aymoré Roque Pottes de Mello, Julgado em 14/06/2012, disponível em http://www.tjrs.jus.br. 
 
-Leia a seguinte decisão: HC 216.828-RS, Rel. Min. Maria Thereza de AssisMoura, julgado em 2/2/2012, 
disponível em http://www.stj.jus.br. 
 
Aplicação Prática Teórica 
Questão n. 1 
 
Abelardo Rocha foi condenado pela prática de dois delitos de roubo majorado pelo concurso de pessoas e 
pelo emprego de arma de fogo em concurso material de crimes (art.157,§2º,I e II 2x n.f art.69, ambos do Código 
Penal) à pena unificada de 16 anos, 1 mês e seis dias de reclusão a ser cumprida em regime inicialmente 
fechado, tendo iniciado seu cumprimento em 12 de julho de 2005. Em 05 de maio de 2008, progrediu para o 
regime semi-aberto de cumprimento de pena e, em 14 de dezembro de 2010, preenchidos os requisitos para o 
progressão de regimes para o regime aberto teve, entretanto, determinado pelo Juízo das Execuções seu 
cumprimento em prisão domiciliar face à ausência de vagas em Casa de Albergado. Inconformado com a decisão, 
o membro do Ministério Público interpôs agravo em execução com vistas à cassação do “benefício”, o que foi 
provido pelo Tribunal de Justiça. Com base nos estudos realizados sobre os princípios informadores da Teoria da 
Pena, desenvolva de forma objetiva e fundamentada a tese defensiva a ser apresentada em sede de Habeas 
Corpus com vistas à manutenção do cumprimento de pena em prisão domiciliar. 
 
RESPOSTA: Tendo em vista a finalidade da pena adotada no sistema penal brasileiro, art. 5 CP, qual seja de 
além de constituir retribuição bem como prevenção, realmente o condenado deve cumprir a pena de progressiva. 
No presente caso, observa-se que Aberlado cumpriu os requisitos objetivos (quantidade de pena) e 
subjetivos (bom comportamento) para progressão no regime cumprimento, em que saiu do regime fechado para 
semi-aberto e do semi-aberto para o aberto. 
No regime aberto Abelardo, segundo § 1º do art. 36 do Código Penal, tem direito a, fora do estabelecimento 
e sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido 
durante o período noturno e nos dias de folga. 
Portanto, tendo o condenado cumprido todos os pré-requisitos legais objetivos e subjetivos não pode ter 
penalidade mais severa que a que tem direito em função da ineficiência estatal em oferecer vaga no regime 
aberto. 
Observado ainda o princípio da dignidade humana não cabe ao estado dispensar tratamento degradante à 
pessoa, no caso em desnível de igualdade perante o ele, submetendo-o à prisão mais grave. 
Dessa maneira, não obstante o art. 117 da Lei de Execução Penal não prever como possibilidade de prisão 
domiciliar a ausência de vaga no sistema prisional, no presente caso a medida é a mais cabível, pois também a lei 
penal assegura o direito ao condenado à progressão de regime, observado, ainda a jurisprudência do STF, súmula 
719 – a imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação 
idônea. Aqui tem-se motivo legítimo, portanto, para a aplicação da prisão domiciliar. 
 
Questão n. 2 
 
Com relação à Teoria da Sanção Penal, analise as assertivas abaixo e assinale a opção correta: 
 
I. O ordenamento penal vigente adotou o sistema progressivo de execução de pena, segundo o qual no 
curso cumprimento da pena, preenchidos requisitos de natureza objetiva e subjetiva estabelecidos em lei, o 
condenado poderá progredir de um regime mais severo para outro menos severo de cumprimento de pena; 
todavia, é inadmissível o contrário – a regressão de regimes de cumprimento de pena de um regime menos 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Direito Penal II 
Prof.: Ricardo Cícero de Carvalho Rodrigues 
Disciplina: 
CCJ0032 
Aula: 
002 
Assunto: 
Teoria da Pena 
Folha: 
5 de 13 
Data: 
18/02/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-03/CCJ0032/Aula-002/WLAJ/DP 
severo para outro mais severo de cumprimento de pena. 
II. O réu primário e de bons antecedentes condenado pela prática de crime hediondo praticado 
anteriormente à alteração da Lei de Crimes Hediondos (Lei n.8072/1990) pela Lei n. 11464/2007, cumprirá 
sua pena em regime integralmente fechado. 
III. O sistema penal brasileiro, consoante o disposto no art. 59, do Código Penal, em relação às funções e 
finalidades da pena, adotou a Teoria Mista ou Unitária, segundo a qual há a conciliação entre as finalidades 
de prevenção geral e especial e o caráter retributivo da pena. 
 
a) As assertivas I e II estão corretas. 
b) As assertivas I e III estão corretas. 
c) Somente a assertiva III está correta. 
d) As assertivas II e III estão corretas. 
e) Todas as assertivas estão corretas. 
 
RESPOSTA: C. Somente a assertiva III está correta. 
 
Questão n. 3 
 
Sobre as espécies de regimes prisionais, é correto afirmar que o condenado: 
 
a) Reincidente ou não, condenado à pena de 8 (oito) anos de reclusão deverá, obrigatoriamente, iniciar o seu 
cumprimento de pena em regime fechado. 
b) Não reincidente, cuja pena seja superior a quatro anos e não exceda a oito, poderá, desde o princípio, 
cumpri-la em regime semi-aberto. 
c) Reincidente condenado à pena de reclusão de 4 (quatro) anos jamais poderá iniciar o seu cumprimento de 
pena em regime semi-aberto. 
d) Nos casos de aplicação de medida de segurança, a reclusão pode acarretar a adoção de tratamento 
ambulatorial, já a detenção, a internação. 
 
RESPOSTA: B. Não reincidente, cuja pena seja superior a quatro anos e não exceda a oito, poderá, desde o 
princípio, cumpri-la em regime semi-aberto. 
 
 
==XXX== 
 
 
RESUMO DE AULA (WALDECK LEMOS) 
 
2ª AULA – Teoria da Pena 
 
Teoria da Pena 
 
1. Introdução 
-Finalidade  Estado. 
-Questão Político-Filosófica. 
-Violência = Crime = Pena. 
-Jus Puniendi X Legitimidade. 
 
2. Teorias Absolutas ou Retributivas 
-Fim em si mesmo. 
-Quia Peccatum Est. 
-Conteúdo Moral. 
-Modelos: 
 
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Turma A – Manhã - 2012.1 
Direito Penal II 
Prof.: Ricardo Cícero de Carvalho Rodrigues 
Disciplina: 
CCJ0032 
Aula: 
002 
Assunto: 
Teoria da Pena 
Folha: 
6 de 13 
Data: 
18/02/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-03/CCJ0032/Aula-002/WLAJ/DP 
A) Kant 
-Imperativo Categórico. 
-Mandato Absoluto de Justiça. 
-Pena Talional. 
≠ Estado Contemporâneo. 
B) Hengel 
-Exigência da razão. 
-Negação da negação. 
-Pena Talional. 
≠ Estado Contemporâneo. 
 
3. Teorias Prevencionalista ou Relativas (Punitun Et Ne Peccetun) 
 
A) Prevenção Geral Negativa (Paul Anselm Von Feverbach). 
-Coação Psicológica. 
-Intimidação. 
B) Prevenção Geral Positiva (Hans Welzel). 
-Valores Éticos Sociais. 
-Garantir Expectativas e Restabelecer a confiança da Norma (Gὒnther Jakobs – Direito 
Penal do Inimigo). 
-Finalidade (Limite) da Pena só em Direito Penal (W. Hassemer). 
C) Prevenção Especial 
-Atua sobre o indivíduo. 
-Neutralizar e Ressocializar. 
P/P/Aula Ler: Dos Delitos e das Penas - Beccharia 
P/P/Aula Ler: Quem são os criminosos – Augusto Tompson 
 
 
==XXX== 
 
 
RESUMO DE AULA (PROFESSOR - AULA MAIS - ESTÁCIO) 
 
3ª AULA – Concurso de Crimes 
 
Direito Penal II 
Professora Daniela Duque Estrada 
Aula 03 
 
CONCURSO DE CRIMES 
 
OBJETIVOS DA SEMANA DE AULA 
 
Conhecer o plano de aula. 
 
● Compreender a relevância da subsunção das normas penais aos preceitos constitucionais. 
● Aplicar os institutos previstos na Parte Geral do Código Penal aos crimes em espécie. 
● Reconhecer, nos casos concretos propostos, a incidência dos institutos de conflito aparente de normas 
e/ou concurso de crimes. 
● Confrontar os sistemas de aplicação de pena, princípios norteadores, constitucionais e 
infraconstitucionais, e as medidas de política criminal adotadas pelo Estado Democrático de Direito. 
● Reconhecer os institutos do Concurso de Crimes e Continuidade Delitiva como instrumentos de fixação 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Direito Penal II 
Prof.: Ricardo Cícero de CarvalhoRodrigues 
Disciplina: 
CCJ0032 
Aula: 
002 
Assunto: 
Teoria da Pena 
Folha: 
7 de 13 
Data: 
18/02/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-03/CCJ0032/Aula-002/WLAJ/DP 
de responsabilidade penal consoante o juízo de culpabilidade do agente. 
● Diferenciar Concurso Material, Concurso Formal e Continuidade Delitiva (ou crime continuado). 
● Identificar, nos casos concretos propostos, a espécie de Concurso de Crimes aplicável e seus 
consectários para fins de fixação de pena. 
 
CONTEÚDO. 
 
1. Conceitos e Sistemas de Aplicação de Pena. 
2. Concurso de Crimes e Conflito Aparente de Normas – distinção. 
3. Espécies de Concurso de Crimes: Material, Formal e Crime Continuado (ou Continuidade Delitiva) 
 
1 - Conceitos e Sistemas de Aplicação de Pena: 
 
1.1 - Conceitos 
O Concurso de Delitos se verifica quando o agente, por meio de uma ou mais ações ou omissões, pratica 
dois ou mais delitos. Isso significa uma pluralidade delitiva.” (PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal 
Brasileiro.v.1.9 ed. pp. 471). 
“(...) No concurso de vários delitos cometidos por uma só pessoa se perguntará: que pena deverá aplicar-se 
a esta por todos os delitos que por ela foram praticados? É necessário determinar, pois, qual é o regime 
penal a que dever ser submetido o que incorre em diversos delitos? (...) (MAGGIORE, Giuseppe. Derecho 
Penal, vol.2, pp153). 
 
1.2 - Sistema de Aplicação de Pena 
a) Exasperação de Pena: Aplica-se ao concurso formal perfeito e à continuidade delitiva (art. 70, 
caput, 1ª parte e art.71, ambos do CP). 
b) Cúmulo Material: Aplica-se ao concurso formal imperfeito e ao concurso material de crimes (art. 
70, caput, 2ª parte e art.69, ambos do CP). 
 
Concurso Material 
 
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, 
idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja 
incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se 
primeiro aquela. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). 
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de 
liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição 
de que trata o art. 44 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). 
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá 
simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). 
 
Concurso Formal 
 
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, 
idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, 
mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, 
cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios 
autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984). 
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 
deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). 
 
Crime Continuado 
 
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes 
 
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Disciplina: 
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Assunto: 
Teoria da Pena 
Folha: 
8 de 13 
Data: 
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da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras 
semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a 
pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer 
caso, de um sexto a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). 
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência 
ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a 
conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, 
aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o 
triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). 
 
2 - Concurso de Crimes e Conflito Aparente de Normas – Distinção: 
 
Concurso de Crimes 
 
 
 
Unidade ou Pluralidade de normas 
 
 
 
Pluralidade de Resultados 
Conflito Aparente de Normas 
 
 
 
Pluralidade aparente de condutas 
 
 
 
Unidade de Resultado 
 
Espécies de Concurso de Crimes: Material, Formal e Crime Continuado (ou Continuidade Delitiva). 
 
art.69, CP art.70, CP art.71, CP 
Material 
 
 
 
Pluralidade de Condutas 
 
 
 
Pluralidade de Resultados 
Formal 
 
 
 
Unidade de Condutas 
 
 
 
Pluralidade de Resultados 
Crime Continuado 
 
 
 
Pluralidade de Condutas 
 
 
 
Pluralidade de Resultados 
 
3 - Concurso Material ou Real. ART.69, do Código Penal. 
 
a. - Conceito: “Quando dois ou mais delitos são praticados mediante mais de uma conduta”. (PRADO 
Luiz Regis. Op. Cit. pp.481). 
b. – Requisitos: 
-Pluralidade de condutas. 
-Pluralidade de resultados. 
c. - Espécies: 
-Homogêneo. 
-Heterogêneo. 
d. - Sistema de Aplicação de Pena: Cúmulo Material. 
 
4 - Concurso Formal ou Ideal. ART.70, do Código Penal. 
 
4.1 - Conceito: “Quando dois ou mais delitos são praticados mediante uma só conduta”. (PRADO Luiz 
Regis. Op. Cit. pp.481). 
4.2 – Requisitos: 
-Unidade de conduta. 
-Pluralidade de resultados. 
 
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Assunto: 
Teoria da Pena 
Folha: 
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Data: 
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4.3 – Espécies: 
-Quanto aos Resultados: 
-Homogêneo. 
-Heterogêneo. 
-Quanto a Vontade: 
-Próprio ou Perfeito. 
-Impróprio ou Imperfeito. 
Desígnios autônomos – Só ocorrem em delitos dolosos e “caracterizam-se pela unidade de ação e multiplicidade 
de determinação de vontade, com diversas individualizações” (BITENCOURT, Cezar Roberto. Código Penal 
Comentado. 5ed. Saraiva, pp. 205). 
4.4 - Sistema de Aplicação de Pena: 
 
► REGRA: Exasperação da pena. Concurso Perfeito. 
 
 
 
Homogêneo. Heterogêneo. 
 
► EXCEÇÃO: – CÚMULO MATERIAL – CONCURSO IMPERFEITO. 
 
O Sistema de Cúmulo Material e o Concurso Material Benéfico - Art. 70, parágrafo único, Código Penal. 
Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. 
 
5 - Continuidade Delitiva. Art. 71, do Código Penal. 
5.1 - Conceito. 
5.2 - Natureza Jurídica. Teorias. 
a) Unidade Real: “unidade de intenção que se reflete na unidade de lesão. 
b) Ficção Jurídica: “unidade delitiva como criação da lei”. 
c) Mista ou unidade jurídica: “unidade de crimes como realidade jurídica e não como mera ficção”. 
(PRADO, idem, pp 481). 
Teoria adotada pelo Código Penal: Ficção Jurídica. 
5.3 - Requisitos 
- Pluralidade de condutas. 
- Pluralidade de crimes da mesma espécie. 
- Nexo de continuidade. 
Controvérsias: 
► Crimes da mesma espécie: 
1ª Corrente: “lesam o mesmo bem jurídico, embora tipificados em dispositivos diferentes” 
(BITENCOURT, op. cit. pp. 208). 
2ª Corrente: “são exclusivamente os delitos previstos no mesmo tipo penal” (Queiroz, Paulo. 
Material Didático, pp. 348). 
► Nexo de continuidade: condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras circunstâncias 
semelhantes – interpretação analógica. 
► Continuidade Delitiva e Reiteração Criminosa- confronto. 
► Continuidade Delitiva e conflito de leis penais no tempo: Verbete de Súmula n.711, do Supremo 
Tribunal Federal. 
A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é 
anterior à cessação da continuidade ou da permanência. 
► Continuidade Delitiva e Suspensão Condicional do Processo: Verbete de Súmula n. 723, do 
Supremo Tribunal Federal. 
“Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da pena 
mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano”. 
5.4 - Espécies de Crime Continuado 
a) Genérico – art.71, caput, CP. 
b) Específico - art.71, parágrafo único, CP. 
 
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Turma A – Manhã - 2012.1 
Direito Penal II 
Prof.: Ricardo Cícero de Carvalho Rodrigues 
Disciplina: 
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Aula: 
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Assunto: 
Teoria da Pena 
Folha: 
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Data: 
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MD/Direito/Estácio/Período-03/CCJ0032/Aula-002/WLAJ/DP 
Requisitos: 
-Pluralidade de vítimas; 
-Praticados com violência ou grave ameaça; 
-Somente crimes dolosos. 
5.5 - Conseqüências em relação à fixação de pena. e extinção de punibilidade. 
a) Sistema de Aplicação de Pena. 
-Genérico – art.71, caput, CP. 
-Específico - art.71, parágrafo único, CP. 
b) Unificação das penas. 
► Art. 75, caput e §1º, CP. 
► Art. 66, III, a , Lei n.7210/1984 ( Lei de Execuções Penais). 
► Verbete de Súmula n.715, do Supremo Tribunal Federal. 
 
CASO CONCRETO 
 
Acidentes de trânsito são maior causa de morte de jovens no mundo, diz OMS. (Fonte: BBC Brasil) 
Disponívelem:http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/09/090911_mortejovens_ba.shtml,atualizado em 11 
de setembro, 2009 – 09:53 
 
Acidentes de trânsito são as principais causa de mortes de jovens entre 10 e 24 anos, de acordo com um 
estudo realizado por pesquisadores da Austrália, Grã-Bretanha e Suíça a pedido da Organização Mundial da 
Saúde (OMS). A pesquisa também indica que taxa de mortalidade por acidentes de trânsito é bem mais alta entre 
homens (15%) do que entre mulheres (5%). Acidentes de trânsito são responsáveis por 10% das mortes de jovens 
no mundo. 
A segunda causa de morte mais comum, segundo o estudo, é a violência (6,3%), seguida de perto pelo 
suicídio (6%). O estudo, publicado pela revista médica The Lancet, afirma que levando em consideração todas as 
causas de morte, todo ano 2,6 milhões de pessoas morrem a cada ano nessa faixa etária, e que 97% dessas 
mortes ocorrem em países de média ou baixa renda (o Brasil está incluído neste grupo). Esse é o primeiro estudo 
a investigar tendências globais para a causa de morte entre jovens, e os pesquisadores concluíram que a maior 
parte delas poderia ser evitada ou tratada. Os índices de mortalidade nos países de média e baixa renda são 
quase quatro vezes maiores do que os de países ricos. Quase dois terços dessas mortes (1,67 milhão) ocorrem 
em países da África subsaariana e no sudeste da Ásia, apesar de a região abrigar apenas 42% da população 
nesta faixa etária. 
 
A partir da análise da reportagem apresentada e da manchete de jornal, abaixo transcrita, responda, de 
forma objetiva e fundamentada, às questões propostas: 
 
Jovem morre em acidente de trânsito. O motorista do carro foi autuado por homicídio culposo... 
(Fonte:http://www.cgn.inf.br/?system=news&action=read&id=5736 Publicado em 30 de Março de 2010, às 
8h40min | Patrícia Sonsi - Fonte: CGN) 
 
Cristiane Galvão, 23 anos, morreu ontem (29) em virtude de um acidente de trânsito na Avenida Tarquínio 
Joslin dos Santos, no Jardim Universitário, em Foz do Iguaçu. A jovem chegou a ser encaminhada ao hospital, 
mas não resistiu aos ferimentos. A batida envolveu uma motocicleta CG 125, placa de Foz do Iguaçu e um veículo 
Uno, placas IMX 1736 de Três Passos/RS, que tinha como motorista José Weiler, 51 anos. O Siate também 
atendeu o condutor da moto Serafim Alves Souza, 44 anos, que não tinha habilitação. A moto e o carro foram 
encaminhados ao pátio da 6ª SDP. O motorista do Uno foi conduzido a subdivisão policial, onde foi autuado por 
homicídio culposo. O condutor da motocicleta em razão de não ser habilitado, foi notificado e apresentado também 
na delegacia. 
 
A) Do acidente de trânsito na Avenida Tarquínio Joslin dos Santos, no Jardim Universitário, em Foz do Iguaçu, 
restou a morte da jovem Cristiane Galvão e lesões corporais culposas em Serafim Alves Souza, condutor da 
moto. 
A partir da premissa de que a conduta de José Weiler encontra-se prevista respectivamente, art. 302 e 303, 
da Lei n.9503/1997 (homicídio culposo e lesões corporais culposas na direção de veículo automotor) tendo sido 
afastada a incidência no disposto nos art. 121,§3º; 129,§6º, ambos do Código Penal, por força do princípio da 
 
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Aula: 
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Assunto: 
Teoria da Pena 
Folha: 
11 de 13 
Data: 
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especialidade, diferencie conflito aparente de normas e concurso de crimes. Responda com base nos estudos 
realizados sobre o tema. 
 
RESPOSTA: O conflito aparente de normas explicitado no caso concreto é porque duas leis tratam do mesmo 
assunto homicídio culposo e lesão corporal culposa. Sendo considerada a Lei nº 9503/1997 por ser uma lei 
especial. Pelo princípio da especialidade, lei especial derroga lei ordinária. Já o concurso de crimes, trata do 
homicídio culposo e das lesões corporais que no caso em questão trata-se de concurso formal que trata quando a 
partir de uma conduta ocorrem dois crimes como resultados. Diferentemente do concurso material que trata 
quando mais de um crime é produzido por mais de uma conduta. 
 
B) No caso em exame, após a correta tipificação da conduta de José Weiler, qual sistema de aplicação de pena 
deverá ser utilizado? Responda com base nos estudos realizados sobre o tema e diferencie concurso material e 
concurso formal de crimes. 
 
RESPOSTA: O sistema de aplicação de pena no caso concreto em questão é o de exasperação, que aborda o 
concurso formal perfeito. A diferença entre concurso formal e concurso material é que, o concurso formal é obtido 
quando a partir de uma conduta ocorrem dois crimes como resultado, já o concurso material, quando mais de um 
crime é realizado por mais de uma conduta. 
 
 
==XXX== 
 
 
RESUMO DE AULA (PROFESSOR - AULA MAIS - ESTÁCIO) 
 
4ª AULA – Concurso de Crimes - Continuação 
 
Direito Penal II 
Professora Daniela Duque Estrada 
Aula 04 
 
CONCURSO DE CRIMES 
 
CASO CONCRETO 
 
De acordo com o Código Penal, salvo exceção, quando, por acidente ou erro na execução do crime, 
sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa caso o fato seja previsto como crime 
culposo. Entretanto, se ocorrer, também, o resultado pretendido, o agente: (Exame OAB/CESPE –UnB. 2008.3). 
 
a) não responderá por ele, sob pena de responsabilidade penal objetiva. 
b) responderá por ele, segundo a regra do concurso formal. 
c) responderá por ele, segundo a regra do concurso material. 
d) não responderá por ele, sob pena de bis in idem. 
 
RESPOSTA: B. Responderá por ele, segundo a regra do concurso formal. 
 
CASO CONCRETO 
 
Com relação ao concurso de delitos, é correto afirmar que: (OAB/FGV –2010.2) 
 
a) no concurso de crimes as penas de multa são aplicadas distintamente, mas de forma reduzida. 
b) o concurso material ocorre quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais 
crimes com dependência fática e jurídica entre estes. 
 
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Assunto: 
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Folha:12 de 13 
Data: 
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c) o concurso formal perfeito, também conhecido como próprio, ocorre quando o agente, por meio de uma só 
ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes idênticos, caso em que as penas serão somadas. 
d) o Código Penal Brasileiro adotou o sistema de aplicação de pena do cúmulo material para os concursos 
material e formal imperfeito, e da exasperação para o concurso formal perfeito e crime continuado. 
 
RESPOSTA: D. O Código Penal Brasileiro adotou o sistema de aplicação de pena do cúmulo material para os 
concursos material e formal imperfeito, e da exasperação para o concurso formal perfeito e crime continuado. 
 
CASO CONCRETO 
 
Alex Sandro foi condenado à pena de 20 anos de reclusão como incurso nos delitos de estupro e atentado 
violentado ao pudor (art.213 e 214, ambos do Código Penal) bem como ao delito previsto no art.16, parágrafo 
único, inciso IV, da Lei n.10826/2003, em concurso material de crimes. Inconformado com a decisão interpôs 
recurso de Apelação com vistas à redução de pena concreta sob o argumento de que, com o advento da Lei 
n.12015/2009, com efeitos ex tunc, vigente à época da prolação da referida sentença, deveria ser reconhecida a 
continuidade delitiva entre os delitos de estupro e atentado violentado ao pudor ao invés do concurso material, 
como constante nos autos (Fls. XX). 
Ante o exposto, com base nos estudos realizados responda de forma objetiva e fundamentada: a partir do 
conflito de Direito Intertemporal suscitado, qual a relevância jurídico-penal, do reconhecimento da continuidade 
delitiva? 
 
► Vide decisão proferida, em sede de Habeas Corpus, pelo Supremo Tribunal Federal: 
 
EMENTA: Habeas corpus. Atentado violento ao pudor e estupro. Continuidade delitiva. Superveniência da Lei nº 
12.015/2009, não examinada na origem. Supressão de instância. Não conhecimento. Evolução jurisprudencial do 
Supremo Tribunal Federal. Habeas corpus concedido de ofício. Embora o acórdão atacado esteja em harmonia 
com a jurisprudência anteriormente prevalecente do Supremo Tribunal Federal, cujo Plenário, em 18.06.2009, no 
julgamento do HC 86.238 (rel. min. Cezar Peluso e rel. p/ o acórdão min. 
 
Ricardo Lewandowski), assentou a inadmissibilidade da continuidade delitiva entre o estupro e o atentado 
violento ao pudor, por tratar-se de espécies diversas de crimes, destaco que, após esse julgado, sobreveio a Lei 
12.015/2009, que, dentre outras inovações, deu nova redação ao art. 213 do Código Penal, unindo em um só 
dispositivo os crimes de estupro e de atentado violento ao pudor. Com isso, desapareceu o óbice que impedia o 
reconhecimento da regra do crime continuado no caso. Em atenção ao direito constitucional à retroatividade da lei 
penal mais benéfica (CF, art. 5º, XL), seria o caso de admitir-se a continuidade delitiva pleiteada, porque 
presentes os seus requisitos (CP, art. 71), já os acórdãos proferidos pelo TJSP e pelo STJ indicam que os fatos 
atribuídos ao paciente foram praticados nas mesmas condições de tempo, lugar e maneira de execução. 
Ocorre que tal matéria, até então, não foi apreciada, razão por que o seu exame, diretamente pelo Supremo 
Tribunal Federal, constituiria supressão de instância. Por outro lado, nada impede a concessão de habeas corpus 
de ofício, para conferir ao juízo da execução o enquadramento do caso ao novo cenário jurídico trazido pela Lei 
12.015/2009, devendo, para tanto, proceder à nova dosimetria da pena, afastando o concurso material e aplicando 
a regra do crime continuado (CP, art. 71), o que, aliás, encontra respaldo tanto na Súmula 611 do STF, quanto no 
precedente firmado no julgamento do HC 102.355 (rel. min. Ayres Britto, DJe de 28.05.2010). Não conhecimento 
do writ e concessão de habeas corpus de ofício. (STF, HC 94636/SP; Segunda Turma; Rel. Min. Joaquim 
Barbosa; julgado em: 31/08/2010). 
 
RESPOSTA: O caso concreto em exame versa não apenas sobre o reconhecimento da natureza jurídica de 
novatio legis in mellius da Lei n.12015/2009 em relação ao delito de atentado violento ao pudor e conseqüente 
retroatividade da referida lei (art.5º, XL, da CRFB/1988 e art.2º, parágrafo único, do Código Penal) mas, 
mormente, acerca da alteração do sistema de aplicação de pena, a saber: do cúmulo material, para a 
exasperação de pena. 
Caso seja reconhecida a continuidade delitiva Alex Sandro terá sua pena diminuída, pois na aplicação da 
pena no caso de crime continuado é levado em questão apenas o crime mais grave, diferentemente do concurso 
material, onde as penas são somadas. No crime continuado, o crime mais grave é julgado e o outro crime apenas 
serve para somar de 1/6 a metade, e com isso agravar a pena. 
 
 
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Assunto: 
Teoria da Pena 
Folha: 
13 de 13 
Data: 
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==XXX==

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