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* Regulação da pressão arterial e bases farmacológicas da terapêutica cardiovascular André A. Schenka Departamento de Farmacologia FCM - Unicamp * Objetivos Visão geral sobre o Sistema cardiovascular (principais aspectos anatômicos e fisiológicos) Facilitar a compreensão dos fármacos que atuam nesse sistema * Por que pressão arterial? (Importância do tema) Hipertensão (elevação crônica da pressão arterial): Doença cardiovascular + prevalente Importante fator de risco para outras doenças c-v Seu tratamento envolve drogas utilizadas em outras doenças c-v * Sumário Controle fisiológico da pressão arterial (revisão: estruturas anatômicas, mecanismos fisiológicos) Hipertensão: importância, fisiopatologia e diagnóstico Princípios farmacológicos de terapêutica anti-hipertensiva * Fisiologia do controle pressórico * Pressão arterial “O que é?” “Para que serve?” * Presssão arterial ... é uma força que surge dentro do sistema cardiovascular ou circulatório. Funções do sistema CV ( homeostase) Trazer O2 e nutrientes (perda de contato direto com o meio externo) Levar produtos do metabolismo para eliminação (limitações do interstício) Transporte de hormônios Manutenção de um ambiente adequado à vida funcional das células * O sistema circulatório Do ponto de vista teleológico, é um sistema intermediário entre os meios externo e interno: Permite transporte/trocas bilaterais de moléculas entre os meios externo e interno * O sistema circulatório Divisões anatômicas: Pequena circulação (ou pulmonar) Grande circulação (ou sistêmica) Componentes: Artérias (condução) Arteríolas (controle de fluxo, gênese da RVP) Capilares (trocas sg-tecidos) Vênulas & veias (capacitância) Coração (bombeamento) * Papel da PA no sistema circulatório Transporte/trocas com o meio externo Fluxo sanguíneo PA: uma das forças envolvidas na gênese do fluxo sanguíneo * A pressão arterial (PA) PA Bombeamento cardíaco Resistência da parede vascular X Débito cardíaco Resistência vascular periférica PA = DC X RVP Produto do bombeamento cardíaco: qtdd de sangue ejetada/min Elasticidade/calibre do vaso + Viscosidade do sangue + Comprimento do vaso * Débito cardíaco É o volume de sangue ejetado pelo coração por minuto DC= VE . FC Volume de ejeção sistólica (VE) VE= VDF – VSF VDF (= volume diastólico final): Pré-carga (retorno venoso) VSF (=volume sistólico final): Inotropismo e Pós-carga (RVP) * Débito cardíaco É o volume de sangue ejetado pelo coração por minuto DC= VE . FC Freqüência cardíaca (FC) Sistema de condução SNA (tônus simpático e parassimpático – quem é preponderante?) * Resistência vascular periférica PA= DC . RVP Resistência vascular periférica (RVP): RVP = 8 (Viscosidade sangue . Comprimento vaso) . (Raio vaso)4 * Resistência vascular periférica Qual fator é mais importante? RVP ~ Viscosidade x Comprimento vaso (Raio vaso) 4 * Resistência vascular periférica Qual fator é mais importante? RVP ~ Viscosidade x Comprimento vaso (Raio vaso) 4 * Resistência vascular periférica PA= DC . RVP Resistência vascular periférica (RVP): RVP ~ Viscosidade sangue . Comprimento vaso (Raio vaso)4 Modificações no calibre de vasos: Contração e dilatação de artérias de resistência (pequenas artérias e arteríolas) * Artérias de resistência Camada muscular bem desenvolvida Controle contração/relaxamento: Estímulo nervoso (simpático) Substâncias circulantes (e.g., catecolaminas) Fatores locais (e.g., NO, endotelina) * Pressão arterial: terminologia Pressão sistólica Pressão diastólica Pressão de pulso Pressão arterial média (média aritmética ponderada). Exceção: taquicardia. * Sítios anatômicos de regulação PA = DC X RVP VASOS CORAÇÃO RINS Volemia/Natremia * Mecanismos de controle Mecanismos predominantemente neurais (+rápidos) Mecanismos predominantes hormonais/humorais (+lentos, porém estáveis) Divisão didática. Interdependência. Mecanismos compensatórios. * Controle neural Arcos reflexos. Sensores periféricos e centrais: Barorreceptores Quimiorreceptores Receptores de volume Osmorreceptores Vias aferentes Centros de integração no SNC Vias eferentes neuro-humorais (SNA) * Barorreflexo - Corpos carotídeos * Barorreflexo - arco aórtico * Controle neural - barorreflexo Exemplo: indivíduo que se levanta. * Controle neural M3 * Controle humoral Sistema renina-angiotensina-aldosterona Catecolaminas circulantes Peptídeo natriurético atrial (PNA) Vasopressina (ADH) Outros: hormônios tireoidianos, corticoesteróides, estrógeno, ... * Catecolaminas 2 fontes principais: Adrenal (epinefrina) Terminações nervosas de fibras pós-ganglionares (NE) Efeito final depende: Tipo de receptor ativado (predominantemente) : vasoconstrição β: vasodilatação * Catecolaminas Atenção! Qual a catecolamina predominante? Qual o receptor predominante no tecido? Qual a afinidade da catecolamina pelo receptor considerado? * Afinidade do mediador Epinefrina (pequena dose): β > No coração: β1 atividd cardíaca DC Nos vasos: β2 vasodilatação RVP PAM não se altera significativamente! * Afinidade do mediador Epinefrina (dose maior): β ~ No coração: β1 atividd cardíaca DC Nos vasos: β2 > vasoconstrição RVP PAM aumenta. * Afinidade do mediador Norepinefrina: 11 Nos vasos: 1 vasoconstrição RVP (rápida e intensa) PAM aumenta! No coração: 1 atividade, inicialmente Contudo: RVP barorreflexo compensatório (bradicardia) * Catecolaminas Outros efeitos: Estímulo do sistema renina-angiotensina-aldosterona (interação com outro controle humoral) Hipertrofia miocardíaco e remodelamento vascular (cronicamente) (modificações plásticas persistentes – complicações da hipertensão) * Sistema renina-angiotensina-aldosterona * Regulação local de perfusão Fatores teciduais Fatores endoteliais Fatores mecânicos (regulação miogênica) * Fatores teciduais São produzidos pelas adjacências do vasos * Fatores endoteliais * Controle do tonus vascular Endotélio Vasoconstritores (EDCF): PGH2 e PGF2 TXA2 Angiotensina II ET-1 O2- Vasodilatadores (EDRF): PGI2 NO EDHF X * Controle miogênico PA Estiramento da parede do vaso Ativação de canais sensíveis ao estiramento Contração * Principais pontos (1ª parte) PA = DC x RVP A PA é controlada em 3 sítios anatômicos principais: coração, vasos e rins através de mecanismos neuro-humorais Os mecanismos descritos funcionam tanto no indivíduo normal quanto no hipertenso A diferença está no “setting” (pré-programação) Os mecanismos de controle podem ser aproveitados nas estratégias farmacológicas anti-hipertensivas * Hipertensão * Hipertensão arterial: prevalência Fonte: V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, 2006. * Hipertensão arterial: importância Fator de risco independente, linear e contínuo para doença cardiovascular = custos médicos e socioeconômicos elevados decorrentes de suas principais complicações Cerca de 1.200.000 internações R$ 1.323.775.008,28 População brasileira: ~50% sabem ser hipertensos, ~40% estão em tratamento e 10% tem PA controlada Lewington et al. Lancet 2002; 360: 1903-13. V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, 2006. * Outras: Insuficiência renal crônica, retinopatia hipertensiva, ... Principais complicações da hipertensão arterial... * Principais complicações da hipertensão arterial... * Principais complicações da hipertensão arterial... Hipertensão: 25% dos óbitospor DCC Hipertensão: 40% dos óbitos por AVC * Fatores de risco Idade Sexo Etnia Álcool Sedentarismo Nível socioeconômico Dieta, IMC, acesso a serviços de saúde, estresse psicossocial, nível de educação Obesidade* (principalmente a central) Sal* (consumo e/ou retenção de Na+) * Obesidade e Hipertensão Kurukulasuriya et al. Endocrinol Metab Clin N Am 2008; 37, 647–662. * Hipertensão vs. Consumo/Retenção de Na+ Excreção de Sal e PA: INTERSALT (Elliott, 1996) CARDIAC (Yamori, 1990) Estudos em animais de experimentação População urbana brasileira x Yanomamis (Mancilha-Carvalho, 2003) Indivíduos sensíveis e não sensíveis ao sal sensibilidade com a idade * Possíveis mecanismos... Iwamoto. Am J Physiol Regul Integr Comp Physiol 2006; 290: R536–R545. . * Etiologia Hipertensão primária ou “essencial” Sem etiologia definida 90% dos casos Hipertensão secundária Tem causa conhecida 10% Suspeitar se: <30a ou >50a, HA grave ou resistente, assimetria de pulsos, quadro clínico específico (...) * Causas de hipertensão secundária Apnéia obstrutiva do sono Doença renal crônica H. renovascular Aldosteronismo 1ário Coarctação da aorta Sd. de Cushing Drogas Uropatia obstrutiva Feocromocitoma Doenças da tireóide ou paratireóide * FR cardiovasculares associados & comorbidades Principais: Tabagismo Dislipidemias Diabetes melito Nefropatia >60 anos HF de doença vascular (mulheres< 65 anos; homens< 55 anos) * Diagnóstico Quadro clínico Geralmente assintomático Sintomas: Lesão de órgão alvo (quadro avaçado ou urgência/emergência) Comorbidades, fatores de risco ou etiologia Medida da pressão arterial Importância: diagnóstico, classificação e seguimento Técnica Esfigmomanômetro+esteto, MRPA, MAPA Tamanho do manguito Medir em ambos os lados Síndrome do avental branco e hipertensão mascarada (repetir medições) * Diagnóstico * Definição & Classificação Fonte: V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, 2006. Adultos (>18 anos): * Estratificação de risco & decisão terapêutica Classificação em níveis pressóricos Diagnóstico de fatores de risco CV e comorbidades Fonte: V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, 2006. * Fonte: V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, 2006. * Princípios gerais e bases farmacológicas da terapêutica cardiovascular * Tratamento da Hipertensão Objetivos: Normalização da PA Prevenção e tratamento das complicações Estratégias: Tratamento da causa (<10% dos pacientes) Se hipertensão primária ou essencial (90%): Modificação de hábitos Tratamento farmacológico * Tratamento farmacológico Atua sobre os mecanismos fisiológicos de controle pressórico PA= DC x RVP * Principais classes e mecanismos de ação Diuréticos: volemia, outros mecanismos (?) IECA e Antagonistas AT1: reduzem pré- e pós-carga, atuam sobre o remodelamento cardíaco β-Bloqueadores: reduzem o débito cardíaco, SRAA Vasodilatadores diretos e antagonistas de Ca2+: provocam vasodilatação Simpatolíticos: inibem o sistema nervoso simpático, em diferentes níveis * * Monoterapia vs. associações * Principais pontos (2ª e 3ª partes) Impacto da hipertensão Fisiopatogenia da hipertensão Diagnóstico e estratificação de risco Principais classes de fármacos anti-hipertensivos Monoterapia x Polifarmácia * Principais tópicos abordados em questões PA= DC x RVP (calcular) Fatores que influenciam DC e RVP Barorreflexo: estruturas anatômicas Barorreflexo: prever o que ocorre com dos níveis pressóricos Definições: Psist, Pdiast, PP, PAM Controle neural: mediadores e receptores dos sistemas simpático e parassimpático Controle humoral exercido por catecolaminas Principais classes de fármacos Estratificação de risco x esquema terapêutico Monoterapia x Polifarmácia * Obrigado. schenka@fcm.unicamp.br schenka@hotmail.com * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
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