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Prévia do material em texto

HISTÓRIA 
 
Disciplinas  Introdução aos Estudos Históricos 
 Sociedades Ágrafas e História Antiga 
 História Medieval 
 Metodologia Científica 
 Seminário da Prática III 
Semestres 
2º flex e 3º 
regular 
Professore
s 
 Julho Zamariam 
 Marina Costa de Oliveira 
 Patrícia Graziela Gonçalves 
 José Osvaldo Henrique Corrêa 
 
PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR EM GRUPO 
 
Caros Alunos do Grupo 
Esta Produção Textual Interdisciplinar em Grupo busca oferecer uma oportunidade para a 
reflexão sobre dois dos conceitos fundamentais para os estudos históricos: escravidão e servidão. 
Para isso, vocês deverão analisar a escravidão na Antiguidade e a servidão na Idade Média e 
relacioná-las a ideia de trabalho análogo à escravidão na atualidade. 
 
Casos de escravidão, infelizmente, ainda persistem no mundo globalizado, 
inclusive no Brasil. E uma forma de contribuir para sua extinção é não deixar que 
os estudos sobre o tema percam intensidade, sempre instigando as novas 
gerações a pensar criticamente essa forma de exploração de trabalho. Nesse 
sentido, é urgente que tomemos conhecimento da existência de uma vasta rede 
de escravidão no Brasil contemporâneo [...]. 
O professor de História deve estar atento às diversas formas institucionais e 
sociais das relações de trabalho ao longo do processo histórico. O trabalho, na 
análise da servidão, da escravidão e do trabalho dito “livre”, pode e deve constituir 
um eixo temático fundamental em que pesquisas e seminários podem ter lugar. 
[...] Essas são algumas das questões que o eixo temático “Trabalho” pode buscar 
responder. O presente deve ser o ponto de partida, uma vez que o trabalho (ou a 
falta dele) continua a ser uma realidade que abrange o universo social de alunos e 
professores. 
Silva, Kalina Vanderlei; Silva, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos. 
São Paulo: Contexto, 2009. p. 114; 381. 
 
Desse modo, vocês estabelecerão ligações entre essas condições (escravidão na 
Antiguidade; servidão na Idade Média e trabalho análogo à escravidão) no passado e no presente, 
aprofundando a compreensão das transformações e permanências ocorridas no processo 
histórico. 
 
 
 
Eixo integrador: 
Formação da sociedade Antiga e Medieval. 
 
PROPOSTA DE TRABALHO 
Objetivos: 
- Compreender a historicidade do conceito escravidão. 
- Compreender a historicidade do conceito servidão. 
- Compreender a ideia de trabalho análogo à escravidão na atualidade. 
- Relacionar os conceitos escravidão, servidão e trabalho análogo à escravidão. 
CONTEXTUALIZAÇÃO 
Situação problema: 
Durante seu fim de semana de folga, Érica, professora de História em uma escola de 
Ensino Médio na cidade de São Paulo, leu uma reportagem que lhe surpreendeu. A reportagem 
falava sobre uma operação em que a Polícia Federal desmantelou uma fábrica onde 
trabalhadores eram submetidos a condições análogas à escravidão (Leia a reportagem: 
<http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2015/07/video-mostra-oficina-de-costura-em-sp-de-onde-
peruanos-foram-libertados.html>). Para surpresa ainda maior de Érica, a fábrica se localizava no 
trajeto que fazia todos os dias entre sua casa e a escola onde lecionava! 
A partir de um problema de seu tempo presente (a permanência de situações ilegais 
análogas à escravidão no Brasil em pleno século XXI), Érica pensou em relacionar diferentes 
sistemas de trabalho ao longo da história — levando em consideração suas diferenças e 
similaridades, as aproximações e distanciamentos —: a escravidão antiga e a servidão medieval. 
Diante disso, Érica pensou ser fundamental realizar junto a seus alunos uma atividade na 
qual refletissem sobre o trabalho análogo à escravidão no Brasil atual e, para isso, ela considerou 
importante compreender o conceito de escravidão na Antiguidade e de servidão na Idade Média. 
Para realizar esse estudo, Érica levou para sala de aula os seguintes materiais: 
- Vídeo: Band. Trabalho escravo. Disponível em: <https://youtu.be/IGSJU47F-80>. 
Acesso em: 15 dez. 2016. 
- Texto: Organização Internacional do Trabalho. Trabalho escravo no Brasil do século XXI 
(somente do tópico “A”: Situação atual do trabalho escravo no Brasil, páginas 20 a 38): 
Disponível em: 
HISTÓRIA 
 
<www.oitbrasil.org.br/sites/default/files/topic/forced_labour/pub/trabalho_escravo_no_bras
il_do_%20seculo_%20xxi_315.pdf>. Acesso em: 15 dez. 2016. 
- Texto sobre conceitos e leis sobre o trabalho escravo e a situação no Brasil: Nações 
Unidas no Brasil. Trabalho escravo. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/wp-
content/uploads/2016/04/position-paper-trabalho-escravo.pdf>. Acesso em: 16 dez. 2016. 
- Texto sobre o ciclo do trabalho escravo: Repórter Brasil. Ciclo do trabalho escravo no 
Brasil contemporâneo. Disponível em: <www.escravonempensar.org.br/wp-
content/uploads/2015/08/fasciculo_ciclo_novo_final_baixa_23.07.15.pdf>. Acesso em: 16 
dez. 2016. 
 Além destes materiais, a Prof. Érica também levou para seus alunos a definição dos 
conceitos de Escravidão e Servidão do Dicionário de Conceitos Históricos, de Kalina e Vanderlei 
Silva: 
 TEXTO 1: 
 
Escravidão 
Não é simples oferecer uma 
conceituação para a escravidão. Em primeiro 
lugar, a dificuldade inicial está em diferenciar 
os indivíduos submetidos à escravidão 
daqueles submetidos a outras formas de 
subordinação e exploração. Em muitas 
sociedades tradicionais, por exemplo, filhas 
púberes, filhos caçulas e esposas estiveram 
tão submetidos aos chefes de famílias 
patriarcais que suas condições sociais não 
eram tão superiores às dos escravos. Porém, 
qualquer definição de escravidão deve ser 
suficientemente flexível para conter os 
significados diversos que os agentes históricos 
de uma dada época lhe conferiram. Ou seja, 
por mais que a escravidão ao longo da história 
humana tenha assumido alguns traços mais ou 
menos universais, seus significados variaram 
em larga medida ao longo do tempo. Daí 
decorre que o conceito de escravidão precisa 
se fundamentar em sua própria historicidade, 
ou seja, nas diferentes formas que assumiu e 
nos significados que cada sociedade e época 
lhe atribuíram. 
De qualquer modo, uma definição de 
escravidão que nos parece bastante aplicável a 
seus diversos contextos históricos é a proposta 
por Claude Meillassoux. Segundo ele, a 
escravidão é um modo de exploração que toma 
forma quando uma classe distinta de indivíduos 
se renova continuamente a partir da exploração 
de outra classe. Ou seja, a escravidão aparece 
quando todo um sistema social se estrutura 
com base na exploração e na perpetuação de 
escravos continuamente reintroduzidos seja por 
comércio ou reprodução natural. O autor ainda 
afirma que para a escravidão existir é preciso 
uma rede de relações entre diferentes 
sociedades: há aquelas nas quais os escravos 
são capturados, aquelas que dispõem de uma 
estrutura militar para capturar os cativos das 
primeiras, aquelas sociedades ditas mercantis 
que controlam o escoamento dos escravos e, 
por fim, há sociedades mercantis consumidoras 
de escravos. Essa definição demonstra o 
quanto a escravidão mobiliza um conjunto 
econômico e social geograficamente extenso. 
O senso comum, em nossa sociedade, 
faz uso da expressão escravo para diversos 
tipos de situações relativas a formas 
degradantes de trabalho, ou a um tipo de 
sujeição considerado humilhante. Isso se dá 
porque as condições de sobrevivência da 
maioria da humanidade ao longo da história e 
os diversos modos de subordinação e 
exploração adquiriram formas tão humilhantes 
e grotescas que os indivíduos tendem, 
vulgarmente, a atribuir o termo escravo para 
qualquer situação em que essas condições se 
apresentem. Mas é fundamental distinguir a 
escravidãode outras formas de opressão. A 
 
escravidão, antes de mais nada, define o 
escravo a partir de seu status jurídico. A 
principal distinção entre o escravo e o servo, e 
entre o escravo e outras pessoas submetidas a 
trabalhos compulsórios, nesse sentido, está no 
fato jurídico de o escravo ser propriedade do 
senhor, não sendo, portanto, definido como 
pessoa. Mas esse aspecto jurídico que 
regulamenta e define o escravo foi sempre 
problemático, segundo David Brion Davis, uma 
vez que o escravo definido como propriedade 
(coisa) não deixava de ser também uma 
pessoa, um homem. 
Pensadores, filósofos, juristas e 
teólogos, ao longo do tempo, em diferentes 
sociedades escravistas, debateram 
arduamente se o escravo era ou não um 
homem e se a escravidão estava ou não 
conforme a lei natural. Aristóteles, por exemplo, 
julgava que não se podia falar em interesses do 
escravo, pois este não tinha nenhuma 
faculdade deliberativa, sendo apenas um 
instrumento ou posse, uma extensão da 
natureza física do seu senhor; quem de fato 
tinha interesses era este. Assim, os interesses 
do escravo estavam restritos aos interesses do 
senhor. Aristóteles, desse modo, desumanizou 
totalmente o escravo. Em toda sociedade em 
que a escravidão foi o motor das relações 
sociais, o objetivo dos escravagistas (fossem 
mercadores ou proprietários) era exatamente 
esse, eliminar do escravo qualquer vestígio de 
sua humanidade. Assim, o escravo seria uma 
não pessoa e, portanto, não teria sonhos, 
projetos, valores próprios. Todavia, se o 
escravo ideal era aparentemente aquele mais 
desumanizado, mais coisificado, é preciso 
reconhecer, como fez Claude Meillassoux, que, 
na prática, os escravos não eram utilizados 
como objetos ou animais, pois em todas as 
tarefas em que eram empregados era preciso 
apelar para sua inteligência humana. Além 
disso, o discurso do escravo-coisa, que fazia 
parte da ideologia dos senhores, resvalava na 
resistência dos próprios escravizados, que 
davam a todo o momento provas de sua 
humanidade. Para Meillassoux, a definição 
jurídica segundo a qual o escravo é descrito 
como um objeto submetido a seu proprietário 
era uma ficção que mascarava as relações 
sociais da escravidão, uma vez que a relação 
pretensamente individual entre o senhor e o 
escravo (coisa, propriedade) contida na lei 
dissimula e neutraliza a relação de classe. 
Desde o Egito antigo, passando pela 
Babilônia, Assíria, Grécia, Roma, Índia, China e 
em parte da Europa medieval, as sociedades 
escravagistas elaboraram arcabouços jurídicos 
para definir o escravo como coisa. Apesar 
disso, a escravidão e a identidade do escravo 
não podem ser definidas pelo aspecto 
meramente jurídico. Os próprios sistemas 
legais que definiram o escravo como coisa, 
como o sistema romano, admitiram a face 
humana do escravo ao puni-lo por delitos e ao 
reconhecer um mínimo de proteção contra o 
assassinato e danos corporais graves por parte 
do poder arbitrário de seus senhores. Os 
juristas romanos, portanto, reconheceram 
abertamente que o escravo era tanto uma coisa 
quanto uma pessoa. Para David Brion Davis, a 
escravidão ultrapassa a definição jurídica e 
deve ser encarada como uma instituição real 
que envolve funções econômicas e relações 
interpessoais. Ou seja, essa instituição 
apresenta uma face cotidiana e tensa, com 
diferentes formas de negociações e conflitos 
entre senhores e escravos. Nesse sentido, a 
escravidão é um sistema social dinâmico, 
sujeito a mudanças e lutas entre os grupos 
envolvidos. 
Para as sociedades que mantinham a 
escravidão, um problema fundamental era o de 
delimitar as diferenças entre o grupo dos livres 
e o dos escravos. Em sociedades mais 
notadamente etnocêntricas, como a dos 
hebreus e gregos antigos, normalmente se 
buscava capturar e escravizar apenas os 
estrangeiros. Isso não quer dizer que não havia 
escravidão de indivíduos do mesmo grupo 
étnico, mas que havia diferenciação no 
tratamento entre estrangeiros e não 
estrangeiros escravizados. Para um hebreu, 
por exemplo, os cativos de sua mesma religião 
não eram considerados verdadeiros escravos. 
No esforço de diferenciar escravos de não 
escravos, as sociedades antigas em geral não 
usavam a cor da pele como critério, mas 
impunham tatuagens ou estigmas que 
caracterizassem o baixo status do escravo. Foi 
apenas na Idade Moderna que as sociedades 
promotoras da escravidão consideraram a 
escuridão da pele marca natural de 
inferioridade. 
Os gregos antigos foram os primeiros 
a atribuir um conceito mais racional e jurídico à 
escravidão, e em vez de usarem estigmas 
físicos e tatuagens, definiram o escravo, ou 
doulos, com maior precisão legal. O doulo 
HISTÓRIA 
 
pertenceria, desse modo, a um grupo à parte, e 
seria um “tipo de propriedade com alma”. Os 
romanos seguiram a mesma trilha. Mas os 
egípcios e os árabes percebiam mais as 
distinções raciais. Aos poucos, a palavra árabe 
para designar escravos, abid, foi sendo cada 
vez mais atribuída aos negros. Também os 
chineses da dinastia Tang pensavam a 
escravidão a partir de preconceitos raciais. A 
pele escura, para os chineses dessa dinastia, 
era associada à inferioridade. Entretanto, todos 
os estrangeiros de modo geral eram 
escravizados: os persas eram considerados 
negros pelos chineses, e estes escravizavam 
ainda turcos, indonésios e coreanos. A 
escravidão moderna, retomada pelas Nações 
ibéricas em seus impérios coloniais na 
América, teve certamente uma base racial bem 
mais nítida, e a cor negra foi cada vez mais 
associada à escravidão. 
Mas desde a expansão da fé cristã, a 
escravidão foi associada também ao pecado. 
Embora tendo pregado a necessidade de um 
tratamento mais humano para os escravos, o 
Cristianismo, até o século XIX, não chegou a 
defender o abolicionismo ou destruir a base 
ética da escravidão construída na Antiguidade. 
A Igreja medieval acreditava que a escravidão 
teve origem na queda do homem. Assim sendo, 
a escravidão se tornara uma peça fundamental 
na ordenação do mundo, e constava no projeto 
divino de salvação dos homens. A ideia de 
pecado original, desse modo, surgiu como um 
elemento ordenador do mundo, e os homens 
deveriam ser resignados diante do poder das 
autoridades. Pensava-se que o escravo era um 
pecador. Para Santo Agostinho, a escravidão 
era tão somente uma punição para o pecado, 
mas o escravo poderia se salvar. Na verdade, 
para o Cristianismo, a escravidão física pouco 
importava, pois sua ideologia pregava uma 
libertação no plano espiritual. Havia uma 
dualidade no pensamento cristão: de um lado, 
Deus era o senhor dos senhores terrenos e 
também dos escravos, o que significava a 
existência de uma igualdade no plano divino; 
de outro, os escravos, na terra, não deveriam 
lutar por sua liberdade, pois o que importava 
era a sua alma e sua obediência a Deus, e não 
a posição social ocupada no mundo. Essa 
combinação de liberdade espiritual e cativeiro 
corporal assinalava o forte dualismo do 
pensamento cristão, adaptado de ideias dos 
filósofos gregos da escola estóica, que também 
preconizavam um conceito filosófico e 
transcendental de liberdade, em nada 
compatível com as necessidades físicas dos 
escravos. O conceito estoico e o cristão, 
embora com certas diferenças, postulavam que 
a verdadeira escravidão era a da alma e, nesse 
sentido, mesmo ricos mercadores ou senhores 
de escravos poderiam ser escravos de sua 
ganância, dos prazeres mundanos. Por sua 
vez, o homem fisicamente escravo poderia ter 
uma alma livre. 
Na Idade Moderna, com o advento de 
um pensamento mais secular, cada vez menos 
se pensava na escravidão como tendo sua 
origem no pecado. A definição moral da 
escravidão saía de cena para dar lugar ao 
pragmatismo dos interesses dos Estados 
europeus escravistas, que julgavam bastantenatural o uso de escravos nas zonas 
colonizadas, enquanto o mundo europeu 
caminhava cada dia mais para práticas de 
liberdade. Nessa época, alguns pensadores 
modernos chegaram ao dualismo extremo de 
rechaçar a escravidão em sua nação de origem 
enquanto a defendiam nas terras colonizadas. 
O inglês Thomas More, por exemplo, criticava 
veementemente muitas injustiças em seu 
próprio país, como os cercamentos e o código 
penal bárbaro, mas admitia a escravidão. 
Entretanto, já no século XVII, e 
sobretudo no século XVIII, surgiu um discurso 
antiescravocrata, que defendia a liberdade 
natural do homem. No século XVIII, mesmo 
pensadores conservadores como Montesquieu 
criticavam a legitimidade da escravidão, 
considerando-a contrária às leis naturais. 
Segundo Brion Davis, o século XVIII assistiu a 
um conjunto amplo de discursos sobre a 
felicidade dos indivíduos e de seu direito de 
dispor de sua vontade. A reflexão racional do 
Iluminismo abria, assim, uma fenda que 
desembocaria no abolicionismo do século XIX. 
Na prática, como se percebe, o estudo 
da escravidão deve enveredar pelas relações 
sociais, notando as resistências e 
acomodações, os conflitos e as negociações 
que podiam existir entre senhores e escravos. 
Ou seja, para entendermos essa instituição, 
deve-se ter como referencial as multifacetadas 
relações interpessoais entre senhores e 
escravos. [...] 
Silva, Kalina Vanderlei; Silva, Maciel Henrique. 
Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: 
Contexto, 2009. pp. 110-113.
 
 
 TEXTO 2:
Servidão 
A servidão foi o tipo de relação social 
predominante no Feudalismo, estabelecida 
entre os servos e os senhores medievais, 
resultante não apenas da desagregação do 
Império Romano como das sociedades dos 
povos ditos “bárbaros”. É preciso ressaltar de 
antemão, como fez Georges Duby, que nem a 
sociedade romana nem a germânica eram 
sociedades igualitárias. Portanto, não era de se 
esperar que a fusão dessas duas culturas 
originasse uma Idade Média livre de alguma 
forma de desigualdade. Essa forma de relação 
social – embora, sem dúvida, bastante desigual 
– era caracterizada, em linhas gerais, pelos 
laços de dependência mútua: ao servo, o 
senhor devia “proteção”; ao senhor, o servo 
devia obediência, trabalho e tributos. Essa 
ordem social, assim fixada, era aprovada pela 
ideologia católica então vigente, que dividia a 
sociedade em três ordens: os que oravam 
(oratores) pela salvação de todos; os que 
lutavam (bellatores) para a proteção do povo; e 
os que trabalhavam (laboratores) para 
alimentar os homens da religião e os da guerra. 
Cabia aos trabalhadores, camponeses em 
condição de servidão, a manutenção das duas 
primeiras ordens, que por eles oravam e 
guerreavam, em troca da “proteção” espiritual e 
terrena recebidas. Essa definição não 
corresponde à diversidade de estruturas 
sociais, além disso equivalem apenas ao 
Feudalismo dito clássico – aquele situado ao 
norte da França entre os séculos XI e XIII. [...] 
Servidão e vassalagem foram as 
relações sociais predominantes na sociedade 
feudal. Ambas as relações nos ensinam algo 
fundamental sobre essa formação social: ela 
não pode ser compreendida sem o princípio da 
dependência entre os homens. Ninguém era 
verdadeiramente independente (“livre”) no 
mundo feudal. As relações de servidão, 
suserania e vassalagem ligavam todos os 
membros da sociedade em uma rede infinita de 
hierarquias e dependências. Nenhum homem 
feudal era livre no sentido que o século XVIII, 
por exemplo, vai dar ao termo. Na Idade Média, 
a ideia de que os “homens nascem livres” 
(igualdade natural) não fazia sentido. Todas as 
pessoas estavam comprometidas com uma 
rede de obrigações que permeava o tecido 
social. Isso não diminui o fato de que, na base 
da pirâmide social, estavam os camponeses de 
condição servil, os mais dependentes e 
submissos nesse tecido hierárquico. 
Ao contrário do que parece, a servidão 
não é um tipo de relação social que substitui a 
escravidão de modo linear. Em outras palavras, 
a humanidade não progrediu do trabalho 
escravo (Antiguidade) à servidão (Idade 
Média), e da servidão ao trabalho livre 
(característico do período de formação e 
consolidação da sociedade burguesa, nas Eras 
Moderna e Contemporânea). Em primeiro 
lugar, a condição do servo era muito próxima 
da do escravo em termos de status e tipo de 
trabalho. Em segundo, escravidão e servidão 
coexistiram e se sobrepuseram na Idade 
Média; até mesmo os juristas medievais 
frequentemente confundiam as duas 
condições, traduzindo as palavras servitus e 
servus, do Código de Justiniano, como 
servidão e servo, ou seja, igualando o servo à 
condição do escravo (que em latim era 
designado pelo termo servus). Segundo Brion 
Davis, muitos aspectos da lei romana quanto à 
definição jurídica do escravo foram retomados 
para definir o servo: o servo francês era 
definido como propriedade móvel, e só poderia 
testemunhar em tribunal contra um outro servo; 
também só poderia se casar com servo de 
outro senhor com permissão de seu senhor; no 
século XIII, com exceção da Borgonha, os 
tribunais franceses também determinaram a 
regra romana de partus sequitur ventrem (o 
parto segue o ventre, isto é, os filhos seguiam a 
condição das mães já pelo nascimento) para os 
servos. Todos esses instrumentos legais, como 
se percebe, eram definidores da condição de 
escravo na Roma antiga, e continuaram no 
mundo feudal. É bom lembrar que, nas 
fazendas romanas, os coloni (colonos presos 
ao solo, com pouca liberdade de movimento) 
com frequência trabalhavam lado a lado com 
os escravos, e era difícil separar ambos. O fato 
é que, aos poucos, na chamada Alta Idade 
Média, foram se estreitando cada vez mais as 
diferenças entre os colonos e os escravos, de 
modo que a servidão resulta dessa aproximação 
de status: aos poucos não houve mais colonos 
ou escravos propriamente ditos, apenas 
servos, presos à terra e cuja condição era 
passada hereditariamente. 
Com o passar do tempo, nota o 
medievalista Georges Duby, a liberdade dos 
camponeses das províncias romanizadas foi 
HISTÓRIA 
 
ainda mais minada, agravando a exploração 
econômica que já sofriam. Os coloni, apenas 
formalmente livres, cultivavam terras 
pertencentes a outros e eram na realidade 
prisioneiros de uma vasta gama de obrigações. 
De modo geral, na Idade Média, as antigas 
obrigações militares foram convertidas na 
obrigação de fornecer alimentos aos exércitos 
profissionais. O serviço militar era uma 
característica essencial da liberdade tanto nas 
sociedades romanas e germânicas quanto na 
medieval, diz Duby. Mas os camponeses, para 
sobreviver, tiveram de oferecer uma forma de 
“serviço” (o obsequium) considerada na época 
degradante, o fornecimento de alimentos às 
tropas. A miséria dos camponeses livres e não 
livres foi se tornando praticamente a mesma, e 
os impostos que incidiam sobre eles tornavam-
se pesados à medida que necessitavam da 
“proteção” de alguma figura poderosa. 
Servilização e dependência senhorial foram 
fenômenos complementares que ajudaram a 
definir tanto a condição do servo como do 
senhor. A terra é o elemento fundamental de 
poder no Feudalismo. Desprovido da 
propriedade da terra, o camponês se torna 
dependente, cultivando a terra pertencente ao 
senhor e usando moinhos e outras instalações 
senhoriais a alto custo. Proprietário da terra e 
das armas (ou da terra e do poder espiritual, no 
caso da Igreja), o senhor está investido de um 
poder e de uma autoridade que lhe permitem 
extorquir o servo, mas não escravizá-lo 
totalmente. Este não pode ser retirado das 
terras, o que constitui tanto uma obrigação 
quanto um direito. 
De fato, mesmo sem a escravidão ser 
extinta totalmente, é preciso reconhecer que, 
em geral, a instituição da servidão foipredominando ao longo da Idade Média. A 
servidão, na Península Ibérica, todavia, em 
virtude da disponibilidade de escravos 
muçulmanos oriundos das guerras constantes 
entre mouros e cristãos, não se consolidou 
nem na Espanha nem em Portugal. Nesse 
último país, como nota Perry Anderson, a 
servidão da gleba já estava desaparecendo no 
século XIII. Assim, sociedades distintas 
apresentam também graus diferentes de 
servilização do campesinato. Entretanto, a 
definição apresentada nesse texto pode se 
aplicar ao conjunto das formações sociais, mas 
é preciso alguma adaptação aos contextos 
específicos. O modelo francês é o mais 
completamente feudal, e os demais 
apresentam traços feudais, mas não são cópias 
exatas da França feudal. 
Silva, Kalina Vanderlei; Silva, Maciel Henrique. 
Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: 
Contexto, 2009. pp. 379-381.
 
 
ORIENTAÇÕES PARA A EXECUÇÃO DO TRABALHO 
Com base nos materiais selecionados, a turma da professora Érica deveria 
produzir um relatório sobre o trabalho escravo no Brasil atual, que seria entregue para 
Câmara Municipal da cidade de São Paulo, discutindo a situação de trabalho em sua 
cidade e fazendo comparações com diferentes períodos históricos para que os 
vereadores encaminhem um ofício ao Ministério do Trabalho requerendo a fiscalização 
desses locais. Nesta Produção Textual, você ajudará Érica a produzir este relatório. 
Para isso, vocês deverão: 
1- Desenvolver um texto (de caráter dissertativo-argumentativo) de 4 a 6 laudas. Este 
texto deverá ter a seguinte estrutura: 
Introdução: a apresentação do tema do trabalho e o que será discutido. Deve 
apresentar: 
a) a definição do conceito de trabalho; 
b) a definição do conceito de escravidão na Antiguidade; 
c) a definição do conceito de servidão na Idade Média; 
d) responder se em cada um desses períodos históricos coexistiram mais de um 
tipo de regime de trabalho. 
Desenvolvimento: 
a) produzir um texto definindo o que é trabalho em condições análogas de 
escravidão, apresentando seus aspectos históricos; 
b) apresentar os resultados de uma pesquisa (que vocês devem realizar!) sobre o 
trabalho forçado no Brasil, que contemple: 
I. os estados brasileiros com maior taxa de trabalhadores em situação 
análoga à escravidão; 
II. quais são os principais tipos de trabalho forçado realizados no país; 
III. a existência dessa prática no estado em que você mora e, se 
possível, tente descobrir se existem trabalhadores nessas condições 
em seu município1. 
 c) apresentar quais são as atuais políticas de combate a esse tipo de trabalho; 
 
1 Se possível, entrevistem pessoas da comunidade e visitem a sede do Ministério do Trabalho e 
do Emprego (MTE) da sua cidade (ou cidade vizinha) para conseguirem mais dados. 
 
 
 d) apresentar propostas condizentes com os direitos humanos que contribuam para 
a erradicação do trabalho forçado no Brasil. 
Considerações Finais: 
 a) finalizar o texto apontando seus principais aspectos. 
ORIENTAÇÕES PARA FORMATAÇÃO DO TRABALHO 
- Os alunos que cursam o 2º Semestre Flex ou 3º Semestre regular devem realizar o 
trabalho em grupo (mínimo 2 e máximo 7 alunos). O grupo deve ser formado por alunos 
do mesmo semestre, ou seja, alunos do 2º Semestre Flex deverão formar grupo com 
alunos do 2º Semestre Flex, enquanto alunos do 3º Semestre deverão formar grupos 
com alunos do 3º Semestre. Ao formar o grupo, um aluno deverá ficar responsável para 
cadastrar o grupo no portfólio, ou seja, para indicar os nomes dos demais membros do 
grupo; somente após cadastrar o grupo deverá enviar o trabalho. Apenas um aluno 
cadastra o grupo e envia o trabalho do seu grupo. A capa do trabalho deverá conter os 
nomes de todos os alunos do grupo. 
- O trabalho deve ser realizado de acordo com as normas da ABNT (acesse a Biblioteca 
Digital, clique em “Padronização” e escolha a opção “Modelo para elaboração de 
Trabalho Acadêmico) e deve conter a seguinte estrutura: 
• Capa; 
• Folha de rosto (no caso da Capa e Folha de rosto, elabore-os de acordo com 
os modelos disponíveis na a Biblioteca Digital da Unopar: 
<www.unopar.br/bibliotecadigital>); 
• Introdução; 
• Desenvolvimento; 
• Considerações finais; 
• Referências. 
- Elabore as respostas em texto corrido e não respondendo cada tópico separadamente. 
- Para elaboração do texto, adote os seguintes procedimentos: 
• Configure a página – superior 3cm, inferior 2cm, esquerda 3cm, direita 2cm. 
• Use fonte Arial, fonte 11 ou Times New Roman, fonte 12. 
 
 
• Configure os parágrafos – recuo esquerda 0 cm, direita 0 cm; deslocamento 
na primeira linha de 1,25 cm; espaçamento antes 6, depois 6; espaçamento 
entre linhas 1,5 linhas. 
- Caso haja consultas em sites, livros ou revistas faça a referência (AUTOR, data, 
página); 
- Nas Referências, no final do seu trabalho, cite as obras/sites conforme as normas da 
ABNT. Quando for livro: SOBRENOME, Nome. O título da obra. Local: editora, data. 
página. (Para mais informações acesse a Biblioteca Digital, clique em “Padronização” e 
escolha as opções “Trabalhos acadêmicos – Apresentação” e “Modelo para elaboração 
de Trabalho Acadêmico”; 
- Não cometa plágios. 
 
Tenham um ótimo trabalho! 
 
Profs. José Osvaldo Henrique 
Corrêa, Julho Zamariam, Marina 
Costa de Oliveira, Patrícia 
Graziela Gonçalves.

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