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CCJ0019-WL-O-LC-Questões de Direito Constitucional OAB - 2009 Fase-02

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www.jurisway.org.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito 
Constitucional 
 
 
 
 
 2009.2 e 2009.3 
 
 
 
 www.jurisway.org.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito 
Constitucional 
 
 
 
 
 2009.2 
 
 
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Prova Prático-Profissional – 2ª Fase 
Direito Constitucional 
Exame 2009.2 
 
 
 Observações sobre a prova Prático-profissional: 
 
Na prova prático-profissional, o candidato deverá redigir 1 (uma) peça 
profissional e responder a 5 (cinco) questões abertas, elaboradas sob a 
forma de situações-problema, compreendendo a área de opção escolhida. 
 
Esta coletânea compreende apenas as questões aplicadas no 2º Exame de 
2009, em 25/10/2009, acompanhadas de padrões de resposta elaborados 
pelo próprio CESPE/UnB. 
 
Os padrões de resposta do CESPE podem contemplar apenas uma 
estrutura de fundamentação básica, uma orientação ao examinador ou 
exemplo de resposta. Lembramos que apenas uma fundamentação 
correta não garante a totalidade dos pontos de cada questão. A resposta 
deverá ter uma boa apresentação, com uma estrutura textual decente e 
correção gramatical. Deverá ainda ser consistente e demonstrar o domínio 
do raciocínio jurídico, que será avaliado pela adequação da resposta ao 
problema, pela técnica profissional demonstrada e pela capacidade de 
interpretação e exposição das ideias. 
 
Os candidatos têm à sua disposição 150 linhas (30 linhas por página em 5 
páginas) para elaborar a peça profissional, e 30 linhas para responder a 
cada uma das questões abertas. O tempo de prova é de 5 horas. 
 
Finalmente, é importante observar uma alteração introduzida no edital do 
exame 2009.3, item 6.13.1: durante a realização da prova prático-
profissional será permitida, exclusivamente, a consulta à legislação, 
sem qualquer anotação ou comentário, referente à área de opção 
do examinando. Anteriormente, era prevista a consulta também a livros 
de doutrina e a repertórios jurisprudenciais. 
 
 
Prova prático-profissional de Direito Constitucional – Exame OAB 2009.2 
 
1
 
 
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Peça Profissional 
 
João, nascido e domiciliado em Florianópolis - SC, indignou-se ao saber, em abril de 
2009, por meio da imprensa, que o senador que merecera seu voto nas últimas 
eleições havia determinado a reforma total de seu gabinete, orçada em mais de R$ 
1.000.000,00, a qual seria custeada pelo Senado Federal. 
 
A referida reforma incluía aquecimento e resfriamento com controle individualizado 
para o ambiente e instalação de ambiente físico para projeção de filmes em DVD, 
melhorias que João considera suntuosas, incompatíveis com a realidade brasileira. 
 
O senador declarara, em entrevistas, que os gastos com a reforma seriam 
necessários para a manutenção da representação adequada ao cargo que exerce. 
 
Tendo tomado conhecimento de que o processo de licitação já se encerrara e que a 
obra não havia sido iniciada, João, temendo que nenhum ente público tomasse 
qualquer atitude para impedir o início da referida reforma, dirigiu-se a uma 
delegacia de polícia civil, onde foi orientado a que procurasse a Polícia Federal. 
 
Supondo tratar-se de um "jogo de empurra-empurra", João preferiu procurar ajuda 
de profissional da advocacia para aconselhar-se a respeito da providência legal que 
poderia ser tomada no caso. 
 
Em face dessa situação hipotética, na qualidade de advogado(a) constituído(a) por 
João, redija a medida judicial mais apropriada para impedir que a reforma do 
gabinete do referido senador da República onere os cofres públicos. 
 
Padrão de Resposta 
 
Trata-se, claramente, de possibilidade de ajuizamento de ação popular, forte no 
inciso LXIII do art. 5.º da CRFB, dada a condição de eleitor, cidadão brasileiro. 
 
Caberia, também, em tese, a ação de improbidade administrativa, contudo seus 
legitimados são restritos, previstos nos arts. 11 e 17 da Lei n.º 8.429, de 1992. 
 
Prova prático-profissional de Direito Constitucional – Exame OAB 2009.2 
 
2
 
 
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Ainda, a ação civil pública, contudo, também, o autor não seria legitimado, 
conforme art. 5.º da Lei n.º 7.347/85. 
EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DA VARA FEDERAL DE FLORIANÓPOLIS DA SEÇÃO 
JUDICIÁRIA DE SANTA CATARINA. 
 
João, brasileiro, casado, agricultor, residente e domiciliado na Rua Manoel Elias, 
313, em Florianópolis-SC, vem, pelas razões fáticas e jurídicas que apresentará 
abaixo, forte no inciso LXIII do art. 5.º da Constituição Federal vigente, mediante 
seu Advogado (doc 01), muito respeitosamente, perante Vossa Excelência, ajuizar 
a presente AÇÃO POPULAR COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA em face do Sr. 
XXXX, Senador da República, com domicílio profissional no Prédio do Senado 
Federal, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília – DF, pelos motivos fáticos e 
jurídicos que passará a expor. 
 
DOS FATOS 
 
Recentemente, em 15 de abril de 2009, foi amplamente divulgada, pela imprensa 
em todo o país (docs 02, 03, 04, 05 e 06), obra que está se iniciando no gabinete 
de trabalho do Senador XXXX, em valores que custarão aos cofres públicos mais de 
1 milhão de reais. 
 
Das notícias ora postas, vê-se que partiu ordem do Gabinete do Senador para abrir 
licitação para a reforma do gabinete, envolvendo a compra de vários itens 
suntuosos, voluptuários, como bem se demonstra na reportagem, e, aliás, do que 
nelas também se vê, sem negativa do ora demandado, vindo este a justificar o 
clima instável de Brasília e a necessidade de perfeitas condições de atendimento no 
gabinete de senador das autoridades mais importantes do mundo. 
 
Do sistema comprasnet, o sítio eletrônico do Governo Federal, vemos que os 
objetos da licitação ainda não foram adjudicados, ainda não tendo sido, portanto, 
os contratos assinados. 
 
DOS REQUISITOS PARA CONCESSÃO DA TUTELA ANTECIPADA: 
 
O art. 273 do Código de Processo Civil assim estabelece: 
 
“O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os 
efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova 
inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e: (Redação dada pela Lei 
n.º 8.952, de 13.12.1994) I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil 
Prova prático-profissional de Direito Constitucional – Exame OAB 2009.2 
 
3
 
 
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reparação; ou (Incluído pela Lei n.º 8.952, de 13.12.1994) II - fique caracterizado 
o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu. (Incluído 
pela Lei n.º 8.952, de 13.12.1994)” 
 
Isso posto, a veiculação em imprensa nacional, em diversos meios de comunicação, 
inclusive com sua confissão de que gastou o dinheiro; contudo, entendendo serem 
necessários os gastos para a manutenção da dignidade da representação de 
presidente do Senado Federal. Marca, inarredavelmente a prova inequívoca, bem 
como atenta vergonhosamente à moralidade administrativa, princípio expresso a 
ser seguido na Administração Pública, no caput do art. 37 da Constituição Federal 
vigente, com itens suntuosos para seu Gabinete, em meio à crise mundial com 
perda de milhões de postos de trabalho e desaquecimento da Economia brasileira, 
inclusive. Ademais, uma vez terminado o presente certame e assinado o contrato, 
ainda haveria outros problemas senão, aliado à extrema dificuldade de reembolso 
futuro por parte do Político, mas,também, a questão dos direitos de terceiros de 
boa-fé, e do princípio de vedação de enriquecimento estatal sem justa causa, visto 
que, uma vez feitas as aquisições e obras, os contratados não mais terão de 
devolver o dinheiro recebido com a venda de seus produtos. 
 
Ademais, na jurisprudência, é sedimentada a possibilidade de concessão de tutela 
antecipada em ações populares, conforme se vê abaixo: 
 
A tutela antecipada pressupõe direito evidente (líquido e certo) ou 
direito em estado de periclitação. É líquido e certo o direito quando 
em consonância com a jurisprudência predominante do STJ, o 
guardião da legislação infraconstitucional. (Resp 552.691, DJU de 
30/05/2005) 
 
AÇÃO POPULAR. CONTRATO DE PERMUTA DE ATIVOS. PETRÓLEO 
BRASILEIRO S/A (PETROBRÁS). E REPSOL YPF S/A. POSSÍVEL 
LESIVIDADE DO NEGÓCIO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. PROVA 
INEQUÍVOCA. VEROSSIMILHANÇA DA ALEGAÇÃO. PRESSUPOSTOS 
NÃO CARACTERIZADOS. 
1. Em sede de antecipação de tutela, hão de estar devidamente 
configurados, para o deferimento da medida, os pressupostos 
exigidos no art. 273 do Código de Processo Civil, em particular, 
aqueles atinentes à prova inequívoca e à verossimilhança da 
alegação, que não se confundem com a plausibilidade da ação 
cautelar. 
3. Viola o art. 273 do CPC a decisão que defere pedido de 
antecipação de tutela apenas com fundamento na demonstração do 
fumus boni iuris e do periculum in mora. 
(Resp 532.570, DJU de 13/12/2004) 
Prova prático-profissional de Direito Constitucional – Exame OAB 2009.2 
 
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DO DIREITO 
 
É a ação popular uma verdadeira ação da cidadania. Com requisitos postos na 
Constituição Federal, assim tem assento, no inciso LXXIII de seu art. 5.º: “qualquer 
cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao 
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade 
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o 
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da 
sucumbência.” 
 
Ademais, os requisitos legais estão presentes nos artigos da Lei n.º 4.717, de 1.965 
abaixo transcritos: 
 
Art. 1.º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação 
ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, 
do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades 
autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição Federal, 
art. 141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União 
represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços 
sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação ou 
custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de 
cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas 
incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados 
e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades 
subvencionadas pelos cofres públicos. 
 
Art. 2.º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades 
mencionadas no artigo anterior, nos casos de: 
a) incompetência; 
b) vício de forma; 
c) ilegalidade do objeto; 
d) inexistência dos motivos; 
e) desvio de finalidade. 
Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-
se-ão as seguintes normas: (...) 
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d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou 
de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente 
ou juridicamente inadequada ao resultado obtido; 
Art. 6.º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas 
e as entidades referidas no art. 1.º, contra as autoridades, 
funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, 
ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, 
tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos 
do mesmo. 
 
DA COMPETÊNCIA DO JUÍZO 
 
Bem assim posto na Lei n.º 4.717, de 1965: 
 
Art. 5.º Conforme a origem do ato impugnado, é competente para 
conhecer da ação, processá-la e julgá-la o juiz que, de acordo com a 
organização judiciária de cada Estado, o for para as causas que 
interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado ou ao Município. 
 
§ 1.º Para fins de competência, equiparam-se atos da União, do 
Distrito Federal, do Estado ou dos Municípios os atos das pessoas 
criadas ou mantidas por essas pessoas jurídicas de direito público, 
bem como os atos das sociedades de que elas sejam acionistas e os 
das pessoas ou entidades por elas subvencionadas ou em relação às 
quais tenham interesse patrimonial. 
 
§ 2.º Quando o pleito interessar simultaneamente à União e a 
qualquer outra pessoas ou entidade, será competente o juiz das 
causas da União, se houver; quando interessar simultaneamente ao 
Estado e ao Município, será competente o juiz das causas do Estado, 
se houver. 
 
§ 3.º A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas 
as ações, que forem posteriormente intentadas contra as mesmas 
partes e sob os mesmos fundamentos. 
 
Isso posto, envolvendo interesse da União que, inclusive, pode vir a atuar ao lado 
do autor na presente ação, é competente o Foro Federal; contudo, sem privilégio 
de foro, conforme temos também do Egrégio STJ, abaixo, transitado em julgado em 
3/10/2001: 
Prova prático-profissional de Direito Constitucional – Exame OAB 2009.2 
 
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O Senhor Ministro Milton Luiz Pereira (Relator): 
 
Conforme ensaiado no relatório, plasma-se conhecida situação 
conflituosa, originária de Ação Popular ajuizada contra o cidadão 
Fernando Henrique Cardoso ― sem a cogitação de estar no exercício 
da Presidência da República ― e outros requeridos, dentre eles a 
União Federal, movida por Autor domiciliado no Estado do Mato 
Grosso do Sul. Outrossim, na espécie, amoldada a competência 
territorial ou de foro, vertendo que é relativa e pode ser prorrogada, 
é defeso ao Juiz a declinação voluntária (Súmula 33/STJ), 
compreensão essa, à mão forte, prestigiada nos pretórios; como 
exemplos: 
"Competência. Ação Popular. Incompetência Relativa. Declaração de 
Ofício. Inadmissibilidade. 
I - A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício (Súmula 
n.º 33-STJ). 
II - Conflito de que se conhece, a fim de declarar-se a competência 
do juíza suscitado." (CC 17.312-DF, Rel. Min. Antônio de Pádua 
Ribeiro, in DJU de2.9.96); 
"Processual Civil. Ação Popular. Competência. 
I - Se o ato é de origem federal, é competente para processar e 
julgar a ação o Juízo Federal. Competência territorial, relativa, que 
pode ser prorrogada. 
II - Conflito negativo julgado procedente. Competência do Juízo 
Federal da 2.a Vara do Paraná." (CC 1.071-DF, Rel. Min. Carlos M. 
Velloso, in DJU de 28.5.90); 
"Processual Civil. Conflito Negativo de Competência. Ação Popular 
Contra a União Federal Foro de Domicílio. 
1. Conflito conhecido, na conformidade do parecer do ilustre 
Subprocurador da República, para declarar competente o Juízo 
Federal da 18a Vara da Seção Judiciária do Estado de São Paulo, o 
suscitado." (CC 26.332-RJ, Rel. Min. Peçanha Martins, in DJU de 
9.10.2000). 
No estuário da exposição, quer por tão seja sobre as linhas da opinião 
ministerial manifestada ou pela aplicação da Súmula 33/STJ ou, com 
escudo na compreensão pretoriana comemorada ou, por fim, com 
todos os fundamentos, conhecendo e votando pela procedência do 
conflito, declaro a competência do Juízo Federalda Primeira Vara 
Federal - Seção Judiciária do Estado de Mato Grosso do Sul -, 
suscitado. 
É o voto. 
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7
 
 
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Processual Civil. Conflito Negativo de Competência. Ação Popular. 
Competência da Seção Judiciária em que é domiciliado o Autor. 
Súmula 33 do STJ. 
1. O art. 109, parágrafo 2.o, da Constituição Federal, intensificando o 
princípio insculpido no art. 5.o, inciso XXXV, do mesmo texto legal, 
concedeu ao autor da ação a faculdade de propô-la na Seção 
Judiciária em que for domiciliado. 
2. Tratando-se de competência territorial, não pode o Juiz dela 
declinar de ofício, sem oposição de exceção arguida (art. 112 do CPC 
e Súmula 33 do STJ). 
3. Precedentes iterativos. 
4 .Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo suscitado. 
ACÓRDÃO 
Vistos e relatados estes autos, em que são partes as acima indicadas: 
Decide a egrégia Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, por 
unanimidade, conhecer do conflito e declarar competente o Juízo 
Federal da 1.ª Vara de Campo Grande-SJ/MS, o suscitado, nos 
termos do voto do Senhor Ministro Relator, na forma do relatório e 
notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte 
integrante do presente julgado. Votaram de acordo com o Senhor 
Ministro Relator os Senhores Ministros Eliana Calmon, Francilli Netto, 
Castro Filho e Francisco Peçanha Martins. Ausentes, justificadamente, 
os Senhores Ministros Humberto Gomes de Barros, Garcia Vieira e 
Francisco Falcão. 
Presidiu o julgamento o Senhor Ministro José Delgado. 
(Excerto do Voto do Relator no CC 31.371, DJU de 03/09/2001, 
unânime, bem como sua Ementa) 
 
Ademais, assim o § 2.º do art. 109 da Constituição Federal vigente: 
 
§ 2.º As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na 
seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver 
ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja 
situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal. 
 
Assim, exigir do autor, pessoa de parcos recursos financeiros, que se desloque até 
Brasília seria um absurdo jurídico e social, dado o desenho especial da ação 
popular. 
 
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8
 
 
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DOS REQUISITOS DA AÇÃO POPULAR 
 
Como legítimo instrumento da cidadania, a ação popular imprescinde da 
demonstração do prejuízo material, posto visar, também, os princípios da 
administração pública, mormente o da moralidade pública, como já sedimentado 
junto ao Egrégio Supremo Tribunal Federal: 
 
O entendimento sufragado pelo acórdão recorrido no sentido de que, 
para o cabimento da ação popular, basta a ilegalidade do ato 
administrativo a invalidar, por contrariar normas específicas que 
regem a sua prática ou por se desviar dos princípios que norteiam a 
Administração Pública, dispensável a demonstração de prejuízo 
material aos cofres públicos, não é ofensivo ao inc. LXXIII do art. 5.º 
da Constituição Federal, norma esta que abarca não só o patrimônio 
material do Poder Público, como também o patrimônio moral, o 
cultural e o histórico. As premissas fáticas assentadas pelo acórdão 
recorrido não cabem ser apreciadas nesta instância extraordinária à 
vista dos limites do apelo, que não admite o exame de fatos e provas 
e nem, tampouco, o de legislação infraconstitucional. Recurso não 
conhecido. 
(RE 170168, DJU de 13/08/1999) 
 
No presente caso, então, aliada à real possibilidade iminente de prejuízo ao Erário, 
temos que o princípio da moralidade está sendo severamente afetado, mormente 
em época de cortes orçamentários no nosso País, com a previsão de milhões de 
desempregados, e, ademais, os Presidentes do Senado anteriores já vinham 
recebendo de há muito tempo autoridades em seu Gabinete, que, certamente, a 
ninguém envergonhou no tocante às instalações. 
 
DA JURISPRUDÊNCIA SEDIMENTADA SOBRE O TEMA PROCESSUAL. 
ADMINISTRATIVO. AÇÃO POPULAR. PRESSUPOSTOS. ILEGALIDADE. 
LESIVIDADE. 
1. A ação popular é meio processual constitucional adequado para 
impor a obediência ao postulado da moralidade na prática dos atos 
administrativos. 
2. A moralidade administrativa é valor de natureza absoluta que se 
insere nos pressupostos exigidos para a efetivação do regime 
democrático. 
(EResp nº 14.868, DJU de 18/04/2005) 
 
Prova prático-profissional de Direito Constitucional – Exame OAB 2009.2 
 
9
 
 
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ADMINISTRATIVO E PROCESSO CIVIL - AÇÃO POPULAR - LESÃO OU 
DANO AO ERÁRIO. 
1. A ação civil pública subsumiu a ação popular que permaneceu 
importante em razão da específica legitimação para agir. 
2. Âmbito da ação popular que não está limitada ao desfalque do 
patrimônio material. 
O desfalque pode ser do patrimônio paisagístico, ambiental, etc., ou 
do patrimônio moral. 
3. Moralidade administrativa que pode ser resguardada via ação 
popular. 
4. Recurso especial improvido. 
(Resp n.º 260.821, DJU de 19/05/2003) 
 
Ao final, junta o autor cópia de seu título eleitoral, para a comprovação da 
legitimidade ativa para a presente ação (doc n.º 14). 
 
DO PEDIDO 
 
Forte no exposto, requer o autor: 
 
a) a concessão inaudita altera pars de tutela antecipada para sustar quaisquer atos 
das licitações cujo objeto atenderão às despesas objeto desta ação popular, bem 
como a sustação de qualquer ato que se digne a pagar tais despesas com recursos 
públicos; 
 
b) a citação por precatória do réu, nos prazos e termos do inciso IV do art. 7.º da 
Lei n.º 4.717, de 1965, com cópia da presente, bem como documentos acostados; 
 
c) a oitiva do Douto Ministério Público Federal; 
 
d) a intimação da União, para, querendo, assim se manifestar, forte no § 3.º do 
art. 6.º da Lei n.º 4.717, de 1965; 
 
e) a confirmação da sentença com a anulação de quaisquer atos administrativos 
tomados pelo demandado na presente ação visando às despesas objeto da presente 
ação popular, bem como, caso já tenha havido alguma despesa, o ressarcimento 
por parte do réu, com comunicação ao Ministério Público para as devidas ações 
penal e de improbidade que entender pertinentes; 
Prova prático-profissional de Direito Constitucional – Exame OAB 2009.2 
 
10
 
 
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f) A condenação do Réu na sucumbência, a ser fixada por Vossa Excelência, nos 
termos do art. 12 da Lei n.º 4.717, de 1965, bem como nas custas. 
 
O que se pede por questão constitucional e de JUSTIÇA ! 
 
Dá-se à presente causa o valor estimado de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). 
 
Florianópolis, 2 de maio de 2009. 
 
 
Antenor da Silva 
Advogado 
OAB-SC n.º 99.999 
Prova prático-profissional de Direito Constitucional – Exame OAB 2009.2 
 
11
 
 
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Questões Abertas – Situações-problema: 
 
Questão 1 
 
O presidente de comissão parlamentar de inquérito (CPI) instaurada para investigar 
escutas telefônicas clandestinas expediu ofício a várias operadoras de telefonia fixa 
e móvel, determinando o imediato envio de informações relacionadas a escutas 
telefônicas autorizadas, no ano de 2007, em processos judiciais que tramitam sob 
segredo de justiça. Entre as informações, o parlamentar pretendia obter o número 
de cada processo em que se autorizou a escuta, o nome das partes envolvidas, os 
titulares dos terminaisinterceptados, os números dos terminais e cópias dos 
mandados e das decisões que os acompanharam ou que os determinaram. 
 
Paralelamente, o presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara 
dos Deputados solicitou ao ministro do Supremo Tribunal Federal, relator de 
inquérito instaurado para apurar suposta prática de crime pelo deputado federal 
João da Silva, o encaminhamento de cópia dos autos desse inquérito, em trâmite 
com a cláusula de sigilo em razão da existência de escuta telefônica devidamente 
autorizada, para subsidiar procedimento administrativo disciplinar movido contra o 
parlamentar naquela Casa Legislativa. 
 
O deputado federal João da Silva, diretamente atingido em ambas as situações, 
procurou os serviços de profissional da advocacia, indagando-lhe sobre a 
possibilidade, ou não, de a CPI e o presidente do Conselho de Ética e Decoro 
Parlamentar obterem as informações solicitadas. 
 
Em face dessa situação hipotética, na qualidade de advogado(a) consultado(a) pelo 
parlamentar, responda à indagação de seu cliente, apresentando, inclusive, os 
fundamentos constitucionais pertinentes a cada um dos casos relatados. 
 
Padrão de Resposta: 
 
Na situação 1, a CPI não pode obter as informações em razão de os processos em 
que são determinadas a quebra do sigilo telefônico tramitarem sob segredo de 
justiça (conforme o próprio caso informa). Assim, em atenção ao princípio da 
separação dos poderes, ao direito à intimidade e dada a constatação de que a CPI 
tem poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, não pode a 
Comissão reformar ou revogar decisão judicial que determina o segredo de justiça 
em determinado processo. Nem mesmo o STF pode invadir a competência de outro 
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juízo e determinar a quebra do sigilo judicial. Nesse sentido, a liminar referendada 
pelo Plenário do STF no MS 27483, noticiada no Informativo STF n.º 515. 
Na situação 2, o Supremo Tribunal pode encaminhar as cópias do inquérito relativo 
à investigação criminal de deputado federal que se sujeita a processo 
administrativo disciplinar perante o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da 
Câmara dos Deputados, pois os elementos informativos de uma investigação 
criminal ou as provas colhidas no bojo de instrução processual penal, desde que 
obtidos mediante interceptação telefônica devidamente autorizada por juiz 
competente, como no caso, podem ser compartilhados para fins de instruir 
procedimento administrativo disciplinar. 
 
Esse é o entendimento já consagrado pelo STF e reafirmado no julgamento de 
questão de ordem no Inq – 2.725, noticiado no informativo STF n.º 512. 
 
Os fundamentos constitucionais para se vedar o encaminhamento das informações 
na situação 1 são: artigos 5.º, X e LX, e 58, § 3.º. Já os fundamentos 
constitucionais para se autorizar o encaminhamento é o juízo de proporcionalidade 
na avaliação dos arts. 5.º, XII, e 55, §2.º, da CF/88. 
 
CPI e Quebra de Sigilo Judicial (1) 
Em regra, o segredo de justiça é oponível à comissão parlamentar de inquérito e 
representa uma expressiva limitação aos seus poderes de investigação. Com base 
nesse entendimento, o Tribunal, por maioria, referendou decisão concessiva de 
pedido de liminar, formulado em mandado de segurança, impetrado por Tim Celular 
S.A. e outras operadoras de telefonia fixa e móvel, contra ato do presidente da CPI 
para investigar escutas telefônicas clandestinas, que lhes determinara a remessa de 
informações cobertas por sigilo judicial. Em 4/8/2008, o ministro Cezar Peluso 
deferira a cautelar, autorizando, até decisão contrária nesta causa, as impetrantes 
a não encaminharem à CPI o conteúdo dos mandados judiciais de interceptação 
telefônica cumpridos no ano de 2007 e protegidos por segredo de justiça, exceto se 
os correspondentes sigilos fossem quebrados prévia e legalmente. Reputou que 
aparentava razoabilidade jurídica (fumus boni iuris) a pretensão das impetrantes de 
se guardarem da pecha de ato ilícito criminoso, por força do disposto no art. 325 do 
CP e no art. 10, c/c o art. 1.º da Lei federal 9.296/96, que tipifica como crime a 
quebra de segredo de justiça, sem autorização judicial, ou, ainda, por deixarem de 
atender ao que se caracterizaria como requisição da CPI, bem como que estaria 
presente o risco de dano grave, porque na referida data se esgotava o prazo 
outorgado, sob cominação implícita, no ato impugnado, a cujo descumprimento 
poderia corresponder medida imediata e suscetível de lhes acarretar 
constrangimento à liberdade. Naquela sessão, considerou o relator a jurisprudência 
pacífica da Corte no sentido de que, nos termos do art. 58, § 3.º, da CF, as CPIs 
têm todos os "poderes de investigação próprios das autoridades judiciais", mas 
apenas esses, restando elas sujeitas aos mesmos limites constitucionais e legais, 
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de caráter formal e substancial, oponíveis aos juízes de qualquer grau, no 
desempenho de idênticas funções. 
MS 27483 MC/DF, rel. min. Cezar Peluso, 14.8.2008. (MS-27483) 
CPI e Quebra de Sigilo Judicial (2) 
O relator asseverou que, sob esse ponto de vista, o qual é o da qualidade e 
extensão dos poderes instrutórios das CPIs, estas se situam no mesmo plano 
teórico dos juízes, sobre os quais, no exercício da jurisdição, que lhes não é 
compartilhada às Comissões, nesse aspecto, pela Constituição, não têm elas poder 
algum, até por força do princípio da separação dos poderes, nem têm poder sobre 
as decisões jurisdicionais proferidas nos processos, entre as quais relevam, para o 
caso, as que decretam o chamado segredo de justiça, previsto como exceção à 
regra de publicidade, a contrario sensu, no art. 5.º, LX, da CF. Esclareceu, no 
ponto, que as CPIs carecem, ex autoritate propria, de poder jurídico para revogar, 
cassar, compartilhar, ou de qualquer outro modo quebrar sigilo legal e 
constitucionalmente imposto a processo judiciário, haja vista tratar-se de 
competência privativa do Poder Judiciário, ou seja, matéria da chamada reserva 
jurisdicional, onde o Judiciário tem a primeira e a última palavra. Aduziu, ainda, ser 
intuitiva a razão última de nem a Constituição nem a lei haverem conferido às CPIs, 
no exercício de suas funções, poder de interferir na questão do sigilo dos processos 
jurisdicionais, porque se cuida de medida excepcional, tendente a resguardar a 
intimidade das pessoas que lhe são submissas, enquanto garantia constitucional 
explícita (art. 5.º, X), cuja observância é deixada à estima exclusiva do Poder 
Judiciário, a qual é exercitável apenas pelos órgãos jurisdicionais competentes para 
as respectivas causas ― o que implica que nem outros órgãos jurisdicionais podem 
quebrar esse sigilo, não o podendo, a fortiori, as CPIs. Concluiu que é essa também 
a razão pela qual não pode violar tal sigilo nenhuma das pessoas que, ex vi legis, 
lhe tenham acesso ao objeto, assim porque intervieram nos processos, como 
porque de outro modo estejam, a título de destinatários de ordem judicial, sujeitas 
ao mesmo dever jurídico de reserva. 
MS 27483 MC/DF, rel. min. Cezar Peluso, 14.8.2008. (MS-27483) 
 
CPI e Quebra de Sigilo Judicial (3) 
Nesta sessão, o Tribunal, preliminarmente, tendo em conta a relevância da matéria, 
por votação majoritária, entendeu possível ao relator trazer à apreciação do 
Plenário a decisão liminar. Vencido o Min. Marco Aurélio, que considerava caber 
apenas ao relator, nos termos do art. 203 do RISTF, o exame da decisão liminar em 
mandado de segurança. No mérito, o Tribunalreferendou a decisão, com as 
ressalvas, na presente sessão, aduzidas pelo relator. Em acréscimo à decisão 
liminar deferida em 4.8.2008, asseverou-se, não obstante reconhecendo os altos 
propósitos da Comissão Parlamentar de Inquérito, que estes não poderiam ser 
feitos à margem ou à revelia da lei. Em razão disso, entendeu-se que a maneira 
que seria de o Judiciário contribuir com o trabalho da Comissão não poderia estar 
na quebra dos sigilos judiciais, o que, frisou-se, nem o Supremo teria o poder para 
determinar no âmbito dos processos judiciais de competência de outro juízo. Dessa 
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forma, concluiu-se que, eventualmente, a CPI, se tivesse interesse, poderia receber 
algumas informações que poderiam constituir subsídios para suas atividades. A 
liminar foi concedida nestes termos: se a Comissão tiver interesse, as operadoras 
deverão encaminhar as seguintes informações: 1) relação dos juízos que expediram 
os mandados, bem como da quantidade destes e dos terminais objeto das ordens - 
quantos mandados e quantos terminais; 2) relação dos órgãos policiais específicos 
destinatários das ordens judiciais; 3) havendo elementos, relação dos órgãos que 
requereram as interceptações; 4) relação da cidade ou das cidades em que se 
situam os terminais objeto das ordens de interceptações; e 5) duração total de 
cada interceptação. Ficando claro que não podem constar das informações, de 
modo algum: 1) o número de cada processo; 2) o nome de qualquer das partes ou 
dos titulares dos terminais interceptados; 3) os números dos terminais; e 4) cópias 
dos mandados e das decisões que os acompanharam ou que os determinaram. 
Vencido o Min. Marco Aurélio, que negava referendo à liminar deferida, e, 
salientando que a regra prevista no art. 5.º, XII, da CF teria sido temperada pelo 
próprio constituinte quando previu, no art. 58, § 3.º, da CF, que as CPI teriam 
poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, afirmava que, ao negar 
o acesso da CPI aos dados pretendidos, estar-se-ia esvaziando por completo o 
objeto da CPI e conferindo interpretação restritiva ao § 3.º do art. 58 da CF, o que 
geraria um conflito institucional. MS 27483 MC/DF, rel. Min. Cezar Peluso, 
14.8.2008. (MS-27483) 
 
EMENTA: QUESTÃO DE ORDEM. INQUÉRITO POLICIAL. SUPERVISÃO DO SUPREMO 
TRIBUNAL FEDERAL. PEDIDO VEICULADO PELO CONSELHO DE ÉTICA E DECORO 
PARLAMENTAR DA CÂMARA DOS DEPUTADOS: COMPARTILHAMENTO DAS 
INFORMAÇÕES. FINALIDADE: APURAÇÕES DE CUNHO DISCIPLINAR. PRESENÇA DE 
DADOS OBTIDOS MEDIANTE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA, JUDICIALMENTE 
AUTORIZADA. PROVA EMPRESTADA. ADMISSIBILIDADE. JUÍZO DE 
PROPORCIONALIDADE (INCISO XII DO ART. 5º E § 2º DO ART. 55 DA CF/88). 
PRECEDENTES. 1. A medida pleiteada pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar 
da Câmara dos Deputados se mostra adequada, necessária e proporcional ao 
cumprimento dos objetivos do parágrafo 2º do artigo 55 da Constituição Federal de 
1988. 2. 
Possibilidade de compartilhamento dos dados obtidos mediante interceptação 
telefônica, judicialmente autorizada, para o fim de subsidiar apurações de cunho 
disciplinar. Precedente específico: Segunda Questão de Ordem no Inquérito 2.424 
(Ministro Cezar Peluso). 3. Questão de Ordem que se resolve no sentido do 
deferimento da remessa de cópia integral dos autos ao Sr. Presidente do Conselho 
de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, a quem incumbirá a 
responsabilidade pela manutenção da cláusula do sigilo de que se revestem as 
informações fornecidas. 
(Inq 2725 QO, Relator(a): min. Carlos Britto, Tribunal Pleno, julgado em 
25/06/2008, DJe-182 DIVULG 25-09-2008 PUBLIC 26-09-2008 PP-) 
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Questão 2 
 
O procurador-geral de justiça de determinado estado da Federação, ao analisar a 
recém-editada Lei Estadual n.º YYY/2009, verificou que os artigos A e B dessa 
norma contrariavam frontalmente o artigo X da Constituição estadual, assim 
redigido: 
"A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em 
concurso público de provas ou de provas e títulos de acordo com a natureza e a 
complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as 
nomeações para cargo em comissão, declarado em lei, de livre nomeação e 
exoneração." 
Por essa razão, o procurador-geral de justiça propôs ação direta de 
inconstitucionalidade (ADI), perante o tribunal de justiça do estado, contra os 
referidos dispositivos legais, tendo o órgão, ao final, julgado improcedente a ação, 
sem afronta à autoridade de nenhuma decisão já proferida pelo Supremo Tribunal 
Federal (STF). 
Inconformado, o procurador-geral de justiça, pretendendo recorrer da decisão do 
tribunal de justiça do estado, solicitou ao seu assessor jurídico um estudo 
preliminar do caso. 
 
Em face dessa situação hipotética, na condição do referido assessor jurídico, 
discorra sobre a (im)possibilidade de os tribunais de justiça dos estados realizarem 
controle concentrado de constitucionalidade, informando se é cabível recurso ao 
STF contra a decisão que julgou improcedente a ADI e especificando o recurso, 
tudo com o respectivo fundamento constitucional. 
 
Padrão de Resposta: 
 
Nos termos do art. 125, § 2.º, da CF/88, é expressamente admitido o controle 
concentrado de constitucionalidade exercido pelos tribunais de justiça dos estados. 
O parâmetro do controle de constitucionalidade pelos tribunais locais, contudo, só 
pode ser o art. X da Constituição Estadual. Nesse sentido, o seguinte julgado do 
STF: 
EMENTA: CONSTITUCIONAL. PENAL. CONTROLE DE 
CONSTITUCIONALIDADE DE LEIS OU ATOS NORMATIVOS 
MUNICIPAIS. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO. VALIDADE DA 
NORMA EM FACE DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. IMPOSSIBILIDADE. 
HIPÓTESE DE USURPAÇÃO DA COMPETÊNCIA DO SUPREMO 
TRIBUNAL FEDERAL. I - Os Tribunais de Justiça dos Estados, ao 
realizarem o controle abstrato de constitucionalidade, somente 
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podem utilizar, como parâmetro, a Constituição do Estado. II - Em 
ação direta de inconstitucionalidade, aos Tribunais de Justiça, e até 
mesmo ao Supremo Tribunal Federal, é defeso analisar leis ou atos 
normativos municipais em face da Constituição Federal. III - Os arts. 
74, I, e 144 da Constituição do Estado de São Paulo não constituem 
regra de repetição do art. 22 da Constituição Federal. Não há, 
portanto, que se admitir o controle de constitucionalidade por parte 
do Tribunal de Justiça local, com base nas referidas normas, sob a 
alegação de se constituírem normas de reprodução obrigatória da 
Constituição Federal. IV - Recurso extraordinário conhecido e provido, 
para anular o acórdão, devendo outro ser proferido, se for o caso, 
limitando-se a aferir a constitucionalidade das leis e atos normativos 
municipais em face da Constituição Estadual. 
RE 421256, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira 
Turma, julgado em 26/09/2006, DJ 24-11-2006 PP-00076 EMENT 
VOL-02257-07 PP-01268 LEXSTF v. 29, n. 338, 2007, p. 255-267. 
 
Também as decisões proferidas pelos ministros Celso de Mello e Gilmar Mendes nas 
Reclamações 5.049, decisão publicada no DJE de 24.10.2008, e 4432, decisão 
publicada no DJU de 10.10.2006, indicam que o parâmetro do controle estadual é a 
Constituição Estadual, mesmo que a norma seja mera repetição da Constituição 
Federal, como no caso (ver art. 37, II, da CF/88). 
 
Ciente de que o artigoX da Constituição Estadual é mera repetição do art. 37, II, 
da CF/88, caberia, em tese, o recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal, 
com fundamento no art. 102, III, a e c, pois houve violação ou não aplicação do 
disposto no art. 37, II, da CF/88. 
 
Não é cabível a reclamação, pois a questão informa que a decisão do TJ não 
afrontou a autoridade de nenhuma decisão já proferida pelo Supremo Tribunal 
Federal. Além disso, conforme concluído nas decisões proferidas em sede de 
reclamação ao STF acima indicadas, o tribunal local não usurpa a competência do 
STF ao analisar ação direta de inconstitucionalidade que tem como parâmetro 
artigo da Constituição Estadual que é mera repetição da Constituição Federal. 
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Questão 3 
 
O Ministério Público estadual ajuizou ação civil pública com o objetivo de garantir o 
fornecimento de medicamento pelo Estado a pessoa idosa que necessitava 
urgentemente de remédios indispensáveis à preservação de sua vida, tendo o juiz 
de 1.º grau concedido liminar determinando o fornecimento imediato dos 
medicamentos. 
 
Em face dessa situação hipotética, na qualidade de procurador do estado convocado 
pelo procurador-geral do estado para se manifestar sobre a referida ação civil 
pública, discorra acerca da legitimidade do Ministério Público estadual para o 
ajuizamento da ação, apontando os dispositivos constitucionais e legais que se 
aplicam ao caso. 
 
Padrão de Resposta: 
 
O Ministério Público, nos termos do art. 127 da CF/88, tem a incumbência de 
defender a ordem jurídica, o regime democrático e os interesses sociais e 
individuais indisponíveis. O art. 129 da Constituição, ao estabelecer as funções 
institucionais do Ministério Público, dispõe que cabe ao MP promover o inquérito 
civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio 
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos. 
Assim, via de regra, a atuação do Ministério Público tem o enfoque de defender 
direitos de natureza coletiva. 
Contudo, como o caput do art. 127 destaca, incumbe ao MP defender os direitos 
individuais indisponíveis. Além disso, o art. 129, II, da CF, dispõe que é função 
institucional dessa instituição “zelar pelo efetivo respeito aos Poderes Públicos e dos 
serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, 
promovendo as medidas necessárias a sua garantia”. 
No caso, o Ministério Público é parte legítima, pois o direito que busca tutelar é o 
direito à saúde – “direito de todos e dever do Estado” (art. 196) – de pessoa idosa, 
além disso, a sua atuação tem respaldo no citado art. 129, II, da CF. 
No mesmo sentido, o Estatuto do Idoso determina que o Ministério Público atue 
como substituto processual do idoso quando este estiver em situação de risco e 
zele pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais asseguradas ao idoso, 
promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis (art. 74, III e VII, da Lei 
n.º 10.741/2003). 
Na Constituição, o art. 230 é expresso ao destacar que o Estado tem o dever de 
amparar as pessoas idosas, “defendendo sua dignidade e bem-estar e garantido-
lhes o direito à vida”. 
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Assim, patente a legitimidade do MP no caso. Nesse sentido, a jurisprudência do 
STJ e do STF: 
 
RECURSO ESPECIAL. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS. PESSOA 
IDOSA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. 
LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO. 
1. Este Tribunal Superior possui entendimento pacífico no sentido de 
que o Ministério Público é parte legítima para propor ação civil 
pública, com o objetivo de tutelar direitos individuais indisponíveis. 
2. O direito à vida e à saúde são direitos individuais indisponíveis, 
motivo pelo qual o Ministério Público é parte legítima para ajuizar 
ação civil pública visando ao fornecimento de medicamentos de uso 
contínuo para pessoas idosas. 
(q.v., verbi gratia, EREsp 718.393/RS, Rel. Ministra Denise Arruda, 
PRIMEIRA SEÇÃO, DJ 15.10.2007). 
3. Recurso especial não provido. 
(REsp 927.818/RS, Rel. MIN. Carlos Fernando Mathias (juiz 
convocado do TRF 1.ª Região), Segunda Turma, julgado em 
01/04/2008, DJe 17/04/2008) 
 
Info STF 548 
Legitimidade do Ministério Público: Ação Civil Pública e Fornecimento 
de Medicamentos O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar 
ação civil pública objetivando o fornecimento de remédio pelo Estado. 
Com base nesse entendimento, a Turma proveu recurso 
extraordinário em que se questionava a obrigatoriedade de o Estado 
proporcionar a certa cidadã medicamentos indispensáveis à 
preservação de sua vida. No caso, tribunal local extinguira o processo 
sem julgamento de mérito, ante a mencionada ilegitimidade ativa ad 
causam do parquet, uma vez que se buscava, por meio da ação, 
proteção a direito individual, no caso, de pessoa idosa (Lei 8.842/94, 
art. 2º). 
Sustentava-se, na espécie, afronta aos artigos 127 e 129, II e III, da 
CF. Assentou-se que é função institucional do parquet zelar pelo 
efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância 
pública aos direitos assegurados na Constituição, promovendo 
medidas necessárias a sua garantia (CF, art. 129, II). RE 407902/RS, 
rel. Min. Marco Aurélio, 26.5.2009. (RE-407902). 
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Questão 4 
 
Em investigação da Polícia Federal, ficou comprovado que a fazenda de João era 
usada para cultivo ilegal de planta psicotrópica. Ao descobrir que aguardaria o 
julgamento da ação penal em liberdade, João ficou relativamente tranquilo, pois, 
verificando que somente 10% da área de sua propriedade era usada para tal fim, 
concluiu que não sofreria perda significativa de sua terra quando da expropriação. 
Além disso, o fazendeiro estava convicto de que a Polícia Federal agia fora de suas 
atribuições, por acreditar que o cultivo da planta em sua fazenda não feria 
interesses da União. 
Pretendendo obter esclarecimentos acerca do ocorrido, João procurou os serviços 
de profissional da advocacia. 
 
Em face dessa situação hipotética, na condição de advogado(a) consultado(a) por 
João, que explicações você lhe daria? Em sua resposta, aborde os dispositivos 
constitucionais pertinentes ao caso. 
 
Padrão de Resposta: 
 
Ao concluir que não sofreria perda significativa de sua propriedade, João se 
equivocou, pois o art. 243 da CF, ao dispor que “as glebas de qualquer região do 
País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão 
imediatamente expropriadas”, determina que toda a propriedade, e não apenas a 
parte utilizada para o cultivo ilegal, será desapropriada. Nesse sentido, o RE 
543.974-MG, noticiado no informativo do STF n.º 540: “1. Gleba, no artigo 243 da 
Constituição do Brasil, só pode ser entendida como a propriedade na qual sejam 
localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas. O preceito não refere áreas em 
que sejam cultivadas plantas psicotrópicas, mas as glebas, no seu todo”. 
 
Também a conclusão de que a polícia federal estaria atuando fora de suas 
atribuições está completamente equivocada, pois, nos termos do art. 144, § 1.º, II, 
da CF/88, “a polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e 
mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a prevenir e reprimir o 
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho,sem 
prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de 
competência”. 
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Questão 5 
 
Foi promulgada e publicada, pelo presidente da República, lei federal, de iniciativa 
do Poder Executivo, estabelecendo valor do salário mínimo claramente insuficiente 
para atender às necessidades vitais básicas e os valores protegidos no art. 7.º, 
inciso IV, da Constituição Federal, que determina ser direito dos trabalhadores 
urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social, 
salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas 
necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, 
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com 
reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua 
vinculação para qualquer fim estabelecido. 
 
Em face dessa situação hipotética e considerando que o escritório de advocacia em 
que você trabalhe seja contratado para questionar a constitucionalidade dessa lei, 
indique, com a devida fundamentação, a ação mais adequada ao caso. 
 
Padrão de Resposta: 
 
No caso, está caracterizada a omissão parcial, hipótese que enseja a propositura de 
ADO. 
 
O desrespeito à Constituição tanto pode ocorrer mediante ação estatal quanto 
mediante inércia governamental. 
 
A situação de inconstitucionalidade pode derivar de um comportamento ativo do 
Poder Público, que age ou edita normas em desacordo com o que dispõe a 
Constituição, ofendendo-lhe, assim, os preceitos e os princípios que nela se acham 
consignados. Essa conduta estatal, que importa em um facere (atuação positiva), 
gera a inconstitucionalidade por ação (ADI). 
 
Se o Estado deixar de adotar as medidas necessárias à realização concreta dos 
preceitos da Constituição, em ordem a torná-los efetivos, operantes e exequíveis, 
abstendo-se, em consequência, de cumprir o dever de prestação que a Constituição 
lhe impôs, incidirá em violação negativa do texto constitucional. Desse non facere 
ou non praestare, resultará a inconstitucionalidade por omissão, que pode ser total, 
quando é nenhuma a providência adotada, ou parcial, quando é insuficiente a 
medida efetivada pelo Poder Público (hipótese apresentada na questão). 
 
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Nesse sentido, o STF já se pronunciou na Ação Direta de Inconstitucionalidade n.o 
1.458-7 DISTRITO FEDERAL, Relator Ministro Celso de Melo: 
 
“A insuficiência do valor correspondente ao salário mínimo, definido 
em importância que se revele incapaz de atender as necessidades 
vitais básicas do trabalhador e dos membros de sua família, configura 
um claro descumprimento, ainda que parcial, da Constituição da 
República, pois o legislador, em tal hipótese, longe de atuar como o 
sujeito concretizante do postulado constitucional que garante à classe 
trabalhadora um piso geral de remuneração (CF, art. 7.º, IV), estará 
realizando, de modo imperfeito, o programa social assumido pelo 
Estado na ordem jurídica. 
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Direito 
Constitucional 
 
 
 
 
 2009.3 
 
 
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Prova Prático-Profissional – 2ª Fase 
Direito Constitucional 
Exame 2009.3 
 
 
 Observações sobre a prova Prático-profissional: 
 
Na prova prático-profissional, o candidato deverá redigir 1 (uma) peça 
profissional e responder a 5 (cinco) questões abertas, elaboradas sob a 
forma de situações-problema, compreendendo a área de opção escolhida. 
 
Esta coletânea compreende apenas as questões aplicadas no 3º Exame de 
2009, em 18/04/2010, acompanhadas de padrões de resposta elaborados 
pelo próprio CESPE/UnB. 
 
Os padrões de resposta do CESPE podem contemplar apenas uma 
estrutura de fundamentação básica, uma orientação ao examinador ou 
exemplo de resposta. Lembramos que apenas uma fundamentação 
correta não garante a totalidade dos pontos de cada questão. A resposta 
deverá ter uma boa apresentação, com uma estrutura textual decente e 
correção gramatical. Deverá ainda ser consistente e demonstrar o domínio 
do raciocínio jurídico, que será avaliado pela adequação da resposta ao 
problema, pela técnica profissional demonstrada e pela capacidade de 
interpretação e exposição das ideias. 
 
Os candidatos têm à sua disposição 150 linhas (30 linhas por página em 5 
páginas) para elaborar a peça profissional, e 30 linhas para responder a 
cada uma das questões abertas. O tempo de prova é de 5 horas. 
 
Finalmente, é importante observar uma alteração que foi introduzida no 
exame 2009.2 e que continua em vigor: durante a realização da prova 
prático-profissional será permitida, exclusivamente, a consulta à 
legislação, sem qualquer anotação ou comentário, referente à área 
de opção do examinando. Anteriormente, era prevista a consulta 
também a livros de doutrina e a repertórios jurisprudenciais. 
 
 
Prova prático-profissional de Direito Constitucional – Exame OAB 2009.3 
 
1
 
 
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Peça Profissional 
 
A empresa pública Água Para Todos, criada para a produção dos materiais e a 
prestação dos serviços pertinentes à instalação de rede hidráulica no município X, 
é, atualmente, presidida por Moura, que tem estreita relação de amizade com 
Ferreira, prefeito do referido município. 
 
Moura observou que grande parte da receita do município X decorria do imposto 
sobre serviços (ISS) recolhido pela empresa Água Para Todos. Assim, valendo-se 
desse fato e de sua grande amizade com o prefeito, pediu-lhe que, 
independentemente de aprovação em concurso público, nomeasse seu filho, Moura 
Júnior, para o cargo efetivo de analista administrativo da prefeitura municipal. O 
pedido foi atendido e Moura Júnior tomou posse, só comparecendo à prefeitura ao 
final de cada mês para assinar o ponto. 
 
Em retribuição ao gesto de amizade, Moura determinou ao departamento de 
divulgação da empresa Água Para Todos, representado por Correa, que promovesse 
uma homenagem ao prefeito, em veículo de comunicação de massa, 
parabenizando-o por seu aniversário. 
 
A empresa Água Para Todos contratou uma produtora de mídia e um minuto em 
horário nobre na emissora de maior visibilidade local para a veiculação da 
propaganda. 
 
No dia do aniversário do prefeito, a propaganda foi veiculada, mencionando as 
realizações da prefeitura municipal na gestão de Ferreira, tendo sido divulgada, ao 
final, a seguinte mensagem: "A Água Para Todos parabeniza o prefeito Ferreira pelo 
seu aniversário". 
 
Tendo tomado conhecimento dos fatos, Durval, vereador e líder comunitário, 
resolveu tomar providências contra o que estava ocorrendo no município e, para 
tanto, procurou auxílio de profissional da advocacia. 
 
Em face dessa situação hipotética, na condição de advogado(a) constituído(a) por 
Durval, redija a peça processual cabível para pleitear a declaração de nulidade do 
ato de nomeação de Moura Júnior, com o seu imediato afastamento do cargo, e do 
processo administrativo que culminou na contratação da propaganda, com a 
respectiva reparação do patrimônio público lesado. 
 
Prova prático-profissionalde Direito Constitucional – Exame OAB 2009.3 
 
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Padrão de Resposta 
 
Deve ser ajuizada ação popular perante o juízo cível da Comarca X, sendo o autor 
Durval, comprovando sua condição de cidadão através do título de eleitor, e como 
réus Ferreira (praticou um dos atos impugnados), Moura (praticou um dos atos 
impugnados), Moura Júnior (beneficiário direto), Água Para Todos (pessoa jurídica 
de direito privado constituída por capital público), município X (pessoa jurídica de 
direito público) e Correa (autorizou e promoveu o processo de contratação da 
propaganda), nos termos do art. 6.º da Lei n.º 4.717/1965. 
 
Na fundamentação, deve ser alegada lesão ao patrimônio público, porque foi 
utilizado dinheiro da empresa pública para a realização de propaganda que ilustrava 
a figura da pessoa do prefeito, o que é vedado de forma expressa pela 
Constituição, nos termos do art. 37, § 1.º: 
 
“A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao 
seguinte: 
§ 1.º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos 
órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, 
dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem 
promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.” 
 
Também é aplicável ao caso o disposto no art. 4.º, I, da Lei n.º 4.717/1965, a 
seguir transcrito. 
 
“São também nulos os seguintes atos ou contratos, praticados ou celebrados por 
quaisquer das pessoas ou entidades referidas no art. 1.º: 
I – A admissão ao serviço público remunerado, com desobediência, quanto às 
condições de habilitação, das normas legais, regulamentares ou constantes de 
instruções gerais”. 
 
A nomeação de pessoa para cargo efetivo somente deve ser promovida mediante a 
aprovação em concurso público, nos termos do art. 37, II, da CF, a seguir 
transcrito. 
“II – a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia 
em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza 
e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as 
nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e 
exoneração.” 
Prova prático-profissional de Direito Constitucional – Exame OAB 2009.3 
 
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Deve ser mencionada a violação ao princípio da moralidade, uma vez que o dinheiro 
público e a máquina pública foram gastos para atender fins pessoais (art. 37, 
caput, da CF). 
 
Fundamentação do pedido de antecipação dos efeitos da tutela (art. 273 do CPC) 
para o afastamento imediato de Moura Júnior do cargo: presentes os requisitos da 
verossimilhança das alegações (art. 4.º, I, da Lei n.º 4.717/1965, art. 37, II, da 
CF, desvio de finalidade e princípio da moralidade) e do fundado receio de dano 
irreparável ou de difícil reparação. A cada dia que passa, Moura Júnior recebe sem 
trabalhar, causando lesão ao erário. Além disso, será difícil perceber de volta os 
valores pagos ao final da demanda (inspiração: REsp 1098028/SP, DJe 2/3/2010). 
 
Ao final, devem ser requeridas: 
 
(a) a antecipação dos efeitos da tutela para o afastamento imediato de Moura 
Júnior do cargo de analista administrativo da prefeitura municipal X; 
 
(b) a citação dos réus para contestar; 
 
(c) a intimação do Ministério Público; 
 
(d) a procedência do pedido para decretar a invalidade dos atos impugnados, 
condenar a empresa Água Para Todos e Moura a devolver o dinheiro gasto na 
produção e divulgação da propaganda, condenar Moura Júnior a se afastar 
definitivamente do cargo e devolver as remunerações percebidas, uma vez que não 
houve prestação de serviço (REsp 575.551/SP, DJ 12/4/2007 e ERESP 575.551, DJ 
30/4/2009); 
 
(e) a condenação dos réus no pagamento das custas e honorários; 
 
(f) a produção de provas. 
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Questões Abertas – Situações-problema: 
 
Questão 1 
 
Jorge, com nacionalidade brasileira desde 1999, foi preso por determinação do 
Supremo Tribunal Federal, em face de pedido de extradição formulado por país que 
não tem tratado de extradição com o Brasil. Alega o país requerente que Jorge teria 
praticado, em 2001, em território daquele país, crime de estelionato. 
 
Nessa situação hipotética, que medida judicial seria mais adequada aos interesses 
de Jorge? Fundamente sua resposta, apresentando o argumento de mérito a ser 
utilizado. 
 
 
Padrão de Resposta: 
 
O extraditando deverá requerer o relaxamento da sua prisão administrativa perante 
o relator do pedido ou ingressar com habeas corpus diretamente perante o STF. 
 
Assim dispõe o art. 5.º da Constituição Federal a respeito: 
 
“LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; 
LXVIII – conceder-se-á habeas-corpus sempre que alguém sofrer ou se achar 
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por 
ilegalidade ou abuso de poder;” 
 
A alegação de mérito a ser utilizada será a de que não se pode extraditar brasileiro 
naturalizado por crime comum praticado após a naturalização. 
 
Ainda conforme o mesmo artigo da Constituição Federal: 
 
“LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime 
comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em 
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; 
LII – não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de 
opinião;” 
 
Prova prático-profissional de Direito Constitucional – Exame OAB 2009.3 
 
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O pedido de extradição não se limita aos países com os quais o Brasil tenha firmado 
tratado. Ele poderá ser requerido por qualquer país e para qualquer país. Quando 
não houver tratado, o pedido será instruído com os documentos previstos na Lei n.º 
6.815/1980 (Estatuto do Estrangeiro) e deverá ser solicitado com base na 
promessa de reciprocidade de tratamento para casos análogos. 
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Questão 2 
 
Determinado advogado, ao travar, em seu escritório profissional com um cliente, 
áspera discussão sobre o valor dos honorários que lhe eram devidos, dirigiu a este 
gestos e palavras de baixo calão, chegando, inclusive, a ameaçá-lo física e 
moralmente diante de outras pessoas. Considerando-se agredido em sua honra e 
reputação, o cliente ajuizou ação de indenização por danos morais, sob a alegação 
de ter sofrido insultos e humilhações injustificáveis. Em defesa própria, o advogado 
sustentou que os gestos e as palavras que proferira não poderiam ser considerados 
injuriosos, difamatórios ou caluniosos, sob o argumento de que, tendo sido 
emitidos no âmbito da relação profissional com seu próprio cliente, estavam 
resguardados pela inviolabilidade (ou imunidade material) que lhe é assegurada 
pela Constituição Federal. 
 
Em face da situação hipotética acima apresentada, discorra, de forma objetiva e 
devidamente fundamentada, sobre o argumento utilizado pelo advogado para 
justificar sua atitude com o cliente.Padrão de Resposta: 
 
A Constituição expressamente consagrou a imunidade material do advogado, 
assegurando-lhe a inviolabilidade por seus atos e manifestações, desde que esteja 
no exercício da profissão (art. 133). A imunidade não consiste, contudo, em 
garantia absoluta, porque os atos e manifestações do advogado, conforme o 
dispositivo constitucional, sujeitam-se aos limites da lei. Analisando-se o caso 
concreto, é importante frisar que a imunidade do advogado não alcança as relações 
do profissional com o seu próprio cliente, quando a ofensa for gratuita e 
desvinculada do exercício profissional e não guardar pertinência com a discussão da 
causa. 
 
Com base nesse entendimento, o Supremo Tribunal Federal considera que a 
prática, por parte de advogado, de atos, gestos e palavras ofensivos que ensejam 
agressão física ou moral, insulto pessoal e humilhação pública, não estão cobertos 
pela inviolabilidade do art. 133 da Constituição (STF, AO 933, Rel. Min. Carlos 
Britto, DJ de 6-2-2004; STF, AO 1.300, Rel. Min. Carlos Britto, DJ de 7-4-2006). 
Como observou o Superior Tribunal de Justiça, a inviolabilidade do advogado não 
configura imunidade penal ampla e absoluta nos crimes contra a honra e até no 
desacato, imunidade que não é conferida ao cidadão brasileiro, às partes litigantes 
nem mesmo aos juízes e promotores. 
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Questão 3 
 
Dada a carência de delegados existente em determinado estado da Federação, o 
governador editou decreto atribuindo a sargentos da polícia militar que atuam nos 
municípios de pequeno porte e população rarefeita o desempenho das funções de 
delegado de polícia civil. De acordo com o decreto do governador, os sargentos da polícia 
militar deveriam prestar o atendimento nas delegacias de polícia até que fosse realizado 
concurso com o fim de suprir a necessidade de servidores de carreira no âmbito da polícia 
de investigação. O decreto previa, ainda, a possibilidade de o estado firmar convênio com 
os municípios que constituíram guardas municipais, de modo a atribuir a essas guardas a 
responsabilidade de realizar o policiamento ostensivo e preventivo em seus respectivos 
municípios, em igualdade de condições com os policiais militares. 
 
Em face dessa situação hipotética, disserte, de forma objetiva e devidamente 
fundamentada, sobre a constitucionalidade do decreto do governador no que diz respeito: 
 
• ao exercício de funções de delegado de polícia civil por integrantes da 
polícia militar; 
 
• à realização de convênios que possibilitem a execução, pelas guardas 
municipais, dos serviços de policiamento ostensivo e preventivo. 
 
Padrão de Resposta: 
 
Deve-se indicar a impossibilidade de integrantes da Polícia Militar desempenharem 
as funções de delegado de polícia de carreira, sob pena de se caracterizar desvio de 
função. O decreto do governador, conforme já se manifestou o Supremo Tribunal 
Federal em caso similar, ofende o que dispõe o art. 144, caput, incisos IV e V, e §§ 
4.º e 5.º, da Constituição Federal, que atribui às polícias civis, com exclusividade, a 
incumbência de exercer as funções de polícia judiciária (ADI 3.614, rel. p/ o ac. 
Min. Carmen Lúcia, j. 20.09.2007, DJ, 23.11.2007). 
 
No mesmo sentido, caracteriza ofensa ao disposto no art. 144, § 8.º, da Constituição 
Federal, a atribuição de competência às guardas municipais, mesmo que mediante 
convênio com o estado, para realização do policiamento ostensivo e preventivo. De 
acordo com o citado dispositivo constitucional, as guardas municipais são destinadas 
à proteção dos bens, serviços e instalações do município, o que corresponde ao 
policiamento administrativo da cidade, visando à proteção do patrimônio público. De 
acordo com o disposto no art. 144, § 5.º, da CF, cabem exclusivamente à Polícia 
Militar a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública. 
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Questão 4 
 
O Ministério Público ajuizou ação de improbidade administrativa contra agente 
público que se apropriou indevidamente de valores destinados a determinado 
programa social. O estado-membro ingressou no polo ativo da demanda. Ao 
impugnar o pedido, o agente afirmou que obtivera a aprovação das contas junto ao 
tribunal de contas, razão por que afirmou ser descabido o pedido deduzido na ação 
de improbidade administrativa, sob o argumento de que a decisão do tribunal de 
contas vincularia o sujeito ativo da ação de improbidade, que não poderia alegar a 
existência de dano ao erário. Argumentou, ainda, que o Poder Judiciário não 
poderia acolher o pedido formulado na ação, dada a ausência de dano, já 
reconhecida na decisão que aprovara as contas. 
 
Considerando a situação hipotética apresentada, responda, de forma fundamentada 
e na qualidade de advogado(a) do estado-membro, se procedem os argumentos 
deduzidos pelo agente, abordando, necessariamente, o papel do tribunal de contas 
e a natureza jurídica de suas decisões, bem como a apontada vinculação do 
Ministério Público e do Poder Judiciário. 
 
 
Padrão de Resposta: 
 
Deve-se destacar que o Tribunal de Contas é órgão de auxílio do Poder Legislativo 
no exercício do denominado controle externo, cabendo-lhe a fiscalização contábil, 
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da 
administração direta e indireta, no que diz respeito à legalidade, legitimidade, 
economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas (as atribuições são 
as mesmas no tocante às cortes de contas estaduais e nos conselhos de contas). 
Suas decisões são, preponderantemente, revestidas de caráter meramente 
opinativo, razão pela qual não procedem as alegações de vinculação do sujeito 
ativo da ação de improbidade administrativa. 
 
Assim, por serem meramente administrativas e limitadas aos aspectos de 
fiscalização contábil, orçamentária e fiscal, suas decisões não estão a salvo de 
análise crítica do MP, com a finalidade de verificar a ocorrência de improbidade 
administrativa. 
 
Do mesmo modo, a atuação do Tribunal de Contas não vincula o Poder Judiciário, 
nos exatos termos do que preceitua o art. 5.º, XXXV, da CF, segundo o qual 
nenhuma lesão ou ameaça poderá ser subtraída da apreciação do Poder Judiciário. 
Prova prático-profissional de Direito Constitucional – Exame OAB 2009.3 
 
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O controle exercido pelo Tribunal de Contas não é jurisdicional, não configura 
atividade judicante, mas tem natureza meramente fiscalizadora e suas decisões 
têm caráter técnico-administrativo e não fazem coisa julgada, razão pela qual são 
passíveis de revisão pelo Poder Judiciário. Portanto, não estão a salvo do controle 
jurisdicional à luz do princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional, inserto 
no referido dispositivo constitucional. 
 
Ademais, consoante expressamente preceitua o art. 21, II, da Lei n.º 8.429/1992 
(Lei de Improbidade Administrativa), a aplicação das sanções previstas na referida 
lei independe da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno 
ou pelo tribunal ou conselho de contas. 
 
Com essas considerações, conclui-se pela improcedência dos argumentos deduzidos 
pelo agente. 
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Questão 5 
 
Rui, servidor públicofederal, foi surpreendido por agentes da administração 
tributária que adentraram sua residência, durante o dia, para apreender 
documentos e objetos considerados necessários em procedimento investigatório. A 
decisão de efetuar tal procedimento foi tomada por autoridade administrativa que 
considerou imprescindível a operação de busca e apreensão domiciliar, fundada na 
prerrogativa de autoexecutoriedade, inerente à atuação administrativa. 
Inconformado com o fato, Rui procurou o auxílio de profissional da advocacia. 
 
Diante dessa situação hipotética e na condição de advogado(a) contratado(a) por 
Rui, exponha, de forma fundamentada, os argumentos a serem suscitados, em 
medida judicial, contra o ato administrativo que determinou a referida busca e 
apreensão domiciliar. 
 
Padrão de Resposta: 
 
Deve-se destacar que a Constituição Federal concede proteção especial ao 
domicílio. Assim, a denominada invasão domiciliar somente pode ser considerada 
legítima se for praticada em observância aos limites estabelecidos pelo legislador 
constituinte originário. De acordo com o art. 5.º, XI, “a casa é asilo inviolável do 
indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo 
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, 
por determinação judicial”. 
 
De acordo com o preceito constitucional, a invasão domiciliar, durante o dia, 
sujeita-se à denominada cláusula de reserva jurisdicional, pois há expressa 
previsão constitucional conferindo exclusivamente ao Poder Judiciário a 
competência para a prática do aludido ato. 
 
Portanto, não se coaduna com o comando constitucional a invasão domiciliar 
mediante ordem da autoridade administrativa. A ordem judicial é imprescindível 
para efeito da medida de busca e apreensão domiciliar, como forma de 
concretização da garantia constitucional relativa à inviolabilidade do domicílio. 
 
Assim, não se revela consentânea com a ordem constitucional vigente a 
possibilidade de invasão por decisão emanada da autoridade administrativa, não 
havendo espaço, nessa seara, para a denominada autoexecutoriedade 
administrativa. 
Prova prático-profissional de Direito Constitucional – Exame OAB 2009.3 
 
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	Capa 2a Fase OAB 2009 - Direito Constitucional
	OAB2009.2-Direito_Constitucional-2a_Fase
	Capa 2a Fase OAB 2009 2 - Direito Constitucional
	Questões 2a Fase OAB 2009 2 - Direito Constitucional
	Peça Profissional
	Questões Abertas – Situações-problema:
	Questão 1 
	Questão 2
	Questão 3
	Questão 4
	Questão 5
	OAB2009.3-Direito_Constitucional-2a_Fase
	Capa 2a Fase OAB 2009 3 - Direito Constitucional
	Questões 2a Fase OAB 2009 3 - Direito Constitucional
	Peça Profissional
	Questões Abertas – Situações-problema:
	Questão 1 
	Questão 2
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	Questão 4
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