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CCJ0014-WL-C-PP-Aula 01-Direito Civil 2 - Guido Cavalcanti

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Obrigações
Aula 1
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Numa lição clássica contida nas Institutas de Justiniano, pode-se encontrar a noção de que obrigação é um vínculo jurídico que nos obriga a pagar alguma coisa. 
 Essa antiga lição remete com bastante propriedade à idéia essencial que circunda o direito das obrigações – a idéia de relação jurídica entre duas ou mais pessoas, sejam elas naturais ou jurídicas.
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Tendo em vista a natureza intuitiva do conceito, o legislador preferiu não defini-lo no atual Código Civil. 
Na doutrina, Caio Mário define obrigação como o vínculo jurídico em virtude do qual uma pessoa pode exigir de outra prestação economicamente apreciável.
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Já Washington de Barros Monteiro, de forma menos sucinta, enuncia que:
Obrigação é a  relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre devedor e credor, cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento através do seu patrimônio
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Nessa segunda definição é interessante observar a presença do elemento responsabilidade, uma vez que a sua presença será fundamental quando dos efeitos decorrentes do descumprimento da obrigação
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Outro elemento que merece destaque é o caráter de transitoriedade, inerente às obrigações. 
A obrigação é, em verdade, uma relação jurídica que nasce tendo por fim a sua própria  extinção, ou ainda melhor, a sua realização
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É justamente a satisfação do credor, que ocorre com o regular adimplemento da obrigação, que enseja o fim desta e, por conseguinte, o fim do vínculo jurídico que une credor e devedor.
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Na dinâmica obrigacional, os atores encontram-se subsumidos nas figuras do credor e do devedor.
A idéia de vinculação, que traduz o ponto principal do instituto, une duas ou mais pessoas que se encontrem envoltas numa relação de crédito e débito
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O vínculo aqui descrito é marcado pela pessoalidade. Essa característica remete ao fato de que numa relação obrigacional há um número determinado (ou ao menos determinável) de pessoas envolvidas.
Ao credor não é dado cobrar sua dívida de um estranho à relação obrigacional, e o devedor, por sua vez, não se verá desembaraçado de sua obrigação se pagar a outro que não àquele a quem deve.
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Outro ponto crucial para entender as obrigações é a delimitação do seu objeto. Este nada mais é do que uma atividade do devedor, em prol do credor e essa atividade recebe a designação de prestação.
As formas que essa prestação pode assumir são bem diversas e ensejarão diferentes classificações das obrigações. 
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A própria experiência cotidiana mostra que as obrigações estão sujeitas ao inadimplemento, sendo que este, em certos ramos da atividade econômica, é demasiadamente grande. 
É justamente a possibilidade de procurar no patrimônio do devedor a satisfação do crédito que faz com que essas vinculações jurídicas não sejam desacreditas. Contudo, nem sempre foi assim
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Na Antiguidade Clássica, por exemplo, o devedor respondia com o próprio corpo em face das obrigações assumidas, podendo ser submetido inclusive à situação de escravidão. 
o direito tal qual hoje é concebido, embasado dentre outros princípios pelo da dignidade da pessoa humana, repele o uso da força física no intuito de compelir alguém a satisfazer uma obrigação assumida. 
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Embasando a idéia acima descrita, veja-se o exemplo acadêmico do pintor que assume a obrigação de pintar um quadro, mas depois se arrepende. Qual seria a solução para satisfazer quem o contratou?
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No estudo da responsabilidade civil será observado que, nesse caso, a legislação reserva à parte prejudicada a possibilidade de recorrer ao judiciário demandando reparação por perdas e danos.
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Outro elemento que deve ser destacado é o cunho pecuniário das obrigações, visto que o seu objeto sempre será um valor de natureza econômica.
Igualmente não há que se pensar que as obrigações do direito de família – muitas vezes não propriamente pecuniárias – constituem forma de excepcionar a idéia de caráter econômico acima expressa. 
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Contextualizando o direito das obrigações com a realidade das relações econômicas vivenciadas hoje:
 (i) a dinâmica do consumo é cada vez mais marcada pela publicidade
(ii) o fenômeno da 
massificação dos contratos
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Fontes das obrigações são todos os atos jurídicos através dos quais nascem as obrigações. 
No Direito Romano, as fontes das obrigações eram identificadas como sendo compostas pelos seguintes elementos: os contratos, os quase contratos, os delitos e os quase-delitos.
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O  código francês, por sua vez, reproduziu essa enumeração acrescentando o elemento lei.
No atual Código Civil, são fontes das obrigações o contrato, os atos unilaterais e o ato ilícito. O enriquecimento sem causa e o abuso de direito também são abordados, sendo equiparados aos atos ilícitos
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Os contratos e as manifestações unilaterais de vontade são fontes das obrigações nas quais pode-se observar claramente a vontade humana como fonte direta.
O ato ilícito provém de situações onde estão presentes ações ou omissões marcadas pela culpa, seja culpa em sentido estrito, seja uma conduta dolosa
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