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CCJ0013-WL-D-AMMA-27-Inadimplemento das Obrigações II-01

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DIREITO CIVIL II
Profa. Dra. Edna Raquel Hogemann
AULA 27
INADIMPLEMENTO DAS 
OBRIGAÇÕES E SUAS 
CONSEQÜÊNCIAS
AULA 27
CONTEÚDO DE NOSSA AULA
Unidade 6 – DO INDADIMPLEMENTO DAS 
OBRIGAÇÕES E SUAS CONSEQÜÊNCIAS
• 6.4 Danos patrimoniais
• 6.4.1. Danos emergentes e o lucro cessante
• 6.4.2 A perda de uma chance
• 6.4.3 Dano moral negocial
DANOS PATRIMONIAIS
• Dano patrimonial é aquele que atinge os bens que 
compõem o patrimônio de uma pessoa, cuja avaliação 
em dinheiro é sempre possível.
• Os bens que compõem este patrimônio são 
considerados de uma maneira geral, sem restrições, 
sendo que, porém, devem ser suscetíveis de avaliação 
pecuniária. Estão excluídos, portanto, os bens como a 
liberdade, a honra, a saúde, a integridade psicofísica, 
cuja lesão acarreta em dano moral.
• O dano patrimonial, então, é a lesão 
concreta (e não só a ameaça de lesão), 
que afeta interesse relativo ao patrimônio 
da vítima, e consiste na perda ou 
deterioração, total ou parcial, dos bens, ou 
de um dos bens, que lhe pertencem.
• Aquele que, por culpa ou dolo, causa o dano 
patrimonial, está obrigado a restituir a coisa (o bem) no 
mesmo estado em que se encontrava antes do dano. E, 
se isto não for possível, o ofensor será condenado a 
pagar uma indenização equivalente à perda ou 
deterioração, total ou parcial, do bem, de acordo com a 
lesão. Deve ser provado, para tanto, o nexo causal – ou 
relação -, entre o dano e o ato cometido pelo ofensor.
Fazem parte dos danos patrimoniais:
a) a privação pelo uso da coisa, os estragos nela causados, e 
b) a incapacitação do lesado para o trabalho.
Dos danos mencionados, merece especial atenção a 
incapacitação do lesado para o trabalho. Por exemplo, 
poderemos usar o CASO CONCRETO n. 02: na hipótese de 
um transeunte, carteiro, ser atropelado na calçada por um 
motorista embriagado, e ter uma das pernas amputada no 
acidente, perderá seu emprego, porque não conseguirá mais 
caminhar, surgindo aí um dano patrimonial, devendo o 
motorista pagar ao mesmo uma pensão mensal pela 
incapacitação para o trabalho, desde a data do acidente até o 
dia em que completaria sessenta e cinco (65) anos de vida –
que é a expectativa de vida do cidadão comum brasileiro.
• O dano patrimonial é medido pela 
diferença do valor atual do patrimônio da 
vítima, e aquele que teria, no mesmo 
momento, se não houvesse a lesão.
• Em casos de indenização, deve-se buscar 
o valor que se aproxime da situação que 
existia antes da lesão.
DANOS EMERGENTES E O LUCRO 
CESSANTE
• Os danos materiais correspondem aos lucros cessantes 
e ao dano emergente. Dano emergente é aquilo que o 
credor efetivamente perdeu e lucro cessante é aquilo 
que o credor razoavelmente deixou de lucrar (402). Ex: 
A bate seu carro num táxi, terá então que indenizar o 
taxista pelo dano emergente (farol quebrado, lataria 
amassada, pintura arranhada, etc – damnum emergens) 
e pelo lucro cessante (os dias que o taxista ficará sem 
trabalhar enquanto o carro é consertado – lucrum 
cessans).
• O dano emergente é o desfalque sofrido 
pelo patrimônio da vítima, é a diferença 
entre o que a vítima tinha antes e depois 
do ato ilícito; lucro cessante é a perda de 
um lucro esperado, e não um lucro 
presumido ou eventual (403).
DANO MORAL
• Mas o dano pode também ser moral (186), que é o dano 
que atinge a honra da pessoa (art. 20), que provoca 
sofrimento, abalo psicológico, perda do sono da vítima, 
etc. O dano moral ofende os direitos da personalidade 
da pessoa, ou seja, os atributos físicos (o corpo, a 
vida), psíquicos (sofrimento) e morais (honra, nome, 
intimidade, imagem) da pessoa. Enfim, o dano moral é 
uma coisa séria, não é qualquer aborrecimento do 
cotidiano. 
• O dano moral se desenvolveu muito em nosso Direito na 
última década, mas não pode ser banalizado para não 
ser desmoralizado, assim temos que repudiar condutas 
de cidadãos que, atrás de lucro fácil, pleiteiam danos 
morais a troco de nada, somente para “ faturar uma 
graninha”. 
• O dano moral se justifica especialmente quando atinge o 
equilíbrio emocional da vítima, é a dor, angústia, 
desgosto, aflição espiritual e humilhação (ex: alguém 
que perde uma perna ou um filho num acidente ou é 
exposto ao rídiculo em público).
• O dano é muito importante, é mais importante do que a 
culpa, assim não se fala em indenização por 
inadimplemento se não houve dano. Veremos logo 
abaixo, e os alunos verão também em Responsabilidade 
Civil que existe até responsabilidade sem culpa, mas 
desde que exista dano, material ou moral (pú do 927).
Inadimplemento fortuito: 
• o devedor não paga diante de um caso 
fortuito ou de força maior, ficando assim, 
de regra, livre de indenizar o credor (393). 
A obrigação vai se extinguir, as partes 
retornam ao estado anterior, mas sem 
indenização do 389. Porém, há casos de 
responsabilidade sem culpa desde que 
haja dano:
• - se o devedor está em mora, ele 
responde pelo caso fortuito (399); vimos 
isto na aula passada, é um dos efeitos da 
mora solvendi, lembram? Só não 
responde se provar que a coisa iria 
perecer também nas mãos do credor.
• - o devedor pode expressamente se responsabilizar 
pelo caso fortuito; isto é comum nos contratos 
internacionais, então quando se exporta açúcar, carne, 
soja, etc., o devedor se obriga a mandar o produto, ou 
pagar as perdas e danos, mesmo que haja uma greve, 
uma seca, etc. O comprador insere no contrato uma 
cláusula onde o devedor assume a obrigação mesmo 
diante de um caso fortuito, afinal o comprador está muito 
distante para verificar a seriedade destes transtornos. 
(vide 393, in fine). 
Teoria da perda de uma chance
• o sentido jurídico de chance ou 
oportunidade é a probabilidade real de 
alguém obter um lucro ou evitar um 
prejuízo.
• Aqui podemos utilizar, a título de exemplo, a perda do 
direito do cliente pela inércia desidiosa do advogado que 
impediu que a causa fosse examinada pelo órgão 
jurisdicional competente; o médico que não diagnostica 
corretamente o paciente com câncer ou outra doença 
grave, retardando o tratamento; o concursando que 
deixa de prestar a prova porque o sistema de transporte 
contratado falhou, etc.
• Vale observar que, mesmo não havendo 
um dano certo e determinado, existe um 
prejuízo para a vítima, decorrente da 
legítima expectativa que ela possuía em 
angariar um benefício ou evitar um 
prejuízo. Logo, para que exista a 
possibilidade de reparação civil das 
chances perdidas, deve-se enquadrá-las, 
como se danos fossem.
• É preciso insistir também no fato de que, a perda da 
oportunidade de ganho ou de evitar um prejuízo sob o 
aspecto do dano material, imprescindível que a chance 
seja séria e real, excluindo-se as meras expectativas e 
possibilidades hipotéticas. Assim, a reparação não é do 
dano, mas sim da chance. Não se admitem as 
expectativas incertas ou pouco prováveis, que são 
repudiadas pelo nosso direito. Com efeito, a chance a 
ser indenizada deve ser algo que certamente iria 
ocorrer, mas cuja concretização restou frustrada em 
virtude do fato danoso.
• A teoria da responsabilidade civil por perda de uma 
chance tem seu nascedouro em meados de 1965 na 
jurisprudência francesa, quando da verificação da 
responsabilidade civil do médico pela perda da chance 
de cura ou de sobrevivência do paciente.
• Foi em 1965, em uma decisão da Corte de Cassação 
Francesa, que pela primeira vez se utilizou tal 
conceituação. Tratava-se de um recurso acerca da 
responsabilidade de um médico que teria proferido o 
diagnóstico equivocado, retirando da vítima suas 
chances de cura da doença que lhe acometia.
• Da natureza da perda de uma chance: dano emergente, 
lucro cessante e dano moral
• Não é mansa e pacífica na doutrinapátria 
o entendimento da perda de uma chance 
como dano certo e determinado, pois 
insistem ainda alguns autores em não 
admitir a cisão entre a possibilidade de 
ganho ou de se evitar um prejuízo com o 
resultado final.
• Por derradeiro, observa-se no que tange as chances 
perdidas, apesar das diversas tipificações estipuladas -
seja como dano emergente, lucro cessante ou até 
mesmo dano moral –, torna-se possibilitada a 
interpretação de que, havendo uma oportunidade 
perdida, desde que séria e real, ela integrará o 
patrimônio da vítima, possuindo valor econômico, e, 
assim, podendo ser indenizada.
• CORREÇÃO DOS CASOS CONCRETOS
CASO CONCRETO 1
Antonio Marcos, famoso criador de cavalos do interior de São 
Paulo, deve um cavalo campeão a Benjamin, seu compadre, 
mas Antonio entrou em mora para levar o cavalo para 
Benjamin, então vem uma cheia no rio que passa pela fazenda 
de Antonio e mata o cavalo.
Pergunta-se:
Em razão da morte do animal, Antonio irá responder por 
perdas e danos?
Gabarito sugerido: Resposta de advogado: Depende. Sim, salvo se 
conseguir provar que a cheia também atingiu a fazenda de Benjamim e que 
o cavalo morreria do mesmo jeito se estivesse lá.
E se a cheia chegasse antes do vencimento Antonio 
responderia por perdas e danos?
Gabarito sugerido: não iria responder perante Benjamim pela morte do 
cavalo pois se tratou de um caso fortuito ou de força maior).
CASO CONCRETO 2
Esta é realmente uma grande tragédia: José Roberto, 
carteiro do bairro, acaba de ser atropelado na calçada por 
um motorista embriagado, e tem uma das pernas 
amputada no acidente, perderá seu emprego, porque não 
conseguirá mais caminhar.
No caso apresentado temos um dano patrimonial. 
a) Como deverá o motorista reparar tal dano?
b) Como deverá ser mensurado o dano patrimonial 
existente?
c) E se a lesão for parcial?
a) Como deverá o motorista reparar tal dano?
Gabarito sugerido – Deverá pagar a José Roberto uma pensão 
mensal pela incapacitação para o trabalho, desde a data do 
acidente até o dia em que completaria sessenta e cinco (65) 
anos de vida – que é a expectativa de vida do cidadão comum 
brasileiro.
b) Como deverá ser mensurado o dano patrimonial existente?
Gabarito sugerido - O dano patrimonial é medido pela diferença 
do valor atual do patrimônio da vítima, e aquele que teria, no 
mesmo momento, se não houvesse a lesão. Portanto, o dano 
equivale ao confronto entre o patrimônio realmente existente 
após o prejuízo e o que realmente existiria se não tivesse 
ocorrido a lesão. Num caso de perda total do bem patrimonial 
lesado, o valor a ser indenizado é o correspondente ao valor 
total do bem. 
c) E se a lesão for parcial?
Gabarito sugerido - Todavia, se a lesão for 
parcial, há que ser realizada perícia, para 
auferir a porcentagem da perda, para 
estima-la em pecúnia. Em casos de 
indenização, deve-se buscar o valor que se 
aproxime da situação que existia antes da 
lesão.
CASO CONCRETO 3
Rita de Cássia chegou exatos 5 minutos depois que Seu José 
fechou os portões do local onde está se realizando o concurso 
de seleção de engenheiros para trabalhar no projeto do Pré-Sal. 
O atraso de Rita se deu por culpa exclusiva do onibus em que 
estava, pois o motorista passou o tempo todo ao telefone 
conversando com a namorada. Com isso, Rita, engenheira 
recém formada, perdeu a chance de seu primeiro emprego.
Pergunta-se: O dano causado pela perda de uma chance 
caracteriza dano material?
Gabarito sugerido: A questão apresentada cuida de nova vertente na 
responsabilidade civil: a possibilidade de reparação pela "perda de uma 
chance". Em outras palavras, o ressarcimento pela perda da oportunidade de 
conquistar determinada vantagem ou evitar certo prejuízo.
Por ser ainda relativamente recente no Brasil, há muita discussão sobre o 
tema, principalmente no que se refere à classificação do dano 
sofrido.Entretanto, o entendimento dominante é no sentido de que a mesma 
se revela como espécie de dano material,
Ficamos por aqui! 
Não esqueça de 
ler o material 
didático para a 
próxima aula e 
de fazer os 
exercícios que 
estão na 
webaula.

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