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Apostila Controle de Plantas Daninhas

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Universidade Federal do Espírito Santo 
Centro de Ciências Agrárias 
Departamento de Produção Vegetal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Guia de acompanhamento de aulas de Manejo de 
Plantas invasoras 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Marcelo Antonio Tomaz 
Alegre- ES - 2011 
 1 
Introdução 
 
O controle de plantas daninhas consiste na adoção de certas práticas que resultam na redução da 
infestação, mas não, necessariamente, na sua completa eliminação, pois essa erradicação é difícil de 
ser obtida na agricultura. 
Para um leigo, o controle de plantas daninhas, usando métodos manuais, mecânicos ou químicos, 
é extremamente simples. Na verdade, é uma ciência multidisciplinar que depende de conhecimentos de 
botânica, biologia, mecanização agrícola, física e química do solo, química orgânica, bioquímica, 
fisiologia vegetal, climatologia, fitotecnia, técnicas de biologia molecular e sensoriamento remoto. 
Hoje muitos estudos estão sendo conduzidos em genética, visando o melhoramento de culturas 
para resistência a herbicidas; como exemplos, estão sendo desenvolvidos trabalhos objetivando a 
criação de cultivares de soja resistentes ao glyphosate; de milho, ao imazaquin; de arroz, ao amônio-
glufosinato, etc. Todavia, toda e qualquer técnica de manejo de plantas daninhas somente terá sucesso 
se for aplicada levando-se em conta conhecimentos detalhados da biologia das plantas infestantes da 
área, envolvendo principalmente conhecimentos nas áreas de morfologia e fisiologia. 
Os novos herbicidas estão cada vez mais seguros para o ambiente e o homem, sendo mais 
eficientes no controle de plantas daninhas específicas e com doses cada vez mais baixas. Os estudos de 
ecologia e da toxicologia humana e animal são conduzidos, simultaneamente, antes do lançamento de 
qualquer herbicida. 
A demanda cada vez maior de alimentos, fibras e energia, para uma população crescente de 
consumidores e decrescente de produtores, destacam a importância da eficiência do controle de plantas 
daninhas. Cerca de 92% da população, na região produtora de alimentos do Brasil, vive hoje nas 
cidades, e a mão-de-obra rural existente é escassa e de baixa qualidade. Em razão disso, o produtor 
deve ser mais eficiente, ou seja, deve utilizar menos mão-de-obra para produção de maior quantidade 
de alimentos. 
Com relação aos gastos com defensivos agrícolas no Brasil, para o controle de pragas, doenças e 
plantas daninhas, cerca de 50% referem-se a gastos com herbicidas. Em termos médios, cerca de 20-
30% do custo de produção refere-se ao controle de plantas daninhas. Em algumas culturas, como soja e 
cana-de-açúcar, esse percentual é ainda maior. 
Hoje tem sido cada vez mais difícil, encontrar mão-de-obra no campo, no momento preciso e na 
quantidade necessária. Com isso o controle químico tem se tornado uma prática indispensável. São 
necessários, entretanto, cuidados técnicos para atingir a máxima eficiência, sem poluir o solo, a água e 
os alimentos. Deve-se ressaltar que o herbicida é considerado apenas uma ferramenta a mais no 
manejo de plantas daninhas, sendo recomendado sempre um programa de controle integrado. Neste 
programa, para se obter um controle que seja eficiente, econômico e que preserve a qualidade 
ambiental e a saúde do homem, associam-se os diversos métodos disponíveis (preventivo, mecânico, 
físico, cultural, biológico e químico), levando-se em consideração as espécies daninhas infestantes, o 
tipo de solo, a topografia da área, os equipamentos disponíveis na propriedade, as condições 
ambientais e o nível cultural do proprietário. 
 
 
1 - Planta daninha 
A definição de planta daninha nem sempre é fácil, devido à evolução e complexidade que 
atualmente atingiu a Ciência das Plantas Daninhas. Entretanto, todos os conceitos baseiam-se na sua 
 2 
indesejabilidade em relação a uma atividade humana. Uma planta pode ser daninha em determinado 
momento se estiver interferindo negativamente nos objetivos do homem, porém esta mesma planta 
pode ser útil em outra situação. Como exemplos, podem-se citar espécies altamente competidoras com 
culturas sendo extremamente úteis no controle da erosão, promovendo a reciclagem de nutrientes, 
servindo como planta medicinal, fornecendo néctar para as abelhas fabricarem o mel, etc. Uma planta 
cultivada também pode ser daninha se ela ocorrer numa área de outra cultura, como a presença do 
milho em cultura da soja e da aveia em cultura do trigo. Por este motivo, são vários os conceitos de 
planta daninha: 
 Shaw (1956) – planta daninha é qualquer planta que ocorre onde não é desejada; 
 Marinis (1972) – planta daninha é qualquer planta fora do lugar; 
 Cruz (1979) – planta sem valor econômico ou que compete, com o homem, pelo solo; 
 Fischer (1973) – “ plantas cujas vantagens ainda não foram descobertas” e “plantas que 
interferem com os objetivos do homem em determinada situação”. 
Uma planta só deve ser considera daninha se estiver direta ou indiretamente prejudicando uma 
determinada atividade humana (ex: interferência em culturas comerciais, plantas tóxicas em pastagens, 
etc.) Numa cultura, por exemplo, qualquer planta estranha que vier a afetar a produtividade e, ou, a 
qualidade do produto produzido ou interferir negativamente no processo da colheita é considerada 
daninha. Embora não se possa dizer que uma planta na sua essência, seja daninha, pois estas, em 
determinadas situações, podem ser extremamente úteis, algumas têm sido consideradas plantas 
daninhas comuns e outras plantas daninhas verdadeiras. 
Plantas daninhas comuns: são aquelas que não possuem habilidade de sobreviver em condições 
adversas, (não possuem dormência). 
Plantas daninhas verdadeiras: São aquelas que possuem características especiais que permitem fixá-
las como infestantes ou daninhas. 
→ São rústicas e crescem em condições adversas; 
→ Produzem grande número de sementes 
→ Apresentam dormência e germinação desuniforme; 
→ Multiplicam-se de diversas maneiras; (sexuada e assexuadamente) 
 (sementes, raízes, caules, tubérculos, Rizomas e Estolhões) 
→ Tolerantes ao ataque de insetos e pragas; 
→ Rápido crescimento inicial em relação às culturas 
→ Habilidade em extrair mais água e nutrientes do solo. 
→ Ciclo de vida parecido com o da cultura (Echinochloa colonum) 
→ Grande facilidade de dispersão (deiscência explosiva de frutos) 
 ▪ Euphorbia heterophylla 2 - 5 metros 
 ▪ Ricinus communis > 10 metros 
→ Capacidade de germinar a grandes profundidades 
▪ Avena factua (aveia-brava) até 17 cm 
▪ Ipomoea sp (corda-de-viola) 12 cm 
▪ Euphorbia heterophylla (amendoim-bravo) 20 cm 
 
2. Classificação das plantas invasoras 
 
Algumas plantas daninhas pertencem às mesmas classes, ordens, famílias, gênero e, em certos 
 3 
casos, até a mesma espécie que algumas plantas cultivadas (ex: arroz vermelho e arroz cultivado, 
ambos Oryza sativa); 
As plantas economicamente importantes estão classificadas, com poucas exceções, dentro de 
duas classes: Monocotiledônea e Dicotiledônea. Outra classificação que surgiu com o aparecimento 
dos primeiros herbicidas orgânicos, derivados dos ácidos alifáticos e fenociacéticos, separou as PD em 
dois grupos – “ folhas largas” e “ folhas estreitas, devido ao fato destes produtos possuírem ação 
eficiente sobre gramíneas e dicotiledôneas. 
 
► Quanto ao ciclo de desenvolvimento: 
 
a) ANUAIS: germinam, desenvolvem, florescem e produzem sementes e morrem em períodos 
inferiores a um ano. Constituem a grande maioria das espécies de PD no Brasil e as mais importantes 
têm ciclo de vida que varia entre 40 a 160 dias.Ex: Bidens pilosa, Amaranthus. 
 
b) BIANUAIS: completam seu ciclo de vida em um período superior a um ano e inferior a 2 anos. 
Geralmente desenvolvem vegetativamente no 1º anos e florescem e frutificam no 2º ano. 
 
c) PERENES: vivem mais de dois anos e são caracterizadas pela renovação do crescimento ano após 
ano a partir do mesmo sistema radicular. 
 perenes herbáceas simples – reproduzem por sementes e podem também reproduzir-se 
vegetativamente se injuriadas ou cortadas; 
 perenes herbáceas mais complexas -- reproduzem por sementes e por mecanismos vegetativos 
(Cynodon dactylon, Cyperus rotundus, Imperata brasilensis); 
 perenes lenhosas – caules com crescimento secundário, com incremento anual (Senna 
obtusifolia). 
 
Para facilitar a correta identificação da espécie, deve-se primeiramente conhecer se a planta é 
mono ou dicotiledônea, se as pétalas estão ausentes ou presentes, livres ou unidas, a posição do ovário 
(inferior ou superior), o número de estames ou pétalas, a simetria das pétalas, o tipo de fruto, etc. Caso 
a planta esteja sem sementes, há uma lista enorme de características vegetativas que levam às famílias. 
 
2.1. Características práticas para reconhecimento das principais famílias de plantas daninhas 
 
 Graminae - talo cilíndrico, com nós e entrenós; entrenós com talo oco; bainha normalmente 
aberta; lígula normalmente presente. Exemplos: Digitaria sanguinalis, Eleusine indica, Echinocloa 
crusgalli, Echinocloa cruspavonis e Bracharia plantaginea. 
 Compositae - Inflorescência em capítulo (flores muito pequenas e em dois tipos: tubulares e 
ligulares); estames livres e anteras unidas; cálice transformado em papus, fruto em aquênio; etc. 
Exemplos: Bidens pilosa, Acanthospermum australe, Ageratum conyzoides, Melampodium 
perfoliatum, Sonchus oleraceus e Xanthium cavanillesii. 
 Cyperaceae - talo triangular sem nós; bainha fechada sem lígula. Exemplos: Cyperus esculentus e 
Cyperus rotundus. 
 Polygonaceae - presença de serocina; nós dos talos inchados ou protuberantes; seiva ácida e 
penetrante. Exemplos: Rumex crispus - língua-de-vaca. 
 4 
 Amaranthaceae - flores muito pequenas e de cor verde; brácteas espinhosas; inflorescências 
condensadas. Exemplos: Amaranthus hybridus e Amaranthus viridis. 
 Cruciferae - estames tetradínamos (quatro comprimidos para dentro e quatro curvados para fora); 
o fruto é uma síliqua, dividido em dois lóculos. Exemplos: Brassica rapa, Raphanus raphanistrum 
e Lepidium virginicum. 
 Leguminosae - é subdividida em subfamílias: 
Subfamília I - Mimosaceae - corola actinomorfa; estames quatro a infinito; folhas bipenadas ou 
penadas. Exemplo: Mimosa e Acácia. 
Subfamíla II - Cesalpinaceae - corola irregular com estandarte interno; estames 3-12 inseridos no 
cálice; em geral as folhas são penadas. Exemplos: Senna obtusifolia. 
Subfamília III - Papilionaceae - corola com estandarte interno; estames 10 (em geral 9+1), 
inseridos na corola; folhas nunca bipenadas. Exemplos: Desmodium e Phaseolus. 
 Convolvulaceae - trepadoras com folhas alternadas e sem estípulas; corola em forma de tubo; 
flores vistosas, hermafroditas e actinomorfas; cinco estames de tamanho desigual; estames 
inseridos no fundo do tubo polínico; o fruto é uma capsula. Exemplos: Ipomoea sp., Convolvulus 
arvensis e Cuscuta sp. 
 Chenopodiaceae - folhas de disposição alternadas, sem estípulas; flores muito pequenas e de cor 
verde; talo estriado; planta com escamas. Exemplo: Chenopodium album. 
 Malvaceae - flores vistosas com cálice e corola pentâmeros, usualmente anuais, com seiva 
mucilaginosa e talos fibrosos, com muitos estames em androceu tubular; o fruto muitas vezes é 
uma capsula ou um policoco. Exemplos: Sida spp. 
 Solanaceae - possuem cinco estames; anteras agrupadas ao redor do estilete; folhas e caules, 
muitas vezes, com odor forte e característico; folhas irregularmente recortadas; talos e folhas 
muitas vezes com espinho. Exemplos: Solanum, Physalis e Datura. 
 
3. Prejuízos, agressividade e utilidades das plantas daninhas 
 
3.1. Prejuízos diretos 
Em média, cerca de 20-30% do custo de produção de uma lavoura se deve ao custo do controle 
das plantas daninhas. Esses valores tornam-se ainda mais significativos na agricultura moderna, onde é 
exigido perfeito controle das plantas para melhor eficiência das máquinas colheitadeiras. 
Além da redução da produtividade das culturas, as plantas daninhas causam outros prejuízos 
diretos, por exemplo: 
a) Reduzem a qualidade do produto comercial. Ex: a presença de sementes de picão-preto 
(Bidens pilosa) junto ao capulho do algodão, sementes de capim-carrapicho (Cenchrus 
echinatus) junto ao feno, sementes de carrapicho-de-carneiro (Acanthospermum hispidum) 
aderidas à lã, etc. 
b) São responsáveis pela não-certificação das sementes de culturas, quando estas são colhidas 
junto com sementes de determinadas espécies de plantas daninhas proibidas, como leiteiro 
(Euphorbia heterophylla), arroz-vermelho (Oryza sativa), capim-massambará (Sorghum 
halepense) e feijão-miúdo (Vigna ungiculata). É comum, também, impedirem a certificação de 
mudas em torrão, como é o caso de mudas cítricas produzidas em viveiro infestado com 
tiririca (Cyperus rotundus). 
c) Podem intoxicar animais domésticos, quando presentes em pastagens. Por exemplo: cafezinho 
 5 
(Palicourea marcgravii), flor-das-almas (Senecio brasiliensis), samambaia (Pteridium 
aquilinium), algodo-eiro-bravo (Ipomoea fistulosa), chibata (Arrabidae bilabiata) e outras que 
podem causar a morte de animais. 
d) Algumas espécies exercem o parasitismo em citros, milho e plantas ornamentais. São 
exemplos a erva-de-passarinho (Phoradendron rubrum) em citros e a erva-de-bruxa (Striga 
lutea) em milho. Esta última é a pior invasora para milho, ainda não introduzida no Brasil. Ela 
produz cerca de 5.000 sementes por planta, que germinam e parasitam as raízes do milho; dois 
meses mais tarde as plantas aparecem na superfície do solo, florescem rapidamente e iniciam 
novamente o ciclo parasitário. 
 
3.2. Prejuízos indiretos 
As plantas daninhas podem ser hospedeiras alternativas de pragas e doenças, como o mosaico-
dourado do feijoeiro, causado por um vírus à cultura do feijão, que é transmitido pela mosca-branca 
após ter se “alimentado” de espécies do gênero Sida (Sida rhombifolia, Sida glaziovii, Sida micrantha, 
Sida santaremnensis, Sida cordifolia etc.); os nematóides: 57 espécies de plantas daninhas hospedam 
Meloydogyne javanica e, por isso, a rotação de cultura não é satisfatória para seu controle. 
Recentemente, foi introduzido no Brasil o gênero Heterodera (nematóide-do-cisto da soja), também 
hospedado por diversas espécies de plantas daninhas. Outro exemplo é o capim-massambará (Sorghum 
halepense), que é hospedeiro do vírus do mosaico da cana-de-açúcar. 
Algumas espécies, além dos prejuízos diretos que causam às culturas, podem, ainda, prejudicar 
ou mesmo até impedir a realização de certas práticas culturais e a colheita. São exemplos destas 
espécies a corda-de-viola (Ipomoea grandifolia, Ipomoea aristolochiaefolia, Ipomoea purpurea e 
outras desse gênero). Estas diminuem a eficiência das máquinas e aumentam as perdas durante a 
operação da colheita até mesmo quando em infestação moderada nas lavouras. Capim-carrapicho 
(Cenchrus echinatus), carrapicho-de-carneiro (Acathospermum hispidum), arranha-gato (Acassia 
plumosa) e outras plantas espinhosas podem até impedir a colheita manual das culturas. Outro 
exemplo de espécie de planta daninha que causa prejuízos diretos e indiretos é a Mucuna pruriens, 
infestante comum em lavouras de milho, feijão e cana-de-açúcar; esta espécie daninha dificulta 
tremendamente a colheita manual,pois, durante a operação da colheita, os tricomas de suas folhas se 
rompem a um leve contato e liberam toxinas que causam inflamação na pele do trabalhador. 
As plantas daninhas, também, podem ser altamente inconvenientes em áreas não cultivadas: 
áreas industriais, vias públicas, ferrovias, refinarias de petróleo. Nestas áreas não é desejável a 
presença de plantas daninhas vivas ou mortas. Causam, também, problemas sérios em ambientes 
aquáticos, onde podem dificultar o manejo da água, aumentando o custo da irrigação, prejudicando a 
pesca, dificultando a manutenção de represas, o funcionamento de usinas hidrelétricas, etc. Exemplos: 
taboa (Typha angustifolia) e aguapé (Eichornia crassipes) etc. 
Outras espécies de plantas daninhas podem ainda reduzir o valor da terra, como a tiririca 
(Cyperus rotundus) e a losna-brava (Artemisia verlotorum). Estas, quando presentes em áreas com 
culturas que apresentam pequena capacidade competitiva, como as olerícolas de modo geral, os 
parques e os jardins, têm o custo de controle muito elevado, tornando-se inviável economicamente. 
 
 
3.3. Características de agressividade das plantas daninhas 
 6 
As características das plantas daninhas verdadeiras fazem com que estas sejam mais agressivas 
em termos de desenvolvimento e ocupação rápida do solo; com isso, dominam as plantas cultivadas, 
caso o homem não interfira, usando os métodos de controle disponíveis. Estas características de 
agressividade são: 
a) Elevada capacidade de produção de dissemínulos (sementes, bulbos, tubérculos, rizomas, 
estolões, etc.). Exemplos: Amaranthus retroflexus 117.400 sementes por planta; Artemisia 
biennis: 107.500 sementes por planta; Cyperus rotundus; apenas um tubérculo, em 60 dias, 
produz 126 tubérculos, e cada tubérculo possui cerca de dez gemas que, quando separadas, 
cortadas, no momento do cultivo do solo, podem gerar mais dez plantas; além de tudo isso, 
esta planta produz centenas de sementes viáveis. 
b) Manutenção da viabilidade mesmo em condições desfavorá-veis. Exemplo: Convolvulus 
arvensis, cujas sementes permanecem viáveis mesmo após 54 meses, submersas em água ou 
após passarem pelo aparelho digestivo do porco ou boi; e mantém alguma v iabilidade após 
passarem pelo aparelho digestivo de ovinos e eqüinos e só perdem o poder germinativo 
passando pelo aparelho digestivo das aves. 
c) Capacidade de germinar e emergir a grandes profundidades. Exemplos: Avena fatua (aveia-
brava) germina até a 17 cm; Ipomoea sp. (corda-de-viola), a 12 cm; e Euphorbia heterophylla 
(amendoim-bravo), a 20 cm. Esta característica, muitas vezes, é a causa do insucesso dos 
herbicidas aplicados ao solo. 
d) Grande desuniformidade no processo germinativo. Isto ocorre devido aos inúmeros e 
complexos processos de dormência, sendo uma das estratégias de sobrevivência das plantas 
daninhas. 
e) Mecanismos alternativos de reprodução. Muitas plantas daninhas apresentam mais de um 
mecanismo de reprodução. Exemplos: Sorghum halepense (capim-massambará): reproduz por 
sementes e rizomas; Cynodon dactylon (grama-seda): por sementes e estolões; e Cyperus 
rotundus (tiririca), por sementes e tubérculos. 
f) Facilidade de distribuição dos propágulos a grandes distâncias. Isto ocorre pela ação de água, 
vento, animais, homem, máquinas etc. Há duas situações distintas: 1) Disseminação auxócora 
(externa): Acanthospermum australe (carrapicho-de-carneiro) - adere à lã das ovelhas, e este 
foi o motivo de sua introdução no Brasil pela importação de animais ou lã; Echinoclhoa 
crusgali (capim-arroz) foi introduzido junto com as sementes importadas; e Bidens pilosa 
(picão-preto) é transportado a longas distâncias nos pêlos de animais ou roupas dos operadores 
de máquinas etc. 2) Disseminação zoócora (interna): as sementes ingeridas pelos animais 
passam pelo intestino e, através das fezes, são distribuídas em outras áreas. Exemplos: 
Phoradendron rubrum (erva-de-passarinho), Momordica charantia (melão-de-são-caetano) e 
Paspalum notatum (grama-batatais). 
g) Rápido desenvolvimento e crescimento inicial. Muitas plantas daninhas crescem e 
desenvolvem mais rápido que muitas culturas. Na cultura da cebola, por exemplo, as plantas 
daninhas germinam e crescem muito mais rápido, dominando facilmente a cultura, quando esta 
é conduzida por semeadura direta. Em soja, a Brachiaria plantaginea tem grande facilidade 
para dominar a área quando o controle não é efetuado no momento oportuno. 
h) Grande longevidade dos dissemínulos. Observações com 107 espécies de plantas daninhas, 
cujas sementes foram enterradas em cápsulas porosas, a 20-100 cm de profundidade, 
mostraram que 71 delas estavam viáveis um ano após, 68 após 10 anos, 57 após 20 anos, 44 
 7 
após 30 anos e 36 após 38 anos, nestas condições (Klingman et al., 1982). Observações usando 
14
C mostraram que a semente do lótus da índia pode ser viável por 1.040 anos, e a da 
ançarinha-branca, por 1.700 anos. Esta grande longevidade se deve a inúmeros e complexos 
processos de dormência. 
 
3.4. Utilidades das plantas daninhas 
As plantas daninhas podem ser importantes na cobertura do solo contra a erosão, no 
fornecimento de matéria orgânica, na reciclagem de nutrientes, na alimentação para aves e animais 
silvestres, na manutenção da estabilidade térmica e da umidade do solo, etc. Elas podem ainda 
promover o impedimento da germinação e, ou o desenvolvimento de outras espécies de plantas 
daninhas (alelopatia), favorecendo o manejo de culturas, principalmente no sistema de Plantio Direto. 
Muitas, ainda, são plantas medicinais; outras são importantes na produção de mel pelas abelhas, na 
alimentação alternativa do homem, etc. Além disso, muitas vezes as plantas daninhas podem ser úteis 
apenas em determinadas situações, como: (a) em determinado espaço de tempo, (b) em determinada 
fase de seu desenvolvimento, (c) dentro de certos limites de população e (d) dentro de certos limites do 
número de indivíduos presentes na área. 
 
4. Dormência e Alelopatia 
 
4.1 Dormência 
Qualquer estágio no ciclo da vida no qual o crescimento ativo é suspenso por um período de 
tempo. Segundo diversos autores, podem ser várias as causas da dormência: embrião imaturo; 
tegumento da semente impermeável à água e, ou, ao oxigênio; e presença de algum inibidor 
fisiológico. 
Os diversos tipos de dormência podem ser agrupados em: 
a) “Dormência primária”, também chamada de dormência inata, endógena, inerente ou natural; 
seria aquela que a semente adquire quando ainda está ligada à planta-mãe, durante o processo 
de maturação, e persiste por longo tempo depois de completada a maturação. 
b) “Dormência secundária”, também chamada de induzida; seria aquela que a semente adquire 
devido ao ambiente desfavorável. No retorno ao ambiente favorável, a semente permanece 
dormente (sementes com tegumento impermeável, por exemplo), requerendo condição especial 
para quebra da dormência. 
A dormência, nas várias formas, é um dos mais importantes mecanismos indiretos de dispersão, 
sendo um meio necessário de sobrevivência entre as plantas daninhas. Através deste mecanismo a 
espécie consegue sobreviver em estações desfavoráveis, aumentando a sua população quando as 
condições retornam à sua normalidade. Como a dormência não é a mesma em todas as sementes de 
uma planta, pode ocorrer germinação durante meses ou até anos, garantindo a perpetuação da espécie. 
O amplo conhecimento da dormência poderá, no futuro, contribuir para o desenvolvimento de métodos 
mais eficientes de controle de plantas daninhas. Como exemplos de espécies de plantas daninhas que 
apresentam mecanismos de dormência podem-se citar: a) erva-formigueira (Chenopodium album): 
produz sementescom tegumentos normal e duro. Por esta razão mesmo sob intenso controle sempre 
haverá no solo sementes desta espécie. Acredita-se que muitas outras espécies de plantas daninhas 
apresentam mecanismos semelhantes; b) língua-de-vaca (Rumex cryspus): germina melhor na presença 
de luz; e c) quinquilho (Datura stramonium): germina melhor no escuro. O leiteiro (Euphorbia 
 8 
heterophylla), por ser indiferente à luz, é capaz de germinar até a profundidade de 25 cm no solo 
(Vargas et al., 1998). 
O solo agrícola é um banco de sementes de plantas daninhas contendo entre 2.000 e 50.000 
sementes/m
2
/10 cm de profundidade. Do total destas sementes, em um dado período, apenas 2 a 5% 
germinam; as demais permanecem dormentes. Por isso, uma avaliação da composição florística de 
uma área em uma única época do ano não representa o potencial de infestação desta área. Certas 
espécies necessitam de condições especiais para germinarem. Isto pode ocorrer pela simples 
movimentação do solo, que pode expor as sementes à luz (mesmo por frações de segundos), provocar 
mudança nos teores de umidade, na temperatura e na composição atmosférica do solo ou até mesmo 
acelerar a liberação de compostos estimulantes da germinação, como os nitratos. 
A maior germinação foi observada (Quadro 1) no tratamento com (aração + enxada rotativa + 
ligeira compactação do solo), possivelmente pelo maior teor de umidade junto às sementes (maior 
contato entre as sementes e o solo). Isto pode ser observado facilmente em condições de campo, 
onde no rastro da roda do trator observa-se cerca de 10% a mais de emergência de plantas daninhas. 
Outro fator extremamente importante na germinação das sementes é a profundidade em que elas se 
encontram no solo. Espécies que produzem sementes grandes, como as dos gêneros Ipomoea e 
Euphorbia, podem germinar até a profundidades superiores a 15 e 25 cm, respectivamente (Vargas 
et al., 1998); entretanto, espécies que produzem sementes pequenas, como Eleusine indica, somente 
germinam quando estão até a profundidade de 1,0 cm, sem o revolvimento do solo. 
 
Quadro 1 - Influência do tipo do preparo do solo na germinação de sementes de plantas daninhas 
 
Tipo de Preparo do Solo N
o
 de Sementes Emergidas/m
2
 
1. Uma Aração 103 
2. Uma Aração + Uma Gradagem 134 
3. Uma Aração + Enxada Rotativa 206 
4. Uma Aração + E. Rotativa + Compactação 328 
5. Sem Cultivo 80 
 
4.2. Alelopatia 
As plantas superiores desenvolveram notável capacidade de sintetizar, acumular e secretar uma 
grande variedade de metabólitos secundários, denominados aleloquímicos, que não parecem 
relacionados diretamente com nenhuma função do metabolismo primário, mas provavelmente estão 
associados com mecanismos ou estratégias químicas de adaptação às condições ambientais. Os 
aleloquímicos, quando lançados no ambiente, promovem uma interação bioquímica entre plantas, 
incluindo microrganismos. Os efeitos podem ser deletérios ou benéficos sobre outra planta, sobre a 
própria planta ou microrganismos ou vice-versa. 
O mecanismo de ação dos aleloquímicos não está ainda bem esclarecido. Os principais processos 
vitais afetados, segundo Almeida (1988), são: assimilação de nutrientes, crescimento, fotossíntese, 
respiração, síntese de proteínas, permeabilidade da membrana celular, atividade enzimática, etc. 
A interferência que as plantas daninhas causam sobre as culturas é decorrente da competição 
pelos fatores comuns (água, nutrientes, luz, espaço físico, CO2, etc.) e dos efeitos das substâncias 
alelopáticas que estas produzem. O capim-marmelada (Brachiaria plantaginea) afeta o 
desenvolvimento da soja tanto no crescimento quanto na capacidade de nodulação (Almeida, 1988). O 
 9 
desenvolvimento do tomateiro foi afetado por extratos de várias plantas daninhas, como tiririca, 
capim-massambará, grama-seda, etc. 
O efeito alelopático das culturas sobre plantas daninhas é menos comum, e esta deficiência de 
defesa das plantas cultivadas é atribuída à seleção a que estas têm sido submetidas ao longo do tempo, 
para outras características que não as de agressividade para com outras plantas. Por exemplo, ao 
melhorar o paladar e diminuir a toxicidade, foram eliminados genótipos possuidores de substâncias 
alelopáticas, como taninos, alcalóides, etc. 
Restos culturais de algumas culturas, como nabo forrageiro, colza, aveia e centeio, apresentam 
razoável efeito alelopático, reduzindo a intensidade de infestação de algumas plantas daninhas, como 
Brachiaria plantaginea, Cenchrus echinatus e Euphorbia heterophylla, na cultura seguinte. 
 
4.2.1. Alelopatia entre culturas 
A possibilidade de se desenvolverem efeitos alelopáticos benéficos ou maléficos entre culturas 
tem interesse agronômico, especialmente no que diz respeito às técnicas de rotação e consorciação. A 
colza, por exemplo, provoca redução do estande da cultura da soja plantada imediatamente após a sua 
colheita, o que tem contribuído para que os agricultores do sul deixem de cultivar colza. Segundo 
Barbosa (1996), exudato radicular proveniente de plantas de sorgo reduziu a área foliar de plantas de 
alface em 68,4%, quando cultivadas em casa de vegetação, usando solução nutritiva circulante entre os 
vasos de sorgo e alface. 
Quanto a possíveis efeitos alelopáticos do material incorporado ao solo, sabe-se que o processo 
de decomposição do material vegetal varia com a qualidade dos tecidos, os tipos de solo e as condições 
climáticas, podendo os resíduos de plantas de mesma espécie dar origem a compostos diferentes, com 
efeitos biológicos e toxicidade diversos. Por isso, os efeitos alelopáticos provocados pela incorporação 
de resíduos vegetais no solo são muitos variáveis. 
Normalmente, o material fresco, como as adubações verdes, provoca efeitos alelopáticos pouco 
acentuados e por períodos curtos, inferiores a 25 dias. Em condições de baixas temperaturas, os 
resíduos secos podem causar fitotoxicidade mais severa. Os efeitos alelopáticos são transitórios; por 
isso, a incorporação dos resíduos deve ser feita com certa antecedência da semeadura das culturas. 
 
4.2.2. Alelopatia das coberturas mortas 
No plantio direto, a cobertura morta pode prevenir a germinação, reduzir o vigor vegetativo e 
provocar amarelecimento e clorose das folhas, redução do perfilhamento e até morte de plantas 
daninhas durante a fase inicial de desenvolvimento. Esta cobertura é essencial para o sucesso do 
plantio direto, hoje disseminado no Brasil por todos estados produtores de grãos. A cobertura morta da 
cultura do inverno, normalmente de cereais, forma-se no final desta estação ou início da primavera, 
quando começa a época chuvosa. A taxa de decomposição é alta e a liberação dos compostos 
alelopáticos é, conseqüentemente, também rápida. Se a cultura de verão for implantada com algum 
intervalo após a colheita desta cultura de inverno, possivelmente não ocorrerão problemas de 
fitotoxicidade. Nas culturas de verão, os resíduos no solo são escassos e a temperatura e umidade no 
solo é suficiente para manter a atividade microbiana alta, degradando os aleloquímicos. 
Atualmente, várias pesquisas estão sendo conduzidas visando identificar os compostos 
alelopáticos, a fim de avaliar suas atividades sobre as diferentes espécies de plantas daninhas. Estes 
estudos irão contribuir de maneira decisiva para o manejo de plantas daninhas no sistema de plantio 
direto, assim como poderá ser um ponto de partida para síntese de novos compostos com atividade 
 10 
herbicida. Outros pesquisadores avaliam e colecionam germoplasmas de plantas alelopáticas, 
objetivando o melhoramento genético. No futuro, o controle biológico de plantas daninhas também 
poderá ser uma opção no manejo integrado,e, para o sucesso deste método, o conhecimento das 
propriedades alelopáticas das plantas será fundamental. 
 
5. Interferência e período crítico de competição 
 
Para germinar, crescer e reproduzir-se, completando seu ciclo de vida, toda planta necessita de 
água, luz, temperatura, gás carbônico e oxigênio em quantidades adequadas. À medida que a planta se 
desenvolve, esses fatores do ambiente tornam-se limitados, podendo ser agravados pela presença de 
outras plantas no mesmo espaço, que também lutam pelos mesmos fatores de crescimento, gerando, 
assim, uma relação de competição entre plantas vizinhas, seja da mesma espécie ou de espécies 
diferentes. 
A competição entre plantas é diferente daquela que ocorre entre animais. Devido à falta de 
mobilidade dos vegetais, a competição entre eles é de natureza aparentemente passiva, não sendo 
visível no início do seu desenvolvimento. Sabe-se, entretanto, que as plantas cultivadas, devido ao 
refinamento genético a que foram e ainda são submetidas, não apresentam, em sua maioria, capacidade 
de competir vantajosamente com as plantas daninhas verdadeiras. 
Com base nos estudos sobre competição entre plantas daninhas e culturas, várias generalizações 
podem ser inferidas: 
a) A competição é mais séria quando a cultura está na fase jovem, isto é, nas primeiras seis a oito 
semanas após sua emergência, no caso das culturas anuais. 
b) As espécies daninhas de morfologia e desenvolvimento semelhantes ao da cultura, comumente, são 
mais competitivas se comparadas com aquelas que apresentam desenvolvimento diferente. 
c) A competição ocorre por água, luz, Co2, nutrientes e espaço, e as plantas daninhas e cultivadas 
podem, ainda, liberar aleloquímicos no solo, que podem inibir a germinação e, ou, o 
desenvolvimento de outras plantas. 
d) Uma infestação moderada de plantas daninhas em lavouras pode ser tão danosa quanto uma 
infestação pesada, dependendo da época de seu estabelecimento. 
As características que fazem com que uma espécie de planta daninha seja mais competitiva do 
que uma espécie cultivada são as seguintes: 
 Ciclo de vida semelhante ao da cultura. 
 Desenvolvimento inicial rápido das raízes e, ou, parte aérea. 
 Plasticidade fenotípica e populacional. 
 Germinação desuniforme no tempo e no espaço (presença de dormência). 
 Produção e liberação, no solo, de substâncias alelopáticas. 
 Produção de elevado número de propágulos por planta. 
 Adaptação às variadas condições ambientais. 
De acordo com Pitelli (1985), os efeitos negativos observados no crescimento, no 
desenvolvimento e na produtividade de uma cultura, devidos à presença de plantas daninhas, não 
devem ser atribuídos exclusivamente à competição imposta por estas, mas resultante das pressões 
ambientais de ação direta (competição, alelopatia, interferência na colheita e outras). A este efeito 
global denominou-se “interferência”, referindo-se, portanto, ao conjunto de ações que recebe uma 
determinada cultura em decorrência da presença da comunidade infestante num determinado local. De 
 11 
maneira geral, pode-se dizer que, quanto maior for o período de convivência múltipla (cultura-plantas 
daninhas), maior será o grau de interferência. No entanto, isto não é totalmente válido, porque 
dependerá da época e do ciclo da cultura em que este período ocorrer. O grau de interferência entre 
plantas cultivadas e comunidades infestantes depende das manifestações de fatores ligados à 
comunidade infestante (composição específica, densidade e distribuição), à própria cultura (espécie ou 
variedade, espaçamento e densidade de plantio) e à época e extensão da convivência, podendo ser 
alterado pelas condições de solo, clima e manejo. 
O manejo de plantas daninhas altera a cronologia natural dos eventos, favorecendo a utilização 
de recursos pela planta cultivada, gerando menor intensidade de interferência na produtividade 
econômica. Geralmente, quanto menor o período de convivência entre cultura e plantas daninhas, 
menor será o grau de interferência. Porém, uma infestação moderada de plantas daninhas poderá ser 
tão danosa à cultura quanto uma infestação pesada, dependendo da época de seu estabelecimento, entre 
outros fatores. Este fato justifica, portanto, o estudo da época ideal de controle de plantas daninhas em 
cada cultura, visando o mínimo possível de redução na produtividade, mas sem prejudicar também o 
ambiente. 
Pitelli e Durigan (1984) sugeriram terminologia para períodos de convivência de plantas 
daninhas em culturas: 
 
 PTPI - “Período total de prevenção da interferência” é o período, a partir do plantio ou da 
emergência, em que a cultura deve ser mantida livre da interferência de plantas daninhas, para que 
a produção não seja afetada quantitativa e, ou, qualitativamente. Na prática, este deve ser o 
período que as capinas ou o poder residual dos herbicidas devem cobrir. É importante esclarecer o 
significado deste período em termos de competição: as espécies daninhas que emergirem neste 
período, em determinada época do ciclo da cultura, terão atingido tal estádio de desenvolvimento 
que promoverão uma interferência, sobre a espécie cultivada, capaz de reduzir significativamente 
sua produtividade econômica. Após este período, a própria cultura, através, principalmente, do 
sombreamento, impede o desenvolvimento das plantas daninhas. Desse modo, toda e qualquer 
prática cultural que incremente o crescimento inicial da cultura pode contribuir para um 
decréscimo no período total de prevenção da interferência, permitindo menos cultivos ou o uso de 
herbicidas de menor poder residual. 
 PAI - “período anterior à interferência”, é aquele espaço de tempo, após a semeadura ou o plantio, 
em que a cultura pode conviver com a comunidade de plantas daninhas, antes que a interferência se 
instale de maneira definitiva e reduza significativamente a produtividade da lavoura.O limite 
superior deste período indica a época em que a interferência compromete irreversivelmente a 
produtividade econômica da cultura. A aplicação de certas práticas culturais contribui para 
diminuição deste período. Por exemplo, a fertilização incrementa o crescimento inicial da cultura e 
das plantas daninhas, permitindo que a competição por recursos outros que não a adubação se 
instale de maneira mais rápida. Teoricamente, o final do período anterior à interferência seria a 
época ideal para o primeiro controle da vegetação infestante, pois a comunidade teria acumulado 
energia e matéria orgânica que retornariam ao solo, contribuindo para o próprio desenvolvimento 
da cultura. Mas, na prática este limite não pode ser considerado, pois a cultura e, ou, as plantas 
daninhas podem ter atingido um estádio tal de desenvolvimento que inviabilize o uso de práticas 
mecânicas ou o controle químico. 
 12 
 PCPI - “período crítico de prevenção da interferência” do ponto de vista prático, a cultura deverá 
ser mantida livre das plantas daninhas no período compreendido entre o final do PAI até o 
momento em que as plantas daninhas que vierem a emergir não mais irão interferir na 
produtividade da cultura. Alguns trabalhos visando avaliar os efeitos da interferência de plantas 
daninhas em culturas estão no Quadro 2. 
 
Quadro 2 - Períodos de convivência e de controle de plantas daninhas em diversas culturas anuais e 
bianuais 
 
Culturas 
Dias Após Semeadura ou Plantio (d) 
Fonte 
PTPI PAI PCPI 
Algodão 35 d --- --- Blanco e Oliveira (1976) 
 42 d 28 d 28 - 42 d Laca Buendia et al. (1979) 
Alho 80 d --- --- Souza et al. (1981) 
 100 d 20 d 20 –100 d Mascarenhas et al. (1980) 
Arroz de sequeiro 40 d 30 d 30 - 40 d Alcântara et al. (1982) 
 60 d 45 d 45 - 60 d Oliveira e Almeida (1982)Arroz de várzea 32 d --- --- Deuber e Foster (1972) 
 45 d 15 d 15 - 45 d Ishy e Lovato (1974) 
Cana-de-açúcar 66 d 18 d 18 - 66 d Blanco et al. (1979) 
( plantio de ano ) 90 d 30 d 30 - 90 d Rolin e Cristofolleti (1982) 
Cana-de-açúcar) 90 d 60 d 60 – 90 Colleti et al. (1980) 
(plantio de ano e 
meio) 
60 d 30 d 30 - 60 d Blanco et al. (1982) 
Feijão 30 d --- --- Vieira (1970) 
 35 d 21 d 21 - 35 d Willian (1973) 
Milho 45 d 15 d 15 - 46 d Blanco et al. (1976) 
 40 d 20 d 20 - 40 d Repnnings et al. 1976) 
Soja 40 d 20 d 20 - 40 d Durigan et al. (1983) 
 30 d 20 d 20 - 30 d Garcia et al. (1981) 
Fonte: Adaptado de Pitelli (1985). 
 
Considerando a diversidade de fatores que influenciam o grau e os períodos de interferência 
apresentados, torna-se extremamente importante a pesquisa nesta área, nas diferentes condições 
envolvendo solo, clima, espécies daninhas e culturas, visando realizar com eficiência o manejo 
integrado das plantas daninhas. 
 
6. Métodos de controle de plantas daninhas 
 
A redução da interferência das plantas daninhas, considerando uma cultura, deve ser feita até um 
nível no qual as perdas pela interferência sejam iguais ao incremento no custo do controle, ou seja, que 
não interfiram na produção econômica da cultura. Um bom programa de manejo de plantas daninhas 
pode ser resumido em três situações básicas: máxima produção no menor espaço de tempo e máxima 
sustentatibilidade de produção com mínimo risco. 
Dez palavras-chave descrevem os processos recomendados, e elas são um bom guia para o 
programa de manejo: 
1. Monitorar sementes e espécies da área de produção. 
2. Identificar as espécies-problema e suas densidades. 
 13 
3. Estudar os métodos usados na propriedade. 
4. Conhecer as espécies dominantes e suas interações. 
5. Prever populações e mudanças de populações de plantas daninhas. 
6. Decidir quando o controle deve ser feito. 
7. Escolher a tecnologia de controle compatível com sistema. 
8. Considerar os recursos e as necessidades do fazendeiro. 
9. Integrar os processos com as medidas de proteção das culturas. 
10. Avaliar os impactos ambientais, sociais e econômicos em longo prazo. 
O nível de controle das plantas daninhas, obtido em uma lavoura, dependerá da espécie 
infestante, da capacidade competitiva da cultura, do período crítico de competição, dos métodos 
empregados, das condições ambientais etc. Muitas vezes faz-se necessária a associação de dois ou 
mais métodos para se atingir o nível desejado, constituindo-se, esse fato, no controle integrado. Os 
métodos de controle podem ser: preventivo, cultural, mecânico ou físico, biológico e químico. 
 
6.1. Controle preventivo 
O controle preventivo de plantas daninhas consiste no uso de práticas que visam prevenir a 
introdução, o estabelecimento e, ou, a disseminação de determinadas espécies-problema em áreas 
ainda por elas não infestadas. Estas áreas podem ser um país, um estado, um município ou uma gleba 
de terra na propriedade. 
Há legislações federais e estaduais que regulamentam a entrada de sementes no país ou estado e 
sua comercialização interna, determinando os limites toleráveis de semente de cada espécie de planta 
daninha e também a lista de sementes proibidas por cultura ou grupo de culturas. 
Algumas medidas podem evitar a introdução da espécie daninha na região: utilizar sementes de 
elevada pureza; limpar cuidadosamente máquinas, grades e colheitadeiras; inspecionar cuidadosamente 
mudas adquiridas com torrão e também toda matéria orgânica (esterco e composto) proveniente de 
outras áreas; limpar canais de irrigação; quarentena de animais introduzidos; etc. 
A falta destes cuidados tem causado ampla disseminação das mais diversas espécies. Como 
exemplo, a tiririca (Cyperus rotundus), que possui sementes muito pequenas e tubérculos que infestam 
novas áreas com grande facilidade, por meio de estercos, mudas com torrão, etc., o picão-preto (Bidens 
pilosa) e o capim-carrapicho (Cenchrus echinatus), além de outras espécies, se espalham por novas 
áreas por meio de roupas e sapatos dos operadores, pêlos de animais, etc. Já o capim-arroz 
(Echinochloa sp.) e o arroz-vermelho (Oryza sativa) são distribuídos junto com as sementes de arroz. 
 
6.2. Controle cultural 
Este método consiste no uso de práticas comuns ao bom manejo da água e do solo, como rotação 
de cultura, variação do espaçamento da cultura, uso de coberturas verdes, etc. Essas práticas 
contribuem para impedir o aumento exagerado de determinadas plantas daninhas. Consiste, então, em 
usar as próprias características ecológicas das culturas e plantas daninhas, visando beneficiar o 
estabelecimento e desenvolvimento das culturas. 
►Rotação de culturas: cada cultura agrícola geralmente é infestada por espécies daninhas que possuem 
exigências semelhantes às da cultura ou apresentam os mesmos hábitos de crescimento; exemplos: 
capim-arroz (Echinoclhoa sp.) em lavouras de arroz; apaga-fogo (Alternanthera tenella), em lavouras 
de milho; mostarda, em lavouras de trigo; e caruru-rasteiro (Amarantus deflexus), em cana-de-açúcar. 
Quando são aplicadas as mesmas técnicas culturais seguidamente, ano após ano, no mesmo solo, a 
 14 
interferência destas plantas daninhas aumenta muito. Quando o principal objetivo é o controle de 
plantas daninhas, a escolha da cultura em rotação deve recair sobre plantas com habito de crescimento 
e características culturais bem contrastantes. 
►Variação do espaçamento: a variação do espaçamento entre linhas ou da densidade de plantas na 
linha pode contribuir para a redução da interferência das plantas daninhas sobre a cultura, dependendo 
da arquitetura das plantas cultivadas e das espécies infestantes. A redução entre linhas geralmente 
proporciona vantagem competitiva à maioria das culturas sobre as plantas daninhas sensíveis ao 
sombreamento. 
►Coberturas verdes: são culturas geralmente muito competitivas com as plantas daninhas. Tremoço, 
ervilhaca, azevém anual, nabo, aveia e centeio são usadas na região Sul do Brasil. Nas regiões 
subtropicais predominam mucuna-preta, crotalárias, guandu, feijão-de-porco e lab-lab. O principal 
efeito é a melhoria das condições físico-químicas do solo. Entretanto, estas plantas possuem também 
poder inibitório sobre outras e podem reduzir as infestações de algumas daninhas após serem 
dessecadas e incorporadas ao solo, devendo ser bem escolhidas pra cada caso. A cobertura morta cria 
condições para a instalação de uma densa e diversificada microbiota no solo, principalmente na 
camada superficial com elevada quantidade de microrganismos responsáveis pela eliminação de 
sementes dormentes por meio da deterioração e perda da viabilidade. 
 
6.3. Controle mecânico 
São métodos mecânicos de controle de plantas daninhas o arranque manual, a capina manual, a 
roçada, a inundação, a queima, a cobertura morta e o cultivo mecanizado. 
O arranque manual, ou monda, é o método mais antigo de controle de plantas daninhas. Ainda 
hoje, é usado para o controle em hortas caseiras, jardins e na remoção de plantas daninhas entre as 
plantas das culturas em linha, quando o principal método de controle é o uso de enxada. 
A capina manual feita com enxada é muito eficaz e ainda muito utilizada na nossa agricultura, 
principalmente em regiões montanhosas, onde há agricultura de subsistência, e para muitas famílias, 
esta é a única fonte de trabalho. Porém, numa agricultura mais intensiva, em áreas maiores, o alto 
custo da mão-de-obra e a dificuldade de encontrar operários no momento necessário e na quantidade 
desejada fazem com que este método seja apenas complementar a outros métodos, devendo ser 
realizado quando as plantas daninhas estiverem aindajovens e o solo não estiver muito úmido. 
Em pomares e cafezais, a roçada manual ou mecânica é um método muito importante para 
controlar plantas daninhas, principalmente em terrenos declivosos, onde o controle da erosão é 
fundamental. O espaço das entrelinhas é mantido roçado e, por meio de outros métodos de controle, a 
fileira de plantas, em nível, é mantida no limpo. Também em terrenos baldios, beiras de estradas e 
pastagens a roçada é um método de controle de plantas daninhas dos mais importantes. 
O cultivo mecanizado, feito por cultivadores tracionados por animais ou tratores, é de larga 
aceitação na agricultura brasileira, sendo um dos principais métodos de controle de plantas daninhas 
em propriedades com menores áreas plantadas. As principais limitações deste método são: a) 
dificuldade de controle de plantas daninhas na linha da cultura; e b) baixa eficiência: quando realizado 
em condições de chuva (solo molhado), é ineficiente para controlar plantas daninhas que se 
reproduzem por partes vegetativas. No entanto, todas as espécies anuais, quando jovens (2-4 pares de 
folhas), são facilmente controladas em condições de calor e solo seco. O cultivo quebra a relação 
íntima que existe entre raiz e solo, suspende a absorção de água e expõe a raiz às condições ambientais 
desfavoráveis. Dependendo do tamanho relativo das plantas cultivadas e daninhas, o deslocamento do 
 15 
solo sobre a linha, através de enxadas cultivadoras especiais, pode causar o enterrio das pequenas 
plântulas e, com isso, promover o controle das plantas daninhas na linha. 
 
6.4. Controle Físico 
Em solos planos e nivelados, a inundação é um efetivo método de controle de plantas daninhas, 
como nos tabuleiros de arroz. Espécies perenes de difícil controle, como a tiririca (Cyperus rotundus), 
a grama-seda (Cynodon dactylon), o capim-kikuio (Penisetum clandestinum)), além de muitas plantas 
daninhas anuais, são totalmente erradicadas sob inundação prolongada, apenas não apresentando efeito 
sobre as plantas daninhas que se desenvolvem em solos encharcados, como o capim-arroz 
(Echinochloa sp.), bem como sobre as plantas aquáticas. A inundação mata as plantas sensíveis, em 
virtude da suspensão do fornecimento de oxigênio para suas raízes. Os fatores limitantes deste método, 
na maioria dos casos, são o custo do nivelamento do solo e a grande quantidade de água necessária 
para sua implantação. 
A cobertura do solo com restos vegetais em camada espessa ou com lâmina de polietileno é um 
meio físico-mecânico de controle das plantas daninhas. É restrito a pequenas áreas de hortaliças. No 
plantio direto, é de grande utilidade a cobertura do solo com restos vegetais da cultura anterior. Este 
sistema de plantio é usado em extensas áreas de plantio de soja, milho e trigo. A cobertura provoca 
menor amplitude nas variações e no grau de umidade e da temperatura da superfície do solo, 
estimulando a germinação das sementes das plantas daninhas da camada superficial de solo, que são 
posteriormente mortas devido à impossibilidade de emergência. A cobertura morta ainda pode 
apresentar efeitos alelopáticos úteis no controle de certas espécies daninhas, além de outros efeitos 
importantes sobre as culturas implantadas na área. 
Outra técnica é a solarização, que é um processo caro e inviável em grandes áreas. Esta deve ser 
feita 60 a 75 dias antes do plantio, nos meses mais quentes do ano, utilizando filme de polietileno 
sobre a superfície do solo. Provoca aumento de temperatura e, por isso, em solo úmido, as sementes 
das plantas daninhas germinam e morrem em seguida, devido ao calor excessivo principalmente em 
profundidade de 5 cm. 
Quanto à queima das plantas daninhas com lança-chamas, esta técnica é de uso limitado no 
Brasil, em razão do custo do combustível. Todavia, já foi utilizada em algodão, através de adaptação 
de queimadores especiais em cultivadores tratorizados, para uso dirigido nesta cultura. 
 
6.5. - Controle biológico 
O controle biológico consiste no uso de inimigos naturais (fungos, bactérias, vírus, insetos, aves, 
peixes, etc.) capazes de reduzir a população das plantas daninhas, reduzindo sua capacidade de 
competir. Isto é mantido por meio do equilíbrio populacional entre o inimigo natural e a planta 
hospedeira. Deve também ser considerada como controle biológico a inibição alelopática de plantas 
daninhas exercida por outras plantas, daninhas ou não (este assunto já foi discutido em módulo à 
parte). No Brasil, o controle biológico de plantas daninhas com inimigos naturais não tem sido, até o 
momento, praticado com fins econômicos. Para que este tipo de controle seja eficiente, o parasita deve 
ser altamente específico, ou seja, uma vez eliminado o hospedeiro, ele não deve parasitar outras 
espécies. De modo geral, a eficiência do controle biológico é duvidosa quando ele é usado 
isoladamente, porque pode controlar uma espécie e uma outra ser favorecida, o que é uma tendência 
normal em condições de campo. 
 16 
Deve também ser considerada como controle biológico a inibição alelopática de plantas 
daninhas. 
Entre os diversos exemplos de controle biológico no mundo, podem-se citar: na Austrália, o 
controle do cactus ou figo-da-índia (Opuntia spp.) com as larvas do inseto Cactoblastis cactorum; e no 
Havaí o cambará-de-espinho (Lantana camara) foi controlado pelos insetos Agromisa lantanae e 
Crocidosema lantanae. 
Nos Estados Unidos, o fungo Coletotrichum gloeosporeoides pode ser usado para controlar o 
angiquinho (Aeschynomene virginica) em soja e milho; o herbicida natural é registrado como Collego. 
E nos pomares de citros, para controlar Morrenia odorata, já foi usado o fungo Phythophthora 
palmivora, com o nome de Devine. 
No Brasil, isolados de Fusarium graminearum vêm sendo estudados como agente de controle 
biológico de Egeria densa e de Egeria najas, plantas aquáticas que causam problemas em 
reservatórios de hidrelétricas. 
Alguns produtores têm usado carneiros para controlar plantas daninhas em lavouras de café. No, 
entanto, algumas espécies não possuem boa palatabilidade, sendo recusadas durante o pastejo. 
Tilápias, carpas e outros peixes herbívoros tem sido usados também para controle de certas plantas 
aquáticas. 
 
6.6. Controle químico 
O objetivo das pesquisas em nível mundial é obter herbicidas mais eficazes com doses menores, 
mais seguros para o homem e para o ambiente. Também são áreas de interesse, dentre outras, o 
controle biológico, a alelopatia, bem como a tecnologia de aplicação de herbicidas, que tem evoluído 
muito nos últimos anos. 
O controle químico de plantas daninhas, então, é um tipo de controle no qual são usados produtos 
químicos (herbicidas) que, em concentrações convenientes, têm a finalidade de inibir o 
desenvolvimento ou provocar a morte das plantas daninhas. 
As vantagens do uso do controle químico podem ser enumeradas: menor dependência da mão-de-
obra, que é cada vez mais cara, difícil de ser encontrada no momento certo e na quantidade necessária; 
mesmo em épocas chuvosas, o controle é mais eficiente; é eficiente no controle de plantas 
daninhas na linha de plantio e não afeta o sistema radicular das culturas ; permite o cultivo 
mínimo ou plantio direto das culturas; pode controlar plantas daninhas de propagação 
vegetativa;permite o plantio a lanço e, ou, alteração no espaçamento, quando for necessário. 
Todo herbicida é uma molécula química que tem que ser manuseada com cuidado, havendo 
perigo de intoxicação do aplicador, principalmente. Pode ocorrer também poluição do ambiente: água 
(rios, lagos e água subterrânea), solo e alimentos, quando manuseados incorretamente. Há necessidade 
de mão-de-obra especializada para aplicação dos herbicidas.Isto é a causa de cerca de 80% dos 
problemas encontrados na prática. O conhecimento da fisiologia das plantas, dos grupos aos quais 
pertencem os herbicidas e da tecnologia de aplicação é fundamental para o sucesso do controle 
químico das plantas daninhas. 
O controle químico de plantas daninhas deve ser feito apenas como auxiliar. É de maior 
importância o controle cultural, uma vez que este possibilita as melhores condições de 
desenvolvimento e permanência das culturas. O controle químico como único método pode levar ao 
desequilíbrio do sistema de produção. Portanto, o herbicida é uma ferramenta muito importante no 
manejo integrado de plantas daninhas, dede que utilizado no momento adequado e de forma correta. 
 17 
6.7. Manejo integrado de plantas daninhas 
O cultivo integrado, que considera todos os fatores que podem proporcionar à planta maior e 
melhor produção permite o aproveitamento eficiente dos recursos do meio. Nesse contexto, insere-se 
também o manejo integrado das plantas daninhas (MIPD). Esse sistema de produção integrada, cada 
vez mais, vem ganhando espaço em todos os setores agrícolas. 
As estratégias para manejo integrado de diferentes espécies vegetais daninhas são de curto ou de 
longo prazo. Capina e emprego direto de herbicidas (controle químico) podem ser considerados 
medidas de curta duração, pois seu efeito é apenas temporário. Medidas consideradas de longo prazo, o 
emprego de práticas culturais e de controle por agentes biológicos tem caráter permanente e levam em 
conta mudanças mais pronunciadas nas diferentes práticas agronômicas. Disso resulta o manejo 
integrado, que une prevenção e outros métodos de controle a curto (métodos mecânicos e químicos), a 
médio e a longo prazos (métodos cultural e biológico). 
Algumas espécies, como a tiririca (Cyperus rotundus), em condições tropicais, infestam 
rapidamente grande parte dos solos agrícolas. Áreas com alta incidência dessa espécie podem se tornar 
desvalorizadas, devido ao elevado custo para o seu controle. Um exemplo de manejo da tiririca é a 
utilização do plantio direto do milho e do feijão. Estas duas culturas promovem rápida cobertura do 
solo exercendo forte sombreamento nas plantas de tiririca (possuem metabolismo “C4” e são exigentes 
em luz). No plantio direto, usando herbicidas sistêmicos como dessecantes e não revolvendo o solo, 
independente se para produzir milho em grão ou para silagem, há relatos de excelente resultados no 
manejo da tiririca. Em dois anos com esse sistema, é possível obter a redução dos níveis populacionais 
da tiririca a favor do plantio direto, em relação ao plantio convencional, tanto para cultura do milho 
quanto para o feijoeiro, da ordem de 90 a 95%. Em três anos, a redução do banco de tubérculos no solo 
pode chegar a mais de 90%. 
Os maiores benefícios do sistema de plantio direto no manejo integrado da tiririca são obtidos 
por meio do controle químico proporcionado pelo uso do herbicida sistêmico para dessecação da 
vegetação em pré-plantio; do controle cultural exercido pela falta de revolvimento do solo e 
conseqüente ausência de fragmentação das estruturas vegetativas da tiririca; e da adoção de culturas 
altamente competitivas, principalmente por luminosidade, como a cultura do milho e feijão. 
Outro exemplo de manejo integrado de plantas daninhas tem sido praticado em diversas regiões 
do Brasil quando se adota o sistema agricultura-pecuária. Nesse sistema, a forrageira cultivada em 
consórcio com a cultura principal reduz a interferência de muitas espécies de plantas daninhas, 
tornando o sistema menos dependente do controle químico e também mais estável no ambiente. 
É fundamental que se conheça a capacidade da espécie infestante, em relação à cultura, de 
competir por água, luz e nutrientes, que são os fatores responsáveis pela redução da produtividade. 
Além disso, não se pode desprezar a capacidade que determinadas espécies daninhas têm de dificultar 
ou impedir a colheita, reduzir a qualidade do produto a ser colhido e hospedar pragas e vetores de 
doenças e de inimigos naturais. Torna-se necessário também conhecer os tipos de relacionamentos 
entre plantas cultivadas e infestantes que permitem sua convivência passiva. 
É mais compreensível a idéia de manejo integrado quando as plantas daninhas são tratadas não 
como um alvo direto que deve ser “exterminado”, mas sim como parte de um ecossistema no qual está 
diretamente envolvida, entre outras funções, a ciclagem de nutrientes no solo. Essas plantas formam 
complexas interações com microrganismos e, por meio dessas associações, garantem as características 
agronômicas que conferem ao solo maior capacidade para suportar um cultivo sustentável. 
 
 18 
7. HERBICIDAS: Classificação e Mecanismo de Ação 
 
7.1. - Quanto à seletividade 
7.1.1. Herbicidas seletivos 
São aqueles que, dentro de determinadas condições, são mais tolerados por uma determinada 
espécie ou variedade de plantas do que por outras. Como exemplo, tem-se 2,4-D para a cana-de-
açúcar; atrazine, para o milho; fomesafen, para o feijão; imazethapyr, para a soja; etc. Todavia, a 
seletividade é sempre relativa, pois depende do estádio de desenvolvimento das plantas, das condições 
climáticas, do tipo de solo, da dose aplicada, etc. Para soja, por exemplo, o metribuzin é seletivo 
apenas quando aplicado em pré-emergência, e mesmo assim a dose tolerada é dependente das 
condições edafoclimáticas. 
 
7.1.2. Herbicidas Não-seletivos 
São aqueles que atuam indiscriminadamente sobre todas as espécies de plantas. Normalmente 
são recomendados para uso como dessecantes ou em aplicações dirigidas. Exemplos: diquat, paraquat, 
glyphosate, sulfosate etc. 
 
7.2. - Quanto à época de aplicação 
7.2.1. Pré-plantio 
São herbicidas aplicados antes do plantio e podem ser incorporados ou não. 
Quando o herbicidas é muito volátil, de solubilidade muito baixa em água e, ou, 
fotodegradável, ele necessita ser incorporados ao solo; por esta razão, deve ser aplicado antes do 
plantio, como é o caso do trifluralin. Quando aplicado após o preparo do solo e incorporado a este 
antes do plantio, diz-se que este herbicida é aplicado em PPI, ou seja, aplicado em pré-plantio e 
incorporado. 
No sistema de plantio direto (cultivo mínimo), alguns herbicidas devem ser aplicados antes do 
plantio. Esses herbicidas normalmente são não-seletivos, não apresentam efeito residual e quase 
sempre são utilizados como dessecantes, visando facilitar o plantio e promover cobertura morta do 
solo; exemplos: glyphosate, sulfosate e paraquat. 
 
7.2.2. Pós-plantio 
São herbicidas que dependendo da atividade sobre as plantas, eles devem ser aplicados em pré 
ou em pós-emergência das culturas ou das plantas daninhas. Quando são absorvidos apenas pelas 
folhas, eles somente devem ser aplicados em pós-emergência das plantas daninhas, pois estes, muitas 
vezes, quando caem no solo, são desativados (adsorvidos). Estes produtos podem, ainda, ser não-
seletivos para a cultura e, neste caso, devem ser aplicados antes da emergência (pré-emergência) desta, 
como é o caso do glyphosate e paraquat aplicados no plantio direto de milho, trigo, feijão, etc. 
Entretanto, se o herbicida é seletivo para a cultura, ele pode ser aplicado em pós-emergência de ambas 
(plantas daninhas e culturas); exemplo: sethoxydim em tomate, feijão e soja. 
No entanto, se o herbicida é absorvido pelas folhas e raízes, a sua aplicação em pré ou pós-
emergência vai depender da tolerância da cultura e, também, das condições nas quais ele apresenta 
melhor desempenho, como é o caso do metribuzin, que pode ser usado em tomate em pré e em pós-
emergência tardia ou após o tranplante. Todavia, na cultura da soja somente pode ser usado empré-
emergência, pois em pós-emergência, até mesmo em subdoses ele é muito tóxico à soja. 
 19 
7.3. - Quanto a translocação 
Os herbicidas podem ser de contato ou sistêmicos. O simples fato de um herbicida entrar em 
contato com a planta não é suficiente para que ele exerça sua ação tóxica. Ele terá necessariamente que 
penetrar no tecido da planta, atingir a célula e posteriormente a organela, onde atuará para que seus 
efeitos possam ser observados. 
Contato: atua próximo ou no local onde ele penetra na planta; exemplos: paraquat, diquat, 
lactofen, etc. 
Sistêmicos: são aqueles que translocam a grandes distâncias na planta, como é o caso de 2,4-D, 
glyphosate, imazethapyr, flazasulfuron, nicosulfuron, etc. 
Herbicidas sistêmicos, translocados via simplasto, quando usados em doses muito elevada, 
podem apresentar ação de contato. Neste caso, a ação do produto pode ser mais rápida, porém com 
efeito final menor, porque a morte rápida do tecido condutor (floema) limita a chegada de dose letal do 
herbicida a algumas estruturas reprodutivas das plantas. 
OBS: o conhecimento acerca dos mecanismos de ação do herbicidas é fundamental para o 
estudo de plantas daninhas resistentes 
 
►Resistência: “é a capacidade herdável de uma planta sobreviver e reproduzir após à exposição a um 
herbicida, que normalmente seria letal para a população original” 
Resistência cruzada: 
 Resistência a diferentes herbicidas que têm o mesmo sítio de ação e/ou mecanismo de ação; 
 Geralmente o mecanismo de resistência é resultante de uma alteração no sítio de ação do herbicida. 
Resistência múltipla: 
 Refere-se a situações nas quais a resistência das plantas acontece em relação a dois ou mais 
mecanismos de ação distintos. 
 Geralmente o mecanismo de resistência é via metabolismo 
 
7.4. - Quanto aos mecanismos de ação 
É interessante que se faça uma distinção entre os termos usados rotineiramente, quando se 
refere a herbicidas: “modo e mecanismo de ação de herbicidas”. “Modo de ação” refere-se à seqüência 
completa de todas as reações que ocorrem desde o contato do produto com a planta até a sua morte ou 
ação final do produto; já a primeira lesão bioquímica ou biofísica que resulta na morte ou ação final do 
produto é considerada “mecanismo de ação”. É importante lembrar que um mesmo herbicida pode 
influenciar vários processos metabólicos na planta, entretanto a primeira lesão que ele causa na planta 
pode caracterizar o seu mecanismo de ação. 
Quanto ao mecanismo de ação, os herbicidas podem ser classificados em: auxínicos, inibidores 
do fotossistema II, inibidores da PROTOX, inibidores do arranjo dos microtúbulos, inibidores do 
fotossistema I, inibidores da ALS, inibidores da EPSPs, inibidores da ACCase, inibidores da síntese de 
carotenóides etc. 
 
7.4.1. - Herbicidas auxínicos ou mimetizadores de auxina 
A classe deste herbicidas é uma das mais importantes em todo o mundo, sendo alguns 
extensivamente utilizados em culturas de arroz, milho, trigo e cana-de-açúcar e em pastagens. 
Historicamente, o 2,4-D e o MCPA são os importantes, porque eles marcaram o início do 
desenvolvimento de nossa indústria química. 
 20 
Os herbicidas auxínicos, quando aplicados em plantas sensíveis, induzem mudanças 
metabólicas e bioquímicas nestas, podendo levá-las à morte. Estudos sugerem que o metabolismo de 
ácidos nucléicos e os aspectos metabólicos da plasticidade da parede celular são seriamente afetados. 
Estes herbicidas induzem intensa proliferação celular em tecidos, causando epinastia de folhas e caule, 
além de interrupção do floema, impedindo o movimento dos fotoassimilados das folhas para o sistema 
radicular. Esse alongamento celular parece estar relacionado com a diminuição do potencial osmótico 
das células, provocado pelo acúmulo de proteínas e, também, mais especificamente, pelo efeito destes 
produtos sobre o afrouxamento das paredes celulares. Essa perda da rigidez das paredes celulares é 
provocada pelo incremento na síntese da enzima celulase. Após aplicações de herbicidas auxínicos, em 
plantas sensíveis, verificam-se rapidamente aumentos significativos da enzima celulase, especialmente 
da Carboximetilcelulase (CMC), notadamente nas raízes. Por esse motivo, as espécies sensíveis têm 
seu sistema radicular rapidamente destruído. Em conseqüência dos efeitos destes herbicidas, verifica-
se crescimento desorganizado que leva estas espécies a sofrer, rapidamente, epinastia das folhas e 
retorcimento do caule, engrossamento das gemas terminais e morte da planta, em poucos dias ou 
semanas. 
 
►Seletividade 
a) Arranjamento do tecido vascular em feixes dispersos, sendo estes protegidos pelo 
esclerênquima em gramíneas (monocotiledôneas). Esta característica especial das 
monocotiledôneas pode prevenir a destruição do floema pelo crescimento desorganizado das 
células, causado pela ação de herbicidas auxínicos. 
b) Aril hidroxilação do 2,4-D para 2,5 dicloro-4 hidroxifenoxiacético e 2,3-D-4-OH, sendo esta a 
principal rota para o metabolismo do 2,4-D. É comum a aril hidroxilação resultar na perda da 
capacidade auxínica destes herbicidas, além de facilitar a sua conjugação com aminoácidos e 
outros constituintes da planta. 
c) Algumas espécies de plantas podem excretar estes herbicidas para o solo através de seu 
sistema radicular (exsudação radicular). 
d) Estádio de desenvolvimento das plantas: arroz e trigo (após o perfilhamento e antes do 
emborrachamento) e milho (4-6 folhas, em aplicação dirigida). 
 
► Grupos químicos e herbicidas 
 
Grupo químico Nome comum Nome comercial 
Ác. Benzóico Dicamba Banvel 
Ác. Carboxílico Fluoxypir-MHE, triclopyr 
Picloram, 
Starane, Garlon, Padron 
Ác. Fenoxicarboxílico 2,4-D Amino, Capri, Deferon, DMA-
806, Esteron, Herbi-D, Tento 
867 
Àc. Quinolino carboxílico quinclorac 
 
 
 
 
 21 
► Medidas para reduzir problemas com a utilização destes herbicidas: 
 
a) Evitar o uso de formulações voláteis, principalmente em aplicações aéreas. 
b) Usar maior tamanho de gotas, se praticável. 
c) Usar baixa pressão para aplicação. 
d) Evitar a aplicação quando o vento estiver em direção às culturas. 
e) Tomar cuidado especial com a lavagem do pulverizador após as aplicações. Usar, além de 
detergente, amoníaco ou carvão ativado. 
 
►Caracterização de alguns herbicidas auxínicos 
 
 
 
 
Ester e ácida: facilmente absorvidas pelas folhas, são mais voláteis e pouca movimentação no solo; 
Sal: rapidamente absorvido pelo sistema radicular, são menos voláteis e mais solúveis podendo lixiviar 
mais facilmente; 
O (2,4-D) foi o primeiro herbicida seletivo descoberto para o controle de plantas daninhas 
latifoliadas anuais e perenes, incluindo arbustos. É recomendado para pastagens, gramados e culturas 
gramíneas (arroz, cana-de-açúcar, milho, trigo etc.). As formulações ésteres e ácidas são prontamente 
absorvidas pelas folhas, e aquelas à base de sal são rapidamente absorvidas pelo sistema radicular das 
plantas. Apresenta persistência curta a média nos solos. Em doses normais, a atividade residual não 
excede a quatro semanas em solos argilosos e clima quente. Em solos secos e frios, a decomposição é 
consideravelmente reduzida. Movimenta-se pelo floema e, ou, xilema, acumulando-se nas regiões 
meristemáticas dos pontos de crescimento. Transloca-se com grande eficiência em plantas com 
elevada atividade metabólica, sendo esta a condição para ótima atividade do produto. Em geral, plantas 
ganham maior tolerância com a idade; entretanto, durante o florescimento, a resistência a estes 
herbicidas hormonais é reduzida. É muito utilizado em misturas com inibidores da fotossíntese na 
culturada cana-de-açúcar, e com glyphosate e sulfosate, para uso no plantio direto e em aplicações 
dirigidas, em lavouras frutíferas e de café. 
 
 Dicamba 
É facilmente translocado pelas plantas via floema e, ou, xilema. Apresenta maior efeito sobre 
dicotiledôneas, sendo recomendado de modo semelhante ao 2,4-D para o controle de plantas em 
culturas de cana-de-açúcar, de milho e trigo e em pastagens. É muito utilizado 
para controlar algumas espécies de dicotiledôneas tolerantes ao 2,4-D, como o 
cipó-de-veado (Polygonum convolvulus L.), comuns em lavouras de trigo, na 
região Sul do Brasil. 
 
 Picloram 
É um produto extremamente ativo sobre dicotiledôneas, sendo muito utilizado em misturas com 
o 2,4-D, formando o Tordon 101 ou Tordon 2,4-D, e também com outros compostos, para controlar 
arbustos e árvores. É fracamente adsorvido pela matéria orgânica ou argila. Apresenta longa 
 2,4-D  Sal ou éster 
 
 
 22 
persistência e fácil mobilidade no solo, podendo se acumular no lençol freático raso, em solos de 
textura arenosa. Também, em razão de sua longa persistência no solo (dois a três anos), pode 
permanecer ativo na matéria orgânica proveniente de pastagens tratadas com este produto (Rodrigues e 
Almeida, 1998). Deve ser observado o período residual para o cultivo de espécies altamente sensíveis 
(videira, fumo, tomate, pimentão, algodão, etc.), que podem apresentar severos 
sintomas de toxicidade, até mesmo quando cultivadas em solos adubados com 
esterco proveniente de pastagens tratadas com picloram e pastoreadas logo após. 
 
7.4.2. - Herbicidas inibidores do fotossistema II 
São de grande importância na agricultura brasileira e mundial, sendo largamente utilizados nas 
culturas de grande interesse econômico, como milho, cana-de-açúcar, soja, fruteiras, hortaliças, entre 
outras. 
o Controlam muitas folhas espécies de folhas largas e algumas gramíneas; 
o São largamente utilizados na cultura do milho, cana-de-açúcar, soja, fruteiras, hortaliças, entre 
outras; 
o Taxa de CO2 declina poucas horas após o tratamento; 
o Podem ser absorvidos via radicular; 
o A velocidade de absorção foliar é diferente para cada produto deste grupo; 
o Apresentam difícil penetração foliar e não são sistêmicos; 
o Translocam basicamente via xilema; 
o Quando utilizados em pós-emergência, necessitam de boa cobertura foliar da planta e, ainda, de 
adição de adjuvantes; 
o O movimento no solo vai de baixo a moderado. A persistência é extremamente variável, podendo 
variar de alguns dias até mais de um ano. 
o O herbicida pode perder seletividade quando misturados com outros herbicidas, inseticidas ou 
fungicidas inibidores da colinesterase. 
 
► Mecanismo de ação 
Os pigmentos, as proteínas, e as outras substâncias químicas envolvidas na reação da 
fotossíntese estão localizados nos cloroplastos. Nas condições normais, sem a interferência de 
inibidores do fotossistemoa II, durante a fase luminosa da fotossíntese, a energia luminosa capturada 
pelos pigmentos (clorofila e carotenóides) é transferida para um “centro de reação” especial (P680), 
gerando um elétron “excitado”. Este elétron é transferido para uma molécula de plastoquinona presa a 
uma membrana do cloroplasto (Qa). A molécula da plastoquinona “Qa” transfere o elétron, por sua 
vez, para uma outra molécula de plastoquinona, chamada “Qb”, também presa na proteína. Quando um 
segundo elétron é transferido para a plastoquinona “Qb”, a quinona reduzida torna-se protonada (dois 
íons de hidrogênio são adicionados), formando uma plastohidroquinona (QbH2), com baixa afinidade 
para se prender na proteína. 
Muitos herbicidas inibidores do fotossistema II (derivados das triazinas, das uréias substituídas, 
dos fenóis, etc.) causam essa inibição prendendo-se na proteína, no sítio onde se prende a 
plastoquinona “Qb”. Essa proteína é chamada D-1, sendo conhecida também como proteína 32 
kilodaltons. Estes herbicidas competem com a plastoquinona “Qb” parcialmente reduzida (QbH) pelo 
sítio na proteína D-1, ocasionando a saída da plastoquinona e interrompendo o fluxo de elétrons entre 
os fotossistemas. 
 
 23 
 
 
 
 
 
► Mecanismo de seletividade 
 Alguns herbicidas deste grupo apresentam seletividade “toponômica” ou seletividade por 
posição. Como exemplo, tem-se a seletividade do diuron para a cultura do algodão. Na realidade, o 
diuron não causa toxicidade à cultura do algodão, porque este produto é muito pouco móvel no perfil 
do solo, não atingindo o local de sua absorção pela planta (sistema radicular). Todavia, se o diuron 
for incorporado mecanicamente ao solo, ou se for aplicado em solo de textura arenosa e com baixo 
teor de matéria orgânica, ele poderá causar severa toxicidade à cultura do algodão, podendo levá-la à 
morte. 
 Absorção diferencial por folhas e raízes - este fato pode ser devido à anatomia e, ou, morfologia 
das folhas e raízes e, também, ao tipo de formulação utilizado, podendo garantir a seletividade de 
determinadas espécies. 
 Translocação diferencial das raízes para as folhas - isto ocorre devido à presença de glândulas 
localizadas nas raízes e ao longo do xilema, que adsorvem estes produtos, impedindo que sejam 
translocados até seus sítios de ação, localizados nos cloroplastos. 
 Metabolismo diferencial - algumas espécies de plantas, em suas raízes ou em outras partes, 
metabolizam as moléculas destes herbicidas, transformando-os rapidamente em produtos não-tóxicos 
para as plantas. Como exemplo, pode-se citar o milho (Zea mays), que apresenta em suas raízes 
elevado teor de benzoxazinona, a qual promove rápida hidroxilação da molécula de atrazine, tornando 
esta cultura tolerante a este herbicida. 
 
►Caracterização de alguns herbicidas inibidores do fotossistema II 
 
♦ Atrazine (triazinas) – Gesaprim, Atrasine Nortox 
o É adsorvido pelos colóides de argila e da matéria orgânica, portanto 
M.º, CTC, pH e textura vão influenciar na dose do produto; 
o Persistência no solo varia de 5 a 12 meses; 
o recomendado principalmente para Milho e Sorgo; 
o pincipalmente dicotiledôneas; 
o Muito usado em pré-emergência com Metolachor formando o 
Primestra; 
o Muito usado em pós-emergência precoce com óleos minerais formando o Primóleo; 
 
♦ Ametryne (triazinas) – Gesapax, Metrimex 
o Recomendado para cana-de-açúcar, banana, café, abacaxi, citros, milho e videira; 
o sua adsorção é muito influenciada pelo pH; 
o controla mono e dicotiledônea; 
o pouco móvel no solo; 
o usado em mistura com 2,4-D (muito bom). 
 
 
 
 
 24 
♦ Prometryne (triazinas) – Gesagard 
o Recomendado para quiabo, aipo, cenoura, alho, salsa, cebola, ervilha . 
o cebola apresenta maior tolerância quando este é aplicado antes do 
transplante; 
o não apresenta seletividade para cebola em semeadura direta. 
 
♦ Metribuisin (triazianas) – Sencor 
o Muito dependente das condições edafoclimáticas para bom funcionamento; 
o quando aplicado em superfície do solo seco e persistir por 7 dias o 
produto é desativado por fotodegradação; 
o não deve ser aplicado em solo arenoso (muito lixiviado); 
o usado em pré-emergência (batata, tomate e soja); 
o pode ser usado em pós-emergência para tomate até 10 dias após 
transplantio das mudas; 
o muito usado em misturas com trifluralin e metalachlor em soja; 
o controla bem dicotiledôneas e algumas gramíneas; 
 
♦ Diuron (uréias) – Diuron 
o Muito adsorvido pelos colóides orgânicos e minerais, sendo sua atividade altamente influenciada 
pelas características físico-químicas do solo; 
o pouco móvel no perfil do solo; 
o Seletividade “toponômica” para algodão; 
o textura arenosa pode atingir o sistema radicular

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