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EA D 3 Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica 1. OBJETIVOS • Conhecer o contexto histórico em que foi amalgamada a ideia de Brasil. • Compreender como este contexto gerou as manifesta- ções artísticas do período colonial até a cristalização da arte acadêmica brasileira. • Identificar as manifestações artísticas no Brasil do “desco- brimento” até o início do século 20. 2. CONTEÚDOS • Introdução: História do Brasil e História da Arte Brasileira colocadas em paralelo. • “Descobrimento” do Brasil. • O início da colonização. • Ciclo da cana-de-açúcar. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira196 • Chegada dos negros – a escravidão no Brasil. • População indígena: a aculturação com o início da cristia- nização pelos jesuítas. • A cultura material indígena: cestaria, cerâmica, arquitetu- ra, pintura corporal e arte plumária. • As invasões francesas. • As invasões holandesas. • Missão Holandesa: Post e Eckhout. • As bandeiras. • Ciclo do Ouro. • Barroco. • Barroco no Brasil: as igrejas – arquitetura, escultura e pin- tura. • Antônio Francisco Lisboa – o Aleijadinho. • A Inconfidência Mineira. • A vinda da corte: o Brasil deixa de ser colônia. • Missão Artística Francesa: o início do ensino institucional de arte no Brasil. • Artistas: Debret e Taunay. • Outros pintores estrangeiros: Rugendas, Spix & Martius, Thomas Ender. • A independência e o império. • Ciclo do Café. • A República Velha. • Arte Acadêmica no Brasil. • Artistas: Victor Meirelles, Zeferino da Costa, Pedro Amé- rico, Almeida Júnior, Benedito Calixto, Henrique Bernar- delli, Pedro Alexandrino, Rodolfo Amoedo, Belmiro de Almeida, Oscar Pereira da Silva, João Batista da Costa, Eliseu Visconti, Georgina de Albuquerque, Rodolfo Cham- belland. Claretiano - Centro Universitário 197© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Sua formação é essencial, pois ela determinará posturas e escolhas no desenvolvimento da sua atividade profis- sional. Invista em você! Faça da pesquisa e da interação com seus colegas de curso e tutor hábitos que poderão ajudá-lo a ampliar e aprofundar seus conhecimentos. 2) Para discutir e analisar os conteúdos estudados nesta unidade com profundidade, não se contente apenas com os conteúdos aqui tratados, procure consultar sites, ler obras, entrevistas em jornais e revistas que tratem do assunto. 3) Além dos conteúdos apresentados neste Caderno de Referência de Conteúdo, procure aprofundar seus co- nhecimentos lendo a bibliografia básica indicada e pes- quisando sobre o tema em sites confiáveis. A autonomia do aluno EaD favorece a busca de novas descobertas e ressignificações. 4) Para complementar o estudo desta unidade, listamos, a seguir, vários filmes, para que você aprofunde seu arca- bouço teórico e cultural. • Desmundo (2003): filme interessantíssimo que abor- da os primeiros anos da colonização do Brasil dirigido pelo brasileiro Alain Fresnot. A história trata de uma órfã que é importada para o Brasil para se casar com um dono de terras que vive por aqui, sem nunca tê-lo visto. A prática era muito comum na época e se devia a, no início, praticamente não haver mulheres bran- cas (europeias) no Brasil, só índias. Muitos europeus formavam famílias com índias, mas fazia-se também questão de trazer mulheres brancas para povoar a terra. O filme é falado no português da época, o que torna as falas difíceis de serem compreendidas e © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira198 obriga a utilização de legendas. • Amistad (1997): filme de Steven Spielberg que repre- senta uma das facetas dos horrores da escravidão (no caso, o embarque de escravos negros da África para a América). O filme mostra escravos chegando aos EUA, mas a situação, especialmente dentro dos navios negreiros, era similar àquela sofrida pelos es- cravos trazidos para o Brasil. • Hans Staden (1999): filme que conta sobre o viajan- te alemão Hans Staden (1525-1579), que foi preso por tupinambás antropófagos do litoral paulista em meados do século 16. Conseguindo escapar, Staden voltou à Europa e escreveu um livro de enorme su- cesso relatando as suas experiências e os costumes dos índios. • Anchieta José do Brasil (1977): relançado em DVD em 2007, é uma cinebiografia do Padre Anchieta, in- terpretada por Ney Latorraca. • O Aleijadinho (2000): cinebiografia do artista mineiro interpretada pelo ator Maurício Gonçalves. • Os Inconfidentes (1972): filme do cineasta brasileiro Joaquim Pedro de Andrade, lançado em DVD pela Vi- deofilmes, que trata da Inconfidência Mineira. 5) Antes de iniciar os estudos desta unidade, pode ser inte- ressante conhecer um pouco da biografia de alguns líde- res que serão abordados nesta unidade. Pedro Álvares Cabral (1467 ou 1468 – c. 1520) Foi um fi dalgo (pessoa de origem nobre) português que comandou a segunda viagem rumo às Índias (a primeira fora comandada por Vasco da Gama, em 1498). Nesta viagem, “descobriu” o Brasil e anexou-o ao domínio português. Manuel da Nóbrega (1517-1570) Padre português, foi o líder da primeira missão jesuíta no Brasil. Ficou por aqui até o fi m da sua vida. Claretiano - Centro Universitário 199© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica José de Anchieta (1527-1597) O jesuíta espanhol chegou ao Brasil em 1553. Tornou-se um dos mais importan- tes personagens da História do Brasil, principalmente devido à sua atuação junto aos índios e, entre outros fatores, por ter sido um dos fundadores da cidade de São Paulo, em 1554. Há pouco tempo, foi beatifi cado pelo Papa João Paulo II. Maurício de Nassau (1604-1679) Grande administrador, humanista e amigo das artes, o nobre holandês foi res- ponsável por grandes melhorias urbanísticas em Recife e Olinda e pela Missão Artística Holandesa. Napoleão Bonaparte (1769-1821) General e político habilidosíssimo, subiu ao poder na França nos últimos anos da Revolução Francesa, passando a comandar o país a partir de 1799 e ocupando a posição de “imperador” de 1804 a 1814. Napoleão invadiu grande parte da Europa até sofrer uma grande derrota militar na campanha contra a Rússia Czarista, em 1812. Depois disso, seu exército e, consequentemente, seu poder enfraqueceram, algo que fê-lo ser exilado na Ilha de Elba em 1814, de onde fugiu retomando temporariamente o poder na Fran- ça até sua grande derrota contra os chamados “aliados” (ingleses, austríacos e prussianos, entre outros) na famosa Batalha de Waterloo. Dom João VI (1767-1826) Foi Rei de Portugal de 1816 até a data de sua morte. Era fi lho de Dona Maria I (“a louca”), a rainha portuguesa que se celebrizou, entre diversos outros fatos, por reprimir com “mão de ferro” a Inconfi dência Mineira. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Nesta terceira unidade do Caderno de Referência de Conteú- do de História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira, vamos finalmente começar a abordar a arte brasileira. Para isso, mudaremos excepcionalmente a maneira de tratar nosso tema: ao invés de primeiro termos um panorama histórico do período em questão e, depois, tratarmos só da história da arte, nesta unidade história e história da arte virão misturadas e inter- caladas no texto como não acontecera até então. Tal maneira de abordar o período que vai do “descobrimen- to”, em 1500, até o início do século 20 (com o advento do Mo- dernismo, que veremos na próxima unidade) pareceu-nos mais © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira200 adequada devido à grande complexidade que há em se definir as fronteiras entre arte e história e entre “brasileiro” e “estrangeiro” no Brasil colônia. Em primeiro lugar, pode-se dizer que até achegada do Bar- roco por aqui, no século 17, não é possível falar em “arte brasilei- ra”, com exceção feita à arte indígena, ou seja, àquela realizada pelos primeiros habitantes do Brasil, os índios. Em segundo lugar, a própria ideia de Brasil como nação só surgiu há pouco mais de duzentos anos, já que o que havia antes não era um país, mas sim uma colônia do Reino Português. Isso faz que arte e história, “brasileiro” e “não brasileiro” se misturem a tal ponto no período tratado neste texto que se torna melhor abordar tudo simultaneamente, assim abarcando melhor a complexidade da questão. Iremos, portanto, como já foi dito, do “descobrimento” até o início do século 20. Passaremos pela arte indígena, pelas mis- sões holandesa, francesa e austríaca e pelo estabelecimento da arte acadêmica no Brasil, tudo isso intercalado com muita História. “Descubramos”, então, o Brasil! Mãos à obra! 5. A “DESCOBERTA” No dia 9 de março de 1500 partia de Lisboa uma frota de caravelas com cerca de 1500 homens sob o comando de Pedro Álvares Cabral. No dia 22 de abril, avistaram uma terra desconhe- cida que foi batizada primeiramente de Ilha de Vera Cruz e, depois, quando os portugueses perceberam tratar-se de terras continen- tais, Terra de Santa Cruz. O nome “Brasil” começou a ser usado como apelido, quando se percebeu haver grande abundância de pau-brasil por aqui e, aos poucos, foi sendo adotado oficialmente. Vejamos na Figura 1 uma ilustração de caravela portuguesa. Claretiano - Centro Universitário 201© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica Figura 1 Ilustração de caravela portuguesa. Quando alguns portugueses desembarcaram em terra firme, travaram os primeiros contatos com cerca de vinte índios. A popu- lação indígena que encontraram era de Tupis. Suas tribos dividiam- -se em aldeias, cada uma das aldeias formada por um número de quatro a sete malocas dispostas em torno de uma praça retangular (Figura 2). Figura 2 Imagem de aldeia. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira202 No dia 26 de abril de 1500, foi celebrada a primeira missa, diante de uma pequena cruz de ferro que tinha sido trazida com a frota. No dia 1º de maio, foi realizada uma segunda missa, desta vez diante de uma grande cruz de madeira construída com o auxí- lio dos índios. Calcula-se que cerca de cento e cinquenta indígenas assistiram à missa (Figura 3). Figura 3 Célebre quadro de Victor Meireles representando a primeira missa no Brasil (o quadro parece, no entanto, ater-se à representação do que, segundo os relatos históricos, teria sido a segunda missa), 1860, 270 x 357 cm. No dia seguinte, um navio foi despachado para Lisboa com as notícias do “descobrimento”, enquanto o resto da esquadra se- guia viagem rumo ao oriente. Contudo, ficaram em terras brasilei- ras dois homens degredados, que deveriam servir de contato e de informantes aos portugueses que chegassem no futuro. Também ficaram em terra mais dois marinheiros que tinham desertado da frota devido ao encanto da beleza das mulheres indígenas. Claretiano - Centro Universitário 203© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica Algum tempo depois, já foi oficializado o território sul-ameri- cano a oeste do Tratado de Tordesilhas como território português, e logo o rei de Portugal já outorgava licenças permitindo que se instalassem na costa brasileira feitorias de onde o pau-brasil seria expedido para Portugal. A primeira feitoria foi a de Pernambuco, criada em 1516. 6. A COLONIZAÇÃO Primeira fase: 1500-1534 A primeira fase da colonização foi concentrada no reconhe- cimento e na exploração da costa do Brasil. Em 1530, por exemplo, uma expedição comandada por Martim Afonso de Souza (1500- 1571) percorreu a costa brasileira e fundou a primeira vila brasilei- ra em São Vicente (hoje contígua de Santos). Segunda fase: a ocupação A segunda fase teve início com o regime de Capitanias Here- ditárias (Figura 4). As capitanias de Pernambuco e de São Vicente foram as que mais prosperaram. Em Pernambuco, além da extra- ção de pau-brasil, foi introduzida a cultura da cana-de-açúcar que, como veremos, seria a base da economia da colônia por um bom tempo. São Vicente teve na captura de índios e mais tarde na bus- ca de metais preciosos as suas atividades mais importantes. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira204 Figura 4 Mapa das Capitanias Hereditárias. Claretiano - Centro Universitário 205© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica Terceira fase: sistema de Governo-Geral Em 1548, a Coroa Portuguesa criou no Brasil o sistema de Governo-Geral, colocando o poder sob a autoridade de um go- vernador que residiria na capital do Brasil: na ocasião, Salvador. Nesta época, além da cana-de-açúcar, o algodão, o gado e o fumo somaram-se aos recursos agrícolas aqui produzidos. A cana-de-açúcar A economia do Brasil colônia caracterizou-se fortemente por ciclos econômicos que duravam décadas, nos quais um único pro- duto formava a base de toda a renda aqui conseguida pela metró- pole portuguesa. O primeiro ciclo foi o do pau-brasil, no qual quantidades gi- gantescas da árvore eram extraídas do litoral brasileiro. O segundo foi o da cana-de-açúcar. No século 16, o açúcar era um dos produtos mais valorizados no mercado internacional. Pensando nisso, os portugueses insta- laram enormes plantações em diversas áreas do litoral nordestino, construindo também engenhos (Figura 5). Figura 5 Engenho de cana, Henry Coster, século 19. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira206 O açúcar brasileiro “inundou” então o mercado internacio- nal, proporcionando enormes lucros a Portugal. Tal ciclo durou até meados do século 17, quando os holandeses passaram a plantar cana em suas colônias e a representar forte concorrência aos por- tugueses. A população de origem africana Cerca de cinquenta anos após o “descobrimento”, começa- ram a ser trazidos ao Brasil em grande número escravos negros africanos. Por volta de 1570, a cultura de cana-de-açúcar já estava bem desenvolvida, e este desenvolvimento só foi possível devido à maciça importação de mão de obra escrava. O número de escra- vos trazidos ao Brasil entre as décadas de 1500 e 1850 é calculado em mais de 3 milhões e meio, o que formou, assentada no horror da escravidão (Figura 6), uma das bases mais ricas e complexas da nossa população e cultura. Figura 6 O horror da Escravidão: obra de Jean-Baptiste Debret mostrando feitor castigando escravo, século 19. Claretiano - Centro Universitário 207© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica 7. A POPULAÇÃO INDÍGENA Na ocasião do “descobrimento” do Brasil, o primeiro contato entre portugueses e indígenas foi amistoso. No entanto, quando os portugueses começaram a se apossar da terra e escravizar os ín- dios, a situação começou a mudar. Tendo uma cultura própria com ordem social e padrões religiosos estabelecidos, além de práticas consideradas absolutamente bárbaras e brutais pelos europeus, tais como o canibalismo ritual, algumas tribos rebelaram-se e ou- tras entregaram-se ou fugiram para o interior. Observe na Figura 7 o relato de Hans Staden sobre o canibalismo. Figura 7 Gravura europeia do século 16 ilustrando o relato de Hans Staden (que aparece de barba, no topo da imagem). Um dos meios encontrados pelos portugueses para lidar com os indígenas foi a catequização, realizada pelos jesuítas. Um dos maiores líderes deste processo foi o padre Manuel da Nóbre- ga, que chegou ao Brasil em 1549. Há, também, outros nomes no- táveis, como o de José de Anchieta (Figura 8). © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira208 Reforma e Contrarreforma ––––––––––––––––––––––––––––– No século 16, ocorreu a chamada “Reforma” religiosa na Europa, lideradapor clérigos e teólogos oriundos da própria Igreja Católica, mas que discordavam dos caminhos políticos e mesmo teológicos que esta vinha tomando havia séculos. A Reforma gerou as religiões “protestantes”, “braços” do Cristianismo que foram adotados especialmente no norte da Europa. Já a Contrarreforma foi a reação da Igreja Católica a este processo. Elaborada entre 1545 e 1563, tomava novas diretrizes políticas e práticas para a manuten- ção do poderio do Papado: entre essas medidas, estavam a reorganização da Inquisição (que combatia os “hereges”), o estabelecimento de uma espécie de comissão de censura que avaliaria o que deveria ou não ser lido pelos católicos e a criação da Ordem dos Jesuítas. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Figura 8 Evangelho nas Selvas (Padre Anchieta), Benedito Calixto, 1893, 58,5 x 70 cm. Cultura material e arte dos índios Para entendermos a arte e a cultura indígenas, que permea- ram a formação do que hoje conhecemos como a “nossa” cultura, precisamos, inicialmente, saber que, para os índios, não há exata- mente separação entre cultura material e arte, entre funcionalida- de e estética. Assim, para um índio, não há “obra de arte” como há Claretiano - Centro Universitário 209© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica para nós, mas cada um de seus objetos e utensílios – por exemplo: flechas, cestas, cerâmicas – são vistos como sendo ao mesmo tem- po úteis e “artísticos”. No que diz respeito especi- ficamente à cestaria indígena (Fi- gura 9), podemos defini-la como o conjunto de objetos, geralmente chamados de “cestas”, obtidos por meio do trançado de elementos ve- getais, e usados para diversos fins. Entre estes fins, podemos citar: pe- neirar, coar, armazenar, transportar e guardar coisas, entre outros. Em algumas sociedades indígenas, a confecção da cestaria é responsabilidade de ambos os sexos, en- quanto em outras é exclusivamente masculina ou feminina. Outros itens a serem destacados na cultura material indíge- na são as peças de cerâmica. Realizadas manualmente, as peças são na maioria dos casos confeccionadas a partir de roletes de ar- gila moldados com o auxílio de instrumentos rústicos. Há, em mui- tos casos, também a pintura da superfície das peças com pincéis feitos de penas de aves, por exemplo. Nas sociedades indígenas brasileiras, a confecção da cerâmi- ca é geralmente atribuição das mu- lheres. São produzidos vários tipos de objetos: potes, panelas, instru- mentos musicais, objetos de ador- no etc. Os estilos das peças mudam bastante de cultura para cultura indígena. Não se pode deixar de destacar, entretanto, exemplos fa- mosos tais como o da cerâmica ma- rajoara (Figura 10). Figura 9 Exemplos de cestaria indígena. Figura 10 Peça de cerâmica Marajoara. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira210 Passando à arquitetura, não podemos deixar de dizer que pra- ticamente a sua única função entre os indígenas brasileiros era, e é, a confecção de moradias e, mesmo assim, moradias em que não há a preocupação de grande durabilidade, podendo-se facilmente construir novamente quando uma moradia antiga já se encontra deteriorada. A grande unidade arquitetural indígena é a oca (Figura 11). As ocas são grandes construções destinadas a abrigar várias famí- lias, entre 300 e 400 pessoas. Sustentadas com varas, com telha- dos de palha e folhas, duram no máximo cinco anos. No interior das construções não há divisões, o que reflete bem o modo co- munal de vida dos índios. Em cada aldeia ou taba, há de quatro a dez ocas, construídas em torno de uma praça central chamada de ocara. Figura 11 Exemplo de oca. Não se pode deixar de citar também como elementos centrais da cultura indígena a pintura corpo- ral e a arte plumária. A pintura cor- poral (Figura 12), realizada por meio de produtos derivados de matérias- -primas como o urucum, entre ou- tras, tem função ritualística, além de ornamental, por ser parte das tradições relativas à caça, à pesca, à guerra etc. Já a arte plumária (Figu- ra 13), nos chamados cocares, por exemplo, tem, além de função orna- mental, o papel de indicar a posição social do indivíduo que utiliza deter- minadas peças dentro da aldeia. Figura 12 Exemplo de pintura corporal indígena. Claretiano - Centro Universitário 211© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica Figura 13 Exemplos da arte plumária indígena. 8. AS INVASÕES Em 1555 ocorreu a invasão da Baía de Guanabara pelos fran- ceses, que foram expulsos somente cinco anos mais tarde, em 1560. De qualquer forma, durante os séculos 16 e 17 foi forte a presença francesa no Brasil. Apoiados pelos índios tupinambás, os franceses mantiveram vários focos de luta contra os portugueses, apoiados por outras nações indígenas, tais como os tupiniquins. Em 1580, as Coroas de Portugal e Espanha foram unidas, assim permanecendo durante sessenta anos. Como não houve centralização política nem territorial, os dois reinos mantiveram as suas legislações e colônias separadas. Porém, como resultado, o Brasil passou a ser atacado também pelos países inimigos da Espa- nha, tais como a Inglaterra e a Holanda. Invasões holandesas (1624-1654) Os holandeses já frequentavam as terras brasileiras desde o século 16, mas foi apenas em 1624, com a intenção de fazer da Bahia o ponto de partida para outras terras da América, que © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira212 realizaram ataques a esta região. Voltaram a atacar em 1627, não conseguindo, no entanto, conquistar a cidade. Atacaram, então, Olinda e Recife, que se tornaram, em 1632, domínio da Holanda. A chegada de Maurício de Nassau a Pernambuco, em 1637, deu um novo impulso à região. Nassau revelou-se hábil administrador e estadista. Urbanizou Recife e restaurou Olinda, que havia sido incen- diada e destruída. Trouxe, também, uma missão política e cultural na qual se encontravam os pintores Frans Post e Albert Eckhout. Depois da partida de Maurício de Nassau, em 1644, começou a rebelião con- tra os holandeses, que foram derrotados em 1654. Missão Holandesa: Post e Eckhout Alguns dos primeiros registros de paisagens e habitantes do Brasil feitos com real qualidade histórica, técnica e artística encon- tram-se nas obras realizadas por Frans Post (Figuras 14 e 15) e Al- bert Eckhout. Frans Post (1612-1680) foi um grande paisagista. Sua obra pode ser dividida em três períodos: antes, durante e depois da per- manência no Brasil. Na sua fase brasileira, aparece o impacto que o artista provavelmente passou quando se defrontou com a luminosi- dade e com a vegetação tropicais. Figura 14 Frans Post, Fazenda de açúcar. Claretiano - Centro Universitário 213© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica Figura 15 Frans Post, Cachoeira de Paulo Afonso, 1649, 58,5 x 46 cm. Já Albert Eckhout (1610-1666) foi um pintor especializado em naturezas-mortas e representações de tipos. Ficando no Brasil de 1637 a 1644, foi responsável por obras de grande qualidade estética e fundamental importância histórica como documentação imagética de tipos brasileiros da época. Observe o estilo de Albert Eckhout nas Figuras 16 e 17. Figura 16 Albert Eckhout, Dança Tapuia, 1641-1644, 295 x 172 cm. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira214 Figura 17 Albert Eckhout, Negra, 265 x 173 cm. Claretiano - Centro Universitário 215© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica 9. AS BANDEIRAS Foram organizadas, do início do século 17 até o século 18, várias expedições ao interior do Brasil conhecidas como “Bandei- ras”, que vieram a ser as maiores responsáveis pela expansão ter- ritorial do país. Essas expedições tiveram vários objetivos, entre eles: a exploração de terras brasileiras para seu melhor conheci-mento; a captura de índios para serem usados como mão de obra escrava (o que colocava os bandeirantes (Figura 18) em conflito com os jesuítas, que defendiam a manutenção da liberdade dos índios, mesmo promovendo a aculturação e perda de identidades indígenas decorrentes da “cristianização” que realizavam); e a pro- cura de metais e pedras preciosas. Figura 18 Ilustração de bandeirantes em seus trajes mais costumeiros, Ivan Wasth Rodrigues. A procura por metais preciosos realmente “vingou” no final do século 17, quando, na região que ficou conhecida como Mi- nas Gerais, foram descobertas enormes jazidas minerais, entre as quais algumas das maiores jazidas de ouro vistas até então. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira216 10. O CICLO DO OURO O Ciclo do Ouro foi um dos ciclos econômicos do Brasil colônia, seguindo-se à extração do Pau-brasil e ao Ciclo da Cana-de-açúcar. No final do século 17, a cana-de-açúcar produzida no Bra- sil começou a perder espaço no mercado internacional, devido à produção nas colônias holandesas e em outras partes do mundo. Com isso, o litoral nordestino, primeira região a se desenvolver no Brasil, entrou em declínio, e a Coroa Portuguesa passou a procurar novas fontes de renda. Os bandeirantes começaram então a descobrir ouro no inte- rior do Brasil, principalmente no estado que passaria a ser conheci- do como Minas Gerais, na região de Ouro Preto. O que se viu então foi uma verdadeira “corrida do ouro”. Em poucos anos, as áreas das jazidas de ouro foram povoadas e em 1720 a cidade de Vila Rica, atual Ouro Preto, já era capital da província de Minas Gerais. O centro econômico brasileiro deslocou-se então do nordes- te para o sudeste, e este foi o motivo para a mudança da capital do Brasil de Salvador para o Rio de Janeiro em 1763. O Ciclo do Ouro durou até as primeiras décadas do século 19 e foi a principal fonte de renda da Coroa Portuguesa durante sua vigência. É difícil realizar uma estimativa precisa de quanto ouro foi retirado das Minas Gerais no período, mas pode-se afirmar ter passado de 2 mil toneladas (2 milhões de quilos). 11. BARROCO A partir dos desenvolvimentos promovidos pela renda oriun- da da extração do ouro, surgiu o primeiro movimento artístico de real relevância na cultura da colônia: o Barroco, “importado” da Europa, mas que, por aqui, acabou adquirindo algumas caracte- rísticas próprias, aparecendo especialmente na arte sacra, a única área artística em que se permitia o investimento de parte dos re- cursos oriundos do ouro. Claretiano - Centro Universitário 217© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica Podemos definir a estética barroca como aquela que, fruto de um turbulento contexto político-religioso dominado, nos países católicos, pela Contrarreforma, busca o movimento real, na arqui- tetura, ou sugerido, escultura e pintura – personagens retratados durante ações, a representação do infinito, o teatral e o fabuloso como formas de, na arte sacra, fascinar e atrair as pessoas para a fé católica. Obseve na Figura 19 um exemplo de obra barroca. Figura 19 Exemplo de obra barroca: A descida da cruz, Peter Paul Rubens, 1611-1614, 420 X 31 cm, Catedral de Antuérpia, Bélgica. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira218 O Barroco chegou ao Brasil aproximadamente um século de- pois de seu surgimento na Itália, atingindo seu auge no Nordeste brasileiro na segunda metade do século 17 e, em Minas Gerais, no século 18. O Barroco brasileiro manifesta-se com maior riqueza na ar- quitetura, especialmente das Igrejas, e nas esculturas, muitas ve- zes destinadas ao interior das igrejas (Figuras 21 e 22) ou presentes como entalhes em altares (Figura 20) ou outras partes do interior dos templos. Figura 20 Exemplo de entalhe barroco: interior da Igreja de São Bento (século 18), em Olinda (PE). Claretiano - Centro Universitário 219© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica Figura 21 Interior da Igreja de São Francisco (século 18), em Salvador (BA). Figura 22 Interior da Igreja de Nossa Senhora do Pilar (século 18), em São João Del Rei (MG). Não se pode “definir” com exatidão um ou alguns estilos muito separados e estanques na arquitetura barroca brasileira, já que, por muitos motivos, es- pecialmente econômicos, várias das nossas igrejas barrocas (Figu- ra 23) demoraram décadas para serem concluídas, apresentando características de vários “subesti- los”. Assim, passando pelas mãos de vários arquitetos e por “mo- das” estilísticas que se sucediam, muitas das nossas igrejas podem ter seus estilos verdadeiramente chamados de “ecléticos”, dentro de uma esfera barroca, é claro. Figura 23 Igreja do Rosário dos Pretos (início do século 18), em Salvador (BA). © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira220 Devemos, entretanto, ressal- tar que enquanto nas cidades lito- râneas, tais como Salvador e Rio de Janeiro, a proximidade do mar per- mitia a construção de igrejas em estilo mais próximo do europeu e, principalmente, com materiais tra- zidos da Europa, em Minas Gerais, o relativo isolamento geográfico permitiu não apenas a utilização de matérias-primas locais, como também o surgimento de um estilo mais original. Vejamos na Figura 24 a Igreja de São Francisco de Assis, construída no século 18, uma das igrejas mais exuberantes de Ouro Preto, Minas Gerais. A escultura barroca brasileira, que como vimos na definição de Barroco, apresentava figuras em movimentos “congelados”, ações ou mesmo expressões dramáticas, foi fortemente influen- ciada pela escultura barroca portuguesa, e peças importadas da Europa ocupavam os altares e as casas de famílias ricas ao lado de peças produzidas no Brasil. Aqui, até certa altura, foram produ- zidas peças, especialmente em madeira, com um acabamento e refinamento piores do que os das peças europeias. Com a prospe- ridade oriunda do ouro, porém, este cenário foi mudando. Na pintura, obras mais ligadas ao que hoje se chamaria de naïf também conviviam com outras realizadas segundo técnicas e erudição maiores. Houve, entretanto, nomes de grande destaque, como o de Manuel da Costa Ataíde (1762-1830), responsável por belíssimas pinturas em várias das mais importantes igrejas barro- cas mineiras (Figura 25). Figura 24 Igreja de São Francisco de Assis, (século 18), em Ouro Preto (MG), com projeto de Antônio Francisco Lisboa (o Aleijadinho). Claretiano - Centro Universitário 221© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica Figura 25 Pintura no teto da Igreja de São Francisco de Assis, (século 18), em Ouro Preto (MG), Manuel da Costa Ataíde. De qualquer forma, não se pode deixar de dizer que o gran- de nome do Barroco brasileiro foi, sem dúvida, Antônio Francisco Lisboa, o “Aleijadinho”. Isto, tanto na arquitetura quanto na escul- tura. Passemos, então, a ele. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira222 Aleijadinho Antônio Francisco Lisboa (1738-1814) era filho bastardo de Manoel Francisco Lisboa, um dos artistas mais requisitados de Mi- nas Gerais no século 18, especialmente para obras arquiteturais, com uma mulher negra, ou seja, ele era mulato. Apesar disso, re- cebeu o nome do pai e cresceu a seu lado aprendendo seus ofí- cios. O apelido de “Aleijadinho” deveu-se a uma doença degenera- tiva que, no decorrer da vida do artista, foi lhe limitando os movimentos até obrigá-lo a trabalhar em condições absurdamente adversas, por exemplo, com as ferramentas amarradas aos braços (já que os movimentos das mãos foram se perdendo, assim como os das pernas). A primeira obra de Aleijadi- nho foi um busto que ornamenta um chafariz em Ouro Preto, reali- zado em 1761. A partir de então, o artista teve intensa participação em obras encomendadasa seu pai. Após a morte deste, continuou sen- do muito requisitado para o proje- to de igrejas, oratórios, chafarizes, retábulos, ornamentação de facha- das, sacristias e imagens. Boa parte de seus trabalhos foi executado em pedra-sabão (introduzida por ele na arquitetura). Possuía um estilo mar- cante que o diferenciava dos de ou- tros mestres do seu tempo. Observe o estilo de Aleijadinho na Figura 26. Todos os trabalhos desse artista e, em particular, as escultu- ras são de uma grande força expressiva. Podemos destacar, entre muitas de suas obras, o genial conjunto escultórico de Congonhas do Campo (Figura 27), composto pelas esculturas dos profetas bí- blicos na escadaria em frente à Igreja do Santuário de Bom Jesus Figura 26 Nossa Senhora das Dores, Aleijadinho. Claretiano - Centro Universitário 223© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica de Matosinhos (Figura 28) e por sessenta e quatro esculturas de madeira que se encontram em cinco capelas que marcam os pas- sos da Paixão de Cristo. Figura 27 Dois profetas de Aleijadinho no Santuário de Congonhas do Campo, 1795-1805. Figura 28 Cristo carregando a cruz, escultura de Aleijadinho em uma das capelas dos Passos da Paixão no Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo, 1796-1799. A Inconfidência Mineira O Ciclo do Ouro permitiu pela primeira vez o surgimento no Brasil de uma elite urbana, relativamente “esclarecida” em assuntos econômicos, políticos e culturais, e que não necessariamente tinha interesses coincidentes com os dos colonizadores portugueses. Tal elite pôde, devido à sua prosperidade, “ilustrar-se” (com bibliotecas, filhos indo estudar nas melhores universidades da Europa etc.) e ter contato com o que de mais moderno havia no mundo em termos de pensamentos e ideologias, absorvendo, por exemplo, ideias como as do Iluminismo, que desembocariam na Europa em movimentos como a Revolução Francesa, por exemplo. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira224 E foi exatamente no seio desta elite que surgiu o primeiro movimento que defendia a independência em relação a Portugal: a Inconfidência Mineira. Liderada por alguns dos mais célebres membros da elite mineira do final do século 18, a Inconfidência teve como seu principal motivo deflagrador a enorme quantidade de ouro levado para Portugal do Brasil na forma de impostos. Tal cenário ia evidentemente contra os interesses da “recém- -nascida” elite mineira. Esta colocou, então, em prática algumas das ideias recém-adquiridas oriundas da Europa e organizou um movimento de revolta contra Portugal. Tal movimento, entretan- to, em muitos aspectos era revolucionário apenas na aparência, pretendendo a independência do Brasil enquanto nação, mas de- fendendo a manutenção de um status quo social de grande desi- gualdade entre as classes e, inclusive, a manutenção de horrores tais como a escravatura. A revolta foi esmagada por Portugal e seus líderes punidos na maioria dos casos com o exílio. Destacou-se neste episódio his- tórico, entretanto, um personagem que para muitos historiadores foi apenas um “bode expiatório” usado pela elite mineira e pela Coroa Portuguesa como exemplo de punição, mas que acabou se tornando um dos grandes heróis da História do Brasil: o alferes Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792), o “Tiradentes”. Militar e dentista que, por ser o inconfidente de pior condi- ção social, foi o único condenado à morte por enforcamento. Ti- radentes cumpriu o papel de mártir da Inconfidência, tendo seu corpo sido esquartejado e espalhado pelos caminhos que levavam a Vila Rica para “servir de exemplo” a possíveis revoltosos. Tiradentes esquartejado –––––––––––––––––––––––––––––– A obra Tiradentes esquartejado (Figuras 29 e 30), do artista acadêmico brasileiro Pedro Américo, que abordaremos mais adiante, é um ótimo exemplo de como uma composição pictórica tradicional é construída segundo um geometrismo muito bem defi nido que pode, ainda, conter símbolos ou “mensagens sublimina- res”. Repare como na obra os pedaços do corpo de Tiradentes, o primeiro herói a defender a ideia de um Brasil independente, formam o mapa do país – o que sintetiza em imagem todo um conceito de “nação”. Claretiano - Centro Universitário 225© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica Figura 29 Tiradentes esquartejado, Pedro Américo, 1893. Figura 30 Esquema mostrando a “mensagem subliminar” da obra Tiradentes esquartejado. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 12. A VINDA DA CORTE No início do século 19, a Europa vivia a efervescência das guerras promovidas por Napoleão Bonaparte. Neste contexto, os exércitos de Napoleão invadiram Portugal em 1807. O então futu- ro rei de Portugal Dom João decidiu partir para o Rio de Janeiro com sua corte, grande parte do funcionalismo de alto escalão e uma comitiva de cerca de 15 mil pessoas, em cerca de 20 navios. Ou seja: já que Napoleão invadia Portugal, ele simplesmente “mu- dou de Portugal” para o Brasil (Figura 31). Isto, evidentemente, só não disse respeito ao povo português, que teve, este sim, que enfrentar o domínio francês nos anos que se seguiram. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira226 Depois de uma escala em Salvador, a Família Real chegou ao Rio de Janeiro em 7 de março de 1808. Isto fez que o Brasil, até então uma colônia, passasse por um revolucionário e rapidíssimo processo de modernização política, econômica e cultural. Figura 31 A chegada de Dom João VI à Bahia, Cândido Portinari, 1952, 381 x 580 cm. Entre os desdobramentos desta modernização, estiveram enormes melhorias urbanísticas em algumas importantes cidades, principalmente na capital, o Rio de Janeiro, e outros, tais como a criação do Banco do Brasil; permissão à imprensa, até então proi- bida por aqui; e a criação de importantes instituições educacio- nais. Outro dos grandes desdobramentos foi a vinda da Missão Artística Francesa, que “refundaria” as bases da arte brasileira a partir de então. 13. MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA A Missão Artística Francesa foi uma comitiva de artistas, pro- fessores e especialistas franceses que, chefiada pelo museólogo, crítico e estudioso Joaquim Le Breton (1760-1815), trouxe para o Claretiano - Centro Universitário 227© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica Brasil a mando de Dom João VI o sistema francês de ensino aca- dêmico de artes. Uma das consequências disso foi a criação, em 1816, da Escola Real de Ciências e Ofícios, e em 1820, da Academia e Escola Real de Artes, hoje Escola Nacional de Belas Artes. Assim, foi por meio da Missão Francesa que o Brasil teve pela primeira vez acesso ao ensino institucionalizado de arte, aces- so que, por conseguinte, se estendeu também às regras, normas e cânones artísticos que configuravam o que era chamado de “Aca- demicismo”, que finalmente chegava ao Brasil. Entre os artistas que vieram com a Missão Francesa estavam Nicolas-Antoine Taunay e Jean- Baptiste Debret. A seguir, vejamos sobre cada um deles. Jean- Baptiste Debret Jean-Baptiste Debret (1768-1848) chegou ao Brasil em 1816, como um artista já relativamente reconhecido no meio acadêmico francês. Aqui, foi o principal nome da Missão Francesa. Durante sua permanência no Brasil, entre 1816 e 1831, De- bret elaborou obras que apresentam uma forte narrativa. Com grande qualidade artística e noção da arte como documento his- tórico, procurava utilizar nas cenas que representava um ponto de vista que faz imaginar a presença do artista no momento da ocorrência da cena, o que confere veracidade à obra. Observe nas Figuras 32 e 33 duas obras de Debret. Não se pode também deixar de salientar o papel de Debret no estabelecimento do ensino de arte e na criação de uma ativi- dade artísticaregular no Brasil. Por exemplo, deve-se a ele a rea- lização das duas primeiras exposições de Belas Artes no país, em 1829 e 1830, nas quais foram reunidas trabalhos dos professores e alunos da Academia. O artista retornou à Europa em 1831. Ali publicou entre 1834 e 1839, reunindo as observações e os desenhos que fez durante sua estada no Brasil, a sua Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, em três volumes. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira228 Figura 32 Chefe Camacan se preparando para uma festa, Debret, 1820-30, 18,6 x 29,3 cm. Figura 33 Índios atravessando um riacho (o caçador de escravos), Debret, 1820-1830, 80 x 112 cm. Claretiano - Centro Universitário 229© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica Nicolas-Antoine Taunay Nicolas-Antoine Taunay (1755-1830) foi outro importante ar- tista da Missão Francesa. Tendo ocupado um papel de certo desta- que no meio acadêmico francês e na corte de Napoleão, no Brasil especializou-se na pintura de paisagens, fascinado com a exube- rância tropical. São famosas as suas vistas do Rio de Janeiro (Figura 34). Figura 34 Largo da Carioca, Nicolas-Antoine Taunay, 1816, 45 x 56 cm. Taunay ficou bem menos tempo do que Debret no Brasil, retornando à Europa em 1821. Isto se deveu a discordâncias do artista em relação ao modo de organização da Academia de Belas Artes no Rio de Janeiro. Ficou por aqui, para assumir a cadeira de “Pintura de Paisagens” na academia, seu filho, Felix Taunay (1795- 1881). Vejamos o estilo de Taunay na Figura 35. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira230 Figura 35 Rua Direita – Rio de Janeiro, Félix-Emile Taunay, 1823. 14. OUTROS PINTORES ESTRANGEIROS No século 19, o Brasil atraiu, devido principalmente à sua exuberância natural, um número grande de pintores estrangei- ros, especializados principalmente na pintura de paisagens. Estes foram trazidos para cá não apenas com o auxílio governamental, como no caso da Missão Francesa, mas também por recursos pró- prios. A seguir, vejamos alguns desses artistas de maior destaque. Acompanhe. Rugendas O pintor alemão Johann Moritz Rugendas (1802-1858) che- gou ao Brasil em 1821, fazendo parte da Expedição Langsdorff, que buscava retratar os costumes e a natureza do Brasil (Figuras 36 e 37). Trabalhou na Expedição até 1824, quando, abandonando a empreitada, continuou a registrar sozinho as paisagens e os tipos brasileiros. Desses registros, a maioria são desenhos, às vezes co- loridos à aquarela. Claretiano - Centro Universitário 231© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica Figura 36 Índio Puri, Rugendas. Figura 37 Habitação de negros, Rugendas, 1822-24. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira232 Voltando a morar na Europa no final da década de 1820, Rugendas esteve de novo no Brasil em 1845, quando retratou os membros da família imperial e foi convidado a participar da Expo- sição Geral de Belas Artes. Spix & Martius Karl Friedrich Philip von Martius (1794-1868) e Johann Bap- tiste von Spix (1781-1826) fizeram parte da chamada Missão Aus- tríaca, em que, assim como na Missão Francesa, pintores acadê- micos foram trazidos para o Brasil para pintar paisagens, cenas e costumes locais e para incrementar o ensino de artes por aqui. Observe nas Figuras 38 e 39 o estilo de Spix e Martius. Figura 38 Mameluca e cafusa, Spix e Martius. Claretiano - Centro Universitário 233© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica Figura 39 Lagoa das Aves, no Rio São Francisco, Karl Friedrich Phillip von Martius, 30,5 x 46,5 cm. Thomas Ender Thomas Ender (1793-1875) foi outro dos integrantes da Mis- são Austríaca, tendo sido incumbido de viajar pelo país registrando paisagens (Figura 40). Ender, porém, acabou tornando-se na poste- ridade menos célebre do que outros artistas estrangeiros que pas- saram pelo Brasil no início do século 19, como Debret e Rugendas. Figura 40 Vista do Rio, 1817, Thomas Ender, 104 x 188 cm. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira234 15. INDEPENDÊNCIA, IMPÉRIO, CICLO DO CAFÉ E REͳ PÚBLICA VELHA Em 1822, após nomear seu filho Dom Pedro (1798-1834) como regente, Dom João VI retornou a Portugal. Caminhou-se en- tão para a inevitável independência do Brasil. Nos poucos anos em que a Corte Portuguesa esteve por aqui, o Brasil “desaprendeu” a ser colônia. A rápida modernização a que foi submetido para abrigar uma corte europeia, além dos movimentos emancipatórios que ocorriam nas colônias de toda a América, fizeram crescer nos brasileiros o desejo de autonomia, até que, em 1822, a situação se tornasse irreversível. A independência ocorreu, entretanto, em moldes bem inu- sitados. Apesar de ter sido apoiada por movimentos populares, foi construída politicamente no seio da própria Corte Portuguesa. Porque, como sabemos, foi o próprio Dom Pedro, filho do Rei de Portugal e herdeiro do trono português, quem declarou a nossa independência (Figura 41), autonomeando-se Dom Pedro I, Impe- rador do Brasil. Figura 41 Independência ou morte, 1888, Pedro Américo, 104 x 188 cm. Claretiano - Centro Universitário 235© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica Dom Pedro I governou o Bra- sil até 1831, quando as pressões internas (devido, entre outros fa- tores, a seu autoritarismo) fizeram- -no abdicar do trono brasileiro em favor de seu filho, Dom Pedro II (1825-1891), na época com apenas cinco anos de idade (Figura 42). O Brasil passou então por um perío- do regencial, em que foi governado por diversos administradores e em que foram enfrentadas pelo país algumas importantes rebeliões contra o poder central, tais como a Guerra dos Farrapos. Em 1840, ocorreu o chamado “Golpe da Maioridade”, quan- do adaptações nas leis do país permitiram que, então com apenas quinze anos de idade, Dom Pedro II assumisse o trono imperial, que deveria assumir apenas com dezoito anos. Dom Pedro II foi um político hábil, além de um homem extre- mamente inteligente, culto e amante das artes. Sob seu reinado, o Brasil consolidou sua unidade territorial, assim como começou a difícil caminhada rumo à modernização de uma ex-colônia de exploração com tamanho, possibilidades e dificuldades absoluta- mente imensos. Houve no reinado de Dom Pedro II episódios marcantes na história brasileira, tais como a Guerra do Paraguai, e foi também em seu governo que o país iniciou mais um de seus ciclos econô- micos, o do Café. Figura 42 Dom Pedro II com cinco anos de idade. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira236 Figura 43 A Batalha do Avaí, 1872-77, Pedro Américo. Batalha do Avaí –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– A Batalha do Avaí, representada na Figura 43 no quadro de Pedro Américo, ocor- rida em 1868, foi uma das mais sangrentas da Guerra do Paraguai e terminou com uma retumbante vitória das forças da Tríplice Aliança sobre os paraguaios. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– De qualquer forma, o período imperial foi também triste- mente marcado por questões como a da escravidão que, abolida apenas em 1888, teve em sua abolição um dos estopins da discor- dância entre o governo e a elite brasileira, o que levaria à Procla- mação da República em 1889. Abolição da Escravatura ––––––––––––––––––––––––––––––– A Abolição da Escravatura ocorreu no Brasil com a promulgação da Lei Áurea, em 8 de maio de 1888. A escravidão, porém, já vinha há décadas sofrendo duros golpes que apenas culminariam com seu fi m ofi cial em 1888. Na década de 1850, fora proibido o tráfi co de escravos para o Brasil, que con- tinuou clandestinamente, porém bastante enfraquecido. Vinte anos depois, em 1871, foi promulgada de Lei do Ventre Livre, que tornava livres os fi lhos de es- cravos nascidos a partir de então,o que em pouco tempo diminuiu drasticamente a quantidade de escravos e diminuiu a capacidade de produção dos escravos restantes, que foram envelhecendo ou morrendo. O que ocorreu em 1888 foi, portanto, o “fi m ofi cial”. Mas não foi o fi m dos proble- mas para os negros brasileiros. Estes ganharam a liberdade, mas junto com ela veio o completo abandono a que foram relegados pelo Estado. Sem educação, trabalho ou qualquer espécie de apoio institucional, a população negra foi abandonada à própria sorte, indo em grande parte para as cidades, Claretiano - Centro Universitário 237© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica formando bolsões de pobreza (dando origem a formação das primeiras favelas) e sendo obrigada a lidar com uma “dívida histórica” que em grande parte até hoje não foi paga. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Foi também durante o reinado de Dom Pedro II, especial- mente no período imediatamente anterior à abolição da escrava- tura (em que a mão de obra não supria mais a demanda da lavou- ra) e após esta, que teve início a chegada de um grande número de imigrantes (portugueses, italianos, espanhóis, alemães, polo- neses, libaneses, sírios, japoneses, entre outros), que seriam im- portantíssimos na formação da identidade nacional. O Ciclo do Café O café começou a ser cultivado no Brasil no século 18, mas apenas nas últimas décadas do século 19 é que se tornou uma das principais fontes de renda do país. Isto ocorreu quando o plan- tio veio para as terras do sudeste brasileiro, mais especificamente para os estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, que têm o solo – chamado de “terra roxa” – mais propício para o cultivo. Concentrando-se principalmente no interior de São Paulo, a produção logo tornou o estado o mais rico do país. Multiplican- do as riquezas dos fazendeiros, formou uma riquíssima elite eco- nômica agrícola que passou a ser conhecida como a dos “barões do café”. Estes comandavam a produção no campo (com mão de obra escrava e de imigrantes, já desde antes da abolição da escra- vatura), mas passavam parte de seu tempo – e, principalmente, gastavam e investiam – nas cidades. Com isso houve um grande desenvolvimento urbano nas cidades do interior de São Paulo e, principalmente, na capital. São famosos na cidade de São Paulo os “palacetes” dos ba- rões do café, concentrados principalmente na região central e na região da Avenida Paulista (Figura 44), que antes de se tornar o centro financeiro da cidade era repleta de mansões erguidas com a renda da economia cafeeira. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira238 Avenida Paulista ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– A Avenida Paulista foi inaugurada em 1891, e ocupada por verdadeiras mansões construídas pelos “barões do café”. Já no século 20, as moradias foram dando lugar a prédios como bancos, galerias, shoppings, cinemas e centros de cultura. Hoje a Paulista é um dos grandes “cartões-postais” da cidade e o principal centro fi nanceiro do país. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Figura 44 A Avenida Paulista, com os casarões dos "barões do café", em 1902. Entretanto, não foram apenas mansões as construções er- guidas com o dinheiro do café. Muitas das primeiras indústrias do país também surgiram por causa dele, e foi exatamente a econo- mia cafeeira que proporcionou os primeiros movimentos na indus- trialização do país, que ganharia força definitivamente a partir da década de 1930. Este é um dos motivos pelos quais a cidade de São Paulo, centro da economia cafeeira, tornou-se também o pri- meiro grande centro industrial do Brasil, o que explica não apenas o crescimento gigantesco da cidade a partir do final do século 19, como também a manutenção de São Paulo como o principal cen- tro econômico do país até os dias atuais. Claretiano - Centro Universitário 239© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica A República Velha Com a Proclamação da República, o que se buscava era, como aconteceu muitas vezes na História do Brasil, “mudar para manter tudo igual” (dito popular). Ou seja, já que a monarquia não agradava mais à elite agrária brasileira, o regime republicano mos- trou-se um meio mais eficiente para que esta pudesse governar os rumos da nação. O país era comandado especialmente pelas elites paulista e mineira, responsáveis pelo que ficou conhecido como “Política do Café com Leite”. Segundo esta política, alternavam-se na pre- sidência da república políticos paulistas (cujo símbolo era, devido à grande produção cafeeira, o café) e mineiros (simbolizados pelo leite, devido à produção mineira de leite, mas, principalmente, porque o “café com leite” é uma combinação bem brasileira). Este status quo se manteve relativamente inalterado até 1930, quando a revolução liderada por Getúlio Vargas acabou transferindo o poder para outras parcelas da elite. Isto, no entan- to, veremos apenas na próxima unidade. Passemos, agora, mais uma vez à arte, falando do estabele- cimento da arte acadêmica no Brasil. 16. ARTE ACADÊMICA NO BRASIL Durante o século 19, após a instituição do ensino de arte no Brasil, foram se formando pouco a pouco gerações de pintores acadêmicos (tanto no que diz respeito à sua verdadeira origem, a “academia”, quanto no que diz respeito ao seu estilo). Neste cenário, o grande centro artístico nacional era, eviden- temente, a Academia Imperial de Belas Artes no Rio de Janeiro, que, como vimos, após a Proclamação da República, se tornaria a Escola Nacional de Belas Artes. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira240 A Academia foi responsável pela formação não apenas de artistas, como também de professores de arte. Para isso, atuava não apenas no ensino, mas também estimulava a produção com Salões Oficiais que, evidentemente, ocorriam nos moldes dos sa- lões europeus, especialmente os franceses, e premiações que pro- porcionavam aos nomes de maior destaque viagens de estudo à Europa, já que não havia por aqui o nível de ensino europeu e, muito menos, o acervo de arte dos museus europeus. Salões Ofi ciais ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Os Salões Ofi ciais, chamados no Brasil de Exposições Gerais de Belas Artes, eram as mostras periódicas promovidas pela Escola Nacional de Belas Artes a partir de 1840. Havia um júri que era responsável por premiar artistas com via- gens de estudo nacionais e internacionais e com a aquisição de obras. No que concerne à curadoria das exposições, esta se guiava sempre por grande conservadorismo e academicismo, como acontecia na maioria dos salões ofi ciais de arte europeus no século 19. Tal tendência só começou a mudar na década de 1930, quando a arte moderna já se consolidava no Brasil. Em todo o mundo, os Salões Ofi ciais eram inspirados pelo Salão Ofi cial francês. Também conhecido como “Salão de Paris”, foi fundado em 1667 para exibir obras da famosa Academia Francesa de Pintura e Escultura. A exposição foi chamada de salão pelo fato de ter sido organizada inicialmente no Salon d’Apollon, do Museu do Louvre. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Vejamos então, individualmente, alguns dos nomes mais re- presentativos da arte acadêmica brasileira do século 19 e início do século 20, lembrando que o academicismo só começaria a perder força por aqui com o advento do Modernismo, no início da década de 1920. Victor Meirelles O catarinense Victor Meirelles de Lima (1832-1903) foi um dos mais importantes pintores acadêmicos brasileiros. Dono de uma técnica apurada e especializado na pintura histórica, também atuou lecionando na Academia Imperial de Belas Artes, como pro- fessor de Belmiro de Almeida, Zeferino da Costa, Eliseu Visconti e outros nomes que abordaremos adiante. Uma das obras de Victor Meirelles é A Batalha dos Guararapes,que ocorreu em Pernambu- co em 1654, vejamos sua representação na Figura 45. Claretiano - Centro Universitário 241© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica Figura 45 A Batalha dos Guararapes, 1879, Victor Meirelles. Zeferino da Costa João Zeferino da Costa (1840-1916), que, como vimos an- teriormente, foi aluno de Victor Meirelles, depois de uma estadia na Europa, tornou-se também professor da Academia Imperial de Belas Artes. Teve como alunos no- mes como João Batista da Costa, Oscar Pereira da Silva, Henrique Bernardelli, Belmiro de Almeida e Rodolfo Chambelland. Observe na Figura 46 o estilo de Zeferino da Costa. Pedro Américo Pedro Américo (1843-1905) talvez tenha sido o mais célebre pintor histórico brasileiro. Tendo estudado na Academia Imperial de Belas Artes e, posteriormente, na Academia Francesa, retratou Figura 46 Moisés recebendo as tábuas da lei, Zeferino da Costa, 1868, 117,5 x 90,5 cm. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira242 figuras como os dois imperadores e outros ilustres de sua época, sendo responsável também por algumas das pinturas históricas mais fortemente presentes no imaginário dos brasileiros, como, por exemplo, O Grito do Ipiranga e Tiradentes Esquartejado, já apresentadas anteriormente. Como estilo, Pedro Américo jamais abandonou o gênero clássico, caracterizado pela imponência e luxo em seus detalhes. No entanto, era displicente quanto à veracidade das cenas de ba- talha, que eram ligeiramente artificiais. Além disso, o artista mostrou-se indiferente às inovações ar- tísticas vindas da Europa no final do século 19, mantendo-se fiel aos cânones da Missão Artística Francesa. Almeida Júnior José Ferraz de Almeida Júnior (1850-1899) foi um paulista de Itú que, em 1869, foi para o Rio de Janeiro estudar na Academia de Belas Artes. Em viagem a São Paulo, D. Pedro II viu sua obra e ofereceu-lhe uma bolsa para estudar em Paris, e o artista per- maneceu seis anos na Europa. Quando regressou, trouxe consigo obras nas quais já se encontrava presente a figura que mais apre- ciava, o “personagem brasileiro”. A crítica analisa a obra de Almeida Jr. como tendo dois mo- mentos: antes e depois de 1882. O primeiro momento é o da mo- numentalidade (Figura 47), com cores acentuadas pelos recursos de luminosidade; e, no segundo momento, os temas brasileiros se tornaram definitivamente seus assuntos preferidos (Figura 48). Claretiano - Centro Universitário 243© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica Figura 47 Exemplo de obra de Almeida Júnior em seu momento de "monumentalidade": Apóstolo São Paulo, 1869, 97 x 77 cm. Figura 48 Exemplo de obra de Almeida Júnior em sua fase "brasileira": Caipira picando fumo, 1893, 202 x 141 cm. Benedito Calixto O paulista de Itanhaém Benedito Calixto (1853-1927) é um dos mais conhecidos artistas acadêmicos brasileiros da virada do século 19 para o 20. Tendo frequentado entre 1883 e 1885 a Aca- demia Julian, em Paris, especializou-se em temas e personagens históricos e nas paisagens marinhas (Figura 49). Figura 49 Baía de São Vicente, Benedito Calixto, 42 x 72 cm. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira244 Henrique Bernardelli Nascido no Chile, Henrique Bernardelli (1858-1936) mudou- -se para o Rio de Janeiro em 1867. Em 1870, ingressou na Aca- demia Imperial de Belas Artes, vindo a ser aluno de Zeferino da Costa e Victor Meirelles e recebendo, em concursos da Academia, diversos prêmios por seus desenhos e pinturas (Figura 50) e, mais tarde, tornou-se professor da academia. Figura 50 Maternidade, Henrique Bernardelli. Pedro Alexandrino Pedro Alexandrino (1856-1942) teve como sua grande espe- cialidade as naturezas-mortas (Figura 51). Discípulo de Almeida Jr., teve também importante papel no ensino das artes, tendo entre seus alunos nomes como Tarsila do Amaral e Anita Malfatti, artis- tas que abordaremos na próxima unidade. Claretiano - Centro Universitário 245© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica Figura 51 Natureza-morta, Pedro Alexandrino, 80 x 100 cm. Rodolfo Amoedo Rodolfo Amoedo (1857-1941) começou a se destacar no ce- nário da pintura brasileira na década de 1880, depois de ter estu- dado na Academia Imperial de Belas Artes e, em Paris, na Acade- mia Julian e na Escola Nacional Superior de Belas Artes, a famosa Academia Francesa. Voltando ao Brasil, especializou-se na pintura histórica e começou a lecionar, tendo como alunos nomes como Eliseu Visconti, Rodolfo Chambelland e Cândido Portinari. Vejamos na Figura 52 uma das obras de Amoedo. Figura 52 O último tamoio, Rodolfo Amoedo, 1883. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira246 Belmiro de Almeida Belmiro de Almeida (1858-1935) foi outro dos mais impor- tantes artistas brasileiros da virada do século 19 para o século 20. De formação acadêmica, não deixou, porém, entre muitas viagens à Europa, de incorporar à sua arte algumas inovações em voga ha- via algum tempo no velho continente, como o Pontilhismo (Figura 53) que algumas de suas obras do começo do século 20 deixam transparecer. Figura 53 Exemplo de obra de Belmiro de Almeida de influência pontilhista: Efeito do sol. Claretiano - Centro Universitário 247© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica Oscar Pereira da Silva O fluminense de São Fidélis, Oscar Pereira da Silva (1867- 1939), estudou na Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Ja- neiro entre 1882 e 1887, ao mesmo tempo em que trabalhava como assistente do seu professor João Zeferino da Costa na execução dos painéis decorativos para a nave central da Igreja da Candelária. Figura 54 A escrava romana, Oscar Pereira da Silva. Quando terminou o curso, obteve o prêmio de viagem à Eu- ropa, partindo em 1889 para Paris e permanecendo até 1896. Ao regressar ao Brasil, fixou residência em São Paulo, onde passou a le- cionar no Liceu de Artes e Ofícios e a realizar obras sob encomenda governamental, como os painéis decorativos do Teatro Municipal de São Paulo (Figura 55). Vejamos na Figura 54 mais uma das obras de Oscar Pereira da Silva. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira248 Figura 55 O painel de Oscar Pereira da Silva no Teatro Municipal de São Paulo: Uma comédia ambulante nas ruas de Atenas, 1911, 3,7 x 10,9 m. João Batista da Costa João Batista da Costa (1865-1926), assim como Oscar Pereira da Silva, foi discípulo de Zeferino da Costa e Rodolfo Amoedo na Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Ganhando um prêmio de viagem em 1884, foi estudar na Academia Julian em Paris e, ao retornar ao Rio, tornou-se professor e posteriormente diretor da Academia. Na pintura do artista, destacam-se as paisagens (Figura 56). Estas são, segundo os estudiosos, mais do que meras representa- ções acadêmicas de cenários naturais, conseguindo transmitir com pungência a emoção do artista por meio de cores e formas. Claretiano - Centro Universitário 249© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica Figura 56 Porto Feliz, João Batista da Costa, 95,7 x 151 cm. Eliseu Visconti Eliseu D'Angelo Visconti (1866-1944) nasceu Itália, mas chegou ao Brasil com menos de um ano de idade, fixando-se no Rio de Janeiro. Nesta cidade estudou na Academia Imperial de Belas Artes e teve como mestres Victor Meirelles, Rodolfo Amoedo e Henrique Bernardelli, entre outros. Contemplado pela Academia com uma viagem à Europa, Visconti visitou a Itália e apaixonou-se pela arte renascentista. Este estilo de- terminaria a mudança visual em suas obras entre 1898 e 1908, com composições criativas e idealizações poéticas com expressões faciais ex- tremamente delicadas (Figura 57). Figura 57 Gioventú, Eliseu Visconti, 1898, 65 x 49 cm.© História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira250 Em 1900, Visconti regressou ao Brasil consagrado e com ex- posições de destaque nacional para ele preparadas, além de enco- mendas oficiais. Durante as duas primeiras décadas do século 20, manteve residência entre a Europa e o Brasil, trabalhando princi- palmente em obras de caráter decorativo, como, por exemplo, o Teatro Municipal do Rio de Janeiro (Figura 58). Figura 58 Teto do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com pinturas de Eliseu Visconti. Georgina de Albuquerque Pode-se dizer que Georgina de Albuquerque (1885-1962) foi uma representante da chegada tardia da influência impressionista e pós-impressionista ao Brasil. Iniciando seu aprendizado em 1904, quando já era permitida a entrada de moças na Escola Nacional de Belas Artes, a artista pouco depois se casou com o também pintor Lucílio de Albuquerque (1877-1939), casamento que lhe propor- cionou cursar a Academia Julian e a Academia de Belas Artes em Paris. De volta ao Brasil, Georgina dedicou-se também a lecionar, Claretiano - Centro Universitário 251© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica chegando a exercer o cargo de diretora da Escola Nacional de Belas Artes até alguns anos antes da sua morte. Observe na Figura 59 o estilo desta artista. Figura 59 Conselho de Estado com a princesa Leopoldina e ministros, Georgina de Albuquerque, 1922. Rodolfo Chambelland O carioca Rodolfo Chambelland (1879-1967) foi um pintor acadêmico de sucesso especialmente nas duas primeiras décadas do século 20. Tendo estudado na Escola Nacional de Belas Artes, ganhou um prêmio de viagem ao exterior na Exposição Nacional de Belas Artes de 1905. Estudou então na Academia Julian em Pa- ris e, de volta ao Brasil, conseguiu importantes encomendas pú- blicas, passando também a lecionar na Escola Nacional de Belas Artes. Observe na Figura 60 uma das obras de Chambelland. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira252 Figura 60 Baile à fantasia, Rodolfo Chambelland, 1913, 149 x 209 cm. 17. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Terminando esta unidade, reflita sobre as seguintes questões: 1) Quando os portugueses "descobriram" o Brasil, "inventaram" um país como se começassem a preencher uma página em branco? Ou a "ideia de Brasil" surgiu a partir das relações (às vezes conflituosas) entre portugueses, índios (que aqui já estavam), negros e outros povos que vieram para cá? 2) Existe apenas um Brasil? Ou o que temos são múltiplas "ideias de Brasil"? Por quê? 3) A cultura brasileira (e de qualquer outro país) pode ser considerada algo estático? Ou está em constante mutação devido à sua relação com as outras culturas e com o próprio tempo? 4) O que eu penso a respeito das obras barrocas do Aleijadinho? Elas me emo- cionam? Remetem simplesmente à minha religiosidade? Ou atuam sobre a minha sensibilidade, o que independe da minha religião? 5) Os artistas estrangeiros que aqui estiveram (Post, Eckhout, Debret, Rugen- das, entre vários outros) conseguiram captar a "essência" da cultura brasi- leira se formando? Por quê? Claretiano - Centro Universitário 253© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica 6) A arte acadêmica brasileira me agrada? Por quê? 7) Quais artistas dos vistos nesta unidade eu poderia citar como os mais "brasi- leiros" entre os acadêmicos brasileiros em termos de temática? E em termos de estilo? Pode-se falar de um "estilo brasileiro" de pintar na nossa arte acadêmica? 18. CONSIDERAÇÕES Nesta unidade, demos início à abordagem da arte brasileira e chegamos até a cristalização da arte acadêmica no Brasil. Vimos, também, como se passou, na virada do século 19 para o 20, a po- der falar de “arte brasileira”. No entanto, isto não significa que já tínhamos uma arte produzida no Brasil que realmente falasse das peculiaridades e profundezas da cultura de nosso país. Na próxima unidade, veremos como, com o advento do Mo- dernismo Brasileiro, nossos artistas não apenas passaram a se sin- tonizar com as vanguardas internacionais como, principalmente, a olhar e a representar o próprio Brasil em suas obras, isto com uma força e uma originalidade não vistas por aqui até aquele momento. Então, até o Modernismo! 19. EͳREFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 1 - Ilustração de caravela portuguesa: disponível em: <http://www.areamilitar. net/DIRECTORIO/IM_mar/CaravelaGuerra_001.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 2 - Imagem de aldeia: disponível em: <http://www.chilebras.achetudoeregiao. com.br/MT/querencia/querencia.gif/aldeia04.jpg>. Acesso em: 15 abr. 2009. Figura 3 - Célebre quadro de Victor Meirelles representando a primeira missa no Brasil (o quadro parece, no entanto, ater-se à representação do que, segundo os relatos históricos, teria sido a segunda missa), 1860, 270 x 357 cm: disponível em: <http:// mundomaior.files.wordpress.com/2009/01/meirelles_primeira_missa.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 4 - Mapa das Capitanias Hereditárias: disponível em: <http://www.juserve.de/ rodrigo/atlas%20historico/Capitanias%20Heredit%E1rias.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira254 Figura 5 - Engenho de cana, Henry Coster, século 19: disponível em: <http://www. terrabrasileira.net/folclore/origens/africana/engenho.jpg>. Acesso em: 16 abr. 2009. Figura 6 - O horror da Escravidão: obra de Jean-Baptiste Debret mostrando feitor castigando escravo, século 19: disponível em: <http://www.terrabrasileira.net/folclore/ origens/africana/escravo.html>. Acesso em: 16 abr. 2009. Figura 7 - Gravura europeia do século XVI ilustrando o relato de Hans Staden (que aparece de barba, no topo da imagem): disponível em: <http://upload.wikimedia.org/ wikipedia/commons/f/f7/Cannibals.23232.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 8 - Evangelho nas Selvas (Padre Anchieta), Benedito Calixto, 1893, 58,5 x 70 cm: disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8d/Benedito_ Calixto_-_Evangelho_nas_Selvas%2C_1893_(ost%2C_58%2C5_x_70_cm_-_Padre_ Anchieta).jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 9 - Exemplos de cestaria indígena: disponível em: <http://modovestir.blogspot. com/2008/09/cestaria-indgena-brasileira.html>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 10 - Peça de cerâmica Marajoara: disponível em: <http://www.usp.br/jorusp/ arquivo/2008/jusp823/ilustras/p09a.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 11 - Exemplo de oca: disponível em: <http://guiavillaboasprogramadeindio.files. wordpress.com/2009/02/cropped-oca11.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 12 - Exemplo de pintura corporal indígena: disponível em: <http://g1.globo.com/ Noticias/Rio/foto/0,,14470370-EX,00.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 13 - Exemplos da arte plumária indígena: disponível em: <http://www.iande.art. br/boletim/kaapor%20arte%20plumaria%20bienal%20sao%20paulo.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 14 - Frans Post, Fazenda de açúcar: disponível em: <http://cgfa.sunsite.dk/p/ post2.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 15 - Frans Post, Cachoeira de Paulo Afonso, 1649, 58,5 x 46 cm: <http://upload. wikimedia.org/wikipedia/commons/f/fb/Frans_Post_-_Cachoeira_de_Paulo_Afonso. jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 16 - Albert Eckhout, Dança Tapuia, 1641-1644, 295 x 172 cm: disponível em: <http://userpages.umbc.edu/~kars/history%20200/Sept%2038.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 17 - Albert Eckhout, Negra, 265 x 173 cm: disponível em: <http://www. artenaescola.org.br/midiateca/imagens2/Imagem%2005%20final%20alta.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 18 - Ilustração de bandeirantes em seus trajes mais costumeiros, Ivan Wasth Rodrigues: disponível em: <http://www.revistadehistoria.com.br/v2/docs/image/Ivan_ bandeirantes.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 19 - Exemplo de obra barroca: A Descida da Cruz, Peter Paul Rubens, 1611-14, 420 X 31 cm, Catedral de Antuérpia, Bélgica:disponível em: <http://www.duke.edu/ web/secmod/images/Rubens-Descent.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 20 - Exemplo de entalhe barroco: interior da Igreja de São Bento (século 18), em Olinda (PE): disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/87/ S%C3%A3o-bento-olinda3.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Claretiano - Centro Universitário 255© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica Figura 21 - Interior da Igreja de São Francisco (século 18), em Salvador (BA): disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d3/StFranciscoChurch3-CCBY. jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 22 - Interior da Igreja de Nossa Senhora do Pilar (século 18), em São João Del Rei (MG): disponível em: <http://www.helil.net/wp-content/gallery/sjdrpilar/SJDRpilar%20 altarweb.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 23 - Igreja do Rosário dos Pretos (início do século 18), em Salvador (BA): disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d2/Rosario_dos_ Pretos_Pelourinho_Salvador.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 24 - Igreja de São Francisco de Assis, (século 18), em Ouro Preto (MG), com projeto de Antônio Francisco Lisboa (o Aleijadinho): disponível em: <http://upload. wikimedia.org/wikipedia/commons/8/85/SFrancisOuroPreto-CCBY.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 25 - Pintura no teto da Igreja de São Francisco de Assis, (século 18), em Ouro Preto (MG), Manuel da Costa Ataíde: disponível em: <http://upload.wikimedia.org/ wikipedia/commons/f/f0/Ataide-teto.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 26 - Nossa Senhora das Dores, Aleijadinho: disponível em: <http://upload. wikimedia.org/wikipedia/commons/1/11/Aleijadinho__Nossa_Senhora_das_Dores-1. jpg>. Acesso em: 17 abr. 2009. Figura 27 - Dois profetas de Aleijadinho no Santuário de Congonhas do Campo, 1795- 1805: disponível em: <http://www.brasilcultura.com.br/imagens/profetas.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 28 - Cristo carregando a cruz, escultura de Aleijadinho em uma das capelas dos Passos da Paixão no Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo, 1796-1799: disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/58/ Aleijadinho-cristo-congonha.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 29 - Tiradentes esquartejado, Pedro Américo, 1893: disponível em: <http:// upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d2/Tiradentes_Esquartejado_(Pedro_ Am%C3%A9rico%2C_1893).jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 30 - Esquema mostrando a “mensagem subliminar” da obra Tiradentes esquartejado: disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/ d2/Tiradentes_Esquartejado_(Pedro_Am%C3%A9rico%2C_1893).jpg>. Acesso em: 17 abr. 2009. Figura 31 - A chegada de Dom João VI à Bahia, Cândido Portinari, 1952, 381 x 580 cm: disponível em: <http://www.portinari.org.br/ppsite/ppacervo/obrasCompl.asp?notacao =2404&ind=8&NomeRS=rsObras&Modo=C>. Acesso em: 17 abr. 2009. Figura 32 - Chefe Camacan se preparando para uma festa, Debret, 1820-30, 18,6 x 29,3 cm: disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/29/Debret37. jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 33 - Índios Atravessando um Riacho (O Caçador de Escravos), Debret, 1820-1830, 80 x 112 cm: disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/15/ Jean_baptiste_debret_-_ca%C3%A7ador_escravos.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira256 Figura 34 - Largo da Carioca, Nicolas-Antoine Taunay, 1816, 45 x 56 cm: disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8c/Nicolas-Antoine_Taunay_02. jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 35 - Rua Direita – Rio de Janeiro, Félix-Emile Taunay, 1823: disponível em: <http:// www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/img/joao2.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 36 - Índio Puri, Rugendas: disponível em: <http://upload.wikimedia.org/ wikipedia/commons/f/f1/Rugendas_-_Puri.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 37 - Habitação de Negros, Rugendas, 1822-24: disponível em: <http:// pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Habita%C3%A7%C3%A3o_de_Negros._Rugendas.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 38 - Mameluca e Cafusa, Spix e Martius: disponível em: <http://www.prefeitura. sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/bma/obras_desaparecidas/index.php?p=1105>. Acesso em: 18 out. 2010. 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Figura 48 - Exemplo de obra de Almeida Júnior em sua fase "brasileira": Caipira picando fumo, 1893, 202 x 141 cm: disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/c/cd/Caipira_picando_fumo.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Claretiano - Centro Universitário 257© U3 - Brasil: do Descobrimento à Arte Acadêmica Figura 49 - Baía de São Vicente, Benedito Calixto, 42 x 72 cm: disponível em: <http:// upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/77/10.1.beneditocalixto.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 50 - Maternidade, Henrique Bernardelli: disponível em: <http://upload. wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f8/Bernardelli-mater-mnba.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 51 - Natureza-morta, Pedro Alexandrino, 80 x 100 cm: disponível em: <http:// www.faap.br/museu/acervo/pedro_alexandrino.htm>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 52 - O Último Tamoio, Rodolfo Amoedo, 1883: disponível em: <http://upload. wikimedia.org/wikipedia/commons/2/22/Ultimo_tamoio_1883.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 53 - O exemplo de obra de Belmiro de Almeida de influência pontilhista: Efeito do Sol: disponível em: <http://mosaicosdobrasil.tripod.com/id36.html>. Acesso em: 8 fev. 2011. Figura 54 - A escrava romana, Oscar Pereira da Silva: disponível em: <http://www. coresprimarias.com.br/ed_4/imagens/oscar9.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 55 - O painel de Oscar Pereira da Silva no Municipal de São Paulo: Uma comédia ambulante nas ruas de Atenas, 1911, 3,7 x 10,9 m: disponível em: <http://www. dezenovevinte.net/bios/bio_ops_arquivos/ops_1911c_decoracao.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 56 - Porto Feliz, João Batista da Costa, 95,7 x 151 cm: disponível em: <http:// upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e3/Jo%C3%A3o_Batista_da_Costa_-_ Porto_Feliz%2C_s.d..jpg>.
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