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Disciplina: Fenômenos de Transporte (FT) Aula 6 – Efeito Venturi Curso: Engenharia/Básico prof. Gilberto F. de Lima Vasos Comunicantes 1 3 2 4 5 6 9 10 8 7 p1 = p2 = p3 = p4 = p5 h ρ p6 = p7 = p8 = p9 = p10 = patm + 𝝆∙ g∙h = patm (princípio de Stevin) Sistema de reservatórios interligados; o tubo em U, por exemplo, consiste de um par de vasos comunicantes. Vasos Comunicantes Tendo em mente estas propriedades dos vasos comunicantes, tente responder o desafio que segue. Conseguirá o estagiário se safar da inundação? Por que ele não se salvou? Foi vítima do efeito Venturi. Giovanni Battista Venturi (italiano, 1746 – 1822) Tubo de Venturi PHR z1 z2 z1 = z2 𝐻1 = 𝐻2 ⟹ 𝜌 ∙ v1 2 2 + 𝜌 ∙ g ∙ 𝑧1 + 𝑝1 = 𝜌 ∙ v2 2 2 + 𝜌 ∙ g ∙ 𝑧2 + 𝑝2 Como z1 = z2 ⟹ 𝜌 ∙ v1 2 2 + 𝜌 ∙ g ∙ 𝑧1 + 𝑝1 = 𝜌 ∙ v2 2 2 + 𝜌 ∙ g ∙ 𝑧1 + 𝑝2 ⟹ 𝜌 ∙ v1 2 2 + 𝑝1 = 𝜌 ∙ v2 2 2 + 𝑝2 v1 v2 Voltar para medidor de Venturi. A2 A1 𝜌 ∙ v1 2 2 + 𝑝1 = 𝜌 ∙ v2 2 2 + 𝑝2 Portanto: Mas, claramente: v2 > v1 , pois A2 < A1 (pela Eq. da Continuidade) Então, para compensar, devemos ter: p2 < p1 z1 v1 v2 A2 A1 PHR z2 𝒑𝟐 = 𝒑𝒂𝒕𝒎 + 𝝆 ∙ g ∙ 𝒉𝟐 𝒑𝟏 = 𝒑𝒂𝒕𝒎 + 𝝆 ∙ g ∙ 𝒉𝟏 Como: ℎ1 > ℎ2 ⟺ 𝑝1 > 𝑝2 Pelo princípio de Stevin: p1 e p2 são as Pressões Estáticas patm patm e “Vasos comunicantes” com tubo de Venturi Área diminuiu (A↓) Velocidade aumentou (v↑) Pressão reduziu (p ↓) Área aumentou (A↑) Velocidade diminuiu (v↓) Pressão aumentou (p↑) Medidor de Venturi ou Venturímetro Dispositivo usado para medir velocidades de escoamento e vazões. Medidor de Venturi artesanal A velocidade e a vazão do fluido podem ser medidas através da diferença de pressão entre as seções. v𝟏 = 𝟐 ∙ (𝒑𝟏 − 𝒑𝟐) 𝝆 ∙ 𝑨𝟏 𝑨𝟐 𝟐 − 𝟏 ou v𝟏 = 𝑨𝟐 ∙ 𝟐 ∙ (𝒑𝟏 − 𝒑𝟐) 𝝆 ∙ 𝑨𝟏 𝟐 − 𝑨𝟐 𝟐 Para deduzir este resultado lembremos inicialmente que, se lidamos com fluidos incompressíveis, a vazão volumétrica deve ser constante na tubulação, portanto: 𝑄2 = 𝑄1 ⟹ 𝐴2∙ v2 = 𝐴1 ∙ v1 ⟹ v2 = 𝐴1 𝐴2 ∙ v1 Agora, façamos as seguintes manipulações na equação de Bernoulli obtida para o tubo de Venturi: 𝜌 ∙ v2 2 2 + 𝑝2 = 𝜌 ∙ v1 2 2 + 𝑝1 Se precisar relembrar clique aqui. ⟹ 𝜌 ∙ v2 2 2 − 𝜌 ∙ v1 2 2 = 𝑝1 − 𝑝2 ⟹ 𝜌 2 ∙ v2 2 − v1 2 = 𝑝1 − 𝑝2 Demonstração Nesta última expressão, substituiremos v2 pelo valor anteriormente determinado com a equação da continuidade: ⟹ 𝜌 2 ∙ 𝐴1 𝐴2 2 ∙ v1 2 − v1 2 = 𝑝1 − 𝑝2 𝜌 2 ∙ v2 2 − v1 2 = 𝑝1 − 𝑝2 ⟹ 𝜌 2 ∙ 𝐴1 𝐴2 ∙ v1 2 − v1 2 = 𝑝1 − 𝑝2 ⟹ 𝜌 2 ∙ 𝐴1 𝐴2 2 − 1 ∙ v1 2 = 𝑝1 − 𝑝2 ⟹ v1 2 = 2 ∙ (𝑝1 − 𝑝2) 𝜌 ∙ 𝐴1 𝐴2 2 − 1 ⟹ v1= 2 ∙ (𝑝1 − 𝑝2) 𝜌 ∙ 𝐴1 𝐴2 2 − 1 Ou, ainda: ⟹ v1= 2 ∙ (𝑝1 − 𝑝2) 𝜌 ∙ 𝐴1 2 𝐴2 2 − 1 ⟹ v1= 2 ∙ (𝑝1 − 𝑝2) 𝜌 ∙ 𝐴1 2 − 𝐴2 2 𝐴2 2 ⟹ v1= 2 ∙ (𝑝1 − 𝑝2) 𝜌 𝐴2 2 ∙ 𝐴1 2 − 𝐴2 2 ⟹ v1= 2 ∙ 𝐴2 2 ∙ (𝑝1 − 𝑝2) 𝜌 ∙ 𝐴1 2 − 𝐴2 2 ⟹ v1= 𝐴2 ∙ 2 ∙ (𝑝1 − 𝑝2) 𝜌 ∙ 𝐴1 2 − 𝐴2 2 v1 = 2 ∙ (𝑝1 − 𝑝2) 𝜌 ∙ 𝐴1 𝐴2 2 − 1 v𝟏 = 𝟐 ∙ g ∙ 𝒉(𝝆𝑯𝐠 − 𝝆) 𝝆 ∙ 𝑨𝟏 𝑨𝟐 𝟐 − 𝟏 ou v𝟏 = 𝑨𝟐 ∙ 𝟐 ∙ g ∙ 𝒉(𝝆𝑯𝐠 − 𝝆) 𝝆 ∙ 𝑨𝟏 𝟐 − 𝑨𝟐 𝟐 Medidor de Venturi com tubo em U A B Demonstração Partiremos da velocidade recém obtida para o tubo de Venturi com manômetros que resultou em : v1 = 2 ∙ (𝑝1 − 𝑝2) 𝜌 ∙ 𝐴1 𝐴2 2 − 1 Contudo, agora não teremos as leituras dos manômetros, e a diferença de pressões deverá ser obtida diretamente do tubo em U, aplicando-se a Equação Manométrica: pA = pB h1 h2 A B pA = pB ⟹ p1 + ρ∙g∙h1 = p2 + ρ∙g∙h2 + ρHg∙g∙h ⟹ p1 – p2 = ρHg∙g∙h + ρ∙g∙h2 – ρ∙g∙h1 ⟹ p1 – p2 = ρHg∙g∙h + ρ∙g∙( h2 – h1) Então, pela Equação Manométrica: – h ⟹ p1 – p2 = ρHg∙g∙h – ρ∙g∙h ⟹ p1 – p2 = g∙ h∙( ρHg – ρ) Retornando com este resultado à expressão já obtida para a velocidade, teremos: v1 = 2 ∙ (𝑝1 − 𝑝2) 𝜌 ∙ 𝐴1 𝐴2 2 − 1 ⟹ v1= 2 ∙ g ∙ ℎ ∙ (𝜌𝐻g − 𝜌) 𝜌 ∙ 𝐴1 𝐴2 2 − 1 Ou também: ⟹ v1= 𝐴2 ∙ 2 ∙ g ∙ ℎ(𝜌𝐻g − 𝜌) 𝜌 ∙ 𝐴1 2 − 𝐴2 2 p1 – p2 = g∙ h∙( ρHg – ρ) v1= 𝐴2 ∙ 2 ∙ (𝑝1 − 𝑝2) 𝜌 ∙ 𝐴1 2 − 𝐴2 2 Tubo de Venturi com três larguras de seção distintas. Outras Aplicações do Efeito Venturi 1) Oxigenoterapia com máscara O paciente ao inspirar aumenta a velocidade do ar o que produz então uma queda de pressão (pressão negativa ou “vácuo”) dentro da máscara, com isto uma válvula abre permitindo que o oxigênio saturado ingresse. A concentração de oxigênio no ar ambiente é da ordem de 20% apenas. Válvula de Venturi Oxigenoterapia com máscara Oxigenoterapia com máscara A administração de oxigênio tem que ser controlada devido aos riscos de explosões e/ou incêndios que uma exposição contínua ao gás arriscaria em razão de seu alto poder comburente. Oxigenoterapia com máscara 2) Oxigenoterapia sem máscara (cânula nasal) Segue o mesmo princípio, mas a pressão negativa é produzida apenas na cavidade nasal do paciente. Oxigenoterapia sem máscara (cânula nasal) Oxigenoterapia sem máscara (cânula nasal) 3) Pulverizadores (Revólver de Pintura, por exemplo) A passagem do ar comprimido, ou mesmo água, em alta velocidade pelo revólver reduz a pressão (cria pressão negativa) que suga a tinta (ou qualquer outra substância) do reservatório e a faz se misturar com o jato. https://www.youtube.com/watch?v=vBVM_AgHCm0 (Acessado em 13/10/2015) Seus problemas acabaram!!!! 4) Asa de Avião Carros de corrida são “asas invertidas”. O ar é forçado a passar mais rápido por baixo do veículo diminuindo a pressão sob ele e, portanto, gerando uma força de sustentação sobre o carro para mantê-lo fixo à pista. 5) Servofreio Extraído de https://www.youtube.com/watch?v=0sj5d48mcss (em 29/10/2016) Para suavizar o acionamento dos freios de veículos emprega-se um sistema de baixa pressão (“vácuo”) que é gerado aproveitando-se o movimento dos pistões do motor. Reservatório Pedal Servofreio Cilindro-mestre (princípio de Pascal) Mangueira conectando o servofreio ao motor Extraído de https://www.youtube.com/watch?v=0sj5d48mcss (em 29/10/2016) https://www.youtube.com/watch?v=_R5zGUHNxvo (em 29/10/2016) Ilustrando o funcionamento do servofreio https://www.youtube.com/watch?v=RlW8jOrVqVA (em 29/10/2016) Saiba mais em Efeito Venturi em vendavais Grande velocidade ⟹ Baixa pressão Efeito Venturi em vendavais Extraído de “Conexões da Engenharia com Richard Hammond: Aeroporto Internacional de Hong Kong ”, série exibida pelo National Geographic Channel. Versão completa em: https://www.youtube.com/watch?v=x8zvgsiSRDQ (Acessado em 02/11/2015) Inicialmente lembremos que a carga: Portanto: 𝑝𝑒𝑠𝑡á𝑡𝑖𝑐𝑎= 𝑝 + 𝜌 ∙ g ∙ 𝑧 a) Pressão Dinâmica: 𝑝𝑑𝑖𝑛â𝑚𝑖𝑐𝑎 = 𝜌 ∙ v2 2 ; 𝐻 = 𝑝𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑝𝑑𝑖𝑛â𝑚𝑖𝑐𝑎 + 𝑝𝑒𝑠𝑡á𝑡𝑖𝑐𝑎 b) Pressão Estática: (Princípio de Stevin) 𝐻 = 𝜌 ∙ v2 2 + 𝜌 ∙ g ∙ 𝑧 + 𝑝, calculada desta forma, é também chamada de Pressão Total (ptotal), e é composta por: Outras Consequências do Efeito Venturi O “redutor de pressão” é um dispositivo que estreita a seção para passagem do fluido, o que aumenta a velocidade do escoamento e produz, portanto, um aumento da PRESSÃO DINÂMICA, e uma redução da PRESSÃO ESTÁTICA. Mas, se o fluido não estiver escoando, NÃO HAVERÁ REDUÇÃO DE PRESSÃO alguma. Neste caso a pressão que restará é tão somente a PRESSÃO ESTÁTICA, que não poderá ser reduzida pelo dispositivo uma vez que ela depende apenas da altura da coluna de fluido (princípio de Stevin). Vejamos o que acontece quando estudamos o escoamento de uma caixa d’água. Escrevendo a equação de Bernoulli para este escoamento: 𝐻2 = 𝐻1 ⟹ 𝑝2 + 𝜌 ∙ v2 2 2 + 𝜌 ∙ g ∙ 𝑦2 = 𝑝1 + 𝜌 ∙ v1 2 2 + 𝜌 ∙ g ∙ 𝑦1 v1 = 0 y1 = h y2 = 0 Mas: 0 0 = h Portanto: 𝑝2 + 𝜌 ∙ v2 2 2 = 𝑝1 + 𝜌 ∙ g ∙ ℎ Vê-se então que, quando houver escoamento (v2 ≠ 0), a p2 reduz-se. Contudo, se o escoamento for interrompido (registro fechado, v2 = 0), a expressão acima ficará: 𝑝2 = 𝑝1 + 𝜌 ∙ g ∙ ℎ − 𝜌 ∙ v2 2 2 0 ⟹ 𝑝2= 𝑝1 + 𝜌 ∙ g ∙ ℎ Sem escoamento a pressão residual é a própria pressão ESTÁTICA. Isto demonstra que o “redutor de pressão” só é efetivo enquanto houver escoamento (fluido em movimento). Um “redutor de pressão” faria a v2 aumentar e, portanto, a p2 diminuir ainda mais. (princípio de Stevin) ⟹ 𝑝2= 𝑝1 + 𝜌 ∙ g ∙ ℎ − 𝜌 ∙ v2 2 2 Constata-se assim que o princípio de Stevin está contido no princípio de Bernoulli. O princípio de Stevin é um caso especial do princípio de Bernoulli quando o fluido está estático. Princípio de Stevin Princípio de Bernoulli Outra consequência da equação do escoamento de uma caixa d’água: 𝑝2 + 𝜌 ∙ v2 2 2 = 𝑝1 + 𝜌 ∙ g ∙ ℎ; pode ser obtida lembrando que: p1 = patm = 0; 0 então: 𝜌 ∙ v2 2 2 = 𝜌 ∙ g ∙ ℎ e que, se o fluido sair para fora da tubulação: p2 = patm = 0; 0 ⟹ v2 2= 2 ∙ g ∙ ℎ ⟹ v2= 2 ∙ g ∙ ℎ Ou seja, a velocidade de escoamento, sob pressão atmosférica, depende apenas da altura da coluna de fluido (líquido). Este resultado é conhecido como teorema de Torricelli. Teorema de Torricelli Esse resultado mostra que, se tivermos furos a diferentes alturas em um reservatório, a velocidade de escoamento em cada orifício será diretamente proporcional à altura da coluna de fluido acima daquele furo: quanto maior a altura, maior a pressão estática, maior será a velocidade do esguicho, e, portanto, maior o seu alcance também. O teorema de Torricelli foi obtido a partir da equação de Bernoulli, mas também poderíamos chegar a ele a partir da famosa equação de Torricelli da Cinemática: v2 = v𝑜 2 + 2. 𝑎𝑜. ∆𝑆 com: vo = 0; ao = g; e ∆S = h. Portanto: v 2 = 2. g. ℎ ⟹ v = 2. g. ℎ 0 Evangelista Torricelli (italiano, 1608 – 1647) Aqui ele aparece segurando um barômetro, seu invento para medir a pressão atmosférica. 1) SANTOS, T. C. & FERREIRA, P.J.G.; Fenômenos de Transportes - Notas de Aulas e Exercícios, 2014. Bibliografia 2) TIPLER, PAUL A.; Física – vol. 1b, 2ª. edição; Ed. Guanabara Dois, 1984.
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