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AULA 4: ESTRUTURA DAS CÉLULAS PROCARIÓTICAS UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS – UNIFAL-MG INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E IMUNOLOGIA Microbiologia Geral Profa. Ingridy Ribeiro Cabral PROCARIONTES VS. EUCARIONTES - REVISÃO Procariontes -Sem núcleo -Sem organelas envoltas por membranas -Parede celular contém Peptideoglicano -Tamanho: menos de vários micrômetros - DNA circular, sem histonas - Divisão: fissão binária Eucariontes -Núcleo -Organelas envoltas por membranas -Sem Peptideoglicano, se a parede celular estiver presente -Tamanho: pode ser 10 vezes maior -DNA em múltiplos cromossomos, presença de histonas. - Divisão: mitose Estrutura da célula bacteriana • Revestimento externo - envelope (membrana externa, periplasma, parede celular e membrana citoplasmática) - Cápsula (ou glicocálix) - Apêndices (pili, flagelos, filamentos axiais) • Citoplasma: dentro do envelope - DNA da célula (nucleoide) - Maquinaria metabólica (ribossomos, grânulos de reserva) Envelope Pode ter até três camadas: de fora pra dentro – membrana externa parede celular membrana plasmática Gram positiva, Gram negativa e micoplasmas: diferem no número de camadas. - Gram negativas: têm as três camadas - Gram positivas: não têm a membrana externa - Micoplasmas: não têm a membrana externa nem a parede celular MEMBRANA EXTERNA DAS BACTÉRIAS GRAM NEGATIVAS Bicamada- face interna composta por fosfolipídeos; face externa composta por lipopolissacarídeos (LPS), e pequena quantidade de fosfolipídeos. LPS - encontrado apenas na membrana externa de bactérias gram-negativas LPS: porção hidrofóbica e hidrofílica – propriedade única: barreira para moléculas polares a apolares – passam apenas água e alguns gases. Também conhecido como endotoxina – toxicidade – lipídeo A Outras moléculas: Passam pelos poros – proteínas chamadas PORINAS Lipoproteínas: ancoram a membrana externa ao resto do envelope. Ligadas à parede celular Principal função da membrana: proteção Gram- negativas: geralmente mais resistentes a substâncias tóxicas do ambiente, incluindo antibióticos – não conseguem atravessar a membrana externa. Periplasma Antigamente denominado espaço periplasmático Não é um espaço vazio - preenchido por material gelatinoso - dois tipos de proteínas: Enzima que decompõe nutrientes para que possam atravessar a membrana citoplasmática Proteínas de ligação: se ligam a determinados nutrientes, facilitando sua passagem entre as membranas. PAREDE CELULAR Presente em todas as bactérias, exceto micoplasmas; Estrutura rígida que mantém a forma da célula; Gram positivas – fora da membrana citoplasmática; Gram negativas – dentro do periplasma. Funções: dar o formato à celula; previne expansão e eventual rompimento celular; previne evasão de enzimas e influxo de substâncias químicas danosas à célula Essencial para o crescimento e divisão celular A composição, espessura e propriedades da parede celular diferem entre as bactérias Explica a resposta das bactérias à coloração de Gram PAREDE CELULAR – RESPONSÁVEL PELO FORMATO DA CÉLULA BACTÉRIAS ESFÉRICAS Cocos (Coco) único par diplococo grupo de quatro tétrades cadeia estreptococo agrupamentos estafilococo BACTÉRIAS EM FORMATO DE BASTÃO Bacilos (Bacilo) Organização único par diplobacilo cadeia estreptobacilo ESPIRAL E OUTRO FORMATO Formato de espiral Espirilos (espirilo) Em formato de vírgula Víbrio Outro Quadrado Em forma de estrela PEPTIDEOGLICANO: PRINCIPAL COMPONENTE DA PAREDE CELULAR DAS BACTÉRIAS Peptideoglicano (mureína): polímero poroso e insolúvel de grande resistência, encontrado somente em procariotos parte proteína (peptido-) parte polissacarídeo (-glicano) Parte polissacarídea: cadeias longas de N-acetilglicosamina (NAG) e ácido N-acetilmurâmico (NAM) Parte proteína: tetrapeptídeo (4 aa) PAREDE CELULAR DE BACTÉRIA GRAM NEGATIVA lipoproteína peptidoglicano Periplasma Membrana externa porina lipopolissacarídeo Membrana citoplasmática PAREDE CELULAR DE BACTÉRIA GRAM POSITIVA Ácido teicóico Peptidoglicano Ácido lipoteicóicos Parede celular Membrana citoplasmática Ácido teicóico: unidades de glicerol ou ribitol ligadas a grupos fosfatos – integridade estrutural DIFERENÇAS ENTRE BACTERIAS GRAM POSITIVAS E GRAM NEGATIVAS Características Gram Positiva Gram Negativa % peptideoglicano na parede celular 50% do PS 10 % do PS Membrana externa Ausente presente Periplasma Ausente presente Lipopolissacrideos (LPSs) Ausente presente PS= peso seco Microbiologista dinamarquês: Hans Christian Gram • Camada espessa: cor púrpura ou azul quando fixadas com violeta cristal (Gram +) • Camada de lipídeos no exterior e fina camada de peptideoglicanos: cor vermelha (Gram -) Cristal violeta: corante principal – cora ambas células de púrpura, pois o corante entra no citoplasma. Iodo: forma grandes cristais do corante que são muito grandes para escapar pela parede celular Álcool: desidrata a peptideoglicana das células Gram (+) para torná-lo mais impermeável ao cristal violeta-iodo. Nas Gram (-) o álcool dissolve a membrana externa das células deixando também pequenos buracos na fina camada de peptideoglicana pelos quais o cristal violeta-iodo se espalha. Como as bactérias Gram (-) ficam incolores após lavagem com álcool, a adição de safranina torna as células cor vermelhas. Paredes celulares atípicas • As micobactérias possuem uma fina camada de cera de natureza lipídica (cera D) na membrana plasmática – não possuem parede celular. Dano à parede celular Substâncias químicas lesam a parede bacteriana e não a do hospedeiro. Síntese da parede celular é alvo de algumas drogas antimicrobianas. Lisozima: ativa sobre a parede celular da maioria de Gram (+). catalisa a hidrólise das ligações entre açúcares do dissacarídeo repetitivo do esqueleto de peptideoglicana Gram (-): não destrói totalmente a parede, parte da membrana externa permanece. ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA MEMBRANA CITOPLASMÁTICA Localizada abaixo da parede celular Tem 7,5 nm de espessura Composta de fosfolipídeos (20 a 30%) e proteínas (50 a 70%) Os fosfolipídeos formam uma bicamada na qual a maioria das proteínas estão embebidas Cada molécula de fosfolipídeo contém uma cabeça polar (solúvel em água) e uma cauda apolar (insolúveis em água) A membrana é fluida, permitindo movimentação das proteínas Não contém esteróis (ex.colesterol). Modelo mosaico fluido FUNÇÕES DA MEMBRANA CITOPLASMÁTICA Contém a base do flagelo Responsável pela liberação de resíduos (lixo) Envolvida na formação de endosporos Envolvida na replicação e separação do DNA durante divisão bacteriana Sítio de síntese de peptidoglicano, fosfolípideo e algumas proteínas FUNÇÕES DA MEMBRANA CITOPLASMÁTICA É local de importantes sistemas enzimáticos: Envolvidos nos últimos estágios da formação da parede celular Participantes da biossíntese de lipídeos Responsáveis pelo transportede elétrons Envolvidas no processo de fosforilação oxidativa Permeabilidade seletiva (Principal função) É permeável aos íons sódio e aos aminoácidos Atua como barreira osmótica (a substâncias ionizadas e grandes moléculas) MECANISMOS ENVOLVIDOS NO TRANSPORTE ATRAVÉS DA MEMBRANA CITOPLASMÁTICA Transporte passivo (Difusão simples, Difusão facilitada e Osmose Transporte ativo DIFUSÃO SIMPLES - Moléculas se movem aleatoriamente - Distribuídas igualmente OSMOSE Movimento da água Atravessam membrana de baixa concentração de soluto para alta concentração de soluto Meio com alta concentração de soluto = hipertônico: -Célula com menos soluto - saída de água da célula: murcha. Meio com baixa concentração de soluto = hipotônico: Célula com mais soluto - entrada de água na célula: incha - Concentração igual de soluto isotônico Difusão facilitada: sem necessidade de energia proteína transportadora concentração alta a baixa Transporte ativo energia necessária proteína transportadora concentração baixa a alta Existem 3 tipos de proteínas transportadoras Uniporte Antiporte Simporte Para o transporte da maioria das substâncias a célula necessita de transportadores ou proteínas específicas (carrier proteins) Uniporte: a proteína transporta a substância através de um gradiente de concentração, não requerendo energia metabólica (passivo) Antiporte: a proteína transporta duas substâncias diferentes, simultaneamente, em direções opostas. Requer energia (Ativo) Simporte: a proteína transporta duas substâncias diferentes, simultaneamente, na mesma direção. Requer energia (Ativo) CÉLULA PROCARIÓTICA: ESTRUTURAS EXTERNAS Apêndices: pili (singular-pilus) e flagelos PILI OU FÍMBRIA Estrutura externa a parede celular São apêndices retos e finos medindo de 3 a 10 nm de diâmetro (curtos) Só podem ser observados ao microscópio eletrônico São constituídos de uma proteína chamada pilina São mais numerosos que os flagelos Não estão relacionados a motilidade A maioria têm função de adesão da célula bacteriana à outras células ou superfícies (infecção) Fimbrias de Escherichia coli A FÍMBRIA HELP DE E. COLI FIXA A CÉLULA AO INTESTINO PREVENINDO EXPULSÃO DA CÉLULA BACTERIANA Fímbrias de Salmonella typhi em divisão O pilus F (pilus sexual) está envolvido na reprodução sexual da bactéria Escherichia coli A célula doadora, portadora de plasmídeo F, sintetiza o pilus F ou sexual Esta estrutura mantém a célula doadora unida à célula receptora durante a conjugação Conjugação: processo de transferência de material genético entre células Diferentes tipos de pili estão associados com funções distintas. FLAGELO Estrutura externa a parede celular Filamentos finos, de forma helicoidal Função: locomoção Diâmetro: 12 a 20 nm (1 nm = 1/1.000 m) Seu comprimento pode ser até maior do que o da célula (15 a 20 m) Ausente nos cocos (bactérias atríquias) e presente nos bacilos e espirilos Funcionam por rotação, semelhante ao movimento saca- rolhas, movendo a bactéria através do líquido (3.000 vezes o seu comprimento por minuto ) Constituintes do flagelo: Corpo basal, Gancho, Filamento helicoidal Os anéis do corpo basal permitem a rotação do flagelo Se estendem a partir da membrana citoplasmática e atravessam a parede celular Filamento - composto por proteínas chamadas flagelinas Anel L (LPS) Anel P (peptidioglicano) Anel S (superfície) Anel M (mebrana) Gram negativa – 4 Gram positiva – 3 (sem o L) Os flagelos estão em diferentes números e arranjos Tipos de flagelos polares: Monotríquio: flagelo único localizado em um dos pólos da célula Lofotríquios: Dois ou mais flagelos em um ou ambos os pólos da célula Anfitríquios: um único flagelo em ambos os pólos da célula Peritríquios: distribuição ao acaso dos flagelos em toda a superfície da célula QUIMIOTAXIA Movimento coordenado pela presença de substâncias químicas - Correm: flagelos giram em sentido anti-horário, formando uma única estrutura em forma de corda. - aerotaxia: nadam para regiões que contém concentrações favoráveis de oxigênio dissolvido. - fototaxia: bactérias fotossintéticas nadam para regiões com intensidade de luz favoráveis. Espiroquetas – ou filamento axial origina nos polos da células e gira em torno do corpo celular – responsáveis pelo movimento saca-rolhas Estrutura similar ao flagelo Filamentos axiais Treponema pallidum: filamentos axiais ou endoflagelos São feixes de fibrilas que se originam na extremidade da célula, sob uma bainha externa e fazem uma espiral em torno da mesma CÁPSULA, CAMADA LIMOSA OU GLICOCÁLIX Estrutura externa a parede celular Camada de material viscoso presente na maioria das bactérias Composto por polímeros (polissacarídeo viscoso ou polipeptídeos) Sua produção depende de condições nutricionais e ambientais (temperatura, oxigênio, etc) Cápsula = glicocálice organizado de maneira definida e acoplado firmemente à parede celular Camada limosa = glicocálice desorganizado e frouxamente acoplado à parede celular Espécie de Streptococcus mostrando a cápsula Cápsula de Rhizobium trifolii A FUNÇÃO DO GLICOCÁLIX DEPENDE DA ESPÉCIE BACTERIANA Protege as bactérias patogênicas da fagocitose Evita a adsorção e lise da célula bacteriana por bacteriófagos Protege a célula contra dessecamento temporário Promove aderência bacteriana: em rochas, raízes de plantas, dentes humanos Formação de biofilmes (camada de células, com massa capsular comum, que se aderem a superfícies) CITOPLASMA Material que se encontra dentro da membrana plasmática 90% de água, porém ativo Área citoplasmática Nucleóide: DNA (ácido desoxirribonucléico), Plasmídeos Ribossomos Inclusões citoplasmáticas ÁREA CITOPLASMÁTICA Fluido denso Constituintes: 90 % água, proteínas, carboidratos, lipídeos, íons orgânicos, etc. É sítio de reações químicas, como a síntese de componentes celulares a partir de nutrientes Não há evidência de presença de citoesqueleto Nucleóide Massa irregular de DNA dentro do citoplasma; DNA dupla hélice; bem definido, embora não seja circundado por membrana; Carrega as informações genéticas da célula; Na maioria das bactérias: organizado em uma única molécula circular – cromossomo bacteriano; Pode conter pequenas moléculas circulares de DNA – plasmídeos; Cromossomo circular único Na Escherichia coli mede 1,4 mm e contêm 5,231,428 pb PLASMÍDEOS DNA extracromossômico de forma circular Replicam independentes do cromossomo Podem existir em cópia única ou multicópias Uma espécie bacteriana pode ter distintos plasmídeos Conferem vantagens adaptativas às bactérias Função de produção de adesinas, toxinas, pilinas, bacteriocinas Função social: produção de substância fundamentais para adaptação bacteriana a diferentes ambientes PLASMÍDEO BACTERIANO Ribossomos Partículas densas dispersas no citoplasma Local onde ocorre a síntese de proteínas São encontrados em procariotos e eucariotos Podem ser encontrados espalhados no citoplasma procariótico ou presos a superfície interna da membrana citoplasmática quando estão envolvidos na síntese de proteínas Em bactérias: • duas subunidades de tamanhos diferentes: cada uma contém uma proteína e RNA ribossômico • subunidade 50S e 30S > 70S (unidade de Svedberg – velocidade de sedimentação) • são alvos de muitos antibióticos que inibem a síntese de proteína Inclusões • Diferentes tipos de substâncias químicas que podem se acumular e formar depósitos insolúveis no citoplasma - Podem ser uma reserva de energia - Grânulos Metacromáticos: inclusões grandes que se coram de vermelho com certos corantes azuis. São conhecidos como volutina – reserva de fosfato inorgânico que pode atuar na síntese de ATP; Crescem em ambientes ricos em fosfato; Encontrados em algas, fungos, protozoários e bactérias. Ex: Corynebacterium diphtheriae Grânulos polissacarídicos: compostas de glicogênio e amido Demonstrado quando o iodo é aplicado à célula Grânulos de glicogênio: marrom-avermelhado Grânulos de amido: azuis Inclusões lipídicas: Mycobacterium, Bacillus, Azobacter, Spirillum Aparecem quando corados com corantes solúveis em gordura Grânulos de enxofre: Thiobacillus, obtêm energia oxidando o enxofre e compostos de enxofre Carboxissomos: contêm a enzima ribulose 1,5-difosfato carboxilase. Bactérias que utilizam CO2 como única fonte de carbono necessitam dessa enzima para fixação do mesmo durante a fotossíntese Ex: bactérias nitrificantes, cianobactérias e tiobacilos. Vacúolo de gás: cavidades ocas encontradas em procariotos aquáticos. Mantém a flutuação. INCLUSÕES CITOPLASMÁTICAS Thiothrix sp.: grânulos de enxofre Isochromatium buderi grânulos de enxofre Algumas bactérias aquáticas móveis são capazes de se orientar em resposta a campos magnéticos da terra por possuírem magnetossomos (vesículas contendo cristais de magnetite ou outras substâncias contendo ferro) Magnetospirillum gryphiswaldense Inclusões citoplasmáticas
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