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Responsabilidade Civil A responsabilidade civil é a obrigação que incumbe uma pessoa a reparar o prejuízo causado a outra, por fato próprio ou de pessoas ou coisas que dela dependem. Responsabilidade Civil: A reparação do dano é feita por meio da indenização, que é quase sempre pecuniária. O dano pode ser à integridade física, aos sentimentos ou aos bens de uma pessoa. Ninguém pode ser preso por uma dívida civil, exceto o devedor de pensão alimentícia. Responsabilidade Penal: O agente infringe uma norma penal, de interesse público. É pessoal, intransferível e o réu responde com a privação de liberdade. O Art. 935, CC, estabelece que a responsabilidade civil é independente da responsabilidade penal. O ato característico de ilícito é comissivo (fazer) ou omissivo (não fazer). Princípio da Indenidade: a elaboração, interpretação e aplicação das normas de responsabilização civil devem ser feitas com o objetivo de facilitar o acesso da vítima à indenização. Funções da responsabilidade Civil A função da responsabilidade civil é ressarcir os prejuízos da vítima, e cumpre a função de compensação. A obrigação constituída por responsabilidade civil é, em regra, pecuniária. Além desta função, cumpre a função preventiva. A responsabilidade civil subjetiva, também cumpre a função sancionatória, onde a indenização representa a punição. A responsabilidade subjetiva cumpre a função de socializar custos de uma atividade. Espécies de responsabilidade civil A responsabilidade civil pode ser subjetiva, onde o devedor responde por ATO ILÍCITO; ou objetiva, que é quando o devedor responde por ATO LÍCITO. Para que um sujeito seja responsabilizado subjetivamente, é necessário três fatores: a) conduta culposa; b) dano patrimonial ou extrapatrimonial; c) relação de causalidade entre a conduta culposa do credor e o dano do devedor. A conduta culposa citada, refere-se à negligência, imprudência ou imperícia. Quem é responsabilizado por um ATO ILÍCITO, agiu como não deveria ter agido. Foi negligente naquilo em que devia ter sido cuidadoso, imperito quando algo dependia de sua habilidade e imprudente quando se era exigida cautela. Já para que o sujeito seja responsabilizado objetivamente, é necessário dois fatores: a) dano patrimonial ou extrapatrimonial; b) relação de causalidade entre a conduta do devedor e do credor. A responsabilização objetiva se subdivide em: 1) culpa presumida: o pressuposto é relevante, mas NÃO cabe a vítima provar a culpa do sujeito a quem imputa responsabilidade. É necessário apenas provar o dano e o nexo de causalidade. A pessoa livra-se da responsabilização provando a inexistência da culpa; 2) objetiva pura: é suficiente a constituição da obrigação a existência do dano, sendo irrelevante a relação de causalidade. O devedor responde por ATO LÍCITO, ou seja, sua conduta não é contrária ao direito. A responsabilidade civil também pode ser caracterizada como contratual ou extracontratual. A responsabilidade CONTRATUAL acarreta a responsabilidade de indenizar as perdas e danos (art. 389, CC). Configura-se o dano em decorrência de uma relação contratual; se duas pessoas celebram um contrato, tornam-se responsáveis por cumprir as obrigações convencionadas. Todo inadimplemento se presume culposo, e o lesado só está obrigado a demonstrar que a pretensão foi descumprida. A responsabilidade EXTRACONTRATUAL é a que deriva de infração ao dever legal de conduta, também chamada de aquiliana. O dever jurídico violado não está previsto em nenhum contrato e não existia relação jurídica anterior entre o agente que causa o dano e a vítima. O exemplo mais comum na doutrina é o clássico caso da obrigação de reparar os danos oriundos de acidente entre veículos. Ao lesado incumbe o ônus de provar a culpa ou dolo do causador do dano. Os pressupostos da responsabilidade civil são: dano, ação ou omissão, relação de causalidade e culpa ou dolo do agente. Dano os materiais atingem bens; os pessoais matam ou comprometem a integridade física ou moral. os patrimoniais reduzem o valor ou inutilizam os bens do credor da indenização em questão; já os extrapatrimoniais se relacionam a dor experimentada, não repercutindo no patrimônio do credor (chama-se também danos morais). os diretos são os que contribuem ao evento danoso e sua consequência é imediata; os indiretos decorrem de direitos e são a consequência mediata ao evento danoso. o dano individual é quando lesa uma ou algumas pessoas e o coletivo quando um conjunto considerável de pessoal sofre lesões. os danos intencionais decorrem da intenção de causa-los (é o caso do dolo, que gera responsabilidade subjetiva); os acidentais acontecem quando não há intenção de produzi-los, e geram responsabilidade subjetiva. Ação É qualquer movimento físico, e podem ser conscientes ou inconscientes. A ação consciente é o movimento em resposta aos comandos processados, que sugerem completo controle da ação e seus efeitos, por aquele que age. As ações inconscientes são os movimentos que não são acompanhados pela sensação de controle. Estas, subdividem-se em: a) atos reflexos: impulsos nervosos involuntários associados a defesa do organismo, onde não há nenhum controle da consciência na execução dos movimentos; b) atos instintivos: atendem a necessidades orgânicas e são passíveis de controle racional; c) atos automáticos: são inconscientes, aprendidos com base na repetição. Os atos de vontade podem ser conscientes ou não. Os atos instintivos e os automáticos são inconscientes, mas voluntários, e por isso geram responsabilidade quando ilícitos. Omissão Gera responsabilização civil se presentes em duas situações: a) o sujeito à quem se imputa responsabilidade tinha o dever de agir; b) havia certeza ou probabilidade de que a prática do ato impediria o dano. Nexo de Causalidade Para que haja responsabilização pela prática do ato ilícito, é necessária uma violação de um dever de conduta e mais, que ocorra uma relação de causa e efeito entre a violação do dever jurídico e o dano. Este é o nexo causal: a relação entre a conduta do agente e o dano. Dolo e Culpa Para que a vítima obtenha a reparação do dano, é necessário que prove dolo ou culpa stricto sensu (aquiliana) do agente (imprudência, negligência ou imperícia). Dolo: por dolo entende-se, em síntese, a conduta intencional, na qual o agente atua conscientemente de forma que deseja que ocorra o resultado antijurídico ou assume o risco de produzi-lo. Culpa (stricto sensu): decorre da inobservância de um dever de cuidado. Nessa hipótese, não há a intenção de provocar o dano. Graus da culpa: Grave: é a falta imprópria ao comum dos homens, e aproxima-se do dolo. Leve: é a que pode ser evitada com atenção ordinária. Levíssima: a falta só é evitável com atenção extraordinária, habilidade especial ou conhecimento singular; aproxima-se do caso fortuito. - A indenização é medida pela extensão do dano, e não pelo grau de culpa. Todavia, se houver “excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização” (art. 944, CC). Causa de exclusão A responsabilidade civil não se configura diante de causas excludentes, ou seja, de causas que afastam o dever de indenizar. Assim, por exemplo, o exercício regular de um direito afasta a ilicitude da conduta (afinal, quem exerce um direito age licitamente, e portanto, ainda que de sua conduta sobrevenha um dano a outrem, não responde por ele). É o caso também do estado de necessidade e da legítima defesa, nos quais a conduta ainda que causadora de dano não é ilícita, sendo acolhida pelo ordenamento jurídico. Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I – os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II – a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para aremoção do perigo. O caso fortuito ou a força maior também são causas excludentes, assim como o fato de terceiro ou fato exclusivo da vítima. Nestes casos, opera-se o rompimento do nexo de causalidade entre a conduta do agente e o dano sofrido pela vítima. Se um outro ato (como a conduta da própria pessoa que sofreu o dano, ou de terceira pessoa) ou fato (um raio que atinge a pessoa ou um bem integrante de seu patrimônio, uma enchente, uma árvore que cai) é o causador do dano, ainda que haja uma conduta ilícita praticada pelo agente, este não responde pela lesão causada. Imputabilidade A Responsabilidade Civil não pode ser atribuída a todos, é necessário verificarmos se o agente causador do dano é imputável, se a pessoa ao cometer um ato lesivo possuía condições psíquicas ou condições de responder por este ato, pois ao atribuir responsabilidade estamos atribuindo o dever de responder; uma pessoa pode ser inimputável por seus atos devido as suas condições mentais ou a sua menoridade. Responsabilidade por ato ou fato de terceiro Presunção de culpa e responsabilidade solidária: no caso de concurso de agentes na prática de um ato ilícito, todos (autores e coautores) responderão solidariamente pela reparação (art. 942, CC). Responsabilidade dos pais: os pais respondem pelos atos ilícitos praticados pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia, ainda que estes não possuam discernimento (art. 932, II, CC). A única hipótese em que há responsabilidade solidária, é quando o menor de 18 anos tiver sido emancipado aos 16 anos; fora disto, a responsabilidade é exclusivamente dos pais ou exclusivamente do filho, quando incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes (art. 928, CC). Responsabilidade dos tutores: respondem com seus patrimônio pelos pupilos e curatelados (art. 932, II, CC). No caso dos curatelados, quando houver casos de internação para tratamento, a responsabilidade se transfere do curador ao sanatório. Responsabilidade dos empregadores: O empregador ou comitente responde pelos atos de seus empregados e prepostos, praticados no exercício do trabalho que lhes competir ou em razão dele (art. 932, III). Preposto é quem cumpre ordens de outrem, seja ou não assalariado. A responsabilidade é objetiva, independente da culpa. Responsabilidade dos hoteleiros: responde o hospedeiro pelos prejuízos causados por seus hóspedes, seja a terceiros, seja a outro hóspede; respondem objetivamente os donos dos hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, pelos prejuízos que causarem a seus hóspedes. Responsabilidade resultante de coisas que caírem em lugar indevido: a responsabilidade é objetiva, e não se cogita culpa. A responsabilidade recai sobre o habitante da casa, e está prevista no art. 938, CC. Responsabilidade na guarda de animais: a responsabilidade do dono do animal é objetiva, e basta que a vítima prove o dano sofrido e a relação de causalidade com o fato do animal. Ação Regressiva Aquele que paga a indenização por ato de outrem, tem um direito regressivo contra o causador do dano, ou seja, pode cobrar o valor do mesmo; salvo se este for seu descendente, absoluta ou relativamente incapaz. Dano Material Quem pode exigir a reparação do dano: a) a vítima, ou seja, aquele que sofre ou arca com o prejuízo; b) os herdeiros da vítima, pois o direito de exigir reparação se transmite com a herança (art. 943, CC); c) em caso de homicídio, legítimas são as pessoas a quem o falecido teria que prestar alimentos; d) tem sido admitido o direito dos companheiros de receber indenização; e) o dano moral pode ser reclamado, conforme a situação, pelo próprio ofendido, bem como por seus herdeiros, e membros da família; f) a pessoa jurídica pode sofrer dano moral, e portanto, exigir sua reparação. Quem são as pessoas obrigadas a reparar o dano: a) responsabilidade por ato próprio, pois em princípio, a responsabilidade é individual (art. 186, CC); b) responsabilidade por ato de terceiro ou pelo fato de coisas ou animais; c) responsabilidade em concurso de agentes, onde a responsabilidade é solidária; d) responsabilidade dos sucessores: não só a obrigação de reparar o dano, também o direito de exigir a reparação, transmite-se com a herança (art. 943, CC). Dano Moral O dano moral atinge o ofendido como pessoa, e não lesa o seu patrimônio; é a lesão que integra os direitos da personalidade, como a honra, dignidade e etc. Há possibilidade do dano moral cumular com o dano patrimonial. Abuso de direito: A configuração do abuso de direito, consoante o CC, é essencial a prova de que o agente tinha a intenção de prejudicar terceiro.
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