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Teorias e Sistemas Psicológicos III Fenomenologia Edmund Husserl (1859-1938) e a Fenomenologia Ana Lúcia Couto Introdução à psicologia fenomenológica, de Afonso Penna. Rio de Janeiro: Imago, 2003. Influências: Franz Brentano e Carl Stumpf Suspensão de todo e qualquer juízo a respeito do objeto Husserl criou a Fenomenologia em 1906 a partir da elaboração do Método fenomenológico, que se fundamenta na redução eidética ou epochè Ana Lúcia Couto Captação intuitiva: Conhecimento do objeto por meio dos sentidos (vivência do objeto imediato - Noema) Integração significativa: Condição “doadora” de sentido da consciência (conhecimento do objeto significado – Noesis) Compreender que o objeto é sempre “objeto-para uma consciência" significa afirmar que todo objeto só é pensável com referência a um ato da consciência. Essa ideia nos conduz a um princípio básico da fenomenologia: a intencionalidade da consciência. Introdução à psicologia fenomenológica, de Afonso Penna. Rio de Janeiro: Imago, 2003. A preocupação de Husserl era a de poder conhecer as coisas de uma forma rigorosa, livre dos preconceitos e juízos de valor: Retornar às “coisas mesmas”. Existencialismo O Existencialismo é uma corrente filosófica na qual o homem é visto como ser-no-mundo (fenômeno de unidade) e como indivíduo que tem liberdade e responsabilidade por suas escolhas. Principais pensadores existencialistas: Soren Kierkegaard Martin Heidegger Jean-Paul Sartre Ana Lúcia Couto A ação clínica e a perspectiva fenomenológica existencial, de Barreto e Morato. (Material didático) O ato do desespero é o ápice da angústia. Entrar na angústia é a possibilidade de transformação, de cura. É no desespero que o homem passa para o estágio seguinte. Soren Kierkegaard (1813-1855) Kierkegaard discorre sobre os três estágios da existência humana: estético, ético e espiritual/religioso. A ação clínica e a perspectiva fenomenológica existencial, de Barreto e Morato. (Material didático) Ana Lúcia Couto A ação clínica e a perspectiva fenomenológica existencial, de Barreto e Morato. (Material didático) Ana Lúcia Couto Estágio Estético Convicto de que é inteiramente livre, o homem vive ao sabor dos impulsos, procurando desfrutar, extraindo o máximo de prazer, cada instante da vida, entregando-se a todos os prazeres e sensações. A relação é orientada para a própria interioridade. Estágio Ético A personalidade do indivíduo permanece livre, mas nos limites estabelecidos pela sociedade. O indivíduo assume a forma de existência da coletividade, submisso à lei. A relação orienta-se pelo conflito entre interioridade e universalidade. Estágio Espiritual É no estágio espiritual que o homem se depara com sua existência plena. Deus torna-se a regra do indivíduo, a única fonte capaz de realizá-lo plenamente. Apesar de o ser humano constituir-se a partir do mundo natural e ser afetado por condições socioculturais, ele pode reposicionar-se diante daquilo que chega até ele. Martin Heidegger (1889-1976) e a Fenomenologia Hermenêutica A ação clínica e a perspectiva fenomenológica existencial, de Barreto e Morato. (Material didático) Ana Lúcia Couto Parte da impossibilidade de definição do “ser”. Em vez de perguntar o que é o ser, deve-se perguntar: qual é o sentido do ser? A condição humana de existir (Dasein), fundada na mutabilidade, autenticidade e originalidade, não pode ser reduzida à natureza humana, ou seja, à simples presença entificada do ser. A existência humana não deve ser explicada, e sim compreendida. Ana Lúcia Couto A ação clínica e a perspectiva fenomenológica existencial, de Barreto e Morato. (Material didático) Ao considerar o desemparo e a angústia como condições do modo de ser do homem (Dasein: Ser aí), Heidegger compreende que o ser humano está lançado no mundo. Essa perspectiva pode constituir uma abertura do olhar clínico, pois compreende o ser humano em suas possibilidades de ser-no-mundo. Partindo de uma crítica à intervenção do psicólogo limitada unicamente pelos ditames das ciências naturais que ainda predominam nas ciências humanas, a fenomenologia hermenêutica (pensamento heideggeriano) pretende ampliar a intervenção clínica do psicólogo, permitindo o acesso ao sentido do existir em sua particularidade. Ana Lúcia Couto A ação clínica e a perspectiva fenomenológica existencial, de Barreto e Morato. (Material didático) Ana Lúcia Couto A ação clínica e a perspectiva fenomenológica existencial, de Barreto e Morato. (Material didático) A Fenomenologia Hermenêutica é uma abordagem compreensiva na investigação sobre o sentido do ser – desvelamento do ser. Dasein (presença) ser dos homens Modos de ser do Dasein Abertura Impessoalidade O impessoal prescreve o modo de ser da cotidianidade. A impessoalidade refere-se à tendência do Dasein de se tomar como um ser dado, o que acarreta restrição de possibilidades. Ana Lúcia Couto A ação clínica e a perspectiva fenomenológica existencial, de Barreto e Morato. (Material didático) Adoecimento e sofrimento Restrição da liberdade Perturbações mentais Dificuldades em fazer escolhas autênticas e significativas Ana Lúcia Couto A ação clínica e a perspectiva fenomenológica existencial, de Barreto e Morato. (Material didático) De-cadência é a tendência que o Dasein apresenta em se “perder” no mundo da impessoalidade, em limitar seu poder-ser às opções oferecidas na convivência cotidiana - fazendo o que todo mundo faz. Ana Lúcia Couto A ação clínica e a perspectiva fenomenológica existencial, de Barreto e Morato. (Material didático) Dasein de-cadente é inautêntico. Em modo de de-cadência, o Dasein encobre os dados da existência, evitando a ansiedade. Jean-Paul Sartre (1905-1980) “O existencialismo é um humanismo” Ana Lúcia Couto L’Existentialisme est um Humanisme, Les Éditions Nagel, Paris, 1970 Fragmentos selecionados O corta-papel foi produzido por um artífice com uma finalidade definida. O homem foi criado por Deus com uma finalidade definida. L’Existentialisme est um Humanisme, Les Éditions Nagel, Paris, 1970 Fragmentos selecionados Pressuposto a ser combatido Considerar que a essência precede a existência significa aceitar a universalidade do homem, o que resulta em pensar que o homem da selva e o homem burguês devem encaixar-se na mesma definição, já que possuem as mesmas características básicas. L’Existentialisme est um Humanisme, Les Éditions Nagel, Paris, 1970 Fragmentos selecionados L’Existentialisme est um Humanisme, Les Éditions Nagel, Paris, 1970 Fragmentos selecionados O existencialismo ateu afirma que, se Deus não existe, há pelo menos um ser no qual a existência precede a essência, um ser que existe antes de poder ser definido por qualquer conceito: este ser é o homem, ou, como diz Heidegger, a realidade humana. Considerando a impossibilidade de encontrar em cada homem uma essência universal (a natureza humana), afirmamos que exista uma universalidade humana de condição. L’Existentialisme est um Humanisme, Les Éditions Nagel, Paris, 1970 Fragmentos selecionados Finitude Liberdade Solidão Gratuidade do sentido da vida Mesmo que Deus existisse, nada mudaria. L’Existentialismeest um Humanisme, Les Éditions Nagel, Paris, 1970 Fragmentos selecionados Em primeira instância, o homem existe, surge no mundo e só posteriormente se define. [...] O homem, tal como o existencialista o concebe, só não é passível de definição porque, de início, não é nada: só posteriormente será alguma coisa e será aquilo que ele fizer de si mesmo. Assim, não existe natureza humana, já que não existe um Deus para concebê-la. O homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo. L’Existentialisme est um Humanisme, Les Éditions Nagel, Paris, 1970 Fragmentos selecionados O homem é responsável pelo que é. Desse modo, o primeiro passo do existencialismo é o de pôr todo homem na posse do que ele é e submetê-lo à responsabilidade total de sua existência. A subjetividade não é uma subjetividade individual. O homem só pode ser alguma coisa se os outros o reconhecerem como tal (alteridade). O outro é indispensável à minha existência. Intersubjetividade L’Existentialisme est um Humanisme, Les Éditions Nagel, Paris, 1970 Fragmentos selecionados Havia uma louca que tinha alucinações: falavam-lhe pelo telefone dando-lhe ordens. O médico pergunta: “Mas afinal. Quem fala com você?” Ela responde: “Ele diz que é Deus.” Se uma voz se dirige a mim, sou sempre eu mesmo que terei de decidir se essa voz é a voz do anjo: se considero que determinada ação é boa, sou eu mesmo que escolho afirmar que ela é boa e não má. L’Existentialisme est um Humanisme, Les Éditions Nagel, Paris, 1970 Fragmentos selecionados L’Existentialisme est um Humanisme, Les Éditions Nagel, Paris, 1970 Fragmentos selecionados O existencialismo não acredita no poder da paixão. Jamais admitirá que uma bela paixão é uma corrente devastadora que conduz o homem, fatalmente, a determinados atos, e que, consequentemente, é uma desculpa. Ele considera que o homem é responsável por sua paixão. O existencialista não pensará nunca, também, que o homem pode conseguir o auxílio de um sinal qualquer que o oriente no mundo, pois considera que é o próprio homem quem decifra o sinal como bem entende. A angústia é a ausência total de justificativa e simultaneamente, a responsabilidade perante todos. O que não é possível é não escolher. Eu posso sempre escolher , mas devo estar ciente de que, se não escolher, assim mesmo estarei escolhendo. L’Existentialisme est um Humanisme, Les Éditions Nagel, Paris, 1970 Fragmentos selecionados É a própria angústia que constitui a condição da ação do homem, pois ela pressupõe que ele encare a pluralidade dos possíveis e que, ao escolher um caminho, ele se dê conta de que não tem nenhum valor a não ser o de ter sido escolhido. L’Existentialisme est um Humanisme, Les Éditions Nagel, Paris, 1970 Fragmentos selecionados L’Existentialisme est um Humanisme, Les Éditions Nagel, Paris, 1970 Fragmentos selecionados Quando falamos de desamparo, expressão de Heidegger, queremos simplesmente dizer que Deus não existe e que é necessário levar esse fato às ultimas consequências. Eis o ponto de partida do existencialismo. De fato, tudo é permitido se Deus não existe, e, por conseguinte, o homem está desamparado porque não encontra nele próprio nem fora dele nada a que se agarrar. Com efeito, se a existência precede a essência, nada poderá jamais ser explicado por referência a uma natureza humana dada e definitiva; ou seja, não existe determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade. É o que posso expressar dizendo que o homem está condenado a ser livre. L’Existentialisme est um Humanisme, Les Éditions Nagel, Paris, 1970 Fragmentos selecionados Um jovem tinha a seguinte escolha: partir para a Inglaterra para ficar com a mãe, que perdera o filho mais velho, ou alistar-se nas Forças Francesas Livres. Ele tinha consciência de que a mãe só vivia em função dele e que o seu desaparecimento, ou mesmo sua morte, a mergulharia no desespero. Encontrava-se diante de dois tipos de ação: uma delas dirigida a um só indivíduo, sua mãe; a outra, dirigida a uma coletividade nacional. Precisava escolher uma das duas. L’Existentialisme est um Humanisme, Les Éditions Nagel, Paris, 1970 Fragmentos selecionados L’Existentialisme est um Humanisme, Les Éditions Nagel, Paris, 1970 Fragmentos selecionados Quem poderia ajudá-lo? Nenhuma moral geral poderá indicar-lhe o caminho a seguir: não existem sinais no mundo. E mesmo que existam, sou eu mesmo que escolho o significado que têm. O homem carrega, portanto, a total responsabilidade da decifração. L’Existentialisme est um Humanisme, Les Éditions Nagel, Paris, 1970 Fragmentos selecionados Quer ele tenha escolhido ficar com a mãe, fundamentando sua moral nos sentimentos, na ação individual e na caridade, quer tenha escolhido partir para a Inglaterra, preferindo o sacrifício – não poderíamos jamais dizer que esse homem fez uma escolha gratuita. O homem faz-se. Ele não está pronto logo de início. Ele se constrói escolhendo a sua moral. Só definimos um homem em relação a um engajamento. L’Existentialisme est um Humanisme, Les Éditions Nagel, Paris, 1970 Fragmentos selecionados Todo homem que se refugia por trás da desculpa de suas paixões, todo homem que inventa um determinismo, é um homem de má fé. A má fé é uma mentira, pois dissimula a total liberdade do engajamento. L’Existentialisme est um Humanisme, Les Éditions Nagel, Paris, 1970 Fragmentos selecionados Aqueles que dissimularem perante si mesmos a sua total liberdade, com exigências da seriedade ou com desculpas deterministas, eu os chamarei de covardes. L’Existentialisme est um Humanisme, Les Éditions Nagel, Paris, 1970 Fragmentos selecionados L’Existentialisme est um Humanisme, Les Éditions Nagel, Paris, 1970 Fragmentos selecionados Críticas ao existencialismo: O existencialismo é uma filosofia do quietismo e apresenta uma visão pessimista do homem. O existencialismo não pode ser considerado uma filosofia do quietismo, já que define o homem pela ação; nem pode ser considerado tampouco como uma descrição pessimista do homem: não existe doutrina mais otimista, visto que o destino do homem está em suas próprias mãos. Trata-se de uma doutrina da ação e do engajamento. O Existencialismo é um humanismo Humanismo: O homem é a medida de todas as coisas. O homem se apodera do mundo em seu benefício. O culto da humanidade conduz a um humanismo fechado sobre si mesmo. L’Existentialisme est um Humanisme, Les Éditions Nagel, Paris, 1970 Fragmentos selecionados Nova perspectiva do humanismo: Não há outro legislador a não ser o próprio homem. O homem não se apodera do mundo, relaciona-se com o mundo. O humanismo abre-se para que o homem se projete para fora de si. Ana Lúcia Couto Fenomenologia, Existencialismo e Psicopatologia Ana Lúcia Couto Os médicos Jaspers, Binswanger e Boss, a partir de seus estudos sobre a fenomenologia, de Husserl, e o existencialismo, de Heidegger, concluiram que a psiquiatria médica encontrava-se muito preocupada com a estatística e suas referências de normatividade. E com estas referências, a psicopatologia elaborava as categorias de diagnóstico com ênfase nos determinantes biológicos das enfermidades psíquicas, esquecendo da existência propriamente dita. Desta forma, a ciência médica solidificava seus dogmas. A partir dessa crítica, elaboram uma nova perspectiva de Psicopatologia, articulada ao método fenomenológico hermenêutico. Ana Lúcia Couto Psicopatologia, Fenomenologia e Existência, de Marcus Túlio Caldas. (Material didático) KarlJaspers (1883 -1969) e a Psicopatologia Descritiva O foco de atenção é a descrição que o paciente faz de suas experiências subjetivas (vivências). Os limites entre “normal” e “patológico” são obscuros. Jaspers não valorizava a busca de um conceito preciso de “enfermidade mental”, pois tal insistência seria arbitrária e infrutífera. Ana Lúcia Couto Psicopatologia, Fenomenologia e Existência, de Marcus Túlio Caldas. (Material didático) Em seu livro Psicopatologia Geral (1913), Jaspers aborda as questões relativas à enfermidade psíquica e propõe uma classificação “não dogmática”, afirmando que todo trabalho deve se relacionar com um caso particular. Não obstante, o psiquiatra lança mão, como psicopatologista, de conceitos e princípios gerais. Mas sempre tendo em vista que seus limites consistem em jamais poder reduzir o indivíduo humano a conceitos psicopatológicos. Jaspers rompeu com a lógica analítica, embasada na noção de “causalidade”, predominante no modelo neurofisiológico do início do século XX. Propôs novos parâmetros para essa disciplina, subordinados à noção de “compreensão” global do sujeito, com ênfase no fenômeno psíquico realmente consciente. Para ele, o importante seria saber o que os homens vivenciam e como o fazem, desvelando o sentido de sua doença como forma de existir. Ana Lúcia Couto Psicopatologia, Fenomenologia e Existência, de Marcus Túlio Caldas. (Material didático) Ludwig Binswanger (1820-1880) e a Daseinsanálise (análise da presença) O homem não é resultado de um determinismo, nem mesmo de forças e complexos psíquicos que agem de modo oculto. A daseinsanálise designa uma abordagem psicológica e psiquiátrica que mantém um diálogo rigoroso com as descobertas alcançadas em Ser e tempo. Medard Boss (1903-1990) Ana Lúcia Couto Psicopatologia, Fenomenologia e Existência, de Marcus Túlio Caldas. (Material didático) O psiquiatra e psicoterapeuta Medard Boss editou os seminários de Zollikon, em que seu mestre, Heidegger, apresenta a existência humana como Dasein (ser-no-mundo), em contraposição às representações objetivantes de psique, pessoa, sujeito, eu, self, consciência. A psicoterapia deve permitir uma relação em que o terapeuta compreenda a singularidade de cada cliente. Ana Lúcia Couto Psicopatologia, Fenomenologia e Existência, de Marcus Túlio Caldas. (Material didático) Para Boss, a perturbação mental na esquizofrenia é a privação da possibilidade existencial que permite com que nos coloquemos de modo livre perante a abertura da existência. Essa privação ocorre de duas maneiras: a des-limitação e a limitação. Na limitação, há um fechamento patológico da abertura existencial. Na des-limitação, há uma abertura existencial excessiva. Ana Lúcia Couto Psicopatologia, Fenomenologia e Existência, de Marcus Túlio Caldas. (Material didático) Segundo Boss, a angústia e a culpa têm sido vividos sob a fachada de um tédio vazio. Aqueles que só sabem se queixar de tédio apresentam um quadro patológico que pode ser chamado neurose do tédio ou neurose do vazio. O tédio das atuais neuroses encobre angústia e sentimentos que, se não fossem encobertos, deixaria eclodir o reconhecimento de perdas profundas, implicando em extrema angústia e culpa. O tédio que reina na existência dos neuróticos encobre seu próprio sentido, utilizando-se do ruído dominante das atividades ininterruptas, diurnas e noturnas, ou do embotamento das mais diversas drogas e tranquilizantes. Ana Lúcia Couto Psicopatologia, Fenomenologia e Existência, de Marcus Túlio Caldas. (Material didático) Refletindo sobre as manifestações da angústia na atualidade, Boss aborda a síndrome do pânico. A angústia, sob a forma do pânico, denuncia a falência de um modelo de sociedade que busca na tecnologia a tentativa de negação da condição do homem como um ser-para-a-morte. Ana Lúcia Couto Psicopatologia, Fenomenologia e Existência, de Marcus Túlio Caldas. (Material didático) De acordo com a perspectiva da Psicologia e da Psiquiatria Existencial, a cura é alcançada através de uma vivência AUTÊNTICA. Ana Lúcia Couto (Medard Boss, em Angústia, culpa e libertação: ensaios de psicanálise existencial, SP: Duas Cidades, 1997) Psicopatologia, Fenomenologia e Existência, de Marcus Túlio Caldas. (Material didático) Como psicoterapeutas, queremos, no fundo, libertar todos os nossos pacientes para si mesmos [...] Com a libertação psicoterápica, queremos levar nossos pacientes ‘apenas’ a aceitar suas possibilidades de vida como próprias e dispor delas livremente e com responsabilidade. Isso quer dizer também que nós queremos que eles criem coragem de levar a termo suas possibilidades de relacionamento co-humanos e sociais de acordo com a sua consciência intrínseca e não como pseudoconsciência imposta por qualquer um. Ana Lúcia Couto Humanismo Ana Lúcia Couto Primeira metade do séc. XX Profissionais dedicados à clínica preferiam a psicanálise e profissionais dedicados às pesquisas experimentais preferiam o behaviorismo. A partir de uma crítica às duas grandes forças da Psicologia na época - a psicanálise e o behaviorismo -, surge, no início da década de 1960, a Psicologia Humanista, considerada a Terceira Força da Psicologia. A abordagem humanista critica qualquer forma de determinismo (suposição de que todo comportamento tem causas específicas). Embora os fatores ambientais e as pulsões inatas e inconscientes possam influenciar o comportamento, o indivíduo é capaz de responder baseado em sua avaliação subjetiva de uma situação, ou seja, pode fazer escolhas. A abordagem humanista, de Hadad e Glassman. (Material didático) Ana Lúcia Couto A abordagem humanista, de Hadad e Glassman. (Material didático) Enquanto os behavioristas declaram que o que as pessoas pensam é irrelevante e os psicanalistas declaram que os indivíduos não podem explicar seu próprio comportamento porque as causas são, em grade parte, inconscientes, os psicólogos humanistas afirmam que somente o indivíduo pode explicar o significado de seu comportamento (perspectiva fenomenológica). Suposições básicas da abordagem humanista 1. O comportamento não é determinado por experiências passadas ou uma resposta a um estímulo imediato. 2. O comportamento deve ser entendido em termos de experiência subjetiva, ou seja, se você deseja entender um comportamento, precisa entender a pessoa que está produzindo o comportamento. Carl Rogers (1902 -1987) e a Abordagem Centrada na Pessoa Principais conceitos Tendência para a realização Impulso inato que reflete o desejo de crescer, de se desenvolver e melhorar as próprias competências. Carl Rogers (1902 -1987) e a Abordagem Centrada na Pessoa Principais conceitos Campo fenomenal Percepção singular que um indivíduo tem de si (self) e do mundo Carl Rogers (1902 -1987) e a Abordagem Centrada na Pessoa Principais conceitos Self ideal Noção de quem gostaríamos de ser. Self real ou Self Noção de como nos percebemos Congruência Correspondência entre self (real) e ideal Incongruência Conflito/lacuna entre self (real) e ideal Carl Rogers (1902 -1987) e a Abordagem Centradana Pessoa Principais argumentos O desenvolvimento é influenciado pelo tipo de interações sociais que um indivíduo tem. O indivíduo apresenta uma necessidade primordial de aceitação [o indivíduo pode ignorar aspectos do próprio self para ser aceito] A incogruência é resultado de um crescimento não-saudável. Carl Rogers (1902 -1987) e a Abordagem Centrada na Pessoa Principais argumentos Se Tommy machuca o joelho e começa a chorar, mas lhe dizem que meninos não choram, então, mais tarde, o choro poderá ser reprimido como uma possível expressão emocional. Se Jane fica zangada, mas lhe dizem que mocinhas não devem ter raiva, então ela pode passar a reprimir todos os sentimentos de raiva. Carl Rogers (1902 -1987) e a Abordagem Centrada na Pessoa Principais argumentos Quando introjetamos as condições de valor no self ideal, perdemos contato com todas as nossas percepções e emoções reais – com quem realmente somos. Quando agradar os outros torna-se mais importante do que satisfazer sua própria tendência para a realização, o crescimento saudável fica ameaçado, resultando em experiências de incongruência. Carl Rogers (1902 -1987) e a Abordagem Centrada na Pessoa Principais argumentos Condições para o crescimento (tríade rogeriana): aceitação incondicional (interesse), autenticidade (congruência) e empatia (compreensão). O crescimento saudável é caracterizado por espontaneidade, autocontrole e solidariedade. A agressão indica um crescimento não- saudável: para ser aceita, a pessoa nega as próprias referências e sentimentos. A agressão surge como resposta à negação das próprias necessidades. Abraham Maslow (1908-1970) e a Hierarquia das Necessidades Humanas Abraham Maslow (1908-1970) e a Hierarquia das Necessidades Humanas Principais argumentos Uma necessidade surge quando as anteriores estão total ou parcialmente satisfeitas. A motivação é decorrente de uma satisfação ainda não-satisfeita, pois o que motivaria o ser humano é a expectativa de satisfazer suas necessidades Abraham Maslow (1908-1970) e a Hierarquia das Necessidades Humanas Principais argumentos A auto-realização refere-se a fazer pleno uso dos próprios talentos e habilidades. As experiências culminantes referem- se a uma experiência transitória de intensa emoção, envolvendo o sentimento de estar vivendo plenamente. As experiências culminantes são inesperadas e curtas, percebidas como momentos de insight no potencial da vida. Abraham Maslow (1908-1970) e a Hierarquia das Necessidades Humanas Principais argumentos A experiência de platô produz uma consciência intensificada do mundo e uma apreciação mais elevada da vida. É mais duradoura e menos intensa do que uma experiência culminante. As experiências culminantes e de platô não estão necessariamente atreladas à auto-realização. Rollo May (1909-1994) e a Psicoterapia Existencial Norte-Americana Principais argumentos O desenvolvimento da psicoterapia existencial nos Estados Unidos da América foi iniciado em 1958 quando Rollo May publicou o livro Existence: A New Dimension in Psychiatry and Psychology Rollo May (1909-1994) e a Psicoterapia Existencial Norte-Americana Principais argumentos A ansiedade surge da consciência da realidade da existência (finitude, liberdade, solidão e falta de sentido da vida) As estratégias defensivas são usadas para proteger contra a ansiedade existencial poderiam conduzir à ansiedade neurótica A finalidade da psicoterapia é ajudar o cliente a identificar e superar as suas resistências ou modos de evitamento da ansiedade existencial. Ou seja, a psicoterapia deve ser uma experiência que leve o ser humano à transcendência. Viktor Frankl (1905-1997) e a Logoterapia Principais argumentos Encontrar um significado para a vida é fundamental para o crescimento e a felicidade do indivíduo. O significado da experiência só pode ser determinado pelo indivíduo que tem a experiência. Em vez de existir um significado geral para a vida, há “o significado específico da vida de uma pessoa em um dado momento” = significado é pessoal (criado pelo próprio indivíduo) e transitório. Viktor Frankl (1905-1997) e a Logoterapia Principais argumentos O significado da experiência só pode ser determinado pelo indivíduo que tem a experiência. Conceito de “neurose noogênica”: conflitos baseados nas frustrações existenciais. A ausência de sentido de vida conduz o indivíduo a vivenciar o vazio existencial. Ana Lúcia Couto Psicologia da Gestalt Ana Lúcia Couto Max Wertheimer (1880-1943) Kurt Koffka (1886-1941) Wolfgang Köhler (1887-1967) A psicologia da gestalt, de Schultz e Schultz (Material didático) Ana Lúcia Couto Os fundadores da Psicologia da Gestalt - Wertheimer, Koffka e Köhler - encontram as bases do seu pensamento no trabalho do filósofo Immanuel Kant (1724-1804). Kant alegava que, quando percebemos um objeto, encontramos estados mentais que parecem compostos de partes. No entanto, esses elementos são organizados de modo que tenham algum sentido, e não por meio de processos de associação, como afirmava Wundt. Durante o processo de percepção, a mente cria uma experiência completa. A psicologia da gestalt, de Schultz e Schultz (Material didático) Ana Lúcia Couto O que você vê? A percepção é um todo, uma Gestalt. Qualquer tentativa de analisá-la ou reduzi-la em elementos a destruirá. Ana Lúcia Couto O que você vê? Associacionismo elementarista (Estruturalismo): O todo é igual à soma das partes. Gestaltismo: O todo é maior do que a soma das partes. Ana Lúcia Couto O que você vê? Começar com os elementos é começar de forma errada, já que eles são produtos da reflexão e da abstração. A psicologia da Gestalt tenta retornar à percepção simples, à experiência imediata. . Ana Lúcia Couto A psicologia da gestalt, de Schultz e Schultz (Material didático) Compreensão súbita, criativa e espontânea a partir da reorganização do campo perceptual. Köhler e o insight Ana Lúcia Couto A psicologia da gestalt, de Schultz e Schultz (Material didático) Wolfgang Köhler e os experimentos com macacos Uma macaca, Nueva, pegou uma vara que Köhler havia colocado em sua gaiola. Esfregou-a no chão por um período curto e deixou de lado, perdendo o interesse no objeto. Dez minutos depois, algumas frutas foram colocadas no lado de fora. Ela esticou um dos braços pelas grades da gaiola em direção à fruta, mas não conseguiu alcançá-la. Começou a choramingar. Após diversos minutos, ela olhou a vara, parou de choramingar e, repentinamente, a agarrou. Ela esticou a vara pelas grades e arrastou a fruta até que estivesse perto o suficiente para alcançar. Uma hora depois, Köhler repetiu o experimento. Nueva hesitou, mas pegou a vara e a usou como instrumento mais habilmente do que da primeira vez. Na terceira vez, reagiu mais rapidamente. Os movimentos de Nueva não eram ao acaso. Ao contrário, tinham um objetivo em mente, eram propositados. Isso era diferente dos ratos no labirinto de Thorndike. Nueva e os outros chimpanzés exibiram uma maneira diferente de aprender. Suas ações levaram a umarevolução no campo da Psicologia. Ana Lúcia Couto A experiência com o macaco Sultão Ana Lúcia Couto A experiência com o macaco Sultão Ana Lúcia Couto Christian von Ehrenfels (1859-1932) e a constância perceptual A psicologia da gestalt, de Schultz e Schultz (Material didático) A percepção de um objeto não muda, ainda que modifiquemos nossa orientação em relação a ele. Uma mesa continua a ser uma mesa se a olharmos de cima ou de lado. Reconhecemos uma melodia mesmo quando é transposta para outra nota. Uma pessoa que viajou de barco continua sentindo o chão balançar mesmo em terra firme. As qualidades da experiência que não podem ser explicadas como simples combinação de elementos sensoriais são chamadas Gestalt qualitäten (qualidades de forma), responsáveis pela constância perceptual (qualidade da experiência perceptual que não se altera mesmo com a mudança de elementos sensoriais). Ana Lúcia Couto Ana Lúcia Couto Ana Lúcia Couto Ana Lúcia Couto Os princípios da Gestalt sobre a organização perceptual Simplicidade ou Boa Forma ou Pregnância A psicologia da gestalt, de Schultz e Schultz (Material didático) Tendência de conferirmos uma estrutura ao objeto percebido Ana Lúcia Couto Os princípios da Gestalt sobre a organização perceptual Proximidade A psicologia da gestalt, de Schultz e Schultz (Material didático) Tendência de perceber juntas as partes bem próximas umas das outras no tempo e no espaço. Ana Lúcia Couto Os princípios da Gestalt sobre a organização perceptual Continuidade A psicologia da gestalt, de Schultz e Schultz (Material didático) Tendência de conectar elementos de modo que eles pareçam contínuos. Ana Lúcia Couto Os princípios da Gestalt sobre a organização perceptual Semelhança A psicologia da gestalt, de Schultz e Schultz (Material didático) Tendência de agrupar partes similares. Ana Lúcia Couto Os princípios da Gestalt sobre a organização perceptual Fechamento/preenchimento/closura A psicologia da gestalt, de Schultz e Schultz (Material didático) Tendência de completar figuras incompletas. Ana Lúcia Couto Os princípios da Gestalt sobre a organização perceptual Figura e Fundo A psicologia da gestalt, de Schultz e Schultz (Material didático) Tendência de organizar as percepções em objeto (figura) e base (fundo).
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