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Processo Penal Das provas

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COACHING 
CANAL CARREIRAS POLICIAIS 
 
PROCESSO PENAL 
 
DAS PROVAS 
 
 
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PROCESSO PENAL 
DAS PROVAS 
Leitura dos artigos: art. 155 ao 250 
 
INTRODUÇÃO: Prezados, o capítulo provas é de grande relevância para os 
nossos concursos da área policial, em especial, ao Delegado de Polícia. 
Trata-se de um dos temas com maior incidência em nossos certames. Sendo 
assim, precisaremos ficar bem atentos ao tema e suas peculiaridades. 
 
A atividade probatória é desenvolvida, em regra, pelas partes a fim de 
formar o convencimento do julgador. O destinatário da prova é o juiz, no 
entanto, este somente pode utilizá-la para formar o seu convencimento 
quando submetida ao crivo do contraditório e ampla defesa. 
 
PRINCÍPIOS RELACIONADOS À PROVA: 
 
Principio da Comunhão ou Aquisição da Prova: A parte requer a realização 
de determinadas provas. No entanto, a prova, por mais que seja requerida 
por uma das partes, não é da parte, mas pertencente ao processo e 
direcionada a formar o livre convencimento motivado do juiz. Uma vez 
trazidas aos autos, as provas não mais pertencem à parte que as acostou, 
mas sim ao processo, podendo, desse modo, ser utilizadas por quaisquer dos 
intervenientes, seja o juiz, sejam as demais partes. 
Autorresponsabilidade das Partes: Cada parte é responsável pela produção 
de provas que pretende produzir. Ex. Se o réu quer provar excludente de 
culpabilidade ou ilicitude em seu favor, tem ele o dever e responsabilidade 
de provar o que está querendo alegar. Por seu turno, se na ação penal 
pública, o MP não providenciar a prova da autoria da infração e de sua 
materialidade, a consequência será a absolvição do acusado. 
Principio da Audiência Contraditória: Toda e qualquer matéria probatória 
deve ser submetida ao crivo do contraditório. Significa que toda prova 
realizada por uma das partes admite a produção de uma contraprova pela 
outra. 
Principio da Oralidade e Concentração Visa dar maior eficiência e agilidade 
ao processo, característica do sistema acusatório. A audiência é una e deve 
pautar-se pela oralidade do procedimento. 
 
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Princípio da não autoincriminação (nemo tenetur se detegere): Trata-se de 
princpioio que protege o acusado, hipótese em que eleo não poderá ser 
obrigado a produzir provas contra si. Em face desse privilégio que lhe é 
assegurado, não está o acusado, por exemplo, obrigado a responder as 
perguntas que lhe forem formuladas por ocasião de seu interrogatório, 
tampouco a fornecer padrões vocais ou letra de próprio punho visando a 
subsidiar prova pericial requerida pelo Ministério Público. 
 
Advertência quanto ao direito a não autoincriminação: Essa advertência é 
aquilo que a doutrina americana chama de Aviso de Miranda. Isso surge no 
direito norte americano como “Miranda Rights” ou “Miranda Warnings”. Os 
Avisos de Miranda são três. Assim, nenhuma validade pode ser dada às 
declarações feita à polícia sem que antes seja informada: 
1. De que tem o direito de não responder; 
2. De que tudo que disser pode ser usado contra ela; 
3. De que tem o direito à assistência de defensor escolhido ou nomeado. 
 
ESSE DEVER DE INFORMAR TAMBÉM SE APLICA À MÍDIA? O STF, no HC 99.558, 
entendeu que o dever de informação quanto ao direito ao silêncio aplica-se 
apenas ao P. Público e não à mídia. Há alguns doutrinadores, porém, que 
entendem que o dever de informação se aplica à fundamentando que 
deve ser aplicada a teoria da eficácia horizontal dos direitos fundamentais. 
 
SISTEMAS DE VALORAÇÃO DA PROVA: Esses sistemas dizem respeito à relação 
entre o juiz e a prova, no que tange à sua liberdade de avaliação da prova. 
 
A) Sistema da Íntima Convicção ou Sistema da Certeza Moral do Juiz: De 
acordo com o sistema da íntima convicção, o juiz é livre para valorar as 
provas, não sendo obrigado a fundamentar seu convencimento. O 
problema é que não há como controlar essas provas, porque se o juiz não 
fundamenta, não é possível saber qual prova ele utilizou para decidir. 
 
B) Sistema da Prova Tarifada ou Sistema da Prova Legal ou Sistema da 
Certeza Moral do Legislador: Por esse sistema, os meios de prova têm valor 
probatório previamente fixados pelo legislador, cabendo ao juiz, tão 
somente, fazer a somatória das provas e analisar se o valor obtido é apto a 
condenar uma pessoa. Nesse sistema, a confissão era tida como rainha das 
provas, porque ela sozinha era apta a condenar alguém. Há resquícios desse 
 
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sistema no CPP: 1. Exame de corpo de delito quando diante de delito não-
transeunte; 2. Prova quanto ao estado das pessoas, que deve observar as 
limitações do Código Civil. 
 
C) Sistema da Persuasão Racional do Juiz ou Sistema do Livre 
Convencimento Motivado: De acordo com esse sistema, o juiz tem ampla 
liberdade na valoração das provas constantes do processo, as quais têm, 
em abstrato, o mesmo valor. Contudo, o juiz é obrigado a fundamentar o seu 
convencimento. Fundamentar é importante por dois motivos: ela é 
mecanismo de controle e mecanismo de legitimidade do judiciário perante 
a sociedade. O sistema da persuasão racional e o do livre convencimento 
motivado é o adotado pela nossa CF (art.93, IX, CF) e pelo CPP (art.155, 
CPP). 
 
Mas, professor, todos os fatos precisam ser provados? Não! 
- EXISTEM FATOS QUE DISPENSAM A PRODUÇÃO DE PROVAS: 
1. Fatos axiomáticos, provados pela ciência, incluindo a lei; 
2. Fatos notórios, ou seja, de conhecimento do homem médio; 
3. A lei, salvo a alienígena; 
4. Fatos legalmente presumidos (ex. estupro de vulnerável). 
5. Verdades sabidas 
 
- NO ENTANTO, AS PARTES PRECISARÃO PROVAR: 
1. Fatos não contestados ou incontroversos; Os fatos incontroversos são 
objetos de prova, uma vez que estamos, na maioria das vezes, diante 
de direito indisponível. 
2. Leis estaduais e municipais, quando em localidade diversa da do 
exercício da jurisdição. 
3. Portarias e regulamentos; Salvo se funcionarem como complemento 
da norma penal em branco, quando não precisam ser comprovados 
pelas partes. 
4. Costumes; 
5. Leis Estrangeiras. 
 
OBS.: As provas sobre o estado civil, ainda que notório, dependem das 
provas estabelecidas pelo Direito Civil (resquício de prova legal ou tarifada). 
 
DA INIVIATIVA PROBATÓRIA: 
- À acusação: A maioria da doutrina entende que a acusação tem que 
provar o fato típico, pois, assim, haverá, muito provavelmente, ilicitude e 
culpabilidade. Então, caso o acusado queira provar que sua conduta está 
acobertada por alguma excludente, o ônus é dele. Desse modo, a 
acusação deverá provar a existência de tipicidade, autoria ou participação, 
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nexo causal e dolo ou culpa. Não se deve presumir o dolo, pois cabe ao 
Ministério Público provar a prática do fato típico e ilícito. 
 
- À defesa: os fatos extintivos do processo (prescrição, decadência e outras 
causas extintivas da punibilidade), as alegações que fizer, como, por 
exemplo, o álibi, e as causas legais e supralegais de exclusão da ilicitude e 
da culpabilidade, uma vez que todo fato típico a princípio também será 
ilícito (caráter indiciário da ilicitude) e todo agente imputável se presume 
capaz. Desse modo, podemos concluir que a acusação não precisará 
demonstrar todos os elementos do crime (tipicidade, ilicitude e 
culpabilidade). 
Atenção!!! Uma corrente minoritária, contudo, entende que, por força do 
princípio da presunçãode inocência, o ônus da prova no processo penal é 
exclusivo da acusação, de modo que a defesa não tem que provar nada. 
Então, para essa corrente, o MP tem que provar tipicidade, ilicitude e 
culpabilidade. Nesse sentido Gustavo Badaró. 
MOMENTO DE APRESENTAÇÃO DAS PROVAS: 
No processo penal, o momento adequado para a especificação de provas 
pelo réu é a apresentação da resposta à acusação. Entretanto, isso não 
impede que, por ocasião de seu interrogatório, o réu indique outros meios de 
prova que deseje produzir. 
 
Como sabemos, em regra, as provas são produzidas durante a fase 
processual. Contudo, há três exceções a esta regra: 
PROVAS CAUTELARES: São aquelas adotadas em razão do fummus boni iures 
e periculum in mora. Podem ser produzidas na fase investigatória e na fase 
judicial. Dependem de autorização judicial, sendo que o contraditório será 
diferido (postergado). Ex. interceptação telefônica; infiltração de agentes. 
 
PROVAS NÃO REPETÍVEIS: São aquelas que uma vez produzidas não têm 
como serem novamente coletadas em razão do desaparecimento da fonte 
probatória. Podem ser produzidas na fase investigatória e na fase judicial. 
Não dependem de autorização judicial, sendo que o contraditório será 
diferido. Ex. alguns exames periciais (ex. exame de corpo de delito em um 
caso de lesões corporais). Observa-se que alguns exames periciais podem 
ser repetidos ( ex. laudo de avaliação nos crimes patrimoniais). 
 
PROVAS ANTECIPADAS: Provas antecipadas são aquelas produzidas com a 
observância do contraditório real perante a autoridade judicial, em 
momento distinto daquele legalmente previsto, ou até mesmo antes do início 
do processo, em virtude de situação de relevância e urgência. Ex.: 
 
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testemunha que irá se ausentar (exterior) ou por enfermidade ou velhice. 
(art. 225 CPP). É o chamado depoimento “ad perpetuam rei memorium”. A 
prova antecipada é produzida perante o juiz antecipadamente para que 
tenha o mesmo valor de uma prova produzida em juízo 
 
IMPORTANTE: A oitiva das testemunhas que são policiais é considerada 
como prova urgente para os fins do art. 366 do CPP? 
1ª corrente: SIM. O fato de o agente de segurança pública atuar 
constantemente no combate à criminalidade faz com que ele presencie 
crimes diariamente. Em virtude disso, os detalhes de cada uma das 
ocorrências acabam se perdendo em sua memória. Existem vários 
precedentes do STJ nesse sentido. 
2ª corrente: NÃO. Não serve como justificativa a alegação de que as 
testemunhas são policiais responsáveis pela prisão, cuja própria atividade 
contribui, por si só, para o esquecimento das circunstâncias que cercam a 
apuração da suposta autoria de cada infração penal. STF. 2ª Turma. HC 
130038/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/11/2015 (Info 806). 
 
VOCÊ SABE O QUE É DEPOIMENTO SEM DANO? ELE É ADMITIDO? 
O depoimento sem dano consiste na oitiva judicial de crianças e 
adolescentes que foram supostamente vítimas de crimes contra a 
dignidade sexual por meio de um procedimento especial, que consiste no 
seguinte: a criança ou o adolescente fica em uma sala reservada, sendo o 
depoimento colhido por um técnico (psicólogo ou assistente social), que faz 
as perguntas de forma indireta, por meio de uma conversa em tom mais 
informal e gradual, à medida que vai se estabelecendo uma relação de 
confiança entre ele e a vítima. O juiz, o Ministério Público, o réu e o 
Advogado/Defensor Público acompanham, em tempo real, o depoimento 
em outra sala por meio de um sistema audiovisual que está gravando a 
conversa do técnico com a vítima. 
 
Atualmente, a legislação não prevê expressamente essa prática. Apesar 
disso, o STJ entende que é válida nos crimes sexuais contra criança e 
adolescente, a inquirição da vítima na modalidade do “depoimento sem 
dano”, em respeito à sua condição especial de pessoa em 
desenvolvimento, inclusive antes da deflagração da persecução penal, 
mediante prova antecipada. Assim, não configura nulidade por 
cerceamento de defesa o fato de o defensor e o acusado de crime sexual 
praticado contra criança ou adolescente não estarem presentes na oitiva 
da vítima devido à utilização do método de inquirição denominado 
“depoimento sem dano”. STJ. 5ª Turma. RHC 45.589-MT, Rel. Min.Gurgel de 
Faria, julgado em 24/2/2015 (Info 556). FONTE: Dizer o Direito. 
 
 
 
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QUAL É O PAPEL DO JUIZ NA BUSCA DA VERDADE? 
 Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado 
ao juiz de ofício: 
 I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada 
de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, 
adequação e proporcionalidade da medida; 
 II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a 
realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. 
 
Apesar das disposições acima, que devem ser observadas na fase objetiva. 
Há grandes críticas sobre ambos os dispositivos, pois, sob a perspectiva do 
sistema acusatório, o juiz deve permanecer inerte, sob pena de 
comprometer a sua imparcialidade. Sendo assim, a doutrina defende que, 
na fase investigatória o juiz não é dotado de iniciativa instrutória, podendo 
agir apenas se provocado pelas partes. Assim, o art. 156, I do CPP, de 
acordo com a doutrina moderna, é inconstitucional porque viola a 
imparcialidade do juiz e, por conseguinte, o sistema acusatório. Na fase 
processual o juiz tem certa iniciativa probatória a ser utilizada de maneira 
residual/subsidiária a fim de buscar a verdade real ou material, o que 
também é criticado pela doutrina garantista. 
CLASSIFICAÇÃO DAS PROVAS: 
1. Quanto ao objeto: 
a) Prova indireta: são aquelas que NÃO demonstram diretamente 
determinado ato ou fato, mas que permitem deduzir tais circunstâncias a 
partir de um raciocínio lógico e irrefutável. Exemplo: o álibi. 
b) Prova direta: é aquela prova que recai diretamente sobre o objeto da 
prova. 
2. Quanto ao valor: 
a) Provas plenas: são aquelas que permitem um juízo de certeza quanto ao 
fato investigado, podendo ser utilizadas como elemento principal na 
formação do convencimento do juízo acerca da responsabilidade penal do 
acusado. Exemplos: prova documental, prova testemunhal, prova pericial 
etc. 
b) Provas não plenas: são aquelas que, inseridas na condição de provas 
circunstanciais, podem reforçar a convicção do magistrado quanto a 
determinado fato, não podendo, porém, ser consideradas como o 
 
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fundamento principal do ato decisório. Exemplos: • O indício (art. 239 do 
CPP); • A fundada suspeita (art. 240, § 2.º, do CPP). 
c) Provas semi-plenas: são aquelas produzidas no curso do inquérito. São, em 
verdade, elementos informativos. 
3. Quanto às pessoas: 
Real ou Material – prova objetiva, que depende de conhecimento técnico, 
sem qualquer juízo de valor. (perícia) 
Prova Pessoal – prova subjetiva, pautada na interpretação da pessoa em 
relação a determinado fato. (comum em depoimento pessoal e 
testemunhal) 
CLASSIFICAÇÕES COM MAIOR RELEVÂNCIA PARA PROVAS SUBJETIVAS: 
1. O direito penal brasileiro aceita a prova inominada? A prova inominada é 
aquela que cujo “nomen jures” não está previsto em lei. No Processo Penal 
vigora o Princípio da Liberdade Probatória, mesmo não estando eles listados 
no Processo, desde que lícitos. Ex.: reconhecimento por e-mail. 
2. O que se entende por provas típica e atípicas? Prova Típica é aquela cujo 
procedimento probatórioestá regulamentado no texto da lei. Ex. 
reconhecimento de pessoas e coisas. Já a Prova Atípica é aquela que não 
tem procedimento probatório previsto em lei. Ex. reprodução simulada dos 
fatos. 
3. Diferença entre prova anômala e irritual: A prova anômala é a prova típica 
utilizada para fins diferentes daquele para o qual foi criada. Ex. oitiva de 
testemunha pelo órgão da acusação no seu gabinete e a consequente 
introdução desta nos autos do processo como se fosse um documento, 
devendo ser considerada NULA. Outrossim, a prova irritual é colhida sem a 
observância do procedimento da lei, ou seja, a prova irritual está tipificada 
na lei, só que, no caso concreto, não foram seguidos os cânones da norma. 
 
PROVA EMPRESATADA NO PROCESSO PENAL 
A partir de agora passaremos a analisar a viabilidade da prova emprestada 
no processo penal. E aí, candidato, o que seria prova emprestada? 
A prova empresta consiste na utilização em um processo de prova que foi 
produzida em outro, sendo que esse transporte da prova é feito de forma 
documentada (extrai-se uma certidão de um processo e coloca-se em outro 
processo). A prova emprestada pode se originar de qualquer outra prova, 
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de qualquer natureza (ex.: pericial, testemunhal, documental, dentre outras), 
passando a assumir natureza de prova documental no momento em que é 
levada para o novo processo. Segundo a doutrina e jurisprudência 
majoritárias, a utilização da prova emprestada só é possível contra aquele 
que participou do processo onde a prova foi originalmente produzida, 
respeitando-se assim o contraditório e a ampla defesa. Então, se a prova 
emprestada for utilizada num processo em face de Tício, por exemplo, Tício 
também deve ter participado do processo originário, e nele exercido 
contraditório. 
ATENÇÃO: Segundo Pacelli, a prova emprestada é ilegítima, pois agride 
severamente os princípios da ampla defesa e contraditório, uma vez que, 
em tese, poderia o réu confrontar o referido depoimento e até mesmo 
demonstrar a sua falsidade, o que, com a morte da testemunha e a juntada 
de simples certidão, seria rigorosamente impossível. (conhecimento válido 
para ser exposto em prova subjetiva e oral). 
OBSERVAÇÃO: Importante destacar que os Tribunais, há muito, já admitem 
que os elementos de prova utilizados e autorizados para um processo penal 
sejam utilizados em processo administrativo, a título de prova emprestada. 
STF, INQ 2.725 
 
COMPARTILHAMENTO DE PROVAS EM RAZÃO DE ACORDO INTERNACIONAL DE 
COOPERAÇÃO: Não há ilegalidade na utilização, em processo penal em 
curso no Brasil, de informações compartilhadas por força de acordo 
internacional de cooperação em matéria penal e oriundas de quebra de 
sigilo bancário determinada por autoridade estrangeira, com respaldo no 
ordenamento jurídico de seu país, para a apuração de outros fatos 
criminosos lá ocorridos, ainda que não haja prévia decisão da justiça 
brasileira autorizando a quebra do sigilo. Em outras palavras, o STJ julgou 
válida a utilização, em processo penal no Brasil, de informações bancárias 
sigilosas obtidas pela Justiça dos EUA e trazidas para o processo aqui por 
força do Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal (MLAT). STJ. 5ª 
Turma. HC 231.633-PR, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 25/11/2014 (Info 553). 
 
PROVAS EM ESPÉCIE 
1) EXAME DE CORPO DE DELITO – ART. 158 SS. 
Quando a infração deixar vestígio, será indispensável o exame de corpo de 
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
 
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A) Corpo de delito direto – exame pericial feito no próprio cadáver, objeto 
ou local; 
B) Corpo de delito indireto – é aquele realizado com base em informações 
verossímeis fornecidas aos peritos quando não dispuserem estes do vestígio deixado 
pelo delito. Não confundir com a prova testemunhal que supre o exame de corpo 
de delito, previsto no art. 167. 
NÃO CONFUNDIR O EXAME DE CORPO DE DELITO INDIRETO COM A PROVA 
TESTEMULHAL QUE SUPRE O EXAME DE CORPO DE DELITO: Tem-se observado, na 
doutrina e às vezes até na jurisprudência, certa confusão entre o exame de corpo 
de delito indireto e a possibilidade de suprimento da perícia pela prova testemunhal 
em razão do desaparecimento do vestígio. É que, apesar da obrigatoriedade da 
perícia determinada pelo art. 158 quando se tratar de crime que deixa vestígios, o 
CPP, no art. 167, estabeleceu que, quando o vestígio houver desaparecido, a prova 
testemunhal poderá suprir-lhe a falta. Esta possibilidade de suprimento não se 
confunde com o chamado exame indireto. No exame indireto há um laudo, 
firmado por peritos. Diferente é a situação de suprimento da perícia com base em 
testemunhas que vierem a prestar depoimento em juízo a respeito do vestígio do 
crime que tenham presenciado, caso em que se estará não diante de uma prova 
pericial indireta, mas sim de uma prova testemunhal. Plenamente correta, enfim, a 
lição de Tornaghi, citado por Tourinho Filho, quando refere que o exame indireto 
não é propriamente exame, e sim o raciocínio e mesmo as experiências dos peritos 
baseados no que dizem as testemunhas (e acrescentamos: ou qualquer outro 
elemento de prova). (Lições de Norberto Avena). 
O corpo de delito é elemento que prova a materialidade da infração e, 
como tal, formador do elemento justa causa. Ademais, o exame de corpo 
de delito deverá ser requisitado pela autoridade policial AO DIRETOR DA 
REPARTIÇÃO (IML) e não ao juiz ou ao perito, cuidado! Essa requisição não 
exige autorização judicial. Não confunda com o incidente de insanidade, 
pois esse sim necessita de autorização judicial. 
Nos crimes que deixam vestígio, o laudo prévio é condição especifica de 
procedibilidade para oferecimento e recebimento da denúncia. 
FACTI DELICTI PERMANENTIS – São crimes que deixam vestígios. 
FACTI DELICITI TRANSEUNTIS - São crimes que não deixam vestígios. 
 
MOMENTO DA PERÍCIA: O exame de corpo de delito, em regra, pode ser feito 
em qualquer dia e hora, sem restrições quanto aos feriados e períodos 
noturnos. Uma primeira exceção, contudo, existe em relação ao exame 
interno do cadáver (necropsia ou autópsia), o qual deverá ser feito no 
mínimo seis horas após a morte, art. 162 do CPP, levando em consideração o 
risco de morte aparente. Ademais, o laudo pericial será elaborado no prazo 
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máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos 
excepcionais, a requerimento dos peritos. (A lei não traz prazo máximo para prorrogação) 
 
FORMULAÇÃO DE QUESITOS: Serão facultadas ao MP, ao assistente de 
acusação, ao ofendido, querelante, e ao acusado a formulação de quesitos 
e indicação de assistente técnico. O assistente técnico atuará a partir de sua 
admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo 
pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. A autoridade 
e as partes poderão formular quesitos ATÉ O DIA DA DILIGÊNCIA. 
 
PERITOS OFICIAIS E NÃO-OFICIAIS 
(1) O exame de corpo de delito será realizado por 1 perito oficial, 
portador de diploma superior. Na falta do perito oficial, o exame de 
corpo de delito deve ser realizado por 2 duas pessoas idôneas 
(PERITOS AD HOC), portadoras de diploma de nível superior e, 
preferencialmente, na área especifica de acordo com a natureza do 
exame. 
 
(2) O perito que participou do laudo de constatação preliminar NÃO 
pode participar do laudo definitivo. (Súm. 361 do STF). 
 
 Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de umaárea de 
conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de 
um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico. 
 Os dois dispositivos supra não se aplicam aos crimes previstos na L. 
11343/06, uma vez que se permite ao perito que realizou o exame preliminar 
elaborar o definitivo e permite-se apenas um perito AD HOC – pessoa 
idônea, sem exigência de nível superior-, quando não presente um perito 
oficial (art. 50,1º). 
CORPO DE DELITO POR PRECATÓRIA: É admitido o exame por precatória, 
situação em que a nomeação do perito será realizada pelo juiz deprecado. 
Havendo acordo entre as partes, se a ação for de iniciativa privada, poderá 
ser feita a nomeação pelo juiz deprecante. (Art. 177,CPP) 
LAUDO E VINCULAÇÃO DO LAUDO: O laudo tem como objetivo subsidiar o juiz 
no que tange à análise técnica acerca do objeto da lide, mas não o 
vincula, podendo até mesmo julgar de forma contrária ao laudo pericial, sob 
fundamento do livre convencimento motivado ou persuasão racional. 
PERICIAS DESNECESSÁRIAS: Toda e qualquer prova pode ser indeferida 
quando o juiz achar desnecessária, intempestiva ou protelatória (argumentos 
 
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que podem ser alegados pelo juiz para o indeferimento da prova), menos o 
exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestígios. 
ASSISTENTE TÉCNICO – QUEM É? 
Introduzido no processo penal por força da Lei 11.690/08. Assistente técnico é um 
auxiliar das partes, dotado de conhecimento técnico ou científico, que traz ao 
processo informações especializadas relacionadas ao objeto da perícia. Diante do 
teor dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 159, a intervenção do assistente somente é possível 
durante o processo e após a conclusão dos exames feitos pelos peritos, ou seja, 
não se admite a intervenção do assistente na fase de investigação e nem mesmo 
no processo antes da conclusão dos peritos. 
Características: Auxiliar das partes (parcial). Ademais, o assistente técnico não é 
considerado funcionário público e nem mesmo é considerado perito. Assim, 
eventuais falsidades cometidas pelo assistente técnico não caracterizam o crime 
de falsa perícia, pois ele não está no rol taxativo do art. 342 e o Direito Penal não 
admite analogia in malan parten, devendo responder, então, pelo crime de 
falsidade ideológica. 
 
2) INTERROGATÓRO (ART. 185 SS) 
Até o advento da Lei 10.792/2003, três posições existiam acerca da natureza 
jurídica do interrogatório, a saber: meio de prova, meio de defesa e, por fim, 
meio de prova e meio de defesa. No entanto, há prevalência por 
caracterizá-lo como meio de prova e meio de defesa, pois tem o escopo de 
formar a convicção do juiz e o fim de tutelar o direito de defesa do réu – STJ 
HC 42.780/PR. O mecanismo do interrogatório, por mais que esteja 
disciplinado como meio de prova, também se caracteriza meio de 
autodefesa, seja ela positiva ou negativa (direito de permanecer calado), 
do réu. 
O interrogatório é dividido em duas partes, versando, a primeira, sobre a 
pessoa do réu (art. 187, § 1.º, do CPP), e, a segunda, sobre o fato (art. 187, § 
2.º, do CPP). Admite-se na doutrina e jurisprudência o direito negativo de 
defesa (silêncio) em relação aos fatos, contudo, não há direito ao silêncio 
quanto à qualificação do acusado. O art. 68 da Lei das Contravenções 
Penais tipifica a conduta de “recusar à autoridade, quando por esta, 
justificadamente solicitados ou exigidos, dados ou indicações concernentes 
à própria identidade, estado, profissão, domicílio e residência”. Se houver 
fornecimento de dados errados sobre sua qualificação, o agente deverá 
responder pelo crime de falsa identidade prevista no art. 307, CP. Em síntese, 
está o réu obrigado a fornecer os dados relativos à sua qualificação. 
O interrogatório sofreu duas grandes reformas nesses últimos anos. A falta de 
advogado no interrogatório acarreta nulidade absoluta da prova. Outra 
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parte da reforma é que o interrogatório hoje ocorre no final do processo. 
Mas, atenção! Esse momento do interrogatório (ao final da audiência) é para 
o procedimento COMUM e para o JÚRI. Cuidado com alguns procedimentos 
especiais, porque em alguns procedimentos, o interrogatório ainda é 
realizado no começo, como, por exemplo, na Lei de Drogas, no CPPM, e no 
procedimento originário dos tribunais. Nesses três procedimentos, o 
interrogatório continua sendo previsto como o primeiro ato da instrução 
probatória. Contudo, atenção! O STF, apreciando a Ação Penal 528, 
entendeu que as mudanças ocorridas no CPP também deveriam ser 
aplicadas ao procedimento originário dos tribunais e que o interrogatório dos 
acusados com foro por prerrogativa de função também deve ser realizado 
ao final da instrução. 
Do interrogatório deverá constar a informação sobre a existência de filhos, 
respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato 
de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa 
presa. (Incluído pela Lei nº 13.257/2016) 
OBS.: Na delegacia, como não há contraditório, não se faz necessária a 
presença do advogado no momento do interrogatório do suposto autor do 
crime. 
O interrogatório antigamente era ato privativo do juiz e as partes não 
participavam ativamente do interrogatório. Em 2003, o art. 188 passou a ter a 
seguinte redação: Após interrogar o réu, o juiz irá indagar as partes se 
desejam formular perguntas, ou seja, se restou algum fato a ser esclarecido. 
Assim, atualmente, o interrogatório não é um ato privativo do juiz. 
É possível a condução coercitiva do acusado para o seu interrogatório? 
Art. 260, CPP - Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, 
reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser 
realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença. 
 Pelo texto da lei seria possível a condução coercitiva. Contudo, é 
importante observar que o acusado tem direito ao silêncio. Por isso, a 
doutrina e os tribunais entendem que não é possível a condução coercitiva 
para o interrogatório. (Em questão objetiva, é prudente assinalar o que traz o 
texto da lei. Contudo, deve ser analisado o viés da prova. Se estivemos 
diante da prova do RJ, por exemplo, pode ser que o examinador queira uma 
posição crítica do que está disposto no CPP). 
Vale ressaltar, por outro lado, que a condução coercitiva pode ser 
determinada para a realização de um ato processual não protegido pelo 
nemu tenetur se detegere. Ex. Pode ser feita condução coercitiva para o 
 
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reconhecimento de pessoas (esse ato não demanda nenhum 
comportamento ativo do acusado e, portanto, não é protegido pelo direito 
ao silêncio, cabendo, por conseguinte, condução coercitiva). 
O que é interrogatório subrreptício? É aquele ilegal, quando não observados 
os preceitos legais, não advertindo o interrogado sobre seus direitos, 
caracterizando prova ilícita. 
 
INTERROGATÓRIO POR VIDEOCONFERÊNCIA: ART. 185 (PRESENÇA REMOTA DO 
JUIZ) 
A regra é que o réu vá até o juiz, sendo somente admitida a 
videoconferência em caráter excepcional, impondo-se, para tanto, decisão 
fundamentada, com intimação das partes com no mínimo 10 dias de 
antecedência em relação à data aprazada para o interrogatório. Assim, 
segundo dispõe o art. 185, o interrogatório do réu preso (não se admite 
videoconferência de réu solto) será realizado, em sala própria, no 
estabelecimento em que estiver recolhido, desde que garantida a 
segurança do juiz, do membro do MP, bem como a presença do defensore 
a publicidade do ato. 
O interrogatório por videoconferência é meio excepcional admitido por: 
(1) Razões de segurança pública, risco de fuga ou que o preso integre 
organização criminosa; 
(2) em caso de dificuldade de locomoção do réu por doença ou 
circunstância de caráter pessoal, 
(3) para impedir a influência do réu no ânimo da testemunha ou da vítima; 
(4) para responder a gravíssima questão de ordem pública. 
- Para a realização da videoconferência é necessário que o 
estabelecimento prisional possua: 
1. sala própria com sistema de vídeo previamente instalado, devidamente 
vistoriada pelo JUIZ, MP, OAB e membro da CORREGEDORIA; 
2. deve haver dois advogados, um com o interrogado e outro com o juiz e 
ambos os advogados devem estar em contato privativo e em tempo real. 
O art. 185,8º é deveras importante, pois permite a realização de acareação, 
reconhecimento de pessoas, inquirição de testemunhas ou tomada de 
declarações do ofendido por videoconferência quando a realização de tais 
atos dependam da participação de pessoas presas, desde que cumpridos 
os pressupostos excepcionais previstos ao procedimento. 
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DIREITO PROCESSUAL PENAL. INTIMAÇÃO DE AUTORIDADE PARA PRESTAR 
DECLARAÇÕES - As autoridades com prerrogativa de foro previstas no 
art. 221 do CPP, quando figurarem na condição de investigados no inquérito 
policial ou de acusados na ação penal, não têm o direito de serem inquiridas em 
local, dia e hora previamente ajustados com a autoridade policial ou com o 
juiz.Isso porque não há previsão legal que assegure essa prerrogativa processual, 
tendo em vista que o art. 221 do CPP se restringe às hipóteses em que 
as autoridades nele elencadas participem do processo na qualidade de 
testemunhas, e não como investigados ou acusados. Precedente citado do STF: 
Pet 4.600-AL, DJe 26/11/2009. HC 250.970-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 
23/9/2014. (Informativo 547 do STJ). 
 
3) CONFISSÃO 
A confissão é meio de prova, mas também pode ser utilizada como um 
mecanismo de defesa, visto que a confissão é uma atenuante genérica da 
pena, desde que corresponda aos seguintes requisitos: A confissão é 
personalíssima, verossímil, clara, somente o réu deve confessar, a confissão 
deve ser expressa, ser livre, voluntária e em plena saúde mental daquele 
que confessou. 
VALOR DA CONFISSÃO: A confissão deverá ser confrontada com as demais 
provas do processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade 
ou concordância. Ademais, não se pode jamais considerá-la exclusivamente 
para efeito de uma condenação, sem confrontá-la com outros elementos, 
que possam confirmá-la ou contraditá-la – STJ HC 50.304/RJ. 
ESPÉCIES DE CONFISSÃO: 
A) Confissão Simples  Quando o réu confessa apenas um dos crimes 
imputados a ele. 
B) Confissão Complexa  Quando o réu confessa todos os crimes a ele 
imputados. 
C) Confissão Qualificada  Ocorre quando o réu confessa o crime, mas 
alega excludente de ilicitude em seu favor, devendo prová-la. 
 
A confissão qualificada por ser utilizada como atenuante de pena? 
STF: Não. (HC 119671, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 05/11/2013). 
STJ: Sim. (AgRg no REsp 1.198.354-ES, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 
16/10/2014).). 
 
Características da Confissão: Ela é divisível e retratável, o que significa que o 
acusado poderá dela se arrepender, se ainda em tempo, e que o juiz, 
 
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dentro de seu livre convencimento, poderá valer-se apenas de parte da 
confissão. 
Em que consiste a confissão judicial imprópria? Caracteriza-se como 
imprópria a confissão judicial produzida perante autoridade judicial 
incompetente para o deslinde do processo criminal em curso Se a confissão 
é feita perante a autoridade judicial competente, ela é chamada de 
“confissão judicial própria”. Se a confissão é feita perante a autoridade 
policiais, administrativas, parlamentares etc, trata-se da chamada “confissão 
extrajudicial”. 
A confissão atenua a pena mesmo que já existissem nos autos outras provas 
contra o réu? SIM. O STJ decidiu neste sentido recentemente. (STJ. REsp 
1.183.157-SP, julgado em 16/10/2012). 
O silencio do réu não implica revelia e nem mesmo importa confissão, em 
atendimento ao Princípio da Presunção de Inocência. No processo penal 
não existe confissão ficta. No entanto, CUIDADO: O art. 198 aduz que o 
silencio do réu não importará confissão, mas poderá constituir elemento para 
a formação do convencimento do juiz. Apesar de ser a literalidade da lei, 
que deve ser considerada para fins de prova de objetiva, quando diante de 
prova subjetiva, o candidato deverá fazer critica sobre a constitucionalidade 
do dispostivo, visto que o silêncio do réu não pode ser utilizado na formação 
do convencimento do juiz. 
4) PERGUNTAS AO OFENDIDO 
No processo penal a vítima não é testemunha. No sistema americano todo 
mundo presta compromisso de dizer a verdade. Já no Brasil o crime de falso 
testemunho somente é imputado à testemunha, pois esta tem o 
compromisso de dizer a verdade. A vítima não presta compromisso pelo 
envolvimento emocional que tem para com a causa. Assim, a vítima nunca 
responderá por crime de falso testemunho. Contudo, é perfeitamente 
compreensível que a lei acautele-se contra eventuais prejuízos ao réu pelo 
que lhe for imputado indevidamente, podendo caracterizar o crime de 
DENÚNCIAÇÃO CALUNIOSA ou COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME. 
Ademais, tudo que se aplica à testemunha aplica-se à vitima, menos o 
compromisso de dizer a verdade. Assim, a vitima também pode ser 
conduzida coercitivamente a juízo. 
A palavra da vítima é sempre observada com ressalvas em virtude de todo 
comprometimento emocional que a vincula a causa. O depoimento do 
ofendido deve ser analisado em conjunto com toda a cadeia probatória, 
não servindo como prova isolada determinante para futura condenação. 
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Entretanto, existe uma exceção em que se dá especial relevância ao 
depoimento da vítima, que ocorre nos crimes contra dignidade sexual. 
Nesses casos, normalmente os crimes ocorrem às escondidas e a situação 
causa grande abalo emocional, físico e moral. Assim, em virtude do forte 
abalo, é comum que a vítima se retraia e não vá à delegacia 
imediatamente, acarretando a perda dos vestígios mínimos do crime, 
tornando a palavra da vitima mais poderosa do que normalmente é. Nos 
crimes contra a dignidade sexual o simples depoimento do ofendido tem o 
condão de consubstanciar futura condenação do réu. (STJ, HC 177980 BA, 
2011) 
5) PROVA TESTEMUNHAL: 
Testemunha é aquela que presta depoimento na presença do juízo durante 
a instrução penal, comprometendo-se a falar a verdade, sob pena de 
responder pelo crime de falso testemunho. As pessoas que são ouvidas no 
inquérito policial, tecnicamente, são consideradas informantes e não 
testemunhas, mas, segundo STF, mesmo o informante do IP pode responder 
pelo crime de falso testemunho – ATENÇÃO! 
A prova testemunhal é oral e, como tal, a testemunha não pode levar o 
depoimento que será prestado em escritos, salvo pequenos escritos com 
horário e data do fato, mas nunca a prova como um todo. 
EXCEÇÃO 1: diante de réus surdos e mudos, desde que não tenha interprete, 
pode ser utilizada a escrita na prova testemunhal, fugindo a regra da 
oralidade. 
EXCEÇÃO 2 : Algumas autoridades previstas no art. 221,1º, do CPP, poderão 
optar pela prestação do depoimento por escrito: Presidente e o Vice-
Presidente da República, os presidentes doSenado Federal, da Câmara dos 
Deputados e do Supremo Tribunal Federal. 
ATENÇÃO: O interrogatório do acusado estrangeiro, que não fale português, 
será feito por intérprete, ainda que o magistrado seja fluente na língua 
estrangeira que fala o acusado. 
 
Alguns países adotam o Testis Unos e Testis Nullus, ou seja, uma testemunha é 
igual a nenhuma testemunha em virtude da fragilidade desta prova e, como 
tal, não pode lastrear uma condenação. O Brasil , contudo, não adota a 
teoria dos testis unos, testis nulos, hipótese em que a prova testemunhal, 
independente da quantidade de testemunhas, serve para subsidiar a 
condenação do réu, desde que seja hábil a formar a convicção do juiz. 
 
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CANDIDATO: Atualmente, as partes do processo podem fazer as perguntas 
diretamente às testemunhas? 
- Análise do Art. 212 CPP: As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente 
à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não 
tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida. 
Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição. 
Sistema presidencialismo – Somente o juiz pode se dirigir diretamente às 
testemunhas. As perguntas eram para ser feitas ao juiz e este as fazia às 
testemunhas. 
Sistema do Cross Examination – As partes formulam as perguntas diretamente 
para as testemunhas. Com a reforma processual adotou-se o sistema 
da cross examination, que trabalha com o método de exame direto e 
cruzado. Isso significa que, diferentemente do sistema anterior, agora as 
partes é que formularão as perguntas diretamente (porque antes da Lei 
11.690/08 era o juiz). Exame direto porque primeiro quem arrolou a 
testemunha é que a questiona e, cruzado, porque, em seguida, as perguntas 
serão feitas pela parte contrária. 
No Brasil, as partes formulam as perguntas diretas e o juiz pode intervir 
diretamente e até mesmo complementar a inquirição. O sistema 
presidencialista vige diante das perguntas feitas pelos jurados em sede de 
Tribunal do Júri. 
A prova testemunhal é a mais utilizada no processo penal e tem o mesmo 
valor das outras, dependendo do confronto desta com as demais, possuindo 
valor relativo. Obs.: A testemunha tem direito de ser ouvida na cidade onde 
reside, de modo que, se o inquérito tramita em outro município, deverá ser 
expedida carta precatória. 
Testemunhas deprecadas (art. 222, § 2.º, do CPP): A expedição da carta 
precatória não suspende a instrução criminal e, sendo assim, nada impede que 
venha a testemunha de defesa a ser inquirida no juízo deprecado antes da 
inquirição das testemunhas de acusação no juízo deprecante. STJ, HC 101.529/PE. 
ORDEM DE INQUIRIÇÃO: Na audiência de instrução, serão inquiridas pelo juiz, 
primeiramente, as testemunhas de acusação e, após, as arroladas pela 
defesa. No tocante ao questionamento das partes, primeiro serão 
formuladas perguntas por quem arrolou a prova e, depois, pela parte 
contrária. O desrespeito à ordem da prova testemunhal gera nulidade 
RELATIVA, cuja declaração está condicionada à demonstração de efetivo 
prejuízo, segundo STF e STJ. Sendo assim, a parte deverá alegar a nulidade 
em prazo oportuno, sob pena de convalidação do vício processual sanável. 
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CONDENAÇÃO. DEPOIMENTO DE POLICIAIS: A impossibilidade de 
condenação com base no depoimento de policiais advém do período da 
ditadura, visto que, à época, se o réu fosse condenado, o policial ganharia 
um prêmio ao final. Atualmente, é completamente permitido que o juiz 
lastreie a condenação do réu em depoimento do policial condutor do 
acusado. Nesse viés, destaca-se que o policial tem fé pública e pode ser 
considerado de acordo com a convicção motivada do juiz. 
DISPENSA DO DEVER DE DEPOR: Existem pessoas que, como regra, são 
dispensadas do dever de depor em atenção aos laços afetivos de relações 
de parentesco: ascendente, descendente, afins em linha reta, cônjuge, 
ainda que separado ou divorciado e irmão acusado (CADI). Nesses casos, 
há a dispensa do dever de depor e do compromisso. Todavia, esses parentes 
terão o dever de depor se não for possível, de outra forma, obter-se prova 
dos fatos e de suas circunstâncias . 
DISPENSADOS DO COMPROMISSO: MENORES DE 14 ANOS; DEFICIENTES 
MENTAIS E OS DISPENSADOS DO TESTEMUNHO. ART. 208, CPP. 
IMPORTANTE: Segundo Pacelli, mesmo que o juiz da causa tenha se 
esquecido de tomar o compromisso da testemunha, ela não estará 
dispensada ou desobrigada do dever de dizer a verdade, pois há imposição 
normativa nesse sentido. 
PROIBIDOS DE DEPOR: Existem pessoas que possuem dever de sigilo: São 
proibidos de depor aqueles que souberem dos fatos em razão de ministério 
(religioso), profissão (tem 3º grau), ofício (não tem 3º grau) ou função. 
Algumas pessoas que tem o dever de sigilo podem depor se autorizadas 
pelo réu. Embora tenha ocorrido a desobrigação, o padre ou advogado, 
por exemplo, apesar de não ser condenado pelo crime de violação de 
segredo profissional, podem sofrer sanção administrativa de acordo com o 
regulamento interno de cada instituição, visto que a esfera penal é 
independente da administrativa. Aqueles que souberam dos fatos em razão 
da função não podem ser desobrigados, em nenhuma hipótese (Juízes e 
MP), sendo completamente proibidos de depor. 
DISTINÇÃO ENTRE CONTRADITA E ARGUIÇÃO DE DEFEITO: À luz do que expõe 
o art. 214 do CPP, não se pode confundir a contradita com argüição de 
defeito. Em síntese, a contradita deve ser utilizada – Avena e Nucci: 
1. Em relação à testemunha que não deva prestar compromisso (art. 208 do CPP): 
2. Em relação à pessoa que seja proibida de depor (art. 207 do CPP) 
 
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Já a arguição de defeito deve ser instrumentalizada quando alguma das 
partes tiver ciência de fatos que tornem a testemunha indigna de fé ou 
suspeita de parcialidade (amigo íntimo ou inimigo). 
E possível a condução coercitiva da testemunha? A testemunha pode ser 
conduzida coercitivamente caso seja fundamental para a formação da 
convicção do juiz. 
A autoridade policial pode determinar a condução coercitiva da 
testemunha? Alguns entendem que o delegado, quando necessitar, deve 
postular ao juiz que ordene a condução coercitiva do investigado ou de 
qualquer outra pessoa à sua presença. Argumenta-se, neste caso, que a 
condução implica forma de privação da liberdade, procedimento este que, 
abstraída a situação de flagrante delito, não pode ser realizado sem ordem 
judicial. Contudo, STJ e STF afirmam que a autoridade policial pode adotar 
todas as providências necessárias para que seja realizada tal apuração, até 
mesmo a própria condução do suspeito para prestar informações sobre o 
fato investigado, desde que respeitadas, obviamente, as garantias legal e 
constitucionalmente estabelecidas, como, por exemplo, a garantia do 
direito ao silêncio que decorre do privilégio nemo tenetur se detegere - RHC 
25.475/SP ; HC 107.644/SP. 
“É possível que a autoridade policial realize a condução coercitiva do 
investigado até a Delegacia de Polícia para que preste esclarecimentos. 
STF. 1ª Turma. HC 107644/SP, em 6.9.2011.” 
 
EM CASO DE FALSA AFIRMAÇÃO constatada pelo juiz, este deverá remeter 
cópia do depoimento à autoridade policial para instauração do inquérito 
referente ao possível crime de FALSO TESTEMUNHO (Art. 211). Outrossim, 
quando vislumbrada falsidade documental, o juiz deve remeter os autos 
para o MP, a fim de analisar incidente de falsidade. Cuidado aqui,pois, por 
vezes, o examinador pode tentar complicar a vida do candidato ao 
questionar qual a autoridade que deve ser comunicada por parte do juiz e 
isso varia se a falsidade for da testemunha ou se for documental. 
PROVA TESTEMUNHAL POR PRECATÓRIA: É indispensável a intimação quanto à 
expedição da carta precatória, sob pena de nulidade relativa. Porém, cabe 
à parte diligenciar junto ao juízo deprecado para saber a data da oitiva no 
juízo deprecado (Súmula 155 do STF e Súmula 273 do STJ). Ou seja, basta que 
o réu seja intimado sobre a expedição da carta precatória, ficando o 
conhecimento da data da audiência a seu cargo. No crime de falso 
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testemunho praticado no juízo deprecado, a competência para ação 
criminal será deste juízo deprecado (art. 70 do CPP). 
Imunidade parlamentar formal: dispõe o art. 53, § 6.º, da CF que “os 
Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre 
informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, 
nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações”. 
IMPORTANTE: Os Senadores e os Deputados somente dispõem da 
prerrogativa processual de serem inquiridos em local, dia e hora 
previamente ajustados entre eles e a autoridade competente, quando 
arrolados como testemunhas ou quando ostentarem a condição de 
ofendidos (STF Inq 2839). Não há esse direito quando figuram como réus! 
 
6) RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS 
O reconhecimento de pessoas e coisas tem por escopo identificar o 
acusado, o ofendido ou testemunhas, podendo ser determinado no curso 
da Investigação Preliminar (pelo delegado) ou do processo (pelo juiz). 
Primeiramente devemos afirmar que é possível o reconhecimento de pessoas 
e coisas por fotografia. Ademais, frise-se que é possível a condenação com 
base no reconhecimento, desde que venha acompanhado de outras 
provas. Assim, não é possível que o reconhecimento, por si só, seja 
determinante para condenação, devendo ser examinado conjuntamente. 
Para instrumentalização do reconhecimento de pessoas, a pessoa que deve 
reconhecer precisa descrever a pessoa a ser reconhecida. A posteriori, se 
possível, serão colocadas pessoas com as características físicas expostas por 
aquela, que tiverem qualquer semelhança, a fim de que possa ser apontada 
a pessoa a ser reconhecida. Caso haja receio de possível intimidação que 
possa influenciar na indicação da pessoa a ser reconhecida, a autoridade 
providenciará para que a pessoa incumbida pelo reconhecimento não seja 
vista pela que deve ser reconhecida. Por fim, do ato de reconhecimento, 
lavrar-se-á auto pormenorizado de reconhecimento pela autoridade, pela 
pessoa chamada a proceder ao reconhecimento e por mais duas 
testemunhas presenciais. 
ATENÇÃO: Em fase de instrução criminal ou plenário de julgamento, não 
poderá ser realizado o reconhecimento com o impedimento de visualização 
da pessoa que está reconhecendo, art. 226, p. ú. 
 
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OBSERVAÇÃO: Se várias pessoas forem chamadas para fazerem o 
reconhecimento, cada uma fará prova em separado a fim de evitar a 
comunicação entre elas e avaliar a qualidade probatória. 
Há divergência na doutrina quanto ao sentido da expressão “se possível”, 
entendendo a maioria que se refere às características semelhantes das 
pessoas junto às quais deve ser colocada a pessoa a ser identificada, 
vedando-se a submissão de apenas uma pessoa ao reconhecimento. Não 
obstante, existe decisão contrária do STJ sobre o tema, no sentido de que 
“não se reconhece ilegalidade no posicionamento do réu sozinho para o 
reconhecimento, pois o art. 226, II, do CPP, determina que o agente será 
colocado ao lado de outras pessoas que com ele tiverem semelhança ‘se 
possível’, sendo tal determinação, portanto, recomendável mas não 
essencial” (HC 7.802/RJ). *** 
O Brasil adota o sistema de reconhecimento simultâneo, onde aqueles que 
detêm características físicas semelhantes são mostrados ao mesmo tempo 
àquele que deverá identificar. Alguns países adotam o reconhecimento 
sequencial, em que se apresenta uma pessoa por vez e depois a outra. 
Reconhecimento de pessoas e reconstituição do crime: O acusado não é 
obrigado a praticar nenhum comportamento ativo que possa incriminá-lo 
(ex.: “bafômetro” ou reconstituição). O reconhecimento não está abrangido 
– o acusado é obrigado a participar. 
7) ACAREAÇÃO 
A acareação tem natureza jurídica de prova e, segundo doutrina 
majoritária, também tem natureza jurídica de meio de defesa. A acareação 
poderá ser realizada tanto na fase policial como na judicial, sempre 
respeitando o direito do acusado de não participar do ato. A acareação 
pode ocorrer entre testemunhas, vítimas, testemunhas e vítimas, réu e réu, ou 
seja, todo mundo pode ser acareado com todo mundo, desde que haja 
divergência e relevância nas informações prestadas para o processo. 
8) DOS DOCUMENTOS 
Quaisquer papéis, escritos ou áudio-visual, desde que seja possível a 
compreensão de seu conteúdo, podem ser considerados meios de prova. 
Os documentos podem ser juntados aos autos em qualquer tempo até a 
sentença, exceto no procedimento do tribunal do júri, em que a prova 
documental somente pode ser apresentada em até 3 dias antes da sessão 
de julgamento. 
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- A fotografia do documento, devidamente autenticada, se dará o mesmo 
valor do original. 
Se o juiz tiver notícia de documento relativo a ponto relevante da acusação 
ou defesa, providenciará, independente de requerimento de qualquer das 
partes, a juntada deste aos autos, se possível. 
O Boletim de Atendimento Médico, em caso de crimes de competência do 
JECRIM, é prova documental que substitui a prova pericial, pois o 
procedimento sumaríssimo, mesmo diante de crimes não-transeuntes, 
dispensa o exame pericial. Quando essa pessoa se apresenta para fazer a 
perícia, corpo de delito, se não houver mais vestígios da materialidade e 
apresenta o BAM, a prova pericial será substituída por modalidade de prova 
documental representado pelo referido boletim. 
9) INDICIOS 
Cuidado! A palavra “indício” é utilizada no CPP com dois significados 
distintos: como sinônimo de “prova indireta” e de “prova semiplena”. 
A) “Indício” como prova indireta: É aquela circunstância conhecida e 
provada que, tendo relaçãocom o fato delituoso, autoriza, por indução, a 
conclusão acerca da existência de outras circunstâncias. No CPP, a palavra 
“indício”, no sentido de “prova indireta”, está expressa no art.239, do CPP: 
 
B) “Indício” como prova semiplena: Prova semiplena é aquela prova de 
menor valor persuasivo. Não autoriza a formação de um juízo de certeza, 
mas sim de mera probabilidade. São, na verdade, atos de investigação. 
Ninguém pode ser condenado com base em uma prova semiplena. Porém, 
tais provas são de fundamental importância para a decretação de medidas 
cautelares. Ex: necessidade de indícios de autoria para decretação da 
preventiva. 
 
10) BUSCA E APREENSÃO 
Instituto indicado no CPP como uma modalidade de prova em espécie, 
porém não tem a natureza jurídica de prova, mas sim de medida cautelar 
probatória. Pode haver um mandado de busca e apreensão que contenha 
em seu texto também o mandado de prisão, ou seja, um único documento 
com dois mandados distintos. Segundo doutrina majoritária, o mandado de 
prisão não supre o mandado de busca e apreensão, não permitindo o 
ingresso no domicílio. 
A busca e apreensão pode ser pessoal ou domiciliar, sendo necessário um 
mandado judicial para estaúltima, em virtude da inviolabilidade do 
domicilio. Quando alguém se encontra dentro de um domicilio, além do 
 
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mandado de prisão, preciso de um mandado de busca e apreensão 
domiciliar para a violabilidade do domicilio do agente a fim de prendê-lo, 
devendo seguir as limitações de horário da inviolabilidade do domicilio. 
Todavia, não se faz necessária autorização judicial para mandado de busca 
e apreensão pessoal. 
 
ART. 5º XI, CF/88 - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar 
sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para 
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; 
 
As buscas domiciliares, como dependem de autorização judicial, serão 
executadas durante o dia, salvo se o morador consentir que se realizem à 
noite. Mas o que deve ser considerado dia? Há três correntes: 
1. Compreende-se o período entre às 6 horas e às 20 horas. Neste 
sentido: Aury Lopes Jr e Avena. 
2. Deve ser considerado o período entre às 6 horas e às 18 horas, 
visando-se, com isso, a preservar ao máximo a vida privada e a 
intimidade no âmbito doméstico. Em apertada maioria, tem sido esta 
a orientação dominante. Neste sentido: José Afonso da Silva e Tourinho Filho. 
3. O critério deve ser o físico-astronômico, considerando-se como dia o 
período em que houver iluminação solar. Neste sentido: Guilherme de 
Souza Nucci e Fernando Capez. 
 
- A busca domiciliar é utilizada, desde que haja fundadas razões, para: 
a) prender criminosos; 
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos; 
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados 
ou contrafeitos; 
d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou 
destinados a fim delituoso; 
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu; 
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, 
quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à 
elucidação do fato; 
g) apreender pessoas vítimas de crimes; 
h) colher qualquer elemento de convicção. 
 
A busca pessoal depende de fundada suspeita e a busca domiciliar de 
fundadas razões. A linha diferenciadora é muito tênue entre as duas, sendo 
necessária somente para fins de prova objetiva. 
DECRETAÇÃO DO MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO: A busca e apreensão 
pode ser determinada de oficio pelo juiz ou a requerimento de qualquer das 
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partes, seja no IP ou durante o PROCESSO – art. 242. Existe discussão quanto à 
possibilidade do juiz determinar a medida de oficio durante a fase pré-
processual, posição atacada pelos garantistas, afirmando que o dispositivo é 
inconstitucional em razão da violação do sistema acusatório vigente. (Essa 
crítica foi cobrada na prova oral do concurso de Santa Catarina e também 
em diversos concursos, em sede de prova subjetiva). 
O mandado de busca e apreensão deve ser o mais preciso possível 
(subjetiva e objetivamente), devendo indicar precisamente a casa objeto 
da busca, bem como o nome do proprietário ou morador; no caso de busca 
pessoal, o nome da pessoa ou sinais que a identifiquem. Deve também 
mencionar o motivo e os fins da medida e deve ser subscrito por escrivão e 
assinado pela autoridade policial. 
EXECUÇÃO DA BUSCA E APREENSÃO: Os executores deverão mostrar o 
mandado e lerão ao morador, ou a quem estiver presente, intimando-o, em 
seguida, a abrir a porta. Outrossim, a busca e apreensão pessoal pode ser 
realizada à noite e independente de qualquer autorização judicial. 
(1) Busca Domiciliar - Somente de dia e mediante mandado judicial 
(fundadas razões); Para ser efetivada à noite, precisa da 
concordância do proprietário do imóvel. 
(2) Busca Pessoal - Em qualquer horário, independente de mandado 
judicial (fundadas suspeitas). 
 
Em caso de desobediência será arrombada a porta e forçada a entrada. 
Recalcitando o morador, será permitido o emprego de força contra coisas 
existentes no interior da casa, para o descobrimento do que se procura. Em 
caso de ausência de pessoas no interior da casa, esta deve ser arrombada e 
forçada a entrada, devendo ser intimado vizinho, se houver, a fim de assistir 
a diligência. Findas as diligências, os executores lavrarão auto 
circunstanciado, assinando-o com duas testemunhas presenciais, sem 
prejuízo da diligencia realizada na presença do vizinho. 
Segundo STF, é exigido o mandado de busca e apreensão domiciliar em 
qualquer habitação coletiva, quarto de hotel (desde que ocupado) ou 
qualquer local onde a pessoa exerça sua profissão, desde que fechado ao 
público. (RHC N. 90.376-RJ) 
 Segundo Código Penal, a expressão "casa" compreende: 
I - qualquer compartimento habitado; 
II - aposento ocupado de habitação coletiva; 
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou 
 
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atividade. 
 Não se compreendem na expressão "casa": 
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto 
aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior; 
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. 
 
BUSCA NO INTERIOR DE VEÍCULO NECESSITA DE MANDADO JUDICIAL? Em 
regra, não é necessária autorização judicial para busca e apreensão no 
interior de veículos, mas, quando o veiculo é utilizado como moradia, como 
é o caso de cabines de caminhão, barcos, trailers, é necessária 
autorização judicial.(STJ HC 216437-DF); 
Órgão público é casa? Em relação à parte aberta ao público não é casa, 
porém prevalece o entendimento de que o gabinete de servidores públicos 
é considerado casa, inclusive o do Delegado. 
CRIME PERMANENTE E BUSCA DOMICILIAR SEM ORDEM JUDICIAL: O STF e o STJ 
pacificaram o seguinte: a invasão domiciliar em caso de crime permanente 
dispensa a ordem judicial por conta do estado de flagrante. 
O art. 250, do CPP, traz a possibilidade, no caso de perseguição, da 
autoridade policial penetrar em jurisdição alheia, ainda que de outro Estado, 
quando para apreensão de pessoa ou coisa. Nesse caso, a autoridade que 
adentra na jurisdição de outrem deve apresentar-se à autoridade 
competente local, antes ou após a diligência. Se as autoridades locais 
tiverem fundadas razões para duvidar da legitimidade das pessoas que 
entrarem em seus distritos ou da legalidade dos mandados, poderão exigir as 
provas dessa legitimidade, mas de modo que não se frustre a diligência. 
É POSSÍVEL A UTILIZAÇÃO DE BEM APREENDIDO? Os arts. 61 e 62 da Lei 
11.343/2006 permitem que, após autorização judicial, veículos, 
embarcações, aeronaves e quaisquer outros meios de transporte sejam 
utilizados pela autoridade de polícia judiciária, comprovado o interesse 
público. O juiz poderá autorizar que a aeronave seja utilizada pelo órgão 
mesmo o réu não estando respondendo por tráfico de drogas? SIM. É 
possível a aplicação analógica dos arts. 61 e 62 da Lei 11.343/2006 para 
admitir a utilização pelos órgãos públicos de aeronave apreendida no curso 
da persecução penal de crime não previsto na Lei de Drogas, sobretudo se 
presente o interesse público de evitar a deterioração do bem. O art. 3º do 
CPP afirma que a lei processual penal admitirá interpretação extensiva e 
aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de 
direito. Assim, é possível a aplicação da Lei de Drogas para crimes regidos 
pelo CPP com base no uso da analogia. STJ. 6ª Turma. REsp 1.420.960-MG, 
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Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 24/2/2015 (Info 556). Fonte: Dizer o 
Direito. 
 
Esse material é de uso exclusivo do Coachee/aprendiz do Coaching do 
Canal Carreiras Policiais, sendo protegido por direitos autorais (copyright), 
nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislação 
sobre direitos autorais e dá outras providências.