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CICLO CELULAR E CÂNCER • Ciclo celular (CC) - sequência ordenada de eventos que ocorrem entre duas divisões • As 2 principais fases do ciclo: - Fase S: síntese (10-12h, ½ do tempo do CC de uma célula de mamífero) - Fase M: segregação dos cromossomos e divisão celular (cerca de uma hora – mamíferos) O Ciclo Celular Destino de um único cromossomo parental pelo ciclo celular Principais fases do ciclo: Fase S e Fase M O intervalo entre as fases S e M do ciclo - “GAP”: G1 e G2 As fases do ciclo celular Fases G1 e G2: além de tempo para o crescimento celular � monitoramento dos ambientes intra e extracelulares ���� somente se as condições forem adequadas as células irão se comprometer (“commitement”) com o CC O tempo em G1 pode variar grandemente em resposta às condições externas bem como pela sinalização extracelular por outras células O intervalo entre as fases S e M do ciclo: “GAP” G1 e G2: tempo requerido para o crescimento celular (duplicação das organelas e das macromoléculas) O Sistema de controle do Ciclo Celular Altamente conservado em eucariotos Uma rede complexa de proteínas regulatórias atuam via uma sequência ordenada como interruptores bioquímicos • Conservação evolutiva: a regulação básica do CC e seu sistema de controle é essencialmente idêntico em todas as células eucarióticas (teste de complementaridade) • Regulação dos eventos críticos (replicação do DNA; mitose) • Proteínas quinase heterodiméricas a) Subunidade catalítica – CDK (CDK: kinase dependente de ciclina) b) Subunidade regulatória – ciclina • Diferentes complexos CDK/ciclina ao longo do ciclo CONTROLE DO CICLO CELULAR O complexo Cdk – Ciclina) CONTROLE DO CICLO CELULAR Fosforilação (quinases) e degradação de proteínas (ubiquitinina/proteassoma 26S) A passagem através do CC é controlada pelos complexos ciclina-CDK O CC é unidirecional – degradação de proteína é irreversível Base estrutural para ativação de uma CDK Ilustração baseada na estrutura tridimensional (R-X) da Cdk2 humana. A enzima é mostrada em 3 estados de ativação. Loop T é uma região da enzima que bloqueia seu sítio ativo na ausência de ciclina. A ativação total, catalisada por CAK, ocorre pela fosforilação do resíduo de Thr no loop T. CONTROLE DO CICLO EM MAMÍFEROS • Crucial na determinação do tamanho e forma de cada tecido • Integração entre sinais extracelulares e intracelulares • Células quiescentes (G0) • Ponto de restrição (G1) � “Start” em levedura a passagem por este ponto compromete a célula a entrar na fase S, e avançar até completar o ciclo celular (≅ 24 h em células de mamíferos) – mesmo se as condições do ambiente mudarem As leveduras (Schizosaccharomyces pombe e Saccharomyces cerevisiae) produzem uma única Cdk As células de mamíferos possuem uma pequena família de Cdks e múltiplas ciclinas � Complexos (CDK-ciclina) variam ao longo do ciclo CONTROLE DO CICLO EM MAMÍFEROS Diferentes complexos CDK/ciclina ao longo do ciclo (S. cerevisiae) Atividade dos complexos Cdk-ciclinas de mamíferos durante o ciclo celular de células em G0 expostas a fatores de crescimento CONTROLE DO CICLO EM MAMÍFEROS G1 ���� S (ponto de restrição) Ciclina D é essencial para passagem pelo Ponto De Restrição G1 ���� S (ponto de restrição) Regulação das atividades de Rb e E2F em G1 tardia � E2F auto estimula a transcrição de seus próprios genes Retinoblastoma (Rb): gene supressor de tumor • requerimento de uma pequena família de fatores de transcrição (E2F) para a transcrição dos genes da Fase S (Cdk2 e ciclinas A/E e os relacionados à síntese de DNA) SÍNTESE DO DNA • CDK2/ciclina A • Início da síntese pelo complexo de pré-replicação • Inibição da formação de novos complexos (só um evento de replicação por CC) G2 ���� M (Cdc2-activating kinase) Regulação da atividade MPF em S. pombe por Cdc13, Wee1, CAK e Cdc25 Regulação da atividade CDK por fosforilação inibitória Obs: Cdc2 = Cdk1 Cdc13 = Cicl.B Complexos de G2: CDK1–ciclina A/B Também chamado de MPF Regulação por proteínas análogas a Wee1, CAK e Cdc25 (S. pombe) Mecanismo de Regulação dos níveis das ciclinas mitóticas APC: anaphase- promoting complex MPF: mitosis- promoting factor (regulação do início da mitose nas células eucarióticas) Ciclina B Cdk1 Poliubiquitinação de ciclinas mitóticas • Saída da mitose depende do complexo APC Controle da entrada na anáfase e saída da mitose por APC, pela indução da degradação de pelo menos 2 classes de proteínas SAÍDA DA MITOSE inativo ativo O Sistema de controle do Ciclo Celular Altamente conservado em eucariotos Uma rede complexa de proteínas regulatórias atuam em uma sequência ordenada como verdadeiros interruptores bioquímicos – os complexos ciclinas- CDKs Na maioria das células, níveis adicionais de controle aumentam a fidelidade do processo de divisão celular � resposta aos vários sinais intra e extracelulares Sinais Intracelulares: monitoramento da progressão do CC através da passagem para a próxima fase apenas mediante a fase atual ter sido completada e checada a preparação para a segregação dos cromossomos só ocorre após a replicação do DNA ter sido completada e checada Sinais Extracelulares: o sistema de controle é altamente responsivo aos sinais de outras células papel central no controle do número de células nos tecidos do corpo (controle para evitar a excessiva divisão celular - câncer) Os “CHECKPOINTS” Pontos de checagem do sistema de controle do CC Dispara a ativação da maquinaria de replicação do DNA Dispara a entrada na anáfase e procede para a citocinese (completa a divisão celular) Dispara a montagem da maquinaria da mitose (montagem do fuso mitótico) Estágios onde o controle dos “checkpoint”podem parar a progressão do ciclo celular CHECKPOINTS DO CICLO CELULAR Visão Geral do sistema de controle do Ciclo Celular O sistema de controle do CC é constituído por uma série de complexos ciclina- CDKs (amarelo), cujas atividades também são influenciadas por mecanismos inibitórios dos pontos de checagem que sinalizam sobre: as condições do ambiente extracelular, os danos celulares e os eventos incompletos do CC. Inibidores de ciclina-quinase CKI (Ciclin Kinase Inhibitor) contribuem para o controle do ciclo: 2 classes principais dessas proteínas a)CIP (p21, p27, p53): Cdk Inhibitory Protein (liga e inibe todos os complexos Cdk1-, 2-, 4- e 6-ciclinas) p21CIP funciona na resposta de células de mamíferos a danos no DNA b) INK4 (p16): Inhibitory of Kinase 4 (liga e inibe somente os complexos CDKs4/6-ciclina D) Super-expressão ---| Cdk4/6-ciclina D ---| fosforilação de Rb A superexpressão ou a perda das proteínas de controle do ciclo celular (mostrado em rosa), ocorre em diversos cânceres humanos Controle no ponto de restrição G1����S (CKI – classe INK4)� mutação no gene p16 � Em resposta à excessiva estimulação mitogênica, a proteína inibitória do CC p19 ARF, inibe a proteína Mdm2 Após irradiação, a kinase ATM fosforila p53 Degradação de p53 no proteassoma 26S Dano ao DNA bloqueia o CC em G1 pela ativação de proteínas kinases que fosforilam p53. Normalmente, Mdm2 liga-se a p53 e promove sua degradação pelo proteassoma 26S. Fosforilada, p53 não se liga a Mdm2, acumula a altos níveis e estimula a transcrição de genes como p21 (uma CKI). p21 liga e inativa G1/S-CDK e S-CDK parando o ciclo em G1. Dano ao DNA bloqueia o CC em G1 Principal elemento de controle da qualidade do DNA é a p53, uma fosfoproteína nuclear induzida por fragmentos de DNA e que funciona ativando uma série de genes • Em G1 a p53 bloqueia ociclo através da inibição das ciclinas/CDK específicas de G1 e a subsequente fosforilação de RB. • Uma p53 alterada é encontrada na maioria dos tumores estudados. • Este efeito marcante levou-a a ser conhecida como a guardiã do genoma Complexo Cdk2-ciclina E Complexo Cdk2-ciclina A Complexo Cdk4-ciclina D1 p53 também age em G2 • Em G2, p53 induz a célula à morte programada, a apoptose • Existe um balanço neste ponto entre a ação de p53 e a capacidade da célula a reparar as lesões no DNA • Estas lesões são sentidas pelo ATM e gerenciadas por BRCA1 e BRCA2 CÂNCER CÂNCER • Crescimento desregulado de células • Definido por: – Reprodução em desafio as restrições normais – Invasão e colonização de territórios reservados para outras células PATOLOGIA • Neoplasia – crescimento incontrolável de uma massa de células anormais Tipos • Tumor benigno – células neoplásicas permanecem confinadas. • Tumor maligno – células adquirem a habilidade de invadir tecidos vizinhos a procura de um vaso sanguíneo ou linfático • Metástases – capacidade de formar tumores secundários em outros locais do corpo. Célula normal Perda da capacidade de adesão Fuga do tecido de origem Travessia para outros órgãos e tecidos até um vaso sanguíneo ou linfático Travessia da lâmina basal e entrada na circulação Saída da circulação Sobrevivência e proliferação no novo ambiente Características adquiridas • Crescimento na ausência de sinalização • Crescimento apesar dos sinais de restrição • Evasão dos mecanismos de autodestruição • Capacidade angiogênica • Imortalização • Metástases Algumas causas intrínsecas • Mutações que aumentam a instabilidade genética – reparo por excisão e por pareamento (“mismatch repair”) • Influência epigenética – modificações nos padrões de metilação (imprinting) Genética • Anomalias cromossômicas – Numérica: • Aneuploidia – Estrutural • Deleção • Inversão • Duplicação • Inserção • Anel • Translocações Aberração cromossômica Deleção terminal TRANSLOCAÇÃO – CROMOSSOMO PHILADELPHIA ALL – LEUCEMIA LINFOBLÁSTICA AGUDA CML – LEUCEMIA MIELÓIDE CRÔNICA TIPOS DE MODIFICAÇÕES MOLECULARES • Silenciamento - metilação • Superexpressão • Duplicação • Deleção • Inserção • Mudança de compartimentalização • Mutações pontuais PRINCIPAIS PARTICIPANTES • Proto-oncogenes – genes envolvidos na regulação do ciclo celular que levam a proliferação. • Supressores de tumor – genes envolvidos na regulação negativa do ciclo celular e na diferenciação celular. PROTO-ONCOGENES E SUPRESSORES DE TUMOR ONCOGENES • Sinalização celular – proliferação • Mutações dominantes (só uma cópia mutada é necessária para o fenótipo) • Oncogenes virais • Superexpressão e amplificação • Perda de imprinting Receptor EGF Como um proto-oncogene vira um oncogene ? Oncogene viral Oncogenes TUMOR Oncogene Associado Bexiga Cérebro Mama Cervical Coloretal Gástrico Pulmão Melanoma Neuroblastoma Ovário Pâncreas Próstata Testículo Leucemias HRAS, KRAS ERBB1, SIS ERBB2, HRAS, MYC MYC HRAS, KRAS, MYB, MYC ERBB1, HST, MYB, MYC, NRAS, YES ERBB1, HRAS, KRAS, MYC, LMYC, NMYC HRAS NMYC ERBB2, KRAS KRAS, MYC MYC MYC ABL, MYC, BCR, BCL1, BCL2 RAS • Proteína G • GEF e GAP • Variantes: HRAS, KRAS e NRAS • p21ras • Mutações nas posições 12 e 61 mais frequentes nos o-ras e v-ras MYC • Fator de transcrição do tipo Helix-Loop- Helix • Controle proliferativo • O-myc – Inserção viral – translocação – Estabilização do mRNA MUTAÇÕES DE MYC SUPRESSORES DE TUMOR • Inibidores de proliferação • genes supressores de tumor = anti-oncogenes • Mutações recessivas Supressor RB • Principal regulador do ciclo celular de mamíferos – cromossomo 13q • Reprime E2F • Heterozigose predispõe ao câncer hereditário • Homozigose negativa é letal na infância • Análogos virais a E2F, leva a proliferação. HPV pode causar câncer cervical Supressor p53 • Cromossomo 17p - Tetrâmero • É ativada por dano no DNA • Ativa sistema de reparo em G1→S e S→G2 • Bloqueia o ciclo celular em G1 e G2 – p21 • Ativa apoptose em G2 • Mutações negativas dominantes Funções de p53 Supressor BRCA • Principal gene relacionado a câncer de mama. • Está envolvido no reparo do DNA • 2 loci identificados: 17q21 (BRCA1) e 13q12-13 (BCRA2) • Mutações predispõe ao câncer de mama e ovário hereditário (BRCA1) • Câncer de mama feminino e masculino (BRCA2) • Diagnóstico familiar • BRCA 1 e 2 são produtos de oncogenes recentemente isolado como os principais atores no câncer de mama hereditário • Em um indivíduo metazoário, a entrada da célula em processo apoptótico é a última saída em uma situação que não mais é possível o reparo e a degeneração genética é inexorável
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