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OBJETIVOS 01. Discuti� �� principai� desenvolviment�� neuro�sicomoto� n�� primeir�� 1000 dia� d� vid� d� crianç� � relaciona� co� � impact� d� u� ambient� desfavoráve� (pai� dependent� d� álcoo� � drog�, alé� d� crianç� cuidand� d� outr�). 02. analisa� �� critéri�� d� avaliaçã� d� Estad� Gera� d� Saúd� d� acord� co� �� marc�� d� DNPM � relaciona� co� �� dad�� apresentad��. 03. Diferencia� subnutriçã� � desnutriçã� n� desenvolviment� neuro�sicomoto�. 04. Avalia� � atuaçã� d� ESF e� cas�� d� abandon� � mau�-trat��, � entende� � atuaçã� d� conselh� tutela� � d� ministéri� públic�. 05. Cita� �� direit�� d� crianç� � adolescent� previst�� n� ECA � defini� abandon� � mau� trat�� infanti�. 06. Indica� critéri�� par� concessã� d� guard� provisóri� � relaciona� co� abrig� temporári�. Objetivo 01 Eventos neurais importantes na 3 semana de gestação: -A notocorda (tubo celular) é formada pela derivado do processo notocordal (se estende por baixo do antigo epiblasto a partir do nó primitivo em direção a região encefálica). Nêurula ● Logo após a formação do tubo neural se define o sistema nervos, responsável pelo grande sucesso da estrátegia de sobrevivência animal, esse estágio é denominado nêurula. Neurulação ● Formação da placa e pregas neurais ● Fechamento dessas pregas: tubo neural - através da envaginação e junção do tubo neural. ● Término da 5 semana ● O tubo neural é o primórdio do sistema nervoso central ● A crista neural dá origem ao sistema nervoso periférico ● Placa neural: espessamento do ectoderma, induzindo pela notocorda. A formação do tubo neural induzida pela notocorda Células da placa neural de formato cubóides (distintas das células achatadas da futura epiderme)—>A linha mediana da placa neural permanece fixado à notocorda e as pregas neurais passam por processo de elevação e convergência —> com o encontro das pregas neurais essas fusionam, formando tubo neural, as células da crista neural se separam —> inicia a migração das células da crista neural. Háconsenso naliteratura especializadade quedesenvolvimento da criança não depende apenas da maturação do sistema nervoso central (SNC), mas também de vários outros fatores: biológicos, relacionais, afetivos, simbólicos, contextuais e ambientais. Essa pluralidade de fatores e dimensões envolvidas com o desenvolvimento infantil se expressa nas vivências e nos comportamentos dos bebês e das crianças, nos modos como agem, reagem e interagem com objetos, pessoas, situações e ambientes. Pode-se dizer que a aquisição de marcos de desenvolvimento pelas crianças depende do funcionamento do SNC e de outras dimensões do funcionamento orgânico, bem como da carga e da qualidade dos estímulos e das relações que a criança vivencia. Naturalmente, fatores endógenos e exógenos que perturbem o desenvolvimento podem provocar, com maior ou menor intensidade, transtornos nesse processo. Desenvolvimento Motor Durante o primeiro ano de vida, funções reflexas aparecem e desaparecem, de acordo com a evolução do Sistema Nervoso Central (SNC), progredindo para movimentos mais complexos e voluntários (DIAMENT; CYPEL, 2005). Neste processo de maturação cerebral, as experiências sensório-motoras da criança contribuem para o desenvolvimento das habilidades motoras, através do estabelecimento e reorganização de sinapses e formação de novas redes neurais (BRAGA, 2005). As etapas do desenvolvimento motor evoluem de forma gradativa, organizada, sendo consequência da precedente e necessária para a aquisição da próxima (ARQUELES et al., 2001). Por exemplo, equilibrar a cabeça e, posteriormente, o tronco, permitirá à criança manter-se de pé, pré-requisito esse para o andar. Alterações quanto à sequência de eventos pode ocorrer, como andar antes do engatinhar, mas mesmo assim a ordenação das aquisições motoras apresenta uma interdependência e hierarquia Desenvolvimento da Função Manual O uso funcional das mãos é essencial na realização das atividades de vida diária. Durante o desenvolvimento, a criança se engaja em diferentes papéis, cada vez mais complexos, que requerem o uso unimanual ou bimanual de forma eficiente. Esta ação se inicia com a descoberta das mãos pelo bebê, quando o segmento passa a ser percebido no campo visual. A criança pode permanecer longos períodos as observando, fase que representa o início do desenvolvimento das habilidades óculo-manuais. Ao longo do primeiro ano é frequente o contato involuntário - passando a voluntário - das mãos com o próprio corpo, objetos, pessoas. Desenvolvimento Cognitivo e de Linguagem O desenvolvimento cognitivo é o processo de surgimento da capacidade de compreender, pensar e decidir como agir no mundo que nos cerca. É a construção do conhecimento e de formas de resolver problemas que se dá através de um conjunto de processos mentais que envolvem a percepção, atenção, memória, raciocínio e imaginação. Assim, um desenvolvimento cognitivo integral depende de relações satisfatórias entre as diversas funções (sensorial, perceptiva, motora, linguística, intelectual e psicológica), bem como das etapas críticas da maturação neurocerebral do indivíduo. Por consequência, a ausência, escassez ou presença de estimulações nos momentos oportunos pode alterar o curso do desenvolvimento. objetivo 02 O Desenvolvimento Neuropsicomotor (DNPM) é o processo em que, a partir de estímulos, a criança adquire determinadas habilidades. Por ter um caráter progressivo, é esperado que ela obtenha a capacidade de realizar funções cada vez mais complexas. Por exemplo, um bebê que já senta se interessa pelas coisas que estão longe dele e para alcançá-las ele começa a rastejar e acaba aprendendo a engatinhar. Essa aquisição de habilidade ocorre em diferentes áreas: ● Motora: sentar, engatinhar, andar ● Linguagem: chorar, sorrir, falar ● Psicossocial: estranhar, interagir, adquirir independência O desenvolvimento infantil ocorre em diversas áreas, que devem ser avaliadas a cada consulta. Logo, devemos observar: ● Motor: grosseiro e fino; ● Sensorial; ● Adaptativo; ● Linguagem; ● Social; ● Emocional; e ● Cognitivo Escalas Existem diversas escalas para avaliação do DNPM, como as mostradas no quadro abaixo, mas usamos rotineiramente a caderneta de saúde da criança, que fornece um quadro abrangente do desenvolvimento do bebê. Confira algumas das balanças utilizadas e suas funções: ● Teste de Gesell: crianças de 4 semanas a 36 meses. Avalia de forma direta da qualidade e integração do comportamento, por meio da divisão em áreas de comportamento: adaptativo, motor grosseiro e fino, linguagem e pessoal-social. ● Escala de Bayley (BSID): utilizada para crianças de 1 a 42 meses. Se divide em três tipos a saber: Bayler I, II e II. Portanto, é considerada muito completa, apesar de toda sua complexidade, o que acaba inevitavelmente sendo muito utilizada apenas por especialistas treinados. ● Teste de Denver II: crianças de zero até os seis anos de idade. É uma escala de fácil execução composta por 125 itens, classificando-os em risco normal ou em risco. As principais áreas avaliadas são a motricidade ampla e fina, comportamento pessoal-social e linguagem. Como desvantagem, essa escala não diagnostica atrasos, apenas indica cuidados necessários, portanto possui pouco valor prognóstico. O teste de Denver II é subdividido: A-pessoal-social (ex: se a criança sorri quando conversa com ela até um mês de idade, se tenta alcançar um brinquedo de 4 a 5 meses) B-motor fino-adaptativo (se a criança segue até a linha média, com a crinça deitada de costas estimular ela chacoalhado um pom-pom para atrair a atenção dela e depois mover de um lado para o outro (180 graus) - do nascimento até um mes). C-linguagem (observa-se se a criança ri, emitindo som (gargalhada) de um mês ate 3 meses e 3 dias, se imita sons (de três meses a oito meses). D-motor grosseiro (se a criança eleva a cabeça no nascimento, mesmo que momentaneamente, desencostando o queixo da superfície, sem virar para um dos lados). Relacionando com os dados apresentados:Matheus de 4 meses apresenta um atraso pessoal-social, pois não sorri, porém o motor grosseiro está em dia. Ana de 2 anos apresenta um atraso na linguagem, pois não verbaliza nenhuma palavra e só se comunica através e gestos Marina de 7 anos também apresenta um atraso na linguagem pois só se comunica por desenhos que são rabiscos e círculos. Objetivo 03 Desnutrição é uma doença que decorre da carência de nutrientes necessários para que o organismo realize seu metabolismo fisiológico. tipos de desnutrição: - kwashiorkor: é um tipo mais grave de desnutrição, que causa despigmentação do cabelo e da pele e edema nutricional, ocorre quando a carência de proteína é de certa forma maior que a diminuição total de calorias. - Marasmo nutricional: situação de extremo enfraquecimento do corpo, é uma forma de apresentação mista da desnutrição energética-proteica grave, retardo de crescimento e perda de massa muscular. A desnutrição se refere a deficiências, excessos ou desequilíbrios na ingestão de energia e/ou nutrientes de uma pessoa. O termo desnutrição se refere a 3 grupos amplos de condições: ● Subnutrição: desnutrição, que inclui emagrecimento (baixo peso para a altura), atrofia (baixa altura para a idade) e baixo peso (baixo peso para a idade); Existem 4 sub-formas amplas de subnutrição: emagrecimento, retardo de crescimento, baixo peso e deficiências de vitaminas e minerais. A subnutrição torna as crianças, em particular, muito mais vulneráveis a doenças e morte. O peso baixo para a altura é conhecido como desperdício. Geralmente indica perda de peso recente e severa, porque uma pessoa não comeu o suficiente e / ou teve uma doença infecciosa, como diarreia, que a fez perder peso. Uma criança pequena que está moderada ou gravemente debilitada tem um risco aumentado de morte, mas o tratamento é possível. A baixa altura para a idade é conhecida como nanismo, é o resultado de desnutrição crônica ou recorrente, geralmente associada a más condições socioeconômicas, saúde e nutrição materna precárias, doenças frequentes e / ou alimentação e cuidados inadequados de bebês e crianças pequenas no início da vida. A baixa estatura impede que as crianças alcancem seu potencial físico e cognitivo. Uma criança abaixo do peso pode estar atrofiada, definhada ou ambos. ● Desnutrição relacionada à micronutrientes, que inclui deficiências de micronutrientes (falta de vitaminas e minerais importantes) ou excesso de micronutrientes; As inadequações na ingestão de vitaminas e minerais, muitas vezes chamadas de micronutrientes, também podem ser agrupadas. Os micronutrientes permitem que o corpo produza enzimas, hormônios e outras substâncias essenciais para o crescimento e desenvolvimento adequados. A deficiência de Iodo, vitamina A e ferro representam uma grande ameaça à saúde e ao desenvolvimento das populações em todo o mundo, especialmente crianças e mulheres grávidas em países de baixa renda. ● Sobrepeso, obesidade e doenças não transmissíveis relacionadas à dieta (como doenças cardíacas, derrame, diabetes e alguns tipos de câncer). Sobrepeso e obesidade ocorrem quando uma pessoa é muito pesada para sua altura. O acúmulo anormal ou excessivo de gordura pode prejudicar a saúde. O índice de massa corporal (IMC) é um índice de peso para altura comumente usado para classificar sobrepeso e obesidade. É definido como o peso de uma pessoa em quilogramas dividido pelo quadrado de sua altura em metros (kg / m²). Em adultos, o sobrepeso é definido como um IMC de 25 ou mais, enquanto a obesidade é um IMC de 30 ou mais. Objetivo 04 conselho tutelar O QUE É O CONSELHO TUTELAR? O artigo 131 do ECA traz a previsão do Conselho Tutelar, nos seguintes termos: Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei. O Conselho Tutelar foi criado pela Lei Federal n° 8.069, de 13 de julho de 1990(Estatuto da Criança e do Adolescente) com o objetivo de agilizar o atendimento à criança e ao adolescente que se encontrem em situação de vulnerabilidade ou risco social. O Conselho Tutelar possui três características fundamentais: é órgão autônomo, não jurisdicional e permanente. A autonomia do Conselho Tutelar quer dizer que ele não pode sofrer nenhum constrangimento ou impedimento na sua atuação funcional, desde que, é claro, essa atuação esteja de acordo com a Lei e com os princípios da Ética. Outra característica do Conselho Tutelar é a permanência:O Conselho Tutelar é um órgão da administração pública municipal.Faz parte da estrutura administrativa do município. Outra característica do Conselho Tutelar é que ele é um órgão não jurisdicional: Com isso se quer dizer que o Conselho Tutelar não faz parte do Poder Judiciário. As decisões do Conselho Tutelar não são decisões judiciais, mas decisões administrativas, pois o Conselho Tutelar é um órgão administrativo. Composição do Conselho Tutelar O Conselho Tutelar é composto de 5(cinco) conselheiros tutelares, escolhidos pela comunidade local, em votação direta e secreta, para um mandato popular de 4 (quatro) anos, podendo ser reconduzido, desde que passe novamente por todo o processo de escolha do Conselho Tutelar, que geralmente ocorre em fases, como habilitação (entrega de documentos), curso, prova e votação. O processo de escolha do Conselho Tutelar ocorre a cada quatro anos, sempre depois do ano que ocorrer a eleição para a Presidência da República do Brasil. As atribuições específicas do Conselho Tutelar estão relacionadas no Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 95 e 136) e serão apresentadas a seguir. Clique sobre cada uma delas para saber mais. 1ª Atribuição: Atender crianças e adolescentes e aplicar medidas de proteção 2ª Atribuição: Atender e aconselhar os pais ou responsável e aplicar medidas de proteção 3ª Atribuição: Promover a execução de suas decisões 4ª Atribuição: Encaminhar ao Ministério Público notícia e fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou do adolescente 5ª Atribuição: Encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência 6ª Atribuição: Tomar providências para que sejam cumpridas medidas protetivas aplicadas pela justiça a adolescentes infratores 7ª Atribuição: Expedir notificações 8ª Atribuição: Requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou de adolescente quando necessário. p>9ª Atribuição: Assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente. 10ª Atribuição: Representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos no artigo 220, §3º, Inciso II, da Constituição Federal. 11ª Atribuição: Representar ao Ministério Público, para efeito de ações de perda ou suspensão do poder familiar. 12ª Atribuição: Fiscalizar as Entidades de Atendimento Ministério Público O Ministério Público atua na área da infância e juventude com a finalidade de garantir a defesa dos direitos de crianças e adolescentes, sujeitos de direitos, conforme expressa previsão da Constituição Federal. O Promotor de Justiça da infância e juventude atua basicamente em três esferas: a) adolescentes em conflito com a lei (atos infracionais); b) situações de risco e processos de guarda, tutela e adoção; c) defesa de interesses metaindividuais. Duas são as principais formas de atuação do Promotor de Justiça da infância e juventude: atuação administrativa e judicial. Na esfera administrativa o Promotor de Justiça cobra do Poder Público a implementação de políticas públicas voltadas à garantia dos direitos de crianças e adolescentes nas áreas educacional, saúde, assistência social, etc. Expede recomendações, realiza visitas de inspeção, fiscaliza entidades governamentais e não governamentais e a regular aplicação dos recursos do Fundo dos Direitos das Crianças e Adolescentes. Na área judicial promove ações civis para a tutelade tais direitos. objetivo 05 Com a promulgação em 13 de julho de 1990, do Estatuto da Criança e do Adolescente no Brasil (ECA) crianças e adolescentes passaram a ser consideradas sujeitos de direitos e merecedores de Proteção Integral por parte da sociedade devido à condição peculiar de pessoas em desenvolvimento. A Constituição Federal de 1988 (CRFB/1988) reconheceu no art. 227, caput que: “é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”(BRASIL, 1988, art. 227). O mesmo é disciplinado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Destaca-se, portanto, o dever compartilhado entre a família, a sociedade e o Estado na efetivação da Doutrina da Proteção Integral dos direitos das crianças e dos adolescentes com absoluta prioridade por parte destes. Para garantir os direitos das nossas crianças e adolescentes é preciso antes de mais nada conhecê-los, por isso, trazemos aqui alguns dos pontos mais importantes referente aos direitos infanto-juvenis presentes no Estatuto da Criança e do Adolescente. Iniciamos então, conceituando os termos: Quem pode ser considerado criança e adolescente? De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em seu artigo 2º, “considera-se criança a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade”. E quais são os direitos das crianças e adolescentes? Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) art. 3º, “a criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade”. Ou seja, crianças e adolescente são reconhecidos como sujeitos de direitos e merecedores de proteção integral. Já no art. 4º, também do Estatuto estabelece que “é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária”. Desta forma a legislação impõe a todos o dever de zelar pelos direitos das crianças e adolescentes, sancionado tanto no ECA quanto na CRFB/1988 como dito inicialmente. E se os direitos forem ameaçados ou violados? O ECA é claro ao estabelecer em seu art. 5º, que “nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais”. Deste modo, a violação dos direitos infanto-juvenis seja por ação ou por omissão dos seus direitos, pode levar à responsabilidade civil e administrativa do agente. Mais a frente abordaremos a responsabilização administrativa explicitada no artigo 245 do Estatuto. Mas é importante destacar que o ECA relaciona inúmeras condutas que ferem os direitos de crianças e adolescentes e que se forem praticadas podem caracterizar crime sendo puníveis na forma da lei, além das chamadas infrações administrativas. Já de acordo com o artigo 18 do (ECA) “é dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor”. Significa que a lei impõe a todos a obrigação de respeitar e fazer respeitar os direitos de crianças e adolescentes, de modo que todos devem ter o dever de agir diante de qualquer ameaça ou violação dos seus direitos. A inércia pode levar à responsabilização daquele que se omitiu, sendo cobrado de toda pessoa que toma conhecimento de ameaça ou violação aos direitos infantoadolescentes deve proceder a comunicação para autoridade competente. Então, diante da suspeita de maus-tratos também devemos agir? Sim! Ainda que seja apenas uma suspeita de ocorrência de maus-tratos, esta deve ser comunicada ao Conselho Tutelar conforme se pode observar no art. 13 do ECA “os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais”. E na escola? Conforme o artigo 56º, do ECA “os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: I – maus-tratos envolvendo seus alunos; II – reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos escolares; III – elevados níveis de repetência. Importante destacar que a falta da comunicação pode importar na prática de infração administrativa prevista no art. 245, do ECA, “deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente: Pena – multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência”. E para educar é permitido uso da violência? O ECA no interesse de proteger a criança e o adolescente é claro ao disciplinar em seu artigo 18-A: “a criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los”. Portanto, não é permitido o uso da violência com pretexto educativo por quem quer que seja, sendo punido na forma da lei os casos de descumprimento. Mas o que a Lei considera violência? Para o ECA violência pode ser toda ação que gere castigo físico, ou seja “ação de natureza disciplinar e punitiva com o uso da força física sobre a criança e o adolescente que resulte em: a)sofrimento físico; e b)lesão”, ou ainda, “tratamento cruel ou degradante” que “a)humilhe, b)ameace gravemente, e c)ridicularize”. (Art18 – A – Parágrafo Único). Portanto, toda violência, seja ela física, sexual, psicológica, negligência, abandono, que caracterize uma transgressão do direito da criança e do adolescente e que gere dano, pode ser considerado como uma violência a estes sujeitos em desenvolvimento. O que diz a Lei sobre criança e o adolescente trabalhar? A partir de 14 anos o adolescente pode ter contrato de aprendizagem, sendo proibida outra modalidade de trabalho entre 14 e 16 anos. Já a partir de 16 até 17 anos já é possível o contrato CLT com algumas particularidades, pois é vedado trabalho: “I – noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte; II – perigoso, insalubre ou penoso; III – realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social; IV – realizado em horários e locais que não permitam a freqüência à escola”. De acordo com o art. 69 do ECA. “o adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre outros: I – respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento; II – capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho”. Quatro dimensões de maus-tratos Algumas das formas de violência infantojuvenil podem passar mais facilmente despercebidas, seja por ocorreremno ambiente doméstico, seja por não serem encaradas como forma de maus-tratos pelos adultos. Negligência A negligência deve ser considerada de modo amplo. Ela ocorre ao se desconsiderar o cumprimento de direitos básicos de crianças e adolescentes. Entre os exemplos de negligência está o não atendimento das necessidades de higiene, de repouso, de alimentação, de acesso à saúde, incluindo tratamentos especializados necessários ao bom desenvolvimento e à estimulação precoce. Outro exemplo de negligência é não estabelecer uma rotina saudável de repouso, alimentação – em quantidade, regularidade e qualidade –, estudo e lazer. “É dever não apenas matricular na escola, mas acompanhar o desenvolvimento, a frequência escolar”, esclarece Niva Campos. Além das necessidades físicas, a negligência também pode acontecer ao não se exercer a vigilância saudável dos jovens. É preciso estar atento às atitudes, comportamentos e hábitos, às pessoas e aos lugares de convivência, inclusive no ambiente virtual. “É importante que os pais tenham atenção aos sites a que a criança tem acesso, dado que cada vez mais a tecnologia está inserida nas nossas vidas”, acrescenta Niva. Violência física Consiste em qualquer tipo de agressão ao físico da criança ou adolescente com ou sem o uso de objetos. A violência física, além de danos físicos temporais, pode prejudicar o desenvolvimento orgânico e cerebral dos jovens, bem como ser letal. Muitas vezes, ela vem acompanhada de justificativa dos responsáveis que a desconsideram como possíveis maus-tratos. No entanto, o artigo 18-A do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece que crianças e adolescentes têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante como formas de correção. “Os pais devem ser responsáveis, pensar em outras formas de impor limites, que são necessários, e educar seus filhos sem o uso da violência física”, ressalta a supervisora da SEASIR. Niva Campos completa que a violência física não tem alcance como medida corretiva e educacional e que pode acabar em excessos, gerando uma situação mais grave. “A violência física, ainda que para correção, tem que ser banida. Os pais precisam fazer uso de métodos de correção mais saudáveis, como o diálogo e a retirada de privilégios”, pondera. Violência sexual Usar criança ou adolescente para a própria gratificação sexual aproveitando do grau de ingenuidade, da pouca autonomia ou do vínculo afetivo caracteriza violência sexual. Pode vir a ser revelada após anos de sua ocorrência, perpetuando-se no tempo devido ao grau de inocência da vítima, por medo ou mesmo por ser confundida com manifestação de afeto. “A criança não sabe totalmente distinguir o que é certo do que é errado. Se aquela pessoa que cuida dela, de quem ela gosta, comete um ato que ela não compreende bem, pode levar um tempo para entender que aquilo não é correto”, explica Niva Campos. Reginaldo Torres, supervisor do Centro de Referência para Proteção Integral da Criança e do Adolescente em Situação de Violência Sexual da VIJ-DF (CEREVS), afirma que os principais autores desse tipo de violência são membros da própria família que ocupam a posição de poder e autoridade em relação às crianças e aos adolescentes. Além de confusão nas percepções da criança, do apelo afetivo, as vítimas ainda são frequentemente pressionadas a manter as violações em segredo. “Para ter acesso a essas evidências, é preciso que estejamos mais próximos afetivamente e genuinamente interessados em sua proteção”, diz o supervisor. Além de abusos físicos e estupros, considera-se violência sexual a exposição de crianças a situações e conteúdos inapropriados e à intimidade de seus cuidadores. Os maus-tratos dessa dimensão causam danos ao desenvolvimento emocional, podendo prejudicar inclusive relações futuras. Violência emocional A violência emocional é mais sutil e com possibilidade de passar sem ser notada. “Muitas vezes ela acontece dentro de casa, e os responsáveis, quando em outro ambiente, podem se comportar de forma diversa, o que atrapalha a identificação”, explana a supervisora da SEASIR. A violência emocional se caracteriza por humilhar, xingar, ridicularizar, além de desincentivar, desconsiderar ou não permitir a expressão de sentimentos. Outra forma de expressão dessa modalidade de maus-tratos é o isolamento de crianças e adolescentes do convívio saudável com outras pessoas significativas na vida deles. É corriqueiramente usada por adultos que também têm problemas emocionais como recurso de controle ou por problemas com relação a outra pessoa. Na mesma linha da privação está desabonar parentes para incentivar o afastamento. “Para uma criança, pais, irmãos, avós, tios e outros parentes são importantes. Desde que os familiares não cometam atos de violação de direitos e sejam presenças saudáveis, a criança merece conviver com todos eles”, completa Niva. Expor a criança ou adolescente à violência conjugal ou intrafamiliar também é considerada uma forma de agressão emocional. “As pessoas têm que cuidar das suas relações, ter um ambiente sereno em casa, pois ele será transmitido para a criança”, argumenta Niva. Ela ainda lembra que essa dimensão de maus-tratos pode vir mascarada em cuidado: “A violência emocional pode estar encoberta no manto da superproteção, quando pais e mães não deixam filhos experimentarem suas habilidades por proteção, impedindo o indivíduo de crescer, se desenvolver, de conviver em sociedade”. Objetivo 06 A guarda provisória, uma medida judicial crucial, desempenha um papel fundamental na proteção e garantia do bem-estar de crianças e adolescentes em situações de urgência ou risco. A guarda provisória funciona como um arranjo temporário para garantir o cuidado e a proteção de crianças e adolescentes em momentos de incerteza ou risco. Durante esse período, o responsável pela guarda provisória assume as responsabilidades parentais e toma decisões em nome do menor. Para solicitar a guarda provisória, é necessário iniciar um processo legal, geralmente por meio de um advogado da área de família. O pedido deve conter informações detalhadas sobre o motivo pelo qual a guarda provisória é necessária, bem como quaisquer evidências ou testemunhos que possam apoiar a solicitação. Por sua vez, para que um processo de guarda provisória ou guarda temporáriapossa ser realmente considerado como legal perante a justiça, o mesmo precisa obedecer alguns passos. São estes: https://jusbrasil.jusbrasil.com.br/artigos/698371269/como-funciona-a-guarda-perguntas-e-respostas#:~:text=A%20guarda%20provis%C3%B3ria%20busca%20regularizar,%C3%A9%20substitu%C3%ADda%20pela%20guarda%20definitiva. ● Posse de documentação específica; ● Contratação de um advogado para se responsabilizar pela condução do caso; ● Envio do pedido de guarda frente ao poder judiciário. , a guarda provisória tem validade e é temporária por natureza. Ela pode ser concedida por um período determinado, até que as circunstâncias que justificaram a sua concessão sejam resolvidas ou até que seja realizada uma audiência para decidir sobre a guarda definitiva. Os objetivos principais da guarda provisória incluem: 1. Proteção Imediata: A guarda provisória é geralmente concedida quando há preocupações urgentes sobre a segurança ou o bem-estar da criança. Isso permite que a criança seja removida de uma situação prejudicial enquanto questões mais detalhadas são avaliadas. 2. Avaliação da Situação: A guarda provisória oferece tempo para avaliar adequadamente a situação familiar e determinar se a criança está em risco iminente. Durante esse período, as autoridades competentes podem investigar as circunstâncias que levaram à necessidade de intervenção. 3. Garantia de Direitos e Interesses da Criança: A guarda provisória visa proteger os direitos e interesses da criança, assegurando que ela seja colocada em um ambiente seguro e adequado enquanto se aguarda uma decisão judicial sobre a custódia permanente. 4. Prevenção de Danos: Ao concedera guarda provisória, busca-se prevenir danos adicionais à criança, oferecendo-lhe um ambiente mais estável e seguro durante o período em que a situação é analisada. 5. Facilitação do Processo Judicial: A guarda provisória permite que os tribunais tenham tempo para realizar uma análise mais completa da situação, ouvir testemunhos, revisar evidências e tomar decisões informadas sobre a custódia permanente. A decisão sobre a concessão da guarda provisória envolve a consideração de vários critérios, e esses critérios podem variar de acordo com as leis e regulamentações específicas de cada jurisdição. No entanto, alguns dos critérios comuns considerados ao decidir sobre a guarda provisória incluem: 1. Bem-estar da Criança: O principal critério é o bem-estar da criança. O tribunal avalia se a criança está em risco iminente e se a concessão da guarda provisória é necessária para garantir sua segurança e proteção. 2. Risco de Danos ou Abuso: O tribunal considera se há evidências de danos físicos, emocionais ou psicológicos à criança, incluindo casos de abuso ou negligência. 3. Estabilidade e Ambiente Seguro: Avaliação do ambiente em que a criança está atualmente inserida e se esse ambiente oferece estabilidade e segurança. 4. Relação com os Pais ou Responsáveis: O tribunal avalia a natureza da relação da criança com cada pai ou responsável, considerando a capacidade de proporcionar cuidados adequados, apoio emocional e estabilidade. 5. Capacidade Parental: A avaliação da capacidade dos pais ou responsáveis para atender às necessidades básicas e emocionais da criança, incluindo questões como habitação, alimentação, supervisão e suporte emocional. 6. Comunicação e Cooperação entre os Pais: O tribunal pode considerar a capacidade dos pais em se comunicar e cooperar entre si para tomar decisões em benefício da criança. 7. Histórico de Abuso ou Negligência: O histórico de abuso, negligência ou problemas legais dos pais ou responsáveis pode ser relevante na decisão sobre a guarda provisória. 8. Estabilidade da Situação Atual: A estabilidade da situação atual da criança, incluindo a continuidade de relações familiares, escolares e sociais.