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FAMÍLIA MATRIMONIALIZADA

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CASAMENTO
FAMÍLIA MATRIMONIALIAZADA
Artigos 1.511 e SS do Código Civil de 2002
Material elaborado com base na obra “Direito das Famílias”, de Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald, Editora Lumen Juris, 2010.
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1. Uma visão constitucional
CC/16
Forma instituidora única da FAMÍLIA LEGÍTIMA
Fora do casamento: 
Ilegítima
Espúria
Adulterina
Não merecia proteção do ordenamento jurídico familiarista, projetando efeitos apenas no âmbito obrigacional
CF/88
Família PLURALIZADA
Casamento perde a EXCLUSIVIDADE, mas não a proteção
Proteção especial a TODOS os tipos de família
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1. Uma visão constitucional
Até a CF/88, o casamento era enxergado pela ótica institucionalista: 
 + Formalidades e prescrições legais;
 - Felicidade dos envolvidos
Depois da CF/88, passou-se a privilegiar os valores essenciais à pessoa humana: 
Dignidade;
Solidariedade;
Igualdade;
Liberdade
Valores constitucionais
Normas civis
O casamento tem de servir às pessoas. Ele é meio, instrumento, através do qual as pessoas desenvolvem a sua personalidade e almejam a realização plena, a felicidade.
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2. Estrutura jurídica do casamento
2.1. Noções conceituais
Pré CF/88
Sociedade entre homem e mulher;
Perpetuação da espécie;
Comunhão do divino + humano: “O que Deus uniu o homem não separa”;
União permanente;
Ajuda mútua/Partilha de vida.
Pós CF/88
Casamento NÃO implica em procriação;
Casamento NÃO é indissolúvel;
Casamento Religião
Casamento não exige distinção de sexos.
OU SEJA:
O casamento é UMA DAS formas de regulamentação social da convivência entre pessoas que se entrelaçam pelo afeto.
Arts. 1.511 e 1.513 CC/02
STF: ADI 4.277 e ADPF 132, 2011;
STJ: REsp. 1.183.378/RS, 2011;
CNJ: Resolução 175
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2. Estrutura jurídica do casamento
2.2. Finalidades do casamento
CC/16
Procriação;
Legalização das relações sexuais;
Educação da prole;
Atribuição do nome ao cônjuge;
Reparação de erros do passado.
CF/88
CC/02
Comunhão de vida;
Planejamento familiar;
Sexo Casamento (rompimento da visão patriarcal)
Educação dos filhos
Não existe obrigação de acrescer o nome do cônjuge
MATERNIDADE
+
PATERNIDADE
Esta é a gênese verdadeira perseguida pelo casamento: o estabelecimento de uma vida afetiva em comum, constituindo uma entidade familiar formal e solene
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2. Estrutura jurídica do casamento
2.3. Natureza jurídica do casamento
I. Natureza negocial:
Corrente que considera que, por se tratar de ato decorrente da vontade das partes, fundado, basicamente, no consentimento, o casamento seria um negócio jurídico;
II. Natureza institucional:
Corrente que enxerga no matrimônio uma situação jurídica que refletiria parâmetros preestabelecidos pelo legislador, constituindo um conjunto de regras impostas pelo Estado;
III. Natureza mista ou eclética:
Corrente que promove uma conciliação entre as teorias antecedentes, passando a considerar o casamento um ato complexo, impregnado a um só tempo por características contratuais e institucionais.
Prevalece a teoria da natureza negocial, visto que a vontade das partes é o elemento essencial para a conformação e a dissolução do casamento, o que o aproxima de um negócio jurídico
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2. Estrutura jurídica do casamento
2.4. Características do casamento:
V. Estabelecimento de uma comunhão de vida: art. 1.511 CC/02
VI. Natureza cogente das normas que o regulamentam:
 - Normas de ordem pública;
 - Não podem ser afastadas de acordo com o interesse das partes. Ex: deveres do casamento, art. 1.566 CC/02.
VII. Estrutura monogâmica:
 - Impedimento ao casamento de pessoas já casadas, art. 1.521, VI, CC/02
VIII. Dissolubilidade, de acordo com a vontade das partes:
 - Possibilidade de dissolução do matrimônio a qualquer tempo, por vontade recíproca ou unilateral.
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2. Estrutura jurídica do casamento
2.5. Qual é o modelo de casamento adotado pelo sistema brasileiro?
CASAMENTO CIVIL
Atende aos requisitos impostos pela legislação civil para que tenha validade e eficácia
CASAMENTO ECLESIÁSTICO
Não possui validade e eficácia jurídica diante do nosso ordenamento. As pessoas casadas SOMENTE no religioso NÃO SÃO CASADAS, podendo, se for o caso, estar em união estável
Casamento Religioso
Cerimônia Religiosa de Casamento Civil
OBS:
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2. Estrutura jurídica do casamento
2.6. Impedimentos matrimoniais (art. 1.521 CC/02):
Impedimento Incapacidade;
Rol taxativo;
Violação de impedimento implica em nulidade do casamento;
Não admitem convalidação;
São aplicáveis à união estável;
Podem ser opostos por qualquer pessoa capaz até a celebração do casamento;
Gera sustação da realização do casamento.
Art. 1.521
Incisos
I a V
Impedimento resultante de parentesco (linha reta):
Consanguinidade;
Afinidade;
Socioafetividade;
Adoção
OBS: havendo laudo médico que demonstre inexistência de risco de natureza genética ou sanitária para futuros filhos, realizado antes do casamento, permite-se o matrimônio entre colaterais até o 3º grau (tios-sobrinhos). Chama-se casamento avuncular (Decreto-lei nº 3.200/41).
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2. Estrutura jurídica do casamento
2.6. Impedimentos matrimoniais (art. 1.521 CC/02):
Art. 1.521
Inciso
VI
Impedimento resultante de casamento anterior (proibição de bigamia):
Nulidade do 2º matrimônio;
Ilícito penal (art. 235 CP);
Não se aplica à união estável
OBS: CASAMENTO PUTATIVO (art. 1.561 CC/02).
Casamento realizado mesmo havendo impedimento, porém, sem que um dos consortes soubesse da existência do impedimento; estava de boa-fé. Neste caso, o consorte de boa-fé aproveitará os efeitos do casamento (e seus filhos também).
Art. 1.521
Inciso
VII
Impedimento resultante da prática de crime:
Não pode o cônjuge sobrevivente se casar com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. É necessário haver dolo e cumplicidade na prática do delito;
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2. Estrutura jurídica do casamento
2.7. Causas suspensivas matrimoniais (art. 1.523 CC/02):
Recomendações para que os interessados não casem diante de determinadas circunstancias;
NÃO gera nulidade nem anulabilidade;
O casamento é perfeitamente válido e eficaz;
Imposição do regime de separação obrigatória de bens no matrimônio, afastando a vontade das partes;
Resguardam situações particulares que atingem a família dos nubentes ou eles mesmos, sem repercussão social;
Não se aplicam à união estável, que está submetida ao regime da comunhão parcial.
Art. 1.524
Podem arguir causas suspensivas os parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins, e colaterais em 2º grau, consanguíneos ou afins.
A arguição das causas suspensivas deve ser feita durante a habilitação, quando da divulgação dos editais de proclamas.
Art. 1.529
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2. Estrutura jurídica do casamento
2.8. Habilitação para o casamento:
I – Requerimento e apresentação da documentação:
Comparecer ao cartório do registro civil (pessoalmente ou por procurador constituído por escritura pública com poderes especiais);
Formalizar por escrito a intenção de contrair casamento;
Apresentar os documentos exigidos pelo art. 1.525;
Se a documentação for insuficiente ou irregular, o oficial deverá suspender o procedimento.
II – Editais de proclamas:
Expedição de editais publicados no próprio cartório do domicílio dos nubentes e na imprensa oficial, onde houver;
Prazo de 15 dias para oposição de impedimentos;
Havendo oposição, o oficial entregará aos nubentes nota de oposição com prazo de 3 dias para defesa;
Encaminhamento do processo para o MP;
Encaminhamento para homologação judicial;
Expedição de certidão habilitatória, com validade de 90 dias, prazo no qual deve ser celebrado o casamento. 
Procedimento administrativo, de iniciativa dos nubentes, que tramita perante o Oficial do Cartório do Registro Civil de Pessoas Naturais do domicílio de qualquer deles (Lei de Registros Públicos, art. 67), com o propósito de demonstrar
a capacidade para casar e a inexistência de impedimentos matrimoniais e de causas suspensivas.
FASES DA HABILITAÇÃO
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2. Estrutura jurídica do casamento
Capacidade para o casamento
Arts. 1.517 a 1.520
A incapacidade matrimonial diz respeito à inabilitação de uma pessoa para casar com quem quer que seja, em razão da idade;
O impedimento, por sua vez, serve como óbice para o casamento entre determinadas pessoas;
IDADE NÚBIL: idade mínima para casar. Conforme o art. 1517 CC/02, é de 16 anos, desde que com autorização dos pais ou representantes legais
E se os pais não autorizarem?
Menor em idade núbil: suprimento judicial de consentimento. Iniciado pelo MP ou pelos nubentes, com assistência da Defensoria Pública ou advogado, no caso de incapaz;
Menor de 16 anos: suprimento judicial de idade + suprimento judicial de consentimento.
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3. Invalidade do casamento
NULIDADE. CASAMENTO NULO. INVALIDADE ABSOLUTA. ART. 1.548 CC/02.
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3. Invalidade do casamento
B. ANULABILIDADE. CASAMENTO ANULÁVEL. INVALIDADE RELATIVA. ARTS. 1.550 a 1.564 CC/02.
I. Defeito de idade (não completou a idade núbil);
II. Falta de consentimento dos pais ou responsáveis legais;
III. Erro essencial ou coação (arts. 1.556, 1.557 e 1.558);
IV. Incapacidade relativa psíquica comprometendo a declaração de vontade;
V. Revogação do mandato desconhecida pelo mandatário e o outro consorte, desde que não tenha havido coabitação;
VI. Incompetência da autoridade celebrante
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3. Invalidade do casamento
OBS 1: A pessoa com deficiência mental ou intelectual poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de responsável ou curador. (art.1550, §2º - introduzido pela Lei 13.146/2015)
OBS 2: não se anulará, por motivo de idade, casamento de que resultou gravidez (art. 1.551).
OBS 3: se os pais não derem autorização mas estiverem presentes no momento da celebração do casamento, haverá consentimento tácito (art. 1.555, §2º).
OBS 4: Até a celebração do casamento os pais ou tutores podem revogar a autorização. (Art. 1518/CC com alteração dada pela Lei 13.146/2015).
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3. Invalidade do casamento
Prazos decadenciais para propositura da ação anulatória
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3. Invalidade do casamento
Quadro comparativo das características do casamento NULO e do casamento ANULÁVEL
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4. Celebração do casamento
Concluído o processo de habilitação, os nubentes, em posse da certidão de habilitação, deverão peticionar à autoridade competente que presidirá o ato requerendo a designação de dia, hora e local para a realização da cerimônia de casamento (art. 1.533);
LOCAL : - Cartório de Registro Civil (se presidido por juiz de paz);
 - Fórum da comarca (se presidido por juiz de Direito);
 - Civil + Religioso: templo respectivo;
 - Prédios particulares: precisa de anuência da autoridade e 4 testemunhas
FORMALIDADES:
 Presença dos noivos (pessoalmente ou por procurador), da autoridade celebrante, do oficial do cartório e duas testemunhas;
 Expressão do consentimento das partes de forma clara e inequívoca, sem deixar dúvidas;
 A cerimônia deve ser suspensa se algum dos noivos se recusar a manifestar a vontade, se arrepender ou não for livre e espontânea a sua vontade. Da mesma forma, se houver revogação de autorização e oposição de impedimento;
 Leitura da fórmula do art. 1.535.
OBS 2: se já houve habilitação, a cerimônia pode ser apenas religiosa, sem a presença do oficial do cartório. Neste caso, para produzir efeitos civil, os noivos devem, dentro de 90 dias, realizar o registro do casamento.
OBS 1: a busca de efeitos civis para o casamento religioso é admitida a qualquer tempo. Se não houve o cumprimento das formalidades legais, os cônjuges casados apenas no religioso devem proceder à devida habilitação para efetuar a inscrição de sua união no registro civil.
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5. Efeitos do casamento
SOCIAIS:
Constituição de família;
Estado Civil de casado;
Planejamento familiar;
Possibilidade de acrescer ao nome o sobrenome do cônjuge;
Presunção de filiação;
Parentesco por afinidade;
Direitos sucessórios;
Etc.
PESSOAIS (DIREITOS E DEVERES):
Condição de consortes e companheiros responsáveis pelos encargos da família (art. 1.565);
Fidelidade recíproca (art. 1.566, I): não admite punição nem na esfera civil, nem na criminal;
Vida em comum no domicílio conjugal (art. 1.566, II): casamento não obriga o exercício da sexualidade e são os cônjuges que escolhem onde e como vão morar;
Mútua assistência, consideração e respeito (art. 1.566, III): comunhão plena de vida – art. 1.511 -, vínculo de solidariedade;
Sustento, guarda e educação dos filhos (art. 1.566, IV): o poder familiar é de ambos os pais, independente de estarem casados ou não.
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Observações Finais
CASAMENTO CONSULAR (art. 1.544 CC/02)
Casamento de brasileiros, realizados no estrangeiro, no consulado, perante a autoridade consular;
Deve ser registrado no Brasil, no cartório do respectivo domicílio ou 1º Ofício da Capital do Estado onde vierem a residir, no prazo de 180 dias a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges para o Brasil.
CASAMENTO EM IMINENTE RISCO DE VIDA (art.1.539 CC/02)
Nubentes já habilitados, mas não podem aguardar a celebração do casamento no dia, hora e local designados, por um deles estar acometido por moléstia grave;
O juiz e o oficial irão onde o nubente está e realizarão o casamento, na presença de duas testemunhas.
CASAMENTO NUNCUPATIVO OU IN EXTREMIS (art.1.540 a 1.542 CC/02)
É o casamento realizado no limiar da morte. Em face da urgência, é possível a sua celebração sem autoridade celebrante e sem habilitação;
São flexibilizadas todas as solenidades legalmente exigidas;
Basta a presença de seis testemunhas que não tenham parentesco (em linha reta ou colateral até segundo grau) com os nubentes;
Dentro de 10 dias após a realização do casamento nuncupativo, as testemunhas devem confirmá-lo perante a autoridade judicial, que investigará antes de registrar.
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Observações Finais
É uma modalidade de casamento em que um dos noivos será representado por um procurador durante a celebração do matrimônio. 
A procuração deve ser outorgada por instrumento público (registro em cartório) e tem validade de 90 dias.
Em caso de revogação do mandato procuratório também é necessário instrumento público. Caso a revogação não chegue a tempo, a fim de que o mandatário tenha conhecimento, e o casamento for celebrado, o mandante responde por perdas e danos (art. 1542, §1º/CC) frente ao noivo.
Revogado o mandato, o casamento será anulado, salvo se houver coabitação (art. 1550, V/CC).
 
Oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de qualquer outra natureza, desde que o imóvel seja o único bem que dispõem para moradia. 
IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA ( ART. 1713/CC e LEI 8009/90): 
CASAMENTO POR PROCURAÇÃO (art.1.542/CC)

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