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IMPEDIMENTOS do Casamento - Ana Barbuda Aula 05

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A capacidade para casar, 
dos Impedimentos matrimoniais
 das causas suspensivas
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CONCEITO
Constituem impedimentos aquelas condições positivas ou negativas, de fato ou de direito, físicas ou jurídicas, expressamente especificadas pela lei, as quais, permanente ou temporariamente, proíbem o casamento ou um novo casamento ou um determinado casamento. (Carlo Tributtati in Maria Helena Diniz) 
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IMPEDIMENTO ≠ INCAPACIDADE
A capacidade se refere à vontade e à idade núbil (arts. 1.517 a 1.520 CC)
são todos de ordem pública, não admitindo sanação (proibições) e implicando em nulidade do casamento, que não produzirá qualquer eficácia.
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IDADE NÚBIL
No Brasil, a idade núbil é 16 anos, não se confundindo, portanto, com a capacidade civil, embora os menores de 18 e maiores de 16 precisem da autorização dos pais para casar (art. 1.517 CC).
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Tal autorização deve ser conjunta, havendo divergência de decisão entre o pai e a mãe, poderá o menor, representado pelo que concedeu a autorização, requerer ao juiz competente para que decida se a recusa é justificada ou não.
SUPRIMENTO DE IDADE
SUPRIMENTO DE AUTORIZAÇÃO
As circunstâncias de cada caso é levada ao Juiz – 
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POSSIBILIDADE DE CASAMENTO DE MENORES DE 16 ANOS
Independente de autorização dos pais, em virtude de gravidez.
Para evitar a imposição de pena criminal. – art. 1.520 CC.
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POSSIBILIDADE DE CASAMENTO DE MENORES DE 16 ANOS
O suprimento judicial de consentimento tem o propósito de servir de “remédio contra o despotismo dos pais tiranos ou caprichosos”, encontrando-se aí um “corretivo contra a prepotência paterna” (Washington de Barros Monteiro.)
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POSSIBILIDADE DE CASAMENTO DE MENORES DE 16 ANOS
Em outra perspectiva, o suprimento judicial de idade é cabível sempre que o nubente tiver menos de 16 anos de idade, não preenchendo o requisito imposto para a capacidade nupcial. 
Permite o art. 1.520 que, excepcionalmente, seja permitido “o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil, para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal
ou em caso de gravidez”.
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POSSIBILIDADE DE CASAMENTO DE MENORES DE 16 ANOS
A segunda hipótese de suprimento de idade deve levar em conta as disposições da Lei nº 11.106/05, que revogou o inciso VII do art. 107 do Código Penal, que, conectado
ao art. 1.520 do Código Civil, contemplava a extinção de punibilidade do agente que viesse a casar com a vítima, nos crimes contra os costumes, bem como a extinção da punibilidade pelo casamento da ofendida com terceiro, em tais delitos. 
Em consequência
dessa mudança na legislação penal, 
o casamento deixou de produzir o efeito da extinção de punibilidade nesses crimes.”.
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POSSIBILIDADE DE CASAMENTO DE MENORES DE 16 ANOS
Apesar disso, cremos, firmemente, que continua sendo possível ao juiz suprir a idade núbil e autorizar o casamento quando houver hipóteses justificáveis.
 Já se disse, inclusive, em sede jurisprudencial, ser
admissível o suprimento de idade de “jovem que vem mantendo vida sexual ativa com o namorado, conta com o agrado dos pais em relação à sua união e aparenta ter
aptidão para o casamento. Situação em que se adota mínimo rigorismo” (TJ/SP, Ap. Cív. 181.880.4/1, Rel. Des. César Lacerda, j. 28.3.2001).
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POSSIBILIDADE DE CASAMENTO DE MENORES DE 16 ANOS
O suprimento de idade não dispensa, por outro lado, a necessidade de consentimento dos genitores, razão pela qual é possível imaginar um suprimento judicial de idade e de consentimento dos pais, concomitantemente.
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IMPEDIMENTO ≠ INCAPACIDADE
Segundo Orlando Gomes, no impedimento “consubstancia-se uma proibição que atinge uma pessoa em relação a outra ou a outras. Tal pessoa não é incapaz; tem capacidade para praticar o ato jurídico, apenas não se lhe permite que escolha certa pessoa para, com ela, constituir vínculo matrimonial. Tecnicamente, pois, não está legitimada a contrair núpcias com certas pessoas, mas é livre de fazê-lo com todas as outras que não se achem compreendidas na proibição.”
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BREVE COMPARATIVO DOS IMPEDIMENTOS NO CÓDIGO DE 1916 E 2002
Os impedimentos matrimoniais foram classificados no Código Civil anterior (1916) em dirimentes absolutos, dirimentes relativos e simplesmente impedientes. 
O Código de 2002 preferiu chamar de Impedimentos apenas aqueles que eram tratados como Dirimentes Abolutos.
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são todos de
ordem pública, não admitindo sanação e implicando em nulidade do casamento, que
não produzirá qualquer eficácia.
Os dirimentes absolutos estão previstos hoje no art. 1.521 do CC.
Podem ser suscitados por qualquer interessado ou pelo Ministério Público.
Ensejam a nulidade do casamento realizado com a inobservância da proibição. 
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DIRIMENTES PRIVADOS OU RELATIVOS
No atual Código são tratados como causas de anulabilidade do casamento, visam preservar o pleno consentimento dos nubentes.
Podem demandar a anulação o cônjuge prejudicado, representante legal ou ascendente (art. 1.552 CC), observando-se os prazos decadenciais previstos nos arts. 1.555 e 1.560 do CC.
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IMPEDIENTES, SUSPENSIVOS OU PROIBITIVOS
“São as atuais causas suspensivas (CC de 2002, art. 1.523, I a IV) que desaconselham o ato nupcial, sem contudo acarretar a sua invalidação, mas sujeitam os infratores a determinadas sanções de ordem econômica (CC, arts. 1.641, I, e 1.489), principalmente a imposição do regime obrigatório da separação de bens.” (Maria Helena Diniz)
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DOS IMPEDIMENTOS
Vedam totalmente o casamento, não podendo ser afastados por vontade dos interessados ou por decisão judicial, uma vez que são considerados de ordem pública. (Pulo Lôbo)
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CLASSIFICAÇÃO DOS IMPEDIMENTOS
Impedimentos resultantes de parentesco:
Impedimento de consangüinidade
Impedimento de afinidade
Impedimento de adoção
Impedimento de vínculo
Impedimento de crime
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IMPEDIMENTO DE CONSANGÜINIDADE
Impede o casamento de ascendentes com descendentes. O parentesco entre eles é em linha reta e infinita. (art. 1.521 CC)
Em razão de sua densidade moral, esse impedimento diz respeito não apenas ao parentesco consangüíneo, mas ao de natureza civil, ou seja, em virtude de adoção, de inseminação artificial heteróloga e de posse. (Paulo Lôbo) 
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IMPEDIMENTO DE CONSANGÜINIDADE
Também proíbe o casamento entre irmãos e entre parentes colaterais até o terceiro grau inclusive (tios e sobrinhos).
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CASAMENTO AVUNCULAR – PODE OU NÃO?
Com relação ao casamento entre tios e sobrinhos (parentesco colateral de terceiro grau): O art. 2º do Decreto-Lei n. 3.200/41 permite tal casamento, quando o laudo médico demonstrar que não há risco de natureza genética ou sanitária para a prole, e a Lei n. 5.891/73, disciplina o respectivo exame médico.
Teria o CC de 2002 revogado tais dispositivos?
 
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CASAMENTO AVUNCULAR – PODE OU NÃO?
Pode haver o chamado exame pré-nupcial de compatibilidade sanguínea, que deverá ser realizado de acordo com as prescrições da Lei nº 5.891/73. 
os colaterais em terceiro grau (tio-sobrinho) devem requerer, no procedimento de habilitação para o casamento, a designação de dois peritos médicos para a realização do mencionado exame pré-nupcial de compatibilidade sanguínea. Havendo carência de profissionais na comarca, nada obsta que o juiz nomeie apenas um médico. Concluindo a perícia pela inconveniência biológica das bodas, em respeito ao devido processo legal assegurado constitucionalmente (CF, art. 5º, LV), poderão as partes requerer contraprova, realizando nova perícia para que seja confirmado, ou não, o resultado.
Enunciado 98 na Jornada de Direito Civil aclamando a possibilidade de casamento entre colaterais de terceiro grau, mantida a regra do multicitado Decreto-lei.
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CASAMENTO AVUNCULAR – PODE OU NÃO?
entendemos que a proibição de casamento entre colaterais no terceiro grau está suavizada pelo referido decreto-lei, que permanece em vigor, porque não é incompatível com o sistema jurídico atual.
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IMPEDIMENTO DE AFINIDADE
Refere-se ao parentesco por afinidade em linha reta. São os ascendentes e descendentes do outro cônjuge ou companheiro: sogros, sogras, genros, noras e enteados.
Por razões morais, esse parentesco nunca se extingue, ainda que o casamento tenha sido extinto, pelo divórcio ou pelo falecimento dos cônjuges. (Paulo Lôbo)
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IMPEDIMENTO DE ADOÇÃO
Obsta o casamento do adotante com quem foi cônjuge do adotado; do mesmo modo, o casamento do adotado com quem foi cônjuge do adotante; bem como o casamento entre o adotado com o filho do adotante, embora esta hipótese já esteja contemplada no inciso IV, haja vista o princípio da igualdade jurídica entre os filhos.
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IMPEDIMENTO DE VÍNCULO
Proíbe o casamento de pessoas já casadas.
É a vedação da bigamia, já que o direito brasileiro manteve, para a entidade familiar matrimonial, o principio da monogamia.
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IMPEDIMENTO DE CRIME
Proíbe o casamento do cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio doloso contra o seu consorte, pouco importando que tenha havido cumplicidade daquele para tal fim. 
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IMPEDIMENTOS E UNIÃO ESTÁVEL
Os impedimentos são estendidos a união estável, por clara disposição legal (art. 1.723, §1º, CC). 
O relacionamento afetivo que o viole não será considerado entidade familiar, não gerando os efeitos próprios da união estável, que jamais poderá ser declarada pelo juiz. (Paulo Lôbo)
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CAUSAS SUSPENSIVAS
“São situações que não impedem a celebração do casamento, mas acarretam, como consequencia jurídica desvantajosa aos cônjuges que não as observam, a imposição do regime matrimonial de separação total dos bens.” (Paulo Lôbo)
A doutrina e a juriprudênia entendem que tal penalidade pode ser afastada pelo juiz, a pedido das partes interessadas, se ficar demonstrado que não haverá prejuízo.
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ESPÉCIES DE CAUSAS SUSPENSIVAS:
Para evitar a confusão de patrimônios: 
Art. 1.523, I: viúvo (a), enquanto não terminar o inventário;
Art. 1.523, III: o divorciado (a), enquanto não for feita a partilha
Para evitar a confusão de sangue (turbatio sanguinis): por 10 meses, a viúva ou mulher cujo casamento tenha sido considerado nulo ou anulado.
Para proteger o interesse do nubente: tutores e curadores, enquanto não encerrarem suas incumbências e prestarem contas.
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OPOSIÇÃO DOS IMPEDIMENTOS E DAS CAUSAS SUSPENSIVAS
Oposição é o ato praticado por pessoa legitimada que, antes da realização do casamento, leva ao conhecimento do oficial perante quem se processa a habilitação, ou do juiz que celebra a solenidade, a existência de um dos impedimentos ou de uma das causas suspensivas previstas nos arts. 1.521 e 1.523 do Código Civil, entre pessoas que pretendem convolar núpcias. (Maria Helena Diniz) 
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LIMITAÇÕES:
Pessoais:
Os impedimentos podem ser argüidos, ex officio, pelo oficial do registro civil ou pelo juiz, bem como por qualquer pessoa capaz até o momento da celebração do casamento (CC, art. 1.522)
As causas suspensivas só podem ser opostas pelas pessoas do art. 1.524 do CC. 
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LIMITAÇÕES:
Formais:
Quanto à oportunidade: os impedimentos podem ser argüidos até a celebração do casamento, e as causas suspensivas, dentro do prazo de 15 dias (CC, art. 1.527) da publicação dos proclamas.
Quanto ao oponente: não poderá ficar no anonimato; deverá ser capaz (CC, art. 1.522); alegará o impedimento por escrito, provando-o, com a observância do CC, art. 1.529; provará em caso de oposição de causa suspensiva, o seu grau de parentesco com o nubente. 
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LIMITAÇÕES:
Quanto ao oficial do Registro civil: receberá a declaração, verificando se apresenta os requisitos legais; dará ciência aos nubentes (CC, art. 1.530): remeterá os autos ao juízo (Lei nº 6.015/73, art. 67, § 5º). 
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EFEITOS
Impossibilitar a obtenção do certificado de habilitação;
Adiar o casamento. 
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SANÇÕES AO OPONENTE DE MÁ-FÉ
Poderá sofrer ações civis ou criminais (CC, art. 1.530, parágrafo único) movidas pelos nubentes.
Deverá reparar dano moral ou patrimonial que causou com sua conduta dolosa ou culposa (CC, art. 186).

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