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DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 02 – PESSOAS JURÍDICAS 
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� Itens específicos do edital que serão abordados nesta aula →→→ 
PESSOAS JURÍDICAS. Domicílio. 
Subitens →→→ Das Pessoas Jurídicas. Conceito. Classificação: Pessoa Jurídica de 
Direito Público e de Direito Privado. Personalidade Jurídica. Início da Personificação e 
Término de sua existência legal. Registro e Representação. Domicílio. 
Responsabilidade. Grupos não personificados. Abuso e Desconsideração da 
Personalidade Jurídica. 
� Legislação a ser consultada →→→ Código Civil: arts. 40 até 69 (Pessoas 
Jurídicas). Ler também o art. 75, CC (Domicílio da Pessoa Jurídica). 
 
Sumário 
 
INTRODUÇÃO E CONCEITO ................................................................. 02 
 Natureza Jurídica ........................................................................... 03 
 Pressupostos de Existência ............................................................ 03 
 Representação ............................................................................... 04 
CLASSIFICAÇÃO GERAL ...................................................................... 05 
 Pessoa Jurídica de Direito Público .................................................. 07 
 Pessoa Jurídica de Direito Privado .................................................. 14 
Início da Existência Legal. Constituição ............................................. 23 
Registro .......................................................................................... 27 
DOMICÍLIO ........................................................................................ 28 
Responsabilidade ............................................................................... 29 
Extinção ............................................................................................. 32 
Grupos Despersonalizados ................................................................. 33 
Desconsideração da Personalidade Jurídica ....................................... 34 
RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA ....................................................... 40 
Bibliografia Básica ............................................................................. 43 
EXERCÍCIOS COMENTADOS ................................................................ 43 
Aula 02 
Pessoas Jurídicas 
 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
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INTRODUÇÃO 
O homem, desde seus primórdios, sempre teve necessidade de se agrupar 
para garantir a subsistência e atingir fins comuns. A necessidade de circulação 
de riquezas como fator de desenvolvimento, fez com que se estabelecessem nas 
sociedades grupos de atuação conjunta na busca de objetivos semelhantes. E o 
Direito, ante a necessidade crescente de agilidade nas negociações, não ignorou 
estas unidades coletivas. Portanto, a pessoa jurídica é fruto desta evolução 
histórica-social. 
CONCEITO 
De forma técnica Pessoa Jurídica pode ser definida como a união de 
pessoas naturais ou de patrimônios, com o objetivo de atingir determinadas 
finalidades, sendo reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e 
obrigações. Assim, como sujeito de relações jurídicas, possui personalidade 
jurídica individual e própria (autônoma), independente da personalidade das 
pessoas naturais que a compõe, principalmente quanto ao patrimônio. 
 Observação. A doutrina usa outras expressões para se referir às pessoas 
jurídicas, tais como: pessoa moral, ideal, intelectual, coletiva, abstrata, fictícia, 
“ente de existência ideal”, etc.. Na realidade tais expressões não foram 
adotadas pelo nosso ordenamento jurídico, mas sim por leis de outros países, 
sendo “importadas” pela nossa doutrina. Mas os examinadores aproveitam e 
pedem essa a terminologia nas provas. Não é raro cair a seguinte indagação em 
um concurso: “quais as características da pessoa moral?” À primeira vista pode-
se pensar que pessoa moral é sinônimo de pessoa física (pois somente uma 
pessoa física é que teria, digamos, ‘moral’). No entanto, o correto é dizer que 
pessoa moral (expressão adotada pela França) é sinônimo de pessoa jurídica. 
Portanto, prestem atenção quanto aos sinônimos usados nas questões pelos 
examinadores, pois podem “derrubar” um excelente candidato, que conhece a 
matéria, mas desconhecia a expressão. 
As pessoas jurídicas têm direito à personalidade (identificação, liberdade 
para contratar, boa reputação, etc.), aos direitos reais (pode ser proprietária, 
usufrutuária, etc.), aos direitos industriais (art. 5°, inciso XXIX da CF/88), aos 
direitos obrigacionais (podendo comprar, vender, alugar ou contratar de uma 
forma geral) e até mesmo aos direitos sucessórios (podem adquirir bens causa 
mortis, ou seja, por testamento). 
É interessante acrescentar que os dispositivos relativos aos direitos da 
personalidade da pessoa natural (arts. 11 a 21, CC) também podem ser 
aplicados em relação à pessoa jurídica, no que couber, por força do art. 52, 
CC. Portanto, pode-se afirmar que sua capacidade jurídica não se limita à esfera 
patrimonial, uma vez que tem direito ao nome, à marca, à imagem, à 
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propriedade, ao segredo, etc. Segundo a doutrina ela tem honra objetiva, pois 
tem patrimônio, reputação, bom nome, etc. 
Portanto, no campo do Direito Civil, a pessoa jurídica pode ser vítima e 
sofrer danos morais, tendo, inclusive, direito de acionar o Poder Judiciário 
para exigir reparação desses danos. Trata-se da Súmula 227 do Superior 
Tribunal de Justiça (“A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”). No entanto o 
próprio STJ deixou claro que isso somente ocorre hipótese em que haja 
ferimento à sua honra objetiva, isto é, quanto ao conceito que a pessoa 
jurídica goza no meio social. A jurisprudência do STJ também admite a 
possibilidade da pessoa jurídica ser vítima de coação moral, desde que esta se 
refira a atos jurídicos contrários à sua finalidade e à sua reputação. 
NATUREZA JURÍDICA 
Diversas teorias tentam identificar a natureza da personalidade da pessoa 
jurídica. Uma corrente doutrinária nega a sua existência (negativista). Mas a 
corrente afirmativista é a majoritária. E esta se divide basicamente em dois 
grupos, sendo que cada um deles possui uma vasta subdivisão: a) Teorias da 
Ficção (a pessoa jurídica é apenas uma criação artificial da lei ou da doutrina); 
b) Teorias da Realidade (realidade orgânica ou objetiva, realidade jurídica, 
realidade técnica, etc.). 
Como nosso curso é objetivo, visando concursos públicos, vamos 
deixar de lado a análise de cada uma dessas teorias sobre natureza da pessoa 
jurídica evamos nos ater somente ao que tem prevalecido nas provas. 
 Direto ao Ponto: de todas as teorias existentes sobre o tema, a que melhor 
se adapta ao nosso sistema jurídico, sendo acolhida pelos mais renomados 
doutrinadores e que tem caído em concursos (e é isso o que nos interessa), é 
a TEORIA DA REALIDADE TÉCNICA, onde a pessoa jurídica existe de fato 
(ente real e não uma mera abstração), sendo, portanto, sujeito de direitos e 
obrigações. O próprio Estado reconhece a existência de grupos de pessoas que 
se unem na busca de determinados fins, entendendo ser necessária a existência 
de personalidade jurídica própria, distinta da dos membros que a compõe. 
Assim, a personalidade jurídica é um atributo concedido a estes entes coletivos 
por meio do ordenamento jurídico, sem que isso possa redundar em facilidade 
para que seus componentes a utilizem como um instrumento de fraudes à lei ou 
aos direitos de terceiros, como veremos adiante. 
PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA DA PESSOA JURÍDICA 
A) Vontade humana criadora. Trata-se da affectio societatis, ou 
seja, intenção específica dos sócios em constituir uma entidade com 
personalidade distinta da de seus membros. 
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B) Obediência aos requisitos impostos pela lei para sua 
formação. As pessoas jurídicas somente existem porque a lei assim o 
permite. Portanto, ela necessita se submeter aos requisitos impostos pela 
própria lei, entre eles, como veremos adiante, a elaboração dos atos 
constitutivos e seu respectivo registro. 
C) Licitude de sua finalidade, ou seja, deve ter objeto lícito 
abrangendo em seu conceito: a moralidade dos atos e os objetivos 
perseguidos. 
REPRESENTAÇÃO 
Por não poder atuar por si mesma, a pessoa jurídica deve ser 
representada por uma pessoa física ativa e/ou passivamente, exteriorizando 
sua vontade, nos atos judiciais ou extrajudiciais. Pelo art. 47, CC, todos os atos 
negociais exercidos pelo representante, dentro dos limites de seus poderes 
estabelecidos no estatuto social, obrigam a pessoa jurídica, que deverá cumpri-
los. Mas se o representante extrapolar estes poderes, responderá 
pessoalmente pelo excesso, ou seja, a sociedade fica isenta de 
responsabilidade perante terceiros (exceto se foi beneficiada com a prática do 
ato, quando então passará a ter responsabilidade na proporção do benefício 
auferido). A doutrina chama isso de teoria ultra vires societatis (além do 
conteúdo da sociedade), caracterizada pelo abuso de poder do administrador, 
ocasionando violação do objeto social lícito para o qual foi constituída a 
empresa. 
1. Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno →→→ são representadas 
(art. 12, I e II do Código de Processo Civil): 
a) União, Estados, Distrito Federal e Territórios →→→ por seus Procuradores. 
b) Municípios →→→ por seu Prefeito ou Procurador. 
2. Demais Pessoas Jurídicas (art. 12, VI, CPC) →→→ em regra é a pessoa 
indicada em seu ato constitutivo. Na omissão, a representação será exercida por 
seus diretores. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva (gerência 
colegiada), as decisões serão tomadas pela maioria dos votos, salvo se o ato 
constitutivo dispuser de modo diverso (art. 48, CC). Se houver vacância geral 
na administração o Juiz deverá nomear um administrador provisório (art. 49, 
CC). 
Como no mundo dos negócios é praticamente impossível o administrador 
de uma grande empresa estar presente a todos os eventos, pode-se outorgar 
mandato, que é uma espécie de contrato. Ou seja, transfere-se parte dos 
poderes para que uma terceira pessoa (mandatário) pratique atos em nome da 
pessoa jurídica (mandante). 
 
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���Não confundir ��� Mandatário X Preposto 
 Segundo o art. 653, CC, “opera-se o mandato quando alguém recebe de 
outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses”. Já 
o preposto é uma figura que encontramos no Direito do Trabalho. Trata-se de 
um empregado da empresa, que preferencialmente exerce cargo de gerente ou 
outro de confiança e que tenha conhecimento dos fatos constantes da 
reclamatória trabalhista, com capacidade para defender ou esclarecer os temas 
e devidamente autorizado (carta de preposição) a representá-la junto à Justiça 
do Trabalho. 
Prazos para Anulação 
Sobre esse tema, as questões de concurso costumam pedir duas espécies 
de prazo de anulação: 
a) Anulação da constituição da pessoa jurídica. Art. 45, parágrafo único: 
decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de 
direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de 
sua inscrição no registro. 
b) Anulação das decisões dos administradores. Art. 48, parágrafo único: 
decai em três anos o direito de anular as decisões tomadas por maioria de 
votos em administração coletiva, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem 
eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude. 
 
CLASSIFICAÇÃO GERAL DAS PESSOAS JURÍDICAS 
 
A) Quanto à Nacionalidade  Elas podem ser consideradas como 
nacionais ou estrangeiras, tendo em vista sua articulação e subordinação à 
ordem jurídica que lhe conferiu personalidade, sem se ater, em regra, à 
nacionalidade dos membros que a compõe e à origem do controle financeiro. 
Sociedade Nacional é a organizada conforme a lei brasileira e tem no País a 
sede de sua administração (arts. 1.126 a 1.133, CC). A Sociedade 
Estrangeira não poderá funcionar no País sem autorização do Poder Executivo 
e ficará sujeita aos Tribunais brasileiros quanto aos atos aqui praticados (arts. 
1.134 a 1.141, CC). 
B) Quanto à Estrutura Interna 
1) Universitas Personarum  nelas, o mais importante é o 
conjunto de pessoas, que apenas coletivamente goza de certos direitos e os 
exerce por meio de uma vontade única. O objetivo é o bem-estar de seus 
membros. Ex.: as sociedades (de uma forma geral) e as associações. 
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2) Universitas Bonorum  nelas, o mais importante é o patrimônio 
personalizado destinado a um determinado fim e que lhe dá unidade. O 
objetivo é o bem-estar da sociedade. Ex.: fundações. O patrimônio e as 
finalidades (objeto) das fundações são seus elementos essenciais. 
C) Quanto às Funções e Capacidade  Podem ser divididas em pessoas 
jurídicas de direito público e pessoas jurídicas de direito privado (art. 40, CC). 
Este é o item mais importante, pois é o que tem maior incidência em 
concursos. Daremos agora uma visão geral e panorâmica sobre o tema. A 
seguir vamos analisar cada uma das espécies e subespécies, de forma 
minuciosa. 
I. DIREITO PÚBLICO 
A)Interno (art. 41, CC) 
1) Administração Direta: União, Estados, Distrito Federal, Territórios 
e Municípios. 
2) Administração Indireta: autarquias, associações e demais 
entidades criadas por lei (são as fundações públicas de direito público). 
 B) Externo (art. 42, CC): Estados estrangeiros e demais pessoas regidas 
pelo direito internacional público. 
II. DIREITO PRIVADO (art. 44, CC) 
A) Universitas Personarum 
1) Sociedades: 
a) Simples. 
b) Empresária. 
2) Associações, partidos políticos e organizações religiosas. 
3) Empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI). 
B) Universitas bonorum 
1) Fundações particulares (segundo a doutrina também as 
fundações públicas de direito privado). 
 
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I. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO 
 
O Estado é a pessoa jurídica de direito público por excelência. Todo 
Estado independente é formado por três elementos essenciais: a) povo; b) 
território; e c) governo soberano. Costuma-se dizer que o Estado é o povo, em 
dado território, politicamente organizado, segundo sua livre e soberana vontade. 
I.1) PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO EXTERNO 
Segundo o art. 42, CC, são pessoas jurídicas de direito público externo os 
Estados estrangeiros (outros países soberanos, como o Uruguai, Canadá, 
Dinamarca, etc.) e todas as pessoas que forem regidas pelo direito 
internacional público, ou seja, as uniões aduaneiras com o objetivo de 
facilitar o comércio exterior (ex.: Mercosul) e os organismos internacionais, 
como a ONU (Organização das Nações Unidas), OEA (Organização dos Estados 
Americanos), FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e 
Alimentação - Food and Agriculture Organization), etc. Certa vez vi cair em um 
concurso: A Santa Sé é: ...? Ora, a Santa Sé (também chamada de “Sé 
Apostólica”) é considerada como um sujeito de direito internacional (pessoa 
jurídica de direito público externo), pois as relações e acordos diplomáticos com 
outros Estados soberanos são com ela estabelecidos. Costuma-se dizer que a 
Santa Sé difere do Vaticano (ou Estado da Cidade do Vaticano), pois este é um 
instrumento para a independência da Santa Sé, tendo natureza e identidade 
própria enquanto representação do governo central (cúpula governativa) da 
Igreja Católica; o Vaticano seria um território sobre o qual a Santa Sé tem 
soberania. 
I.2) PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO INTERNO 
São aquelas cuja atuação se restringe aos interesses e limites territoriais 
do Estado. É a nossa nação, politicamente organizada, nos moldes previstos na 
Constituição Federal de 1988. 
A) PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO INTERNO DA 
ADMINISTRAÇÃO DIRETA OU CENTRALIZADA (art. 41, I, II e III, CC)  
São elas: União, Estados-membros, Distrito Federal, Territórios e os Municípios 
legalmente constituídos. 
Costuma-se dizer que o Brasil é detentor de soberania, ou seja, não deve 
obediência jurídica a nenhum outro Estado. É juridicamente ilimitada no plano 
interno e somente encontra limites na soberania de outro País. Já as demais 
entidades dentro do Brasil são detentoras de autonomias. A autonomia dos 
entes da federação brasileira está devidamente delimitada pelo Direito. Esta 
autonomia, na verdade, é o exercício do poder do Estado com a observância dos 
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parâmetros jurídicos estabelecidos em uma norma de hierarquia superior (em 
outras palavras: a própria Constituição Federal). 
A União designa a nação brasileira, nas suas relações com os Estados-
membros que a compõe e com os cidadãos que se encontram em seu território. 
Os Estados federados (Estados-membros) possuem autonomia 
administrativa, competência e autoridade legislativa, executiva e judiciária sobre 
os negócios locais. 
Os Municípios legalmente constituídos também se encaixam nesta 
classificação, pois foram assegurados pela Constituição Federal; eles têm 
interesses e economia próprios. 
Também há previsão expressa em relação ao Distrito Federal. Mas em 
relação a ele a natureza jurídica é controvertida. Alguns dizem que ele é um 
município anômalo; outros que é uma autarquia territorial; outros que é uma 
circunscrição territorial assemelhada aos territórios. Finalmente outros afirmam 
que é “mais do que um município e menos que um Estado”. Possui previsão 
expressa no art. 32, CF/88. Vejamos: a) o Distrito Federal rege-se por uma Lei 
Orgânica (típica de Municípios) e não por uma Constituição Estadual (típica dos 
Estados-membros); b) o Poder Legislativo é exercido pela Câmara Legislativa 
(mistura de Câmara de Vereadores – Poder Legislativo Municipal e Assembleia 
Legislativa – Poder Legislativo Estadual) composta por Deputados Distritais 
eleitos, acumulando as competências legislativas reservadas aos Estados e 
Municípios; c) o Chefe do Poder Executivo é um Governador (típico dos Estados) 
Distrital e não um Prefeito (típico dos Municípios); d) é proibida a sua divisão 
em municípios. Há uma grande crítica em relação ao texto do art. 18, §1o, 
CF/88, pois ele afirma que Brasília é a Capital Federal, quando se devia ter 
mantido a nossa tradição e correção técnica afirmando que “o Distrito Federal é 
a capital da União”. 
Na realidade Brasília é o nome de uma das Regiões Administrativas do 
Distrito Federal (RA-I). Ela é um núcleo urbano, uma cidade que serve de 
centro político à União, mas não pode ser considerada como um Município, 
juridicamente falando. Esta região, em termos urbanos, compreende as “Asas” 
Sul e Norte e a área central do chamado “Plano Piloto”. No entanto a Lei 
Orgânica do Distrito Federal não menciona os limites de Brasília. Já as demais 
aglomerações urbanas situadas fora do Plano Piloto pertencem a outras Regiões 
Administrativas. Embora o Decreto n° 19.040/98 tenha proibido a expressão, 
ainda se costuma usar o termo cidade-satélite (ex.: Gama, Taguatinga, 
Brazlândia, Sobradinho, Planaltina, Ceilândia, Guará, etc.). 
Chamo atenção para os Territórios. Como sabemos, já não existem mais 
os Territórios no Brasil. Mas apesar de não mais existirem há previsão expressa 
na Constituição Federal, possibilitando a criação de eventual novo Território, 
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por meio de Lei Complementar (arts. 18, §2° e 48, inciso VI, CF/88). Para o 
Direito Civil ele será considerado como sendo uma pessoa jurídica de direito 
público interno, pois há previsão expressa no art. 41, inciso II, CC. Alguns 
autores classificam os territórios como “autarquias territoriais” dando a entender 
que seriam pessoas jurídicas de direito público interno de administraçãoindireta 
(há uma grande discussão sobre este tema, mas diversos civilistas preferem 
classificá-los como de administração direta). 
 Podemos dizer que o Brasil, nos termos da Constituição Federal de 1988, 
possui: 
a) Forma de Governo: republicano (eletividade e temporariedade dos 
mandatos do Chefe do Poder Executivo). 
b) Forma de Estado: federal (descentralização política: em um mesmo 
território há diferentes entidades políticas autônomas – União, Estados, 
Distrito Federal, Municípios). 
c) Sistema de Governo: presidencialista (Presidente da República é o único 
Chefe do Poder Executivo, acumulando as funções de Chefe de Estado e Chefe 
de Governo, cumprindo mandato por prazo determinado, não dependendo da 
confiança do Poder Legislativo para a investidura e o exercício do cargo). 
���CONCLUSÃO: O Brasil é uma República Federativa, com sistema 
Presidencialista. Além disso, possui como Regime de Governo o Estado 
Democrático e de Direito. 
 Observação doutrinária importante para concursos 
União e República Federativa do Brasil são expressões sinônimas? 
Resposta: ambas são expressões usadas para designar o mesmo ente. No 
entanto a doutrina estabelece uma importante diferença. O termo União é 
usado no plano interno; trata-se da pessoa jurídica de direito público interno, 
entidade federativa autônoma em relação aos Estados-membros, Distrito 
Federal e Municípios, possuindo competências administrativas e legislativas 
determinadas constitucionalmente. Lembrem-se de que entre os entes da 
Federação (ex: a União e os Estados-membros) não há hierarquia, mas sim uma 
coordenação harmônica de poderes distribuídos pela Constituição. Já a 
expressão República Federativa do Brasil é usada no plano externo, para 
identificar o Brasil perante os outros países (relações internacionais). Neste caso 
seria uma pessoa jurídica de direito público externo (ou internacional), 
integrada pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. A União representa 
o Estado Federal nos atos de Direito Internacional, mas quem pratica 
efetivamente os atos de Direito Internacional é a República Federativa do Brasil, 
juridicamente representada por um órgão da União: a Presidência da República. 
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Resumindo 
 República Federativa do Brasil: pessoa jurídica de direito publico externo 
(ou internacional). 
 União: pessoa jurídica de direito público interno; é apenas uma das 
entidades que forma o Estado Federal, e que, por determinação 
constitucional (art. 21, I, CF/88) tem competência exclusiva de representá-lo 
em suas relações internacionais. 
B) PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO INTERNO DE 
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA OU DESCENTRALIZADA (art. 41, IV e V, CC) 
 São entidades descentralizadas, criadas por lei, com personalidade jurídica 
própria para o exercício de atividade de interesse público. São elas: a) 
Autarquias. b) Associações Públicas (Lei n° 11.107/05). c) Demais entidades de 
caráter público criadas por lei. Vejamos cada um destes itens: 
AUTARQUIAS 
São pessoas jurídicas de direito público, que desempenham atividade 
administrativa típica, com capacidade de auto-administração nos limites 
estabelecidos em lei. Embora ligadas ao Estado, elas desfrutam de certa 
autonomia, possuindo patrimônio e orçamento próprio, mas sob o controle 
do Executivo que o aprova por Decreto e depois o remete ao controle do 
Legislativo. As autarquias não têm capacidade política (isto é, não podem 
legislar e criar o próprio Direito, devendo obedecer a legislação administrativa à 
qual estão submissas), porém podem baixar instruções normativas (que não são 
consideradas leis em sentido estrito). 
Elas são criadas por lei específica (iniciativa privativa do chefe do Poder 
Executivo), com personalidade jurídica de direito público; integram a 
administração indireta, possuindo atribuições estatais destinadas à realização de 
obras e serviços públicos, de cunho social, geralmente ligadas a área da saúde, 
educação, etc. (excluem-se, portanto as de natureza econômica ou industrial). 
Portanto elas devem atuar em setores que exigem especialização por parte do 
Estado, com organização própria, administração mais ágil e pessoal 
especializado. Seus bens são considerados públicos. 
A autarquia nasce com a vigência da lei que a instituiu, não havendo 
necessidade de registro. Da mesma forma, sua extinção também deve ser 
feita por meio de lei específica (princípio da simetria das formas jurídicas). Seus 
atos são considerados como administrativos. Como possui personalidade jurídica 
própria, ela se desliga do ente criador. Portanto, se alguém quiser discutir 
judicialmente a revisão de sua aposentadoria, deve ingressar com ação judicial 
não contra a União (entidade criadora), mas contra o próprio INSS como 
entidade autônoma e com patrimônio próprio. Ex.: INSS (Instituto Nacional do 
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Seguro Social), INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), 
CVM (Comissão de Valores Mobiliários), CADE (Conselho Administrativo de 
Defesa Econômica), IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos 
Recursos Naturais Renováveis), Imprensa Oficial do Estado, etc. 
ASSOCIAÇÕES PÚBLICAS 
O art. 241, CF/88 autorizou a União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios a realizarem mediante lei os chamados consórcios públicos e os 
convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão 
associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de 
encargo, serviços, pessoal e bem bens essenciais à continuidade dos serviços 
transferidos. A Lei n° 11.107/05 regulou os consórcios públicos, cumprindo o 
disposto na Constituição sendo uma nova forma de se prestar um serviço 
público. Essa lei optou por atribuir personalidade jurídica aos consórcios 
públicos, dando-lhes a forma de uma associação, podendo ser de pessoa 
jurídica de direito público (associação pública) ou de direito privado. 
Quando o consórcio público for pessoa jurídica de direito privado, 
assumirá a forma de “associação civil”, sendo que aquisição da personalidade 
ocorre com a inscrição dos atos constitutivos no registro civil das pessoas 
jurídicas. Mesmo assim, estes consórcios estão sujeitos às normas de direito 
público no que diz respeito à realização de licitação, celebração de contratos, 
prestação de contas, admissão de pessoal, etc. 
Quando criado com personalidade de direito público, o consórcio público 
se apresenta como uma associação pública. O consórcio público será 
constituído por contrato, cuja celebração dependerá de prévia subscrição de 
protocolo de intenções. As questões de prova em concurso têm entendido que 
as associações públicas são uma espécie de autarquia (e não uma nova 
espécie de entidade da administração indireta). 
FUNDAÇÕES PÚBLICAS 
Fundação, de uma forma geral, é uma instituição do direito privado. Sua 
criação resulta da iniciativa de uma pessoa (física ou jurídica), que destina um 
acervo de bens particulares (que adquirem personalidadejurídica) para a 
realização de finalidades sociais, sem natureza lucrativa (educacional, 
assistencial, etc.). Compreende sempre: patrimônio e finalidade. 
Ultimamente o Poder Público também tem instituído fundações para a 
execução de algumas atividades de interesse coletivo, sem finalidade lucrativa 
(assistência social, saúde, educação, pesquisa científica, cultura, proteção ao 
meio ambiente, etc.). Elas integram a administração pública indireta no 
nosso sistema jurídico, pois uma pessoa política faz a dotação patrimonial e 
destina recursos orçamentários para a manutenção da entidade. No entanto, 
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como suas atividades não são exclusivas do Poder Público costuma-se dizer que 
elas exercem atividades atípicas do Poder Público. 
As fundações públicas se assemelham às fundações particulares, mas se 
diferenciam nos seguintes aspectos: enquanto a fundação privada é criada a 
partir de um ato (inter vivos ou causa mortis) de um particular e com 
patrimônio deste, a fundação pública é criada mediante uma lei específica, a 
partir de um patrimônio público. Ex.: FUNASA (Fundação Nacional da Saúde), 
FUNARTE (Fundação Nacional das Artes), FUNAI (Fundação Nacional do Índio), 
FBN (Fundação Biblioteca Nacional), IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística), IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), FUB (Fundação 
Universidade de Brasília), etc. 
Se observarmos o art. 41, CC, que arrola as pessoas jurídicas de direito 
público, vamos concluir que ele não menciona a “fundação”, como sendo uma 
de suas espécies. No entanto, segundo a doutrina, as fundações públicas 
estariam implícitas na expressão “demais entidades de caráter público criadas 
por lei”. E Constituição Federal de 1988, em especial após a Emenda 
Constitucional n° 19/98 (art. 37, XIX), reforçou esta posição. 
 Observação 01. Sobre este tema, os civilistas são bem objetivos: 
fundação pública é uma pessoa jurídica de direito público interno (apesar de 
não haver previsão expressa neste sentido). Ponto! Porém... para os 
administrativistas a coisa não é tão simples (vou falar sobre isso de forma 
superficial, pois isso não interessa tanto ao Direito Civil). Para o Direito 
Administrativo a posição mais aceita é que existem duas espécies de 
fundações públicas: 
a) Fundações públicas com personalidade jurídica de direito público: 
criadas diretamente pela edição de uma lei específica (Poder Legislativo). Elas 
adquirem a personalidade jurídica com a vigência da lei instituidora. Na 
realidade elas são espécies do gênero autarquias (são também chamadas de 
fundações autárquicas ou autarquias fundacionais), sujeitando-se ao regime 
jurídico do direito público (idêntico ao das autarquias), com todas as suas 
prerrogativas e restrições. Segundo a doutrina somente estas pertenceriam ao 
direito público. 
b) Fundações públicas com personalidade jurídica de direito privado: 
há uma autorização dada em lei para criação da entidade; após isso o Poder 
Executivo elabora os atos constitutivos da fundação e a seguir deve providenciar 
a inscrição no registro competente. Somente após esse registro ela adquire a 
personalidade. Possuem um caráter híbrido; parte regulada pelo direito privado 
e parte pelo direito público. Segundo a doutrina elas pertencem ao direito 
privado (seus bens não são públicos, não estão sujeitas ao regime de 
precatórios, etc.). 
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Seja a espécie que for as fundações públicas não estão sujeitas ao disposto 
no art. 66, CC, segundo o qual o Ministério Público estadual velará pelas 
fundações onde estiverem situadas. O verbo “velar” tem um sentido jurídico 
atribuindo ao Ministério Público uma função de “curador” das fundações. Mas 
isso somente se aplica às fundações genuinamente particulares. É certo que as 
fundações públicas sofrem um controle, mas este é o mesmo que é exercido 
sobre todas as entidades da administração indireta. 
 Observação 02. Segundo a doutrina (principalmente ligada ao Direito 
Administrativo), todos os temas que falamos acima são espécies de autarquias. 
Explico! Há quem sustente que autarquia representa um gênero, sendo 
dividida em: 
a) autarquias comuns ou ordinárias: são aquelas a que nos referimos 
mais acima como item autônomo. 
b) autarquias sob regime especial: são aquelas em que a lei instituidora 
prevê determinados instrumentos aptos a lhes conferir maior grau de autonomia 
perante o Poder Público do que as autarquias comuns. Os exemplos clássicos 
são o BACEN (Banco Central do Brasil) e a USP (Universidade de São Paulo). 
Nestas espécies também estariam incluídas as agências reguladoras, 
entidades que possuem alto grau de especialização técnica, incumbidas de 
normatizar e fiscalizar a prestação de certos serviços de grande interesse 
público (impede práticas anticoncorrencial e de abuso do poder econômico, 
protege os interesses dos usuários e assegura a universalização dos serviços 
públicos). O Estado, ao invés de assumir diretamente o exercício de uma 
atividade empresarial, intervém ativamente nessas atividades, utilizando 
instrumentos de autoridade. Ex.: ANATEL (Agência Nacional de 
Telecomunicações), ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), ANAC 
(Agência Nacional de Aviação Civil), ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás 
Natural e Biocombustíveis), ANA (Agência Nacional de Águas), etc. Fala-se, 
também em “agências executivas”. Estas, no entanto, não são uma espécie 
de entidade, mas sim uma qualificação que pode ser conferida pelo poder 
público às autarquias em geral ou às fundações públicas que com ele celebrem 
contrato de gestão (art. 37, §8°, CF/88; ver também o art. 51 da Lei n° 
9.649/98). Ou seja, se uma autarquia cumpre determinadas metas 
estabelecidas em um contrato, o Poder Público a qualifica como agência 
executiva. Com isso amplia-se a sua autonomia gerencial, orçamentária e 
financeira (sem prejuízo, é evidente, do controle a que se sujeitam todas as 
entidades da administração indireta). 
c) autarquias fundacionais (há quem as chame de fundações autárquicas): 
são as fundações públicas com personalidade de direito público a que nos 
referimos acima. Na realidade o regime jurídico a que se sujeitam estas 
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fundações e as autarquias comuns é idêntico. A diferença é simplesmente 
conceitual: define-se as autarquias como um serviço público personificado, em 
regra típico do Estado e estas fundações como um patrimônio personalizado 
destinado a finalidade específica de interesse social. 
d) associações públicas: são os consórcios públicosque falamos acima. 
 Observação 03. Há ainda quem acrescente outras duas espécies: a) 
autarquias territoriais: são os territórios federais, responsáveis pela execução 
dos serviços públicos em determinadas áreas geográficas; b) autarquias 
corporativas (ou profissionais): exercem o poder de polícia sobre determinadas 
profissões. Ex.: Conselho Federal de Medicina (CFM). No entanto, de acordo com 
o STF, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) não é autarquia corporativa e 
muito menos pertence à Administração Pública. 
DIFERENÇAS BÁSICAS: AUTARQUIA X FUNDAÇÃO PÚBLICA 
 AUTARQUIAS FUNDAÇÕES 
Atribuições Atividades típicas (exclusivas) 
ou atípicas da Administração. 
Atividades atípicas da 
Administração. 
Regime Jurídico Apenas Direito Público. Direito Público ou Privado. 
Dotação 
Patrimonial 
Exclusivamente público. Exclusivamente público ou 
publico e privado 
Espécies Comuns, especiais, 
fundacionais, associações 
públicas (além das territoriais 
e corporativas). 
Fundações de Direito Público 
(autárquicas) e de Direito 
Privado. 
 
 
II. PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO 
 
A pessoa jurídica de direito privado é instituída por iniciativa dos 
particulares em geral. A doutrina costuma usar a expressão “Corporação” para 
designar o gênero, tendo como divisão (art. 44, CC): associações (a doutrina 
engloba neste item os sindicatos, pois eles têm natureza de associação civil), 
sociedades, fundações, organizações religiosas, partidos políticos e as empresas 
individuais de responsabilidade limitada. Vejamos. 
1. FUNDAÇÕES PARTICULARES 
A doutrina costuma usar a seguinte expressão: fundações são 
universalidades de bens (resultam da afetação de um patrimônio e não da 
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união de indivíduos), personificados, em atenção ao fim que lhes dá unidade. 
Portanto, dois são seus elementos fundamentais: a) patrimônio; b) 
finalidade (que é imutável e não pode visar lucro). 
Fundação é o complexo de bens livres colocados por uma pessoa física 
ou jurídica, a serviço de um fim lícito e especial, com alcance social pretendido 
por seu instituidor, e em atenção ao disposto em seu estatuto. Uma pessoa 
(natural ou jurídica) separa parte de seu patrimônio, criando a fundação para 
atingir objetivo não econômico. A partir de sua criação, o patrimônio da 
fundação não pertence mais ao patrimônio da pessoa que a criou, uma vez que 
passa a ter personalidade própria. Ex.: a Fundação Roberto Marinho não pode 
ser confundida com a Rede Globo de Televisão. 
O próprio instituidor poderá administrar a fundação (forma direta) ou 
encarregar outrem para este fim (forma fiduciária). De acordo com o art. 62, 
parágrafo único do CC terão sempre fins religiosos, morais, culturais ou de 
assistência. Nesses conceitos compreendem-se também as fundações para fins 
científicos, educacionais ou de promoção do meio ambiente. Exemplos: 
Fundação São Paulo (mantenedora da Pontifícia Universidade Católica de São 
Paulo), Fundação Ayrton Senna, etc. São criadas a partir de uma escritura 
pública (ato inter vivos) ou de um testamento (causa mortis). Portanto elas não 
podem ser criadas por instrumento particular ou privado. Para a sua criação 
pressupõem-se: 
• Dotação de bens livres: o instituidor destina determinados bens que 
comporá o patrimônio da fundação, que deve ser apto a produzir rendas ou 
serviços que possibilitem alcançar os objetivos visados, sob pena de frustrá-
los. Os bens podem móveis (inclusive dinheiro) ou imóveis, desde que livre 
de quaisquer ônus. 
• Elaboração de estatutos com base em seus objetivos. Eles devem ser 
submetidos à apreciação do Ministério Público estadual que os fiscalizará. O 
próprio MP pode elaborar os estatutos, caso o mesmo não seja feito por 
quem de direito. Em regra o seu objetivo é imutável. No entanto é 
possível a reforma dos estatutos, desde que: seja deliberada por dois terços 
dos competentes para gerir e representar a fundação; não contrarie ou 
desvirtue o seu fim; seja aprovada pelo órgão do Ministério Público (caso 
este a denegue, poderá o Juiz supri-la, a requerimento do interessado). Se 
não houver unanimidade da alteração do estatuto, de haver a impugnação 
pela minoria vencida no prazo decadencial de 10 dias (art. 68, CC). 
• Especificação dos fins: como vimos, eles devem ser sempre religiosos, 
morais, culturais ou de assistência. A exemplo da associação, se gerar 
receita, esta deve ser revertida para ela mesma. 
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• Previsão do modo de administrá-la: embora seja interessante que a 
fundação preveja o modo pelo qual ela deva ser administrada, este item não 
é essencial para sua existência. 
Nascimento 
As fundações surgem com o registro de seus atos constitutivos no 
Registro Civil de Pessoas Jurídicas. 
Características 
• Seus bens, em regra, são inalienáveis (não podem ser vendidos ou doados) 
e impenhoráveis (não pode recair penhora). Para uma eventual venda de 
seus bens é necessário ingressar com uma ação judicial, onde é consultado 
o Ministério Público. Posteriormente o Juiz decide, determinando se é ou 
não caso de venda desses bens. Como regra o produto da venda deve ser 
aplicado na própria fundação. 
• O fundador é obrigado a transferir para a fundação a propriedade sobre os 
bens dotados; se não o fizer, os bens serão registrados em nome dela por 
ordem judicial. 
• Não há sócios. 
• Os estatutos são suas leis básicas. 
• Os administradores devem prestar contas ao Ministério Público. 
 Observação. As chamadas organizações não governamentais (ONGS), 
pertencentes ao chamado terceiro setor, juridicamente organizam-se no Brasil 
como fundações ou associações. Parte da doutrina tem defendido o uso da 
terminologia “organizações da sociedade civil” para designar tais instituições. 
Supervisão das Fundações 
As fundações privadas são supervisionadas pelo Ministério Público do 
Estado onde estiverem situadas (art. 66, CC), através da curadoria das 
fundações, que deve zelar pela sua constituição e funcionamento. Se 
estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um 
deles, ao respectivo Ministério Público estadual (art. 66, §2°, CC). A doutrina 
entende que não há esta fiscalização do Ministério Público em relação às 
fundações públicas. 
��� Atenção ��� O art. 66, §1°, CC prevê que se a fundação funcionar no Distrito 
Federal caberá o encargo ao Ministério Público Federal. No entanto este 
dispositivo foi objeto de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, sendo que o 
Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade deste parágrafo, 
posto que se a fundação funcionar no DF, a competência para fiscalização é do 
Ministério Público do Distrito Federal e Territorial (MPDFT). Ressalva-se, no 
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entanto, segundo a decisão do STF, a atribuição do Ministério Público federal 
para velar pelas fundações federais de direito público (ADIN n° 2.794-8). 
Término 
Não há um prazo determinado para o funcionamento de uma fundação. No 
entanto, nada impede que o próprio instituidor estabeleça um prazo para esse 
funcionamento. Por outro lado as fundações serão extintas se (art. 69, CC): a) 
tornarem-se ilícitas (o Ministério Público pode ingressar com ação visando sua 
extinção), impossíveis ou inúteis as suas finalidades; b) vencido o prazo de sua 
existência. 
Uma vez extinta a fundação, o destino do seu patrimônio será o previsto 
nos estatutos. Caso os estatutos sejam omissos, seu patrimônio será destinado, 
por determinação judicial, a outras fundações com finalidades semelhantes. 
2. PARTIDOS POLÍTICOS 
Os partidos políticos são entidades integradas por pessoas com ideias 
comuns (pelo menos em tese...), tendo por finalidade conquistar o poder para a 
consecução de um programa. São associações civis que visam assegurar, no 
interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e 
defender os direitos fundamentais definidos na Constituição Federal. De acordo 
com o art. 17, §2°, CF/88 e a Lei n° 10.825/03, os partidos políticos, embora 
tenham um caráter público, passaram a ser considerados como pessoas 
jurídicas de direito privado, tendo natureza de associação civil. Os estatutos 
devem ser registrados no cartório competente do Registro Civil de Pessoas 
Jurídicas da Capital Federal e no Tribunal Superior Eleitoral (Lei n° 9.096/95). 
3. ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS 
As organizações religiosas são pessoas jurídicas de direito privado, 
formadas pela união de indivíduos com o propósito de culto a determinada força 
(ou forças) sobrenatural, por meio de doutrina e ritual próprios, envolvendo 
preceitos éticos. Atualmente a Lei n° 10.825/03 (que alterou o Código Civil) 
deixou bem claro que elas são pessoas jurídicas de direito privado, tendo 
também natureza de associação civil. É vedado ao poder público negar-lhe o 
reconhecimento ou registro de seus atos constitutivos necessários a seu 
funcionamento. 
 Enunciado 142 da III Jornada de Direito Civil do STJ: “Os partidos políticos, 
os sindicatos e as associações religiosas possuem natureza associativa, 
aplicando-se-lhes o Código Civil”. 
4. ASSOCIAÇÕES 
As associações são caracterizadas pela união de pessoas que se 
organizam para fins não econômicos (comunhão de esforços para um fim 
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comum). A associação pode ser de pessoas físicas ou de pessoas jurídicas (ex.: 
ABIA →→→ Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação, etc.). 
O órgão máximo da associação não é o diretor-presidente, mas a 
Assembleia Geral. Sua competência e atribuições encontra-se estabelecido no 
art. 59, CC. O membro da associação é o associado. Ele possui um vínculo 
direto com a finalidade da associação, não possuindo qualquer vínculo com os 
demais associados; não há, entre os associados, direitos e obrigações 
recíprocas (art. 53 e seu parágrafo único, CC), de forma diferente das 
sociedades, onde há este vínculo. No entanto é possível a existência de uma 
categoria de associados com vantagens especiais (art. 55, CC). Salvo 
autorização estatutária, é vedada a transmissibilidade da qualidade de associado 
(art. 56, CC). É admissível a exclusão de um associado se houver justa nos 
termos do estatuto, após o trâmite de um procedimento administrativo que 
assegure o contraditório e a ampla defesa, bem como recurso (art. 57, CC); 
trata-se do “devido processo legal privado”: eficácia horizontal dos direitos 
fundamentais. 
As associações podem ser civis, religiosas, pias (de caridade), morais, 
educacionais, científicas ou literárias, políticas, esportivas, recreativas e até de 
utilidade pública. O art. 5° da CF/88 (incisos XVII a XXI), ao dispor sobre as 
associações, estabelece que: a) é plena a liberdade de associação para fins 
lícitos, vedada a de caráter paramilitar; b) a criação de associações e, na forma 
da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a 
interferência estatal em seu funcionamento; c) as associações só poderão ser 
compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão 
judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; d) ninguém 
poderá ser compelido a associar-se ou permanecer associado; e, e) as 
entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade 
para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente. 
O fato de uma associação possuir determinado patrimônio e realizar 
negócios para aumentar esse patrimônio não a desnatura, pois não irá 
proporcionar lucro aos associados. Portanto, elas não estão impedidas de gerar 
renda para manter ou aumentar suas atividades. A convocação dos órgãos 
deliberativos deve ser feita na forma do estatuto, garantindo-se a 1/5 dos 
associados o direito de promovê-la. 
O ato constitutivo da associação é o seu estatuto que deve conter os 
requisitos do art. 54, CC. Esse estatuto deve ser registrado no Registro Civil de 
Pessoas Jurídicas. Com ele passa a ter aptidão para ser sujeito de direitos e 
obrigações, possuindo capacidade patrimonial e adquirindo vida própria, que 
não se confunde com a de seus membros. Se não houve registro a associação 
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existe, mas será considerada irregular (associação não personificada); será tida 
como mera relação contratual disciplinada pelo seu estatuto. 
Observação: A doutrina afirma que os sindicatos tem natureza associativa. 
No entanto eles possuem um viés de representação política de uma 
categoria. Já as associações têm um cunho cultural, esportivo, artístico, sem 
uma competência legal para representação da categoria, mas tão somente de 
associados a ela. 
5. SOCIEDADES 
Sociedade é espécie de corporação dotada de personalidade jurídica 
própria e instituída por meio de um contrato social (que é o seu ato 
constitutivo), com o objetivo de exercer atividade econômica e partilhar 
lucros. Assim, duas ou mais pessoas, visando realizar negócios lucrativos, 
resolvem criar uma entidade e aplicar nela dinheiro e serviço, formalizando por 
escrito o ato constitutivo; ao se tornarem sócias elas passam a ter o direito de 
participar dos resultados econômicos da entidade criada. Ela está prevista em 
outro tópico do Código Civil, dentro do Livro II da Parte Especial (Do Direito de 
Empresa), a partir do art. 981. Prevê este dispositivo: Celebram contrato de 
sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens 
ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, 
dos resultados. Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de 
um ou mais negócios determinados. 
Características das Sociedades em Geral 
• Pluralidade: devem ser formadaspor duas ou mais pessoas. A lei admite 
exceções, as chamadas sociedades unipessoais que veremos adiante, as 
quais possuem apenas um sócio. 
• Affectio Societatis: intenção específica dos sócios em constituir a 
sociedade, com personalidade distinta da de seus membros e permanecerem 
unidos, para a execução de uma ou mais atividades econômicas. 
• Exploração da Atividade Econômica: devem ter o propósito de executar 
atividades ligadas à produção ou circulação de bens ou serviços. 
• Contribuição de Bens ou Serviços: o capital social de ser constituído, 
mediante contribuição de seus sócios, tanto em forma de bens (dinheiro, 
imóveis, veículos, aparelhos, etc.), como em serviços (trabalho a ser 
desenvolvido com conhecimentos técnicos especiais em benefício da 
sociedade). Obs.: a possibilidade de contribuição em serviços não é admitida 
em algumas espécies de sociedades, como nas sociedades limitadas e nas 
sociedades por ações. 
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• Fins Lucrativos: devem ter o intuito de gerar novos recursos para serem 
distribuídos entre os sócios. O atual Código Civil deixou bem claro que a 
finalidade lucrativa é o que distingue uma associação de uma sociedade. 
Tanto isso é verdade que o art. 1.008, CC estabelece que é nula a 
estipulação contratual que exclua qualquer sócio de participar dos lucros e 
das perdas (princípio da vedação de cláusula leonina). Atenção: repartir o 
lucro de forma diferenciada não viola a lei; o que é proibido é que algum 
sócio seja excluído da participação nos lucros. 
Natureza das Sociedades 
A) Sociedades Empresárias (o que anteriormente chamávamos de sociedades 
comerciais)  são as que visam finalidade lucrativa (lucro repartido entre os 
sócios), mediante exercício de atividade mercantil (ex.: compra e venda 
mercantil). Segundo o art. 982, CC, “salvo exceções expressas, considera-se 
empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de 
empresário sujeito a registro (Registro Público de Empresas Mercantis); e 
simples as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, 
considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa”. 
Requisitos da sociedade empresária 
 Material: toda sociedade empresária realiza uma atividade econômica 
organizada (atividade empresarial), nos termos do art. 966: Considera-se 
empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada 
para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. 
Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de 
natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares 
ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de 
empresa. 
 Formal: registro na Junta Comercial (Registro Público de Empresa). 
B) Sociedades Simples (o que anteriormente chamávamos de sociedades 
civis)  também visa fim econômico (lucro), mediante exercício de atividade 
não mercantil. Em regra são constituídas por profissionais de uma mesma área, 
ou por prestadores de serviços técnicos. Ex.: um escritório de advocacia, uma 
sociedade imobiliária, uma clínica dentária, etc. Seus atos constitutivos devem 
ser inscritos no Registro Civil de Pessoas Jurídicas (RCPJ). 
 Observação. Diferenças. Atualmente vêm-se utilizando as expressões: 
organização e atividade (ao invés de objeto) para distinguir a sociedade 
empresária da simples. Ou seja, a classificação se dá em função do exercício da 
atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou 
serviços. Havendo a organização dos fatores de produção (capital, mão de obra, 
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tecnologia e insumos) se considera caracterizada a empresa e o empresário será 
quem a exerce. 
Sociedade empresária é aquela que conjuga os requisitos do art. 982, 
CC. Além disso, há uma impessoalidade, pois seus sócios atuam como meros 
articuladores de fatores de produção (capital, trabalho, tecnologia e matéria 
prima), a exemplo de um banco ou de uma revendedora de veículos. O seu 
registro é feito na Junta Comercial e sujeitam-se à legislação falimentar. 
Sociedade simples tem como característica principal a pessoalidade: os 
seus sócios não são meros articuladores de fatores de produção, uma vez que 
eles prestam e supervisionam direta e pessoalmente a atividade desenvolvida. 
Em geral, são sociedades prestadoras de serviços, a exemplo da sociedade de 
advogados ou de médicos. O seu registro é feito, em geral, no Registro Civil de 
Pessoas Jurídicas (CRPJ). Uma banca de advocacia, por maior que seja, sob o 
aspecto material, é uma sociedade simples, até porque seu registro continua 
sendo feito no RCPJ e na OAB (e não na Junta Comercial). 
Tipos Societários 
Tanto as sociedades empresárias como as sociedades simples podem 
assumir os seguintes tipos societários: 
• Sociedade em Comandita Simples (C/S) 
• Sociedade em Nome Coletivo (N/C) 
• Sociedade Limitada (Ltda.) 
• Sociedade Anônima (S/A) 
• Sociedade em Comandita por Ações (C/A) 
As sociedades simples que não adotarem um desses tipos serão regidas 
pelas normas próprias das sociedades simples (art. 983, segunda parte, CC e 
arts. 997 até 1.038, CC). Toda Sociedade Anônima e toda Sociedade em 
Comandita por Ações terá sempre natureza empresarial. Por outro lado, toda 
Sociedade Cooperativa terá sempre natureza simples, independentemente de 
seu objeto. 
�Observações Importantes � 
01) Sociedade Simples e Sociedade Empresária não são tipos societários, 
mas sim naturezas de sociedades. A sociedade simples possui regras próprias de 
funcionamento (arts. 997/1.038, CC). Já a sociedade empresária não possui 
regras próprias, mas pode assumir algum dos tipos societários (arts. 1.039 a 
1.092, CC). 
02) A Sociedade Simples também pode optar por adotar qualquer dos tipos 
societários previstos na lei, inclusive as sociedades por ações. 
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03) Toda Sociedade por Ações (S/A e C/A) é uma sociedade empresária, 
independentemente de seu objeto (seja ele de natureza simples ou de natureza 
empresária). 
04) Desta forma, se uma Sociedade Simples adotar o tipo societário 
Sociedade Anônima (que é sociedade por ações) será considerada 
automaticamente como Sociedade Empresária por força de lei (primeira parte do 
parágrafo único do art. 982, CC), estando sujeita às regras de registro 
empresarial próprio, à escrituração própria e obrigatória do empresário, à Lei 
das S/A e de Falências, etc. 
É possível a sociedade entre cônjuges? Estabelece o art. 977, CC que 
faculta-se aos cônjugescontratar sociedades, entre si ou com terceiros, desde 
que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou 
do da separação obrigatória. 
É possível a existência de uma sociedade que tenha apenas um sócio? 
Nossa legislação admite, em situações excepcionais, que uma sociedade 
possa ser formada por apenas um sócio (sociedade unipessoal). Hipóteses: 
• Sociedade Unipessoal Temporária do art. 1.033, IV, CC: digamos que a 
sociedade tenha dois sócios e um deles morreu. Essa sociedade poderá 
funcionar normalmente com apenas um sócio durante 180 dias. Após esse 
prazo, se não for regularizada será extinta. No entanto, atualmente o sócio 
remanescente tem a opção de transformar o registro de sociedade em 
registro de empresário individual de responsabilidade limitada (EIRELI). 
• Sociedade Unipessoal Temporária do art. 206, I, “d” da Lei das S/A: 
permite-se o funcionamento de uma sociedade por ações com apenas um 
sócio até a próxima assembleia geral (que é anual). Após isso, se não for 
regularizada a situação, dissolve-se a Companhia. 
• Sociedade Subsidiária Unipessoal Integral (art. 251, da Lei das S/A): 
segundo esse dispositivo uma sociedade por ações pode ser formada por 
apenas um sócio quando esse for uma sociedade brasileira. 
• Empresa Pública Unipessoal: é possível a criação de uma empresa, sendo 
que todos os recursos pertencem a somente um ente da Federação; sua 
criação depende de prévia autorização legislativa (art. 37, XX, CF/88), como 
no caso da Caixa Econômica Federal. 
��� Atenção ��� As empresas públicas e as sociedades de economia mista, 
apesar de fazerem parte da administração indireta ou descentralizada e 
terem capital público, sujeitas aos princípios informadores da Administração, são 
dotadas de personalidade jurídica de direito privado. São regidas pelas 
normas empresariais e trabalhistas (art. 173, CF/88), mas com as cautelas do 
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direito público (ex.: sujeitam-se ao controle do Estado →→→ administrativo, 
financeiro e jurisdicional, devem fazer concurso público para a investidura de 
servidores, etc.). Podem perseguir fins não lucrativos, como também atividades 
lucrativas (produção e comercialização de bens ou prestação de serviços de 
natureza econômica). 
Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista 
Embora não seja matéria específica de Direito Civil (sequer estão previstas 
no Código Civil) penso que é interessante mencioná-las, nem que seja de forma 
superficial. Ambas são integrantes da administração pública indireta. No 
entanto o Decreto-Lei n° 200/67 (alterado pelo Decreto-Lei n° 900/69) as 
descreve como pessoas jurídicas de direito privado, criadas pelo Estado 
como instrumento de sua atuação no domínio econômico. Ou seja, são os 
chamados “braços do Estado-empresário”. A criação de ambas depende de lei 
específica. Após isso o Poder Público elabora os atos constitutivos e depois 
providencia o seu registro. É com o registro que ela adquire a personalidade 
jurídica. A doutrina costuma afirmar que ambas possuem “natureza híbrida”: 
formalmente são pessoas jurídicas de direito privado; no entanto elas não 
atuam integralmente sob as regras do Direito Privado. Na prática elas têm seu 
regime jurídico determinado pela natureza de suas atividades (objeto), pois 
ambas podem atuar na exploração de atividades econômicas (nessa hipótese 
sujeitam-se ao regime jurídico próprio das empresas privadas, previsto no art. 
173, CF/88) ou na prestação de serviços públicos (nessa hipótese sujeitam-se 
ao regime administrativo próprio das entidades públicas, previsto no art. 175, 
CF/88). 
���Observação: embora haja esta dualidade no objeto, segundo 
posicionamentos doutrinários modernos, as empresas públicas e as sociedades 
de economia mista, qualquer que seja o objeto, não estão sujeitas à falência, 
por força da nova lei de falências (Lei n° 11.101/2005) que em seu art. 2°, I, 
afirma: “Esta lei não se aplica a: I. empresa pública e sociedade de economia 
mista (...)”. Outro ponto é que ainda que ambas estejam sujeitas ao regime das 
empresas privadas (quando exploram atividade econômica), continuam 
obrigadas à licitação. 
 Empresas Públicas: são pessoas jurídicas de personalidade de direito 
privado, integrantes da administração indireta, instituídas pelo Poder 
Público, mediante autorização de lei específica a se constituir com capital 
próprio e exclusivamente público, para exploração de atividade 
econômica ou prestação de serviços públicos ou coordenadora de obras 
públicas, podendo se revestir de qualquer das formas de organização 
empresarial (Ltda., S/A, etc.). Ex.: Empresa Brasileira de Correios de 
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Telégrafos (EBTC), Caixa Econômica Federal (CEF), Casa da Moeda, Serviço 
de Processamento de Dados (SERPRO), EMURB, etc. 
 Sociedades de Economia Mista: são pessoas jurídicas integrantes da 
administração indireta, mas também de personalidade de direito privado, 
instituídas pelo Poder Público mediante autorização legal, constituídas com 
patrimônio público e particular, destinadas à exploração de atividades 
econômicas ou serviços de interesse coletivo (públicos), sendo que sua 
forma é sempre a de uma Sociedade Anônima. Embora haja a 
conjugação de capital público e privado, as ações com direito a voto 
(controle acionário) devem pertencer em sua maioria ao Poder Público. Ex.: 
Banco do Brasil, Petrobrás, etc. 
Diferenças Empresa Pública Sociedade de Economia Mista 
Forma 
Jurídica 
Pode revestir-se de qualquer das 
formas admitidas em direito. 
(sociedades civis, sociedades 
comerciais, Ltda., S/A, etc.). 
Reveste-se obrigatoriamente na 
forma de sociedade anônima. 
Composição 
do capital 
É formado apenas com recursos 
públicos. 
É formado pela conjugação de 
recursos públicos e de recursos 
privados. 
Foro 
processual 
Suas causas serão processadas e 
julgadas pela Justiça Federal, exceto 
as de falência, as de acidente do 
trabalho e as sujeitas à Justiça 
Eleitoral e à Justiça do Trabalho. 
Não foi contemplada com o foro 
processual da Justiça Federal, 
sendo suas causas processadas e 
julgadas na Justiça Estadual. 
6. EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA 
A Lei n° 12.441/2011, alterando o Código Civil, inseriu no rol das pessoas 
jurídicas (art. 44, VI), também a empresa individual de responsabilidade 
limitada (EIRELI). Até então nosso ordenamento não permitia a formação de 
uma empresa com apenas um sócio (a não ser em casos excepcionais). O que 
se tinha era o “empresário individual”. No entanto, este era considerado como a 
própria pessoa natural (e não jurídica), sendo que seu patrimônio pessoal 
confundia-se com o utilizado no empreendimento, o que era considerado uma 
temeridade, pois no caso de execução por dívidas geradas pela empresa, os 
bens pessoais do empresário seriam vendidos para cobrir o passivo da empresa. 
Ou seja, o empresário individual possui responsabilidade ilimitada. Para fugir 
disso, geralmente era criadauma “sociedade” limitada, mas formada por “sócios 
laranjas”. Ex.: de 100 cotas, 97 eram dele, 1 da esposa, 1 de um filho e outra 
do outro filho. A nova lei corrigiu esta distorção. 
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No que se refere à organização, a EIRELI é constituída por uma única 
pessoa como titular da integralidade do capital social, sendo que o valor 
deste não pode ser inferior a 100 vezes o maior salário mínimo vigente no País. 
Assim, estabelecem-se limites para esta opção de pessoa jurídica, deixando de 
fora os empresários de menor porte. Se o salário mínimo aumentar o titular não 
precisa aumentar seu capital, pois a exigência da lei é apenas no momento da 
constituição. Observação: há um piso mínimo, mas não há um teto máximo. 
Quanto ao nome empresarial, que identifica o empreendedor nas 
realizações empresariais e contratuais, ele poderá adotar o próprio nome ou sua 
abreviação, bem como um nome distinto da pessoa natural. No entanto o nome 
adotado deverá conter como sinal distintivo a expressão “EIRELI” após a firma 
ou denominação adotada. Exemplos: José João EIRELI; ou J.J. EIRELI, ou J.J. 
Comercial EIRELI; ou ainda Alfa Comercial EIRELI. A pessoa natural que 
constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá 
figurar em uma única empresa dessa modalidade, o que a diferencia das demais 
sociedades, uma vez que nestas os sócios podem ter outro empreendimento 
sem qualquer problema. 
A EIRELI pode ser originária ou derivada. Originária quando a pessoa 
inicia do zero a atividade empresarial. Derivada quando resulta da 
transformação de um empresário individual ou de uma sociedade, em EIRILI. 
Assim, se uma sociedade limitada deixar de possuir pluralidade de sócios, ela 
poderá ser transformada em uma EIRELI. Anteriormente esta situação implicava 
numa verdadeira corrida contra o tempo do sócio remanescente, pois ele era 
obrigado a procurar um novo sócio no prazo de 180 dias (sob pena de ver sua 
sociedade extinta caso permanecesse na condição de apenas um sócio). 
A V Jornada de Direito Civil do STJ aprovou Enunciado n° 468 
explicando a natureza jurídica da EIRELI: “A Empresa Individual de 
Responsabilidade Limitada (EIRELI) não é sociedade, mas novo ente 
jurídico personificado”. Portanto, ela é uma pessoa jurídica constituída por 
apenas uma pessoa (usa-se a expressão “titular”, ao invés de “sócio”), tendo 
natureza especial, bem como tratamento específico no novo art. 980-A, CC. 
Aplicam-se à EIRELI, no que couber, as regras previstas para as sociedades 
limitadas, sendo que o Enunciado 469 do STJ estabelece que o patrimônio da 
EIRELI responde pelas dívidas da pessoa jurídica, não se confundindo com o 
patrimônio da pessoa natural que a constitui, sem prejuízo da aplicação do 
instituto da desconsideração da personalidade jurídica (do qual falaremos mais 
adiante). Finalmente, estabelece o Enunciado 470 que os atos constitutivos da 
EIRELI devem ser arquivados no registro competente, para fins de aquisição de 
personalidade jurídica. A falta de arquivamento ou de registro de alterações dos 
atos constitutivos configura irregularidade superveniente. 
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RESUMINDO A EIRELI (ver art. 980-A e seus parágrafo, CC): a) é pessoa 
jurídica (e não física) de direito privado (possui personalidade jurídica; deve ser 
registrada); não é uma nova espécie de sociedade; b) seu capital inicial deve 
ser de no mínimo 100 vezes o maior salário mínimo, totalmente integralizado 
por seu único titular (pessoa física); c) pode ser criada de forma originária ou 
derivada; d) cada pessoa só pode constituir uma única EIRELI; e) 
responsabilidade limitada até o valor do capital social (são regidas, no que 
couber, pelas normas das sociedades limitadas); d) firma ou denominação 
seguida da expressão EIRELI. 
 DISTINÇÕES 
Associação X Sociedade 
Semelhanças: conjunto de pessoas, que apenas coletivamente goza de 
certos direitos e os exerce por meio de uma vontade única. 
Distinções: Associação →→→ não há fim lucrativo (ou de dividir resultados, 
embora tenha patrimônio), formado por contribuição de seus membros para a 
obtenção de fins culturais, esportivos, religiosos, etc. Sociedade →→→ visa fim 
econômico ou lucrativo, que deve ser repartido entre os sócios. 
INÍCIO DA EXISTÊNCIA LEGAL DA PESSOA JURÍDICA. CONSTITUIÇÃO. 
Enquanto a pessoa natural surge com um fato biológico (o nascimento 
com vida...), a pessoa jurídica tem seu início, em regra, com um ato jurídico ou 
uma norma. No entanto há diferenças entre elas quanto a forma de 
constituição: 
1) Pessoas Jurídicas de Direito Público →→→ sua existência se dá em 
razão da lei e do ato administrativo, bem como de fatos históricos, previsão 
constitucional, tratados internacionais, etc. São regidas pelo Direito Público. Um 
País surge quando afirma sua existência em face dos outros. Os Estados-
membros têm o reconhecimento de sua existência quando instituídos na própria 
Constituição Federal deste País. Já os Municípios, peculiaridade de nosso regime 
federativo, também têm sua autonomia assegurada pela Constituição, tendo seu 
início no provimento que os criou (são regidas pelas Constituições estaduais e 
pelas Leis Orgânicas). As autarquias e demais pessoas jurídicas de direito 
público são criadas e organizadas por leis, que estabelecem todas as condições 
para o exercício de seus direitos e obrigações. Assim elas nascem com a própria 
lei. 
2) Pessoas Jurídicas de Direito Privado →→→ o fato que lhes dá origem é a 
vontade humana convergente (affectio societatis). Sua criação possui duas 
fases: a elaboração dos atos constitutivos e o seu respectivo registro. 
Primeira Fase: Elaboração dos Atos Constitutivos  A pessoa jurídica se 
constitui, por escrito, por ato jurídico unilateral inter vivos ou causa mortis em 
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relação às fundações e por ato jurídico bilateral ou plurilateral em relação às 
sociedades e as associações. 
• Regra: a) Fundações →→→ escritura pública ou testamento; b) Associações 
(sem fim lucrativo) →→→ Estatuto. b) Sociedades simples ou empresárias (com 
finalidade lucrativa) →→→ Contrato Social (no caso do capital social ser dividido 
em quotas: Sociedade em Nome Coletivo, Comandita Simples e Limitada) ou 
Estatuto Social (no caso do capital social ser dividido em ações: Sociedade 
Anônima e Comandita por Ações). 
Segunda Fase: Registro do Ato Constitutivo  Para que a pessoa jurídica 
exista legalmente, é necessário inscrever os contratos, estatutos ou 
compromissos no seu registro peculiar. Antes do registro é chamada