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INTENSIVO I Disciplina: Direito Processual Penal Prof. Renato Brasileiro MATERIAL DE APOIO – MONITORIA Índice Anotações de aula Jurisprudência Correlata Simulados 1. ANOTAÇÃO DE AULA I. Ação penal 3. condições genéricas da ação penal 3.4 justa causa - lastro probatório mínimo que deve estar presente para a instauração de um processo penal. - doutrina processual penal: condição genérica da ação penal. - doutrina processual civil: requisito para o oferecimento da peça acusatória. Art. 395, III da CPP. Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). * justa causa duplicada: - utilizada para os crimes de lavagem de capitais (lei 9613/98). Só há lavagem de capitais se os valores ocultados são de infração penal. lei 9613/98, art. 1º. Art. 1o Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) lei 9613/98, art. 2º. Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: § 1o A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor, ou extinta a punibilidade da infração penal antecedente. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) - lastro probatório quanto à lavagem e quanto a infração penal antecedente. 4. condição específica da ação penal - são necessárias apenas em certos crimes ou em relação a alguns acusados. - Ex: a. representação do ofendido. b. requisição do Ministro da Justiça. c. laudo pericial nos crimes contra a propriedade imaterial. d. qualidade de militar nos crimes de deserção. 5. condição de prosseguibilidade /condição superveniente da ação condição de prosseguibilidade/ condição superveniente da ação Condição da ação/ condição de procedibilidade O processo já está em andamento e uma condição deve ser implementada para que o processo possa seguir seu curso normal. Ex: representação em relação aos crimes de lesão corporal leve e lesão culposa. - antes da lei 9099/95- estes crimes eram de ação penal pública incondicionada. - art. 88 da lei 9099/95 diz que estes crimes dependem de representação. Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas. Qual é a natureza jurídica da representação neste caso? Para os processos que ainda não estavam em andamento: condição de procedibilidade. - para os processos que estavam em andamento à época: condição de prosseguibilidade – art. 91, lei 9099/95. Art. 91. Nos casos em que esta Lei passa a exigir representação para a propositura da ação penal pública, o ofendido ou seu representante legal será intimado para oferecê-la no prazo de trinta dias, sob pena de decadência. Deve estar presente para que o processo penal possa ter início. Ex: estupro cometido em data de 13 de setembro de 2012 – representação funcional como condição de procedibilidade. Estupro cometido com violência real: Antes da lei 12015/09 Depois da lei 12015/09 – (10/08/09) Ação penal pública incondicionada súmula nº 608 do STF: no crime de estupro, praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada. 10.06.09 – início do processo – estupro com violência real. Aqui não havia necessidade de representação. Entra em vigor a nova lei em 10.08.12 – há necessidade de representação? Corrente restritiva (prova MP/ Magistratura): se, à época do início do processo, não havia necessidade de representação, o fato de ter havido mudança na espécie de ação penal não repercute em relação aos processos que já estavam em andamento. Corrente ampliativa (Defensoria): ao transformar o crime de estupro cometido com violência real em delito de ação penal pública condicionada à representação, a lei 12015/09 assume nítida natureza penal, já que cria, em favor do acusado, nova causa extintiva da punibilidade, qual seja, a decadência pelo não exercício do direito de representação. Portanto, se o processo já estava em andamento, a representação passa a funcionar como condição de prosseguibilidade, sob pena de decadência. Passou a ser um crime de ação penal pública condicionada à representação. Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública condicionada à representação. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 6. classificação das ações penais condenatórias Ação penal pública - titular: MP (art. 129, I). - peças acusatórias: denúncia. a.1 ação penal pública incondicionada - a atuação do MP não depende da manifestação da vítima. - regra no CP e na legislação especial. Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a.2 ação penal pública condicionada - a atuação do MP depende de representação do ofendido, ou se requisição do Ministro da Justiça. Crime de furto – regra: ação penal incondicionada. CP - Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. Se praticar um crime de furto contra o seu irmão ou seu tio que o coabite terá representação. Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; II - ao estranho que participa do crime. III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003) a.3 ação penal pública subsidiária da pública DECRETO-LEI Nº 201, DE 27 DE FEVEREIRO DE 1967. Art. 2º § 2º Se as previdências para a abertura do inquérito policial ou instauração da ação penal não forem atendidas pela autoridade policial ou pelo Ministério Público estadual, poderão ser requeridas ao Procurador-Geral da República. A maioria entende que este artigo não foi recepcionada pela CF. - Código eleitoral: art. 357, §§ 3º e 4º. Art. 357. § 3º Se o órgão do Ministério Público não oferecer a denúncia no prazo legal representará contra êle a autoridade judiciária, sem prejuízo da apuração da responsabilidade penal. § 4º Ocorrendo a hipótese prevista no parágrafo anterior o juiz solicitará ao Procurador Regionala designação de outro promotor, que, no mesmo prazo, oferecerá a denúncia. Este dispositivo é tido como válido pela maioria da doutrina. - incidente de deslocamento de competência (IDC): CF – art. 109, § 5º. Justiça estadual – crime com grave violação aos direitos humanos – MP dos Estados - Diante da inércia do Estado este crime será deslocada para a justiça federal, quem atua como promotor é o MPF. Ação penal de iniciativa privada - titular: ofendido/ representação legal. - peça acusatória: queixa-crime. b.1 ação penal privada personalíssima - a queixa-crime só pode ser oferecida pelo ofendido. - no caso de morte do ofendido, não haverá sucessão processual. Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - pela morte do agente; - ex: adultério – não existe mais. - CP - Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. b.2. ação penal exclusivamente privada - é possível a sucessão processual. - em crimes de ação penal privada, a exclusiva funciona como regra. Ex: crimes contra a honra; contra dano. b.3 ação penal privada subsidiária da pública - só é cabível diante da inércia do MP. 7. princípios da ação penal Ação penal pública Ação penal privada ne procedat iudex ex oficio - inérica da jurisdição. - o juiz não pode, de ofício, dar início a um processo penal condenatório. - fundamento: art. 129, I da CF – sistema acusatório. * processo judicialiforme: instaurado de ofício pelo juiz, art. 26 do CPP. Não foi recepcionado. Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o auto de prisão em flagrante ou por meio de portaria expedida pela autoridade judiciária ou policial. * de ofício, o juiz pode conceder um ordem de Habeas corpus. 2.ne bis in idem processual - ninguém pode ser processado duas vezes pela mesma imputação. - CADH: art. 8º, § 4º. 4. O acusado absolvido por sentença transitada em julgado não poderá ser submetido a novo processo pelos mesmos fatos. - decisão absolutória ou declaratória extintiva da punibilidade proferida por juízo absoluta incompetente é capaz de transitar em julgado e produzir seus efeitos regulares, dentre eles o de impedir nova acusação pelos mesmos fatos delituosos (STF – HC 86606). 3. princípio da intranscendência - a peça acusatória só pode ser oferecida em face do suposto autor do fato delituoso. - desdobramento da pessoalidade da pena. CF - Art. 5º - XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; - eventuais efeitos extrapenais da sentença condenatória (ex: obrigação de reparar o dano), podem ser exercidos contra os sucessores. princípio da obrigatoriedade - legalidade processual - presentes as condições da ação penal e havendo justa causa, o MP é obrigado a oferecer a denúncia. - é aplicável a todos os órgãos que atuam na persecução penal. - CPP, art. 24. * mecanismos de controle: - ação penal privada subsidiária da pública. - art. 28 do CPP. Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada. - exceções ao princípio da obrigatoriedade: a. transação penal – lei 9099/95, art. 76 – princípio da discricionariedade regrada. b. Acordo de leniência: é uma espécie de colaboração premiada em crimes contra a ordem econômica. - lei 12529/11 – art. 87. LEI Nº 12.529, DE 30 DE NOVEMBRO DE 2011. Art. 87. Nos crimes contra a ordem econômica, tipificados na Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e nos demais crimes diretamente relacionados à prática de cartel, tais como os tipificados na Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, e os tipificados no art. 288 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, a celebração de acordo de leniência, nos termos desta Lei, determina a suspensão do curso do prazo prescricional e impede o oferecimento da denúncia com relação ao agente beneficiário da leniência. Parágrafo único. Cumprido o acordo de leniência pelo agente, extingue-se automaticamente a punibilidade dos crimes a que se refere o caput deste artigo. Termo de ajustamento de conduta: - STF: enquanto for cumprido, não é possível o oferecimento de denúncia. HC 92921/BA. STJ: é contrário – HC 187043. Parcelamento do débito tributário - lei 9430/96 – art. 83, §§ 1º e 2º com redação dada pela lei 12382/11. “Art. 83. ........................................................... § 1o Na hipótese de concessão de parcelamento do crédito tributário, a representação fiscal para fins penais somente será encaminhada ao Ministério Público após a exclusão da pessoa física ou jurídica do parcelamento. § 2o É suspensa a pretensão punitiva do Estado referente aos crimes previstos no caput, durante o período em que a pessoa física ou a pessoa jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no parcelamento, desde que o pedido de parcelamento tenha sido formalizado antes do recebimento da denúncia criminal. 1. ne procedat iudex ex oficio 2.ne bis in idem processual 3. princípio da intranscendência Próxima aula: ação privada - tabela - 4. princípio da oportunidade ou conveniência. 2. JURISPRUDÊNCIA CORRELATA 2. 1 HC 86606 / MS - MATO GROSSO DO SUL EMENTA: HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. PERSECUÇÃO PENAL NA JUSTIÇA MILITAR POR FATO JULGADO NO JUIZADO ESPECIAL DE PEQUENAS CAUSAS, COM TRÂNSITO EM JULGADO: IMPOSSIBILIDADE: CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO. ADOÇÃO DO PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM. HABEAS CORPUS CONCEDIDO. 1. Configura constrangimento ilegal a continuidade da persecução penal militar por fato já julgado pelo Juizado Especial de Pequenas Causas, com decisão penal definitiva. 2. A decisão que declarou extinta a punibilidade em favor do Paciente, ainda que prolatada com suposto vício de incompetência de juízo, é susceptível de trânsito em julgado e produz efeitos. A adoção do princípio do ne bis in idem pelo ordenamento jurídico penal complementa os direitos e as garantias individuais previstos pela Constituição da República, cuja interpretação sistemática leva à conclusão de que o direito à liberdade, com apoio em coisa julgada material, prevalece sobre o dever estatal de acusar. Precedentes. 3. Habeas corpus concedido. 2.2 HC 92921 / BA - BAHIA EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. CRIME AMBIENTAL. HABEAS CORPUS PARA TUTELAR PESSOA JURÍDICA ACUSADA EM AÇÃO PENAL. ADMISSIBILIDADE. INÉPCIA DA DENÚNCIA: INOCORRÊNCIA. DENÚNCIA QUE RELATOU a SUPOSTA AÇÃO CRIMINOSA DOS AGENTES, EM VÍNCULO DIRETO COM A PESSOA JURÍDICA CO-ACUSADA. CARACTERÍSTICA INTERESTADUAL DO RIO POLUÍDO QUE NÃO AFASTA DE TODO A COMPETÊNCIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA E BIS IN IDEM.INOCORRÊNCIA. EXCEPCIONALIDADE DA ORDEM DE TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. ORDEM DENEGADA. I - Responsabilidade penal da pessoa jurídica, para ser aplicada, exige alargamento de alguns conceitos tradicionalmente empregados na seara criminal, a exemplo da culpabilidade, estendendo-se a elas também as medidas assecuratórias, como o habeas corpus. II - Writ que deve ser havido como instrumento hábil para proteger pessoa jurídica contra ilegalidades ou abuso de poder quando figurar como co-ré em ação penal que apura a prática de delitos ambientais, para os quais é cominada pena privativa de liberdade. III - Em crimes societários, a denúncia deve pormenorizar a ação dos denunciados no quanto possível. Não impede a ampla defesa, entretanto, quando se evidencia o vínculo dos denunciados com a ação da empresa denunciada. IV - Ministério Público Estadual que também é competente para desencadear ação penal por crime ambiental, mesmo no caso de curso d'água transfronteiriços. V - Em crimes ambientais, o cumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta, com conseqüente extinção de punibilidade, não pode servir de salvo-conduto para que o agente volte a poluir. VI - O trancamento de ação penal, por via de habeas corpus, é medida excepcional, que somente pode ser concretizada quando o fato narrado evidentemente não constituir crime, estiver extinta a punibilidade, for manifesta a ilegitimidade de parte ou faltar condição exigida pela lei para o exercício da ação penal. VII - Ordem denegada. 2.3 HC 187043 / RS PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TRANSPORTE DE PRODUTOS PERIGOSOS SEM AUTORIZAÇÃO LEGAL/REGULAMENTAR. (1) ERRO DE TIPO. MATÉRIA NÃO TRATADA NA ORIGEM. COGNIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. (2) ASSINATURA DE TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA. OBTENÇÃO E LICENCIAMENTO. ASPECTO QUE NÃO ELIDE A TIPICIDADE. (3) DENÚNCIA. INÉPCIA FORMAL. NARRATIVA DOS FATOS. CARÁTER LACÔNICO. AMPLA DEFESA. VIOLAÇÃO. RECONHECIMENTO. (4) CORRÉUS. SIMILITUDE DE SITUAÇÕES. EXTENSÃO DA CONCESSÃO. ART. 580 DO CPP. 1. Não tendo sido o tema do erro de proibição enfrentado nas anteriores instâncias, resta inviável a esta Corte dela conhecer, sob pena de indevida supressão de instância. 2. A assinatura de termo de ajustamento de conduta, com a reparação do dano ambiental são circunstâncias que possuem relevo para a seara penal, a serem consideradas na hipótese de eventual condenação, não se prestando para elidir a tipicidade penal. 3. A perfeita descrição do comportamento irrogado na denúncia é pressuposto para o exercício da ampla defesa. Do contrário, a peça lacônica causa perplexidade, prejudicando tanto o posicionamento pessoal do réu em juízo como a atuação do defensor técnico. In casu, a inserção do paciente no universo acusatório sem se lhe atribuir, de modo claro, qual teria sido sua contribuição efetiva para a prática do crime de transporte de produtos perigosos sem autorização legal/regulamentar, tem-se prejuízo para a defesa dada a ausência de individualização do objeto da imputação. A remissão ao art. 2.º da Lei 9.605/98, na incoativa, apenas indicia o seu caráter precário, na justa medida que se trata de dispositivo tendente a estabelecer modalidade inusitada de concurso de agentes, lastreado em presunção, ao sabor de funesta responsabilidade penal objetiva. 4. Havendo similitude de situações, entre a do paciente e dos demais corréus, a teor do art. 580 do Código de Processo Penal, é de se corrigir a ilegalidade também em relação a estes. 5. Habeas corpus conhecido em parte e concedida a ordem apenas para anular a Ação Penal n.º 2.08.0004472-9, em curso na 2.ª Vara Criminal da Comarca de Erechim/RS, a partir da denúncia, inclusive, reconhecendo sua inépcia formal, sem prejuízo de que outra seja oferecida com a obediência aos parâmetros legais, estendendo-se a concessão aos demais corréus, nos moldes do art. 580 do Código de Processo Penal. 3. SIMULADOS 3.1. Com referência às infrações penais contra a dignidade sexual, assinale a opção correta. a) O crime de satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente consuma-se com dolo genérico, não se exigindo o chamado especial fim de agir. b) Caso o delito de violação sexual mediante fraude seja cometido com o fim de obtenção de vantagem econômica, o infrator sujeitar-se-á também à pena de multa. c) Segundo entendimento do STJ, após a Lei n.º 12.015/2009, o crime de corrupção de menores passou a ser material, ou seja, é exigida prova do efetivo corrompimento do menor. d) No estupro, se da conduta resultar lesão corporal de natureza grave ou se a vítima tiver menos de dezoito anos de idade, aplicar-se-á causa especial de aumento de pena. e) No assédio sexual, o fato de a vítima ter menos de dezoito anos de idade qualifica o crime, razão pela qual as penas desse delito estarão majoradas em seus limites abstratamente cominados. 3.2. Recentemente, o legislador pátrio alterou o enfoque dado aos chamados Crimes Contra os Costumes, passando a denominá-los de Crimes Contra a Dignidade Sexual, através da edição da Lei Ordinária nº. 12.015/2009. A respeito do assunto, assinale a única alternativa CORRETA. I) A conduta de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso, configura o delito de estupro. II) O tipo penal denominado “estupro de vulnerável” exige como condição do sujeito passivo do delito a idade inferior a 14 anos de idade ou ser possuidor de enfermidade ou doença mental capaz de reduzir sua capacidade de discernimento para a prática do ato, ou ainda,por qualquer outra causa, não possa oferecer resistência. III) Pratica o delito de corrupção de menores (artigo 218 do Código Penal) o agente que induz alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem. IV) O delito de estupro previsto no artigo 213 do Código Penal, com a nova redação dada pela Lei nº. 12.015/2009 é de ação penal pública incondicionada, independentemente da condição pessoal da ofendida. a) Somente as proposições I e III são verdadeiras. b) Somente a proposição IV é falsa. c) Somente as proposições I e II são verdadeiras. d) Todas as proposições são falsas. e) Todas as proposições são verdadeiras. 3.3. Em 7 de fevereiro de 2010, Ana, utilizando-se do emprego de grave ameaça, constrange seu amigo Lucas, bem-sucedido advogado, a com ela praticar ato libidinoso diverso da conjunção carnal. Em 7 de agosto de 2010, Lucas comparece à delegacia policial para noticiar o crime, tendo sido instaurado inquérito a fim de apurar as circunstâncias do delito. A esse respeito, é correto afirmar que o promotor de justiça a) deverá oferecer denúncia contra Ana pela prática do crime de atentado violento ao pudor, haja vista que, por se tratar de crime hediondo, a ação penal é pública incondicionada. b) nada poderá fazer, haja vista que os crimes sexuais, que atingem bens jurídicos personalíssimos da vítima, só são persequíveis mediante queixa-crime. c) deverá pedir o arquivamento do inquérito por ausência de condição de procedibilidade para a instauração de processo criminal, haja vista que a ação penal é pública condicionada à representação, não tendo a vítima se manifestado dentro do prazo legalmente previsto para tanto. d) deverá oferecer denúncia contra Ana pela prática do crime de estupro, haja vista que, com a alteração do Código Penal, passou-se a admitir que pessoa do sexo masculino seja vítima de tal delito, sendo a ação penal pública incondicionada. Gabarito: 3.1. B 3.2. B 3.3. C � INTENSIVO I – Direito Processual Penal – Renato Brasileiro Anotado por Camila
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