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Ponto 2 Resumão (150p.) TRF5 2016

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2º PONTO
DIREITO CONSTITUCIONAL - Os Estados-membros na Constituição. Organização, natureza e conteúdo da autonomia constitucional do Estado-membro. Competências estaduais. Intervenção federal nos Estados membros, Distrito Federal e Territórios. Os Municípios na Constituição. Competência municipal, organização política e administrativa dos Municípios. Intervenção nos Municípios.
DIREITO ADMINISTRATIVO - Administração Direta (órgãos públicos: conceito, espécies, regime); Administração Indireta: Autarquias, Fundações Públicas, Sociedades de Economia Mista e Empresas Públicas. Principais características de cada e regimes jurídicos. O regime das subsidiárias. Direito Administrativo Econômico. As formas de intervenção do Estado. Os princípios constitucionais da ordem econômica e a criação de sociedades de economia mista e empresas públicas.
DIREITO PENAL - A lei penal: características; fontes; interpretação; vigência e aplicação. Lei penal no tempo e no espaço. Imunidade. Condições de punibilidade. Concurso aparente de normas. Crimes contra a Administração Pública. Crimes de responsabilidade. Crimes de abuso de autoridade. Crimes nas licitações e contratos da Administração Pública.
DIREITO PROCESSUAL PENAL - Persecução Penal. Inquérito e ação penal. Procedimento. Garantias do investigado. Atribuições da autoridade policial. Intervenção do Ministério Público. Outros meios de colheita de indícios da infração. Sujeitos do processo. Juiz. Ministério Público. Acusado e seu defensor. Assistente. Curador do réu menor. Auxiliares da justiça. Assistentes. Peritos e intérpretes. Serventuários da justiça. Impedimentos e suspeições. Instrumentos legais de obtenção de prova: delação premiada, infiltração de agente policial em organizações criminosas, ação controlada.
DIREITO CIVIL - Domicílio. Bens. Negócio jurídico: conceito. Representação. Condição. Termo. Encargo. Defeitos. Invalidade. Atos jurídicos lícitos e ilícitos.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL - Competência: conceito, critérios de distribuição, espécies; identificação do foro competente; modificações (conexão, continência, prevenção), perpetuatio jurisdictionis, conflitos positivos e negativos; competência interna e internacional (concorrente e exclusiva), homologação de sentença estrangeira. Competência da Justiça Federal. Ação: classificação das ações e critérios identificadores. Defesa: natureza, conceito, espécies; sua inserção entre as bases fundamentais do Direito Processual. Processo: natureza, conceito, pressupostos, início, suspensão e fim, classificação (problemática da distinção entre as espécies processuais e a atual visão sincrética), princípios informativos, gerais e específicos.
DIREITO PREVIDENCIÁRIO - Regime geral. Segurados e dependentes. Inscrição e filiação. Qualidade de segurado. Manutenção e perda.
DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO – Despesa pública. Conceito e classificação. Disciplina constitucional dos precatórios. Receita pública. Conceito. Ingressos e receitas. Classificação: receitas originárias e receitas derivadas. Dívida ativa da União de natureza tributária e não-tributária. Crédito público. Conceito. Dívida pública: conceito.
DIREITO AMBIENTAL - O Direito Ambiental como Direito Econômico. A natureza econômica das normas de Direito Ambiental.
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO – Personalidade internacional. Estado. Imunidade à jurisdição estatal. Consulados e embaixadas. População. Nacionalidade. Princípios. Normas. Tratados multilaterais. Estatuto da igualdade. Organizações internacionais. Conceito. Natureza jurídica. Elementos caracterizadores. Espécies.
DIREITO EMPRESARIAL – Espécies de empresa. A responsabilidade dos sócios. A distribuição de lucros. O sócio oculto. Segredo comercial.
DIREITO ECONÔMICO E DE PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR – Ordem Econômica. Ordem econômica na Constituição de 1988: princípios gerais da atividade econômica. Princípios explícitos e implícitos da ordem econômica.
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA - Relações sociais e relações jurídicas. Controle social e o Direito. Transformações sociais e Direito. Direito, Comunicação Social e opinião pública. Conflitos sociais e mecanismos de resolução. Sistemas não-judiciais de composição de litígios. 
Adaptado em junho de 2016 por Felipe Turini para o XIII Concurso do TRF5 a partir do material elaborado pelos candidatos do XVI Concurso do TRF1. Atualizações em azul. Obs: os destaques em amarelo já estavam no original e não consegui suprimir.
DIREITO CONSTITUCIONAL - Os Estados-membros na Constituição. Organização, natureza e conteúdo da autonomia constitucional do Estado-membro. Competências estaduais. Intervenção federal nos Estados membros, Distrito Federal e Territórios. Os Municípios na Constituição. Competência municipal, organização política e administrativa dos Municípios. Intervenção nos Municípios.
Os Estados-Membros na Constituição. Organização, natureza e conteúdo da autonomia constitucional do Estado-Membro.
Uadi Lammêgo Bulos afirma que “Federação, do latim foedus, foederis, significa pacto, interação, aliança, elo entre Estados-membros. Trata-se de uma unidade dentro da diversidade. A unidade é ela, a federação, enquanto a diversidade é inerente às partes que a compõem, isto é, os Estados, com seus caracteres próprios. A federação, portanto, é uma pluribus in unum, ou seja, uma pluralidade de Estados dentro da unidade que é o Estado Federal”.
O federalismo brasileiro possui as seguintes características: federalismo de desagregação (fruto de descentralização política de um Estado unitário); de cooperação (dotado de competências verticais com o objetivo de tornar mais eficiente o desempenho das tarefas públicas); de movimento centrífugo (descentralizando o poder do ente central); de equilíbrio (prioriza a conciliação entre integração e autonomia, unidade e diversidade); simétrico (atribui o mesmo regime jurídico aos entes federativos de mesmo grau dentro de sua esfera de atuação); e, por fim, atípico, tridimensional, tripartite ou de 3º grau (constata-se a esfera de três centros de competências).
Os Estados membros são entidades federativas ao lado da União, do DF e dos Municípios. A federação como forma de Estado caracteriza-se pela presença de diversos centros de poder. Nesse sentido, pode-se identificar o poder central (atribuído à União), os poderes regionais (atribuídos aos Estados-membros e ao DF) e os poderes locais (atribuídos aos municípios e ao DF). No sistema federativo cada uma das entidades possui competências devidamente estabelecidas na Constituição Federal. De acordo com o disposto no art. 25 da CR/88 os Estados-membros organizam-se e se regem pelas Constituições e leis que adotarem, além dos princípios estabelecidos na CR/88. Os Estados-membros possuem competência residual, vez que as competências e atribuições da União encontram-se expressas na Constituição e a dos Municípios encontram-se associadas aos interesses locais. Assim, a 'residualidade' indica que não havendo atribuição expressa da União ou não se tratando de interesse local, a competência será dos Estados-membros, que são reconhecidos como entes federativos autônomos.
Atenção! Vale mencionar que, em que pese a regra serem as competências estaduais residuais, a CR/88 enumerou algumas aos Estados-membros tais como as competências para instituir os seus impostos (art.155); a competência para instituir as contribuições para custear o regime de previdência de seus servidores (art.149, § 1º); e as constantes nos §§ 1º e 2º do art. 25.Os Estados federados são organizações jurídicas parciais dotadas de um regime de autonomia conferido pela Constituição. A constituição de 88 atribuiu aos Estados-membros capacidade de auto-organização, autolegislação, autogoverno e autoadministração (conceitos expostos abaixo).
A AUTONOMIA é a capacidade de gerir negócios próprios dentro de limites constitucionais. Mas a matéria que for entregue à União deve ser respeitada pelos Estados, que não podem se recusar a aceitar as determinaçõesda União sobre os assuntos de sua competência constitucional. Por tal razão os Estados membros não são soberanos, mas apenas autônomos.
Distinções entre soberania e autonomia:
	SOBERANIA
	AUTONOMIA
	Titular: Estado Federal (República Federativa do Brasil). Pessoa jurídica de direito público externo. Quem o representa são os órgãos da União.
	Titulares: União, Estados-membros, municípios, DF. Pessoas jurídicas de direito público interno.
	Peculiaridade: especialmente importante no âmbito internacional.
	Peculiaridade: especialmente importante no âmbito interno.
	 
	Sentido lexical: direito de se reger (de se autogovernar) por leis próprias.
	 
	Definição: liberdade de ação dentro de um círculo de competências delimitado pela Constituição. Esta liberdade, no entanto, é restringida por outros princípios constitucionais.
	 
	Características básicas: (ALEXANDRE DE MORAES) 
	
	Auto-organização e normatização própria: Estado – Constituição Estadual; Município e DF – Lei Orgânica + capacidade de legislar.
	
	Autogoverno: poderes executivo e legislativo próprios, eleitos diretamente;
	
	Autoadministração: exercício próprio de suas competências legislativas, tributárias e administrativas.
Essa autonomia possui cinco características: a) AUTO-GOVERNO: há a presença dos três poderes no Estado: Executivo, Legislativo e Judiciário. O governo dos Estados-membros é exercido pelo Governador e pelos Deputados Estaduais, eleitos diretamente, nos termos da Constituição; b) AUTO-ORGANIZAÇÃO: os Estados possuem um ordenamento autônomo misto, observa Raul Machado Horta, “parcialmente derivado e parcialmente originário.” A organização dos Estados é estabelecida pela própria Constituição, observados os limites estabelecidos pela Constituição da República. O STF formulou o principio da simetria, utilizado pela Corte para garantir, quanto aos aspectos reputados substanciais, homogeneidade na disciplina normativa da separação, independência e harmonia dos poderes, nos três planos federativos; c) AUTOLEGISLAÇÃO: os Estados são regidos por leis próprias (CF, art. 25), elaboradas segundo o processo legislativo estabelecido em suas Constituições. Em que pese o Poder Legislativo nos Estados ser unicameral, os princípios básicos do processo legislativo federal são normas de reprodução obrigatória, cujo modelo deve ser seguido pelas Constituições Estaduais; d) AUTOADMINISTRAÇÃO: a repartição constitucional de competências para o exercício e o desenvolvimento da atividade normativa dos Estados-membros é um pressuposto de sua autonomia. Cada Estado-membro recebe da Constituição, além da competência legislativa, outras competências para o desempenho de suas tarefas e serviços, às quais o objeto não corresponde a uma única atividade. A doutrina denomina de competência administrativa; e) AUTONOMIA TRIBUTÁRIA, FINANCEIRA e ORÇAMENTÁRIA: há tributos específicos dos Estados, que os arrecadam e realizam seu controle orçamentário. 
As regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões (ART. 25, § 3º, CF/88) não são dotadas de personalidade e não possuem governo ou administração própria. São órgãos de planejamento, compostos por Municípios, dos quais deriva a execução de funções públicas de interesse comum, mas cujas decisões não são obrigatórias, tendo em vista a autonomia municipal.
	REGIÃO METROPOLITANA
	MICRORREGIÃO
	AGLOMERAÇÕES URBANAS
	Ponto comum: municípios limítrofes
	Não é possível verificar a separação física entre os municípios, ou seja, há uma CONTINUIDADE URBANA GERAL.
	INEXISTE a continuidade urbana, a questão urbanística é descontínua
	Ora há continuidade urbana, ora não, com problemas em comum.
	Antes da CF/88, a competência para criação era da União
	 
Não existem rios municipais; as terras devolutas, via de regra, pertencem aos Estados, e não à União. Consoante disposição expressa no art. 20, II, da CR/88, são bens da União somente “as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei”; "Art. 26, CR. Incluem-se entre os bens dos Estados: I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União; II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros; III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; e IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.”
- O número de Deputados Estaduais (art. 27, CF/88) possui relação direta com o número de Deputados Federais (triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados), que por sua vez é proporcional à população de cada um dos Estados; caso o Estado possua mais de doze Membros na Câmara dos Deputados, a representação na Assembleia Legislativa será: NDE = 24 + NDF.
FORMAÇÃO DOS ESTADOS (art. 18, CF/88) - A Constituição não veda a reorganização político-administrativa da República Federativa do Brasil. Assim, os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros ou formarem novos Estados ou Territórios Federais. Para tanto deve-se ter em vista o seguinte procedimento: 1) realização de consulta às populações diretamente interessadas por meio de plebiscito; (ADI 2.650/DF: no que se refere à população diretamente interessada, o STF adotou entendimento de que no caso de desmembramento para a formação de novos estados ou territórios federais, a expressão abrange as duas populações: tanto da área desmembrada, quanto a da remanescente); 2) sendo favorável a consulta popular (não sendo, arquiva-se obrigatoriamente o processo), poderá ser proposto um projeto de lei complementar em qualquer das Casas do Congresso Nacional, devendo-se proceder à audiência da(s) Assembleia(s) Legislativa(s) das áreas envolvidas (CF, art. 48 VI), cujo parecer não é vinculante, mas apenas opinativo; 3) o projeto de lei complementar deve ser aprovado pela maioria absoluta dos deputados e senadores, conforme art. 69 CF/88.
Competências Estaduais. Intervenção Federal nos Estados Membros, Distrito Federal e Territórios.Repartição de Competências
O Estado Federado se caracteriza pela existência de mais de uma fonte de poder em seu território, por isso, é necessária a repartição de competências dentro do Estado. Se não forem repartidas as competências podem algumas atividades ficar sem cumprimento. Por outro lado, algumas atividades, no intuito de atender ao mandamento constitucional da eficiência, podem melhor ser prestadas e geridas se dentro da esfera de competência do ente que possui maior capacidade de se fazer presente junto à população administrada; exemplo disso é a determinação constitucional de descentralização do serviço único de saúde no art.198, I, da CR/88. O núcleo essencial do Federalismo é a REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS, que na Constituição podem ser MATERIAIS OU LEGISLATIVAS. A repartição é feita pela aplicação do CRITÉRIO DA PREDOMINÂNCIA DOS INTERESSES.
A União é responsável pela manutenção da unidade nacional. Por isso, a sua competência é geral. As competências regionais são assim estabelecidas em razão de tutelarem interesses regionais, ou seja, aqueles que ultrapassam os interesses locais (de mais de um Município). No tocante à repartição de competências existem três técnicas: a) Enumeração dos poderes da União e os remanescentes para os Estados; EXEMPLO: EUA; b) Enumeração dos poderes dos Estados e os remanescentes para a União; EXEMPLO: Canadá; c) Enumeração dos poderes da União e dos Estados, e os RESÍDUOS para a União; EXEMPLOS: Índia e Venezuela. Essa técnica foi adotada no Brasil, em relação à matéria TRIBUTÁRIA. O Brasil adota a técnica de enumeração dos poderes da União e os remanescentes para os Estados. O que ocorre é que, ao contrário dos EUA, no Brasil a União possui muitas competências, o que acaba por concentrar muito poder naUnião. No sistema federativo brasileiro os Municípios também possuem competência expressa na cláusula do interesse local. Sempre que se tentar fazer uma lista exaustiva, será necessário deixar o RESÍDUO para alguém. Modalidades de REPARTIÇÃO DE competências:
	COMPETÊNCIAS MATERIAIS OU ADMINISTRATIVAS
	COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS
	Tratam da responsabilidade pelo exercício de determinados serviços públicos / administrativos
	É a competência para a edição de normas. Os entes federados não podem legislar sobre assuntos de competência uns dos outros, evitando a superposição de atividade legislativa, mesmo na competência legislativa comum do artigo 24
	EXCLUSIVAS
	EXCLUSIVAS
	Cada ente tem a sua excluindo os demais
	(União - artigo 21)
	
	
	 - 
	PRIVATIVAS
	da união (artigo 22 e parágrafo único). Pode ser delegada aos Estados para legislarem sobre determinada matéria, por meio de Lei complementar, desde que sobre questões específicas
	COMUNS, CUMULATIVAS 
OU PARALELAS
	CONCORRENTES
	Os municípios estão excluídos, cabem somente a União, Estados e Distrito Federal, que poderão legislar concorrentemente sobre os assuntos constantes no artigo 24, mas, não há superposição. §§ 1º a 4º (à união competem as normas gerais; os Estados têm competência suplementar; se a União não emitir as normas gerais, os Estados poderão exercer a competência plena sobre o assunto; se após o exercício da competência plena dos Estados surgir supervenientemente regulamentação sobre normas gerais da União a norma dos Estados terá a eficácia suspensa - não é revogação e nem invalidez, no que contradizer a União, não existindo repristinação).
	(Todos os entes federados - artigo 23)
	(artigo 24)
	
	 
	SUPLEMENTARES
	(artigo 24, § 2º; art. 30, II) no primeiro artigo trata da competência LEGISLATIVA SUPLEMENTAR DOS ESTADOS e o segundo artigo fala da competência LEGISLATIVA SUPLEMENTAR DOS MUNICÍPIOS
	
	
	Atenção! Nessa competência suplementar só é dado aos municípios legislar se houver lei federal/estadual a ser suplementada. Não pode exercer essa competência autonomamente.
OBS.: A organização e manutenção do Poder Judiciário e do Ministério Público do Distrito Federal (DF) e dos Territórios, bem como da Defensoria dos Territórios cabe à União. Quanto à Defensoria Pública do Distrito Federal (EC 69/2012), trata-se de competência do próprio DF.
Ao se proceder à análise dos incisos dos artigos 21 a 24 da CR/88 deve se ter em mente que, por uma questão lógica, a competência material da União é determinada de acordo com a necessidade de uniformidade nacional.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: 1) NO ARTIGO 24 ESTÁ PREVISTA A COMPETÊNCIA CONCORRENTE, MAS HÁ 02 INCISOS NO ARTIGO 22 (XXI e XXVII) QUE FALAM DE NORMAS GERAIS, MAS NÃO SÃO DE COMPETÊNCIA CONCORRENTE, NÃO HÁ APLICAÇÃO DA COMPETENCIA SUPLEMENTAR DOS OUTROS ENTES POLÍTICOS; 2) A LEI 8666 NÃO PODE SER REVOGADA, PODE SER MODIFICADA, COLOCANDO-SE OUTRA NO LUGAR, MAS, PURA E SIMPLESMENTE REVOGÁ-LA NÃO É POSSÍVEL SOB PENA DE INVIALIBIZAR A ATUAÇÃO DE TODAS AS ESFERAS DE PODER; 3) O INCISO XX, DO ART. 21, FALA DE SERVIÇOS LOCAIS, MAS OBSERVE-SE QUE A COMPETÊNCIA NÃO É PARA REALIZAR OS SERVIÇOS, É SOMENTE PARA INSTITUIR DIRETRIZES PARA O SERVIÇO, OU SEJA, A UNIÃO TENTARÁ ESTABELECER UMA UNIFORMIDADE NACIONAL; 4) TODA RESPONSABILIDADE AMBIENTAL É OBJETIVA, NA LEGISLAÇÃO ORDINÁRIA, MAS, SOMENTE A RESPONSABILIDADE EM DECORRÊNCIA DE ATIVIDADE NUCLEAR ESTÁ NA CF (art. 21, XXIII, d); 5) O QUE SE PODE OBSERVAR DA COMPETÊNCIA COMUM PREVISTA NO ART. 23, CF/88 É: A) TRATA-SE DE COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA; LOGO, ADMINISTRAR EM ALGUMAS OCASIÕES PODE SER COM BASE NA LEGISLAÇÃO DE COMPETÊNCIA DE OUTRO ENTE E, NO MÍNIMO, COM BASE EM NORMAS GERAIS EXPEDIDAS PELA UNIÃO, SEJA COM BASE NA SUA COMPETÊNCIA PRIVATIVA DO ART. 22 OU CONCORRENTE DO ART.24; B) AS CONDUTAS PREVISTAS PARA OS ENTES POLÍTICOS SÃO TODAS DE PROTEÇÃO DE UM BEM QUE É DO INTERESSE COMUM DE TODOS ELES (PATRIMÔNIO, MEIO AMBIENTE, EDUCAÇÃO, SAÚDE ETC); 6) AS COMPETÊNCIAS PREVISTAS NOS ARTIGOS 22, 23 E 24 DA CF/88 NÃO SÃO EXAUSTIVAS. HÁ OUTROS DISPOSITIVOS NA CF QUE ESTABELECEM OUTRAS COMPETÊNCIAS. EXEMPLO: ARTIGO 49, CF, QUE ESTABELECE A COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DO CONGRESSO NACIONAL; 7) É A UNIÃO QUE LEGISLA PRIVATIVAMENTE SOBRE TODOS OS PORTOS (LACUSTRE, FLUVIAL, MARÍTIMO E AEROPORTOS) E SOBRE TODAS AS FORMAS DE NAVEGAÇÃO E TRANSPORTE; SÓ A UNIÃO EXPLORA (DIRETA OU INDIRETAMENTE) A NAVEGAÇÃO AÉREA, AEROESPACIAL E OS AEROPORTOS; SÓ A UNIÃO EXPLORA (DIRETA OU INDIRETAMENTE) O TRANSPORTE FERROVIÁRIO E AQUAVIÁRIO NACIONAL; SÓ A UNIÃO EXPLORA (DIRETA OU INDIRETAMENTE) O TRANSPORTE RODOVIÁRIO INTERESTADUAL E INTERNACIONAL DE PASSAGEIROS; 8) QUANTO AO PREVISTO NO § 4º DO ART. 24 DA CR/88, NÃO HÁ QUE SE FALAR EM REVOGAÇÃO DE LEI ESTADUAL POR LEI FEDERAL, VISTO QUE ISSO OFENDERIA O PACTO FEDERATIVO, VEZ QUE UM ENTE POLÍTICO NÃO PODE, POR UM ATO LEGISLATIVO SEU, REVOGAR ATO LEGÍTIMO DE OUTRO ENTE; POR ISSO A CR/88 FALA EM SUSPENSÃO DA EFICÁCIA.[1: 	 Ou seja, não cabe à União explorar o transporte aquaviário entre porto estrangeiro e porto brasileiro, nem (obviamente) as linhas férreas situadas fora do território nacional (mesmo que ligadas às linhas férreas nacionais), nem o transporte ferroviário limitado às fronteiras de um único Estado.][2: 	 Ou seja, não cabe à União explorar o transporte rodoviário municipal (competência do Município) nem o transporte rodoviário intermunicipal entre Municípios de um mesmo Estado (competência dos Estados: ADI 2349/ES, INFO STF 399).]
Nota do resumidor – para o estudo dessa matéria é indispensável a leitura dos artigos 21 a 24 da CR/88.
Jurisprudência:	 
STF:
ADI e competência estadual - 1
O Plenário confirmou medida cautelar e julgou procedente, em parte, pedido formulado em ação direta para declarar a inconstitucionalidade das expressões municipais e de empresa pública e de sociedade de economia mista, constantes do § 5º do art. 28 da Constituição do Estado do Rio Grande do Norte. O Tribunal asseverou, à época, que, ao incluir os municípios, a norma estadual estaria a afrontar a autonomia municipal, consagrada nos artigos 29 e 30 da CF. Aduziu, ainda, que os Estados-membros não poderiam impor obrigações de natureza civil, comercial ou trabalhista às empresas públicas e às sociedades de economia mista, porquanto sujeitas ao regime das empresas privadas. ADI 144/RN, rel. Min. Gilmar Mendes, 19.2.2014. (ADI-144) (Informativo 736, Plenário)
ADI e competência estadual - 2
O Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta para confirmar medida cautelar e declarar a inconstitucionalidade do art. 40 do ADCT da Constituição do Estado de Minas Gerais. O Tribunal consignou que as empresas em questão estariam sujeitas a regime trabalhista, razão pela qual o constituinte estadual não poderia tratar de temática relativa a direito do trabalho no âmbito de empresas públicas e de sociedades de economia mista. ADI 318/MG, rel. Min. Gilmar Mendes, 19.2.2014. (ADI-318) (Informativo 736, Plenário)
ADI: auto-organização de Estado-membro e separação de Poderes
O Plenário conheceu, em parte, de ação direta e, na parte conhecida, julgou procedente pedido formulado para declarar a inconstitucionalidade de diversos dispositivos do ADCT da Constituição do Estado do Rio Grande do Sul. Os preceitos impugnados fixam prazo para o Poder Executivo encaminhar proposições legislativas e praticar atos administrativos. No mérito, a Corte reputou inconstitucionais os artigos 4º; 9º, parágrafo único; 11; 12, caput; 13; 16, inciso II e parágrafo único; 19; 26; 28; 29; 30; 31; 38; 50; 60; 61 e 63 ao fundamento de que exorbitariam da autorização constitucional para fins de auto-organização da unidade federativa. Asseverou a indevida interferência dos dispositivos questionados na independência e harmonia entre os Poderes ao criar verdadeiro plano de governo. ADI 179/RS, rel. Min. Dias Toffoli, 19.2.2014. (ADI-179)
A competência para legislar sobre serviços de telecomunicaçõesé privativa da União. Logo, é inconstitucional lei estadual que proíba a cobrança de assinatura mensal pelas concessionárias de serviços de telecomunicações. STF. Plenário. ADI 4369/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 15/10/2014 (Info 763).
É INCONSTITUCIONAL lei estadual que prevê prazos máximos para que as empresas de planos de saúde autorizem exames médicos aos usuários. Isso porque trata-se de lei que dispõe sobre direito civil, direito comercial e política de seguros, matérias que são de competência da União (art. 22, I e VII, da CF/88). STF. Plenário. ADI 4701/PE, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 13/8/2014 (Info 754).
É CONSTITUCIONAL lei estadual que preveja que, no momento da emissão da carteira de identidade, o órgão estadual deverá incluir no referido documento o tipo sanguíneo da pessoa, se ela assim solicitar. STF. Plenário. ADI 4007/SP e ADI 4343/SC, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 13/8/2014 (Info 754).
É inconstitucional lei estadual que regule a atividade de despachante perante os órgãos da Administração Pública estadual estabelecendo requisitos para o exercício dessa profissão. STF. Plenário. ADI 4387/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/9/2014 (Info 757).
É inconstitucional norma da CE que preveja que compete às Câmaras Municipais os julgamentos das contas de seus Presidentes. A CF/88 somente autoriza que as Câmaras Municipais julguem as contas dos Prefeitos. No caso das contas dos Presidentes das Câmaras de Vereadores, estas devem ser julgadas pelo TCE. STF. Plenário. ADI 1964/ES, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/9/2014 (Info 757).
É inconstitucional norma da Constituição estadual que preveja que o Deputado Estadual perderá o mandato em caso de condenação criminal nos crimes apenados com reclusão, atentatórios ao decoro parlamentar. Isso porque a CE, ao tratar sobre perda de mandato do parlamentar estadual, deverá seguir as mesmas regras impostas pela CF/88 aos deputados federais. STF. Plenário. ADI 3200/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 22/5/2014. (Info 747)
É inconstitucional lei estadual que estabelece que a remuneração dos Deputados Estaduais será um percentual sobre o subsídio dos Deputados Federais. Tal lei viola o princípio da autonomia dos entes federativos. STF. Plenário. ADI 3461/ES, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 22/5/2014. (Info 747)
É inconstitucional norma da Constituição estadual que exija autorização da Assembleia Legislativa para que o Governador e o Vice possam se ausentar do país por menos de 15 dias. A CE somente poderia prever a autorização se a ausência fosse superior a esse prazo. STF. Plenário. ADI 775/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/4/2014. STF. Plenário. ADI 2453/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 3/4/2014. (Info 741)
É constitucional lei estadual que regula procedimento para homologação judicial de acordo sobre a prestação de alimentos firmada com a intervenção da Defensoria Pública. Isso porque tal legislação está inserida na competência concorrente (art. 24, XI, da CF/88). STF. Plenário. ADI 2922/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 3/4/2014. (Info 741)
É INCONSTITUCIONAL lei estadual que preveja a tramitação direta do inquérito policial entre a polícia e o Ministério Público. É CONSTITUCIONAL lei estadual que preveja a possibilidade de o MP requisitar informações quando o inquérito policial não for encerrado em 30 dias, tratando-se de indiciado solto. STF. Plenário. ADI 2886/RJ, red. p/ o acórdão Min. Joaquim Barbosa, julgado em 3/4/2014. (Info 741)
É INCONSTITUCIONAL lei estadual que prevê prioridade na tramitação para processos envolvendo mulher vítima de violência doméstica. A fixação de prioridades na tramitação dos processos judiciais é matéria de Direito Processual, cuja competência é privativa da União (art. 22, I, CF/88). STF. Plenário. ADI 3483/MA, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/4/2014. (Info741)
É INCONSTITUCIONAL lei estadual que determine que os postes de sustentação à rede elétrica que estejam causando transtornos ou impedimentos aos proprietários de terrenos serão removidos, sem qualquer ônus para os interessados. Isso porque essa lei trata sobre energia elétrica, matéria de competência privativa da União (art. 22, IV, da CF/88), além de interferir nos termos da relação contratual estabelecida entre o poder federal e as concessionárias que exploram o serviço de fornecimento de energia elétrica no Estado-membro. STF. Plenário. ADI 4925/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 12/2/2015 (Info 774).
É INCONSTITUCIONAL lei estadual que proíba a comercialização, no referido Estado-membro, de produtos importados que não tenham sido submetidos à análise de resíduos químicos de agrotóxicos. Isso porque essa lei trata sobre comércio exterior, matéria cuja competência é privativa da União, nos termos do art. 22, VIII, da CF/88. STF. Plenário. ADI 3813/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 12/2/2015 (Info 774).
A competência para legislar sobre educação e ensino é concorrente (art. 24, IX, da CF/88). Determinado Estado-membro editou uma lei prevendo o número máximo de alunos que poderiam estudar nas salas de aula das escolas, públicas ou particulares, ali existentes. O STF entendeu que essa lei é constitucional e que não usurpa a competência da União para legislar sobre normas gerais de educação. STF. Plenário. ADI 4060/SC, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25/2/2015 (Info 775).
A competência para legislar sobre serviços de telecomunicações é privativa da União. Logo, é inconstitucional lei estadual que verse sobre este tema, como é o caso de lei estadual que dispõe sobre a organização dos serviços de telecomunicações, a criação e funcionamento de um órgão regulador e outros aspectos institucionais. STF. Plenário. ADI 2615/SC, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/3/2015 (Info 777).
É inconstitucional Lei Orgânica Municipal que disponha sobre o regime jurídico dos servidores públicos (seus direitos e deveres). O art. 61, § 1º, II, “c”, da CF/88 prevê que compete ao Chefe do Poder Executivo a iniciativa de lei que trate sobre os direitos e deveres dos servidores públicos e sobre o regime jurídico dos militares. Essa regra também é aplicada no âmbito municipal por força do princípio da simetria. STF. Plenário. RE 590829/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 5/3/2015 (Info 776).
É CONSTITUCIONAL a lei estadual que permite o comércio de artigos de conveniência em farmácias e drogarias. STF. Plenário. ADI 4954/AC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 20/8/2014 (Info 755).
É INCONSTITUCIONAL lei estadual que trate sobre inspeção técnica de veículos. Isso porque essa Lei versa sobre TRÂNSITO, matéria de competência privativa da União (art. 22, XI, da CF/88). STF. Plenário. ADI 1972/RS, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 18/9/2014 (Info 759).
É INCONSTITUCIONAL norma da Constituição Estadual que disponha as atribuições para a defesa dos direitos e interesses das populações indígenas. Isso porque somente a União pode legislar sobre a matéria, conforme determina o art. 22, XIV, da CF/88. STF. 1ª Turma. ADI 1499/PA, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/9/2014 (Info 759).
É INCONSTITUCIONAL lei estadual que crie, como requisito de admissibilidade para a interposição de recurso inominado no âmbito dos juizados especiais, o depósito prévio de 100% do valor da condenação. Tal norma viola a competência privativa da União para legislar sobre direito processual, além de vulnerar os princípios do acesso à jurisdição, do contraditório e da ampla defesa. STF. Plenário. ADI 4161/AL, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 30/10/2014 (Info 765).
SÚMULA VINCULANTE 38-STF: É competente o município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial.
SÚMULA VINCULANTE 39-STF: Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal.
Súmula vinculante 46-STF: A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são da competêncialegislativa privativa da União. STF. Plenário. Aprovada em 09/04/2015 (Info 780).
Intervenção
A intervenção é o ato político que consiste na incursão de uma entidade (interventora) nos negócios de outra entidade que tem sua autonomia temporariamente suprimida. Trata-se de medida de defesa do Estado Federal. A intervenção é um dos assuntos mais delicados da federação em razão de se tratar de uma exceção à regra de que cada ente possui suas próprias competências (REGRA DE OURO DA FEDERAÇÃO). Isso ocorre como forma de proteção de determinados bens jurídicos, e somente pode ocorrer diante de algumas hipóteses em que o próprio sistema federativo se vê ameaçado por uma de suas entidades. Assim, os motivos que justificam a intervenção devem ser relevantes e encontram-se devidamente previstos na Constituição da República (rol taxativo). A intervenção sujeita-se à ocorrência de determinados MOTIVOS e deve obedecer certas FORMALIDADES. A prática desse ato excepcional foge à regra da federação, já que um ente político não pode, por qualquer motivo ou sob qualquer forma, afastar a competência do outro. Pela redação do artigo 34, verifica-se que a regra é a não intervenção. Somente será cabível a intervenção pelos motivos e na forma estabelecida no próprio texto constitucional. A competência para decretar a intervenção é exclusiva dos chefes do executivo da União e dos Estados. A forma da intervenção não é fixa, e irá variar de acordo com o motivo. A forma básica é o decreto (privativo do Chefe do Executivo), e o que varia no procedimento é a fase antecedente ao decreto do Executivo.
	UNIÃO > ESTADOS ou DF
	FORMA
	manter a integridade nacional (I)
	Nestes casos a União, após a expedição do decreto presidencial, simplesmente intervém, sem pedir autorização para ninguém.
	repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra (II)
	O decreto presidencial especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução da intervenção e, se for o caso, nomeará desde logo o interventor 
	pôr termo a grave comprometimento da ordem pública (III)
	O controle é feito a posteriori (em 24 horas da expedição do decreto presidencial e é realizado pelo Congresso Nacional que, se estiver de recesso, será convocado extraordinariamente no mesmo prazo de 24 horas.
	
	
	garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação (IV)
	SOLICITAÇÃO do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido.
	
	REQUISIÇÃO do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário.
	
	Há distinção entre os institutos. Há parte da doutrina que entende que em caso de requisição o chefe do Executivo seria obrigado a decretar a intervenção, mas há corrente entendendo que ainda que se trate de requisição, o chefe do Executivo tem poder discricionário para decidir pela decretação ou não da intervenção
	
	Neste caso NÃO HÁ controle legislativo da intervenção.
	
	O decreto presidencial limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade
	reorganizar as finanças da unidade da Federação que (V)
	 
	a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; 
	Nestes casos a União, após a expedição do decreto presidencial, simplesmente intervém, sem pedir autorização para ninguém.
	
	
	 b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei
	O decreto presidencial especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução da intervenção e, se for o caso, nomeará desde logo o interventor.O controle é feito a posteriori (em 24 horas da expedição do decreto presidencial e é realizado pelo Congresso Nacional que, se estiver de recesso, será convocado extraordinariamente no mesmo prazo de 24 horas.
	prover a execução de lei federal
	PROVIMENTO, pelo SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, de REPRESENTAÇÃO do Procurador-Geral da República (alterado pela EC 45/04)
	Nestes casos NÃO HÁ controle legislativo da intervenção.
	prover a execução de ordem ou decisão judicial
	REQUISIÇÃO do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral (se for do TST ou STM, deve ser encaminhado ao STF o pedido dessas cortes para que seja requisitado pelo STF)
	 
	assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais
	PROVIMENTO, pelo Supremo Tribunal Federal, de REPRESENTAÇÃO do Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34, VII.
	O decreto presidencial limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade
	(PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS SENSÍVEIS)
	 
	
	 (“ADI INTERVENTIVA”)
	A intervenção foi criada na CF/34, que era feita por lei, sendo que a CF permitia que se viesse uma lei decretando a intervenção por motivos abusivos, poderia ser feito o controle de constitucionalidade da lei de intervenção. A ADI INTERVENTIVA era para permitir ou impedir a intervenção. Mas, atualmente, a intervenção não é feita por meio de lei, e sim por meio de uma representação, que surge para PERMITIR A INTERVENÇÃO e não impedi-la como originalmente pensado.
	
	forma republicana, sistema representativo e regime democrático
	 
	 
	direitos da pessoa humana
	 
	 
	autonomia municipal
	 
	 
	prestação de contas da administração pública, direta e indireta
	 
	 
	aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde
	 
	 
	ESTADOS> MUNICÍPIOS e UNIÃO> MUNICÍPIOS localizados em TERRITÓRIOS
	FORMA
	deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;
	Nestes casos o ESTADO, após a expedição do decreto do governador, simplesmente intervém, sem pedir autorização para ninguém.
	
	OBS.: o DISTRITO FEDERAL nunca fará intervenção, pois a Constituição proíbe que o DF se subdivida em Municípios (art. 32)
	não forem prestadas contas devidas, na forma da lei
	O decreto do governador especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução da intervenção e, se for o caso, nomeará desde logo o interventor.O controle é feito a posteriori (em 24 h da expedição do decreto do governador e é realizado pela Assembléia ou Câmara Legislativa que, se estiver de recesso, será convocado extraordinariamente no mesmo prazo de 24 horas.
	não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde
	Neste caso NÃO HÁ controle legislativo da intervenção. O decreto do governador limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade
	para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual (PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS SENSÍVEIS) (AÇÃO INTERVENTIVA ESTADUAL),ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial
	o Tribunal de Justiça der provimento a representação (embora a Constituição não diga expressamente a quem caberia realizar a representação, entende-se que a atribuição cabe ao PGJ) Princípio da Simetria
	Neste caso NÃO HÁ controle legislativo da intervenção. O decreto do governador limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade
A intervenção é sempre EXCEPCIONAL e TEMPORÁRIA como garantia da manutenção da federação. Tudo que for interpretado a título de intervenção deve sê-lo de forma restritiva. Características da intervenção: a) excepcionalidade; b) temporariedade; c) restrição interpretativa.
O DECRETO DE INTERVENÇÃO está regulado no artigo 36 da CR/88; Quando o Legislativo analisa o decreto o faz com discricionariedade, podendo determinar a sua suspensão (o controle do Legislativo é posterior ao ato; o controle jurisdicional doSTF/TJ é precedente ao ato de decreto da intervenção). Os atos do interventor são divididos em dois tipos: 1) ATOS PRÓPRIOS DA INTERVENÇÃO PARA AFASTAR OS MOTIVOS DA INTERVENÇÃO: responsabilidade civil direta do órgão interventor; 2) ATOS ORDINÁRIOS DO ENTE POLÍTICO SOB A INTERVENÇÃO/ATOS DE GESTÃO ORDINÁRIOS: a primeira responsabilidade é do ente político sob a intervenção, mas se o interventor agir com dolo ou culpa caberá o regresso contra o ente interventor. ATENÇÃO: No que se refere ao controle jurisdicional do ato de intervenção, não pode ser utilizado para a análise do seu mérito cuja natureza é política; no entanto, o ato não está imune a qualquer tipo de controle jurisdicional, sendo cabível quando não for observado pelo ente político interventor os dispositivos constitucionais para tanto, bem como as hipóteses taxativamente previstas.
STJ: INTERVENÇÃO FEDERAL. ESTADO DO PARANÁ. DESCUMPRIMENTO DE DECISÃO JUDICIAL CARACTERIZADO. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. 1. A intervenção federal é medida de natureza excepcional, porque restritiva da autonomia do ente federativo. Daí as hipóteses de cabimento serem taxativamente previstas na Constituição da República, em seu artigo 34. 2. Nada obstante sua natureza excepcional, a intervenção se impõe nas hipóteses em que o Executivo estadual deixa de fornecer força policial para o cumprimento de ordem judicial. 3. Intervenção federal julgada procedente. Constituição34 (106 PR 2009/0049699-0, Relator: Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Data de Julgamento: 12/04/2010, CE - CORTE ESPECIAL, Data de Publicação: DJe 12/05/2010)
STF: 2. INTERVENÇÃO FEDERAL. (...) Não se justifica decreto de intervenção federal por não pagamento de precatório judicial, quando o fato não se deva a omissão voluntária e intencional do ente federado, mas a insuficiência temporária de recursos financeiros (4640 RS, Relator: Min. NELSON JOBIM (Presidente), Data de Julgamento: 29/03/2012, Tribunal Pleno, Data de Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-080 DIVULG 24-04-2012 PUBLIC 25-04-2012)
Perguntas: 1) O não-pagamento de precatório pode, em tese, ensejar intervenção federal? SIM. O fato do Estado-membro deixar de pagar precatório configura descumprimento de decisão judicial transitada em julgado e, portanto, pode, em tese, autorizar a intervenção federal com base no art. 34, VI, 2ª parte, da CF/88. 2) O simples não-pagamento de precatório já enseja a intervenção federal? NÃO. Segundo a jurisprudência consolidada do STF, é pressuposto indispensável ao acolhimento da intervenção federal que reste demonstrada a atuação estatal voluntária e dolosa com objetivo de descumprir decisão judicial transitada em julgado. "Não cabe recurso extraordinário contra acórdão de Tribunal de Justiça que defere pedido de intervenção estadual em Município." (SÚM. 637)
Para se saber qual o Tribunal Superior será competente deverá ser analisada a matéria discutida e para quem seria dirigido o eventual recurso. Compete ao STJ julgar pedido de intervenção federal baseado no descumprimento de ordem de reintegração de posse de imóvel rural ocupado pelo MST expedida por Juiz Estadual e fundada EXCLUSIVAMENTE na aplicação da legislação infraconstitucional civil possessória. Isso porque a decisão descumprida analisou tema relacionado com direito civil privado, não tendo feito considerações sobre questões constitucionais. Logo, o eventual recurso contra a decisão, quando o processo superasse as instâncias ordinárias e chegasse aos Tribunais Superiores, seria apreciado pelo STJ em sede de recurso especial. Não caberia, no caso, recurso extraordinário ao STF, razão pela qual esta Corte não seria competente para julgar o pedido de intervenção relacionada com o desatendimento da decisão.
Os Municípios na Constituição. Competência Municipal, Organização Política e Administrativa dos Municípios. Intervenção nos Municípios.
Há uma discussão doutrinária sobre se o Município é ou não uma entidade federativa. JOSÉ AFONSO DA SILVA entende que os Municípios não são entidades federadas, citando vários artigos da CF, nos quais a denominação entes federados não está direcionado aos municípios. Mas essa posição é isolada, porque a maioria da doutrina e o próprio STF reconhecem a natureza de entidade federativa aos municípios por força dos artigos 1o. e 18 da CR/88; para saber se se trata ou não de um ente federado, é preciso verificar se presentes os requisitos da autonomia: 1) AUTOGOVERNO: há poderes no município, que possui os poderes Executivo e Legislativo; 2) AUTOORGANIZAÇÃO: os municípios se organizam por um documento específico, a lei orgânica; 3) AUTOLEGISLAÇÃO: capacidade para editar leis municipais, que não ultrapassam as suas fronteiras; 4) AUTOADMINISTRAÇÃO: os municípios possuem um Poder Executivo; 5) AUTONOMIA TRIBUTÁRIA, FINANCEIRA e ORÇAMENTÁRIA: há tributos específicos; arrecadações e gastos; possui controle orçamentário próprio.
OBS.: O STF E O TSE ENTENDERAM QUE O NÚMERO DE VEREADORES PROPORCIONAL À POPULAÇÃO DO MUNICÍPIO ART. 29, IV, NÃO É ABSOLUTAMENTE DEFINIDO PELA DISCRICIONARIEDADE MUNICIPAL. DEVE HAVER UMA PROPORCIONALIDADE DENTRO DOS LIMITES IMPOSTOS PELOS INCISOS, APLICANDO-SE UMA REGRA DE TRÊS.
JURISPRUDÊNCIA: 1. "o art. 29, inciso IV da Constituição Federal exige que o número de vereadores seja proporcional à população dos Municípios, observados os limites mínimos e máximos fixados pelas alíneas a, b e c", razão por que tais entes da Federação não podem fixar livremente o número de cadeiras das Câmaras Legislativas. (699379 SP, Relator: Min. ELLEN GRACIE, Data de Julgamento: 24/02/2011, Data de Publicação: DJe-042 DIVULG 02/03/2011 PUBLIC 03/03/2011)
OBSERVAÇÕES
1) QUANTO AOS VEREADORES, POSSUEM IMUNIDADE MATERIAL, NÃO HAVENDO O ILÍCITO PENAL, QUANDO RELACIONADA A CONDUTA COM O EXERCÍCIO DO MANDATO; O VEREADOR NÃO TEM IMUNIDADE FORMAL, E ASSIM, LEI ORGÂNICA QUE DIGA QUE O LEGISLATIVO MUNICIPAL PODE PARAR O PROCESSO PENAL CONTRA O VEREADOR DEVE SER DESCONSIDERADA. 2) QUANTO AOS PREFEITOS, TEM JULGAMENTO PENAL DO PERANTE O TRIBUNAL DE JUSTIÇA (ART. 29, X, CR); O INCISO TRAZ UMA REGRA E UM PRINCÍPIO DE QUE O FORO PENAL ORIGINÁRIO DO PREFEITO É O TRIBUNAL; CONFORME STJ NO RESP 199500176181, NÃO HÁ NECESSIDADE DE QUE O JULGAMENTO SEJA PELO PLENO DO TRIBUNAL OU CORTE ESPECIAL. NO ÂMBITO CIVIL, ALGUMAS CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS COSTUMAM DISPOR QUE O MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA O PREFEITO DA CAPITAL SERÁ IMPETRADO NO TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
AS COMPETÊNCIAS DOS MUNICÍPIOS ESTÃO PREVISTAS NO ART. 30 DA CR/88 – destacam-se: I - legislar sobre assuntos de interesse local; II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação pré-escolar e de ensino fundamental; VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. Ainda sobre a competência dos Municípios, conferir os seguintes julgados:
Agravo regimental no agravo de instrumento. Farmácia. Horário de funcionamento. Competência municipal. Precedentes. 1. A jurisprudência desta Corte está consolidada no sentido de que os Municípios são competentes para fixar o horário de funcionamento de farmácias e drogarias, o que não implica em violação aos princípios constitucionais da isonomia, da livre iniciativa, da livre concorrência e da defesa do consumidor. 2. Agravo regimental não provido. (629125 SP, Relator: Min. DIAS TOFFOLI, Data de Julgamento: 30/08/2011, Primeira Turma, Data de Publicação: DJe-196 DIVULG 11-10-2011 PUBLIC 13-10-2011EMENT VOL-02606-03 PP-00380)
TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. IPTU. COMPETÊNCIA MUNICIPAL. VALOR IRRISÓRIO. ARQUIVAMENTO. AUSÊNCIA DE LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA. INTERESSE DE AGIR.1. "Não incumbe ao Judiciário, mesmo por analogia a leis de outros entes tributantes, decretar, de ofício, a extinção da ação de execução fiscal, ao fundamento de que o valor da cobrança é pequeno ou irrisório, não compensando sequer as despesas da execução, porquanto o crédito tributário regularmente lançado é indisponível (art. 141, do CTN), somente podendo ser remitido à vista de lei expressa do próprio ente tributante (art. 150, § 6º, da CF e art. 172, do CTN)" (REsp 999.639/PR, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 6.5.2008, DJe 18.6.2008).141CTN150§ 6ºCF172CTN2. Recurso especial provido para determinar o retorno dos autos à instância a quo, a fim de prosseguir na Execução Fiscal. (1228616 PE 2011/0002090-1, Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Data de Julgamento: 15/02/2011, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 24/02/2011).
DIREITO CONSTITUCIONAL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. VEREADORES. FIXAÇÃO DE SUBSÍDIOS. COMPETÊNCIA DA CÂMARA MUNICIPAL. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI MUNICIPAL EM FACE DA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL. OFENSA AO ART. 29, VI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL: INEXISTÊNCIA.CONSTITUIÇÃO ESTADUAL29VICONSTITUIÇÃO FEDERAL1. A norma municipal foi declarada inconstitucional pelo órgão especial do TJ/SP, por violação aos arts. 144 da Constituição do Estado de São Paulo. Constituição do Estado de São Paulo2. A fixação dos subsídios de vereadores é de competência exclusiva da Câmara Municipal, a qual deve respeitar as prescrições estabelecidas na Lei Orgânica Municipal, na Constituição do respectivo Estado, bem como na Constituição Federal. Constituição Federal3. Permaneceu inatacado, nas razões recursais, fundamento suficiente para a manutenção do acórdão recorrido.4. Agravo regimental a que se nega p(494253 SP , Relator: Min. ELLEN GRACIE, Data de Julgamento: 22/02/2011, Segunda Turma, Data de Publicação: DJe-048 DIVULG 14-03-2011 PUBLIC 15-03-2011 EMENT VOL-02481-01 PP-00186)
3. CONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA NORMATIVA. DECRETO MUNICIPAL N.29.231/2008, DO RIO DE JANEIRO. RESTRIÇÃO DE HORÁRIO PARA CIRCULAÇÃODE VEÍCULOS DE CARGA E SUAS OPERAÇÕES. LEGITIMIDADE. PRECEDENTE:RMS 29.990/RJ.RECURSO ORDINÁRIO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.29.231 (31732 RJ 2010/0047456-0, Relator: Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, Data de Julgamento: 06/09/2011, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 13/09/2011)
 - CONTROLE DO MUNICÍPIO (art. 31) - Os tribunais de contas municipais não podem mais ser criados, mas os já existentes se mantêm (a exemplo do Tribunal de Contas do Município de São Paulo); isso não impede, todavia, a criação de cortes de contas estaduais com atribuição apenas para tomada de contas municipais, embora o Tribunal de Contas Estadual possa, unificadamente, tomar as contas do Estado e Municípios; Referido artigo determina que as contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação. Só há publicidade das contas municipais durante 60 dias no ano? Não. Durante 60 dias, independentemente de qualquer requerimento do contribuinte, as contas ficarão publicadas; depois dos 60 dias, o interessado, para ter acesso às contas, deverá requerer diretamente à municipalidade.
“Municípios e Tribunais de Contas. A Constituição da República impede que os Municípios criem os seus próprios Tribunais, Conselhos ou órgãos de contas municipais (CF, art. 31, § 4º), mas permite que os Estados-Membros, mediante autônoma deliberação, instituam órgão estadual denominado Conselho ou Tribunal de Contas dos Municípios (RTJ 135/457, Rel. Min. Octavio Gallotti — ADI 445/DF, Rel. Min. Néri da Silveira), incumbido de auxiliar as Câmaras Municipais no exercício de seu poder de controle externo (CF, art. 31, § 1º).  Esses Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios — embora qualificados como órgãos estaduais (CF, art. 31, § 1º) — atuam, onde tenham sido instituídos, como órgãos auxiliares e de cooperação técnica das Câmaras de Vereadores. A prestação de contas desses Tribunais de Contas dos Municípios, que são órgãos estaduais (CF, art. 31, § 1º), há de se fazer, por isso mesmo, perante o Tribunal de Contas do próprio Estado, e não perante a Assembléia Legislativa do Estado-Membro. Prevalência, na espécie, da competência genérica do Tribunal de Contas do Estado (CF, art. 71, II, c/c o art. 75).” (ADI 687, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 2-2-95, DJ de 10-2-06)
Criação, Incorporação, Fusão e Desmembramento dos Municípios
As modificações relacionadas aos municípios devem ser feitas por LEI ESTADUAL, dentro de um período determinado por LEI COMPLEMENTAR FEDERAL. Tal procedimento destina-se a evitar a proliferação de municípios. De qualquer modo é obrigatória a consulta prévia por meio de PLEBISCITO. Deve ser divulgada a lei com o os Estudos de Viabilidade Municipal.
ATENÇÃO: Um ponto importante a ser lembrado é o trazido pela Emenda Constitucional n° 57 de 2008. Com essa emenda foi acrescentado o artigo 96 ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, que assim dispõe: ”Ficam convalidados os atos de criação, fusão, incorporação e desmembramento de Municípios, cuja lei tenha sido publicada até dezembro de 2006, atendidos os requisitos estabelecidos na legislação do respectivo Estado à época de sua criação”. Desse modo, como muitos já haviam sido criados, sem a existência da lei complementar, eles foram convalidados para que a própria ordem constitucional não fosse posta em risco. Quadro comparativo: Criação de municípios e de estados-membros
	Entidades
	Requisitos para sua criação
	Estado-membro
	- Plebiscito
- lei complementar federal
- oitiva das Assembleias Legislativas envolvidas
	Municípios
	- Divulgação do “Estudo de Viabilidade Municipal”
- Plebiscito com populações diretamente interessadas
- Lei ordinária estadual, dentro do período determinado por lei complementar federal
	Região metropolitana, aglomeração urbana e microrregião.
	- Competência dos Estados-membros mediante a edição de Lei Complementar
DIREITO ADMINISTRATIVO - Administração Direta (órgãos públicos: conceito, espécies, regime); Administração Indireta: Autarquias, Fundações Públicas, Sociedades de Economia Mista e Empresas Públicas. Principais características de cada e regimes jurídicos. O regime das subsidiárias. Direito Administrativo Econômico. As formas de intervenção do Estado. Os princípios constitucionais da ordem econômica e a criação de sociedades de economia mista e empresas públicas.
Administração Direta
Teorias sobre as relações do Estado com os agentes
A pessoa jurídica criada pelo ordenamento jurídico depende de uma pessoa física para manifestação de sua vontade jurídica. As teorias definem ou explicam a relação entre a pessoa jurídica e o agente público: Teoria do mandato: Há um contrato de mandato entre o agente e a pessoa jurídica. Não aplicada, pois, se a pessoa jurídica não tem vontade própria, dependendo da vontade do agente para manifestar-se, como pode ela celebrar um contrato com o agente? Teoria da representação: Há uma relação semelhante à da tutela e curatela, ou seja, o agente público é o representante da pessoa jurídica. Ora, se a pessoa jurídica é incapaz e precisa de um representante, caso haja prejuízo, quem será responsabilizado? Logo, não pode ser aplicada, porque a regra é a responsabilidade do Estado. Se é responsável, não pode ser tratado como um incapaz. Teoria do órgão ou teoria da imputação: É a teoria adotada no Brasil. A vontade do órgão ou do agente é imputada à pessoa jurídica a cuja estrutura pertence. A vontade do agente se confunde com a vontade do órgão, ou seja, as duas vontades são a mesma vontade, uma se confunde com a outra, é como se fosse uma vontade só. Isso ocorre em decorrência da lei. O agente, quando investido no cargo, faz a vontade da pessoa jurídica. Ou seja, a VONTADE DA PESSOAJURÍDICA É IMPUTADA AO AGENTE PÚBLICO, por isso é chamada de TEORIA DA IMPUTAÇÃO VOLITIVA/LEGAL (de inspiração do jurista alemão OTTO GIERKE - HELY LOPES MEIRELLES).
Órgãos públicos
Teorias de caracterização dos órgãos: I) subjetiva: órgãos são os próprios agentes públicos; II) objetiva: órgãos são as unidades funcionais administrativas; III) eclética (mais aceita): os órgãos públicos são, a um só tempo, as unidades administrativas e os agentes investidos da respectivas funções. 
Quanto mais especializado for o órgão, melhor será prestado o serviço, atendendo ao princípio da eficiência. Por isso, o serviço público é distribuído em pequenos núcleos denominados de órgãos públicos. Conceito: Órgãos públicos são CENTROS ESPECIALIZADOS DE COMPETÊNCIA (FEIXE DE COMPETÊNCIA), que existem de forma abstrata (HELY), por meio dos quais se exterioriza a vontade das pessoas jurídicas que integram. Trata-se de expressão do fenômeno da desconcentração administrativa (repartição e especialização interna de competências). A criação e extinção de órgãos depende da edição de lei (CF, art. 48, XI), embora a definição de suas atribuições possa emanar de Decreto (art. 84, VI da CF). Características: Os órgãos públicos não têm personalidade jurídica, assim, não podem ser sujeitos de direitos e obrigações; mas podem fazer licitação: ao final, o contrato será celebrado pela pessoa jurídica; alguns doutrinadores sustentam a possibilidade de celebração de contratos pelos órgãos públicos (art. 2º, §1º, da Lei 8666/1993). A posição majoritária da doutrina, no entanto, segue não admitindo esta possibilidade. 
*Teoria da institucionalização: é possível que um órgão, embora não dotado de personalidade jurídica, pela relevância de suas atribuições e responsabilidades, possa assumir feições de Instituição. Exemplo: o Exército, apesar de ser órgão, é também tratado como Instituição. 
Os órgãos públicos não têm responsabilidade civil, será responsável a pessoa jurídica. Os órgãos públicos podem até ter CNPJ, mas não terão personalidade jurídica; há uma instrução (In. 200) normativa da Receita Federal dizendo que órgão público tem que ter CNPJ, para controlar do uso o dinheiro (questões administrativas, de controle e fiscalização). Os órgãos públicos podem ir a juízo, como sujeito ativo, em busca de prerrogativas funcionais, ou seja, as prerrogativas ligadas ao exercício da função. O STJ entende que a ‘personalidade judiciária’ das câmaras municipais só se justifica para a defesa de seus direitos institucionais (funcionamento, autonomia e independência do órgão). Nas demais causas, será parte legítima o município. Nesse sentido, a súmula 525-STJ: A Câmara de vereadores não possui personalidade jurídica, apenas personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus direitos institucionais. Em precedente recente, o STJ não reconheceu a legitimidade ativa da Câmara Municipal para discutir a retenção indevida de valores do Fundo de Participação do Município, por se tratar de interesse meramente patrimonial do Município (2014/0005721-7 - Relator(a): MIN. MAURO CAMPBELL MARQUES (1141) - Órgão Julgador T2 - SEGUNDA TURMA - Data do Julgamento: 20/02/2014).
Classificação dos órgãos
I. Quanto à posição estatal: a) independentes (art. 2º, CF/88) – gozam de independência, ou seja, são os órgãos que não têm qualquer relação de subordinação ou hierarquia, são os órgãos que estão no topo do poder. EXEMPLOS: chefias de cada um dos poderes políticos (PR, GOVERNADOR, PREFEITOS, SENADO, CONGRESSO, JUÍZES E TRIBUNAIS). Não há hierarquia entre os órgãos, há uma relação de independência (mas devem trabalhar harmonicamente), não há subordinação, o que existe é somente controle. Retiram fundamento de validade diretamente da Constituição Federal. Além dos órgãos que integram os Três Poderes, há de se incluir o Ministério Público e os Tribunais de Contas nessa categoria. b) autônomos – não têm independência, mas têm autonomia, ou seja, estão subordinados aos órgãos independentes. EXEMPLOS: ministério e secretarias. Subordinados diretamente à chefia dos órgãos independentes, gozando de autonomia administrativa, financeira e técnica, caracterizando-se como órgãos diretivos de planejamento. c) superiores – não têm independência e não têm autonomia, mas ainda têm poder de decisão. EXEMPLOS: Gabinetes e procuradorias, departamentos, coordenadorias, etc. d) subalternos – não têm poder de decisão, somente executam. EXEMPLOS: seção de zeladoria, seção de almoxarifado, órgão de recursos pessoais.
II. Quanto à estrutura: a) simples (unitários) – não têm outros órgãos agregados à sua estrutura. ATENÇÃO: são órgãos e não pessoas. São constituídos por um só centro de competência. EXEMPLO: gabinetes. b) compostos – têm outros órgãos agregados à sua estrutura. EXEMPLOS: delegacia de ensino e as escolas ligadas a ela; hospital e postos de saúde a eles ligados.
III. Quanto à atuação funcional: a) singulares – somente têm um agente, são os ÓRGÃOS UNIPESSOAIS. EXEMPLO: presidência da república, governadoria do estado e prefeitura municipal. b) colegiados – compostos por mais de um agente. EXEMPLOS: tribunais, casas legislativas.
IV. Quanto ao território: a) centrais – atingem todo o território da pessoa jurídica. EXEMPLO: presidência da república. b) locais – têm uma atribuição restrita a um determinado local do território da pessoa política. EXEMPLO: delegacias de polícia.
V. Quanto ao objeto: a) ativos – prestam uma atividade, efetivamente prestam um serviço. EXEMPLOS: escola, hospital. b) consultivos – de mera consulta. EXEMPLO: procuradorias. c) de controle – exercem controle, fiscalizam. EXEMPLO: tribunal de contas.
Administração Indireta
Atualmente, é possível a existência de ÓRGÃOS PÚBLICOS na administração indireta, com fundamento legal na Lei 9.784/99 (artigo 1o, § 2o). São pessoas da administração pública indireta: Autarquias (agências reguladoras); Fundações públicas; Empresas públicas; Sociedades de economia mista; Consórcios públicos (podem ser de direito público ou de direito privado; art. 1º, par. 1º, lei 11.107/05). Princípios: A Administração Pública Indireta se sujeita aos princípios previstos no art. 37 da CF. Carvalho Filho aponta, ainda, a existência de três princípios específicos regentes das atividades desenvolvidas pelas entidades da Administração Indireta: princípio da reserva legal, princípio da especialidade e princípio do controle. 
Características: a) Possuem personalidade jurídica própria, ou seja, capacidade financeira, técnica e administrativa; patrimônio próprio recebido da administração direta; receita própria, isto é, não importa a proveniência do dinheiro, não interessa se vem direto do orçamento ou da exploração da atividade, a receita será sempre das pessoas jurídicas, que têm a liberdade para administrar o dinheiro. b) Artigo 37, XIX, da CF: “XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação”(PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL). Lei específica, que é lei ordinária – a exigência de lei complementar é expressa. AUTARQUIA: basta a lei para a autarquia começar a existir, não precisa de mais nada. DEMAIS PESSOAS JURÍDICAS: a lei autoriza, mas as pessoas jurídicas precisam do REGISTRO dos atos constitutivos nos órgãos competentes. Competente será o órgão dependendo da forma de constituição da pessoa jurídica: CARTÓRIO DE PESSOAS JURÍDICAS (civil) ou JUNTA COMERCIAL (comercial). LEI COMPLEMENTAR DEFINIRÁ A FINALIDADE da fundação. 
A lei que cria estabelece uma função específica – uma vez definida a finalidade, a pessoa jurídica fica vinculada, em razão do PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE. A extinção deve ser também por meio de lei. Não pode a entidade da Administração Pública ser criada para o desempenho de competências e finalidades genéricas, decorrendo a sua instituição de uma decisão política de especialização das funções estatais.a) Em rega, não podem ter fins lucrativos – isso não significa não ter lucro. O lucro não pode ser o motivo de sua criação. O artigo 173 da CF prevê a possibilidade de exploração de atividade econômica pelas empresas públicas e sociedades de economia mista, quando se tratar de segurança nacional ou relevantes interesses coletivos. Assim, em qualquer caso a justificativa é o INTERESSE PÚBLICO, o objetivo final NÃO é a persecução do lucro. b) Estão submetidas a controle e a fiscalização – dentro da própria pessoa jurídica há controle, é o que se denomina de CONTROLE INTERNO, e se trata do controle do superior em relação ao subordinado. Mas o controle pode partir de outra pessoa jurídica, configurando o CONTROLE EXTERNO. É possível o controle externo da administração direta em face da administração indireta, nesse caso específico, o controle é feito por meio da SUPERVISÃO MINISTERIAL, que é o instrumento utilizado pelos MINISTÉRIOS, que serão os responsáveis por esse controle. A SUPERVISÃO MINISTERIAL controla a eficiência, as receitas e despesas, o cumprimento da finalidade. Não há hierarquia entre a administração direta e administração indireta, mas apenas relação de vinculação.
O CONTROLE EXTERNO pode ser: ORDINÁRIO: o controle comum que é feito rotineiramente; EXTRAORDINÁRIO: ocorre em situações excepcionais; REPRESSIVO: exercido depois da prática dos atos; PREVENTIVO: exercido antes da prática de atos; DE LEGALIDADE: dos atos praticados; VIA PODER LEGISLATIVO: o poder legislativo faz controle com o auxílio do TCU); VIA PODER JUDICIÁRIO: por ações judiciais (princípio da inafastabilidade da jurisdição); VIA CIDADÃO: qualquer cidadão pode exercer o controle sobre a administração indireta.
Autarquias
Conceito: Pessoa jurídica de direito público, criada para a prestação de serviço público, de atividades típicas do Estado. Não há subordinação hierárquica da autarquia para com a entidade estatal a que pertence, mas mera vinculação. EXEMPLOS DE AUTARQUIAS: ASISTENCIAIS: INCRA. PREVIDÊNCIÁRIAS: INSS. CULTURAIS: Universidades Federais. PROFISSIONAIS: CREA, CRM. Esses entes ganharam a personalidade jurídica de direito privado por força da Lei 9649/98; o STF (ADI 1717) declarou o dispositivo inconstitucional, mantendo assim a natureza jurídica de autarquia federal. O órgão de classe exerce poder de polícia, como regra geral é indelegável, não pode o particular fazer controle das diversas profissões. OBS: OAB é considerada autarquia “sui generis”. ADMINISTRATIVAS: IBAMA, INMETRO, BACEN. TERRITORIAIS: TERRITÓRIOS, que não são entes federativos. As chamadas autarquias territoriais correspondem a desmembramentos geográficos em certos países, normalmente com regime unitário (ou de centralização política), aos quais o poder central outorga algumas prerrogativas de ordem política e administrativa, permitindo-lhes uma relativa liberdade de ação. Não chegam a ser verdadeiras autonomias, mas têm a seu cargo algumas funções privativas conferidas pelo Estado. Esse, aliás, foi o sentido inicial de autarquia. Costuma-se considerar como integrantes dessa categoria os nossos Territórios, entes despidos de autonomia, que executam, por delegação, algumas funções próprias do Estado (art. 33, CF). Apenas as autarquias institucionais (não as territoriais) integram a Administração Indireta do Estado.
Regime Jurídico
Criação e Extinção: A autarquia é criada e extinta por meio de lei específica (artigo 37, XIX). Controle: As autarquias estão sujeitas a controle, na forma constante nos itens acima. OAB – Autarquia “sui generis” (não está sujeita a nenhum tipo de controle estatal): “A OAB não é uma entidade da Administração Indireta da União. A OAB é um serviço público independente, categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro.” “Por não consubstanciar uma entidade da Administração Indireta, a OAB não está sujeita a controle da Administração, nem a qualquer das suas partes está vinculada. Essa não-vinculação é formal e materialmente necessária.” “Incabível a exigência de concurso público para admissão dos contratados sob o regime trabalhista pela OAB.” (ADI 3026-DF, DJ 29-09-2006) Atos e Contratos: segue o regime jurídico de direito público e os contratos celebrados pelas autarquias seguem as exigências gerais dos contratos administrativos, devendo obedecer à Lei 8.666/93, pelo que é obrigatória a licitação, como regra geral.Responsabilidade Civil: segue a regra do artigo 37, par. 6º, CF/88 (responsabilidade objetiva dos agentes das pessoas jurídicas de direito público, pelos atos praticados como agentes nessa condição). Mas admite-se atualmente a responsabilidade civil SUBJETIVA, em caso de omissão de serviço público. A pessoa política será subsidiariamente responsável pela indenização dos danos de responsabilidade das autarquias, que já tenham o seu patrimônio exaurido. (RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA da pessoa política). Note-se que a RESPONSABILIDADE CIVIL SUBSIDIÁRIA DO ESTADO é aplicada a qualquer prestadora de serviço público, seja pessoa jurídica de natureza de direito público ou privado. Prescrição: Havia divergência: CC/02 ou DL 20.910/32 = 05 ANOS (posição dos administrativistas). STJ, em análise de recurso sob o rito dos recursos repetitivos, assim decidiu: “O atual e consolidado entendimento deste Tribunal Superior sobre o tema é no sentido da aplicação do prazo prescricional quinquenal - previsto do Decreto 20.910/32 - nas ações indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública, em detrimento do prazo trienal contido do Código Civil de 2002. 4. O principal fundamento que autoriza tal afirmação decorre da natureza especial do Decreto 20.910/32 (...) (REsp 1251993/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/12/2012, DJe 19/12/2012)”. Obs: **São imprescritíveis as ações para ressarcimento do Estado em face do seu agente público (ações regressivas e mesmo as ações de indenização originárias). Bens Autárquicos: acompanha o regime geral e características específicas dos bens públicos: INALIENABILIDADE (como regra geral, salvo as exceções previstas na lei; ALIENABILIDADE CONDICIONADA), IMPRESCRITÍVEIS (não se sujeitam a usucapião), NÃO-ONERÁVEIS (não podem ser objeto de direitos reais de garantia) e IMPENHORÁVEIS, sujeitam-se ao regime de precatórios. Débitos Judiciais: precatórios.Privilégios Processuais: dentre outros, os seguintes: DILAÇÃO DE PRAZO (artigo 188, CPC): quádruplo para contestar e dobro para recorrer. Não se estende para as contrarrazões recursais. No novo CPC, esse prazo é em dobro para contestar e para recorrer. JUÍZO PRIVATIVO: quando a organização judiciária estabelecer; se for federal, a competência é da Justiça Federal. REEXAME NECESSÁRIO ou DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO OBRIGATÓRIO (artigo 475, CPC): a súmula 620, do STF não produz mais efeitos (“620 - A Sentença proferida contra Autarquias não está sujeita a reexame necessário, salvo quando sucumbente em execução de dívida ativa.)”. Duas exceções: (1) a condenação, ou o direito controvertido, for de valor certo não excedente a 60 (sessenta) salários mínimos; (2) a sentença estiver fundada em jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal ou em súmula deste Tribunal ou do tribunal superior competente. O novo CPC dispensa a remessa necessária nos seguintes casos: “Art. 496 [...] §3o Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a: I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público; II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados; III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público. § 4o Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em: I - súmula de tribunal superior; II - acórdão proferido peloSupremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.” * STJ, SÚMULA 497: “Os créditos das autarquias federais preferem aos créditos da Fazenda estadual desde que coexistam penhoras sobre o mesmo bem” (publicada em 13/08/2012). Imunidade Tributária: autarquias gozam da imunidade tributária constitucional: IMPOSTOS SOBRE RENDA, SERVIÇO e PATRIMÔNIO, trata-se da IMUNIDADE RECÍPROCA prevista na CF (artigo 150, § 2º: “A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.”). A vinculação é uma restrição a essa imunidade recíproca. Procedimentos financeiros: os mesmos procedimentos financeiros de dir. público: Lei 4320/64 e LC 101/00. Regime de pessoal: Quem atua em autarquia exerce função pública, assim, é agente público. Para a doutrina moderna, quem atua em pessoa jurídica de direito público é servidor público. Por força da EC 19/1998 foi abolido o Regime Jurídico único, passando a ser possível a admissão de pessoal pelo regime de celetista (emprego) ou estatutário (cargo), a depender de lei. Não havia mais, portanto, imposição constitucional de admissão de pessoal apenas pelo regime estatutário. Diante da concessão de medida cautelar na ADI 2135, porém, a redação do artigo 39,"caput", da CF/88, dada pela Emenda Constitucional n.º 19/1998 restou suspensa, voltando a vigorar a antiga redação, que determinava a existência de regime jurídico único. Atualmente, não há mais a possibilidade de contratação de pessoal pelo regime celetista. Em decorrência dos efeitos ex nunc da decisão, subsiste, até o julgamento definitivo da ação, a validade dos atos anteriormente praticados com base em legislações eventualmente editadas durante a vigência do dispositivo suspenso. STF: “O Banco Central do Brasil é uma autarquia de direito público, que exerce serviço público, desempenhando parcela do poder de polícia da União, no setor financeiro. Aplicabilidade, ao seu pessoal, por força do disposto no art. 39 da Constituição, do regime jurídico da Lei 8.112, de 1990.” (ADI 449, Relator(a):  Min. CARLOS VELLOSO, Tribunal Pleno, julgado em 29/08/1996, DJ 22-11-1996 PP-45683 EMENT VOL-01851-01 PP-00060 RTJ VOL-00162-02 PP-00420)[3: Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.§ 1o A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico.§ 2o Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o ente público.]
Autarquias de Regime Especial
São autarquias regidas por disciplina específica, cuja característica seria a de atribuir prerrogativas especiais e diferenciadas. A Lei n.º 5.540-68, ao dispor sobre a organização do ensino superior, qualificou as Universidades oficiais como autarquias de regime especial ou em fundações de direito público. Essa ideia surgiu com as universidades públicas, para garantia de maior autonomia (autonomia universitária: como escolha de dirigentes próprios e liberdade pedagógica). Atualmente, esse termo é utilizado também para as famosas AGÊNCIAS REGULADORAS, que também são autarquias em regime especial.
Agências Reguladoras
A análise das agências reguladoras não será feita aqui de modo aprofundado, visto que há um ponto exclusivo dedicado a elas no programa de Direito Administrativo (ponto 3). Elementos para sua caracterização: (1) poder normativo técnico; (2) autonomia decisória; (3) independência administrativa; e (4) autonomia econômico-financeira. DESLEGALIZAÇÃO/DESLEGIFICAÇÃO: fenômeno de atribuição de poder normativo técnico especializado às Agências reguladoras. As leis instituidoras delegam às Agências competência para editar normas administrativas técnicas complementares de caráter geral, relativas ao setor regulado. Não há, segundo o Professor Carvalho Filho, qualquer inconstitucionalidade (por possível vulneração à legalidade) neste processo, eis que a edição destas normas administrativas se opera em virtude de delegação prevista em lei. Isso se justifica pela natureza técnica e particularizada dos temas sob regulação das Agências. O exercício deste poder normativo não poderá contrariar disposição de lei. TRF1: As agências reguladoras têm poder de polícia administrativa nos limites traçados pela respectiva lei. Estão habilitadas a dirimir litígios que envolvam as empresas que realizam atividades por elas controladas, ou entre estas e os respectivos usuários. Seus dirigentes, pelos atos praticados, podem ser demandados em ação popular ou ação civil pública.
Conceito: São autarquias de regime especial. Todas as regras da autarquia se aplicam às agências reguladoras. Regime especial tem 03 fundamentos: Mais autonomia e liberdade, quando comparadas com as demais autarquias; exercício de atividade de regulação, controle e fiscalização; (independência administrativa e autonomia financeira); Investidura especial de seus dirigentes, que, em regra, são escolhidos pelo chefe do Executivo mediante a prévia aprovação do Senado Federal; Mandato com prazo fixo dos dirigentes: Quando a lei cria a autarquia define qual é o prazo. Há um projeto no Congresso Nacional defendendo a unificação do prazo, para 04 anos, sem coincidência com o chefe do poder executivo. A Lei 9.986/00 regula a gestão dos recursos humanos das Agências Reguladoras, dispondo no art. 4º que as Agências serão dirigidas em regime de colegiado, por um Conselho Diretor ou Diretoria composta por Conselheiros ou Diretores, sendo um deles o seu Presidente ou o Diretor-Geral ou o Diretor-Presidente. A Lei 10.871/04 dispõe sobre a carreira dos cargos das agências reguladoras, que é o Regime Jurídico Único da Lei n.º 8.112/90.Função: Regulação, controle e fiscalização das atividades do particular decorrentes do regime de desestatização – serviços públicos. EXEMPLOS DE AGÊNCIAS REGULADORAS: a) AGÊNCIAS REGULADORAS QUE PRESTAM SERVIÇO PÚBLICO: ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações); ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica); ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre); ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aqüaviários); b) AGÊNCIAS REGULADORAS QUE FISCALIZAM O SERVIÇO PÚBLICO PRESTADO POR PARTICULAR E PÚBLICO: ANS (Agência Nacional da Saúde) e ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária); c) AGÊNCIAS QUE CUIDAM DO MONOPÓLIO DO PETRÓLEO: ANP (Agência Nacional do Petróleo); d) AGÊNCIAS QUE CUIDAM DO PATRIMÔNIO PÚBLICO: ANA (Agência Nacional da Águas); e) AGÊNCIAS QUE FOMENTAM A ATIVIDADE PRIVADA: ANCINE (Agência Nacional de Cinema).
Algumas impropriedades
As autarquias de regime especial não podem criar novas leis, somente podem regular o que já está estabelecido em lei, definindo normas técnicas complementando o que está previsto em lei, jamais poderá contrariar a lei. Não podem inovar. **Há órgão da administração direta que ganhou o nome de Agência: ABIN (Agência Brasileira de Inteligência). ***Mas há uma autarquia de regime especial que não ganhou o nome de agência: CVM (Comissão de Valores Mobiliário), a própria lei estabeleceu que se trata de uma autarquia em regime especial (Lei 10.411/02). Peculiaridades: regime de pessoal e licitação. a) Regime de Pessoal: Em 2000, com a Lei 9986, ficou definido que os regimes de pessoal de agências reguladoras são: CLT e CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA. Esta foi objeto da ADI 2310, quando o STF disse que isso é perigoso porque se exige uma alta contratação e especialização (grande qualificação), para tanto

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