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Direito Administrativo – Eduardo Tognetti Aula 1 Fontes do Direito Administrativo; Fontes Formais: Constituição, leis, decretos e atos normativos Fontes Materiais: Doutrina, jurisprudência e os princípios gerais do direito Conceito de direito administrativo Direito administrativo é o ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens e meios de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública.” DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 31. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018. Questões Q1) (Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: SEFAZ-RS Prova: CESPE - 2018 - SEFAZ- RS - Técnico Tributário da Receita Estadual - Prova 2) O direito administrativo é formado por muitos conceitos, princípios, elementos, fontes e poderes. As principais fontes formais do direito administrativo, segundo a doutrina majoritária, são (a) os princípios gerais de direito, a jurisprudência, a lei e os atos normativos da administração. (b) os costumes, a lei e os atos normativos da administração. (c) Constituição, a lei e os costumes. (d) a doutrina, a jurisprudência e a Constituição. (e) a Constituição, a lei e os atos normativos da administração pública. Aula 2 Regime Jurídico de Direito Administrativo Objetivo Reconhecer o regime público e privado da Administração Pública e noção de regime jurídico de direito público “as normas do Direito Administrativo caracterizam-se, em face das do direito privado, seja porque conferem à Administração prerrogativas sem equivalente nas relações privadas, seja porque impõem à sua liberdade de ação sujeições mais estritas do que aquelas a que estão submetidos os particulares”. RIVERO, Jean. Direito administrativo. Lisboa: Almedina, 1982. “regime jurídico de um instituto jurídico pode significar o conjunto de notas que o tipificam, em essência: se esse conjunto coincidir, nos ramos público e privado, o instituto será comum aos dois, não sendo peculiar a nenhum deles; se for diverso, pode-se dizer que existe, em separado, no direito público ou no direito privado”. ARAÚJO, Edmir Netto de. Curso de direito administrativo. 8. ed. São Paulo : Saraiva Educação, 2018. p. 73. 1. Identificar o regime jurídico administrativo. 1.1 Regime jurídico da administração pública de Direito Público: 1.2 Administração Direta→ União, Municípios, Estados, DF 1.3 De Administração Indireta→ Autarquias, Fundações, Consórcios Públicos, empresas estatais executoras de serviços públicos e executoras de atividades em regime de concorrência com empresas privadas (banco do brasil e caixa econômica federal) Constituição Federal: Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade; II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tribu tários; III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da administração pública; Estatuto das Empresas Estatais Lei 13.303/2016 Prestadoras de serviços públicos ------→ Regime jurídico de direito público Executoras de atividades econômicas -----→ Atividade Meio: Regime jurídico de direito publico Executoras de atividades econômicas ---→ Atividade Fim: Regime jurídico de direito privado “..., as empresas públicas e sociedades de economia mista, integrantes da administração indireta que são, sujeitam-se à obrigatoriedade de realizar licitação ao contratar serviços, obras, compras e alienações. Essa é a regra geral. Assim, para adquirir bens para o seu uso ou para alienar imóveis de sua propriedade ou nele efetuar obras, devem ser obedecidos os procedimentos licitatórios adequados. (...) “... Porém, estando quaisquer dessas atividades diretamente vinculadas à exploração de atividade econômica pela empresa, não há que se exigir a realização do certame, eis que esta, nesse aspecto, sujeita-se ao regime jurídico das empresas privadas.” (Parecer emitido pela Dra Cristina Machado da Costa e Silva, Procuradora ao Tribunal de Contas da União, no julgamento do TC 649.091/94-9) Identificar as características dos princípios que informam o Direito Administrativo Princípios Constitucionais (Legalidade, impessoalidade, Moralidade, publicidade, eficiência etc.) -----------→ Leis-----------------------------------------------------------→ Decretos, atos normativos---------------------------------------→ Definições de princípio; Elevado grau de generalidade e abstração: os princípios caracterizam-se pelo grau de generalidade, por serem “amplos, gerais ou inespecíficos, no sentido de que uma série de normas distintas poderia frequentemente ser apontada como manifestações ou exemplos de um único princípio”. HART, Herbert Lionel Adolphus. O conceito de direito. São Paulo: Martins Fontes, 2009, p. 335. Aproximação da moral: “denomino ‘princípio’ um padrão que deve ser observado, não porque vá promover ou assegurar uma situação econômica, política ou social considerada desejável, mas porque é uma exigência de justiça ou equidade ou alguma outra dimensão da moralidade”. DWORKIN, Ronald. Levando os direitos a sério. São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 36. Aspecto qualitativo: “Os princípios são mandados de otimização, que estão caracterizados pelo fato de que podem ser cumpridos em diferentes ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Tradução de Virgílio Afonso da Silva. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 90. graus e cuja medida devida de cumprimento não só depende das possibilidades reais, mas também das jurídicas. (...) Por outro lado, as regras são normas que só podem ser cumpridas ou não. (...) Toda norma ou é uma regra ou um princípio”. Questões: (A) João possui total liberdade de atuação, não se submetendo a comandos superiores, em decorrência do princípio da eficiência. (B) A liberdade de atuação de João é pautada somente pelo princípio da legalidade, considerando que não existe escalonamento de competência no âmbito da Administração Pública. C) João tem dever de obediência às ordens legais de seus superiores, em razão da relação de subordinação decorrente do poder hierárquico. (D) As autoridades superiores somente podem realizar o controle finalístico das atividades de João, em razão da relação de vinculação estabelecida com os superiores hierárquicos. Aula 3 Princípios de Direito Administrativo Constituição Federal: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) Princípios Explícitos e Implícitos; Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, publicidade e eficiência 1-) LEGALIDADE Origem; “Os Lords espirituais e temporais e os membros da Câmara dos Comuns declaram, desde logo, o seguinte: ... que é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade real para suspender as leis ou seu cumprimento; ... que é ilegal toda cobrança de impostos para a Coroa sem o concurso do Parlamento, sob pretexto de prerrogativa, ou em época e modo diferentes dos designados por ele próprio; ... que é indispensávelconvocar com frequência os Parlamentos para satisfazer os agravos, assim como para corrigir, afirmar e conservar as leis;” Auto consentimento “O que diferencia a lei é que esta consiste no reconhecimento da necessidade da renúncia de parte dos direitos individuais em favor de um interesse da coletividade, por meio de seus legítimos representantes. (...) Por isso, o princípio da legalidade consiste no próprio fundamento do Estado de Direito não somen te sob o aspecto formal (propiciando a segurança jurídica mediante o estabelecimento de regras gerais e abstratas), mas, principalmente, por (...) Por isso, o princípio da legalidade consiste no próprio fundamento do Estado de Direito não somente sob o aspecto formal (propiciando a segurança jurídica mediante o estabelecimento de regras gerais e abstratas), mas, principalmente, porque se constitui na forma pela qual é instituída a supremacia da vontade popular.”que se constitui na forma pela qual é instituída a supremacia da vontade popular.” TOGNETTI, Eduardo. Sanções administrativas aplicadas pelo Banco Central do Brasil. São Paulo: Kindle, 2017. Divisão de poderes “Tudo estaria perdido se o mesmo homem, ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo exercesse os três poderes: o de fazer as leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as querelas entre os particulares.” MONTESQUIEU, Charles de Secondat. O espírito das leis. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 167-168 Função administrativa . “Na função o sujeito exercita um poder, porém o faz em proveito alheio, e o exercita não porque acaso queira ou não queira. Exercita-o porque é um dever. Então, pode- se perceber que o eixo metodológico do Direito Público não gira em torno da ideia de poder, mas gira em torno da ideia de dever” BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Discricionariedade e controle jurisdicional. 2ª ed. São Paulo: Malheiros, Supremacia e reserva de lei “( ...) princípio da supremacia ou prevalência da lei (VorrangdesGesetzes) e o princípio da reserva de lei (VorbehaltdesGesetzes). Estes princípios permanecem válidos, pois num Estado democrático-constitucional a lei parlamentar é, ainda, a expressão privilegiada do princípio democrático (daí a sua supremacia) e o instrumento mais apropriado e seguro para definir os regimes de certas matérias, sobretudo dos direitos fundamentais e da vertebraçãodemocrática do Estado (daí a reserva da lei).” CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e a teoria da Constituição. 3ª ed. Coimbra: Almedina, 1999. p. 25 Supremacia da Lei A lei deve sempre prevalecer sobre as demais normas- que não são editadas pelo Parlamento Reserva da Lei Determinadas matérias, que são fundamentais, somente podem ser tratadas por lei. Regime de Sujeição Geral e Sujeição Especial “Tal elemento é devido ao fato de que a instituição de vínculo principal torna necessário um ingresso do particular, pessoalmente, na esfera jurídica e material – ou ainda que simplesmente jurídica –da Administração, a fim de tornar necessária uma especial disciplina mais acentuada –fundada precisamente em um estado de sujeição especial do indivíduo –do comportamento pessoal do próprio particular, a fim de obter uma melhor implementação do vínculo. (...) Típico exemplo de contato do indivíduo com a esfera jurídica da administração, verifica-se no caso do exercício de uma função ou de um serviço público, seja quem o execute entre no âmbito da verdadeira e própria administração pública, seja permaneça, ao invés, na condição de privado.” ALESSI, Renato. Diritto amministrativo. Milano: Giuffrè, 1949, p. 181-182 Sujeição Geral Os atos infralegais não podem estabelecer direitos e deveres Sujeição Especial A lei atribui autoridade o poder de editar regras para casos particulares Termos Técnicos e Conceitos Jurídicos Indeterminados Portar-se de modo inconveniente e desrespeitoso, ato obsceno em público, exibir manobra perigoso. Conceito Juridico Indeterminado → Depende da avaliação subjetiva pelo aplicador da norma a partir de cada contexto. 2 -) SUPREMACIA DO INTERESSE PUBLICO No campo da Administração, deste princípio procedem as seguintes consequências ou princípios subordinados: a) posição privilegiada do órgão encarregado de zelar pelo interesse público e de exprimi-lo, nas relações com os particulares; ... b) posição de supremacia do órgão nas mesmas relações; c) restrições ou sujeições especiais no desempenho da atividade de natureza pública.” BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Curso de direito administrativo. 33ª ed. São Paulo: Malheiros, 2016. p. 68. 3-) IMPESSOALIDADE “No primeiro sentido, o princípio estaria relacionado com a finalidade pública que deve nortear toda a atividade administrativa. Significa que a Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, uma vez que é sempre o interesse público que tem que nortear o seu comportamento. “No segundo sentido, o princípio significa, segundo José Afonso da Silva (2003:647), baseado na lição de Gordillo que “os atos e provimentos administrativos são imputáveis não ao funcionário que os pratica, mas ao órgão ou entidade administrativa da Administração Pública, de sorte que ele é o autor institucional do ato. Ele é apenas o órgão que formalmente manifesta a vontade estatal”. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 31. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018. 4-) PRESUNÇÃO DA LEGITIMIDADE OU DE VERACIDADE “Presunção de legitimidade - é a qualidade, que reveste tais atos, de se presumirem verdadeiros e conformes ao Direito, até prova em contrário. Isto é: milita em favor deles uma presunção juris tantum de legitimidade; salvo ex- pressa disposição legal, dita presunção só existe até serem questionados em juízo. ... Esta, sim, é uma característica comum aos atos administrativos em geral; as subsequentemente referi- das não se aplicam aos atos ampliativos da esfera jurídica dos administrados. ANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Curso de direito administrativo. 33ª ed. São Paulo: Malheiros, 2016. p. 68. “A validade é, pois, a característica substantiva de qualquer ato administrativo, dela decorrendo a presunção de validade, analiticamente expressada por uma quádrupla presunção: de veracidade, de legalidade, de legitimidade e de licitude, que subsistirá até prova em contrário, como decorrência da própria natureza estatal do ato administrativo.” MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Curso de direito administrativo. Rio de Janeiro: Foreuse, 2001. p. 138 Presunção da legitimidade ou de veracidade Lei do Processo Administrativo Federal (Lei n.º 9.784/99 - LPA): “Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei.” Constituição Federal: “Art. 5º (...) LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;” (...) em muitos casos, o modelo da LPA impõe ao administrado a necessidade de produção de prova negativa, o que dificulta, se não impossibilita, a sua defesa. A situação toma maiores proporções no exer- cício da atividade sanciona- dora pela Administração.” TOGNETTI, Eduardo, Atributos do Ato Administrativo, p. 351. “Ausência de nulidade das penalidades. Destarte, a autora não comprovou qualquer irregularidade na autuação perpetrada pela ré, ônus que lhe incumbia. Tal fundamento ́ encontra respaldo nos julgados desta Corte que assentam entendimento no sentido de que o ato administrativo goza de presunção juris tan tum de legitimidade, a qual somente poderá ser afastada por prova em contrário a cargo do administrado (...). O que, no caso concreto, não foi realizado.” STJ. Ag Reg n.º 957.491-RS, Rel. Ministro Herman Benjamin, da 2ª T., j. 4/8/20095-) ESPECIALIDADE “Quando o Estado cria pessoas jurídicas públicas administrativas – as autarquias – como forma de descentralizar a prestação de serviços públicos, com vistas à especialização de função, a lei que cria a entidade estabelece com precisão as finalidades que lhe incumbe atender, de tal modo que não cabe aos seus administradores afastar-se dos objetivos definidos na lei; isto precisamente pelo fato de não terem a livre disponibilidade dos interesses públicos… embora esse princípio seja normalmente referido às autarquias, não há razão para negar a sua aplicação quanto às demais pessoas jurídicas, instituídas por lei, para integrarem a Administração Pública Indireta.” DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 31. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018. 6-) CONTROLE OU TUTELA “Entre nós, o controle das autarquias realiza-se na tríplice linha política, administrativa e financeira, mas todos esses controles adstritos aos termos da lei que os estabelece. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 20. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995. p. 314. . 7-) AUTOTUTELA Como corolários de determinados princípios, outros emergem. A autotutela administrativa é a faculdade de a Administração rever seus próprios atos ou de seus entes administrativos descentralizados.” FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Curso de Direito administrativo. 8. ed. São Paulo: Malheiros, 2007. p. 69. Súmula STF 346: A Administração Pública pode declarar a nulidade dos próprios atos. Súmula STF 473: A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos, ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. 8-)HIERARQUIA “Em consonância com o princípio da hierarquia, os órgãos da Administração Pública são estruturados de tal forma que se cria uma relação de coordenação e subordinação entre uns e outros, cada qual com atribuições definidas na lei.” DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 31. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018. 9-) CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO "O serviço público responde, por definição, a uma necessidade de interesse geral; ora, a satisfação do interesse geral não poderia admitir a descontinuidade; toda interrupção traz o risco de introduzir, na via da coletividade, os transtornos os mais graves. A jurisprudência construiu então o princípio da continuidade do serviço público, em virtude do qual o funcionamento do serviço não pode tolerar interrupções.” RIVERO Jean. WALINE Jean. Droit Administratif. 14. ed. Paris: Précis Dalloz, 1992. p. 388/389. 10-) PUBLICIDADE Constituição Federal: Art. 5º. (...) XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; Lei nº 12.527/2011: “Art. 5º É dever do Estado garantir o direito de acesso à informação, que será franqueada, mediante procedimentos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão.” Como a Administração jamais maneja interesses, poderes ou direitos pessoais seus, surge o dever da absoluta transparência. "Todo poder emana do povo e em seu nome é exercido" (C.F. art. 1º, § 1º). É óbvio, então, que o povo, titular do poder, tem direito de conhecer tudo o que concerne à Administração, de controlar passo a passo o exercício do poder. À margem disso, qualquer administrado atingido pela Administração, é dizer, que de qualquer modo seja destinatário, prejudicado ou atendido por um ato administrativo, tem o direito individual de ... conhecer este ato, suas razões, sua base fática e jurídica, para poder defender-se. Em consequência, seja em nome da limpidez da atividade administrativa, seja para garantia de direitos individuais, a Administração tem o dever da publicidade.” SUNDFELD, Carlos Ary. Princípio da Publicidade Administrativa. RDA: Rio de Janeiro: Forense, v. 199: p. 97-110, 1995 11-) MORALIDADE ADMINISTRATIVA . “A Lei no 9.784/99: Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, (...). Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: (...) IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;” “... o agente administrativo, como ser humano dotado da capacidade de atuar, deve, necessariamente, distinguir o Bem do Mal, o honesto do desonesto. E, ao atuar, não poderá desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não tera ́ que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas também entre o honesto e o desonesto.” MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 20. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995. p. 84. 12-) RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE 12.1 O devido processo legal Constituição Federal: “Art. 5º (...) LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; Origem Marbury v. Madison: a Suprema Corte estabeleceu que: Era um órgão de controle de constitucionalidade (o que não era conferido pela Constituição expressamente) Onde a Constituição e a lei impusessem um dever ao Executivo, o Judiciário poderia determinar seu cumprimento. → Enunciou os três grandes fundamentos que justificam o controle judicial de constitucionalidade: 1- a supremacia da Constituição: “Todos aqueles que elaboraram constituições escritas encaram-na como a lei fundamental e suprema da nação”. 2- nulidade da lei que contrarie a Constituição: “Um ato do Poder Legislativo contrário à Constituição é nulo”. 3- O Poder Judiciário é o intérprete final da Constituição: “É enfaticamente da competência do Poder Judiciário dizer o Direito o sentido das leis. Se a lei estiver em oposição à constituição a corte terá de determinar qual dessas normas conflitantes regerá a hipótese.” Histórico “Foi com essa índole essencialmente processualista que a garantia do devido processo legal vigorou na velha Inglaterra, por imposição da Magna Carta, e daí ingressou nas Cartas coloniais da América do Norte e, depois, na 5a e 14a Emendas da Constituição dos Estados Unidos. ... Concebida, de início, como um requisito de validade da jurisdição penal, estendeu-se, em seguida, à jurisdição civil e, mais recentemente, aos procedimentos administrativos instaurados no âmbito da Administração Pública. ” CASTRO, Carlos R. Siqueira. O devido processo legal e os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Rio de Janeiro: Forense, 2006. p. 29. Mutação Inicialmente: proibição da tortura ou da confissão forçada no processo penal. 2º Momento: Devido Processo Legal Processual: Determinação que nos processos em geral seja dada a ampla defesa e o direito ao contraditório 3º Momento: Devido Processo Legal Substantivo: Determinação de que a sentença a ser aplicada seja justa: o Poder Judiciário para a controlar se as leis são justas ou não e afastam a aplicação das normas arbitrárias. 13-) MOTIVAÇÃO “O princípio da motivação exige que a Administração Pública indique os fundamentos de fato e de direito de suas decisões. (...) A sua obrigatoriedade se justifica em qualquer tipo de ato, porque se trata de formalidade necessária para permitir o controle de legalidade dos atos administrativos.” DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 31. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018. “A Lei no 9.784/99: Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação,(...). Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: (...) VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão;” 14-) EFICIÊNCIA “Assim, princípio da eficiência é o que impõe à Administração Pública direta e indireta e a seus agentes a persecução do bem comum, por meio do exercício de suas competências de forma imparcial, neutra, transparente, participativa, eficaz, sem burocracia e sempre em busca da qualidade, primando pela adoção dos critérios legais e morais necessários para a melhor utilização possível dos recursos públicos, de maneira a evitar desperdícios e garantir uma maior rentabilidade social.” ARAGÃO, Alexandre Santos. O princípio da eficiência. RDA, vol. 237. Rio de Janeiro: Forense, 2004, p. 181-182. “O princípio da eficiência apresenta, na realidade, dois aspectos: pode ser considerado em relação ao modo de atuação do agente público, do qual se espera o melhor desempenho possível de suas atribuições, para lograr os melhores resultados; ... e em relação ao modo de organizar, estruturar, disciplinar a Administração Pública, também com o mesmo objetivo de alcançar os melhores resultados na prestação do serviço público.” DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 31. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018. 15-) SEGURANÇA JURÍDICA, PROTEÇÃO À CONFIANÇA E BOA-FÉ “A Lei nº 9.784/99: Art. 2º (...). Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: (...) XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.” QUESTÕES Q1) (OAB/2017) Determinada empresa apresenta impugnação ao edital de concessão do serviço público metroviário em determinado Estado, sob a alegação de que a estipulação do retorno ao poder concedente de todos os bens reversíveis já amortizados, quando do advento do termo final do contrato, ensejaria enriquecimento sem causa do Estado. Assinale a opção que indica o princípio que justifica tal previsão editalícia. (A) Desconcentração. (B) Imperatividade. (C) Continuidade dos Serviços Públicos. (D) Subsidiariedade Q2) (OAB/2015) O Estado X publicou edital de concurso público de provas e títulos para o cargo de analista administrativo. O edital prevê a realização de uma primeira fase, com questões objetivas, e de uma segunda fase com questões discursivas, e que os 100 (cem) candidatos mais bem classificados na primeira fase avançariam para a realização da segunda fase. No entanto, após a divulgação dos resultados da primeira fase, é publicado um edital complementar estabelecendo que os 200 (duzentos) candidatos mais bem classificados avançariam à segunda fase e prevendo uma nova forma de composição da pontuação global. Nesse caso, (A) a alteração não é válida, por ofensa ao princípio da impessoalidade, advindo da adoção de novos critérios de pontuação e da ampliação do número de candidatos na segunda fase. (B) a alteração é válida, pois a aprovação de mais candidatos na primeira fase não gera prejuízo aos candidatos e ainda permite que mais interessados realizem a prova de segunda fase. (C) a alteração não é válida, porque o edital de um concurso público não pode conter cláusulas ambíguas. (D) a alteração é válida, pois foi observada a exigência de provimento dos cargos mediante concurso público de provas e títulos. Q3) (OAB/2015) Considere a seguinte situação hipotética. O diretor-geral de determinado órgão público federal exarou despacho concessivo de aposentadoria a um servidor em cuja contagem do tempo de serviço fora utilizada certidão de tempo de contribuição do INSS, falsificada pelo próprio beneficiário. Descoberta a fraude alguns meses mais tarde, a referida autoridade tornou sem efeito o ato de aposentadoria. Na situação hipotética considerada, o princípio administrativo aplicável ao ato que tornou sem efeito o ato de aposentadoria praticado é o da (A) autotutela. (B) indisponibilidade dos bens públicos. (C) segurança jurídica. (D) razoabilidade das decisões administrativas. Q4) (CESPE - 2018 - TCE-MG - Analista de Controle Externo - Ciências Contábeis) O tribunal de contas de um estado, ao analisar as contas de determinado prefeito, verificou que houve gasto de recursos públicos com a elaboração de cartilhas escolares com nomes, símbolos e imagens que caracterizavam a promoção pessoal de autoridades públicas do município. Nessa situação, a conduta do prefeito afrontou especialmente o princípio da (A) boa-fé. (B) razoabilidade. (C) impessoalidade. (D) economicidade. (E) eficiência Q5) (FCC - 2018 - Prefeitura de Caruaru - PE - Procurador do Município) Em relação aos princípios que regem a atuação da Administração Pública, é correto afirmar que (A) em relação ao princípio da legalidade, a Administração Pública não é obrigada a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. (B) o princípio da eficiência impõe ao agente público um modo de atuar que produza resultados favoráveis à consecução dos fins a serem alcançados pelo Estado. (C) o princípio da eficiência, dada a sua natureza finalística, é prevalente em face do princípio da legalidade. (D) são aplicáveis à Administração Pública exclusivamente aqueles princípios mencionados no caput do art. 37 da Constituição da República Federativa do Brasil, que são o da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiência. (E) o princípio da publicidade decorre do direito dos administrados em ter acesso a informações de interesse particular ou coletivo e, por essa razão, não admite a existência de informações públicas sigilosas. Q6) (NC-UFPR - 2018 - Câmara de Quitandinha - PR – Advogado) O particular pode fazer tudo o que a lei não proíbe e a Administração Pública só pode fazer o que a lei determina ou autoriza. Essa afirmativa refere-se ao princípio da: (A) proporcionalidade. (B) moralidade. (C) obrigatoriedade. (D) contradição. (E) legalidade. Q7) (TRF - 3ª REGIÃO - 2018 - TRF - 3ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto) São princípios constitucionais implícitos ou reconhecidos da Administração Pública, porquanto consectários lógicos dos preceitos da Lei Maior: (A) Impessoalidade e eficiência. (B) Razoabilidade e legalidade. (C) Segurança jurídica e moralidade. (D) Prevalência do interesse público e proporcionalidade. Aula 4 Organização da Administração Pública 1- Administração pública direta e indireta Constituição Federal: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) Administração pública direta e indireta Administração Direta: União, Municípios, Estados, DF Administração Indireta: Autarquias, Fundações, Consórcios Públicos, empresas estatais executoras de serviços públicos e executoras de atividades em regime de concorrência com empresas privadas(banco do brasil e caixa econômica federal) Estrutura da Administração Pública Direta .1) Conceito legal Decreto-lei nº 200/67: Art. 4° A Administração Federal compreende: I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios Conceito da doutrina “Compreende as pessoas jurídicas políticas, isto é, União, Estados, Distrito Federal e Municípios, e órgãos que integram tais pessoas por desconcentração, sem personalidade jurídica própria, aos quais a lei confere o exercício de funções administrativas. NOHARA, Patrícia Irene. Direito administrativo. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2018 Órgão público “Órgãos Públicos: centrosde competências instituídos para o desempenho de funções estatais, através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertencem” MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 20. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995. p. 64. “O órgão não tem personalidade jurídica própria, que é da pessoa jurídica a que está integrado, seja ela da Administração Direta (como as pessoas políticas: União, Estados, Distrito Federal e Municípios) ou Indireta (autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista ou consórcios públicos). Ele é composto de funções, cargos e agentes, que podem ser alterados sem a modificação da unidade orgânica.” NOHARA, Patrícia Irene. Direito administrativo. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2018. Teoria do Orgão Publico Teoria do Mandato → Agentes públicos seriam mandatários do Estado- Ausência de vontade do Estado! Teoria da Representação→ O agente representaria o Estado como menor incapaz – O Estado tem capacidade plena. Teoria do Orgão→ O órgão seria uma unidade integrante de um organismo estatal. Teoria de Otoo Gierke Desconcentração “Serviço desconcentrado -É todo aquele que a Administração executa centralizadamente, mas o distribui entre vários órgãos da mesma entidade, para facilitar sua realização e obtenção pelos usuários”. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 20. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995. p. 64 “Descentralização é a distribuição de competências de uma para outra pessoa, física ou jurídica. Difere da desconcentração pelo fato de ser esta uma distribuição interna de competências, ou seja, uma distribuição de competências dentro da mesma pessoa jurídica” DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 31. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018 Descentralização Descentralização Territorial → Criação de Territórios Federais: com personalidade jurídica própria e delimitação geográfica Descentralização Por Serviços→ Criação de Pessoa Jurídica, com capacidade de autoadministração, patrimônio próprio, com capacidade específica (princípio da especialidade) sujeita ao controle ou tutela Desconcentração X Descentralização Desconcentração→ Delegação da competência para outro órgão da mesma pessoa jurídica de direito público Descentralização→ Delegação da competência para outra pessoa (física ou jurídica). Autarquias –Previsão Legal Código Civil: “Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: I -a União; II -os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III -os Municípios; IV -as autarquias, inclusive as associações públicas; V -as demais entidades de caráter público criadas por lei.” Características a) criação por lei; b) personalidade jurídica de direito público; c) capacidade de autoadministração; d) especialização dos fins ou atividades; e) sujeição a controle ou tutela. Especialidade de Competência “DIREITO AMBIENTAL E ADMINISTRATIVO. EDIÇÃO DE INSTRUÇÃO NORMATIVA 02/03 POR GERÊNCIA REGIONAL DO IBAMA. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA. ATO ILEGAL. RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. (...) II -Sendo atos administrativos, as instruções normativas devem preencher seus requisitos de validade, dentre eles a competência do agente para expedição da norma. .. III -Inexistindo norma expressa que confira às Gerências Regionais do IBAMA a competência para expedição de atos de caráter normativo, forçoso concluir que, ainda que se reconheça a competência do Poder Público Federal e, em especial, do Instituto para regulamentar a matéria, a expedição de atos normativos situa-se na esfera de competência de órgãos hierarquicamente superiores, e não de órgãos descentralizados (...)” (STJ. REsp 1.103. 913/PR, 1. ª T., rel. Min. Francisco Falcão, j. 17.03.2009 Agencias Reguladoras “sujeitam-se às normas constitucionais que disciplinam esse tipo de entidade; o regime especial vem definido nas respectivas leis instituidoras, dizendo respeito, em regra, (a) à maior autonomia em relação à Administração Direta, (b) à estabilidade de seus dirigentes, garantida pelo exercício de mandato fixo, que ... .. eles somente podem perder nas hipóteses expressamente previstas, afastada a possibilidade de exoneração ad nutum, e (c) ao caráter final de suas decisões, que não são passíveis de apreciação por outros órgãos ou entidades da Administração Pública.” DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Parcerias na administração pública. 7ª. ed. São Paulo: Atlas, 2009. p. 179 Conselho de Fiscalização “(...) Os conselhos de fiscalização possuem a natureza de autarquia especial, por força da interpretação dada pelo Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Adin 1.717 /DF. Contudo, seus servidores permanecem celetistas, em razão do art. 58, §3º, da Lei 9.649/98, que não foi atingido pela referida ADln. 2. Agravo regimental improvido." (STJ. AgRg no REsp 221.836/CE, 6.ª T., rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 12.06.2007). OAB ... A Ordem é um serviço público independente, categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro. A OAB não está incluída na categoria na qual se inserem essas que se tem referido como ‘autarquias especiais’ para pretender-se afirmar equ ivocada independência das hoje chamadas ‘agências’. Por não consubstanciar uma entidade da Administração Indireta, a OAB não está sujeita a controle da Administração, nem a qualquer das suas partes está vinculada. Essa não vinculação é formal e materialmente necessária (...) OAB não está voltada exclusivamente a finalidades corporativas. Possui finalidade institucional.” Imagem 22 (STF. ADI 3.026-4/DF. Pleno. Relator: Ministro Eros Grau; j. 08.06.2006). Universidades Públicas Constituição Federal: “Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão Fundações – Definição (...) pode-se definir a fundação instituída pelo Poder Público como o patrimônio, total ou parcialmente público, dotado de personalidade jurídica, de direito público ou privado, e destinado, por lei, ao desempenho de atividades do Estado na ordem social, com capacidade de autoadministração e mediante controle da Administração Pública, nos limites da lei.” DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 31. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018. Características 1. dotação patrimonial –pública ou mista 2. personalidade jurídica, pública ou privada, atribuída por lei; 3. desempenho de atividade atribuída ao Estado no âmbito social; 4. capacidade de autoadministração; 5. sujeição ao controle administrativo ou tutela por parte da Administração Direta, nos limites estabelecidos em lei Fundações- Regime Jurídico "(. .. ) 1. A distinção entre fundações públicas e privadas decorre da forma como foram criadas, da opção legal pelo regime jurídico a que se submetem, da titularidade de poderes e também da natureza dos serviços por elas prestados.(...)" STF. ADin 191, Pleno, rel. Min. Cármen Lúcia, j. 29.11.2007. Empresas Estatais – Espécies Empresas Estatais → Empresas Públicas: o capital é integralmente do Estado (Caixa Econômica Federal) → Sociedades de Economia Mista: a iniciativa privada participa do capital, mas 50% +1 das ações com direito a voto são do Estado (Banco do Brasil) Empresas Estatais- Classificação Natureza da Atividade Concessionárias de serviços públicos: Correios, CETESB, ... Exploradoras de atividades econômicas: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Empresas Estatais –Princípio da subsidiariedade Constituição Federal: “Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo,conforme definidos em lei.” “Como reflexo da liberdade humana, a liberdade de iniciativa no campo econômico mereceu acolhida nas encíclicas de caráter social, inclusive na célebre encíclica Mater et Magistra. Esta, textualmente, afirma que ‘no campo econômico, a parte principal compete à iniciativa privada dos cidadãos, quer ajam em particular, quer associados de diferentes maneiras a outros’ (...). Daí decorre que ao Estado cabe na ordem econômica posição secundária, embora ... .importante, já que sua ação deve reger-se pelo chamado "princípio da subsidiariedade" e deve ser tal que "não reprima a liberdade de iniciativa particular, mas antes a aumente, para a garantia e proteção dos direitos essenciais de cada indivíduo’”. FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de direito administrativo. 36ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 386. Empresas Estatais -Criação Constituição Federal: “Art. 37. (...) XIX -somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação;” Criadas por Lei – sem necessidade registro → • Autarquias • Fundações Públicas de Direito Público Criação por Registro –com autorização legal→ • Fundações Públicas de Direito Privado • Sociedades de Economia Mista • Empresas Públicas Criação de subsidiárias Constituição Federal: “Art. 37. (...) XX -depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;” "É dispensável a autorização legislativa para a criação de empresas subsidiárias, desde que haja previsão para esse fim na própria lei que instituiu a empresa de economia mista matriz, tendo em vista que a lei criadora é a própria medida autorizadora. Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente." Imagem 26 STF. ADin 1.649/DF, Pleno, rel. Min. Maurício Corrêa, j. 24.03.2004) Empresas Estatais -Regime jurídico Constituição Federal: Art. 173. (...) §1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre (...) II -a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários; III -licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da administração pública;” Lei n.º 13.303/2016 Estatuto das Empresas Estatais→ •Normas de governança: maior transparência e controle •Mais flexibilidade para a contratação de prestadores •Aplicável às concessionárias de serviços públicos também Consórcios Públicos –Previsão Constitucional Constituição Federal: “Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos.” (Cfe. Emenda Constitucional nº 19/1998) Consórcios Públicos -Conceito “(...) associações formadas por pessoas jurídicas políticas (União, Estados, Distrito Federal ou Municípios), com personalidade de direito público ou de direito privado, criadas mediante autorização legislativa, para a gestão associada de serviços públicos.” DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 31. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018. Espécies Espécies de Consórcios Públicos Associação Pública: “integra a Administração Indireta de todos os entes da Federação consorciados” Consórcio de direito privado: Adota a forma prevista na legislação civil -Constituição Lei n° 11.107/05 subscrição de protocolo de intenções (art. 3º) publicação na imprensa oficial (art. 4º, §5º lei promulgada por cada um dos partícipes celebração de contrato (art. 3º) Registro em Cartório de atos constitutivos –se de direito privado (art 6°, II). Integrantes Lei nº 11.107/05: Art. 1º (...) § 2º A União somente participará de consórcios públicos em que também façam parte todos os Estados em cujos territórios estejam situados os Municípios consorciados Regime jurídico Lei nº 11.107/05: Art. 6º. O consórcio público adquirirá personalidade jurídica: I –de direito público, no caso de constituir associação pública, mediante a vigência das leis de ratificação do protocolo de intenções; II –de direito privado, mediante o atendimento dos requisitos da legislação civil. §1º O consórcio público com personalidade jurídica de direito público integra a administração indireta de todos os entes da Federação consorciados. §2º No caso de se revestir de personalidade jurídica de direito privado, o consórcio público observará as normas de direito público no que concerne à realização de licitação, celebração de contratos, prestação de contas e admissão de pessoal, que será regido pela Consolidação das Leis do Trabalho -CLT. Paraestatais Conceitos Paraestatais são “as autarquias que conservam fortes laços de dependência burocrática, possuindo, em regra, cargos criados e providos como os das demais repartições do Estado, âmbito de ação coincidente com o do território do Estado e participando amplamente do jus imperii”. CRETELLA JÚNIOR, José. Curso de direito administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 1986. p. 140-141 ... as entidades paraestatais são definidas como pessoas jurídicas de direito privado, instituídas por particulares, com ou sem autorização legislativa, para o desempenho de atividades privadas de interesse público, mediante fomento e controle pelo Estado.” DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 31. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018. Paraestatais Conceito Antigo - Paraestatais = Autarquias Conceito Atual- Paraestatais são entes privados fora do estado no exercício de atividades sociais Organizações Sociais e Terceiro Setor 1º Setor - público ou estatal 2º Setor - privado ou mercado intuito lucrativo 3º Setor constituído pela sociedade civil, mas sem fins lucrativos Organizações Sociais e Terceiro Setor Entes de colaboração: Organizações Sociais (OS) e Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). Paraestatais: corporações profissionais e serviços sociais autônomos. Organizações da Sociedade Civil: ONGs Organizações Sociais (OS) Lei n.º 9.637/1998: Art. 1º O Poder Executivo poderá qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos nesta Lei. Lei n.º 9.637/1998: Art. 5º Para os efeitos desta Lei, entende-se por contrato de gestão o instrumento firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como organização social, com vistas à formação de parceria entre as partes para fomento e execução de atividades relativas às áreas relacionadas no art. 1º Lei n.º 9.637/1998: Art. 7º Na elaboração do contrato de gestão, devem ser observados os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e, também, os seguintes preceitos: (...) Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) 1º Setor. → público ou estatal 2º Setor→ privado ou mercado intuito lucrativo 3º Setor → constituído pela sociedade civil, mas sem fins lucrativos Serviços sociais autônomos -Sistema S “ (...) serviços instituídos por lei, com personalidadejurídica de direito privado, para ministrar assistência ou ensino a certas categorias sociais ou grupos profissionais, sem fins lucrativos, sendo mantidos por dotações orçamentárias ou por contribuições parafiscais.” NOHARA, Patrícia Irene. Direito administrativo. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2018. Serviços sociais autônomos -Sistema S • Serviço Social do Comércio (Sesc); • Serviço Social da Indústria (Sesi); • Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai); • Serviço Social de Aprendizagem Comercial (Senac); • Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae); • Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar); • Serviço Social do Transporte (Sest); e • Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat). Não integram a Administração Indireta Sujeitos a regras publicísticas: Princípios da licitação Exigência de processo seletivo para a contratação de pessoal Prestação de contas “Os serviços sociais autônomos, por possuírem natureza jurídica de direito privado e não integrarem a Administração Pública, mesmo que desempenhem atividade de interesse público em cooperação com o ente estatal, não estão sujeitos à observância da regra de concurso público (CF, art. 37, II) para contratação de seu pessoal.” STF. RE 789874/DF, Rel. Min. Teori Zavaski, j. 17.9.2014. Questões Q1) (CESPE - 2018 - SEFAZ-RS - Técnico Tributário da Receita Estadual - Prova 2) As agências reguladoras, pessoas jurídicas de direito público interno cuja finalidade é regular e fiscalizar a atividade de determinado setor da economia do país, são criadas a partir do processo de (A)concessão. (B)descentralização. (C)desconcentração. (D)autorização. (E)permissão Q2) (OAB/2015) Após autorização em lei, o Estado X constituiu empresa pública para atuação no setor bancário e creditício. Por não possuir, ainda, quadro de pessoal, foi iniciado concurso público com vistas à seleção de 150 empregados, entre economistas, administradores e advogados. A respeito da situação descrita, assinale a afirmativa correta. (A)Não é possível a constituição de empresa pública para exploração direta de atividade econômica pelo Estado. (B)A lei que autorizou a instituição da empresa pública é, obrigatoriamente, uma lei complementar, por exigência do texto constitucional. (C) Após a Constituição de 1988, cabe às empresas públicas a prestação de serviços públicos e às sociedades de economia mista cabe a exploração de atividade econômica. (D) A empresa pública que explora atividade econômica sujeita-se ao regime trabalhista próprio das empresas privadas, o que não afasta a exigência de concurso público. Q3) (OAB/2017) No ano corrente, a União decidiu criar uma nova empresa pública, para a realização de atividades de relevante interesse econômico. Para tanto, fez editar a respectiva lei autorizativa e promoveu a inscrição dos respectivos atos constitutivos no registro competente. Após a devida estruturação, tal entidade administrativa está em vias de iniciar suas atividades. Acerca dessa situação hipotética, na qualidade de advogado assinale a afirmativa correta. (A) A participação de outras pessoas de direito público interno, na constituição do capital social da entidade administrativa, é permitida, desde que a maioria do capital votante permaneça em propriedade da União. (B) A União não poderia ter promovido a inscrição dos atos constitutivos no registro competente, na medida em que a criação de tal entidade administrativa decorre diretamente da lei. (C) A entidade administrativa em análise constitui uma pessoa jurídica de direito público, que não poderá contar com privilégios fiscais e trabalhistas. (D)Os contratos com terceiros destinados à prestação de serviços para a entidade administrativa, em regra, não precisam ser precedidos de licitação. Q4) (OAB/2018) A organização religiosa Tenha fé, além dos fins exclusivamente religiosos, também se dedica a atividades de interesse público, notadamente à educação e à socialização de crianças em situação de risco. Ela não está qualificada como Organização Social (OS), nem como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), mas pretende obter verbas da União para a promoção de projetos incluídos no plano de Governo Federal, propostos pela própria Administração Pública. Sobre a pretensão da organização religiosa Tenha fé, assinale a afirmativa correta. (A) Por ser uma organização religiosa, Tenha fé não poderá receber verbas da União. (B)A transferência de verbas da União para a organização religiosa Tenha fé somente poderá ser formalizada por meio de contrato administrativo, mediante a realização de licitação na modalidade e concorrência. (C) Para receber verbas da União para a finalidade em apreço, a organização religiosa Tenha fé deverá qualificar se como OS ou OSCIP. (D) Uma vez selecionada por meio de chamamento público, a organização religiosa Tenha fé poderá obter a transferência de recursos da União por meio de termo de colaboração. Q5) (OAB/2017) O Estado Alfa, mediante a respectiva autorização legislativa, constituiu uma sociedade de economia mista para o desenvolvimento de certa atividade econômica de relevante interesse coletivo. Acerca do Regime de Pessoal de tal entidade, integrante da Administração Indireta, assinale a afirmativa correta. (A) Por se tratar de entidade administrativa que realiza atividade econômica, não será necessária a realização de concurso público para a admissão de pessoal, bastando processo seletivo simplificado, mediante análise de currículo. (B)É imprescindível a realização de concurso público para o provimento de cargos e empregos em tal entidade administrativa, certo que os servidores ou empregados regularmente nomeados poderão alcançar a estabilidade mediante o preenchimen to dos requisitos estabelecidos na Constituição da República. (C) Deve ser realizado concurso público para a contratação de pessoal portal entidade administrativa, e a remuneração a ser paga aos respectivos empregados não pode ultrapassar o teto remuneratório estabelecido na Constituição da República, caso sejam recebidos recursos do Estado Alfa para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral. (D)A entidade administrativa poderá optar entre o regime estatutário e o regime de emprego público para a admissão de pessoal, mas, em qualquer dos casos, deverá realizar concurso público para a seleção de pessoal. Q6) (OAB/2017) A Associação Delta se dedica à promoção do voluntariado e foi qualificada como Organização da Sociedade Civil sem fins lucrativos – OSCIP, após o que formalizou termo de parceria com a União, por meio do qual recebeu recursos que aplicou integralmente na realização de suas atividades, inclusive na aquisição de um imóvel, que passou a ser a sede da entidade .Com base nessa situação hipotética ,assinale a afirmativa correta. (A) A Associação não poderia ter sido qualificada como OSCIP, considerando que o seu objeto é a promoção do voluntariado. (B) A qualificação como OSCIP é ato discricionário da Administração Pública, que poderia indeferi-lo, mesmo que preenchidos os requisitos legais. (C) A qualificação como OSCIP não autoriza o recebimento de recursos financeiros por meio de termo de parceria, mas somente mediante contrato de gestão. (D) A Associação não tem liberdade para alienar livremente os bens adquiridos com recursos públicos provenientes de termo de parceria. Q7)(OAB/2016)A sociedade “Limpa tudo” S/A é empresa pública estadual destinada à prestação de serviços públicos de competência do respectivo ente federativo. Tal entidade administrativa foi condenada em vultosa quantia em dinheiro, por sentença transitada em julgado, em fase de cumprimento de sentença. Para que se cumpra o título condenatório, considerar-se-á que os bens da empresa pública são (A)impenhoráveis, certo que são bens públicos,de acordo com o ordenamento jurídico pátrio. (B) privados, de modo que, em qualquer caso, estão sujeitos à penhora. (C)privados, mas, se necessários à prestação de serviços públicos, não podem ser penhorados. (D) privados, mas são impenhoráveis em decorrência da submissão ao regime de precatórios. Q8) (OAB/2016) O Estado X e os Municípios A, B e C subscreveram protocolo de intenções para a constituição de um consórcio com personalidade jurídica de direito privado para atuação na coleta, descarte e reciclagem de lixo produzido no limite territorial daqueles municípios. Com base no caso apresentado, assinale a afirmativa correta. (A)Por se tratar de consórcio a ser constituído entre entes de hierarquias diversas, a saber, Estado e Municípios, é obrigatória a participação da União. (B) O consórcio de direito privado a ser constituído pelo Estado e pelos Municípios não está alcançado pela exigência de prévia licitação para os contratos que vier a celebrar. (C) O consórcio entre o Estado e os Municípios será constituído por contrato e adquirirá personalidade jurídica mediante o atendimento dos requisitos da legislação civil. (D) Por se tratar de consórcio para atuação em área de relevante interesse coletivo, não se admite que seja constituído com personalidade de direito privado. Aula 5 Agente Público Agente público → Toda pessoa física que presta serviços ao Estado e às pessoas jurídicas da administração indireta. Expressão usada nos arts. 5º, LXIX, e 37, §6º, da CF. Servidor público→ ) sentido amplo: todas as pessoas físicas que prestam serviço ao Estado e às entidades da administração indireta, com vínculo empregatício Sentido menos amplo: exclui os que prestam serviços às entidades da Administração indireta com personalidade de direito privado. Agente políticos Exercem típicas atividades de governo e exercem mandato para o qual são eleitos: Chefes dos Poderes Executivo federal, estadual e municipal, Senadores, Deputados Federais e Estaduais, Vereadores, além dos Ministros e Secretários de Estados e Municípios, que ocupam cargos em comissão para os quais são nomeados. ... Tendência a considerar os membros da Magistratura e do Ministério Público como agentes políticos, pelo tipo de função que exercem. Rol maior de agentes políticos para fins de responsabilidade política: art. 29-A, § 2º e 3º, 52, I e II, 102, I, 105, I, a, e 108, I, a, da CF.” DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 31. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018. Servidores públicos estatutários “sujeitos ao regime estatutário (definido em lei de cada ente federativo) e ocupantes de cargos públicos; possuem esse regime, por força da Constituição: membros da Magistratura, do Ministério Público, do Tribunal de Contas, da Advocacia Pública e da Defensoria Pública, servidores que trabalham em serviços auxiliares da justiça, os que exercem atividades exclusivas de Estado” Empregados públicos São contratados pelo regime jurídico de direito privado da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), mas com particularidades da Constituição Federal e da Lei nº 9.962/2000 (na esfera federal): • exigência de lei para criação de empregos • concurso público; • certa estabilidade. Lei n.º 9.962/2000: “Art. 3º O contrato de trabalho por prazo indeterminado somente será rescindido por ato unilateral da Administração pública nas seguintes hipóteses: I –prática de falta grave, dentre as enumeradas no art. 482 da Consolidação das Leis do Trabalho –CLT; II –acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas; III –necessidade de redução de quadro de pessoal, por excesso de despesa, nos termos da lei complementar a que se refere o art. 169 da Constituição Federal; IV –insuficiência de desempenho, apurada em procedimento (...)”. CF: Art. 37. (...) IX -a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;”. Empregados temporários Lei 8745/1993: “Art. 1º Para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, os órgãos da Administração Federal direta, as autarquias e as fundações públicas poderão efetuar contratação de pessoal por tempo determinado, nas condições e prazos previstos nesta Lei.” Militares Prestam serviços às Forças Armadas: • Marinha, Exército e Aeronáutica (CF art. 142, §3º) • Polícias Militares • Corpos de Bombeiros Militares dos Estados • Distrito Federal e dos Territórios (art. 42) Regime jurídico próprio: Lei nº 6.880/1980 Vínculo estatutário Art. 142. (...) §3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se- lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes disposições: I -as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da República e asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ... ... ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os demais membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas; (...) IV -ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; (...) X -a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situações especiais dos militares, consideradas as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de compromissos internacionais e de guerra.” Particulares em colaboração Pessoas físicas que prestam serviços ao Estado, sem vínculo empregatício, com ou sem remuneração: i) delegação do Poder Público: empregados das concessionárias e permissionárias prestam serviços notariais e de registro (CF art. 236 ii) requisição, nomeação ou designação (jurados, convocados para serviço militar ou eleitoral, comissários de menores) iii) gestão de negócios (espontaneamente assumem função pública em momento de emergência, como epidemia, incêndio, enchente etc.). Termologia da Constituição Federal Cargo→ “Unidade de atribuições, criada por lei, com denominação e remuneração próprias; ocupado por servidor estatutário” Emprego→ “Unidade de atribuições, criada por lei, com denominação e remuneração próprias; ocupado por servidor celetista;” Função→ “conjunto de atribuições exercidas por: (i) servidores contratados temporariamente com fundamento no art. 37, IX, da CF, e (ii) servidores em função de chefia, direção, assessoramento ou outro tipo de atividade para a qual o legislador não cria o cargo respectivo (em geral, funções de confiança ou cargos em comissão, previstos no art. 37, V, da CF).” Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas. Emenda Constitucional n.º 19/1998: Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes. STF – ADIN - Medida Cautelar: Declarou inconstitucionalidade formal: por falta de quórum; restabelecimento da regra do regime jurídico único. (...) REGIME JURÍDICO ÚNICO. PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO, DURANTE A ATIVIDADE CONSTITUINTE DERIVADA, DA FIGURA DO CONTRATO DE EMPREGO PÚBLICO. INOVAÇÃO QUE NÃO OBTEVE A APROVAÇÃO DA MAIORIA DE TRÊS QUINTOS DOS MEMBROS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS QUANDO DA APRECIAÇÃO, EM PRIMEIRO TURNO, DO DESTAQUE PARA VOTAÇÃO EM SEPARADO (DVS) Nº 9. (...) ...) 3. Pedido de medida cautelar deferido, dessa forma, quanto ao caput do art. 39 da Constituição Federal, ressalvando-se, em decorrência dos efeitos ex nunc da decisão,a subsistência, até o julgamento definitivo da ação, da validade dos atos anteriormente praticados com base ... .. em legislações eventualmente editadas durante a vigência do dispositivo ora suspenso. (...). 6. Pedido de medida cautelar parcialmente deferido.” (STF. Pleno. ADIN 2.135/DF – MC. Rel. Min. Min. Ellen Gracie. J. 02/08/2007.) Estrangeiros CF: “Art. 37. (...) I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação dada pela EC nº 19, de 1998 CF: “Art. 37. (...) Concurso Público- Tratamento Constitucional II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período; IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira; (...) VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão; Concurso Público- Súmulas Súmula 684 do STF: "É inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato a concurso público." Súmula 683 do STF: "O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º , XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido." úmula 686 do STF: "Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público." Súmula 266 do STJ: "O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso público.” Concurso Público - Limitação de idade "Agravo regimental. Concurso público. Lei 7.289/1984 do Distrito Federal. Limitação de idade apenas em edital. Impossibilidade. A fixação do limite de idade via edital não tem o condão de suprir a exigência constitucional de que tal requisito seja estabelecido por lei. Agravo regimental a que se nega provimento" (STF. AgRg no RE 559.823/DF, 2.ªT., rel. Min. Joaquim Barbosa, j. 27.11.2007). Concurso Público - Revisão Judicial "Concurso público: controle jurisdicional admissível, quando não se cuida de aferir da correção dos critérios da banca examinadora, na formulação das questões ou na avaliação das respostas, mas apenas de verificar que as questões formuladas não se continham no programa do certame, dado que o edital - nele incluído o programa - é a lei do concurso" (STF. AgRg no RE 526.600/SP, 1. ª T., rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 12.06.2007, D]e 03.08.2007 "Concurso público: controle jurisdicional admissível, quando não se cuida de aferir da correção dos critérios da banca examinadora, na formulação das questões ou na avaliação das respostas, mas apenas de verificar que as questões formuladas não se continham no programa do certame, dado que o edital - nele incluído o programa - é a lei do concurso" (STF. AgRg no RE 526.600/SP, 1. ª T., rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 12.06.2007, D]e 03.08.2007). Concurso Público - Psicotécnico "É pacífico nesta Corte Superior o entendimento segundo o qual a realização de exames psicotécnicos em concursos públicos é legítima, desde que (i) haja previsão legal e editalícia para tanto, (ii) os critérios adotados para a avaliação sejam objetivos e (iii) caiba a interposição de recurso contra o resultado, que deve ser, pois, público." (STJ. REsp 1.221.968/DF, 2.ª T., rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 22.02.2011.) Concurso Público -Direito de nomeação "Dentro do prazo de validade do concurso, a Administração poderá escolher o momento no qual se realizará a nomeação, mas não poderá dispor sobre a própria nomeação, a qual, de acordo com o edital, passa a constituir um direito do concursando aprovado e, dessa forma, um dever imposto ao poder público. Uma vez publicado o edital do concurso com número especifico de vagas, o ato da Administração que declara os ... “...candidatos aprovados no certame cria um dever de nomeação para a própria Administração e, portanto, um direito à nomeação titula rizado pelo candidato aprovado dentro desse número de vagas. ( ... ) Para justificar o excepcionalíssimo não cumprimento do dever de nomeação por parte da Administração Pública, é necessário que a situação justificadora seja dotada das seguintes características: ...) a) Superveniência (...); b) Imprevisibilidade(...); c) Gravidade (...); d) Necessidade ( ... ).” (STF. RE 598.099/MS, Pleno, rel. Min. Gilmar Mendes, j. 10.08.2011). Direito de Greve – Tratamento Constitucional “Art. 37. (...) VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica;” (Redação dada pela EC nº 19/1998) Direito de Greve - STF Primeiro posicionamento: Aplicação da Lei nº 7.783, de 28-6-89 (relativa ao direito de greve do trabalhador) aos servidores públicos, até que suprida a omissão legislativa. STF. (MI 20. rel. Min. Celso de Mello, DJ 22.11.1996) Segundo posicionamento: Abrandamento posterior da tese: o direito de greve deve ser restringido nas atividades relacionadas à manutenção da ordem pública. Impossibilidade de negociação coletiva no serviço público. (MI 712 e 670) Sindicalização – Tratamento Constitucional Art. 37. (...) VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical;” norma de eficácia plena Responsabilidade Civil do Agente Dano causado ao Estado → Apurado e imposto pela própria administração. Possibilidade de desconto em folha (Lei nº 8.112/90, art. 46) –resistência do STF Dano causado a terceiros → Estado responde perante o terceiro. Ação regressiva(CF art. 37, §6º) Prescrição em 5 anos (Lei nº 9.494/97) Responsabilidade administrativa Lei 8112/1990: “Art. 127. São penalidades disciplinares I- advertência II -suspensão; III -demissão; IV -cassação de aposentadoria ou disponibilidade; V -destituição de cargo em comissão; VI -destituição de função comissionada.” Lei 8112/1990: “Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes funcionais.” Responsabilidade - Comunicabilidade de instâncias Código Civil: “Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.” Perda da condição “Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. § 1º O servidor público estável só perderá o cargo: I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.” Questões Q1) (OAB/2019) Os analistas de infraestrutura de determinado Ministério, ocupantes de cargo efetivo, pleiteiam há algum tempo uma completa reestruturação da carreira, com o aumento de cargos e de remunerações. Recentemente, a negociação com o Governo Federal esfriou dado o cenário de crise fiscal severa. Para forçar a retomada das negociações, a categoria profissionaldecidiu entrar em greve, mantendo em funcionamento apenas os serviços essenciais. Com base na hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. (A) Compete à Justiça Federal – e não à Justiça do Trabalho – julgar a abusividade do direito de greve dos analistas de infraestrutura. (B) A Administração Pública não poderá, em nenhuma hipótese, fazer o desconto dos dias não trabalhados em decorrência do exercício do direito de greve pelos servidores públicos civis. (C) O direito de greve dos servidores públicos civis não está regulamentado em lei, o que impede o exercício de tal direito. (D)O direito de greve é constitucionalmente assegurado a todas as categorias profissionais, incluindo os militares das Forças Armadas, os policiais militares e os bombeiros militares. Q2) (OAB/2018) João foi aprovado em concurso público para ocupar um cargo federal. Depois de nomeado, tomou posse e entrou em exercício imediatamente. Porém, em razão da sua baixa produtividade, o órgão ao qual João estava vinculado entendeu que o servidor não satisfez as condições do estágio probatório. Considerando o Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União, à luz do caso narrado, assinale a afirmativa correta. (A) A Administração Pública deve exonerar João, após o devido processo legal, visto que ele não mostrou aptidão e capacidade para o exercício do cargo. (B) A Administração Pública deve demitir João, solução prevista em lei para os casos de inaptidão no estágio probatório. (C) João deve ser redistribuído para outro órgão ou outra entidade do mesmo Poder, a fim de que possa desempenhar suas atribuições em outro local. (D) João deve ser readaptado em cargo de atribuições afins. Q3)(OAB2019)Sávio, servidor público federal, frustrado com a ineficiência da repartição em que trabalha, passou a faltar ao serviço. A Administração Pública, após constatar que Sávio acumulou sessenta dias de ausência nos últimos doze meses, instaurou processo administrativo disciplinar para apura a conduta do referido servidor. Tendo como premissa esse caso concreto, assinale a afirmativa correta. (A)O processo administrativo disciplinar será submetido a um procedimento sumário, mais simples e célere, composto pelas fases da instauração, da instrução sumária - que compreende a indiciação, a defesa e o relatório-e do julgamento. (B) A inassiduidade habitual configura hipótese de demissão do serviço público, ficando Sávio impedido de nova investidura em cargo público federal pelo prazo de cinco anos, a contar do julgamento. (C) Na hipótese de ser imputada a pena de demissão a Sávio, é lícito à Administração Pública exigir depósito de dinheiro como requisito de admissibilidade do recurso administrativo, até mesmo como forma de ressarcir os custos adicionais que o poder público terá com o processamento do apelo. (D)A falta de advogado constituído por Sávio no processo administrativo é causa de nulidade, tendo em vista que a ausência de defesa técnica prejudica o exercício da ampla defesa por parte do servidor arrolado.
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