Buscar

Regime de Bens do Casamento - Ana Barbuda -AULA 10

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

*
Casamento: Regime de Bens
*
Conceito
“Regime de bens é o conjunto que disciplina as relações econômicas dos cônjuges, quer entre si, quer no tocante a terceiros, durante o casamento. Regula especialmente o domínio e a administração de ambos ou de cada um sobre os bens anteriores e os adquiridos na constância da união.” (Carlos Roberto Gonçalves)
*
Disposições gerais
É uma das consequências jurídicas do casamento, tanto que na omissão dos nubentes, a lei lhes impõe um regime (comunhão parcial).
É possível escolher qualquer dos regimes previstos em lei, bem como mesclá-los ou estipular outra cláusulas, através de pacto antenupcial, desde que não contrariem disposição expressa de lei. (art. 1.639 c/ 1.655 CC)
*
O regime de bens começa a vigorar a partir da celebração do casamento. (art. 1.639, §1º, CC).
Tendo em vista clara disposição legal, o CC de 1916 será aplicado aos casamentos celebrados durante sua vigência, quanto ao regime de bens:
CC 2002: Art. 2.039. O regime de bens nos casamentos celebrados na vigência do Código Civil anterior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916, é o por ele estabelecido. 
*
Dos regimes previstos
Comunhão universal
Comunhão parcial
Separação total obrigatória
Separação total convencional
Participação final nos aquestos
Forma mista ou alternativa via pacto antenupcial
*
Princípios aplicáveis
Comunicabilidade
Mutabilidade motivada
Liberdade
*
Princípio da Liberdade – livre escolha
Poderão os nubentes, no processo de habilitação, optar por qualquer dos regimes regulados em lei. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pela comunhão parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por escritura pública, nas demais escolhas. (§ único do art. 1.640 CC)
*
Exceção ao princípio da livre escolha:
Regime obrigatório da separação de bens do art. 1.641 CC:
Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:
I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento;
II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.344, de 2010)
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.
*
Princípio da Comunicabilidade
Exceções: 
Livros e instrumentos de profissão (arts. 1.668, V, e 1.659, V, CC)
Os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge e as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes (arts. 1.668, VI e VII, e 1.659, V, CC).
*
Princípio da Mutabilidade motivada
A imutabilidade era a regra do CC de 1916.
Na atual legislação, permite-se a alteração, mediante autorização, desde que requerida por ambos os cônjuges, motivando suas razões e ressalvados os direitos de terceiros. (art. 1.639 CC)
*
Da administração e disposição dos bens
“Qualquer que seja o regime, dispõem os cônjuges de relativa autonomia na administração, manutenção e conservação do seu patrimônio.” (Maria Berenice Dias)
*
Atos que não exigem a anuência do outro cônjuge (art. 1.642)
Atos de disposição e de administração necessários ao desempenho de sua profissão;
Atos de gestão dos bens próprios;
Desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido gravados ou alienados sem o seu consentimento ou sem suprimento judicial;
Demandar a rescisão dos contratos de fiança e doação, ou a invalidação do aval, realizados pelo outro cônjuge com infração do disposto nos incisos III e IV do art. 1.647;
Reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo outro cônjuge ao concubino, desde que provado que os bens não foram adquiridos pelo esforço comum destes, se o casal estiver separado de fato por mais de cinco anos;
Demais atos que não lhes forem vedados expressamente.
*
Atos que exigem a participação do outro cônjuge (art. 1.647)
Alienar ou gravar com ônus real bem imóvel (art. 1.647, I, CC)
Pleitear,como autor ou réu, sobre tais bens ou direitos
Prestar fiança ou aval
Fazer doação de bens comuns, ou dos possam integrar futura meação.
*
Suprimento da autorização judicial
Cabe ao juiz suprir a outorga, quando um dos cônjuges a denegue sem motivo justo, ou lhe seja impossível concedê-la. (Art. 1.648 CC)
A falta de autorização ou suprimento judicial tornará anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal. (Art. 1.649 CC).
Assim, só o cônjuge prejudicado, ou seus herdeiros, pode propor a ação anulatória (art. 1.650 CC).
Por fim, a aprovação posterior torna válido o ato, desde que feita por instrumento público, ou particular, autenticado. (art. 1.649, § único)
*
Pacto antenupcial (arts. 1.639, 1.653 a 1.657 CC)
É feito por escritura pública.
Só tem validade após a celebração do casamento.
Nubentes menores podem realizá-lo, mediante aprovação de seu representante legal.
Para ter efeito perante terceiros deve ser registrado, em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges.
*
Regime da Comunhão Parcial
É o regime legal, quando os nubentes não optam pelos demais, ou quando o pacto antenupcial é nulo ou ineficaz. (art. 1.640 CC)
*
Bens e obrigações que não se comunicam – art. 1.659:
os bens particulares , ou seja, os que cada cônjuge possuía ao casar;
Os recebidos por doação ou sucessão; 
os sub-rogados em lugar destes;
as obrigações anteriores ao casamento;
as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal;
*
os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;
os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
*
No caso de bens móveis, há presunção que foram adquiridos na constância da união, e por isso se comunicam.
A questão do FGTS e indenizações trabalhistas.
*
Regime de Separação Obrigatória de Bens (art. 1.641 CC)
Ocorre nos seguintes casos:
I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento;
II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.344, de 2010)
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.
*
Súmula 377 do STF: No regime de separação legal de bens comunicam-se os adquiridos na constância do casamento.
*
Regime da Comunhão Universal
Como se trata de regime facultativo, é necessário que conste de pacto antenupcial.
O regime de comunhão universal importa a comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, com algumas exceções (Art. 1.667 CC) .
Estabelece-se a mancomunhão.
*
“ocorre uma fusão entre os acervos trazidos para o matrimônio por qualquer dos nubentes, formando uma única universalidade, à qual se agrega tudo o que for adquirido, na constância do enlace conjugal, por qualquer dos cônjuges, a título oneroso, por doação ou herança. Os patrimônios se fundem em um só.” (Maria Berenice Dias)
*
Bens e dívidas que não se comunicam – art. 1.668:
os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar;
os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva;
 as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum;
*
as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade;
Proventos do trabalho pessoal, pensões, mios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes;
Livros e instrumentos de profissão
*
Art. 1.671. Extinta a comunhão, e efetuada a divisão do ativo e do passivo, cessará a responsabilidade de cada um dos cônjuges para com os credores do outro.
*
Regime de Separação Convencional de Bens
Art. 1.687. Estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob a administração exclusiva de cada um dos cônjuges, que os poderá livremente alienar ou gravar
de ônus real.
Art. 1.688. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na proporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto antenupcial.
*
Regime de participação final nos aquestos
É um regime misto, mesclando normas dos demais regimes.
Tem regulação complexa e muito criticada pela doutrina.
A comunhão de bens só existirá em caso de dissolução do casamento.
*
Com a dissolução, “casa conjuge faz jus à metade dos bens comuns (acervo amealhado em conjunto pelo casal) e mais à metade do valor do patrimônio próprio (adquirido pelo outro durante o casamento). Apurado o montante do patrimônio próprio de cada conjuge, os valores são compensados e divididos entre o par.” (Maria Berenice Dias)
*
Para alienação de bens imóveis particulares é necessária a outorga uxória, a não ser que haja clara disposição em contrário no pacto antenupcial (art. 1.656 CC).
Livre disposição de bens móveis
*
Art. 1.674. Sobrevindo a dissolução da sociedade conjugal, apurar-se-á o montante dos aqüestos, excluindo-se da soma dos patrimônios próprios:
I - os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar se sub-rogaram;
II - os que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou liberalidade;
III - as dívidas relativas a esses bens.
Parágrafo único. Salvo prova em contrário, presumem-se adquiridos durante o casamento os bens móveis.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais