Buscar

Controle Concentrado

Prévia do material em texto

Lei n° 9.868/99- Dispõe sobre o processo de julgamento da ação direta de inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade perante o supremo tribunal.
Nela se permitiu, de forma expressa, pela primeira vez, a atenuação da teoria da nulidade do ato inconst., admitindo-se, por exceção, que a declaração de inconstitucionalidade não retroagisse ao inicio da vigência da lei.
Art. 27: Ao declarar a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo, tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o STF, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.
Com efeito , houve uma flexibilização do dogma da nulidade que , apesar dos conflitos doutrinários, foi saudada por juristas que nela viram a concessão de uma “margem de manobra” para o judiciário ponderar interesses em disputa. A inovação tem sido usada com moderação e prudência pelo STF, em hipóteses raras e excepcionais, que não provocaram maior reação. 
AÇÕES DO CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE genérica
É o controle de constitucionalidade de ato normativo em tese, abstrato, marcado pela generalidade, impessoalidade e abstração. (não ocorre em um caso concreto, não há partes, não se presta à tutela de direitos subjetivos, em situações jurídicas individuais). 
Ao contrário da via de exceção ou defesa, pela qual o controle difuso se verificava em casos concretos e incidentalmente ao objeto principal da lide, no controle concentrado a representação de inconstitucionalidade, em virtude de ser em relação a um ato normativo em tese, tem por objeto principal a declaração de inconstitucionalidade da lei ou ato normativo impugnado, buscando saber se a lei é inconst. ou não, manifestando-se o Judiciário de forma específica sobre o aludido objeto. Tem por objeto a própria questão da inconst., buscando-se a sua invalidação.
O objeto do instrumento processual é a lei ou ato normativo que se mostrarem incompatíveis com o sistema. Leis: Art. 59 – emendas , leis complementares e ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções.
Atos Normativos: Resoluções Administrativas dos tribunais, atos estatais de conteúdo meramente derrogatório, como as resoluções administrativas, desde que incidam sobre atos de caráter normativo. (atos de indiscutível caráter normativo).
Podem ser objeto de controle: as deliberações administrativas dos órgãos judiciários, as deliberações dos Tribunais Regionais do Trabalho judiciários, resolução do conselho internacional de preços.
Só são objetos de controle perante o STF leis e atos normativos federais ou estaduais. Súmula de jurisprudência não possui grau de normatividade qualificada, não podendo, ser questionada perante o STF por meio de controle concentrado.
A Súmula Vinculante, aprovada mediante dois terços dos membros do stf e publicada na imprensa oficial, gera efeitos nos demais órgãos do judiciário de à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. Não aceita a técnica de controle de const., mas pode passar por um procedimento de revisão, aprovação ou cancelamento.
Emendas são a manifestação do poder constituinte derivado reformador
Não se pode estender a declaração de inconst. a dispositivos que não tenham sido impugnados, ainda que os fundamentos sejam os mesmos.
Competência: Supremo Tribunal Federal
O controle abstrato e concentrado no âmbito dos estados, tem previsão na constituição a possibilidade da instituição de uma representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais e municipais, em face da constituição estadual. Perante o Tribunal de Justiça. Assim a decisão do supremo vincula o tribunal de justiça estadual, mas não o contrário. 
Cabe controle de lei municipal em face da const. Estadual? O controle da lei municipal de dará perante a const. Federal, feito pelo tribunal de justiça. No entanto , o stf afirmou a possibilidade jurídica da representação de inconst. nesses casos, ressalvando, contudo , o cabimento de recurso extraordinário. Reservou para si o poder de verificar se a interpretação dada a norma constitucional estadual contraria o sentido de alcance da CF.
Não podem ser objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade:
 a) as súmulas de jurisprudência, pois não possuem o grau de normatividade qualificada (obrigatoriedade);
b) regulamentos de execução ou decreto (ato normativo do Executivo), pois não têm autonomia - trata-se de questão de legalidade e não de constitucionalidade;
c) Norma decorrente de poder constituinte originário; 
d) lei municipal, pois a Constituição Federal só previu para federal e estadual;
e) lei distrital: O Distrito Federal acumula a competência dos Estados e Municípios, assim se tratar de matéria municipal não será objeto de ADIN, mas se, tratar de matéria estadual será objeto de ADIN. Ex: lei distrital tributária tratava na primeira parte de ICMS e na segunda de ISS, só a primeira parte é objeto de ADIN.
Todavia no caso de regulamento ou decreto autônomo será objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade, podendo, até mesmo, ser objeto de controle repressivo no Poder Legislativo, quando importar em abuso de poder regulamentar.
 Legitimados: Os legitimados para a propositura da Ação Direta de Inconstitucionalidade genérica visando o questionamento da constitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual contestados em face da própria Constituição Federal são aqueles definidos no artigo 103, incisos I a IX da Constituição Federal, a saber:
a) o Presidente da República;
b) a Mesa do Senado Federal; 
c) a Mesa da Câmara dos Deputados; 
d) a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; 
e) o Governador de Estado ou do Distrito Federal; 
f) o Procurador-Geral da República; 
g) o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
h) partido político com representação no Congresso Nacional; 
i) confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. 
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal classifica os legitimados para a propositura da Ação Direta de Inconstitucionalidade em legitimados universais e legitimados interessados ou especiais. Os legitimados universais tem legitimação ativa universal, ou seja, não precisam demonstrar pertinência temática ao que será a questão da Ação Direta de Inconstitucionalidade. Os legitimados interessados ou especiais de acordo com o Supremo Tribunal Federal, são órgãos e entidades cuja atuação é restrita às questões que repercutem diretamente sobre sua esfera jurídica ou de seus filiados e em relação às quais possam atuar com representatividade adequada.
Como legitimados universais: a) Presidente da República; b) a Mesa do Senado Federal; c) a Mesa da Câmara dos Deputados, d) o Procurador-Geral da República; e) o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; f) partido político com representação no Congresso Nacional.
Como legitimados interessados ou especiais – a) Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal, b) o Governador de Estado ou do Distrito Federal, c) confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. 
Cumpre Ressaltar que a Mesa do Congresso Nacional (artigo 57§5º da CF/88) não tem legitimidade para a propositura da Ação Direta de Inconstitucionalidade. 
Obs: Pertinência Temática e Interesse em agir: a norma contestada deverá repercutir direta ou indiretamente sobre a atividade profissional ou econômica.
O texto do artigo 102 exclui as normas municipais enquanto objeto de ADI, por tal razão a jurisprudência do STF se pronunciou no sentido de descabimento do controle pro ADI para lei ou ato normativo municipal em face da CF, e veda também que a Constituição estadual atribui ao Tribunal de Justiça a competência para processar e julgar representação de inconst. destes,para não usurpar uma competência do STF.
A ADI também não cabe contra ato normativo em fase de formação, como PEC’s ou projetos de lei em tramitação.
Nem contra a súmula, devido o seu caráter jurisprudencial de determinados tribunais acerca de temas controvertidos, não havendo caráter normativo.
De modo geral, excluem-se os atos normativos secundários, os de efeitos concretos, os anteriores à Const. Ou já revogados, os que ainda estejam em processo de formação e os que não tem suficiente grau de normatividade.
Obs: Há casos onde a cumulação é inevitável como quando as duas normas tenham o mesmo fundamento material ou quando uma das normas tenha o seu fundamento na outra. (inconst. por arrastamento).
Procedimento: Os legitimados à propositura da ação redigirão petição inicial, indicando o dispositivo impugnado, os fundamentos jurídicos do pedido em relação a cada uma das impugnações e o pedido, com suas especificações. Respeitando o rigor da forma sob risco de indeferimento do pedido. 
Será manifestadamente improcedente a ação direta que verse sobre norma de constitucionalidade já reconhecida pelo tribunal, ainda que em sede de recurso extraordinário. Salvo se a ação for reconhecida por mudanças relevantes na ordem jurídica ou na realidade social que permitam cogitar uma mudança na jurisprudência.
A ação direta não admite desistência, arguição de suspeição ou impedimento, nem intervenção de terceiros # ressalvada a possibilidade de os próprios Ministros afastarem-se de determinado julgamento por razões de foro íntimo. 
Medida Cautelar: Providência de caráter excepcional : suspensão liminar de eficácia da norma impugnada. Indeferimento: apreciação da matéria para o futuro, incerto. Deferimento: embora provisório por natureza, ganha, muitas vezes, contornos definitivos, pela prolongada vigência da medida liminar. 
Medida cautelar, ou medida liminar, como se sabe, é uma antecipação provisória da tutela jurisdicional. O pedido é apreciado pelo Poder Judiciário diante da alegação, pelo autor da ação, da presença dos pressupostos fumus boni juris (fumaça do bom direito) e periculum in mora(perigo na demora).
 
O fumus boni juris diz respeito ao fundamento do pedido, à demonstração de sua plausibilidade jurídica, à sua razoabilidade. Por outro lado, deve ser evidenciado no pedido formulado que, não sendo concedida a liminar, com a demora do processamento e do julgamento definitivo da ação, há a possibilidade de ocorrerem graves e irremediáveis transtornos, danos e prejuízos de difícil reparação (periculum in mora). Esses pressupostos, cabe ressaltar, são cumulativos: ambos devem ser satisfeitos no pedido.
 
Estabeleceu o constituinte, portanto, a possibilidade de se suspender imediatamente a eficácia do ato normativo questionado em ADIn, mediante pedido de cautelar, que será apreciado pelo próprio Supremo Tribunal Federal. A eficácia da medida cautelar concedida pelo Supremo Tribunal Federal dependerá da espécie de ação em que solicitada.
 
Essa matéria, até recentemente disciplinada exclusivamente pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, foi positivada por meio da Lei nº 9.868/99, em relação à ADIn e ADC, e da Lei nº 9.882/99, no que se refere à arguição de descumprimento de preceito fundamental – ADPF.
MEDIDA CAUTELAR EM ADIn: artigos 10 a 12 da Lei nº 9.868/99.
 
A respeito da eficácia da medida concedida, destacamos: (1)   a medida cautelar, dotada de eficácia contra todos erga omnes, será concedida com efeito ex nunc, salvo se o Tribunal entender que deva conceder-lhe eficácia retroativa (Lei nº 9.868/99, art. 11, § 1º). Nesse processo, a medida cautelar assegura, em caráter temporário, até o julgamento final da ação, a suspensão dos efeitos da norma impugnada. A medida reveste-se, ordinariamente, de eficácia ex nunc, operando, portanto, somente a partir do momento em que o Supremo Tribunal a defere. Excepcionalmente, no entanto, a medida cautelar poderá projetar-se com eficácia ex tunc, repercutindo sobre situações pretéritas, desde que o Supremo Tribunal Federal expressamente lhe outorgue esse alcance.
 
(2)   a concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação anterior acaso existente, salvo expressa manifestação em sentido contrário (Lei 9.868/99, art. 11, § 2º). A cautelar implica, assim, a restauração provisória da vigência de eventual norma revogada pela lei impugnada.
Esse um ponto que merece acurada análise: a concessão de medida cautelar, suspendendo a eficácia da norma impugnada, torna aplicável (provisoriamente) a legislação anterior acaso existente, salvo expressa manifestação do Supremo Tribunal Federal.
 
Significa dizer que:  se a norma impugnada, que teve sua eficácia suspensa pela medida cautelar, havia revogado outra norma, esta volta a viger, a partir da data em que a cautelar for concedida; no final do processo, decidindo-se que a norma impugnada é constitucional, a medida cautelar, antes concedida, é cassada, considerando-se definitivamente revogada a norma que tinha voltado a viger; no final do processo, se julgada inconstitucional a norma impugnada, permanece inalterada a vigência da norma anterior.
 
Conforme regulado na Lei nº 9.868/98, e considerando os efeitos acima explicitados, a medida cautelar termina por, em regra, conferir efeito repristinatório com relação à norma anterior, que havia sido revogada pela que está sendo objeto da ação direta de inconstitucionalidade.
No entanto, é bom que fique claro: os efeitos acima explicitados constituem a “regra” na concessão de medida cautelar; nada impede que o Supremo Tribunal Federal impeça esse efeito repristinatório da medida cautelar, desde que se manifeste, expressamente, neste sentido.  Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a suspensão liminar da eficácia da lei não impede que se edite nova lei, na conformidade das regras constitucionais inerentes ao processo legislativo (RTJ 120/64).
 
Em ADC: Anote-se que na ADC a eficácia da medida cautelar, obviamente, não implica suspensão da norma objeto da ação, já que nesta ação o pedido é justamente o reconhecimento da constitucionalidade da norma. A medida cautelar consiste numa determinação para que os demais órgãos do Poder Judiciário suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo.
 Duas considerações em relação à medida cautelar em ADC:
 
(A)   a medida cautelar em ADC possui efeito vinculante, uma vez que obriga os demais órgãos do Poder Judiciário (a orientação do STF é tranquila nesse sentido);
 
(B)   ao contrário da medida cautelar concedida em ADI, a cautelar concedida em ADC possui um prazo limite de cento e oitenta dias para a sua eficácia.
 
Em ADPF: “A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e tribunais suspendam o andamento de processo ou os efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida que apresente relação com a matéria objeto da arguição de descumprimento de preceito fundamental, salvo se decorrente da coisa julgada”.
 
A ADI é Ambivalente, na medida em que é considerada como uma unidade conceitual com a ADC de modo que a procedência de uma implicará na improcedência da outra, as duas hipóteses exigem a presença de pelo menos 6 ministros, em maioria absoluta no tribunal. A decisão que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo em ADI ou ADC é irrecorrível, ressalvada a interposição de embargos da declaração (art 26), que só poderão ser oferecidos pelo requerente ou requerido, nunca por terceiros, não cabendo também ação recisória. A decisão na ação direta gera efeito retroativo, salvo em deliberação em sentido contrário, tendo efeito erga omnes e vinculante em relação ao judiciário e a administração pública federal, estadual e municipal. 
Efeitos da ADI: retroativos ex tunc, gerais erga omnes, repristinatórios e vinculantes.
Se há o reconhecimento da inconstitucionalidade da norma, a decisão do tribunal estará declarando que a norma é nula de pleno direito, situando-se no Âmbitoda validade do ato jurídico, não devendo mais produzir efeitos, paralisando-a no plano de eficácia.
AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE
Tem por fito eliminar eventual insegurança jurídica acerca da constitucionalidade de lei federal
A Jurisprudência enseja uma ADC, na medida em que é usada para demonstrar inseguranças na interpretação da lei, que é divergente. Se há por exemplo, 2 ADC’s e 1 ADI versando sobre a mesma lei, elas devem ser julgadas juntas a fim de evitar divergência de julgamento. 
A lei permanece no ordenamento, seguindo as interpretações realizadas pelo supremo. Se ela é procedente, permanece.
O pedido de cautelar é feita pelo autor legitimado para suspensão da lei ou ato durante o julgamento.
ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
A ADPF é ação no controle concentrado que permite que atos do poder público que atentam contra os preceitos fundamentais da constituição sejam atacados perante o Supremo.
 
Dizer que há uma violação de preceito fundamental implica afirmar consequências grave para o sistema jurídico como um todo , comumente princípios mas também normas.
A violação alegada deve interferir com a fixação do conteúdo e do alcance do preceito fundamental. Portanto, para cabimento a ADPF, a suposta ameaça ou lesão ao preceito constitucional fundamental deve ser real e direta, e o pedido formulado perante o STF no âmbito desta deverá conter a fixação do conteúdo e do alcance do preceito fundamental, não bastando a mera invocação de uma violação reflexa. A questão também não pode depender da definição prévia dos fatos controvertidos, nem mesmo no curso de um recurso extraordinário a revisão de fatos e provas é admitida, tendo em conta o papel institucional do STF. Não caberá a ADPF se a questão suscitada, a despeito do rótulo que lhe atribua, puder ser solucionada pela interpretação do sistema infraconstitucional.

Continue navegando