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23 - Antipsicóticos

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FARMACOLOGIA 
FERNANDO SALA MARIN 
23. FÁRMACOS ANTIPSICÓTICOS 
 
 Estes fármacos também são chamados de neurolépticos e antiesquizofrênicos e são utilizados no tratamento 
de mania, demência senil, distúrbios afetivos, esquizofrenia. Estes transtornos psicóticos são causados pelo aumento 
da atividade da dopamina (DA) principalmente nas vias mesolímbica e mesocortical, estimulando os receptores D1 e 
D2, principalmente estes últimos. 
 
� Vias dopaminérgicas: VIA NIGROESTRIATAL: DA responsável pela postura e movimento; 
 VIA TÚBEROINFUNDIBULAR: DA responsável pela ↓ da secreção de prolactina; 
 VIAS MESOLÍMBICA e MESOCORTICAL: ↑ DA causa distúrbios psicóticos. 
 
Esquizofrenia: possui sintomas positivos (relacionados aos períodos de agitação) e negativos (isolamento): 
 
POSITIVOS NEGATIVOS 
Delírios Retraimento social 
Alucinações Incapacidade de sentir prazer 
Distúrbios do pensamento Perda da motivação e iniciativa 
Comportamentos anormais e agressivos 
Depressão e ansiedade (10% cometem suicídio) 
Déficit cognitivo (atenção, memória) 
* O tratamento é particular para cada paciente, de acordo com os sintomas apresentados e as características das drogas. 
 
Função dos antipsicóticos: 
 - Inibir as funções psicomotoras aumentadas (ex: excitação e agitação); 
- Atenuar distúrbios psicóticos, delírios e as alucinações; 
- Melhoras os sintomas positivos (alucinações e delírios) e os sintomas negativos (apatia, embotamento, 
desinteresse). 
 
Farmacocinética: 
- Possuem alta lipossolubilidade; 
- Tempo de meia-vida: 20 a 40 horas; 
- Ação por 24 horas (administração diária). 
- Podem ser administrados via ORAL e INTRAMUSCULAR. 
 
Classificação dos antipsicóticos: 
- TÍPICOS: fenotiazinas (CLORPROZAMINA) e butirofenonas (HALOPERIDOL), FLUFENAZINA, 
FLUPENTIXOL, CLOPENTIXOL 
- ATÍPICOS: CLOZAPINA, RISPERIDONA, QUETIAPINA, ARIPIPRAZOL, SERTINDOL, AMISSULPRIDA, 
ZOTEPINA 
 
Mecanismo de ação geral: bloqueio da dopamina nos receptores pós-sinápticos do tipo D₁ e D₂. É uma atividade 
antagonista. 
Os receptores de dopamina mais conhecidos são D1 (D1,5) e D2 (D2,3,4); as drogas que bloqueiam D2 possuem 
uma ação maior no controle dos sinais e sintomas. 
Os neurolépticos tradicionais (típicos) bloqueiam, além dos receptores D2, também os receptores 
adrenérgicos, serotoninérgicos, colinérgicos e histaminérgicos e, por isso, possuem mais efeitos colaterais: 
 
- TÍPICOS: bloqueiam cerca de 80% dos receptores D2 pós-sinápicos de todas as vias, melhorando os 
sintomas positivos da doença. Efeitos colaterais pelo bloqueio nas vias nigroestriatal (→ tremores) e 
túberoinfundibular (→ ↑ secreção de prolactina). 
 
- ATÍPICOS: bloqueiam 40-60% dos receptores D2 pós-sinápticos preferencialmente das vias mesolímbicas 
e mesocorticais e 70-90% dos receptores 5-HT2A (serotoninérgicos pré-sinápticos que regulam a liberação de 
serotonina na fenda, quando bloqueados, ↑ liberação de 5-HT, o que melhora os sintomas negativos também). 
 
FARMACOLOGIA 
FERNANDO SALA MARIN 
 TÍPICOS ATÍPICOS 
PERFIL DO RECEPTOR 
BLOQUEADO 
80% recep. D2 pós-sináptico 
40-60% recep. D2 pós-sináptico 
70-90% recep. 5-HT2A pré-sináptico 
ALÍVIO DE SINTOMAS Positivos 
Positivos 
Negativos 
EFEITOS EXTRAPIRAMIDAIS 
Maior (bloqueiam recept. D2 em 
todas as vias) 
Menor 
EFICÁCIA EM PACIENTES 
REFRATÁRIOS AO TRATAMENTO 
- Melhor 
 
 
1. ANTIPSICÓTICOS TÍPICOS: 
 
1.1) FENOTIAZINAS: - CLORPROMAZINA (Ampliet®) 
 - LEVOMEPROMAZINA (Levozine®, Neozine®) 
- TIORIDAZINA (Melieril®) 
- TIFLUOPERAZINA (Stelazine®) 
 
 CLORPROZAMINA: classificado como baixa potência bloqueia receptores D2 (80%), H1, M1(muscarínicos), α-1 
adrenérgicos. Efeitos colaterais / adicionais: sedativo (pelo bloqueio de receptores histamínicos), anticolinérgicos e 
vasodilatador (bloqueio de α-1 adrenérgicos). 
* Nesse grupo está a prometazina (fenergan®), que é um anti-histamínico de 1ª geração. 
 
1.2) BUTIROFENONAS (drogas de escolha): - HALOPERIDOL (Haldol®) 
 - FLUFENAZINA (Anatensol®, Flufenan®) 
- PIMOZIDA (Orap®) 
- DROPERIDOL (ação curta, é utilizado como pré anestésico) 
- PENFLURIDOL (Semap®) 
 
HALOPERIDOL: classificado como alta potência, bloqueia mais os receptores D2 (80%) nos neurônios do SNC 
(sistema límbico e corpo estriado) e muito pouco ou nada os outros receptores, portanto, menos efeitos colaterais, 
apresenta fraco bloqueio muscarínico, isso gera sinais e sintomas, como tremor muscular (efeito colateral). 
 
 
2. ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS: 
- AMISULPRIDA (Socian®) 
- CLOZAPINA (Leponex®) 
- QUETIAPINA (Seroquel®) 
- OLANZAPINA (Zyprex®) 
- RISPERIDONA (Risperdal®, Zargus®) 
- ARIPIPRAZOL (Aristab®, Abilify®) 
 
Mecanismo de ação: Bloqueiam receptores dopaminérgicos D2, D4 e serotoninérgicos S2, (exceto o Aripiprazol, que 
é especificado abaixo). 
São os antipsicóticos mais recentes, apresentam menos efeitos colaterais extrapiramidais e promovem 
bloqueio intenso em receptores D4. Bloqueiam receptores muscarínicos. 
 
- CLOZAPINA: bloqueia menos receptores D2 que os típicos (apenas 40-60%), porém, é mais específico nas vias 
mesolímbicas e mesocorticais. Bloqueia também os receptores D4. 
 
- ARIPIPRAZOL: fármaco mais recente, não antagoniza D2, e sim age como AGONISTA PARCIAL destes 
receptores, os estimulando em menor intensidade que a DA o faria. 
 
� ESCOLHA DO FÁRMACO: 
- Características do paciente (quais sintomas apresenta?) 
FARMACOLOGIA 
FERNANDO SALA MARIN 
- Características do fármaco (os efeitos adicionais, ex.: sedação, anticolinérgicos, são necessários?) 
- Prevenção dos efeitos adversos (muitos sintomas motores, risco de CA de mama → prefere-se os atípicos, por 
não bloquearem D2 nas outras vias) 
 
� RESPOSTA CLÍNICA: 
- Sintomas positivos: respondem aos típicos e aos atípicos. 
- Sintomas negativos: respondem melhor aos atípicos (pelo ↑ de 5-HT). CLOZAPINA e OLANZAPINA aumentam 
o fluxo sanguíneo no córtex, melhorando o déficit cognitivo. 
 
� EFEITOS COLATERAIS: 
- Efeitos extrapiramidais: Esse efeito ocorre, porque o bloqueio prolongado de receptores D₁ dopaminérgicos 
leva a um aumento da atividade da acetilcolina, levando a esses tremores. Os efeitos inibitórios dopaminérgicos são 
equilibrados por neurônios colinérgicos, quando ocorre o bloqueio de receptores D na via nigroestriatal altera este 
balanço. O bloqueio de receptores colinérgicos diminui esses sintomas. 
- Parkinsonismo medicamentoso: tremor de extremidades, hipertonia, rigidez muscular, hipercinesia, faces 
inexpressivas. 
- Distonia aguda: movimentos espasmóticos da musculatura do pescoço, braço, língua e os olhos são 
forçadamente desviados para cima. 
- Acatisia: Inquietação psicomotora, tensão. Levanta a cada instante; anda de um lado para o outro; não para 
de mexer as pernas. 
- Efeitos antimuscarínicos: causa secura da boca (xerostomia) e da pele; constipação intestinal; dificuldade 
de acomodação visual; retenção urinária. 
- Cardiovasculares: Hipotensão (esse efeito decorre do bloqueio α-adrenérgico), taquicardia reflexa. 
- Endocrinológicos: bloqueio D2 no sistema túbero-infundibular, deprime a hipófise anterior e pode levar a: 
Amenorréia (parada da menstruação) 
Galactorréia (secreção de leite) 
Ginecomastia (aumento da mama) 
Síntese de prolactina (hiperprolactinemia) 
- Catatonia: É a diminuição da atividade motora; o individuo fica sem vontade própria, inexpressivo. 
- Sedação: Bloqueio histamínico. 
 - Síndrome Neuroléptica Maligna: Ocorre em 1-2% dos pacientes e é caracterizada por iIntensa hipertermia, 
que pode levar a óbito numa proporção de 20% a 30%; aparece com doses elevadas e hipersensibilidade a droga. O 
tratamento é retirar a droga. 
- Discinesia tardia: com o uso crônico de antipsicóticos, movimentos involuntários da língua (“pega mosca”), 
tronco, ombros,membros. 
 
Atípicos: apesar de diminuir os efeitos motores, causam: 
 - Ganho de peso significativo (Clozapina e Olanzapina) 
 - Desenvolvimento de resistência a insulina → Diabetes 
 - Hiperlipidemias (Olanzapina e Quetiapina) 
 - Hiperprolactinemia (apenas com Risperidona) 
*Agranulocitose - efeito grave causado pela CLOZAPINA: leucopenia. Nos primeiros 6 meses de tratamento, faz 
acompanhamento semanal através de hemograma, se não apresentar agranulocitose, passa a fazer hemogramas 
em semanas alternadas. Caso comece a apresentar, troca para outro fármaco (ex.: Olanzapina, Quetiapina).

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