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1 ANTIPSICÓTICOS/NEUROLÉPTICOS Gizelle Felinto INDICAÇÕES Psicoses de qualquer causa inclusive de causas orgânicas Esquizofrenia Transtorno delirante Mania (Transtorno Bipolar) Depressão com sintomas psicóticos Depressão refratária Transtornos de ansiedade refratários Alterações comportamentais da demência, do TEA e da deficiência intelectual Delirium Transtorno de personalidade borderline Transtorno de Tourette Doença de Huntington Agitação psicomotora PRINCIPAIS ALVOS TERAPÊUTICOS SUBSTÂNCIA NEGRA/NIGRA: Porção heterogênea do Mesencéfalo Responsável pela maior parte da produção de dopamina VIAS ENVOLVIDAS: Via Nigroestriatal: Vai da substância negra ao núcleo estriado Faz parte do sistema nervoso extrapiramidal Controla a função motora e os movimentos Via Mesolímbica: Vai da área tegmentar ventral ao núcleo accumbens Hipóteses de que se relaciona a: Sensações de prazer e euforia Delírios e Alucinações Via Mesocortical Vai para o córtex pré-frontal dorsolateral e para o córtex pré-frontal ventromedial Via Tuberoinfundibular: Vai do hipotálamo para a adenohipófise Controla a secreção de prolactina Via E ainda não se sabe sua função O QUE TORNA UM ANTIPSICÓTICO CONVENCIONAL A característica farmacológica básica é o Antagonismo D2, que se relaciona tanto à eficácia do antipsicótico quanto aos efeitos colaterais EFEITOS COLATERAIS EFEITOS DOS MEDICAMENTOS NAS VIAS VIA MESOLIMBICA: Na esquizofrenia tem-se a Hiperatividade na via mesolímbica (DOPAMINA), o que é responsável pelos sintomas positivos Antagosnista D2 puro (Antipsicóticos de 1ª geração) bloqueiam receptores na via mesolímbica, assim têm-se uma redução dos sintomas positivos É necessário um bloqueio de 80% desses receptores para que se tenha a redução desses sintomas positivos o problema é que a partir desse bloqueio de 80%, começa-se a ter um predomínio de efeitos colaterais. Assim, vê-se que em alguns casos essa janela terapêutica é estreita VIA MESOCORTICAL: Encontra-se hipoativa na esquizofrenia Faz com que o paciente apresente sintomas cognitivos e afetivos (sintomas negativos) Nessa via, o bloqueio de receptores dopaminérgicos diminui ainda mais sua atividade e o paciente provavelmente terá um aumento dos sintomas negativos, tanto cognitivos (dorsolateral) quanto afetivos (ventromedial) VIA NIGROESTRIATAL: O bloqueio dessa via causa sintomas extrapiramidais Assim, é extremamente importante a avaliação, para saber se há esses efeitos piramidais, do paciente que faz uso dos antagonistas D2, pois esses efeitos estão relacionados à má adesão ou resistência do paciente ao tratamento VIA TUBEROINFUNDIBULAR Mesmo na esquizofrenia não tratada encontra-se com o funcionamento normal Quando há o bloqueio dopaminérgico há uma elevação dos níveis de prolactina do paciente, podendo causar uma galactorréia desconfortável para o paciente e, em alguns casos, há a necessidade de suspenção do medicamento SINTOMAS EXTRAPIRAMIDAIS PARKINSONISMO: Sinais e sintomas: Hiponimia diminuição da mímica facial Tremor de extremidades geralmente bilateral e simétrico Bradicinesia Sinal da roda denteada Marcha em bloco DISTONIA AGUDA: Postura anormal ou espasmos musculares 2 ANTIPSICÓTICOS/NEUROLÉPTICOS Gizelle Felinto Geralmente, ocorre em músculos da face. Porém, a depender da gravidade, pode ocorrer em qualquer outra musculatura Se desenvolve após o início da medicação, principalmente o antipsicótico típico (1ª geração), ou quando se aumenta a dose rapidamente CAUSA DOS EFEITOS EXTREPIRAMIDAIS COM O USO DOS ANTAGONISNAS D2: Via nigroestriatal O normal é a dopamina e a acetilcolina têm uma relação recíproca na via nigroestriatal. Assim, o neurônio dopaminérgico nessa via faz conexões pós-sinápticas no neurônio colinérgico, causando a inibição da atividade da acetilcolina Com o uso do Antagonista D2 ocorre o bloqueio da ligação da dopamina ao receptor D2, fazendo com que haja o aumento da atividade da acetilcolina, que provoca os sintomas extrapiramidais Anticolinérgicos bloqueio dos receptores de acetilcolina ANTICOLINÉRGICOS responsáveis por “evitar” esses efeitos extrapiramidais BIPERIDENO (Akineton®) 2 a 6 mg/dia PROMETAZINA (Fenergan®) 25 a 75 mg/dia AMANTADINA DISCINESIA TARDIA Causa: Bloqueio prolongado dos receptores D2 na via nigroestriatal, fazendo com que haja uma suprerregulação dos receptores dopaminérgicos, causando um problema motor hipercinético, que é a discinesia tardia Sinais e sintomas: Movimentos faciais involuntários (Ex: as vezes o paciente fica fazendo uma mastigação constante, pisca os olhos frequentemente, faz movimento de sucção...) Espasmo rápido de membro Essa discinesia é como uma tentativa do cérebro de superar esse bloqueio dopaminérgico Em alguns casos, pode ser irreversível Pode ocorrer em 5% dos pacientes, a cada ano, que estão em uso de antipsicóticos típicos Se a medicação que está causando for retirada precocemente tem-se a chance de diminuir esse efeito O que fazer para evitar a discinesia tardia: Reduzir a dose ou suspender o antipsicótico Pode ser reversível ou não na maioria das vezes é irreversível CLOZAPINA pode ser uma opção ACATISIA Causa ainda não se sabe a sua fisiopatologia Sensação subjetiva de inquietude interna, irritabilidade ou disforia que podem ser intensas Sensação física e objetiva de desassossego e movimentos como: Balanço alternado dos pés Caminhar no mesmo lugar Movimentos no sentido anteroposterior do tronco Balanço alternado das pernas quando sentado Nos casos graves, os pacientes levantam-se e abaixam-se como tentativa de aliviar o sofrimento causado pela sensação de desassossego Fazer diagnóstico diferencial com o TDAH e Autismo O que fazer para evitar a acatisia: Redução da dose ou suspender o antipsicótico Associar BETABLOQUEADOR ou BENZODIAZEPÍNICO quando não se pode suspender o antipsicótico que está causando a acatisia ANTIPSICÓTICOS TÍPICOS SINÔNIMOS Neurolépticos, convencionais, clássicos ou de primeira geração CARACTERÍSTICAS MECANISMO DE AÇÃO: Bloqueiam os receptores D2 no Sistema Nervoso Central AÇÃO: Diminuição dos sintomas positivos PONTOS NEGATIVOS: Podem agravar os sintomas negativos, afetivos e cognitivos São menos tolerados Maior incidência de: Sintomas extrapiramidais Discinesia tardia Hiperprolactinemia TIPOS ALTA POTÊNCIA: HALOPERIDOL FLUFENAZINA PIMOZINA maior risco de aumentar o intervalo QT TRIFLUOPERAZINE Bloqueio forte dos receptores D2 Ação menos sedativa Mais ação antipsicótica Maior risco de sintomas extrapiramidais BAIXA POTÊNCIA: CLORPROMAZINA LEVOMEPROMAZINA TIORIDAZINA maior risco de aumentar o intervalo QT Bloqueio fraco dos receptores D2 Apresentam um efeito anticolinérgico maior Ação mais sedativa Ex: LEVOMEPROMAZINA (Neozine®) Menos ação antipsicótica Mais riscos de: Efeitos anticolinérgicos Hipotensão ortostática 3 ANTIPSICÓTICOS/NEUROLÉPTICOS Gizelle Felinto Baixar limiar convulsivo ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS SINÔNIMOS De segunda geração CARACTERISTICAS Apresentam menos efeitos extrapiramidais menor chance de Sintomas extrapiramidais (SEP) RISPERIDONA entre os atípicos é a que mais causa SEP Maior risco de alterações metabólicas: Ganho de peso Resistência à insulina Dislipidemia Ordem de medicamentos do que mais causa para o que menos causa alterações metabólicas: 1. CLOZAPINA apresenta risco de agranulocitose 2. OLANZAPINA 3. QUETIAPINA 4. RISPERIDONA 5. ZIPRASIDONA 6. ARIPIPRAZOL O QUEFAZ UM ANTIPSICÓTICO SER ATÍPICO Essa atipicidade está relacionada ao acoplamento do antagonismo D2 com o antagonismo serotoninérgico 5HT2A. Assim, há a inibição da liberação de dopamina via receptor 5HT2A O normal é o 5HT inibe a liberação de dopamina Com o medicamento Há a inibição da liberação de dopamina pela ligação ao 5HT2A VIA NIGROESTRIATAL: O antipsicótico atípico inibe a liberação de dopamina através desse receptor 5HT2A. Assim, ainda se tem alguma ação dopaminérgica no neurônio pós-sináptico, fazendo com que não ocorram ou sejam diminuídos os efeitos extrapiramidais VIA TUBEROINFUNDIBULAR: O receptor 5HT2A é importante na regulação das células hipofisárias lactotróficas. Assim, com a ligação no receptor 5HT2A, há a diminuição da secreção de prolactina quando se faz uso de antipsicóticos atípicos MEDICAÇÕES – USO NA PRÁTICA LEVOMEPROMAZINA É um antipsicótico fraco. Assim, muitas vezes, é mais frequente o seu uso como um sedativo, para pacientes com problemas de sono É frequente ver seu uso sem ter relação com Psicoses Apresentações: Neozine® 25mg Neozine® 100mg CLORPROMAZINA Foi o primeiro antipsicótico a ser descoberto Pode ser utilizada para tratar soluço (porém é até certa dose) É bastante utilizada na agitação psicomotora Para se ter o efeito antipsicótico são necessárias altas doses assim, há alto risco de hipotensão Efeitos adversos: É bem mais preocupante Sedação Ganho de peso Acatisia Parkinsonismo Efeitos anticolinérgicos Hipotensão Hiperprolactinemia Apresentações: Amplicitil® 25mg Amplicitil® 25mg/mL (ampola) geralmente, é a que se utiliza na agitação psicomotora Clorpromaz® 100mg HALOPERIDOL Usos mais comuns: Psicose Agitação psicomotora Efeitos adversos: Sedação Ganho de peso Acatisia Parkinsonismo Efeitos anticolinérgicos Hipotensão Hiperprolactinemia Apresentações: Haldol® 1mg Haldol® 5mg Haldol® 5mg/mL em ampola Haldol decanoato 50mg/mL ou 70,5mg/mL possui um efeito mais prolongado, podendo-se fazer uso até mesmo 1 vez por mês Não se utiliza Haldol decanoato em pacientes que nunca fizeram uso de antipsicóticos, pois o paciente pode fazer um sintoma extrapiramidal logo na primeira vez que fez uso do medicamento Primeiro deve-se fazer uso de medicações orais e depois, se não resolverem ou não houver adesão ao tratamento, é que se cogita a possibilidade de fazer uso de medicações de depósito como o Haldol decanoato RISPERIDONA É uma medicação bastante utilizada Trata-se de um antipsicótico atípico, mas até certo ponto em que se eleva a dose ele começa a funcionar como um antipsicótico típico Usos mais comuns: 4 ANTIPSICÓTICOS/NEUROLÉPTICOS Gizelle Felinto Psiquiatria infantil Depressão com sintomas psicóticos Efeitos adversos: Sedação Ganho de peso Acatisia Parkinsonismo Efeitos anticolinérgicos Hipotensão Hiperprolactinemia principalmente Apresentações: RISS® 1mg Risperdal® 2mg Risperdal® 3mg OLANZAPINA É um dos melhores antipsicóticos para sintomas positivos e negativos, porém apresenta uma série de efeitos colaterais Efeitos adversos: Sedação é bastante significativa. Por isso que, muitas vezes, faz-se uso dela à noite. Assim, ao invés de adicionar uma medicação para dormir a Olanzapina realiza essa função Ganho de peso é bastante significativo Efeitos anticolinérgicos Hipotensão Hiperprolactinemia Apresentações: Zyprexa® 2,5mg Zyprexa® 5mg Zyprexa® 10mg QUETIAPINA Apresenta pouco efeito antipsicótico para ter uma ação antipsicótica necessita-se de doses altas, assim também se tem mais efeitos colaterais (aumentam de forma linear), principalmente sonolência e ganho de peso É medicação de primeira linha para: Depressão bipolar Mania Pode-se utilizar para induzir o sono ou como potencializador de um antidepressivo sua dose é diferente dos demais usos Efeitos adversos: Sedação Ganho de peso Efeitos anticolinérgicos Hipotensão Apresentações: Seroquel® 25mg Seroquel® 100mg Seroquel® 200mg Seroquel XRO® 50mg ARIPIPRAZOL É uma medicação mais nova Tem efeito antipsicótico menor Apresenta um perfil de efeitos colaterais bem menor Os efeitos extrapiramidais são menores Pode-se utilizar em pacientes que não podem ganhar peso Risco maior de Acatisia Efeitos adversos: Acatisia o maior efeito colateral Apresentações: Abilify® 15mg e 10mg CLOZAPINA É uma medicação muito efetiva, mas apresenta um perfil de efeitos colaterais bastante significativo, podendo ter um risco maior de causar: Agranulocitose Ganho de peso Hipotensão Usa-se principalmente (em 90% dos casos) em esquizofrenia refratária Apresentações: Leponex® 25mg Leponex® 100mg LURASIDONA Trata-se de uma medicação mais nova Vem sendo bastante utilizada na depressão bipolar LEMBRETES IMPORTANTES! Os efeitos adversos dos antipsicóticos estão diretamente relacionados à dose As dosagens mudam de acordo com o que se deseja tratar
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