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Antipsicóticos - CASO CLÍNICO E QUESTÕES FARMACOLOGIA

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Antipsicóticos – caso clínico e questões 
 
Um homem de 19 anos é levado ao consultório por sua mãe que estava muito preocupada. Ele foi 
expulso da república estudantil que morava com colegas devido ao seu comportamento. Acusou 
vaŕios colegas e professores de espioná-lo para a polícia. Parou de frequentar as aulas e passa todo 
se utempo assistindo televisão, e diz que os anunciantes estão enviando-lhe mensagens secretas 
cobre como salvar o mundo. Ele parou de tomar banho e troca de roupas apenas uma vez por 
semana. Na consulta, está despenteado, silencioso e sem demonstrar emoção. A única declaração 
espontânea que ele faz é quando pergunta porque a mãe o levou para o escritório de outro ‘espião 
do governo’. Seu exame físico e exames de sangue estão normais. O exame farmacológico deu 
negativo. Você o diagnostica com psicose aguda provavelmente secundária a esquizofrenia, interna-
o na unidade psiquiátrica do hospital e inicia administração com haloperidol. 
 
Desenvolvimento do caso: 
 
1) Por que você prescreveu o haloperidol pra este paciente? Justifique. Quais são os objetivos 
que você deseja com este medicamento? 
O haloperidol é um antipsicótico típico, de alta potência, cuja eficácia está bem estabelecida no 
tratamento agudo dos sintomas da esquizofrenia, devido ao seu potente bloqueio dos receptores D2 
na via dopaminérgica mesolímbica, reduzindo a hiperatividade dessa via, que se acredita ser a causa 
dos sintomas positivos da psicose. Além disso, é um medicamento de baixo custo, o que facilita sua 
utilização 
 
2) a qual classe de medicamentos o haloperidol pertence? Qual o mecanismo de ação dele e de 
seus congêneres? 
Haloperidol pertence a classe dos psicóticos típicos. Outros incluem: clorpromazina (baixa 
potência) e levomeprazina. Seu mecanismo de ação é antagonismo dos receptores D2 na via 
mesolimbica, assim reduzindo os efeitos positivos relacionados a esquizofrenia. No entanto pode 
acentuar os efeitos negativos da via mesocortical, visto que já está inibida. Além de gerar efeitos na 
via nigroestriatal como síndrome extrapiramidal. Existe um limiar estreito entre sua eficácia e os 
efeitos colaterais na via nigroestriatal, sendo que se passa 80% da ocupação dos receptores iniciam 
os sintomas colaterais. 
 
3) Comente sobre as contra-indicações, possíveis efeitos colaterais e cuidados com pacientes 
que recebem este medicamento. 
Os típicos, possuem vários efeitos colaterais. 
Efeitos colaterais extrapiramidais: A diferença que define entre mais novos é a maior incidência de 
acatisia, rigidez, bradicinesia, tremor e reações distônicas agudas que constituem sintomas 
extrapiramidais. Como antagonistas da dopamina D2, essas drogas têm o potencial de interferir na 
transmissão da dopamina através do trato nigroestriatal, que está envolvido no controle do 
movimento muscular, produzindo assim sintomas semelhantes aos observados na doença de 
Parkinson. 
Discinesia tardia: é caracterizada por movimentos coreoatetoides involuntários da boca, língua, 
face, extremidades ou tronco, incluindo estalar os lábios, contorção ou empurrão da língua, 
movimentos da mandíbula, careta facial e contorção do tronco ou extremidades, muitas vezes se o 
medicamento não é suspenso pode ser irreversível. 
Prolongamento do intervalo QT e morte súbita - A morte súbita, considerada na maioria dos casos 
como causada pelo prolongamento do QT, foi relatada em 1,5 a 1,8 pessoas por 1000 anos de 
exposição a qualquer medicamento antipsicótico, mais do que o dobro da taxa de controles da 
mesma idade. 
Sindrome neuroléptica maligna: febre; rigidez muscular e até coma. 
Galactorreia: a dopamina inibe a liberação de prolactina na via tuneroinfundibular. 
Tanto os antipsicóticos típicos quanto os atípicos causam bloqueio nos receptores H1 - assim o 
paciente pode manifestar ganho de peso e sonolência. 
Os antipsicóticos também bloqueiam os receptores adrenérgicos alfa 1, que podem causar 
hipotensão ortostática (mais comum na clorpromazina) e sonolência. 
O mecanismo mais provável de hipotensão ortostática com APGs é o bloqueio alfa-adrenérgico. A 
condição costuma ser acompanhada de taquicardia ortostática, ambas mais comuns nos primeiros 
dias de exposição aos medicamentos ou quando a dose está sendo aumentada. 
A dopamina possui efeito de bloquear a acetilcolina na região nigroestriatal, com o uso de 
antipsicóticos a acetilcolina ficará livre e resultará de sintomas anticolinérgicos e comumente 
resulta em boca seca ou constipação e menos frequentemente em visão turva ou retenção urinária. 
Agranulocitose - casos raros, mas potencialmente fatais de agranulocitose, neutropenia e leucopenia 
foram relatados com todos os APGs. Há algumas evidências de que drogas da classe das 
fenotiazinas (clorpromazina). 
Contraindicações: Estados comatosos, depressão do Sistema Nervoso Central (SNC) devida bebidas 
alcoólicas ou outras drogas depressoras (aumenta o limiar de convulsão se admnistrar 
antipsicóticos), Doença de Parkinson, hipersensibilidade ao haloperidol ou aos outros excipientes da 
fórmula, lesão nos gânglios de base. Afecções neurológicas acompanhadas de sintomas piramidais 
ou extrapiramidais, encefalopatia orgânica grave, formas graves de nefro e cardiopatia, depressão 
endógena, primeiro trimestre de gestação. 
 
4) Considere que após 3 dias este paciente receba alta e você conclui que poderia substituir o 
haloperidol por outro medicamento antipsicótico. Cite 3 medicamentos que poderiam 
substituir o haloperidol para tratamento ambulatorial e cite suas principais características. 
Substituir por atípicos para evitar os sintomas relacionados a via nigroestriatal 
Atípicos tem ação antagonista de D2 e mais ação no antagonismo de 5HT2A 
Parece reduzir os efeitos negativos 
Clozapina: Mais eficaz, no entanto é a quem tem mais efeitos colaterais. 
Ideal para uso quando paciente apresenta risco de suicídio, e quando há falha nas outras terapias. 
Usado em casos de agressividade. 
Não causa sintomas extrapiramidais nem aumento da prolactina. 
No entanto pode causar agranulocitose, necessário hemogramas periódicos; risco cardiovascular 
elevado; tem um bom poder sedativo (bloqueio nos receptores H1); pode causar convulsões. 
Ações anticolinérgicas, boca seca e constipação. 
Quetiapina 
Também pode bloquear o NAT - causando aumento na noradrenalina. 
Antagoniza outros receptores de serotonina. Por isso usada como antidepressivo também. 
Possui 2 apresentações a de ação prolongada que possui efeito antipsicótico e a de ação rápida que é 
usada como hipnótico. 
Risperidona - o fármaco que indicaria para o paciente, por agir em várias vias 
É um antagonista de vários receptores de neurotransmissores no cérebro: serotonina 5-HT 1A e 5-
HT 2 , dopamina D 1 e D 2 , histamina H 1 e alfa 1 - e alfa 2 adrenérgicos; 
Tem ação menos potente H1; alfa adrenérgico e M1 - com menos efeitos colaterais e mais 
aceitabilidade. 
 
5) Defina, comente a compare as principais características dos fármacos antispicóticos típicos 
e atípicos sobre: mecanismo de ação, indicações, efeitos colaterais. 
De modo geral, os antipsicóticos são indicados na esquizofrenia (episódios agudos, tratamento de 
manutenção, prevenção de recaídas), nos transtornos delirantes, em episódios agudos de mania com 
sintomas psicóticos ou agitação, no transtorno bipolar do humor, na depressão psicótica em 
associação com antidepressivos, em episódios psicóticos breves, em psicoses induzidas por drogas, 
psicoses cerebrais orgânicas, controle da agitação e da agressividade em pacientes com retardo 
mental ou demência, transtorno de Tourette. 
Os antipsicóticos típicos bloqueiam os receptores dopaminérgicos D2, tendo também a capacidade 
de bloquear os receptores colinérgicos muscarínicos M1, os receptores de histamina H1 e/ou os 
receptores α1-adrenérgicos. Os antipsicóticos atípicos, além dessas ações, bloqueiam tambémos 
receptores serotoninérgicos 5HT2A. Essa diferença no mecanismo de ação determina perfis 
distintos de efeitos terapêuticos e efeitos colaterais. O bloqueio dos receptores dopaminérgicos D2 
pelos antipsicóticos típicos têm seu uso indicado para a melhora dos sintomas psicóticos positivos 
(delírios, alucinações, desorganização do pensamento), por inibirem os receptores D2 na via 
mesolímbica, relacionada a ocorrência destes sintomas. Infelizmente, para que a cessação dos 
sintomas positivos ocorra, cerca de 70-80% dos receptores D2 devem estar bloqueados, porém uma 
taxa de bloqueio maior que 80% já acarreta nos sintomas extrapiramidais, existindo uma faixa 
estreita entre atingir o efeito desejado e apresentar efeitos colaterais: devido ao bloqueio amplo de 
D2 em todo cérebro, ocorrem frequentemente efeitos colaterais indesejáveis por bloqueios também 
nas vias mesocortical (sintomas negativos: cognitivos e afetivos), nigroestriatal (sintomas motores) 
e tuberoinfundibular (hormonais). Os antipsicóticos atípicos, além do antagonismo dos receptores 
D2, antagonizam também receptores serotoninérgicos como o 5HT2A. Por agir também na via da 
serotonina, conseguem produzir o efeito desejado sobre os sintomas positivos com menor bloqueio 
de D2 nas diferentes vias dopaminérgicas, reduzindo os sintomas negativos decorrentes do bloqueio 
excessivo de D2, evitando a exacerbação dos sintomas negativos decorrentes da inibição das vias 
mesocortical, nigroestriatal e túbero-infundibular. Os efeitos colaterais dos antipsicoticos guardam 
relação com os efeitos anticolinérgicos, anti-histamínicos e anti-adrenérgicos relacionados também 
ao bloqueio de D2. Ex.: ganho de peso, síndrome metabólica, sonolência, lentidão mental, 
dificuldade de concentração, ressecamento da boca, visão turva, retenção urinária, constipação, 
arritmias e palpitações cardíacas. 
 
6) Se o paciente começasse a apresentar intensos sintomas negativos, como você procederia 
como médico prescritor? Por que? 
Alguns pacientes respondem tardiamente ao efeito dos antipsicóticos, pois não alcançaram o efeito 
esperado de 60% dos receptores ocupados. Outros, mesmo alcançando 60% de ligação aos 
receptores, não respondem ao tratamento. Conforme o Stlhal, caso o paciente apresenta sintomas 
negativos da esquizofrenia, contudo, pode -se associar antidepressivos ISRS ou até mesmo litio e 
lamotrigina. Caso o paciente apresente ansiedade pode associar um benzodiazepinico. No entanto, 
muitos pacientes têm resposta aos antipsicóticos em relação aos sintomas negativos após meses de 
tratamento

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