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NDAT - 14 - RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

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RESPONSABILIDADE CIVIL 
DO ESTADO
TÓPICOS
 Ato Ilícito
 Responsabilidade Civil
 Responsabilidade Civil Administrativa
 Responsabilidade por Atos Judiciais e Legislativos
 Meios de Reparação do Dano
 Direito de Regresso
ATO ILÍCITO
Ato Ilícito é o ato praticado em desacordo com a ordem jurídica, violando direito subjetivo individual, causando dano a outrem, criando o dever de indenizar, ou seja, de reparar o prejuízo. 
O ato ilícito pode constituir-se de ato único ou de serie de atos quem podem receber punição civil e penal. No campo civil importa saber os reflexos da conduta ilícita para reparação do dano e não para punição do culpado (penal).
No direito civil a regra é a reparação do dano desde que o agente tenha agido com culpa, entretanto haverá obrigação de repara o dano, independente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
RESPONSABILIDADE CIVIL
O vocábulo "responsabilidade" originou-se do verbo latino respondere, que vem a ser o fato de alguém se constituir garantidor de algo. 
Para Serpa Lopes a violação de um direito gera a responsabilidade em relação ao que a perpetrou.
Responsabilidade civil:
a) Em sentido amplo  tanto significa a situação jurídica em que alguém se encontra de ter de indenizar outrem quanto a própria obrigação decorrente dessa situação, ou, ainda, o instituto jurídico formado pelo conjunto de normas e princípios que disciplinam o nascimento, conteúdo e cumprimento de tal obrigação. 
b) Em sentido estrito  designa o específico dever de indenizar nascido do fato lesivo imputável a determinada pessoa 
RESPONSABILIDADE CIVIL
A responsabilização civil tem por finalidade precípua o restabelecimento do equilíbrio violado pelo dano. Por isso, há em nosso ordenamento jurídico a responsabilidade civil não só abrangida pela idéia do ato ilícito, mas também há o ressarcimento de prejuízos em que não se cogita da ilicitude da ação do agente ou até da ocorrência de ato ilícito, o que se garante pela Teoria do Risco, haja vista a idéia de reparação ser mais ampla do que meramente o ato ilícito.
	A responsabilidade civil possui dupla função na esfera jurídica do prejudicado: 
	a) mantenedora da segurança jurídica em relação ao lesado; 
	b) sanção civil de natureza compensatória.
RESPONSABILIDADE CIVIL
A responsabilidade civil apresenta-se sob várias espécies, conforme a perspectiva analisada. São elas:
1.Quanto ao seu fato gerador, poderá ser:
a)Responsabilidade contratual: proveniente de conduta violadora de norma contratual;
b)Responsabilidade extracontratual ou aquiliana: resultante da violação de um dever geral de abstenção, de respeito aos direitos alheios legalmente previstos.
	2.Quanto ao agente, poderá ser:
a)Responsabilidade direta: proveniente de ato do próprio responsável;
b)Responsabilidade indireta: provém de ato de terceiro, vinculado ao agente ou de fato de animal ou coisa inanimada sob sua guarda.
RESPONSABILIDADE CIVIL
3.Quanto ao seu fundamento, poderá ser:
a)Responsabilidade subjetiva: presente sempre o pressuposto culpa ou dolo. Portanto, para sua caracterização devem coexistir os seguintes elementos: a conduta, o dano, a culpa e o nexo de causalidade entre a conduta e o dano.
b)Responsabilidade objetiva:não há a necessidade da prova da culpa, bastando a existência do dano, da conduta e do nexo causal entre o prejuízo sofrido e a ação do agente. A responsabilidade está calcada no risco assumido pelo lesante, em razão de sua atividade.
RESPONSABILIDADE CIVIL
3.Quanto ao seu fundamento, poderá ser:
I - SUBJETIVA:“Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.” (Art. 186)‏
Para que surja o dever de indenizar é necessário:
a) ação ou omissão do agente;
b) ocorrência de dano patrimonial ou moral;
c) nexo de causalidade entre a conduta e o prejuízo suportado pela vitima; 
d) culpa (em sentido amplo) do agente.
	Conseqüência do ato ilícito  responsabilidade pela recuperação in natura ou pelo equivalente do dano causado pela própria pessoa ou por terceiro.
RESPONSABILIDADE CIVIL
II – OBJETIVA: É o dever de ressarcir os prejuízos em decorrência de atos ilícitos, pressupõe o dano e se exaure com a indenização, independente de culpa. 
A Responsabilidade Civil do Estado é extracontratual objetiva, pois consiste na obrigação imposta ao poder público de compor os danos ocasionados a terceiros, por atos praticados pelos seus agentes, no exercício das suas atribuições (art. 37, § 6º, CF).
A CF de 1946 introduziu a responsabilidade objetiva do Estado.
	As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos RESPONDERÃO PELOS DANOS QUE SEUS AGENTES, que nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
RESPONSABILIDADE CIVIL ADMINISTRATIVA
	A teoria da responsabilidade objetiva da Administração (da responsabilidade sem culpa) funda-se na substituição da responsabilidade individual do servidor pela responsabilidade genérica do Poder Público. A Administração, ao deferir a seu servidor a realização de certa atividade administrativa, a guarda de um bem ou a condução de uma viatura, assume o risco de sua execução e responde civilmente pelos danos que esse agente venha a causar injustamente a terceiros.
	Todo ato ou omissão de agente administrativo, desde que lesivo e injusto, é reparável pela Fazenda Pública. O que a Constituição distingue é o dano causado pelos servidores, daqueles ocasionados por atos de terceiros ou por fenômenos da natureza. Observe-se que o art. 37, § 6º, só atribui responsabilidade objetiva à Administração pelos danos que seus agentes causem a terceiros. 
RESPONSABILIDADE CIVIL ADMINISTRATIVA
O legislador não responsabilizou a Administração por atos predatórios de terceiros nem por fenômenos naturais que causem prejuízo aos particulares.
Para a indenização desses atos e fatos estranhos à atividade administrativa, observa-se o princípio geral da culpa civil, manifestada pela imprudência, negligência ou imperícia na realização do serviço que causou ou ensejou o dano. 
Isso explica o fato de que a Jurisprudência tem exigido a prova de culpa da Administração nos casos de depredação por multidões e de enchentes e vendavais, que, superando os serviços públicos existentes, causam danos a particulares. Para tais hipóteses, a indenização pela Fazenda Pública só é devida se comprovar a culpa da Administração.
RESPONSABILIDADE CIVIL ADMINISTRATIVA
I - Sujeitos que Comprometem o Estado 
Agentes Públicos e Estado não se bipartem. O agente fala e age em nome do Estado.
Incide a responsabilidade objetiva em relação a todos os órgãos e entidades da Administração direta e indireta, aos concessionários, permissionários de serviço público e nos delegados de função pública.
O importante é se a qualidade de agente público foi determinante para a conduta lesiva.
II - Caracteres de Conduta Lesiva Ensejadora de Responsabilidade
a) Danos por ação do Estado
	- Atos lícitos = Ex.: fechamento do centro da cidade a automóveis => surge dever de indenizar os proprietários de edifícios-garagem.
	- Atos ilícitos = Ex.: apreensão de jornais fora das hipóteses legais, espancamento de prisioneiro.
RESPONSABILIDADE CIVIL ADMINISTRATIVA
c) Danos dependentes de situação propiciatória de risco = surge a responsabilidade objetiva porque houve uma prévia ação do Estado, que propiciou o risco. Ex.: Assassinato de presidiário por outro presidiário; Explosão de depósito militar por raio; Vazamento de central nuclear por causa de avalanche.	
II - Caracteres de Conduta Lesiva Ensejadora de Responsabilidade
b) Danos por omissão do Estado = só surgem quando o Estado tem o dever de impedir o dano => responsabilidade
subjetiva.
O Estado não é segurador universal. Ex.: Alagamento de casas por falta de conservação dos bueiros e galerias pluviais, assaltos diante de policiais inertes.
RESPONSABILIDADE CIVIL ADMINISTRATIVA
OBS: Teoria da causalidade direta = Ex.: Presidiários fogem e na fuga, roubam um automóvel particular => responsabilidade objetiva; mas 4 meses depois, roubam um automóvel particular => não há responsabilidade objetiva.
III – Responsabilidade Primária e Subsidiária
Responsabilidade primária = Será do Estado quando o autor do dano for seu agente.
Responsabilidade subsidiária do Estado ocorre quando os prestadores de serviço ou empresas executoras de obras ou serviços administrativos são autores do dano. 
RESPONSABILIDADE CIVIL ADMINISTRATIVA
IV - Excludentes de Responsabilidade do Estado
- Falta de nexo da causalidade entre a ação e o resultado. Ex.: culpa exclusiva do lesado => cidadão joga-se à frente do carro.
- Força maior e caso fortuíto => maremoto ou terremoto arremessa viatura pública sobre lojas.
III - Dano Indenizável
		Nos comportamentos estatais lícitos, o dano deve ser especial e anormal.
		Dano especial => não é genérico => onera a situação particular do indivíduo.
		Dano anormal => supera os meros agravos decorrentes do convívio social.
RESPONSABILIDADE POR ATOS JUDICIAIS E LEG.
	ATOS LEGISLATIVOS:	Poder Legislativo edita normas gerais e abstratas a toda a coletividade. Não se pode responsabilizar o Estado por atos de parlamentares eleitos.
	Leis inconstitucionais podem acarretar responsabilidade do Estado. E, quando ocorrem efeitos concretos prejudiciais aos administrados, advindo dos atos legislativos, admite-se a responsabilização do Poder Público.
	Para os atos administrativos a regra constitucional é a da responsabilidade objetiva da Administração, enquanto para os atos legislativos e judiciais a Fazenda Pública só responde mediante comprovação de culpa manifesta em sua expedição, de maneira ilegítima e lesiva. 
	Tal distinção resulta da própria Constituição, que se refere somente aos agentes administrativos (servidores), sem aludir aos agentes políticos (parlamentares e magistrados), que não são servidores da Administração Pública, mas membros de poderes do Estado.
RESPONSABILIDADE POR ATOS JUDICIAIS E LEG.
ATOS JUDICIAIS:	
o Poder Judiciário é soberano e os juízes devem agir com independência, sem o temor da responsabilização do Estado. Todavia:
- o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença (art. 5°, inc. LXXV da CF);
- Responderá por perdas e danos o juiz, quando (art. 133 do CPC):
	a) no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;
	b) recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício, ou a requerimento da parte.
MEIOS DE REPARAÇÃO DO DANO
Administrativo = haverá processo administrativo, produção de provas e resultado final. Havendo acordo sobre o pagamento da indenização, esta pode ser paga de uma sóvez ou de forma parcelada.
Judicial = quando não há acordo. Seguirá o procedimento comum, ordinário ou sumário. O foro dependerá da PJ:
		- se União, empresa pública ou autarquia federal =
		competência da Justiça Federal
		- se de outra natureza = Justiça Estadual
DIREITO DE REGRESSO
A responsabilidade do funcionário é subjetiva.
O STF entende que a ação de responsabilidade objetiva não pode ser proposta contra o servidor causador do dano.
O art. 37, § 6º da CF assegura o direito de regresso do Estado contra seu servidor. 
Para a doutrina o êxito dessa ação, é necessário que a Administração já tenha sido condenada a indenizar a vítima do dano sofrido e que se comprove a culpa do funcionário no evento danoso. 
Para o STJ não é necessário o deslinde da ação indenizatória contra o Estado para se exercer o direito de regresso.
		
DIREITO DE REGRESSO
São duas relações distintas:
			Estado X lesado => responsabilidade objetiva;
			Servidor X Estado => responsabilidade subjetiva.
Todavia, o lesionado pode propor ação contra o Estado, contra o agente ou contra ambos.
Pode o Estado fazer uso da denunciação da lide em relação ao agente, mas não é obrigatória para o STJ, apesar de o CPC estipular que a denunciação da lide é obrigatória àquele que esteve obrigado a indenizar em ação regressiva o prejuízo. Na verdade, prejudicaria o lesado. 
Prescreve em 03 anos a pretensão de reparação civil e de regresso do Estado (art. 206 do CC).

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