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UNIPÊ – CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS Prof: Leopoldo Viana IED – INTRODUÇÃO AO DIREITO II João Pessoa Paraíba –PB – Brasil 2012 INDICE UNIDADE I LEI – CONCEITO 5 DIVISÃO 5 Quanto às fontes: 6 Quanto ao sentido 6 Quanto ao conteúdo 6 Quanto à abrangência 6 LEIS DE ORDEM PÚBLICA OU ORDEM COGENTE 6 LEIS NO SENTIDO TÉCNICO – JURÍDICO 6 NATUREZA IMPERATIVA 6 PROCESSO LEGISLATIVO 7 INÍCIO DA VIGÊNCIA – EXCEÇÕES 7 A VIGÊNCIA DA NORMA JURÍDICA NO ESPAÇO 7 EMENDAS À CONSTITUIÇÃO 8 LEIS COMPLEMENTARES 8 LEIS ORDINÁRIAS 9 Diferença Entre Lei Complementar E Lei Ordinária 9 LEIS DELEGADAS 9 MEDIDAS PROVISÓRIAS 9 DECRETOS LEGISLATIVOS 11 RESOLUÇÕES 11 OBRIGATORIEDADE E APLICAÇÃO DA LEI 11 Origem 11 Distinção 11 HIERARQUIA E CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS 11 Hierarquia Das Leis. 11 Constitucionalidade Das Leis 11 Requisitos Formais 12 Requisitos Materiais ou Substanciais 12 Espécies de Controle de Constitucionalidade 12 UNIDADE II EFICÁCIA DA LEI NO TEMPO 13 REVOGAÇÃO DA LEI 13 IRRETROATIVIDADE DA LEI 14 AS TEORIAS 14 ULTRATIVIDADE DA LEI ANTERIOR 14 RETROATIVIDADE EM MATÉRIA PENAL 15 RECEPÇÃO DA LEI 15 PRINCÍPIOS REGULADORES 15 DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 16 Conceito 16 Objeto 16 Natureza De Suas Normas 16 Princípio Regulador 16 Doutrina Da Extraterritorialidade E Estatuto Pessoal 16 Direitos Assegurados No Brasil 17 Lex Domicilii 17 Materialização 17 Restrições Legais 17 UNIDADE III SISTEMA JURÍDICO BRASILEIRO 18 Início Da Personalidade Natural 18 Fim Da Personalidade 18 Nome 18 Capacidade 18 Relações De Paternidade, Maternidade E Filiação. 18 "Lex Loci Celebrationis" E Casamento 19 Impedimentos 19 Domicílios Comuns Ou Diferentes – Invalidade 20 UNIDADE IV: HERMENÊUTICA, INTERPRETAÇÃO DA LEI E A INTEGRAÇÃO DA NORMA JURÍDICA. A INTERPRETAÇÃO JURÍDICA (HERMENÊUTICA) 21 Interpretação Jurídica 21 Hermenêutica 21 "In Claris Cessat Interpretatio" 21 "Mens Legis" Ou "Mens Legislatoris" 21 Métodos De Interpretação 21 Espécies De Interpretação 22 AS LACUNAS DA NORMA JURÍDICA E OS MEIOS DE INTEGRAÇÃO 22 A Completude Do Sistema Jurídico 22 Os Meios De Integração 23 Analogia 23 Costume Jurídico 24 Princípios Gerais Do Direito 25 Equidade 25 Doutrina 26 Jurisprudência 26 UNIDADE V: EXPERIÊNCIA JURÍDICA E DIREITO OBJETIVO ESTRUTURAS SOCIAIS E MODELOS JURÍDICOS 27 Estruturas sociais 27 Modelos jurídicos 27 Espécies de Modelos Jurídicos 27 O DIREITO OBJETIVO E O ESTADO 28 Direito Objetivo 28 O direito positivo 28 ORDENAMENTO JURÍDICO 28 VALIDADE 28 UNIDADE VI NEGÓCIO JURÍDICO E ATOS JURÍDICOS 28 Conceitos 28 Ato Jurídico 28 Fato Jurídico 28 Negócio Jurídico 28 Plano De Existência 29 Plano De Validade 29 Plano De Eficácia 29 Atos Jurídicos Ilícitos São Indenizáveis 29 Erro 30 Dolo 30 Coação 30 Estado de Perigo 30 Lesão 30 Fraude contra credores 30 Simulação 30 Atos Nulos, Anuláveis e Inexistentes. 31 Unidade VII RELAÇÃO JURÍDICA 32 Noção 32 Elementos 32 Um Sujeito ativo 32 Um Sujeito passivo 32 Um Vínculo de atributividade, e 32 Objeto. 32 Unidade VIII SUJEITO DE DIREITO E PERSONALIDADE JURÍDICA 33 CAPACIDADE CIVIL 34 PESSOA JURÍDICA 34 PJ de direito público externo 34 PJ direito Público Interno 34 PJ de direito privado 34 Início da Personalidade Jurídica 35 Término ou Extinção da Personalidade Jurídica 35 A Quase Pessoa Jurídica 35 Unidade IX SITUAÇÕES SUBJETIVAS E DIREITO SUBJETIVO 35 Noção de Direito Subjetivo 35 Direito e Vontade 36 Direito e Interesse 36 A teoria Eclética 37 A Solução de Del Vecchio 37 Direito Subjetivo Como Norma e Como Fato 37 Os Direitos Subjetivos Públicos na Constituição Federal 38 Direito Subjetivo Privado 38 Direitos Subjetivos Públicos 39 Unidade X DIVISÃO DO DIREITO 40 Direito Público e Direito Privado 40 Direito Interno e Internacional 41 Direito Constitucional 41 Direito Administrativo 42 Direito Processual 42 Direito Penal 44 Direito Internacional Público 47 Direito Internacional Privado 47 Direito Trabalho 48 Direito Financeiro e Direito Tributário 50 Unidade XI DIVISÃO DO DIREITO (II) 50 Direito Civil 50 Princípios basilares 52 Casamento, Família E Propriedade 53 Casamento 53 Família 54 Propriedade 54 Direito Comercial 56 Outro Ramos 57 OS DIREITOS “NOVOS” 57 Direito Ambiental 57 Direito da Infância e Juventude 58 Direito do Consumidor 60 Direitos básicos do consumidor 61 ANEXO -1 62 ART.5º da Constituição Federal ANEXO -2 75 Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro (LINDB) ANEXO -3 82 LOMAN – Lei Complementar 35 de 14 de março de 1979 –(magistratura) IED – INTRODUÇÃO AO DIREITO II UNIDADE I LEI: CONCEITO : é uma norma geral, escrita, que obedece a um processo peculiar de elaboração, proveniente de entidade competente. Elementos conceituais Generalidade - (elemento material, valor) a lei prevê uma situação para uma universalidade de pessoas, não se dirige a alguém isoladamente (há exceções, e mesmo nelas, há universalidade), assim, é atingido pela conseqüência (efeitos) quem quer que se enquadre na hipótese prevista. Processo de elaboração - (elemento formal, meio) elaborada de acordo com o processo constitucional. Caráter escrito - (elemento formal) Entidade da qual provém (elemento formal) - Poder Legislativo OBS: qualquer regra jurídica sem um desses elementos não é lei. "Lato Sensu" - norma escrita de direito, promulgada pelo Poder Público, compreende: lei, decreto e regulamento. "Stricto Sensu" - norma escrita de direito, aprovada pelo Poder Legislativo e sancionada pelo Poder Executivo. Exceção: Leis Individualizadas as que concedem permissão para uma atividade as que outorgam isenção tributária para pessoa determinada DIVISÃO Quanto às fontes: Originárias - Poder constituinte Originário; Derivadas - São limitadas umas pelas outras Lei(imediata): principal das fontes. Costume Jurisprudência Doutrina (OBS: Mediatas - consultadas na ausência da regra legal, servem para suprir as omissões da lei. A citada consulta às fontes do direito deve ser sistemática e progressiva. Só podemos passar à segunda, quando exaurida a primeira, e assim por diante). Quanto ao sentido: Em sentido material – atributo da generalidade (CC) Em sentido formal - não tem o atributo da generalidade, isto é, o elemento material. (CPC) Quanto ao conteúdo: Substanciais ou materiais - normas de conduta social que definem os direitos e deveres das pessoas, em suas relações de vida. (CC, CP,) Formais - normas que definem os procedimentos a serem cumpridos no andamento das questões forenses. (CPC, CPP) OBS: Institutos Unos - Reúnem normas materiais e formais. (CLT, CCON, ECA) Quanto à abrangência: a) Norma Geral - quando aborda todo o ramo específico do Direito (Código Civil) b) Norma Especial - quando se atém a setor especializado dentro de certo ramo (lei do inquilinato) LEIS DE ORDEM PÚBLICA OU ORDEM COGENTE Disciplina os fatos de maior relevo ao bem-estar social Prevalece independentemente da vontade das pessoas Exemplo: Cogente: das Nulidades dos atos jurídicos; Das Desapropriações. Constituem Leis de Ordem Pública Família, Direitos Personalíssimos, Capacidade das pessoas, Prescrição, Nulidade de Atos, Normas Constitucionais, administrativas, penais, processuais, do trabalho, previdência e acidente do trabalho. LEI NO SENTIDO TÉCNICO - JURÍDICO – Quando a norma escrita é constitutiva de direito, ou melhor, quando ela introduz algo de novo com caráter obrigatório no sistema jurídico em vigor. NATUREZA IMPERATIVA Regra - a norma jurídica é sempre imperativo-atributiva, porém, às vezes, a lei exprime apenas uma de suas dimensões, deixando a outra subentendida. Exemplos: O proprietário poderá levantar em seu terreno as construções que lhe aprouver (expressa). Ninguém pode impedir que o proprietário levante.... (subentendida) O mandatário pode renunciar ao mandato (expressa)Todos são obrigados a consentir que o mandatário.... (subentendida) PROCESSO LEGISLATIVO - Elaboração da Lei Iniciativa da lei Exame pelas comissões técnicas Discussão e aprovação Revisão do Projeto Sanção Espécies: Tácita e Expressa Promulgação Declaração formal da lei Ordinariamente, ato do chefe do executivo. Extraordinariamente, ato do presidente do Senado ou do vice-presidente do Senado. Publicação OBS: "Vacatio Legis" - tempo que medeia entre a publicação e o início da vigência INÍCIO DA VIGÊNCIA – EXCEÇÕES Nos Estado Estrangeiros: três meses após publicada oficialmente(art. 1º , parágrafo 1º da LINDB) Nas Normas jurídicas de Natureza Tributária: b.1) Norma Jurídica que institui ou aumenta tributos - somente pode ter vigência no exercício financeiro seguinte àquele em que tenha sido publicada, ou seja, em 1º de janeiro do ano seguinte ao da publicação (CF, art. 150, III, b); b.2) EXCEÇÃO: 153, I, II, IV e V / 154, II da CF. OBS: a norma geral não revoga a especial e vice-versa Normas Jurídicas que não podem ser revogadas - são as inseridas na Constituição Federal como "cláusulas pétreas", isto é, que são definitivas (parágrafo 4º do art. 60). A VIGÊNCIA DA NORMA JURÍDICA NO ESPAÇO - o campo de abrangência é limitado por espaços territoriais, incluindo: águas territoriais ilhas aviões navios embarcações nacionais áreas das embaixadas consulado subsolo atmosfera Obs.: essa delimitação é conhecida como “princípio da territorialidade", o Brasil adota o "princípio da territorialidade moderada"(arts. 2º, 8 LINDB). Em relação ao começo e fim da personalidade, à capacidade das pessoas, aos direitos de família e à sucessão (direitos hereditários), aplicam-se as normas do país em que a pessoa envolvida for domiciliada. OBS: No caso da sucessão hereditária, vale o domicílio do falecido ou do desaparecido (sucessão por ausência) arts. 7º e 10 da LINDB. Competência da autoridade brasileira (art. 12 LINDB) Norma Jurídica Estrangeira, sentença ou ato jurídico não terá eficácia no Brasil seofender a soberania nacional, a ordem pública interna e os bons costumes nacionais (art. 17 LINDB) EMENDAS À CONSTITUIÇÃO Art. 60 CF. A constituição federal poderá ser emendada mediante proposta: De um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado federal; Do Presidente da República; De mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros; Obs: 1 – A constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, estado de defesa ou estado de sítio. Obs: 2- A proposta será discutida e votada em cada casa do congresso nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. Obs: 3 - A emenda à Constituição será promulgada pelas mesas da câmara dos deputados e do senado federal, com o respectivo número de ordem. Obs: 4 – Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: (cláusulas pétreas): a forma federativa de estado o voto direito, secreto, universal e periódico a separação dos Poderes os direitos e garantias individuais. Obs: 5 – A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. LEIS COMPLEMENTARES Art. 61 da CF . Sua iniciativa cabe a qualquer membro ou comissão da câmara dos deputados, do senado federal ou do congresso nacional, ao presidente da república, ao supremo tribunal federal, aos tribunais superiores, ao procurador-geral da república e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos na constituição. Obs 1: Vide parágrafos 1o e 2o do art. supracitado: Obs 2: As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta (art. 69 CF) e só podem ter por objeto conteúdo de reserva legal expresso. Obs 3: Art. 59 parágrafo único CF: Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. Art. 88 e par. 2o do art 91 CF - exemplo de lei complementar prevista na própria CF: A lei disporá sobre a criação, estruturação e atribuições dos ministérios. LEIS ORDINÁRIAS Art. 61 da CF: Sua iniciativa cabe a qualquer membro ou comissão da câmara dos deputados, do senado federal ou do congresso nacional, ao presidente da república, ao supremo tribunal federal, aos tribunais superiores, ao procurador-geral da república e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos na constituição. Obs 1: Vide parágrafos 1o e 2o do art. supracitado: Diferença Entre Lei Complementar E Lei Ordinária: - A primeira é material, uma vez que somente poderá ser objeto de lei complementar a matéria taxativamente prevista na CF, enquanto todas as demais matérias deverão ser objeto de lei ordinária. - A segunda é formal, e diz respeito ao processo legislativo. Enquanto o quorum para aprovação da lei ordinária é de maioria simples (relativa), o quorum para aprovação da lei complementar é de maioria absoluta. LEIS DELEGADAS Art. 68 CF: As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação do Congresso Nacional (par. 2o ). Obs 1 – Alguns atos não serão objeto de delegação, exemplo: matéria reservada à lei complementar; atos de competência exclusiva do congresso nacional, etc, além dos incisos I, II e III contidos no parágrafo 1o MEDIDAS PROVISÓRIAS Art 62 CF (alterado pela Emenda 32/01): Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: I – relativa a: a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; b) direito penal, processual penal e processual civil; c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º; II – que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; III – reservada a lei complementar; IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República. § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. § 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. § 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da medida provisória, suspendendo-se durante os períodos de recesso do Congresso Nacional. § 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais. § 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subseqüentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando. § 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida provisória que, no prazo de sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional. § 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara dos Deputados. § 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antesde serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional. § 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo. § 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas. § 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto."(NR) DECRETOS LEGISLATIVOS Art. 49 CF: É espécie normativa destinada a veicular as matérias de competência exclusiva do Congresso, previstas no art. 49 da CF. Além dessas, as previstas no art. 62, P. Único da citada CF. Obs: O congresso Nacional poderá aprovar os tratados e atos internacionais mediante a edição de decreto legislativo. RESOLUÇÕES Ato do Congresso Nacional ou de qualquer de suas casas, tomado por procedimento diferente do previsto para a elaboração das leis, destinado a regular matéria de competência do congresso nacional ou de competência privativa do senado ou da câmara dos deputados. Obs.: Espécies de Resoluções: - ato político ( resolução senatorial que referenda nomeações) - ato deliberativo (resolução para fixação de alíquotas) - ato de co-participação na função judicial (suspensão de lei declarada inconstitucional pelo STF. - ato-condição da função legislativa (autorização ao Executivo para elaborar lei delegada) OBRIGATORIEDADE E APLICAÇÃO DA LEI Origem - A obrigatoriedade da lei está diretamente relacionada com a natureza da norma jurídica, se de ordem pública ou de ordem privada. Distinção: ordem pública, quando se tratar de norma proibitiva ou obrigatória, impondo-se mesmo contra a vontade de quem tem o direito e a garantia a seu favor. Exemplo: mesmo que assine documento renunciando ao salário, querendo o trabalhador, o documento será nulo. ordem privada, quando se tratar de norma permissiva. Observação: os modos proibitivos e obrigatórios estão presentes, também, em norma de direito privado, e, quando lá estão, são também normas de ordem pública. HIERARQUIA E CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS Hierarquia Das Leis. Aplicação dos incisos do art. 59 da CF: Constituição, emendas, leis complementares, ordinárias, MP, DL, resoluções. Constitucionalidade Das Leis Conceito: Controlar a constitucionalidade significa verificar a adequação (compatibilidade) de uma lei ou de um ato normativo com a constituição, verificando seus requisitos formais e materiais. Art. 59 Requisitos: A análise da constitucionalidade das espécies normativas (art. 59 CF) implica em compará-las com determinados requisitos formais e materiais, a fim de verificar-se sua compatibilidade com as normas constitucionais. Requisitos Formais: O art. 5o da CF consagra o Princípio da Legalidade, ao determinar que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Assim sendo, a inobservância das normas constitucionais do processo legislativo tem como consequência a inconstitucionalidade formal da lei ou do ato normativo produzido, possibilitando pleno controle repressivo de constitucionalidade pelo Poder Judiciário. Requisitos Formais: Subjetivos- Refere-se à fase instrutória do processo legislativo, ou seja à questão da iniciativa. A iniciativa por um deputado do contido, por exemplo, do art. 61, Par. 1o, II, a, da CF, apresentará flagrante vício de inconstitucionalidade. Objetivos- refere-se ao trâmite constitucional previsto nos art. 60 a 69 da CF. Por exemplo, projeto de lei complementar aprovado por maioria simples na câmara e no senado, sancionado, promulgado e publicado, apresenta vício formal objetivo de inconstitucionalidade, uma vez que foi desrespeitado o quorum mínimo de aprovação, previsto no art. 69 CF, ou seja a maioria absoluta. Requisitos Materiais ou Substanciais -Trata-se da verificação material da compatibilidade do objeto da lei ou do ato normativo com a constituição federal (substância). O DESCUMPRIMENTO DA LEI OU DO ATO NORMATIVO INCONSTITUCIONAL PELO PODER EXECUTIVO -O Poder Executivo, assim como os demais Poderes, está obrigado a pautar sua conduta pela estrita legalidade, observando primeiramente as normas constitucionais. Dessa forma, não há como exigir do chefe do Poder Executivo o cumprimento de uma lei ou ato normativo que entenda flagrantemente inconstitucional, podendo e devendo, licitamente, negar-se cumprimento, sem prejuízo do exame posterior pelo Judiciário. Espécies de Controle de Constitucionalidade Controle Preventivo - São duas as hipóteses: a uma, as comissões de constituição e justiça da Câmara e do Senado(Poder Legislativo). A duas, o veto jurídico, aplicado pelo Presidente da República quando entender inconstitucional o projeto de lei(Poder Executivo). Observação: O STF entente que o Mandado de Segurança impetrado contra a Mesa da Câmara/Senado por Deputado/Senador contra a votação de lei que entenda inconstitucional é uma espécie de controle preventivo realizado pelo poder judiciário. Controle Repressivo- Realizado pelo Poder Legislativo e pelo Poder Judiciário. Repressivo pelo Poder Legislativo: São duas hipóteses. 1a Sustação pelo Congresso Nacional dos atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites da delegação legislativa em relação a forma (art. 49, V CF); 2a Rejeição de Medida provisória com base em parecer da comissão de constituição e justiça, retirando-a do ordenamento jurídico. Repressivo pelo Poder Judiciário: é misto. Controle difuso ou aberto, e Controle Concentrado. Controle Difuso ou Aberto: Também conhecido como controle por via de exceção ou defesa. Caracteriza-se pela permissão a todo e qualquer juiz ou tribunal realizar no caso concreto a análise sobre a compatibilidade do ordenamento jurídico com a Constituição Federal. Controle Concentrado: Através deste controle, procura-se obter a declaração de inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo em tese, independentemente da existência de um caso concreto. São várias as espécies de controle concentrado contempladas pela Constituição Federal: Ação direta de inconstitucionalidade genérica (art. 102, I, a); Ação direta de inconstitucionalidade interventiva (art. 36, III); Ação direta de inconstitucionalidade por omissão (art. 103, Par. 2o ); Ação declaratória de constitucionalidade (art. 102, I, a, in fine, EC nr 03/93). UNIDADE II EFICÁCIA DA LEI NO TEMPO Conceito: A lei se torna eficaz, produzindo seus efeitos, a partir da sua publicação, durando até a sua revogação. Publicada a Lei no DO, ninguém se escusa de cumpri-la, alegando que não a conhece (art. 3o da LINDB). Sua força obrigatória, todavia, está condicionada à sua vigência, ou seja, ao dia em que começa a vigorar. REVOGAÇÃO DA LEI: Conceito: Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue (art. 2o da LINDB). 1: Não há revogação pelo simples desuso da lei. 2: Revogação Expressa: a lei nova diz quais os textos revogados. 3: Revogação tácita: quando a lei nova é incompatível com a lei anterior ou regula inteiramente a matéria da lei anterior. 4: Repristinação: (Ressurreição da lei) Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência (art. 2o par. 3o da LINDB), ou seja: não há, portanto, ressurreição da lei abolida, pela revogação da lei que a revogou. Esquema: Uma lei só se revoga por outra lei de nível igual ou superior; Não há revogação pelo desuso; A revogação pode ser expressa ou tácita; Não há repristinação tácita. É possível a expressa; A revogação total chama-se ab-rogação; A revogação parcial chama-se derrogação OBS: a norma geral não revoga a especial e vice-versa Normas Jurídicas que não podemser revogadas - são as inseridas na Constituição Federal como "cláusulas pétreas", isto é, que são definitivas (parágrafo 4º do art. 60). IRRETROATIVIDADE DA LEI Conceito: Em princípio, a lei não deve ser retroativa. Não deve alcançar fatos do passado, mas regular situações presentes e futuras, a partir de sua vigência. Mas se, por exceção, uma lei nova pretender regular fatos passados, terá de respeitar sempre o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. 1: Direito Adquirido: Situação jurídica definitivamente constituída no regime da lei anterior. 2: Ato Jurídico Perfeito: Aquele já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. 3: Coisa Julgada: Decisão judicial de que já não caiba recurso - CF art XXXVI e art. 6o da LINDB Ressalva: O art. 5o XL reza que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. Histórico: Antiguidade Oriental: no Direito Chinês e no Direito Hindu, as leis retroagiam. Antiguidade Clássica: na Grécia e em Roma, as leis retroagiam de acordo com o interesse público. AS TEORIAS Unilaterais ou Ortodoxas ( Savigny e Lassale) - a lei retroage, respeitando o direito adquirido e o fato consumado. Plurilaterais ou Heterodoxas (Ruggiero) - as leis públicas podem retroagir, as privadas nunca retroagem. ULTRATIVIDADE DA LEI ANTERIOR Conceito: Em certos casos, a lei revogada sobrevive, continuando a ser aplicada às situações ocorridas ao tempo de sua vigência. Assim, o ato jurídico perfeito será avaliado e julgado de acordo com a lei existente à época de sua conclusão (o contrato, os atos unilaterais de vontade como o testamento, a promessa). Exemplo: quem casou antes de 1977 o fez em regime de comunhão universal de bens. RETROATIVIDADE EM MATÉRIA PENAL Em princípio, a lei penal rege os fatos ocorridos na sua vigência. Todavia, se a lei penal for modificada durante o processo penal ou durante a execução da pena, prevalecerá a norma mais favorável ao réu, não importa se a anterior ou a posterior (ultratividade ou retroatividade da norma mais benéfica). Da mesma forma, se a lei nova deixar de considerar o fato como crime (abolitio criminis), se aplicará esta última, por ser mais favorável ao réu. Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória (art. 2o, caput, do CP). As leis posteriores, que, de qualquer modo, favorecerem o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. RECEPÇÃO DA LEI Ocorre quando a nova Constituição recebe como válida a normatividade infraconstitucional anterior se essas normas anteriores não forem incompatíveis com a nova Constituição. Assim, não há que se falar que as leis incompatíveis com a nova Constituição foram revogadas, pois a revogação só ocorre no mesmo plano hierárquico. As normas incompatíveis apenas não são recepcionadas. PRINCÍPIOS REGULADORES Histórico Da Territorialidade das Leis: Antiguidade - Do poder de soberania dos Estados resulta que as leis de cada um só podem ter eficácia dentro do seu território. Assim, nenhum Estado permite que as leis estrangeiras sejam aplicadas dentro do seu território. Da mesma forma, também não pode pretender que as suas leis sejam reconhecidas fora de suas fronteiras. Obs- Esse princípio exclusivista dava lugar a inconvenientes nas relações internacionais. Idade Média (personalidade das leis) – Mandava aplicar aos estrangeiros a lei do seu próprio País. Implicava em choque com as leis nacionais, dando assim a uma série de questões denominadas conflito das leis no espaço. Tempos modernos – Nacionalidade das leis. O Estado não é uma potência territorial, é uma Nação. Dominante na Europa e América, logo provou sua inconveniência, em razão da imensa imigração. Países como o Brasil, teriam cidades em que a quase totalidade da lei estrangeira estaria em vigor em detrimento da lei nacional, o que seria uma extravagância. -Tempos atuais- (territorialidade moderada) – Abandonado o princípio da nacionalidade e adotado o do domicílio, que vem a ser o lugar onde a pessoa tem residência permanente. Tal princípio foi adotado pela LINDB, em 1942, predominando no direito brasileiro. DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Conceito - é o ramo do Direito composto por normas jurídicas especiais que regulam as relações privadas no âmbito internacional. Objeto - as normas de Direito Internacional Privado têm por objeto: Solucionar o conflito de jurisdição; Estabelecer princípios indicativos de critérios para solucionar o problema de qualificação que ocorre quando duas ordens jurídicas qualificam de forma diversa o mesmo instituto; Determinar o efeito dos atos realizados no exterior; Reger a condição jurídica do estrangeiro; Tratar da eficácia internacional de um direito legitimamente adquirido em um país que poderá ser reconhecido e exercido em outro. Natureza de suas normas - O Direito Internacional Privado constitui Direito de Coordenação, garantido pelo comum acordo entre os países e, de certa forma, por decisões da ONU. Princípio regulador - a norma jurídica terá vigência e eficácia em outro Estado se este a aceitar (Princípio da Soberania dos Estados); Doutrina da Extraterritorialidade e Estatuto Pessoal Extraterritorialidade - em razão dela, possível será a aplicação da lei em território de outro Estado, de conformidade com o estabelecido em princípios e convenções internacionais. A norma , portanto, ultrapassará suas fronteiras, atendendo aos interesses de vários países. Observação - o princípio de que a lei não tem eficácia fora do território do País, inclina-se ante o interesse das nações. Generalidades - funda-se no "mobilis in mobili", isto é, no fato das pessoas estarem sempre em movimento, quer físico, quer negocial, portanto é possível que: Um brasileiro contrate, por via telefônica, os serviços de um norte-americano; Que um espanhol se case com uma brasileira na França; Que uma nota promissória emitida em Bruxelas seja executada em Tóquio; Que sentença prolatada em Buenos Aires seja homologada em Moscou. Orientação - o Direito Internacional Privado, determina que se aplique a lei competente de cada País sobre família, sucessões, bens, contratos, letras de câmbio, crimes, impostos, processos e tráfego aéreo . Determinação - o Direito Internacional Privado não disciplina as relações supranacionais, tão-somente determina quais normas, deste ou daquele outro ordenamento jurídico, são aplicáveis no caso de haver conflitos de leis no espaço. Exemplo: casamento, no Brasil, de brasileira com 18 anos completos e argentino, aqui domiciliado, com 18 anos, este precisaria do consentimento dos pais já que a maioridade civil no Direito Argentino dá-se aos 22 anos. Conflito de leis, qual aplicar? A brasileira, uma vez que o ato será praticado no Brasil e o argentino é aqui domiciliado. Direitos assegurados no Brasil - o Direito Internacional Privado assegura direitos ao estrangeiro no Brasil, desde que: não ofendam a soberania nacional, a ordem pública interna e os bons costumes; haja permissão para aplicação de norma estrangeira, pois se inexistisse tal anuência não haveria que se falar em conflito de normas no espaço, visto que somente vigoraria a lei nacional; exista intercâmbio mercantil, cultural etc. entre os povos submetidos aos referidos Estados; haja diversidade de leis regendo, concomitantemente e de modo diverso, a mesma relação jurídica. Lex Domicilii - que rege o estatuto pessoal, é o critério que mais atende à conveniência brasileira em razão ( art. 7º da LINDB): de ser um país de imigração; tendo, pois, o interesse de sujeitar o estrangeiro aqui domiciliado à sua lei; integrando-o à vida nacional, independentemente de sua subordinação política. tratar-se de critério político, geográfico e jurídico: a pessoa passará a fazer parte da população; se estrangeira, adquirirá direitos e assumirá obrigações de ordem pública. Materialização - nossa opçãopela "lex domicilii" encontra-se materializada no art. 7º da LINDB, quando se tratar de começo e fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família: Regra Geral - aplicação da lei domiciliar; Exceção - aplicação do direito brasileiro, quando a "lex domicilii" contrariar a ordem pública. Restrições legais - apesar da igualdade entre nacionais e estrangeiros, há restrições legais a estes, em razão da capacidade: exploração de minas e quedas d'água ( 176,§ 1º CF); corretor de Bolsa, leiloeiro público UNIDADE III SISTEMA JURÍDICO BRASILEIRO A norma jurídica fundamental que cuida do assunto é a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, da seguinte forma: Questões Atinentes à Pessoa e à Família ( art. 7º ); Início da Personalidade Natural - "Lex domicilii" dos pais. Exemplos: pais franceses domiciliados na França e filho nascido no Brasil, aplica-se a "lex domicilii" dos pais, isto é, a lei francesa; Pais italianos domiciliados no Brasil e filho nascido no Brasil, aplica-se a "lex domicilii" dos pais, isto é , a lei brasileira. "In casu", art. 2º do CC, que protege desde a concepção, isto é, o nascituro tem personalidade jurídica formal( direito em potencial - patrimonial, vez que tem os direitos da personalidade, assim como o direito à vida, à saúde, à assistência pré-natal, a alimentos etc., independem do nascimento com vida. Exemplo: homem recentemente casado pelo regime de separação de bens, falece num desastre, deixando pais vivos e viúva grávida, nascendo morta a criança não terá adquirido personalidade jurídica material e, portanto, não recebe e nem transmite a herança de seu pai, que ficará com os avós paternos. Se nascer vivo, receberá a herança, e, falecendo logo em seguida, a herança passará a sua mãe. Fim da Personalidade ( presunções de morte, comoriência e ausência). Nome - que integra a personalidade por ser o sinal exterior pelo qual se designa, se individualiza e se reconhece a pessoa no seio da família e da sociedade, deverá ser regido pela lei do domicílio. Exemplo: havendo conflito entre a lei do domicílio do pai e a do filho a ser reconhecido ou adotado, aplicar-se-á a do filho. Capacidade - a capacidade matrimonial reger-se-á pela lei domiciliar dos nubentes e as relações pessoais dos cônjuges, ou seja, seus direitos e deveres oriundos do matrimônio regular-se-ão pela "lex domicilii" , isto é, a lei do país em que for domiciliada a pessoa casada determinará as normas relativas ao direito de família. Exemplo: argentino casado com brasileira no Brasil, posteriormente fixando domicílio em Atenas. Relações de paternidade, maternidade e filiação( decorrente de matrimônio, reconhecimento e adoção) - aplica-se a "lex domicilii" das pessoas interessadas(pais e filhos) - hipóteses: se tiverem domicílios diferentes, a ação só será movida se autorizada pela lei do suposto pai e do presumido filho; se ambas as leis admitirem a ação de investigação ou o reconhecimento, prevalecerá a do filho; se houver conflito entre a lei pessoal do pai e a do filho, prevalecerá a do filho; em relação aos filhos menores não emancipados, aplicar-se-á a lei pessoal do pai, pois o domicílio daquele estender-se-á a este. A emancipação reger-se-á pela lei pessoal daquele cuja capacidade se trata ( lei da nacionalidade). "Lex loci celebrationis" e casamento ( ato eminentemente formal que deve ater-se às prescrições formais de ordem pública, que demonstra a capacidade nupcial ou a habilitação dos nubentes) - celebrar-se-á de conformidade com as solenidades impostas pela "lex loci celebrationis" , bem como no que diz respeito aos impedimentos absolutos (nulidades) art. 1521 I a VII do CC. No que se refere à invalidade do casamento, e suas nulidades absolutas, o art. 1548 disciplina o assunto. Ainda da invalidade do casamento, o art. 1550 e SS, estabelece as causas prováveis de anulação. Quanto às causas suspensivas, art. 1.523 I a IV e 1524 do CC, que proíbem o ato nupcial sem contudo acarretar sua invalidação, sujeitando os infratores a determinadas sanções de ordem econômica e não interessam à ordem pública internacional. Logo, mesmo que a lei alienígena os contrarie, ela regerá os casamentos realizados no Brasil por pessoas não domiciliadas no exterior. Exemplo: estrangeiro se casa no país, sendo viúvo, poderá fazê-lo independentemente de inventário dos bens do falecido e partilha aos filhos do leito anterior, se sua lei pessoal não reconhecer aquele impedimento; Exemplo : se se pretende casar no Brasil mulher cuja lei pessoal dispensa ou contém prazo reduzido de espera para evitar "turbatio sanguinis" (mistura de sangue), esta norma deverá ser observada, sem que isso venha a conflitar com o princípio da ordem pública nacional. OBS: Efeitos - se o ato for válido segundo a lei do Estado onde se realizou, válido será em qualquer país; Prova - O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou cônsules brasileiros (art. 1544 CC), deverá ser registrado em 180 dias a contar da volta de um ou de ambos os conjugues ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1º ofício da Capital do Estado em que passarem a residir., em aplicação do princípio de direito internacional privado "locus regit actum" (a lei local rege os atos ali cumpridos). Impedimentos absoluto: motivam nulidade absoluta, isto é, de interesse público quanto à sanção, sujeito à ação de nulidade por pessoa interessada ou o M.P. Art 1521 CC. Relativo : motivam nulidade relativa, anulação, isto é, de interesse privado (particular), proposta por pessoa a quem a lei autoriza. Art. 1550 a 1560 CC. Causas Suspensivas - aqueles que se opõem à celebração, mas, uma vez contraído o casamento, nenhum efeito produz que possa afetar sua validade. As consequências da infração são penalidades. Art. 1523 e 1524 Casamento perante autoridade diplomática ou consular - desde que tenham a mesma nacionalidade, os estrangeiros poderão contrair núpcias perante agente diplomático ou consular (princípio da nacionalidade): nubentes e autoridade diplomática tenham a mesma nacionalidade; a lei nacional comum confira tal competência ao cônsul; OBS. Se no Brasil, obedecerá a lei dos nubentes no que tange à forma do ato, pois seus efeitos materiais são apreciados de acordo com a lei brasileira; Será provado por certidão de assento no registro do consulado. Brasileiro não poderá convolar núpcias no Brasil, em consulado estrangeiro, mesmo que domiciliado no país a que a autoridade consular celebrante pertence; Domicílios comuns ou diferentes - invalidade Regra - aplicação do domicílio dos nubentes, se o tiverem em comum. Exceção - se domicílio internacional diverso prevalecerá para os requisitos intrínsecos do ato nupcial e para as causas de sua nulidade, absoluta ou relativa, inclusive no que atina aos vícios de consentimento, a lei do primeiro domicílio conjugal estabelecido após o casamento. Exemplos: domiciliada no Brasil, que se casou com um domiciliado na Colômbia, viesse a descobrir o passado criminoso de seu marido, só poderia requerer a anulação do casamento baseada nos art. 1556, 1557, I a IV, do CC, se o Brasil fosse o primeiro domicílio conjugal. domiciliado na Espanha , que contraiu matrimônio com domiciliada na Itália, crendo ser sua esposa uma mulher honrada, tivesse após as núpcias ciência de sua vida irregular, por ser uma cafetina, somente poderia pleitear a invalidade do casamento invocando os art. 1556, 1557, I a IV, do CC se o Brasil for o primeiro domicílio conjugal, não importando que o estatuto pessoal de sua mulher não considere como anulável por aquela razão. se noivos franceses, domiciliados na França, casarem-se no Brasil, o casamento, ao celebrar-se, será regido pela lei brasileira (7º,§1º), mas, se sua validade vier a ser discutida no Brasil, será aplicável a lei francesa, por ser a lei domiciliar comum dos nubentes. UNIDADE IV: HERMENÊUTICA, INTERPRETAÇÃO DA LEI E A INTEGRAÇÃO DA NORMA JURÍDICA. AINTERPRETAÇÃO JURÍDICA (HERMENÊUTICA) INTERPRETAÇÃO JURÍDICA: “é um trabalho prático elaborado pelo intérprete, através do qual ele busca fixar o sentido e o alcance das normas jurídicas ou das 'expressões do Direito". HERMENÊUTICA: é a Teoria Científica da Interpretação, que busca construir um sistema que propicie a fixação do sentido e alcance das normas jurídicas. "IN CLARIS CESSAT INTERPRETATIO" brocardo latino que diz não haver necessidade de interpretação quando a norma jurídica é clara. OBS: Doutrina Jurídica: é contrária, dizendo que qualquer norma necessita ser interpretada. Exemplo: a norma processual diz: "O prazo para apresentar recurso de apelação é de 15(quinze) dias". "MENS LEGIS" OU "MENS LEGISLATORIS" pela lei ou pelo legislador. OBS: QUESTIONAMENTO : na busca da fixação do sentido e do alcance da norma jurídica , o intérprete deve buscar o sentido do prescrito pela lei ou o sentido querido pelo legislador? Cabe buscar o primeiro. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO GRAMATICAL - busca eliminar ambiguidades, equivocidades e imprecisões, corrigindo erros de redação e fixando a significação das palavras. LÓGICA - usa pressupostos lógicos para resolver problemas surgidos com a interpretação da norma jurídica. EXEMPLO: "quem pode o mais, pode o menos". O devedor pode pagar sua dívida antes, pois se ele deve pagar em data futura (deve o mais), pode pagar antes (pode o menos). SISTEMÁTICA: leva em conta a norma jurídica inserida no contexto maior de ordenamento ou sistema jurídico, isto é, a hierarquia, a coesão e a unidade. EXEMPLO: na hipótese de um artigo do Código Penal desrespeitar a Constituição Federal, será inconstitucional, por conta da interpretação sistemática. TELEOLÓGICA: considera os fins aos qual a norma jurídica se dirige (telos= fim) art. 5º da LINDB. EXEMPLO: quando se interpreta qualquer artigo do ECA, não se pode esquecer das finalidades daquela lei, quais sejam: proteção integral à criança e ao adolescente, manutenção dos valores éticos da família brasileira, dentre outros. HISTÓRICA: é que se preocupa em investigar os antecedentes da norma; como ela surgiu; por que surgiu; quais eram as condições sociais do momento em que ela foi criada; quais eram as justificativas do projeto que motivos políticos levaram á sua aprovação etc. EXEMPLO: uma lei que punia o adultério em 1940 e que estivesse em vigor até hoje certamente teria tido seu sentido alterado em muito ao longo desses anos. ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO QUANTO À ORIGEM Autêntica Doutrinária Judiciária QUANTO AOS EFEITOS Meramente Declarativa: é simplesmente tautológica, isto é: trocam-se as palavras, mas diz-se a mesma coisa. Declarativa ou Especificadora: consiste no resultado normal e rotineiro do intérprete na fixação do sentido e alcance da norma jurídica. Restritiva: é a que restringe o sentido e o alcance apresentado pela expressão literal da norma jurídica, tal ocorre quando o texto diz mais - literalmente - do que é razoável e concreto aceitar. O intérprete usa, especialmente, a regra teleológica de interpretação. EXEMPLO: "O proprietário pode pedir o prédio para uso próprio". Pergunta-se: o nu-proprietário (aquele que detém apenas a nua propriedade e não o direito de uso e gozo do prédio) - 0 que ocorre quando os pais doam um imóvel para os filhos reservando o usufruto (uso e gozo) para si até a morte - pode pedi-lo para uso próprio? NÃO, vez que, apesar de proprietário (nu), só pode pedir o prédio para uso próprio aquele que detém o uso e o gozo. Extensiva: é aquela que vai até ao sentido e ao alcance literal possível da norma(aquilo que ela deveria dizer , mas não disse), isto é: a norma diz menos do que deveria dizer. EXEMPLO: Pergunta-se, para o exemplo anterior: o usufrutuário, que detém apenas o direito de uso e gozo (logo, não é proprietário), pode pedir o imóvel para uso próprio? SIM, uma vez que, mesmo não sendo proprietário, a finalidade do preceito é beneficiar o sujeito que detém o uso e o gozo do prédio. AS LACUNAS DA NORMA JURÍDICA E OS MEIOS DE INTEGRAÇÃO A COMPLETUDE DO SISTEMA JURÍDICO Generalidades: o sistema jurídico caracteriza-se pela onipresença e pela completude, isto é: qualquer ação ou comportamento que se deseje empreender já estará previsto no sistema jurídico. Pergunta-se: assim sendo, existirão lacunas no sistema jurídico? NÃO, os "vazios" e as "lacunas" estão nas normas jurídicas. Decorrentes da impossibilidade factual dos legisladores acompanharem a dinâmica de transformação da realidade social. Falhas na Norma Jurídica: podem existir, entretanto, observando-se e interpretando-se o sistema jurídico, podem ser supridas e o sistema preenchido. OBSERVAÇÃO: No Brasil o próprio ordenamento jurídico, já antevendo sua eventual omissão, estipulou regra visando a saná-la (art. 4o da LINDB). As lacunas - apresentam-se: Quando a lei dá ao juiz apenas uma orientação geral, cabendo-lhe estimar cada caso concreto; Quando o próprio critério estimativo legal só pode ser fixado em cada caso concreto (boa fé, abuso de direito, má-fé, abuso de direito etc. ); Quando a norma jurídica é completamente omissa para uma questão; Quando existe contradição frontal entre dispositivos legais a ponto de todos eles se tornarem ineficazes. OS MEIOS DE INTEGRAÇÃO Integração - é o meio através do qual o intérprete colmata (preenche) a lacuna encontrada, pressupondo que tenha lançado mão de todas as regras de integração à sua disposição. Processo de integração Exame do sistema jurídico como um todo; Interpretação de todas as normas jurídicas encontradas, com base nas técnicas conhecidas; Conclusão da existência de lacuna; Colmatagem pela analogia, pelo costume jurídico e pelos princípios gerais do direito. Fundamentação - art. 4º da LINDB e art. 126 do CPC. ANALOGIA - consiste na aplicação da norma feita para um caso em outro semelhante, que não tenha previsão nomeada no sistema. OBSERVAÇÕES: SEMELHANTE, isto é, guardar identidade de razão. A analogia é uma espécie de indução incompleta, uma vez que parte de um caso particular para outro particular, sem a necessidade de generalização. Exemplos Ampliação do Decreto 2681/1912 a outras empresas de transporte que não as de estradas de ferro; À doação aplica-se o princípio da vontade do testador na interpretação das cláusulas; artigo 13, da Lei 6515/77, autoriza o juiz a , em determinados casos graves, alterar as disposições legais sobre guarda dos filhos, etc. a) Classificação "analogia legis" - aplica a norma a casos não previstos, mas que com ela guardam identidade de razão, sob a invocação do princípio segundo o qual se presume que o legislador lhe daria o mesmo regime. "analogia juris" - é o processo mais amplo: não havendo norma regulamentando situação semelhante, o aplicador extrai o pensamento dominante de um conjunto de normas ou em um instituto, ou em um acervo de diplomas legislativos. b) Distinção entre Analogia, Interpretação Extensiva e Indução Analogia - conclui-se de determinadas semelhanças outras semelhanças novas - ultrapassa-se o limite da norma Interpretação Extensiva - a vontade da lei é que é retificada - não ultrapassa o limite da norma Indução - estende a todos os seres de uma espécie observações feitas sobre alguns deles. Não se admite a Analogia Leis Penais - "in malam partem", salvo no caso de lei penal não incriminadora quando beneficia o réu. Leis excepcionais Leis Fiscais COSTUME JURÍDICO Conceitos "é uma observação constante de uma norma jurídica não baseada em lei escrita". (Clóvis Beviláqua) "a prática reiterada de agir transforma em regra de comportamento, que o tempo consolida em princípios de direito diferentes de meros hábitos sociais ou práticas diuturnas dos indivíduos".( Caio Mário da Silva Pereira) Fundamentação: Art. 4º da LINDB, Art.126 do CPC e Art. 131, nº 4, do C. Com) Distinção entre Costume Jurídico, Usos Sociais e Usos Convencionais Costume jurídico: supõe uma prática constante e longamente seguida(elementomaterial), mas se faz presente a " opinio juris"(elemento psicológico); Usos Sociais: regras de cortesia, da moda , etc.; Usos convencionais: supõem uma prática constante e longamente seguida(elemento material), mas a "opinio juris" está ausente. OBSERVAÇÃO: Usos convencionais + necessidade jurídica = costume. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO Conceitos "são os que inspiram e dão embasamento à criação de toda e qualquer norma, inclusive e especialmente a Constituição, bem como os valores sociais que afetam o sistema e dirigem sua finalidade". ( Luiz Antonio Nunes) "são os elementos fundamentais da cultura jurídica humana em nossos dias".(Clóvis) Fundamentação: Art. 4º L.I.N.D.B. Exemplos: A justiça, a dignidade da pessoa humana, a isonomia (Igualdade de todos perante a lei), a anterioridade para fins de cobrança de impostos etc. Ninguém pode transferir mais direitos do que tem Ninguém deve ser condenado sem ser ouvido Ninguém pode invocar a própria malícia Quem exercita o próprio direito não prejudica a ninguém "pacta sunt servanda" (o pacto deve ser cumprido) "quod initio vitiosum est non potest tractu temporis convalescere" (o vício inicial não será convalidado com o tempo) EQÜIDADE - Exceção ao Art. 4º da L.I.N.D.B. Conceitos "Processo lógico pelo qual o Juiz suaviza o rigor da norma abstrata tendo em vista as circunstâncias peculiares do caso concreto". (Ruggiero) "corresponde a um sentimento de justiça aderente à natureza do caso particular". (Trabucchi) Fundamentação: Art. 6º Lei 9.099/95 - Lei dos Juizados Especiais, Art. 127 C.P.C. , Art. 11 Lei 9.307/96 (Dispõe sobre arbitragem), Art. 423 do novel Código Civil , Art. 8º C.L.T. , Art. 73 do Código de Águas. Orientação da Jurisprudência diante de texto expresso, descabe invocação à eqüidade; a eqüidade não pode ser utilizada para inutilizar ou revogar preceito legal; não pode o juiz modificar a lei sob pretexto de a humanizar e inspirar-lhe os influxos da eqüidade; não pode ser invocada para enfrentar exigências quer ditadas por necessidades da vida coletiva, quer estabelecidas por interesses superiores do Estado, expressamente consignadas pelo mandamento legal. DOUTRINA - Exceção ao Art. 4º da L.I.N.D.B. Conceito: "é o resultado orgânico das indagações e pesquisas dos cientistas do Direito". ( Roberto G. Neto) Compreende: pareceres dos jurisconsultos ensinamentos dos professores opinião dos tratadistas trabalhos forenses Função: orientam o juiz e o próprio legislador Exemplos Doutrina da responsabilidade civil Teoria da Imprevisão Doutrina do Mandado de Segurança criado com base no "habeas corpus". JURISPRUDÊNCIA - Exceção ao Art. 4º da L.I.N.D.B. Conceito: "é o conjunto de pronunciamentos do Poder Judiciário, num determinado sentido, a respeito de certo objeto, de modo constante, reiterado e pacífico." ( Limongi França ) Características mais importante no sistema anglo-saxão; os juízes não são obrigados a seguí-lo em nosso sistema; Emenda Constitucional tornando a Súmula de Jurisprudência do Supremo Tribunal "vinculante", de forma a ser necessariamente acolhida nas decisões dos Magistrados nos casos que nela se enquadrem; Súmula - Conceito: “é o que, de modo abreviadíssimo, explica o teor ou o conteúdo integral de alguma coisa". (Plácido e Silva) Súmula Vinculante - Conceito: conjunto de enunciados da Súmula de Jurisprudência da Corte Superior do país, que, versando sobre matéria constitucional, tivesse que ser forçosamente adotada pelos juízes de primeiro ou segundo graus, após aprovação por maioria da Corte. (Comentar EC 45) Unidade V: EXPERIÊNCIA JURÍDICA E DIREITO OBJETIVO ESTRUTURAS SOCIAIS E MODELOS JURÍDICOS Estruturas sociais - consistentes nas diversas formas de organização espontânea de uma sociedade. Modelos jurídicos - são estruturas normativas, correspondentes à cada estrutura social, como forma de garantia das relações entre as pessoas e as pessoas e as coisas. OBS.: Estruturas normativas - que constituem o Direito Objetivo, são formas de uma experiência concreta, baseadas na realidade social para se efetivar como instrumento de disciplina social. Espécies de Modelos Jurídicos Dogmático(doutrinários) - aquele de caráter puramente teórico e de natureza não obrigatória; Prescritivo (estrito senso) - aquele de caráter obrigatório e onde há a previsão de uma ordem de conduta, cujas consequências que advêm de seu adimplemento, ou de sua violação, estão sempre predeterminadas. Origem - a norma jurídica não se pode negar, são elaboradas com base na natureza das coisas (no direito natural), ou seja, é fácil perceber: Que as crianças não possam casar ou firmar contratos válidos; Que os loucos não possam administrar e nem testar; Que os consanguíneos não possam casar; Que os irracionais não possam ser responsabilizados; Que a ninguém é dado o direito de tirar a vida de outrem; Que não se pode dispor daquilo que não lhe pertence; Que o desforço deve ser recompensado. Que se deve cumprir os compromissos assumidos Que não se deve prejudicar ninguém O DIREITO OBJETIVO E O ESTADO Direito Objetivo: Conjunto de todas as normas jurídicas de um Estado [escritas e não escritas (costumes), naturais(princípios)]. Direito Objetivo, pois, é gênero do qual o direito positivo, vale dizer, as normas jurídicas do Estado, é espécie. São normas de direito objetivo: a Constituição, a lei, o decreto, a circular, a portaria e outros tantos atos administrativos. Entretanto, as cláusulas de um contrato de locação, por exemplo, embora jurídicas, não são normas de direito positivo, pois não emanam, imediatamente, do Estado, mas sim da vontade das partes contratantes. O direito positivo é assim denominado porque é o que provém diretamente do Estado, quando adapta a conduta humana em função dos princípios do direito natural. OBS.: Enfim, todo direito positivo é direito objetivo, mas nem todo direito objetivo é direito positivo. ORDENAMENTO JURÍDICO É o sistema de normas jurídicas em sua concreta realização e em sua plena atualização. É uma estrutura orgânica de normas jurídicas, uma rede protetora de interesses sociais, que abrange em suas malhas, todas as manifestações da vida social. VALIDADE O ordenamento jurídico vale, no seu todo, como exigência da razão, em função da experiência histórica, por ser o quadro fático-axiológico-normativo necessário à convivência social, inclusive e porquanto o seu sempre possível aperfeiçoamento. UNIDADE VI: NEGÓCIO JURÍDICO E ATOS JURÍDICOS Conceitos: Ato Jurídico: é o fato decorrente de ação humana, voluntária e lícita (e ilícita). Todo ato lícito que tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos. Fato Jurídico: é o acontecimento que produz conseqüências jurídicas, ou seja gera direitos. Pode ocorrer por ação da natureza ou por ação humana. Exemplos: Concepção; nascimento; morte; inundação(aluvião); queda de objeto de edifício. Negócio Jurídico: consiste na comunhão de vontades em que os interessados anuem expressa ou tacitamente a formação de uma relação jurídica sobre um determinado objeto, tendo em vista a composição de interesses, como ocorre na celebração de um contrato. Plano De Existência – para que o negócio jurídico seja existente faz imprescindível a presença dos seguintes pressupostos, independente da licitude, pois ainda estamos no plano da existência e não da validade: manifestação de vontade; agente emissor de vontade; objeto; forma. Plano De Validade - para que este negócio jurídico firmado entre as partes tenha validade no mundo jurídico, necessário se faz que estejam presentes os seguintes elementos (essenciais): Agente capaz: Todo ato negocial pressupõe uma declaração de vontade, a capacidade do agente é indispensável à sua participação válida na seara jurídica. Objeto lícito, possível, determinado ou determinável: Deverá ser lícito, conforme a lei, não sendo contrário aos bons costumes, à ordem pública e à moral (art 166, novo CCB); Possível,física ou juridicamente; Deverá ser determinável, ou pelo menos suscetível de determinação, pelo gênero e quantidade, sob pena de nulidade absoluta (art. 166, II, do novo CCB). Forma prescrita ou não defesa em lei: Excepcionalmente a norma vem a exigir determinada forma, cuja inobservância invalidará o negócio. Via de regra a declaração de vontade independe de forma especial. Consentimento dos interessados: sem a presença de quaisquer vícios do consentimento. Plano De Eficácia condição termo encargo Atos Jurídicos Ilícitos São Indenizáveis: O art. 186, do novo CCB dispõe que “Àquele por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. E, ainda o art. 187, do novo CCB, complementa com a seguinte redação “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”. Implicam em demonstração de culpa, para sua responsabilização, a chamada culpa subjetiva. Defeitos dos negócios jurídicos, vícios que trazem sua anulação (também chamado vícios da vontade): erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores. (Art. 138 a 165 do novo CCB) e, ainda (art. 147, II, também do novo CCB). Erro: Falsa noção sobre alguma coisa. Só anula o ato jurídico o erro substancial ou essencial (comprar um quadro de um pintor, pensando que é de outro). Não acarreta nulidade o erro acidental ou secundário (comprar uma casa com seis janelas, pensando que tinha sete). Dolo: É o artifício usado para enganar alguém. (Aumento de área de imóvel em escritura para permitir elevação do seu valor). Coação: É a violência física ou moral que impede alguém de proceder livremente. Também deve ser de certa gravidade (art. 151do novo CCB). OBS: Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial. (Art 188, do novo CCB). Estado de Perigo: “Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade da salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigações excessivamente onerosas” (art. 156, caput, do novo CCB). É a aplicação do estado de necessidade no direito civil. Ex.: caução exigida nas emergências dos hospitais. Lesão: “Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta”. (art. 157,caput, do novo CCB). É a manifestação do abuso do poder econômico. Ex.: contrato de adesão. Fraude contra credores: Pratica fraude contra credores o devedor insolvente, ou na iminência de o ser, que desfalca seu patrimônio, onerando ou alienando bens, subtraindo-os à garantia comum dos credores. Simulação: ocorre quando um negócio jurídico tem a aparência normal, mas não pretende atingir o efeito que deveria produzir. Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. § 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. OBS-1: A simulação é o único dos defeitos do negócio jurídico que é causa de nulidade absoluta. Os demais são causas de anulabilidade. OBS-2: Embora a simulação tenha sido deslocada para o capítulo referente à invalidade do negócio jurídico, Pablo Stolze entende que ainda constitui um defeito do negócio jurídico. Atos Nulos, Anuláveis e Inexistentes. A falta de algum elemento substancial do ato jurídico torna-o nulo (nulidade absoluta) ouanulável (nulidade relativa). A diferença entre o nulo e o anulável é uma diferença de grau ou de gravidade, a critério da lei (Art. 1521, I a IV, do novo CCB, Impedimentos dirimentes-Absolutos). A nulidade absoluta pode ser argüida a qualquer tempo, por qualquer pessoa, pelo MP e pelo juiz inclusive, não se admitindo convalidação nem ratificação. A nulidade relativa, ao contrário, só pode ser arguida pelos interessados diretos, dentro de prazos previstos em lei (quatro anos, em regra), admitindo convalidação e ratificação, (art. 171, do novo CCB). OBS: Pela convalidação o ato anulável passa a ser plenamente válido. Dá-se a convalidação pela prescrição, pela correção do vício, pela revogação da exigência legal preterida, pela ratificação. A ratificação, por sua vez, é a aprovação ou confirmação de ato jurídico praticado por outrem, ou de ato irregular praticado pela própria parte. Ato jurídico inexistente: é o que contém um grau de nulidade tão grande e visível, que dispensa ação judicial para ser declarado sem efeito. Exemplos: casamento entre pessoas do mesmo sexo; testamento verbal. Ato Jurídico Ineficaz: É o que vale plenamente entre as partes, mas não produz efeitos em relação a certa pessoa ou em relação a todas as outras pessoas. Exemplos: alienação fiduciária não registrada; venda não registrada de automóvel; bens alienados pelo falido após a falência. OBS: Não se deve confundir nulidade com ineficácia: a nulidade é um vício intrínseco ou interno do ato jurídico. Na ineficácia o ato é perfeito entre as partes, mas fatores externos impedem que produza efeito em relação a terceiros. Atos Jurídicos e Negócios Jurídicos Negócio Jurídico é aquela espécie de ato jurídico que, além de se originar de um ato de vontade, implica a declaração expressa da vontade, instauradora de uma relação entre dois ou mais sujeitos tendo em vista um objetivo protegido pelo ordenamento jurídico. Atos jurídicos: ocupação de uma casa ou terreno, ou a edificação de uma casa no terreno apossado (não há acordo de vontades) Negócio Jurídico: contrato de compra e venda. Questão de fato e questão de direito A questão de fato é atinente ao fato na sua existência, e se o mesmo apresenta, à luz da prova produzida pelas partes. No fundo a questão de fato “equivale à questão atinente à prova do fato que se deu”. A questão de direito, ou “direito em tese”, surge, propriamente, quando juízes diferentes, para resolver a mesma questão de fato, invocam normas jurídicas sobre cujo significado e alcance dão entendimentos diversos. Unidade VII RELAÇÃO JURÍDICA Noção: Trata-se de uma espécie de relação social, apenas reconhecida pelo Estado, com a finalidade de protegê-la. Os homens, visando à obtenção de fins diversos e múltiplos, entram em contato uns com os outros. Obs: “Os fatos e relações sociais só têm significado jurídico inseridos numa estrutura normativa, o que implica dizer que não há relação jurídica sem norma” M Reale. Obs: “Quando as relações sociais passam sob o feixe normativo, é que elas adquirirem o significado de relações jurídicas”. M. Reale. Elementos: São quatro: Um Sujeito ativo Um Sujeito passivo Um Vínculo de atributividade, e Objeto. Sujeito Ativo (PF ou PJ): É o titular do direito. É o credor da prestação principal expressa na relação. (Exemplo contrato de mútuo). Ele tem a pretensão, o poder de exigir o seu direito. Sujeito Passivo: (PF ou PJ) É aquele que se obriga a realizar a prestação, como seria o devedor no contrato de mútuo acima. Ele tem a obrigação, o dever de realizar uma prestação, isto é, dar, fazer, ou não fazer algo. Obs: Só pessoas podem ser sujeitos de uma relação jurídica, e sem duas ou mais pessoas ela não se constitui. Vínculo de Atributividade: É o vínculo que confere a cada um dos participantes da relação o poder de pretender ou exigir algo determinado ou determinável. Quando alguém tem uma pretensão amparada por norma jurídica, diz-se que tem título para o ato pretendido, ou em outras palavras está legitimado para exercer o seu direito. Objeto: É a prestação (obrigação) devida pelo sujeito passivo, consistente em dar, ou fazer, ou não fazer algo. É o elemento sobreo qual recai tanto a exigência do credor como a obrigação do devedor. OBS: Espécies: Há tantos tipos de relações jurídicas quantas possam ser as variações dos fatos sociais e de sua disciplina normativa. Pessoais, obrigacionais, reais, de direito público, de direito privado, negocial [que implicam em negócios jurídicos] (declaração e autonomia da vontade unilateralidade-doação, bilateralidade - contrato, gratuitos, onerosos, mortis causa, Inter vivos). Unidade VIII SUJEITO DE DIREITO E PERSONALIDADE JURÍDICA Art. 1o do Novo CCB “Toda pessoa é capaz de direitos e obrigações na ordem civil”. As pessoas às quais as regras jurídicas se destinam chamam-se sujeitos de direito, que podem ser tanto uma pessoa natural ou física quanto uma pessoa jurídica, que é um ente coletivo. O titular, ou seja, aquele a quem cabe o dever a cumprir ou o poder de exigir, ou ambos, é que se denomina de sujeito de direito. A Personalidade todos os homens têm, desde o nascimento com vida. Para se reconhecer apersonalidade não é mister indagar do sexo, da idade ou do discernimento mental. Recém-nascidos ou dementes, todos são pessoas, todos possuem personalidade (abstrato) Já a Capacidade, por si só, está dizendo que ela indica uma extensão do exercício da personalidade, como que a medida da personalidade em concreto. Nem todos, porém, dispõem de igual capacidade jurídica, isto é, têm igual possibilidade de exercer certos atos e por eles serem responsáveis. Assim, por exemplo, a criança não é capaz, assim como o enfermo ou deficiente mental que não tiverem o necessário discernimento para a prática de determinados atos (art. 3º, do Novo CCB). Nascituro: É o ser já concebido, que está para nascer. O CCB protege as expectativas de direito do nascituro, que se confirmam se houver nascimento com vida, ou se desmentem, como se nunca tivessem existido, no contrário. (art. 2o segunda parte do Novo CCB). OBS: O nascituro é herdeiro, pode receber doação, pode ser adotado, reconhecido e legitimado, pode agir através de seu curador (art. 1779, do Novo CCB), pode figurar como sujeito ativo e passivo de obrigações. A eficácia de tudo, porém, fica na dependência do nascimento com vida. Nome: Em princípio o nome não pode ser modificado. Mas em casos excepcionais e justificados, a lei e a jurisprudência permitem a retificação ou alteração de qualquer dos elementos do nome. Admite-se, por exemplo, a modificação do nome nos seguintes casos: erro gráfico evidente (Ulisses, ao invés de Ulício; Marilene, ao invés de Marlene); No primeiro ano após a maioridade, e independentemente de justificação, desde que não prejudique os apelidos de família; Nomes exóticos ou ridículos (art. 56 da LRP)(Kumero Shotaro, para Paulo Shotaro); Uso. Se alguém sempre foi conhecido por um nome e ostenta outro (Márcia Maria, e não como no registro Helena Márcia Maria); Inclusão de alcunha ou apelido (Luiz Inácio da Silva, para Luiz Inácio Lula da Silva); Homonímia causadora de problema; Inclusão de sobrenome de ascendente, direito do descendente a inclusão do nome do ascendente; Tradução (estrangeiro); Concubinato. Concubina adotar o nome do companheiro, se houver a concordância deste ou existência de filho. OBS: O nome também pode sofrer alterações no casamento, na adoção, no reconhecimento, no divórcio, na separação judicial. CAPACIDADE CIVIL: Plenamente capazes: maiores de 18 anos (art. 5o , do CCB) Absolutamente incapazes: menores de 16 anos, os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática de seus atos, e os que por causa transitória não puderem exprimir sua vontade (art.3º, do CCB). Relativamente incapazes: os menores entre 16 e 18 anos; os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; e os pródigos (art. 4º, do CCB) OBS.:A capacidade dos índios será regulada por legislação especial (art. 4º, §º único no Novo CCB). Os menores de 16 anos são representados e os entre 16 e 18 são assistidos pelos seus pais, tutores ou curadores. Representante pratica o ato civil sozinho. Assistente ao lado do assistido, integrando-lhe a capacidade. OBS.: As deficiências físicas ou doenças não influem na capacidade civil, salvo se impedirem a manifestação ou transmissão da vontade. A idade avançada, por si só, não é causa de incapacidade. PESSOA JURÍDICA É a entidade constituída de homens ou bens, com vida, direitos, obrigações e patrimônios próprios. (pessoa jurídica, realidade jurídica, e não física - sua personalidade deriva do direito, sendo portanto um conceito jurídico - sua vontade é distinta daquela de seus membros) PJ de direito público externo: os países estrangeiros, e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público como, por exemplo, organismos internacionais como ONU, OEA, Cruz Vermelha, outros.(art. 42, do Novo CCB) PJ direito Público Interno: A União, os territórios, os Estados, Os municípios, as Autarquias (serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada). PJ de direito privado: as associações, as sociedades e as fundações. As disposições concernentes às sociedades aplicam-se, subsidiariamente, às sociedades que não são objeto do Livro II da Parte Especial do Novo CCB. Início da Personalidade Jurídica ( comentar) Com relação à pessoa jurídica de direito privado, o Novo CCB dispõe que sua personalidade tem início com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro. (art. 45, 1ª parte do Novo CCB) Término ou Extinção da Personalidade Jurídica (comentar) A Quase Pessoa Jurídica Alguns autores constatam a existência de entidades chamadas quase-pessoas jurídicas, núcleos unitários ou grupos não personificados. Essas entidades não possuem personalidade jurídica, porque isso não lhes foi dado pela lei. Mas, ainda assim, constituem um centro de relações e interesses, agindo e apresentando-se como se fossem sujeitos ativos ou passivos de direitos. Exemplos: Massa falida, o navio, a herança jacente, o espólio, a sociedade irregular ou de fato, o condomínio em edifícios. OBS: Art. 12 do CPC, dispõe que a sociedade sem personalidade jurídica possui capacidade processual, tanto ativa como passiva, sendo representada em juízo pela pessoa a quem couber a administração de seus bens, estando derrogado nesta parte o art. 20 II, do CC. Unidade IX SITUAÇÕES SUBJETIVAS E DIREITO SUBJETIVO Noção de Direito Subjetivo “O direito se exterioriza sob as formas de direito objetivo e direito subjetivo. O direito objetivo traça as normas de conduta que todos devem observar, a fim de que haja ordem e segurança nas relações sociais. Os que obedecem a essas normas e desenvolvem a sua atividade dentro das raias por elas traçadas, ficam sob a proteção do direito e podem utilizá-lo em seu interesse; o direito torna-se assim “seu” direito.” “Flóscolo da Nóbrega”. Esse poder conferido pelo direito para a realização de interesses humanos, é o que constitui o direito subjetivo. Tem um direito subjetivo, todo aquele que pode utilizar a garantia do direito objetivo para a realização de um interesse próprio. Isso acontece em virtude do ato jurídico, que é a causa geral da aquisição dos direitos; é por ele (o ato jurídico) que se estabelece a relação entre a pessoa e o direito objetivo e este (direito objetivo) fica ao serviço daquela (relação). O fato jurídico da morte de alguém põe a norma do art. 1788 do novo CCB à disposição dos seus herdeiros, que poderão utilizá-lo para receber a herança, defendê-la, etc. Da mesma forma o art. 186 do novo CCB. O direito subjetivo pode ser entendido como a faculdade de agir, de adotar um determinado comportamento, em vista de um interesse garantido pelo direito objetivo. “O direito subjetivo é a concretização da vontade abstrata quese contém na norma jurídica”. Miguel Reali Teorias que dividiram a conceituação de direito subjetivo no século dezenove, a teoria da vontade e a do interesse. Direito e Vontade A teoria da vontade conceitua o direito subjetivo como um poder da vontade, garantido pela ordem jurídica. Seu grande defensor foi o jurista alemão Windscheid. O Direito subjetivo, portanto, é a vontade juridicamente protegida. O homem tem, em suma, um poder de querer que, entre outras, assume a forma de poder de querer segundo regras de direito (direito objetivo), para a realização de fins próprios numa convivência ordenada. Desde o século vinte, tem sido muito contestada a teoria de que o direito subjetivo depende unicamente da vontade. A teoria acima, perante o direito moderno, encontra-se superada. Como exemplos o caso da herança de herdeiro que desconhece o fato jurídico (titular de direito independentemente da sua vontade), do nascituro (que é tutelado), o direito às férias, à estabilidade (independentemente da expressão da vontade) Assim, independentemente da nossa vontade, até mesmo contra ela, e às vezes sequer dela tenhamos conhecimento, como é o caso dos dementes, dos menores, dos interditados, existe o direito subjetivo, não dependendo, pois, apenas da expressão volitiva. Direito e Interesse Para teoria do interesse, à luz dos ensinamentos R.V. Jhering, o direito subjetivo é sempre constituído de dois elementos: O elemento material, representado por um interesse da vida, e o elemento formal, que é a proteção desse interesse pela ordem jurídica (direito objetivo). O direito subjetivo, portanto, seria um interesse protegido pela ordem jurídica. A ordem jurídica assegura a cada pessoa uma determinada soma de interesses vitais; a relação entre a pessoa e esses interesses constitui o direito subjetivo. A objeção a essa teoria se funda na inteligência de se confundir o objeto do direito com os seus elementos constitutivos; o interesse não é elemento constitutivo do direito, é o fim, o objetivo, o desiderato. Ademais, o interesse é todo subjetivo, varia com as valorações da pessoa em cada fase da existência. O que hoje tem interesse, amanhã pode não mais tê-lo. No entanto, o direito subjetivo permanece o mesmo, ainda quando tenha perdido todo interesse para o seu titular, o que mostra que direito e interesse são coisas diversas. Rematando, há casos em que não há, por parte do titular de um direito subjetivo, nenhum interesse em ver seu interesse protegido, como, por exemplo, uma paisagem, como expressão de beleza, garantida pela constituição. Eis um interesse protegido, porém, afirmam os mestres, onde está o direito subjetivo, ou uma pretensão? Evoluiu o pensamento jurídico do século dezenove para uma escola tendente à conciliação desses dois grupos acima, nascendo a teoria Eclética e a solução de Del Vecchio. A teoria Eclética Seu grande mestre foi Georg Jellinek. Jellinek entendia que as teorias abrangiam uma a outra. Nem o interesse só, tampouco apenas a vontade, nos dão o critério para o entendimento do que seja direito subjetivo. O conceito de direito subjetivo implica a conjugação desses dois elementos, dizendo ele Jellinek: direito subjetivo é o interesse protegido que dá a alguém a possibilidade de agir. “É, portanto, o interesse protegido enquanto atribui a alguém um poder de querer.” Afirma M Reale que ainda hoje em dia é a teoria mais vulgarizada, aquela que mais se encontra elogiada e aceita nos tratados de Direito, inclusive por seu cunho pragmático, tão do gosto dos juristas práticos. Facultas agendi, ou faculdade de agir. (direito de ação) Seus opositores afirmam que o ecletismo, em verdade, é sempre uma soma de problemas, sem solução para as dificuldades que continuam nas raízes das respostas, que esperavam superadas. A Solução de Del Vecchio Giorgio Del Vecchio, mestre italiano, afirmou que o erro da doutrina de Windscheid foi situar o problema segundo uma vontade atual ou efetiva, quando a questão deve ser posta em termos de vontade possível ou potencial. O direito subjetivo não é o querer, mas a possibilidade de querer. Assim, Del Vecchio indica a formulação instrumental da vontade in potentia, (em potencial), em vez da vontade in acto (ativa). Em outras palavras, o querer apenas precede o direito subjetivo, sem jamais se confundir com ele. Nessa vereda, o que fez efetivamente Del Vecchio foi anuir e difundir a escola eclética Pode-se afirmar, entretanto, que qualquer das teorias acima, e especialmente a eclética, definem o direito subjetivo como acima de tudo um valor, que na prática se constitui na faculdade de vir aquele titular, albergado pelo direito objetivo, de agir em busca de sua satisfação, via ação. Já Flóscolo da Nóbrega didaticamente define que “nas linhas gerais, todas as teorias acordam em definir direito subjetivo como o poder de agir, garantido pelo direito objetivo, para realização de um interesse vital”. Direito Subjetivo Como Norma e Como Fato Compreendamos o conceito do normativo jurídico de Kelsen. Segundo ele “direito objetivo e direito subjetivo são apenas posições distintas do Direito, que é um único sistema lógico-gradativo de normas”. Nesse passo, se se analisa a estrutura de uma regra de direito verifica-se que esta enuncia umdever. Assim, conclui Kelsen “o direito subjetivo não é senão a norma mesma enquanto atribui a alguém o poder jurídico correspondente ao dever que nela se contém”. E Por fim, alude M. Reale que “o direito subjetivo não é mais que a subjetivação do direito objetivo”. Remata Kelsen: “o poder jurídico outorgado para o adimplemento de um dever jurídico”. Conclui-se, pois, que tais pensamentos contestam pura e simplesmente a existência de qualquer direito subjetivo, declarando que, em face dos enunciados normativos, o que existem são situações de fato de natureza subjetiva, como é sustentado por Léon Duguit, um dos mestres do direito público francês. Os Direitos Subjetivos Públicos na Constituição Federal De plano, a distinção entre direitos subjetivos públicos e subjetivos privados. A distinção entre o direito subjetivo público e privado toma por base a pessoa do sujeito passivo da relação jurídica. Quando o obrigado for pessoa de direito público, o direito subjetivo será público e, inversamente, o direito subjetivo será privado. Esta distinção não é antiga, de vez que até há pouco tempo - em face da idéia predominante de que o Estado, como autor e responsável pela aplicação do Direito não estaria sujeito às suas normas – não se admitia a existência de direito subjetivo público. Direito subjetivo privado Sob o aspecto econômico: Divide-se em patrimoniais e não-patrimoniais. Patrimoniais possuem valor de ordem material, podendo ser apreciados pecuniariamente. Subdivide-se em: Reais (móvel ou imóvel) – Domínio, usufruto, penhor; Obrigacionais – crédito ou pessoais; Sucessórios Intelectuais. Os direitos subjetivos de caráter não-patrimoniais desdobram-se em personalíssimos e familiais. Personalíssimos (ou inatos) vida, integridade corpórea e moral, nome. Familiais – Vínculo familiar, cônjuges e seus filhos. Sob o aspecto da eficácia os direitos subjetivos privados: Dividem-se em absolutos e relativos, transmissíveis e não-transmissíveis, principais e acessórios, renunciáveis e não renunciáveis. Absolutos - figura no pólo passivo a coletividade, erga omnes. Exemplo direito de propriedade. Relativos - opostos em relação a determinada pessoa, que participe da relação jurídica. Exemplo: direitos de créditos, de locação, familiais. Transmissíveis - Aqueles direitos que podem passar de um titular para outro, por alienação, doação, subrogação, etc. Não-transmissíveis - Ao revés do acima explicitado. A impossibilidade pode ser de fato ou legal. Os direitos personalíssimos são sempre direitos não transmissíveis, enquanto os reais, em princípio, são transmissíveis. Principais- são direitos independentes e autônomos. Acessórios - estão na dependência dos principais. Exemplo mútuo. O principal é o capital, e o direitoaos juros é acessório. Benfeitorias. Renunciáveis - são aqueles em que o sujeito ativo, por ato de vontade, pode deixar a condição de titular do direito sem a intenção de transferi-lo a outrem. Irrenunciáveis - Tal fato é impraticável, como se dá com os direitos personalíssimos. Direitos Subjetivos Públicos O direito subjetivo público divide-se em: Direito de liberdade; de ação, de petição e direitos políticos. Direito de Liberdade - na legislação brasileira, como proteção fundamental, há os seguintes dispositivos: Constituição Federal: Item II do art. 5o – “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”(princípio denominado norma de liberdade); Código Penal- Art. 146, que complementa o preceito constitucional- “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda – pena...” (delito de constrangimento ilegal); Constituição Federal: art. 146- Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”. Direito de Ação - Consiste na possibilidade de se exigir do Estado, dentro das hipóteses previstas, a chamada prestação jurisdicional, isto é, que o Estado, através de seus órgãos competentes, tome conhecimento de determinado problema jurídico concreto, promovendo a aplicação do Direito. Direito de Petição - Refere-se à obtenção de informação administrativa sobre assunto de interesse do requerente. A Constituição Federal, no item XXXIV, a, do art. 5o, prevê tal hipótese. Qualquer pessoa poderá requerer aos poderes públicos, com direito à resposta. Direitos Políticos - Através deles os cidadãos participam do poder. Por eles os cidadãos podem exercer as funções públicas tanto no exercício da função executiva, legislativa ou judiciária. Incluem-se, nos direitos políticos, os direitos de votar e ser votado. UNIDADE X: DIVISÃO DO DIREITO Classes. Direito Público e Direito Privado Para definição de direito público, leva-se em consideração a predominância das normas de ordem cogente. Normas de ordem pública ou cogente, como estudado alhures, são normas imperativas, de obrigatoriedade inafastável, e visam, acima de tudo, a coletividade. Exemplificando, têm-se as normas tributárias, as normas regentes das desapropriações, as penais. Estas últimas demonstram o caráter de inafastabilidade, eis que em caso de homicídio, mesmo havendo a concordância da vítima, por se tratar de norma de ordem pública prevista no CP, será o agente ativo processado pelo Estado e sofrerá sanção. Nesse rumo pode-se afirmar que quando é visado imediata e prevalecentemente o interesse geral, o direito é público. Este ponto de vista é quanto ao conteúdo ou objeto da relação jurídica (convocação eleitoral). São ramos do direito público tradicionais: -Direito constitucional, -Direito Administrativo, -Direito Financeiro, -Direito Internacional Público e Privado, -Direito Penal, -Direito processual. Já para definição do que vem a ser direito privado, leva-se em consideração a predominância das regras de ordem privada, de caráter supletivo, que vigoram apenas enquanto a vontade dos interessados não dispuser de modo diferente do previsto pelo legislador. O elemento volitivo no direito privado se mostra com evidência significativa, desde, naturalmente, que não se contraponha aos requisitos da licitude, boa fé, equilíbrio, paridade. Exemplo direto tem-se nas regras dispostas no código civil que tratam da construção de muro divisório. Como sabido, as despesas para construção do referido muro divisório devem ser rateadas entre os vizinhos. Entretanto, estas podem ser dispensadas por uma das partes, ou haver omissão de cobrança de um dos interessados, por se tratar, como dito, de absoluta regra de ordem privada. Assim, no direito civil, predominam as normas de ordem privada. Não obstante, mesmo no direito civil existem regras de ordem pública, especialmente no capítulo referente ao direito de família. Nesse passo, quando imediato e prevalecente o interesse particular, o direito é privado, isto à luz do conteúdo ou objeto da relação jurídica (compra e venda). Alguns autores se referem à existência de leis mistas, ou seja, leis compostas de normas de ordem pública e normas de ordem privada. Mas, quase todos os ramos do direito são mistos, daí a pouca utilidade dessa conceituação. Direito Interno e Internacional Direito interno ou nacional é o existente dentro das fronteiras de um País. No caso do Brasil, todos os direitos objetivados e positivados em nosso território compõem o direito interno, sendo certo afirmar que o civil, o comercial, o constitucional, o laboral, dentre outros, são dele exemplos. “No que se refere ao “território” não se deve entender apenas o assento geográfico, em que reside certa coletividade. Território é a expressão técnica que serve para delimitar a zona de interferência ou de incidência do poder político, é, portanto, o espaço social submetido à soberania jurídica e política de um determinado estado.(13 milhas, embaixadas, navios, aeronaves)” M. Reale Quanto ao ramo internacional, em aulas anteriores, especialmente no primeiro bimestre, suas noções foram postas, devendo o aluno se reportar àqueles estudos e apontamentos. Acrescendo-lhes, registra-se que o direito internacional é o “ramo jurídico que disciplina as relações entre os estados soberanos e os organismos análogos”, como bem afirma Paulo Nader. Suas principais fontes são os tratados e os costumes internacionais. A sua existência pressupõe as chamadas bases sociológicas, ou seja: pluralidade de Estados soberanos; comércio internacional; princípios jurídicos coincidentes. Direito Constitucional Pode-se conceituar direito constitucional como o ramo do direito público que dispõe sobre a estrutura do Estado, define a função de seus órgãos e estabelece as garantias fundamentais da pessoa. É direito primordial, enquanto condiciona os demais. É um direito que limita a ação do governo, pois estabelece faixas de competência para os poderes. É também um direito de garantia das pessoas, pois as instituições modernas estabelecem um elenco de garantias fundamentais aos seres humanos. O termo constituição pode ser definido de duas formas. Do ponto de vista material, constituição representa a organização dos poderes e órgãos do Estado, bem como as normas protetoras das pessoas. Do ponto de vista formal, constituição significa o documento legal que define a estrutura estatal. Como a existência de um Estado pressupõe organização interna, todos possuem, necessariamente, uma constituição, do ponto de vista material. Nem todos, porém, apresentam uma constituição formal, como é o caso da Inglaterra, que a possui consuetudinária. Denomina-se parte orgânica da constituição a que dispõe sobre a estrutura do Estado. E parte dogmática, a que se refere aos direitos e garantias individuais. Em nossa Carta Magna, esta parte se acha inserida no art. 5o e seus setenta e oito incisos e quatro parágrafos. Faz-se mister registrar ainda, que a importância das constituições decorre também de sua superioridade hierárquica em relação às leis ordinárias. As constituições fixam os princípios e as grandes coordenadas da vida jurídica do Estado e o legislador ordinário desenvolve essas regras gerais através dos códigos e da legislação extravagante. O Brasil já promulgou sete constituições: 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967, e a de 1988. Direito Administrativo A finalidade do estado é promover o bem-estar da coletividade. Para alcançar o seu objetivo deve apresentar, em primeiro lugar, uma estrutura definida de poder, que é uma atribuição do direito constitucional e, em segundo lugar, desenvolver a prestação de serviços públicos. O pensamento central desse ramo é o conceito de serviço público, que é a atividade estatal dirigida à satisfação das necessidadescoletivas de ordem fundamental, como o fornecimento de energia elétrica, correio, abastecimento de água, transportes, obras públicas, segurança, etc. Dos três poderes, um existe cuja função primordial é executar serviços públicos em benefício da coletividade: é o poder que alguns autores propõem se denomine Poder Administrativo, mas que é próprio denominar Executivo. É o direito administrativo que estabelece a fórmula jurídica para a realização do serviço público. Como a execução e o controle dos serviços públicos dependem do trabalho de funcionários qualificados, o Estado admite servidores de acordo com o que estabelecem as normas específicas, que se incluem no objeto do Direito Administrativo. Segundo Themístocles Brandão Cavalcanti, direito administrativo “é o conjunto de princípios e normas jurídicos que presidem ao funcionamento das atividades do Estado, à organização e ao funcionamento dos serviços públicos, e às relações da administração com os indivíduos”. Direito administrativo ainda, na definição de Paulo Nader, “é o modelo concreto de administração da coisa pública”. A penetração do direito administrativo na vida social é deveras significativa e seus reflexos nos diversos ramos jurídicos se faz notar. É um direito que se desenvolve amplamente e que, por ser um campo demasiadamente vasto e carecer ainda de estabilidade, não se acha totalmente codificado. No Brasil a codificação das normas administrativas se faz de forma progressiva e por partes, a exemplo dos códigos de Água, Caça, Pesca, Florestal, Minas, Contabilidade Pública, Estatuto dos Servidores Públicos, Estatutos de Empresas Públicas, etc. Direito Processual É o “ramo jurídico que reúne os princípios e normas que dispõem sobre os atos judiciais tendentes à aplicação do Direito aos casos concretos.” Paulo Nader. Nos primórdios, a solução jurídica dos conflitos era uma tarefa dos particulares. O Poder Público não assumia o encargo de resolver os litígios. Quando alguém se julgava lesado em seu direito, tomava a iniciativa de obter a reparação do dano sofrido, mediante expediente próprio. Era o sistema de autodefesa. Modernamente a tarefa de julgar e aplicar a lei aos casos concretos é dever do Estado e só excepcionalmente se permite o desforço pessoal para tais soluções (legítima defesa). O judiciário é o meio que dispõe o Estado moderno para o exercício da função de julgar, sendo da máxima importância para a segurança jurídica dos indivíduos. A efetividade do direito não depende apenas de leis aperfeiçoadas que indiquem os modelos de comportamento social, ou seja, que definam somente as regras de conduta social que devem ser observadas pelos indivíduos em uma sociedade. Necessitam, tais regras, quando de seus cumprimentos ou desconsiderações, em complemento, um outro sistema de regras que organizem, orientem, estabeleçam condições para a prestação jurisdicional, de forma que o judiciário, com independência, critério científico e a celeridade almejada, diga o direito, julgue, pois, os pedidos que lhe são postos. O direito processual, também denominado de Direito Judiciário, caracteriza-se como um direito adjetivo ou formal, diferindo daquele direito chamado de substantivo ou material. Assim, o direito processual, ou judiciário, a exemplo do direito processual civil, poderia ser classificado como direito público interno objetivo positivo adjetivo. Historicamente, o direito judiciário começou a surgir no bojo das leis materiais, ou substanciais, devagar, e como elemento menor. Entretanto, com o passar dos tempos, foram sendo identificadas as necessidades efetivas para a existência de um direito próprio, ordenador de critérios legais de aplicabilidade, orientador de conduta processual, deixando de ser mero apêndice do direito material. Como expressão cristalina pode-se afirmar que o direito processual é o meio que o jurisdicionado tem para o fim pretendido, ou seja, o recebimento da prestação jurisdicional. Meio, o processo, o processar, o demonstrar os fatos, o ordenar o raciocínio do julgador para algo fungível. Fim, o valor, a norma substantiva, o objetivo abstrato contido nas regras de conduta social, os quais se tornam reais à medida do caminhar do processo. O direito processual ou judiciário, pois, é direito autônomo, não somente do ponto de vista doutrinário e científico, mas também no campo legislativo. Nesse norte, há um Código de Processo Civil, que estabelece os procedimentos judiciais a serem observados quando as pretensões forem de natureza civil ou comercial, ao lado do Código Civil e do Código Comercial. Da mesma forma há um Código de Processo Penal, destinado a regular ações criminais, ao lado do Código Penal. Algumas discussões entre autores têm sido postas, quando parte deles admitem que o direito processual poderia ser público e privado, notadamente os doutrinadores franceses. Entretanto, corrente prevalente é a que situa o direito processual no campo do direito público, pois, não obstante regular o processo civil - e que neste as partes possuem ampla liberdade na prática dos atos processuais, e que os interesses em lide são apenas particulares – há interesse público de que tais conflitos se resolvam com celeridade. A esse respeito, veja-se o bem abalizado parecer do doutrinador Ángel Latorre, quando pensou a respeito do tema: “A coletividade e a ordem jurídica, em seu conjunto, estão interessadas em que os conflitos entre particulares se resolvam com rapidez e justiça. A função judicial no âmbito do processo civil é também um exercício do poder público em prol da comunidade e não simplesmente um instrumento nas mãos dos particulares”. O objeto de estudo do Direito processual centraliza-se em três aspectos fundamentais: a jurisdição, a ação, e o processo. A jurisdição consiste no poder que os juizes e tribunais possuem de declarar o direito sobre as questões que lhe são submetidas. Jurisdição é palavra de origem latina, iurisdictio, que significa dizer o direito. A jurisdição pode ser contenciosa ou voluntária. A primeira se ocupa das questões litigiosas. A segunda, apresenta caráter administrativo, sendo provocada quando o interessado deseja uma declaração ou autorização judicial. Calamandrei afirma que a questões contenciosas, e apenas estas, seriam verdadeiramente jurisdição. O direito de ação consiste na faculdade que o portador de um interesse econômico ou moral possui de submeter uma pretensão, contra um sujeito de direito, à apreciação do Poder Judiciário, exigindo-lhe a prestação jurisdicional. Processo é o conjunto de atos judiciais necessários à declaração do direito aos casos concretos. Direito Penal “O Direito penal reúne o complexo normativo que trata dos crimes e das contravenções. Ao definir, tipificar e qualificar os fatos criminosos, estabelece paralelamente as sanções que lhes são aplicáveis. Dessa forma estipula as penas principais (reclusão, detenção ou sanção pecuniária) e as acessórias (destituição de função pública, desconstituição de direitos, anulação de atos jurídicos etc).” Luiz Augusto Crispim. “O direito penal é o sistema de princípios e regras mediante os quais se tipificam as formas de conduta consideradas criminosas, e para as quais são cominadas, de maneira precisa e prévia, penas ou medidas de segurança, visando a objetivos determinados. “Miguel Reale. “Direito Penal é o ramo do Direito Público que define os crimes e estabelece as penalidades correspondentes e dispõe sobre as medidas de segurança" Paulo Nader. “O direito penal é o que regula a repressão e a prevenção dos crimes. Crime é o que a lei define como tal. O direito penal compreende, além do comum, o penal militar, aplicável apenas aos militares e o penal disciplinar, relativo aos funcionários”. Flóscolo da Nóbrega A denominação de direito penal é a mais usada atualmente, podendo esse ramo ser chamado também de direito criminal. O direito penal, antes de atingir a atual fase, em que o titular do jus puniendi é o Estado, passou por várias etapas, as quais merecem nossa recordação,foram elas: vingança privada; composição voluntária; composição legal; repressão do estado. Primitivamente a vítima ou seus familiares reagiam à lesão do direito pela própria força, constituindo-se em pura vingança privada. Na fase de composição voluntária a vítima entrava em acordo com o criminoso e trocava o seu perdão por uma compensação econômica. À frente, esse critério de composição particular e que decorria da vontade das partes foi posteriormente adotado pelo direito positivo, que impunha ao infrator um pagamento à vítima. Finalmente, no período de humanização do direito, na segunda metade do século XVIII, o Estado detém o monopólio do direito de punir e o faz mediante critérios científicos que visam, de um lado, a intimidação e, de outro, a readaptação social do criminoso. Mister registrar que em verdade continua havendo compensação econômica à vítima, eis que não obstante a pena que deverá sofrer, com o trânsito em julgado da sentença penal poderá a vítima receber indenização pelos danos sofridos. Como elemento que exerce significativa influência especialmente no direito penal, tem-se a moral. O direito penal ao definir as infrações lida com o mínimo ético, que são os princípios morais mais relevantes e essenciais ao bem-estar da coletividade. Paulo Nader afirma que o código penal, pois, chega a ser considerado, pelo motivo acima, como o código moral de um povo, e o ilícito penal é referido, às vezes, como ilícito moral. Tal afirmação nos parece se harmonizar com os princípios naturais que originam em última forma a legislação penal, eis que o direito criminal é fundamentalmente alicerçado por um conteúdo material moral, decorrente do direito natural, muito mais que apenas uma valoração, esta última normalmente regente dos demais ramos do direito. No que se refere às infrações penais, são duas as divisões apresentadas pelos sistemas jurídicos ocidentais. A primeira, chamada de tricotômica, utilizada pela Alemanha, França e Bélgica, estabelece o crime, delito e contravenção, cujos conceitos se distinguem apenas em razão da gravidade do ilícito. Nesse sistema, o delito é infração mais grave do que a contravenção e mais leve do que o crime. No Brasil, assim como em vários outros Países, adota-se apenas uma divisão dicotômica, crime ou delito e contravenção. O critério de distinção entre crime(delito) e contravenção é o quantitativo. Em razão dessa consideração, que para nós tudo “é crime”, Nelson Hungria apelidou a contravenção de “crime anão”. A distinção maior, entendo, é quanto às penas e ao seu cumprimento. Quanto maior a pena, e a forma de seu cumprimento mais dolorosa for, caminha-se no sentido do crime como positivado no CP. As contravenções, assim, têm penas proporcionalmente inferiores, com caráter de reprimenda pública ou castigo social severo. Entretanto, há de se afirmar que, quanto ao conceito de crime e seus elementos constitutivos, os estudiosos e os códigos não divergem praticamente. Assim, costuma ser definido como crime: a ação humana, típica, antijurídica e culpável. Ação Humana: apenas o Homem poderá ser sujeito ativo do crime. Todos os autores afirmam, ainda, que a pessoa jurídica não pode ser agente do crime, devendo os seus dirigentes ser responsabilizados. Os irracionais, há muito, deixaram de ser imputáveis. Os requisitos básicos para a responsabilidade penal são: idade mínima de 18 anos e discernimento. Tipicidade: Consiste no fato de a ação praticada enquadrar-se em um modelo de crime definido e positivado em lei. Prevalece, no direito penal, o princípio da estrita legalidade, isto é: não há crime e nem há pena sem lei. Implica dizer, pois, que tal requisito é de extrema segurança jurídica para os indivíduos, sendo o motivo, assim, da não admissão da analogia em matéria penal para efeito de enquadramento da conduta em tipos de crimes e fixação de penas. Nesse sentido, entretanto, há discussão sobre a aplicação da analogia quando viesse essa a favorecer o acusado, a chamada analogia in bonam partem. Regra geral, mesmo em favorecimento, entendo, não deveria ser ela aplicada porque, em última análise, se a analogia vem a ser - em razão de lacuna na regulação legislativa - o dizer o direito em um caso concreto que com outro guarde semelhança, conflitaria sua aplicação diretamente com o princípio maior do art. 5o CF 1988 incisos XLV a LVII, o que, naturalmente, deixaria de ser puro favorecimento ao acusado, mas sim a ausência de tipificação de crime ao acusado. Registre-se, em remate, que penalistas de escola admitem, a exemplo de Rocco, Bettiol, Delitala. Por outro lado, penalistas não menos famosos não a aceitam, tais como Nelson Hungria, Von Hippel, Asúa. Os patrícios Luiz Augusto Crispim, Paulo Nader, Flóscolo da Nóbrega, não emitem opinião a respeito da sua aplicabilidade. Miguel Reale expressa advertência de que ela é inadmissível quando se tratar de regras de caráter penal, ou se as normas forem restritivas de direito. Antijurídica: a ação praticada é contrária ao direito. O antijurídico penal pressupõe sempre a tipicidade. Culpabilidade é o elemento subjetivo da ação. Para que haja crime é necessário que o agente da ação, o indivíduo, tenha agido intencionalmente ou com imprudência, negligência ou imperícia. Doloso é o crime praticado com deliberação e vontade, buscando o agente o resultado danoso. Culposo, quando não desejando intencionalmente o resultado da ação, o agente não o impede. Em matéria penal, não há qualquer aplicação da teoria objetiva da responsabilidade ou da responsabilidade sem culpa. Na inteligência do jurista LA. Crispim, ao definir, tipificar e qualificar os fatos criminosos, o direito penal em paralelo estabelece as sanções que são aplicáveis aos agentes da ação criminosa. Dessa forma estipula as penas principais (reclusão, detenção ou sanção pecuniária) e asacessórias (destituição de função pública, desconstituição de direitos, vinculações legais, anulação de atos jurídicos, outras). Por fim, guardemos a seguinte premissa: o foco central desse ramo do direito é a manutenção da ordem pública, o equilíbrio das forças sociais, inevitavelmente antagônicas. Direito Internacional Público O direito internacional público, é também direito positivo e apresenta semelhanças com o direito interno, conforme discriminação feita pelo internacionalista Celso D. Albuquerque Mello: -É uma ordem normativa; -É dotado de sanção; -Tem idêntica noção de ato ilícito, isto é, que ele consiste na violação de uma norma. Miguel Reale lembra “que atualmente o mundo apresenta algumas entidades políticas de caráter complexo que vão desde certas Comunidades de Estados, organizadas para fins de segurança recíproca, até entidades de finalidades econômicas, como o Mercado Comum Europeu e o Mercosul. Tais entidades impõem cada vez mais suas normas aos Estados que a integram, o que também demonstra a não-subordinação do Direito Internacional à soberania dos Estados.” Atualmente predominam duas doutrinas quanto à compreensão do direito internacional em relação ao direito interno: a monista e a dualista. A monista, que subordina toda a experiência jurídica ao ordenamento internacional, ou seja, os direitos internacional e interno se integram num sistema único. A dualista entende que os dois direitos constituem sistemas inteiramente independentes, que estão entre si como dois círculos tangentes. Obs: Para os seguidores da linha monista (hegeliana), a predominância é do Direito Interno sobre o Direito Internacional, em face do caráter absoluto da soberania e, para a linha dualista (Kelsen, Kunz – escola de Viena), a norma Internacional ocupa posição superior ao Direito Interno, que lhe deve submissão. Obs: Alguns Estados reconhecem expressamente a obrigatoriedade interna das normas internacionais. Na Inglaterra existe o princípio de que “O Direito Internacional é parte do Direito da Inglaterra”e na Alemanha o art. 25 de sua constituição Federal dispõe: “As regras gerais do Direito Internacional são parte do Direito Federal. Têm primazia sobreas leis e produzem direitos e obrigações imediatas para os habitantes do território federal”. Direito Internacional Privado “É o conjunto de normas que têm por objetivo solucionar os conflitos de leis entre ordenamentos jurídicos diversos, no plano internacional, indicando a lei competente a ser aplicada”. Agenor Pereira de Andrade. O Jurista Paulo Nader afirma que não obstante prevalecer a opinião de que se trata de um ramo de Direito Privado, entende ele, juntamente com Miguel Reale e Paulo Dourado de Gusmão, que a sua natureza é de direito público, haja vista o interesse prevalecente do Estado em regular as internacionais relações jurídicas, especialmente visando sua soberania. Algumas outras denominações têm sido apresentadas, quais sejam: Direito Civil Internacional, Direito Intersistemático, Direito Privado Universal dos Estrangeiros, Conflito de Leis. Obs: Para a Escola Francesa, o Direito Internacional Regula: os conflitos de leis no espaço; os aspectos jurídicos da nacionalidade; a situação jurídica do Estrangeiro. Quando se estudou eficácia da lei no espaço já se entrou em contato com o objeto desse ramo, pelo que devem se reportar, os alunos, àqueles apontamentos. Direito do Trabalho A maioria dos juristas modernos considera que o direito do trabalho tem natureza de direito privado. Entretanto, nome significativos nacionais, a exemplo de M. Reale e Flóscolo da Nóbrega, preferem situar esse direito entre os direito públicos, respectivamente verbis: “Embora nesse ponto as divergências sejam muito grandes, preferimos situar na tela do Direito Público o Direito do trabalho, que alguns preferem denominar de Direito Social, mas de maneira imprópria. O direito do trabalho apresenta-se, a nosso ver, como Direito eminentemente público, como resulta da determinação de seus elementos capitais. Constitui-se, com efeito, como sistema de princípios e regras destinados a disciplinar as relações entre empregadores e empregados, e as respectivas entidades representativas...o Estado...ele interfere na sua qualidade fundamental de poder soberano, estabelecendo o equilíbrio entre as partes interessadas e impondo soluções a que os particulares estão todos sujeitos. Tais vínculos são de subordinação, e não de coordenação.” Para F. Nóbrega, que chama o Direito do Trabalho de Direito Industrial, “é o que regula a propriedade industrial e a organização do trabalho. Sob esse segundo aspecto é geralmente chamado direito trabalhista e considerado por muitos autores como Direito Público”. Prefiro me acostar à corrente de que o Direito do trabalho é um Direito Privado como ensina Paulo Nader. Vejamos a definição desse doutrinador para o Direito do trabalho: “No nosso entendimento, embora o Direito do trabalho apresente um contingente substancial de normas de ordem pública, que impõe limites consideráveis ao poder de disposição das partes contratantes na relação de emprego, a natureza das relações jurídicas que disciplina não é de subordinação, isto é, o poder público não participa de um dos polos. O Laço jurídico se estabelece em um quadro de coordenação de interesses. Considerando o problema à luz da teoria dos interesses em jogo, temos que, embora a legislação trabalhista seja relevante para o Estado, nela predomina o interesse dos particulares, daqueles que se empenham em obter melhores condições de trabalho ou de produção”. Assim, continua o Autor, “O Direito do trabalho se filia à classe do Direito privado”. Denominações desse ramo do Direito: Direito do Trabalho, Legislação Social, Direito Laboral; Direito Obreiro. Conceito: Na visão de Messias Pereira Donato, o Direito do Trabalho “é o corpo de princípios e de normas jurídicas que ordenam a prestação do trabalho subordinado ou a este equivalente, bem como as relações e os riscos que dela se originam”. Características: É um ramo profundamente social e que despreza o individualismo jurídico. É um direito de tutela à classe trabalhadora, que por seu intermédio vê humanizadas as condições de trabalho. Alguns ainda o chamam de Direito das Desigualdades, porque visa equilibrar, com uma superioridade jurídica, a inferioridade social e econômica do trabalhador. Fins: Organizar a vida do trabalho dependente e subordinado (duração, salário, férias, etc); proteger o trabalhador e seus dependentes na doença, na invalidez e nos acidentes (auxílios, aposentadoria, pensão, indenização, etc); organizar a vida associativa do trabalhador (sindicatos, federações e confederações); promover a defesa dos direitos e interesses legítimos dos empregados (justiça e processo do trabalho e do seguro social). Autonomia: A partir de 1920 se desligou do direito civil, passando à condição de Direito autônomo, possuindo princípios próprios que o distinguem de todos os outros ramos de direito: princípio da isonomia; princípio da hipossuficiência do trabalhador; princípio da verdade real; princípio da primazia da realidade; princípio da isonomia salarial. Evolução: A partir da era da codificação, implantada com o código de Napoleão, evoluiu significativamente o direito do trabalho no mundo. Aquele código trazia apenas dois artigos tratando do assunto. Com o tratado de Versalhes, firmado em 28 de junho de 1919, houve a recomendação aos países signatários da adoção das seguintes normas de proteção ao trabalho: o trabalho não deve ser considerado como mercadoria; o direito de associação; salário justo; jornada de trabalho de oito horas diárias ou de quarenta e oito semanais; um dia de descanso semanal, coincidente com o domingo, preferencialmente; proibição do trabalho infantil e obrigação de limitar o trabalho dos jovens, de modo a lhes permitir o perfeito desenvolvimento físico e intelectual; princípio da isonomia salarial. Nesse mesmo ano de 1919, foi criada a Organização Internacional do Trabalho (OIT), e em seguida o Bureau, que funciona nessa entidade e que desenvolve uma atividade intensa, visando à unificação do Direito do trabalho. No Brasil, a legislação social é das mais adiantadas. Ao Lado da Consolidação das Leis do trabalho, Dec.-Lei 5452, de 1o de maio de 1943, que reuniu a legislação editada pela revolução de 1930, existe um grande número de leis, decreto-leis e decretos, que está a reclamar por uma urgente condensação de suas normas. Direito Financeiro e Direito Tributário M. Reale conceitua o direito financeiro “como sendo uma disciplina jurídica que tem por objeto toda a atividade do Estado no concernente à forma de realização de receita e despesa necessárias à execução de seus fins”. Paulo Nader, sem muito acrescentar afirma “que direito financeiro é o ramo do direito público que disciplina a receita e a despesa pública”. O Estado, para realizar os serviços públicos, necessita de recursos financeiros que são auferidos mediante a cobrança de impostos, contribuições, taxas, bem como receitas porquanto sua atividade empresarial. O movimento de arrecadação do dinheiro público e sua aplicação onde dele necessita, como obras e despesas gerais, constituem o objeto do direito financeiro. Nessa matéria, à frente do curso de direito, serão estudados os tributos, créditos, direito financeiro penal, despesa pública. Têm sido utilizadas as expressões, direito tributário e direito fiscal como equivalentes ao direito financeiro. Entretanto, tais direitos constituem apenas uma parte desse ramo referente às contribuições. Até o começo do Século, a normatização do direito financeiro se encontrava inserida nos compêndios de direito constitucional, direito administrativo e ciência das finanças. Cinquenta anos à frente, ainda em nosso País, o direito financeiro era considerado um campo anexo da ciência das finanças. Atualmente, entretanto, apresenta um grande desenvolvimento e suas normas fundamentais acham-se inseridas no Código Tributário nacional, de 1966. Poder-se-ia dizer assim que o Direito Financeiro é a ciência das finanças em sua projeção institucional, enquanto que o direito tributário se refere, mais propriamente, às relações entre o Fisco e os Contribuintes,tendo como objeto primordial o campo das receitas de caráter compulsório, determinando-se, de maneira complementar, os poderes do Estado e a situação subjetiva dos contribuintes, como complexo de direitos e deveres. Para o direito tributário, tem-se como conceito-chave o fato gerador da incidência fiscal. Cada imposto deve necessariamente corresponder a um fato gerador distinto, sob pena de ilícita bitributação, daí a sua significação. A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 146, dispõe que cabe à lei complementar estabelecer normas gerais em matéria tributária, definindo os tributos e suas espécies, relacionando os impostos e seus respectivos fatos geradores, de forma a garantir ao contribuinte e legitimar as imposições do fisco no Estado Democrático de Direito. UNIDADE XI: DIVISÃO DO DIREITO (II) Direito Civil Dos mais interessantes ramos de direito, o direito civil, que vem sendo desenvolvido e aplicado desde os romanos jus civile que o aplicavam em sentido muito amplo como estatuto jurídico aplicável aos cidadãos, tem sido consolidado ao longo dos séculos, sendo correto afirmar se tratar de direito menos volátil do que mesmo o constitucional, pois tem esse último sido modificado ao sabor político do momento, enquanto aquele se mantém como condutor e balizador das relações sociais básicas entre as pessoas, regulando a capacidade, atos, fatos e negócios jurídicos; obrigações; propriedade; família e sucessões. Flóscolo da Nóbrega define direito civil como sendo: “aquele que regula a capacidade e as relações comuns das pessoas com respeito à família e à propriedade. Compreende uma parte geral, sobre capacidade e os negócios jurídicos, e partes especiais, relativas à família, à propriedade, às obrigações e às sucessões”. Paulo Nader afirma “que direito civil é o conjunto de normas que regulam interesses fundamentais do homem, pela simples condição de ente humano”. Miguel Reale dispõe que “o direito civil se refere ao homem enquanto pessoa e sujeito instaurador de entes coletivos (pessoas jurídicas), abstração feita de sua sujeição ao Estado, isto é, nas suas relações particulares, a título individual, no seio da família, ou com relação aos bens que lhe são próprios, ou aos laços obrigacionais que constitui, visando ou não a fins patrimoniais ou empresariais”. Maria H. Diniz, citando conceito de Serpa Lopes, transcreve-o registrando que “o direito civil é, pois, o ramo do direito privado destinado a reger relações familiares, patrimoniais e obrigacionais que se formam entre os indivíduos encarados como tais, ou seja, enquanto membros da sociedade”. Os autores citados são unânimes em afirmar que o direito civil, no domínio do direito privado, destaca-se como direito fundamental ou Direito Comum a todos os homens, nascendo, desse tronco, ramos com características próprias a exemplos do direito comercial, do direito agrário e do direito do laboral. Daí registram que o código civil é a constituição do homem comum (Paulo Nader e Miguel Reale). Quando assim afirmam querem dizer que este direito é aquilo que há de comum entre todos os homens. Na verdade, a lei civil não considera os seres humanos enquanto se diversificam por seus títulos de cultura, ou por categoria social, mas enquanto são pessoas garantidamente situadas, com direitos e deveres, na sua qualidade de cônjuge, pais ou filho, credor ou devedor, alienante ou adquirente, proprietário ou possuidor, condômino ou vizinho, testador ou herdeiro. Histórico: Desde os romanos, jus civile, em sentido muito amplo, como estatuto jurídico dos cidadãos romanos (abrangia todo o direito vigente, inclusive o penal, administrativo, processual, etc), em oposição ao jus gentium¸ que se destinava aos estrangeiros. Na Idade média, sob a denominação de direito civil, compreendia-se todo o Direito Positivo, em exceção ao Direito canônico, que apresentava princípios e normas próprias. Somente com as primeiras codificações, já no final do séc. XVIII, foi que a dogmática se personalizou. É o ramo que tem experimentado, no dizer de Angel Latorre, “a mais larga e refinada elaboração doutrinal e o que proporciona o sistema de conceitos e o conjunto de aptidões mentais mais completas e perfiladas no mundo do Direito”. No caso de lacunas em outros ramos do direito privado, aplicam-se supletivamente as regras do direito civil. Princípios Basilares O Objeto de estudo do Direito Civil apresenta dois setores distintos: o primeiro se refere à matéria de interesse comum aos diversos ramos jurídicos e que abrange o estudo sobre aspessoas, bens, fatos, atos e negócios jurídicos e se chama parte geral. O outro setor constitui propriamente a temática do Direito Civil, e compreende as seguintes matérias: Família, Obrigações, Contratos, Coisas, Sucessões, que expressam os interesses fundamentais das pessoas. -Princípio da Personalidade: Todo ser humano é sujeito de direitos e obrigações, pelo simples fato de ser pessoa; -Princípio da propriedade individual: A pessoa, por seu trabalho ou por outras formas que a lei contempla, pode exteriorizar a sua personalidade em bens imóveis ou móveis que passam a ser objeto exclusivo do seu querer e de seu patrimônio; -Princípio da autonomia da vontade: o reconhecimento de que a geral capacidade jurídica da pessoa humana lhe confere o poder de praticar certos atos ou abster-se deles, segundo os ditames de sua vontade. Possui diminuta expressão no direito de família, sendo aplicável quanto ao regime de bens do casamento, adoção e separação conjugal e divórcio por mútuo consentimento; -Princípio da intangibilidade familiar: a idéia de que entre as situações jurídicas constituídas pelo livre querer dos indivíduos uma há que é a expressão imediata de seu ser pessoal, a família, em proteção a indevidas ingerências em sua vida íntima. O direito de família apresenta conteúdo moral acentuado e nele se manifestam claramente os princípios do Direito Natural; -Princípio da liberdade de estipulação negocial: a aceitação de que esse poder implica a faculdade de outorgar direitos e aceitar deveres, nos limites da lei, dando existência a relações ou situações jurídicas, como os negócios jurídicos, em geral, e os contratos, em particular; -Princípio da solidariedade social: a função social dos direitos civis, da propriedade e dos negócios jurídicos (atos e contratos de natureza civil ou econômico-empresarial), a fim de que se conciliem as exigências do todo coletivo com os citados poderes conferidos aos indivíduos. A posse e o uso das coisas materiais são indispensáveis à satisfação das necessidades vitais do homem; -Princípio da legitimidade da herança e do direito de testar: a aceitação de que, entre os poderes que o homem exerce sobre os seus bens, inclui-se o de poder transmiti-los, no todo ou em parte, a seus herdeiros, a começar pelos descendentes. Casamento, Família E Propriedade Casamento Na definição de MCA. Füher, “O casamento é um contrato, vinculado a normas de ordem pública, que tem por fim criar a família legítima”. O novo Código Civil manteve as três classes de impedimentos ao casamento previstos no Código de 1916, porém os prevê em artigos diversos. O art. 1525/1532 do novo CCB dispõe que precedem o casamento várias formalidades, em que se dá publicidade ao ato e se verifica a existência de eventuais impedimentos. O art. 1521 do novo CCB estabelece impedimentos absolutamente dirimentes (incisos I a VII) que são aqueles que por motivos éticos, baseados no interesse público são considerados nulos se realizados sem a observância da proibição. Há os impedimentos relativamente dirimentes (causas suspensivas), previstos no art. 1550 (incisos I a VI) do novo CCB e os impedimentos impedientes previstos no art. 1523 do novo CCB. Nulidades do Casamento:Casamento nulo: contraído com infração de impedimento absolutamente dirimente; ex. contraído perante autoridade incompetente. Casamento anulável: contraído com infração de impedimento relativamente dirimente; ex: contraído com erro essencial quanto à pessoa do cônjuge.Casamento irregular: contraído com infração de impedimento impediente. Casamento Inexistente: defeito tão grave e visível, que dispensa ação judicial. Celebração do Casamento: casamento comum (ampla publicidade, portas abertas); casamento consular (estrangeiros mesma nacionalidade, perante autoridade diplomática ou consular do país de origem); casamento por procuração; casamento religioso de efeitos civis (após, habilitação perante a autoridade civil e inscrição no CRC; Casamento Nuncupativo ( in extremis) celebrado pelos próprio nubentes, presença de 6 testemunhas, quando um deles estiver em iminente risco de vida. Regime de bens: Regime de Comunhão parcial: vigora no silêncio das partes. Comunicam-se todos os bens adquiridos após o casamento. Regime de Comunhão Universal: importa a comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges. No Regime da Separação os bens permanecem sobre a administração exclusiva de cada um dos cônjuges que os podem livremente alienar ou gravar de ônus real: Plena, dupla declaração estipulando a não comunicação dos bens antes e depois do casamento. Limitada ou restrita, não comunicação dos bens apenas antes do casamento. Separação obrigatória: Maior de 70 anos; as pessoas que contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento, e todos viúvo/a c/ filho antes de inventariar bens. Regime de Participação final nos Aqüestos. Sobrevindo a separação ou divórcio, meação dos aqüestos. O Código Civil anterior, de 1916, previa que até a dissolução da sociedade conjugal, permanecia inalterado o regime de bens adotado. Todavia o novo Código Civil, em seu art. 1.639, §º 3º, prevê a possibilidade de alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros. Casamento Putativo: é o casamento nulo ou anulável, do qual tenha resultado filho comum, ou contraído de boa-fé, pelo menos por um dos cônjuges. Produz os mesmos efeitos do casamento válido, em relação aos filhos e ao contraente de boa-fé. Divórcio: Consensual ou Contencioso. Atualmente, a lei federal 11441/07 permite seja o divórcio consensual realizado diretamente em cartório, desde que não haja filhos incapazes. Divórcio Direto: A qualquer tempo após o casamento. (Lei fed 1.1441/07) União Civil. União Civil entre homossexuais. STF Casamento entre Homossexuai- STJ Família: A pessoa relaciona-se a uma família de três formas: vínculo de parentesco, conjugal e afinidade Parentesco: procede do casamento; natural, resulta da consangüinidade; civil, resulta da adoção. Irmãos: Germanos ou bilaterais: mesmo pai e mesma mãe; unilaterais: consangüíneos (mesmo pais e mães diversas), e uterinos (mesma mãe e pais diversos) Parentes em linha reta: ascendentes e descendentes (pai, avô, bisavô, filho, neto, bisneto. Parentes em linha colateral ou transversal: são pessoas que provêm de um só tronco, até o 4ograu, sem descenderem uma da outra, como o irmão, o tio, o sobrinho, o primo. (Art. 1.592 do novo CCB). Filiação Adoção Poder Familiar Alimentos Tutela Curatela Ausência Propriedade O direito das coisas ou direitos reais ( res-rei, coisa) trata das normas que atribuem prerrogativas sobre bens materiais ou imateriais. Entre os bens imateriais contam-se, por exemplo, a propriedade literária, científica e artística (direito autoral), ou a propriedade industrial (marcas e patentes). O direito real se caracteriza por ser um vínculo que liga uma coisa a uma pessoa. É um direito absoluto, por ser oponível a todos (erga omnes). O titular do direito real tem o poder de reivindicar a coisa onde quer que se encontre (direito de seqüela). O crédito real prefere ao pessoal. No direito real o sujeito passivo é universal. A diferença entre o direito das coisas ou real e o direito das obrigações, é que no primeiro há um vínculo direto entre uma pessoa e uma coisa, devendo esse vínculo ser respeitado por todos, por isso o direito das coisas é absoluto, obriga o universo. No direito das obrigações o vínculo se estabelece entre pessoas determinadas, não envolvendo terceiros alheios à relação obrigacional, por isso o direito das obrigações é relativo, referindo-se apenas a um sujeito passivo particularizado. Obrigações reais, propter rem (em razão da coisa) ou in rem scriptae (gravadas na coisa), situam-se numa zona cinzenta, entre o direito real e o direito obrigacional. Surgem como obrigações pessoais de um devedor, por ser ele titular de um direito real, mas acabam aderindo mais à coisa do que ao seu eventual titular. Exemplos: dívidas por impostos prediais; despesas de condomínio em edifícios, a hipoteca que onera um imóvel. Classificação: O direito real pode ser sobre coisa própria ou sobre coisa alheia. Pode também ser limitado ou ilimitado. O Único direito real sobre coisa própria é a propriedade, que confere o título de dono ou domínio. Normalmente a propriedade é ilimitada ou plena, conferindo poderes de uso, gozo, posse, reivindicação e disposição. Pode também a propriedade apresentar-se de forma restrita, despojada de alguns de seus atributos. Todos os outros direitos reais são limitados e se exercem sobre coisa alheia. Referem-se geralmente a um direito de gozo ou de garantia. Mas podem abranger outros aspectos, como, por exemplo, o direito à aquisição da coisa. De Gozo: D. Superfície, servidão predial, usufruto, uso, habitação. De Garantia: penhor, hipoteca, anticrese. De aquisição: compromisso de compra e venda. Obs: Posse é a detenção de uma coisa em nome próprio. Savigny definia a posse “como sendo o poder de uma pessoa sobre uma coisa, com a intenção de tê-la para si. (teoria subjetiva) Ihering definia como tendo a posse “todo aquele que age em relação à coisa como se fosse proprietário, mesmo que não seja, independentemente da intenção (teoria objetiva). A Ação Reivindicatória é o meio processual para obter ou reaver a posse de coisa da sua propriedade A defesa da posse se dá: em legítima defesa, na turbação; em desforço, para restituir-se, no esbulho, e em ação judicial quando: a) de manutenção de posse (tentativa de esbulho=turbação), de reintegração (esbulho), de interdito proibitório (na ameaça). A Propriedade é Plena quando todos os seus direitos elementares se acham reunidos na mão do proprietário (uso, gozo, disposição e reivindicação). É Limitada quando um desses elementos é entregue a outro titular com ônus reais (enfiteuse, servidão predial, usufruto, uso, habitação, renda real, penhor, hipoteca, anticrese, compromisso de compra e venda. É resolúvel quando se limita no tempo, extinguindo-se com o advento de uma condição ou termo, como na alienação fiduciária, no fideicomisso (instituição para garantir a integridade de um patrimônio de família, geralmente bens de raiz, e pela qual um testador cede ao testamentário ou legatário apenas o usufruto dos bens legados, impondo-lhe a obrigação de, por sua morte, transferí-los íntegros ao seu herdeiro ou legatário) ou no pacto de retrovenda Adquire-se a propriedade imóvel: pelo registro do título, pela acessão, pelo usucapião, pela herança. Adquire-se a propriedade móvel: pela tradição, pela ocupação (caça e pesca, coisa perdida, tesouro), adjunção (união de coisa alheia a coisa nossa, de modo a não poder separá-las sem detrimento do todo assim formado), confusão (união de líquidos), comistão (mistura de gêneros secos, como cereais ou legumes), Especificação (transformação de matéria pertencente a uma pessoa por trabalho feito por outra), pelo usucapião, pelo casamento, pelo direito hereditário. Constituto possessório: Dá-se o nome de constituto possessório a uma forma de tradição ficta, operada pelo próprio contrato, em que o proprietário aliena a coisa, mas continua na posse direita dela, agora em nome do adquirente. Direito Comercial “O Direito Comercial é um dos ramos do Direito Privado, sendo um desdobramento ou especificação do Direito Civil.” M. Reale “O direito Comercialé o ramo do Direito Privado que regula os atos de comércio e disciplina o exercício da profissão de comerciante”. Paulo Nader. O Direito Comercial não regulamenta apenas os interesses jurídicos do comerciante, mas se estende também a grande parte das atividades fabris, ou de qualquer pessoa física ou jurídica, cujos atos tenham por arrimo a produção de bens e serviços que integrem a circulação dos resultados da produção, representando a atividade negocial ou empresarial. Os fins desse ramo, na visão de Paulino Jacques, são: “estudar os comerciantes e seus auxiliares; os contratos e obrigações mercantis; as sociedades mercantis; os títulos de créditos; o comércio marítimo e suas instituições; a falência e seus institutos”. As principais características do comércio são: mediação, habitualidade e lucro. A história do comércio, e naturalmente o nascimento do ramo específico, coincide com a própria história da vida social. Inicialmente o escambo. Posteriormente, a troca em feiras, sendo chamado como comércio mudo. Mais recentemente, na idade média, foi dado o impulso definitivo para o nascimento da disciplina enquanto direito, decorrendo principalmente do crescimento das cidades mercantis italianas. Após o escambo, pois, se deu início a troca por mercadoria intermediária, inicialmente cabeças de boi, chamadas de pecus (origem do nome pecúnia). Tal prática foi substituída posteriormente por pedras e metais preciosos, e a própria moeda cunhada em ouro ou prata. Apesar de se ter notícia de compilação dos costumes comerciais ainda dez séculos antes de Cristo, a chamada lex rhodia, versava ela somente sobre o comércio marítimo. Na idade contemporânea, a dogmática comercial caracteriza-se pelo intenso movimento codificador, cujo marco pode ser considerado o Código de Comércio Francês, em 1807, que não representa apenas uma representação de classe, estendendo-se aos interesses também dos não comerciantes. O nosso Código Comercial data de 1850. Princípios Basilares do Direito Comercial -Autonomia da vontade expressa, dinamicamente, numa atividade negocial, com propósito de lucro; -Estrutura Empresarial; -Garantia e Certeza da Circulação e do Crédito. Outros Ramos Em razão das novas situações fáticas, novos valores, e novos objetivos da sociedade, outros ramos de direito vão surgindo e se consolidando paulatinamente, a exemplo do Direito Agrário, do Direito Cooperativo, Do Direito Industrial. Nascendo e se originando do direito Comercial, tem-se o Direito da Navegação (marítima, terrestre e aérea). São vários os ramos que estão a eclodir ainda a exemplo de Direitos ligados às Comunicações, Informações computacionais, astronáutico ou Espacial, relativo à navegação interplanetária. M.Reale define o Direito Agrário como “o ramo do Direito Privado que disciplina as relações jurídicas privadas que se constituem e se desenvolvem em função e para os fins da atividade agrícola e pastoril.” Assim, regula este Direito as parcerias agrícolas, a empresa agrícola. OS DIREITOS “NOVOS” Direito Ambiental O Direito Ambiental é a ciência que estuda os problemas ambientais e suas interligações com o homem, visando a proteção do meio ambiente para a melhoria das condições de vida como um todo. Esta ciência teve origem nos primeiros estudos de ecologia, passou pelo surgimento da ciência educacional ambiental, até chegar a sua formação como mecanismo de proteção do meio ambiente. O Direito Ambiental tem como base estudos complexos que envolvem várias ciências como biologia, antropologia, sistemas educacionais, ciências sociais, princípios de direito internacional entre outras, sendo fundamental que se tenha uma visão holística para o desenvolvimento de seu estudo, não se podendo ficar em conhecimentos fragmentados, sob pena de não conseguir atingir a finalidade principal que é a proteção do meio ambiente. O direito ao meio ambiente, a definição e o regime jurídico do meio ambiente e os princípios e objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente são os mais destacados fundamentos do Direito Ambiental, além das definições e conceitos de ecologia, biologia, antropologia, botânica e educação ambiental. No Brasil surgiu a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938, de 31.8.81), um marco histórico no desenvolvimento do Direito Ambiental dando definições importantíssimas de meio ambiente, degradação da qualidade ambiental, poluição, poluidor e recursos ambientais, bem como instituiu um valioso mecanismo de proteção ambiental denominado estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e seu respectivo relatório ( RIMA ), instrumentos eficazes e modernos em termos ambientais mundiais. Seguiu-se a Lei da Ação Civil Pública (Lei 7.347, de 24.7.85) que tutela os valores ambientais, disciplinando a ação civil pública de responsabilidade por danos causado ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. Em 1988, a nossa Constituição Federal dedicou em seu título VIII- da Ordem Social, no capítulo VI, art. 225 normas direcionais da problemática ambiental, dando as diretrizes de preservação e proteção dos recursos naturais incluindo nelas a fauna e flora, bem como, entre outras medidas, normas de promoção da educação ambiental, definindo o meio ambiente como bem de uso comum do povo. Por sua vez a Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, a Rio-92, como ficou conhecida, sacramentou em termos mundiais a preocupação com a problemática ambiental, reforçando os princípios e regras para o combate à degradação ambiental, elaborando a Agenda 21, instrumento diretriz do desenvolvimento sustentável. Assim, o Direito Ambiental é importantíssimo para a garantia da qualidade de vida de nossa sociedade, sendo ao mesmo tempo uma garantia de preservação das demais formas de vida, bem como dos recursos florestais, hídricos e minerais brasileiros. Direito da Infância e Juventude Disciplina de amplo fôlego, para seu estudo e aplicação deverá ser antes efetivado pelo aluno o estudo dos demais ramos do direito, com ênfase ao constitucional, civil, penal, administrativo, processual, dentre outros, os quais trarão compreensão maior quando do estudo dirigido ao presente tema, facilitando sua absorção. Diz o art. 24 inciso XV da CF de 1988. - proteção à infância e à juventude; A lei 8039/90, veio definitivamente albergar todos os direitos da infância e da Juventude, em face do Estado da e Sociedade, e mesmo da família. Dispõem suas disposições DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 1º. Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. Art. 2º. Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade. Art. 3º. A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. Art. 4º. É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infânciae à juventude. Art. 5º. Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. Art. 6º. Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento. Como Direitos Fundamentais, dentre outros: -direito à vida e à saúde -direito à liberdade, ao respeito e à dignidade -direito à convivência familiar e comunitária -direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer -direito à profissionalização e à proteção no trabalho -direito à informação, cultura, lazer, esportes, diversões e espetáculos São 267 artigos que abrangem vários direitos e deveres dos menores, da sociedade, da família, das obrigações do Estado enquanto Poderes Constituídos, do MP, dos Advogados, etc. O Estatuto da Criança e do Adolescente-ECA, dispõe inclusive sobre o direito processual, com detalhamento dos mais significantes, devendo, como linha geral, serem observados os direitos fundamentais supracitados. Direito do Consumidor Como fartamente discorrido ao longo deste semestre, a luta pela conquista de direitos é tão antiga quanto a humanidade. No Brasil, o marco inicial dessa luta se dá com o descobrimento e conseqüente colonização portuguesa, que passou a substituir os valores culturais e econômicos existentes. Ganhava paulatinamente força o movimento pela criação de uma legislação "nativa", que no âmbito do Direito Privado, resultou no Código Comercial de 1850, Código Civil em 1916, já que o legislador pátrio preferiu separar as obrigações em comercial e civil, no mesmo sentido do que já vinha sendo efetivado pela Europa, especialmente pela França. Contudo, a construção de mencionada codificação, estava muito centrada na "autonomia da vontade ", como resultado do sentimento de liberdade individual que se firmou com a Revolução Francesa, e que no direito privado se materializou, como paradigma de liberdade no art. 544 do Código Napoleão, e foi gradativamente influenciando muitas das codificações modernas. Referida liberdade contratual exacerbada, foi gerando entre nós, com o passar dos tempos, um sentimento de rejeição em relação ao conteúdo das obrigações contidas no Código Civil, e em vista disso, passou a gerar uma necessidade de dar proteção a parte economicamente mais fraca. O resultado foi aparecendo com legislações esparsas, de proteção ao social/economicamente mais fraco, como por exemplo: a lei de usura, a lei do inquilinato, nas relações trabalhistas a CLT, etc. Assim a legislação foi afastando-se gradativamente do individualismo exacerbado, para admitir um outro componente na confecção e interpretação da lei, a solidariedade. Para isso, trocou-se a certeza da norma de conduta, para imitar a leveza dos princípios existentes na Constituição Federal. Essa idéia, permeou um grupo de abnegados, que após muita luta, resultou no Código De Defesa do Consumidor, a Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990. A Constituição Federal de 1988, nas disposições transitórias, art. 48 pedia que o Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborasse o Código de Defesa do Consumidor. Com a Lei 8.078 de 11 de setembro de 1990, nasceu o Código de Defesa do Consumidor( substância), e mais tarde o seu regulamento( forma de como se deve proceder para buscar o direito), com o Decreto . 861 de 09 de julho de 1993, derrogado pelo Decreto 2.181 de, 20.03.97. O Código de Defesa do Consumidor, segundo Cláudia Lima Marques se insere num contexto de renovação da teoria contratual, apontando para a relação de consumo, na qual, o consumidor passa a ser o centro de todas as atenções e alvo da proteção estatal. Assim segundo Cláudia Lima Marques, " o contrato evoluirá, então, de espaço reservado e protegido pelo direito para a livre e soberana manifestação da vontade das partes, para ser um instrumento jurídico mais social, controlado e submetido a uma série de imposições cogentes, mas equitativas". O CDC e seu regulamento, funcionam contra a vontade das pessoas, e antes da relação contratual, porque são normas de direito público, e estão acima da vontade individual, como as leis processuais, a lei do inquilinato, etc. Daí a importância de se ler atentamente o conteúdo do art. 51 do CDC quando se trata de produto, quando se trata de serviço o art. 52 e quando se trata de promessa de compra e venda de imóveis o art. 53, porque alí encontram-se relacionados todos os direitos do consumidor relativamente às cláusulas, declarando quais as que podem constar no contrato, e as que não podem. Quando o contrato for relativo a compra de imóvel, promessa de compra e venda tenha sempre presente a legislação básica que trata da matéria: Dec.-lei 58/37, a Lei do Parcelamento do solo Urbano 6.766/79. Direitos básicos do consumidor informação sobre a quantidade, característica, composição, preço e riscos que porventura o produto apresentar. art. 8 do CDC. proteção contra a publicidade enganosa/abusiva -art. 30/36 e 37 do CDC. proteção contra métodos comerciais coercitivos ou desleais - art. 39/40/51/52/53/ e 54 do CDC. proteção contra cláusulas abusivas impostas - artigos 51 e 54 do CDC. direito de pleitear a modificação de cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais em relação ao produto ou ao serviço; art. 51, IV do CDC. revisão contratual em razão de fato superveniente que torne a obrigação excessivamente onerosa. -art. 51, inciso IV do CDC. nversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil - art. 6, inciso VIII do CDC. tendo mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação. art.13 c/c o 88 CDC. FIM DO SEMESTRE. SAÚDE E SUCESSO. Anexo – 1 Constituição Federal Capítulo I I - DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS (ART. 5º) Texto do Capítulo Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: Lei nº 6815, de 19.8.1980, que define a situação jurídica do estrangeiro no brasil e cria o conselho nacional de imigração. (Estatuto dos Estrangeiros). Lei nº 7853, de 24/10/1989, que dispõe sobre o apoio as pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE), institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes, e dá outras providências.. Decreto nº 3298, de 20.12.1999, que regulamenta a Lei 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a política nacional para a integração da pessoa portadora de deficiência, consolida as normas de proteção, e dá outras providências. I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; Lei nº 9434, de 4.2.1997, que dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento e dá outras providências. Decreto nº 2268, de 30.6.1997, que regulamenta a Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997. III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; Lei de imprensa – Lei nº 5250, de 09/02/1967. V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; Lei de imprensa – Lei nº 5250, de 09/02/1967. VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida,na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; · Crimes contra o sentimento religioso e o respeito aos mortos – arts. 208 e 212 do CP. IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; · Crimes contra a honra: arts. 138, § 3º calúnia, 139, parágrafo único difamação e 140 injúria, todos do CP. · Direitos morais do Autor, arts. 24 a 27 da Lei nº 9610, de 19.2.1998. XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; · Violação de domicílio, art. 150 §§ 1º a 5º, do CP. · Execução de despejo de imóvel, art. 65 da Lei nº 8245, de 18.10.1991 (Lei de inquilinato). · Inviolabilidade de escritório ou local de trabalho do advogado, art. 7º, II, da Lei nº 8906, de 4.7.1994 (Estatuto da OAB). XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; · Lei nº 9296, de 24.7.1996, que regulamenta o inciso XII, parte final, do art. 5° da Constituição Federal. · Inadmissibilidade de provas ilícitas – ver inciso LVI deste artigo. XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; · Proibição de exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do Poder Público, arts. 47, II e 56 do CP; da edicina, arte dentária ou farmacêutica, art. 282 do CP. Exercício ilegal de profissão ou atividade, art. 47 do Decreto-Lei nº 3688, de 3.10.1941(Lei de contravenções penais). XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; · Violação de segredo profissional, art. 154do CP e art. 34, VII, da Lei nº 8906, de 4.7.1994 (Estatuto da OAB) XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; · Habeas corpus, inciso LXVIII deste artigo e arts. 647 a 667 do CPP. XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; · Ver arts. 8º e 17 da CF. XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; · Sociedade cooperativa, Lei nº 5764, de 16.12.1971. XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; XXII - é garantido o direito de propriedade; · Ver caput e incisos XXIII a XXIX deste artigo e arts. 170, II e III, e 222. · Defesa da posse, arts. 499 e seguintes do CC. · Propriedade, arts. 524 e seguintes do CC. XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; · Ver incisos XXIV e XXV deste artigo. XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; · Desapropriação, Decretos-Leis nºs. 3365, de 21.6.1941, 1075, de 22.1.1970, Leis nºs. 4132, de 10.9.1962, 8257, de 26.11.1991, 8629, de 25.2.1993 e Lei Complementar nº 76, de 6.7.1993. XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; · Requisição de bens durante o estado de sítio, art. 139, VII da CF. XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; · Lei nº 4504, de 30.11.1964, que dispõe sobre o Estatuto da Terra, e dá outras providências. XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; · Direitos autorais, arts. 24 a 27 da Lei nº 9610, de 19.2.1998, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas; · Lei nº 9610, de 19.2.1998, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. · Decreto nº 2894, de 22.12.1998, que regulamenta a emissão e o fornecimento de selo ou sinal de identificação dos fonogramas e das obras audiovisuais, previstos no art. 113 da Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País; · Lei nº 9279, de 14.5.1996, Propriedade industrial. · Lei nº 9609, de 19.2.1998, que dispõe sobre a proteção da propriedade intelectual de programa de computador e sua comercialização no País, XXX - é garantido o direito de herança; · Ver Arts. 1572 e seguintes do CC. · Lei nº 8971, de 29.12.1994, regula o direito dos companheiros a alimentos e à sucessão. XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus; XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; · Lei nº 8078, de 11.9.1990, que dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. (Código de Defesa do Consumidor) XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; · Habeas data – gratuidade, incisos LXXII e LXVII deste artigo. · Lei nº 9507, de 29.6.1997, que regula o direito de acesso a informações e disciplina o rito processual do habeas data. · Lei nº 9051, de 18.5.1995, que dispõe sobre a expedição de certidões para a defesa de direitos e esclarecimentos de situações. XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamentode taxas: a) o direito de petição aos poderes públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; · Lei nº 9051, de 18.5.1995, que dispõe sobre a expedição de certidões para a defesa de direitos e esclarecimentos de situações. XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; · Prestação da tutela jurisdicional, mediante provocação da parte ou interessado, art. 2º do CPC. · Impossibilidade de escusa da prestação jurisdicional, art. 126 do CPC. XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; · Ver art. 6º da Lei de Introdução ao Código Civil. XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: · Processos dos crimes de competência do Tribunal do Júri, arts. 406 e seguintes do CPP. a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; · Crimes contra a vida: homicídio – art. 121, induzimento, instigamento ou auxílio ao suicídio – art. 122, infanticídio – art. 123 e aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento – art. 124, todos do CP. XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; · Ver art. 1º do CP. XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; · Ver art. 2º, parágrafo único, execução penal – art. 66 da Lei nº 7210, de 11.7.1994. XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais; · Lei nº 8081, de 21.9.1990, que estabelece os crimes e as penas aplicáveis aos atos discriminatórios ou de preconceito de raça, cor, religião, etnia ou procedência nacional, praticados pelos meios de comunicação ou por publicação de qualquer natureza. XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; · Lei nº 7716, de 5.11.1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. · Lei nº 8081, de 21.9.1990, que estabelece os crimes e as penas aplicáveis aos atos discriminatórios ou de preconceito de raça, cor, religião, etnia ou procedência nacional, praticados pelos meios de comunicação ou por publicação de qualquer natureza. XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; · Lei nº 6368, de 21.10.1976, que dispõe sobre medidas de prevenção e repressão ao tráfico ilícito e uso indevido de substâncias de entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica, e dá outras providências. · Lei nº 8072, de 25.7.1990, que dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5º, inciso XLIII, da Constituição Federal, e determina outras providências. · Lei nº 9695, de 20.8.1998, que acrescenta incisos ao art. 1º da Lei nº 8072, de 25 de julho de 1990, que dispõe sobre os crimes hediondos, e altera os arts. 2º, 5º e 10 da Lei nº 6.437, de 20 de agosto de 1997, e dá outras providências. · Lei nº 9455, de 7.4.1997, que define os crimes de tortura e dá outras providências. XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado democrático; · Ver art. 17, § 4º da CF. XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; · Execução das penas privativas de liberdade, arts. 105 a 109 da Lei nº 7210, de 11.7.1984 (Execução Penal). b) perda de bens; · Confisco de bens em caso de tráfico de entorpecentes, art. 243, parágrafo único, da CF. · Confisco de instrumentos e produtos do crime, art. 779 do CPP. c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos; XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX ; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis; XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; · Estabelecimentos penais, arts. 82 e seguintes da Lei nº 7210, de 11.7.1984 (Execução Penal). XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; · Integridade física e moral dos condenados e seus direitos, arts. 40 e seguintes da Lei nº 7210, de 11.7.1984 (Execução Penal). L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação; LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião; · Extradição, arts. 76 a 94 da Lei nº 6815, de 19.8.1980, que define a situação jurídica do estrangeiro no brasil e cria o conselho nacional de imigração. (Estatuto dos Estrangeiros). LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; · Lei nº 10.054, de 7 de dezembro de 2000, que dispõe sobre a identificação criminal e dá outras providências. LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal; · Ver art. 29 do CPP. LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; · Segredo de justiça, art. 155 do CPC. LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; · Prisão em flagrante, arts. 282, 301 e seguintes do CPP. LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; · Silêncio do acusado, consequências no processo penal, art. 186 e 198 do CPP. · Prerrogativa do advogado na defesa de réu preso, art. 7º, III e XIV, da Lei nº 8906, de 4.7.1994 (Estatuto do OAB). LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; · Súmula 9 do STF LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; · Ver art. 733, caput e § 1º do CPC. · Ação de alimentos,art. 22 da Lei nº 5478, de 25.7.1968, que dispõe sobre ação de alimentos e dá outras providências. LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; · Ver art. 647 e seguintes do CPP. · Normas pertinentes ao habeas corpus: Recursos ordinários das decisões denegatórias, arts. 30 a 32 da Lei nº 8038, de 28.5.1990 LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público; · Leis nºs. 1533, de 31.12.1951, que altera as disposições do Código de Processo Civil, relativa ao mandado de segurança, e 4348, de 26.6.1964. LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; LXXII - conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; · Ver inciso XXXIII deste artigo. · Lei nº 9507, de 29.6.1997, que regula o direito de acesso a informações e disciplina o rito processual do habeas data. · Súmula 2 do STJ. b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; · Lei nº 4717, de 29.6.1965, que regula a ação popular. LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; · Lei nº 1060, de 5.2.1950, que estabelece normas para a concessão de assistência judiciária aos necessitados. · Lei Complementar Federal nº 80, de 12.1.1994, que organiza a Defensoria Pública da União, do Distrito Federal e dos Territórios e prescreve normas gerais para sua organização nos Estados, e dá outras providências.. LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença; · Normas disciplinares e responsabilidade civil dos magistrados, arts. 35 a 49 da Lei Complementar Federal nº 35, 14.3.1979. LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: · Lei n° 7844, de 18.10.1989, que disciplina o inciso LXXVI do art. 5° da Constituição da República Federativa do Brasil, alterando a redação do art. 30 da Lei n° 6015, de 31 de dezembro de 1973. · Lei nº 9534, de 10.12.97, que dá nova redação ao art. 30 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, que dispõe sobre os registros públicos; acrescenta inciso ao art. 1º da Lei nº 9.265, de 12 de fevereiro de 1996, que trata da gratuidade dos atos necessários ao exercício da cidadania; e altera os arts. 30 e 45 da Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 1994, que dispõe sobre os serviços notariais e de registro. a) o registro civil de nascimento; · Ver arts. 29, I e 50 a 66, da Lei 6015, de 31.12.1973 (Registros Públicos) b) a certidão de óbito; · Ver arts. 29, III e 77 a 88, da Lei 6015, de 31.12.1973 (Registros Públicos) LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania. · Lei nº 9265, de 12.2.1996, que Regulamenta o inciso LXXVII do art. 5º da Constituição, dispondo sobre a gratuidade dos atos necessários ao exercício da cidadania. * LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. * Acrescentado pela Emenda Constitucional nº 45, de 08.12.2004 Nota: Art. 7º da E. C. nº 45/2004 - "Art. 7º O Congresso Nacional instalará, imediatamente após a promulgação desta Emenda Constitucional, comissão especial mista, destinada a elaborar, em cento e oitenta dias, os projetos de lei necessários à regulamentação da matéria nela tratada, bem como promover alterações na legislação federal objetivando tornar mais amplo o acesso à Justiça e mais célere a prestação jurisdicional." § 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. § 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. · Aplicação de analogia, dos costumes e dos princípios gerais de direito no preenchimento das lacunas da lei, art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil. · Ver também arts. 126, 127 e 335 do CPC e 8º da CLT. * § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. * § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão." (NR) * Acrescentado pela Emenda Constitucional nº 45, de 08.12.2004 Anexo – 2 Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro (LINDB) Analise da LINDB-Lei de Introdução ás normas do Direito Brasileiro Decreto-lei nº. 4.657, de 4 de setembro de 1942. Art. 1º. Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. Se a lei não especificar o prazo para que a mesma entre em vigor (vacatio legis), teremos por base este artigo da LINDB, que determina que entre em vigor 45 dias depois de oficialmente publicada. § 1º. Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. A mesma situação descrita acima, difere apenas no prazo para sua entrada em vigor que no território nacional é de 45 dias e no exterior é de 3 meses. Sendo assim, se havia uma lei anterior a ela no exterior, ela prevalece por estes 3 meses ainda que no Brasil a lei nova já esteja em uso. § 2º Revogado pela Lei nº. 12.036 de 2009 § 3º. Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada à correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação. Essa situação ocorre pra corrigir erros de ortografia ou pelo sentido da lei ter ficado confuso, exigindo assim uma correção para eliminar o erro ou esclarecer qual é o objeto da lei em questão. Sendo assim nada mais natural que todos os prazos que constavam na lei, passem a contar novamente da nova publicação. § 4º. As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. Como as correções às leis passam pelo mesmo processo de criação de uma lei, equiparam-se elas a uma lei nova. Art. 2º. Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. Exceto as leis de caráter temporário que já trazem expressas o tempo de sua validade, as leis brasileiras têm caráter permanente, ou seja, seguem em vigor até que se publique uma outra lei que a modifique ou revogue. § 1º. A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a leianterior. A lei mais nova revoga a lei antiga, toda ou em parte, conforme a situação. Aparecerá de forma expressa ou tácita a revogação. A revogação se dá por incompatibilidade parcial ou total, quando a matéria necessitar de uma regulação totalmente diferente em virtude da evolução de costumes. § 2º. A lei nova que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. A norma geral não revoga a especial assim como a especial não revoga a geral, podendo ambas reger a mesma matéria contanto que não haja choque entre elas. Se houver este choque caberá um método de resolução de antinomias. § 3º. Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. Sem grandes comentários, essa situação explicitada acima se justifica pelo fato do nosso ordenamento jurídico não admitir o dispositivo da repristinação automática. A repristinação só ocorre se expressamente for declarada. Art. 3º. Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. A lei depois de tornada publica através de publicação oficial, respeitando o período de vacatio legis se houver, passa a vigorar para todos, não podendo ninguém alegar ignorância para justificar seu descumprimento. Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Nem Sempre o Juiz vai encontrar uma lei que seja aplicável ao caso concreto, pois existem lacunas no Direito. Porém, não há situação que seja interesse do direito sem lei anterior que o defina, ou seja, ainda que não se encontre uma lei específica para resolver uma situação, deve-se usar a analogia se for possível encontrando casos julgados semelhantes, os costumes embora no sistema civil law este não tenha a mesma força como no sistema commow law, e os princípios gerais do direito que são os norteadores das leis no nosso sistema jurídico. Art. 5º. Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. O Juiz deverá aplicar a norma para o fim que ela se destina, ou seja, a sua interpretação deverá atender o melhor possível a situação, enquadrando a lei no caso concreto, evitando lacunas ou contradições normativas. .Art. 6º. A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. A lei após entrar em vigor terá efeito imediato e geral, respeitando esses três dispositivos conforme ordena a CF1988. Valendo então durante a sua vigência, para futuras situações. § 1º. Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo que se efetuou. O ato jurídico perfeito é o já consumado que pela legislação anterior foi regido e que por este motivo (sendo ele já concluído), não será objeto de nenhuma lei nova. § 2º. Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. Direito adquirido é quando o seu titular já teve o direito reconhecido por uma lei antiga, mesmo que venha a lei nova, esta não poderá atingi-lo. Podemos citar como exemplo uma pessoa que necessite de 35 anos de serviço para se aposentar, mas por escolha não se aposentou mesmo com 37 anos de serviço comprovados. Se na época que entrar em vigor uma nova lei nova exigindo 40 anos de serviços, esta lei não o atinge, pois quando ela entrou em vigor, ele já preenchia os requisitos da lei antiga. § 3º. Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso. A ultima sentença, decisão esta que não cabe a ninguém mais recorrer.É a decisão final sobre o caso. A coisa julgada, o direito adquirido e o ato jurídico perfeito são dispositivos para promover a segurança jurídica. Art. 7º. A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. A lei do país onde a pessoa tem domicílio (âmbito definitivo) determina as regras da ordem civil. § 1º. Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração. Casamentos no Brasil serão regidos pela lei brasileira, no que concernem as formalidades para o casamento, bem como os impedimentos legais. Os direitos de família serão regidos pela lei do domicílio dos nubentes, brasileiros ou estrangeiros. § 2º. O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. Se a lei der competência ao agente consular ou diplomático, este poderá realizar casamentos de estrangeiros (de mesma pátria) fora de seu país, dentro de seu consulado ou fora dele. Brasileiros que se casarem com estrangeiros só poderão faze-lo em consulado brasileiro. § 3º. Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal. A invalidade do matrimonio será apurada pela lei do domicilio comum dos cônjuges, ou pela lei do primeiro domicilio conjugal dos mesmos. § 4º. O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal. As questões patrimoniais obedecerão às leis onde os cônjuges estiverem domiciliados, se estiverem domiciliados em países diferentes, será regido pela lei do lugar onde tiveram o primeiro domicilio conjugal. § 5º O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro. O estrangeiro que se naturalizar pode com o aval de seu cônjuge, solicitar o regime parcial de bens, desde que resguarde o direito de terceiros, anteriores a naturalização. § 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de um ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separarão judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no País. O Supremo Tribunal Federal, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais. O divorcio realizado no estrangeiro terá o prazo legal de um ano para ser reconhecido no Brasil, a não ser que tenha havido uma separação judicial também de um ano. O STF tem o poder de analisar documentos de divorcio dos brasileiros feitos no exterior, para que depois passe a ter todos os efeitos legais. § 7º. Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda Tal regra serve para deixar claro que o domicilio eleito por um dos cônjuges, também é domicilio de seu companheiro e de seus filhos não emancipados, assim como o tutor ou curador estende os seu aos seus assistidos. § 8º. Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se encontre. Será considerada domiciliada uma pessoa sem domicilio, em sua residência habitual, temporária ou acidental ou naquele local onde se encontre. Art. 8º. Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados. A qualificação dos bens e os atos referentes a eles obedecem à lei do país onde se encontram. § 1º. Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário,quanto aos bens moveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares. Para bens moveis que podem ser transportados (para uso pessoal ou em razão de negocio) para os mais diversos lugares, será aplicada a lei do lugar do domicilio do proprietário. Pois se não fosse assim, o bem móvel estaria sujeito as mais diversas legislações territoriais. § 2º. O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada. O penhor é regulado pela lei de onde quem empenhou a coisa tenha residência fixa (domicílio).Vale a regra de onde a coisa de situa. Art. 9º. Para qualificar e reger as obrigações aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem. As obrigações são regidas pela lei de onde forem realizadas as mesmas. § 1º. Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas às peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato. A lei estrangeira será observada no Brasil, no caso de uma obrigação ter sido contraída no exterior e a lei brasileira irá disciplinar os atos para a execução da mesma. § 2º. A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente. As obrigações de um contrato são reguladas pela lei do local onde reside o proponente. Se os contratantes estiverem em estados diversos será o local em que o contrato foi proposto. Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. A lei que vai reger a sucessão será a de onde estava domiciliado o defunto. Se o mesmo tinha dois domicílios, será competente o foro onde foi requerido primeiro. § 1º. A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável à lei pessoal do de cujus. A sucessão de bens de estrangeiros será regulada pela lei brasileira em benefício de seus herdeiros brasileiros, a não ser que aquilo que a lei pessoal do de cujus determine seja mais vantajosa. § 2º. A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder. A capacidade para suceder é disciplinada pela lei do domicílio do falecido, enquanto que a capacidade de exercer o direito de suceder é regulada pela do domicílio do autor da herança e pela lei pessoal do sucessor. Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado em que se constituírem. As pessoas jurídicas de direito privado obedecem a lei do Estado onde foram criadas. § 1º. Não poderão, entretanto ter no Brasil, filiais, agências ou estabelecimentos antes de serem os atos constitutivos aprovados pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira. As empresas estrangeiras para terem filiais no Brasil devem passar pela aprovação do governo brasileiro ficando sujeitas a lei brasileira. § 2º. Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer natureza, que eles tenham constituído, dirijam ou hajam investido de funções públicas, não poderão adquirir no Brasil bens imóveis ou susceptíveis de desapropriação. Os governos estrangeiros ou seus representantes constituídos não podem adquirir imóveis ou susceptíveis de desapropriação, visando preservar a soberania nacional se por algum motivo ocorrerem crises diplomáticas. § 3º. Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos prédios necessários à sede dos representantes diplomáticos ou dos agentes consulares. É à exceção do parágrafo anterior, que dispõe que pessoas jurídicas de direito publico externo podem adquirir sua sede para fins diplomáticos ou consulares. Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação. A autoridade brasileira é competente para julgar o réu domiciliado no Brasil seja ela brasileira ou estrangeiro. § 1º. Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações, relativas a imóveis situados no Brasil. Somente a autoridade brasileira compete qualificar ou julgar ações sobre aos imóveis situados no Brasil. § 2º. A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exequatur e segundo a forma estabelecida pela lei brasileira, as diligências deprecadas por autoridade estrangeira competente, observando a lei desta, quanto ao objeto das diligências. A autoridade brasileira cumprirá aquilo que o estado estrangeiro solicitar através de carta rogatória, mediante a lei brasileira, excluindo as situações de execução como arresto e sequestro, por exemplo. Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça. A prova dos fatos ocorridos no país estrangeiro rege-se pela lei do mesmo, enquanto que nos tribunais brasileiros não se admite provas que a lei brasileira desconheça ou não autorize. Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência. No caso do juiz aplicar a lei estrangeira por não ser aplicável a lei brasileira, no direito internacional privado, poderá ele exigir de quem a usa, prova de texto e de sua vigência. Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes requisitos: a) haver sido proferida por juiz competente; b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia; c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em que, foi proferida; d) estar traduzida por intérprete autorizado; e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal. Parágrafo único. Não dependem de homologação as sentenças meramente declaratórias do estado das pessoas. As sentenças proferidas no estrangeiro não têm obrigatoriedade em outro por questões de soberania e independência de jurisdições, para o caso de alguma sentença estrangeira ser executada no Brasil, depende de uma serie de requisitos que são os elencados acima. Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei. Quando for necessário aplicar a lei estrangeira, será observada essa lei, não sendo válida qualquer remissão que esta faça a outra lei. Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes. Não terão eficácia às leis do país estrangeiro que de alguma forma ofender o país em sua soberania, ordem ou bons costumes. Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileira ou brasileiro nascido no país da sede do Consulado. As autoridades consulares brasileiras têm competência para celebrar para brasileiros os atos estabelecidos no artigo 18. Mesmo que o país onde estiver o consulado não reconhecer nenhum dos atos, os mesmos terão validade no Brasil. Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos indicados no artigo anterior e celebrados pelos cônsules brasileiros na vigência do Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, desde que satisfaçam todos os requisitos legais. Os atos celebrados pelos cônsules brasileiros são válidos desde que cumpram todos os requisitos legais. Parágrafo único. No caso em que a celebração desses atos tiver sido recusada pelas autoridades consulares, com fundamento no artigo 18 do mesmo Decreto-lei, ao interessado é facultado renovaro pedido dentro em 90 (noventa) dias contados da data da publicação desta lei. Se a autoridade consular negar a celebração de algum ato previsto no artigo 18, poderá ser pedido novamente dentro do prazo de noventa dias. Anexo – 3 Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos LEI COMPLEMENTAR Nº 35, DE 14 DE MARÇO DE 1979 Mensagem de veto (Vide Decreto-lei nº 2.019, de 1983) Dispõe sobre a Lei Orgânica da Magistratura Nacional.100 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar: TÍTULO I Do Poder Judiciário CAPÍTULO I Dos Órgãos do Poder Judiciário Art. 1º - O Poder Judiciário é exercido pelos seguintes órgãos: I - Supremo Tribunal Federal; II - Conselho Nacional da Magistratura; Ill - Tribunal Federal de Recursos e Juízes Federais; IV - Tribunais e Juízes Militares; V - Tribunais e Juízes Eleitorais; VI - Tribunais e Juízos do Trabalho; VII - Tribunais e Juízes Estaduais; VIII - Tribunal e Juízes do Distrito Federal e dos Territórios. Art. 2º - O Supremo Tribunal Federal, com sede na Capital da União e jurisdição em todo o território nacional, compõem-se de onze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pelo Senado Federal, dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada. Art. 3º - O Conselho Nacional da Magistratura, com sede na Capital da União e jurisdição em todo o território nacional, compõe-se de sete Ministros do Supremo Tribunal Federal, por este escolhidos, mediante votação nominal para um período de dois anos, inadmitida a recusa do encargo. § 1º - A eleição far-se-á juntamente com a do Presidente e Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal, os quais passam a integrar, automaticamente, o Conselho, nele exercendo as funções de Presidente e Vice-Presidente, respectivamente. § 2º - Os Ministros não eleitos poderão ser convocados pelo Presidente, observada a ordem decrescente de antigüidade, para substituir os membros do Conselho, nos casos de impedimento ou afastamento temporário. § 3º - Junto ao Conselho funcionará o Procurador-Geral da República. Art. 4º - O Tribunal Federal de Recursos, com sede na Capital da União e jurisdição em todo o território nacional, compõe-se de vinte e sete Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da República, após aprovada a escolha pelo Senado Federal, salvo quanto à dos Juízes Federais, sendo quinze dentre Juízes Federais, indicados em lista tríplice pelo próprio Tribunal; quatro dentre membros do Ministério Público Federal; quatro dentre advogados maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e de reputação ilibada; e quatro dentre magistrados ou membros do Ministério Público dos Estados e do Distrito Federal. Art. 5º - Os Juízes Federais serão nomeados pelo Presidente da República, escolhidos, sempre que possível, em lista tríplice, organizada pelo Tribunal Federal de Recursos, dentre os candidatos com idade superior a vinte e cinco anos, de reconhecida idoneidade moral, aprovados em concurso público de provas e títulos, além da satisfação de outros requisitos especificados em lei. § 1º - Cada Estado, bem como o Distrito Federal, constitui uma Seção Judiciária, que tem por sede a respectiva Capital, e Varas localizadas segundo o estabelecido em lei. § 2º - Nos Territórios do Amapá, Roraima e Rondônia, a jurisdição e as atribuições cometidas aos Juízes Federais caberão aos juízes da Justiça local, na forma que a lei dispuser. O Território de Fernando de Noronha está compreendido na Seção Judiciária do Estado de Pernambuco. Art. 6º - O Superior Tribunal Militar, com sede na Capital da União e jurisdição em todo o território nacional, compõe-se de quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pelo Senado Federal, sendo três dentre Oficiais-Generais da Marinha, quatro dentre Oficiais-Generais do Exército e três dentre Oficiais-Generais da Aeronáutica, todos da ativa, e cinco dentre civis, maiores de trinta e cinco anos, dos quais três cidadãos de notório saber jurídico e idoneidade moral, com mais de dez anos de pratica forense, e dois Juízes Auditores ou membros do Ministério Público da Justiça Militar, de comprovado saber jurídico. Art. 7º - São órgãos da Justiça Militar da União, além do Superior Tribunal Militar, os Juízes Auditores e os Conselhos de Justiça, cujos número, organização e competência são definidos em lei. Art. 8º - O Tribunal Superior Eleitoral, com sede na Capital da União e jurisdição em todo o território nacional, é composto de sete Juízes, dos quais três Ministros do Supremo Tribunal Federal e dois Ministros do Tribunal Federal de Recursos, escolhidos pelo respectivo Tribunal, mediante eleição, pelo voto secreto, e dois nomeados pelo Presidente da República, dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal. Art. 9º - Os Tribunais Regionais Eleitorais, com sede na Capital do Estado em que tenham jurisdição e no Distrito Federal, compõe-se de quatro Juízes eleitos, pelo voto secreto, pelo respectivo Tribunal de Justiça, sendo dois dentre Desembargadores e dois dentre Juízes de Direito; um Juiz Federal, escolhido pelo Tribunal Federal de Recursos, e na Seção Judiciária houver mais de um, e, por nomeação do Presidente da República, de dois dentre seis cidadãos de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça. Art. 10 - Os Juízes do Tribunal Superior Eleitoral e dos Tribunais Regionais Eleitorais, bem como os respectivos substitutos, escolhidos na mesma ocasião e por igual processo, salvo motivo justificado, servirão, obrigatoriamente, por dois anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos. Art. 11 - Os Juízes de Direito exercem as funções de juízes eleitorais, nos termos da lei. § 1º - A lei pode outorgar a outros Juízes competência para funções não decisórias. § 2º - Para a apuração de eleições, constituir-se-ão Juntas Eleitorais, presididas por Juízes de Direito, e cujos membros, indicados conforme dispuser a legislação eleitoral, serão aprovados pelo Tribunal Regional Eleitoral e nomeados pelo seu Presidente. Art. 12 - O Tribunal Superior do Trabalho, com sede na Capital da União e jurisdição em todo o território nacional, compõe-se de dezessete Ministros, nomeados pelo Presidente da República, onze dos quais, togados e vitalícios, depois de aprovada a escolha pelo Senado Federal, sendo sete dentre magistrados da Justiça do Trabalho, dois dentre advogados no exercício efetivo da profissão, e dois dentre membros do Ministério Público da Justiça do Trabalho, maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, e seis classistas e temporários, em representação paritária dos empregadores e dos trabalhadores, de conformidade com a lei, e vedada a recondução por mais de dois períodos de três anos. Art. 13 - Os Tribunais Regionais do Trabalho, com sede, jurisdição e número definidos em lei, compõe-se de dois terços de Juízes togados e vitalícios e um terço de Juízes classistas e temporários, todos nomeados pelo Presidente da República, observada, quanto aos Juízes togados, a proporcionalidade fixada no art. 12 relativamente aos Juízes de carreira, advogados e membros do Ministério Público da Justiça do Trabalho e, em relação aos Juízes classistas, a proibição constante da parte final do artigo anterior. Art. 14 - As Juntas de Conciliação e Julgamento têm a sede, a jurisdição e a composição definidas em lei, assegurada a paridade de representação entre empregadores e trabalhadores, inadmitida a recondução dos representantes classistas por mais de dois períodosde três anos. § 1º - Nas Comarcas onde não for instituída Junta de Conciliação e Julgamento, poderá a lei atribuir as suas funções aos Juízes de Direito. § 2º - Poderão ser criados por lei outros órgãos da Justiça do Trabalho. Art. 15 - Os órgãos do Poder Judiciário da União (art. 1º, incisos I a VI) têm a organização e a competência definidas na Constituição, na lei e, quanto aos Tribunais, ainda, no respectivo Regimento Interno. Art. 16 - Os Tribunais de Justiça dos Estados, com sede nas respectivas Capitais e jurisdição no território estadual, e os Tribunais de Alçada, onde forem criados, têm a composição, a organização e a competência estabelecidos na Constituição, nesta Lei, na legislação estadual e nos seus Regimentos Internos. Parágrafo único - Nos Tribunais de Justiça com mais de vinte e cinco Desembargadores, será constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições administravas e jurisdicionais, da competência do Tribunal Pleno, bem como para uniformização da jurisprudência no caso de divergência entre suas Seções. Art. 17 - Os Juízes de Direito, onde não houver Juízes substitutos, e estes, onde os houver, serão nomeados mediante concurso público de provas e títulos. § 1º - (Vetado.) § 2º - Antes de decorrido o biênio do estágio, e desde que seja apresentada proposta do Tribunal ao Chefe do Poder Executivo, para o ato de exoneração, o Juiz substituto ficará automaticamente afastado de suas funções e perderá o direito à vitaliciedade, ainda que o ato de exoneração seja assinado após o decurso daquele período. § 3º - Os Juízes de Direito e os Juízes substitutos têm a sede, a jurisdição e a competência fixadas em lei. § 4º - Poderão os Estados instituir, mediante proposta do respectivo Tribunal de Justiça, ou órgão especial, Juízes togados, com investidura Iimitada no tempo e competência para o julgamento de causas de pequeno valor e crimes a que não seja cominada pena de reclusão, bem como para a substituição dos Juízes vitalícios. § 5º - Podem, ainda, os Estados criar Justiça de Paz temporária, compete para o processo de habilitação e celebração de casamento. Art. 18 - São órgãos da Justiça Militar estadual os Tribunais de Justiça e os Conselhos de Justiça, cujas composição, organização e competência são definidos na Constituição e na lei. Parágrafo único - Nos Estados de Minas, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo, a segunda instância da Justiça Militar estadual é constituída rolo respectivo Tribunal Militar, integrado por oficiais do mais alto posto da Polícia Militar e por civis, sempre em número ímpar, excedendo os primeiros aos segundos em uma unidade. Art. 19 - O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, com sede na Capital da União, tem a composição, a organização e a competência estabelecidas em lei. Art. 20 - Os Juízes de Direito e os Juízes substitutos da Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, vitalícios após dois anos de exercício, investido mediante concurso público de provas e títulos, e os Juízes togados temporários, todos nomeados pelo Presidente da República, têm a sede, a jurisdição e a competência prescritas em lei. CAPÍTULO II Dos Tribunais Art. 21 - Compete aos Tribunais, privativamente: I - eleger seus Presidentes e demais titulares de sua direção, observado o disposto na presente Lei; II - organizar seus serviços auxiliares, os provendo-lhes os cargos, na forma da lei; propor ao Poder Legislativo a criação ou a extinção de cargos e a fixação dos respectivos vencimentos; III - elaborar seus regimentos internos e neles estabelecer, observada esta Lei, a competência de suas Câmaras ou Turmas isoladas, Grupos, Seções ou outros órgãos com funções jurisdicionais ou administrativas; IV - conceder licença e férias, nos termos da lei, aos seus membros o aos Juízes e senventuários que lhes são imediatamente subordinados; V - exercer a direção e disciplina dos órgãos e serviços que lhes forem subordinados; VI - julgar, originariamente, os mandados de segurança contra seus atos, os dos respectivos Presidentes e os de suas Câmaras, Turmas ou Seções. CAPÍTULO III Dos Magistrados Art. 22 - São vitalícios: I - a partir da posse: a) os Ministros do Supremo Tribunal Federal; b) os Ministros do Tribunal Federal de Recursos; c) os Ministros do Superior Tribunal Militar; d) os Ministros e Juízes togados do Tribunal Superior do Trabalho e dos Tribunais Regionais do Trabalho; e) os Desembargadores, os Juízes dos Tribunais de segunda instância da Justiça Militar dos Estados; e) os Desembargadores, os Juízes dos Tribunais de Alçada e dos Tribunais de segunda instância da Justiça Militar dos Estados; (Redação dada pela Lei Complementar nº 37, de 13.11.1979) II - após dois anos de exercício: a) os Juízes Federais; b) os Juízes Auditores e Juízes Auditores substitutos da Justiça Militar da União; c) os Juízes do Trabalho Presidentes de Junta de Conciliação e Julgamento e os Juízes do Trabalho Substitutos; d) os Juízes de Direito da Justiça dos Estados e os Juízes Auditores da Justiça Militar dos Estados; e) os Juízes de Direito e os Juízes substitutos da Justiça dos Estados e da do Distrito Federal e dos Territórios. Parágrafo único - Os Juízzes a que alude o inciso II deste artigo, mesmo enquanto não adquirirem a vitaliciedade, não poderão perder o cargo senão por proposta do Triunal ou do órgão especial competente, adotada pelo voto de dois terços de seus membros efetivos. d) os Juízes de Direito e os Juízes substitutos da Justiça dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, bem assim os Juízes Auditores da Justiça Militar dos Estados. (Redação dada pela Lei Complementar nº 37, de 13.11.1979) § 1º - Os Juízes mencionados no inciso II deste artigo, mesmo que não hajam adquirido a vitaliciedade, não poderão perder o cargo senão por proposta do Tribunal ou do órgão especial competente, adotada pelo voto de dois terços de seus membros efetivos. (Redação dada pela Lei Complementar nº 37, de 13.11.1979) § 2º - Os Juízes a que se refere o inciso Il deste artigo, mesmo que não hajam adquirido a vitaliciedade, poderão praticar todos os atos reservados por lei aos Juízes vitalícios. (Redação dada pela Lei Complementar nº 37, de 13.11.1979) Art. 23 - Os Juízes e membros de Tribunais e Juntas Eleitorais, no exercício de suas funções e no que es for aplicável, gozarão de plenas garantias e serão inamovíveis. Art. 24 - O Juíz togado, de investidura temporária (art. 17, § 4º), poderá ser demitido, em caso de falta grave, por proposta do Tribunal ou do órgão especial, adotado pelo voto de dois terços de seus membros efetivos. Parágrafo único - O quorum de dois terços de membros efetivos do Tribunal, ou de seu órgão especial, será apurado em relação ao número de Desembargadores em condições legais de votar, como tal se considerando os não atingidos por impedimento ou suspeição e os não licenciados por motivo de saúde. TÍTULO II Das Garantias da Magistratura e das Prerrogativas do Magistrado CAPÍTULO I Das Garantias da Magistratura SEÇÃO I Da Vitaliciedade Art. 25 - Salvo as restrições expressas na Constituição, os magistrados gozam das garantias de vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos. Art. 26 - O magistrado vitalício somente perderá o cargo (vetado): I - em ação penal por crime comum ou de responsabilidade; II - em procedimento administrativo para a perda do cargo nas hipóteses seguintes: a) exercício, ainda que em disponibilidade, de qualquer outra função, salvo um cargo de magistério superior, público ou particular;b) recebimento, a qualquer título e sob qualquer pretexto, de percentagens ou custas nos processos sujeitos a seu despacho e julgamento; c) exercício de atividade politico-partidária. § 1º - O exercício de cargo de magistério superior, público ou particular, somente será permitido se houver correlação de matérias e compatibilidade de horários, vedado, em qualquer hipótese, o desempenho de função de direção administrativa ou técnica de estabelecimento de ensino. § 2º - Não se considera exercício do cargo o desempenho de função docente em curso oficial de preparação para judicatura ou aperfeiçoamento de magistrados. Art. 27 - O procedimento para a decretação da perda do cargo terá início por determinação do Tribunal, ou do seu órgão especial, a que pertença ou esteja subordinado o magistrado, de ofício ou mediante representação fundamentada do Poder Executivo ou Legislativo, do Ministério Público ou do Conselho Federal ou Secional da Ordem dos Advogados do Brasil. § 1º - Em qualquer hipótese, a instauração do processo preceder-se-á da defesa prévia do magistrado, no prazo de quinze dias, contado da entrega da cópia do teor da acusação e das provas existentes, que lhe remeterá o Presidente do Tribunal, mediante ofício, nas quarenta e oito horas imediatamente seguintes à apresentação da acusação. § 2º - Findo o prazo da defesa prévia, haja ou não sido apresentada, o Presidente, no dia útil imediato, convocará o Tribunal ou o seu órgão especial para que, em sessão secreta, decida sobre a instauração do processo, e, caso determinada esta, no mesmo dia distribuirá o feito e fará entregá-lo ao relator. § 3º - O Tribunal ou o seu órgão especial, na sessão em que ordenar a instauração do processo, como no curso dele, poderá afastar o magistrado do exercício das suas funções, sem prejuízo dos vencimentos e das vantagens, até a decisão final. § 4º - As provas requeridas e deferidos, bem como as que o relator determinar de ofício, serão produzidas no prazo de vinte dias, cientes o Ministério Público, o magistrado ou o procurador por ele constituído, a fim de que possam delas participar. § 5º - Finda a instrução, o Ministério Público e o magistrado ou seu procurador terão, sucessivamente, vista dos autos por dez dias, para razões. § 6º - O julgamento será realizado em sessão secreta do Tribunal ou de seu órgão especial, depois de relatório oral, e a decisão no sentido da penalização do magistrado só será tomada pelo voto de dois terços dos membros do colegiado, em escrutínio secreto. § 7º - Da decisão publicar-se-á somente a conclusão. § 8º - Se a decisão concluir pela perda do cargo, será comunicada, imediatamente, ao Poder Executivo, para a formalização do ato. Art. 28 - O magistrado vitalício poderá ser compulsoriamente aposentado ou posto em disponibilidade, nos termos da Constituição e da presente Lei. Art. 29 - Quando, pela natureza ou gravidade da infração penal, se torne aconselhável o recebimento de denúncia ou de queixa contra magistrado, o Tribunal, ou seu órgão especial, poderá, em decisão tomada pelo voto de dois terços de seus membros, determinar o afastamento do cargo do magistrado denunciado. SEÇÃO II Da Inamovibilidade Art. 30 - O Juiz não poderá ser removido ou promovido senão com seu assentimento, manifestado na forma da lei, ressalvado o disposto no art. 45, item I. Art. 31 - Em caso de mudança da sede do Juízo será facultado ao Juiz remover-se para ela ou para Comarca de igual entrância, ou obter a disponibilidade com vencimentos integrais. SEÇÃO III Da Irredutibilidade de Vencimentos Art. 32 - Os vencimentos dos magistrados são irredutíveis, sujeitos, entretanto, aos impostos gerais, inclusive o de renda, e aos impostos extraordinários. Parágrafo único - A irredutibilidade dos vencimentos dos magistrados não impede os descontos fixados em lei, em base igual à estabelecida para os servidores públicos, para fins previdenciários. CAPÍTULO II Das Prerrogativas do Magistrado Art. 33 - São prerrogativas do magistrado: I - ser ouvido como testemunha em dia, hora e local previamente ajustados com a autoridade ou Juiz de instância igual ou inferior; II - não ser preso senão por ordem escrita do Tribunal ou do órgão especal competente para o julgamento, salvo em flagrante de crime inafiançável, caso em que a autoridade fará imediata comunicação e apresentação do magistrado ao Presidente do Tribunal a que esteja vinculado (vetado); III - ser recolhido a prisão especial, ou a sala especial de Estado-Maior, por ordem e à disposição do Tribunal ou do órgão especial competente, quando sujeito a prisão antes do julgamento final; IV - não estar sujeito a notificação ou a intimação para comparecimento, salvo se expedida por autoridade judicial; V - portar arma de defesa pessoal. Parágrafo único - Quando, no curso de investigação, houver indício da prática de crime por parte do magistrado, a autoridade policial, civil ou militar, remeterá os respectivos autos ao Tribunal ou órgão especial competente para o julgamento, a fim de que prossiga na investigação. Art. 34 - Os membros do Supremo Tribunal Federal, do Tribunal Federal de Recursos, do Superior Tribunal Militar, do Tribunal Superior Eleitoral e do Tribunal Superior do Trabalho têm o título de Ministro; os dos Tribunais de Justiça, o de Desembargador; sendo o de Juiz privativo dos outros Tribunais e da Magistratura de primeira instância. TÍTULO III Da Disciplina Judiciária CAPÍTULO I Dos Deveres do Magistrado Art. 35 - São deveres do magistrado: I - Cumprir e fazer cumprir, com independência, serenidade e exatidão, as disposições legais e os atos de ofício; II - não exceder injustificadamente os prazos para sentenciar ou despachar; III - determinar as providências necessárias para que os atos processuais se realizem nos prazos legais; IV - tratar com urbanidade as partes, os membros do Ministério Público, os advogados, as testemunhas, os funcionários e auxiliares da Justiça, e atender aos que o procurarem, a qualquer momento, quanto se trate de providência que reclame e possibilite solução de urgência. V - residir na sede da Comarca salvo autorização do órgão disciplinar a que estiver subordinado; VI - comparecer pontualmente à hora de iniciar-se o expediente ou a sessão, e não se ausentar injustificadamente antes de seu término; VIl - exercer assídua fiscalização sobre os subordinados, especialmente no que se refere à cobrança de custas e emolumentos, embora não haja reclamação das partes; VIII - manter conduta irrepreensível na vida pública e particular. Art. 36 - É vedado ao magistrado: I - exercer o comércio ou participar de sociedade comercial, inclusive de economia mista, exceto como acionista ou quotista; II - exercer cargo de direção ou técnico de sociedade civil, associação ou fundação, de qualquer natureza ou finalidade, salvo de associação de classe, e sem remuneração; III - manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças, de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício do magistério. Parágrafo único - (Vetado.) Art. 37 - Os Tribunais farão publicar, mensalmente, no órgão oficial, dados estatísticos sobre seus trabalhos no mês anterior, entre os quais: o número de votos que cada um de seus membros, nominalmente indicado, proferiu como relator e revisor; o número de feitos que Ihe foram distribuídos no mesmo período; o número de processos que recebeu em conseqüência de pedido de vista ou como revisor; a relação dos feitos que lhe foram conclusos para voto, despacho, lavratura de acórdão, ainda não devolvidos, emboradecorridos os prazos legais, com as datas das respectivas conclusões. Parágrafo único - Compete ao Presidente do Tribunal velar pela regularidade e pela exatidão das publicações. Art. 38 - Sempre que, encerrada a sessão, restarem em pauta ou em mesa mais de vinte feitos sem julgamento, o Presidente fará realizar uma ou mais sessões extraordinárias, destinadas ao julgamento daqueles processos. Art. 39 - Os juízes remeterão, até o dia dez de cada mês, ao órgão corregedor competente de segunda instância, informação a respeito dos feitos em seu poder, cujos prazos para despacho ou decisão hajam sido excedidos, bem como indicação do número de sentenças proferidas no mês anterior. CAPÍTULO II Das Penalidades Art. 40 - A atividade censória de Tribunais e Conselhos é exercida com o resguardo devido à dignidade e à independência do magistrado. Art. 41 - Salvo os casos de impropriedade ou excesso de linguagem o magistrado não pode ser punido ou prejudicado pelas opiniões que manifestar ou pelo teor das decisões que proferir. Art. 42 - São penas disciplinares: I - advertência; II - censura; III - remoção compulsória; IV - disponibilidade com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço; V - aposentadoria compulsória com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço; VI - demissão. Parágrafo único - As penas de advertência e de censura somente são aplicáveis aos Juízes de primeira instância. Art. 43 - A pena de advertência aplicar-se-á reservadamente, por escrito, no caso de negligência no cumprimento dos deveres do cargo. Art. 44 - A pena de censura será aplicada reservadamente, por escrito, no caso de reiterada negligência no cumprimento dos deveres do cargo, ou no de procedimento incorreto, se a infração não justificar punição mais grave. Parágrafo único - O Juiz punido com a pena de censura não poderá figurar em lista de promoção por merecimento pelo prazo de um ano, contado da imposição da pena. Art. 45 - O Tribunal ou seu órgão especial poderá determinar, por motivo de interesse público, em escrutínio secreto e pelo voto de dois terços de seus membros efetivos: I - a remoção de Juiz de instância inferior; II - a disponibilidade de membro do próprio Tribunal ou de Juiz de instância inferior, com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço. Parágrafo único - Na determinação de quorum de decisão aplicar-se-á o disposto no parágrafo único do art. 24. (Execução suspensa pela Res/SF nº 12/90) Art. 46 - O procedimento para a decretação da remoção ou disponibilidade de magistrado obedecerá ao prescrito no art. 27 desta Lei. Art. 47 - A pena de demissão será aplicada: I - aos magistrados vitalícios, nos casos previstos no art. 26, I e Il; II - aos Juízes nomeados mediante concurso de provas e títulos, enquanto não adquirirem a vitaliciedade, e aos Juízes togados temporários, em caso de falta grave, inclusive nas hipóteses previstas no art. 56. Art. 48 - Os Regimentos Internos dos Tribunais estabelecerão o procedimento para a apuração de faltas puníveis com advertência ou censura. CAPÍTULO III Da Responsabilidade Civil do Magistrado Art. 49 - Responderá por perdas e danos o magistrado, quando: I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude; Il - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar o ofício, ou a requerimento das partes. Parágrafo único - Reputar-se-ão verificadas as hipóteses previstas no inciso II somente depois que a parte, por intermédio do Escrivão, requerer ao magistrado que determine a providência, e este não lhe atender o pedido dentro de dez dias. CAPÍTULO IV Do Conselho Nacional da Magistratura Art. 50 - Ao Conselho Nacional da Magistratura cabe conhecer de reclamações contra membros de Tribunais, podendo avocar processos disciplinares contra Juízes de primeira instância e, em qualquer caso, determinar a disponibilidade ou a aposentadoria de uns e outros, com vencimentos proporcionais ao tempo de Serviço. Art. 51 - Ressalvado o poder de avocação, a que se refere o artigo anterior, o exercício das atribuições específicas do Conselho Nacional da Magistratura não prejudica a competência disciplinar dos Tribunais, estabelecida em lei, nem interfere nela. Art. 52 - A reclamação contra membro de Tribunal será formulada em petição, devidamente fundamentada e acompanhada de elementos comprobatórios das alegações. § 1º - A petição a que se refere este artigo deve ter firma reconhecida, sob pena de arquivamento liminar, salvo se assinada pelo Procurador-Geral da República, pelo Presidente do Conselho Federal ou Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil ou pelo Procurador-Geral da Justiça do Estado. § 2º - Distribuída a reclamação, poderá o relator, desde logo, propor ao Conselho o arquivamento, se considerar manifesta a sua improcedência. § 3º - Caso o relator não use da faculdade, prevista no parágrafo anterior mandará ouvir o reclamado, no prazo de quinze dias, a fim de que, por si ou por procurador, alegue, querendo, o que entender conveniente a bem de seu direito. § 4º - Com a resposta do reclamado, ou sem ela, deliberará o Conselho sobre o arquivamento ou a conveniência de melhor instrução do processo, fixando prazo para a produção de provas e para as diligências que determinar. § 5º - Se desnecessárias outras provas ou diligências, e se o Conselho não concluir pelo arquivamento da reclamação, abrir-se-á vista para alegações, sucessivamente, pelo prazo de dez dias, ao reclamado, ou a seu advogado, e ao Procurador-Geral da República. § 6º - O julgamento será realizado em sessão secreta do Conselho, com a presença de todos os seus membros, publicando-se somente a conclusão do acórdão. § 7º - Em todos os atos e termos do processo, poderá o reclamado fazer-se acompanhar ou representar por advogado, devendo o Procurador-Geral da República oficiará neles como fiscal da lei. Art. 53 - A avocação de processo disciplinar contra Juiz de instância inferior dar-se-á mediante representação fundamentada do Procurador-Geral da República, do Presidente do Conselho Federal ou Secional da Ordem dos Advogados do Brasil ou do Procurador-Geral da Justiça do Estado, oferecida dentro de sessenta dias da ciência da decisão disciplinar final do órgão, a que estiver sujeito o Juiz, ou, a qualquer tempo, se, decorridos mais de três meses do início do processo, não houver sido proferido o julgamento. § 1º - Distribuída a representação, mandará o relator ouvir, em quinze dias, o Juiz e o órgão disciplinar que proferiu a decisão que deveria havê-la proferido. § 2º - Findo o prazo de quinze dias, com ou sem as informações, deliberará o Conselho Nacional da Magistratura sobre o arquivamento da representação ou avocação do processo, procedendo-se neste caso, na conformidade do §§ 4º a 7º do artigo anterior. Art. 54 - O processo e o julgamento das representações e reclamações serão sigilosos, para resguardar a dignidade do magistrado, sem prejuízo de poder o relator delegar a instrução a Juiz de posição funcional igual ou superior à do indiciado. Art. 55 - As reuniões do Conselho Nacional da Magistratura serão secretas, cabendo a um de seus membros, designado pelo Presidente, lavrar-lhes as respectivas atas, das quais constarão os nomes dos Juízes presentes e, em resumo, os processos apreciados e as decisões adotadas. Art. 56 - O Conselho Nacional da Magistratura poderá determinar a aposentadoria, com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço, do magistrado: I - manifestadamente negligente no cumprimento dos deveres do cargo; Il - de procedimento incompatível com a dignidade, a honra e o decoro de suas funções; III - de escassa ou insuficientecapacidade de trabalho, ou cujo proceder funcional seja incompatível com o bom desempenho das atividades do Poder Judiciário. Art. 57 - O Conselho Nacional da Magistratura poderá determinar a disponibilidade de magistrado, com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço, no caso em que a gravidade das faltas a que se reporta o artigo anterior não justifique a decretação da aposentadoria. § 1º - O magistrado, posto em disponibilidade por determinação do Conselho, somente poderá pleitear o seu aproveitamento, decorridos dois anos do afastamento. § 2º - O pedido, devidamente instruído e justificado, acompanhado de parecer do Tribunal competente, ou de seu órgão especial, será apreciado pelo Conselho Nacional da Magistratura após parecer do Procurador-Geral da República. Deferido o pedido, o aproveitamento far-se-á a critério do Tribunal ou seu órgão especial. § 3º - Na Hipótese deste artigo, o tempo de disponibilidade não será computado, senão para efeito de aposentadoria. § 4º - O aproveitamento de magistrado, posto em disponibilidade nos termos do item IV do art. 42 e do item Il do art. 45, observará as normas dos parágrafos deste artigo. Art. 58 - A aplicação da pena de disponibilidade ou aposentadoria será imediatamente comunicada ao Presidente do Tribunal a que pertencer ou a que estiver sujeito o magistrado, para imediato afastamento das suas funções. Igual comunicação far-se-á ao Chefe do Poder Executivo competente, a fim de que formalize o ato de declaração da disponibilidade ou aposentadoria do magistrado. Art. 59 - O Conselho Nacional da Magistratura, se considerar existente crime de ação pública, pelo que constar de reclamação ou representação, remeterá ao Ministério Público cópia das peças que entender necessárias ao oferecimento da denúncia ou à instauração de inquérito policial. Art. 60 - O Conselho Nacional da Magistratura estabelecerá, em seu Regimento Interno, disposições complementares das constantes deste Capítulo. TÍTULO IV Dos Vencimentos, Vantagens e Direitos dos Magistrados CAPÍTULO I Dos Vencimentos e Vantagens Pecuniárias Art. 61 - Os vencimentos dos magistrados são fixados em lei, em valor certo, atendido o que estatui o art. 32, parágrafo único. Parágrafo único. À Magistratura de primeira instância da União assegurar-se-ão vencimentos não inferiores a dois terços dos valores fixados para os memros de segunda instância respectiva, assegurados aos Ministros do Supremo Tribunal Federal vencimentos pelo menos iguais aos dos Ministros de Estado, e garantidos aos Juízes vitalícios do mesmo grau de jurisdição iguais vencimentos. Art. 62 - Os Ministros militares togados do Superior Tribunal Militar, bem como os Ministros do Tribunal Superior do Trabalho, têm vencimentos iguais aos dos Ministros do Tribunal Federal de Recursos. Art. 63 Os vencimentos dos Desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios não serão inferiores, no primeiro caso, aos dos Secretários de Estado, e no segundo, aos dos Secretários de Governo do Distrito Federal, não podendo ultrapassar, porém, os fixados para os Ministros do Supremo Tribunal Federal. Os Juízes vitalícios dos Estados têm os seus vencimentos fixados com diferença não excedente a vinte por cento de uma para outra entrância, atribuindo-se aos da entrância mais elevada não menos de dois terços dos vencimentos dos Desembargadores. § 1º Os Juízes de Direito da Justiça do Distrito Federal e dos Territórios têm seus vencimentos fixados em proporção não inferior a dois terços do que percebem os Desembargadores e os Juízes substitutos, da mesma Justiça, em percentual não inferior a vinte por cento dos vencimentos daqueles. § 2º - Para o efeito de eqüivalência e limite de vencimentos previstos nesse artigo, são excluídas de cômputo apenas as vantagens de caráter pessoal ou de natureza transitória. Art. 64 - Os vencimentos dos magistrados estaduais serão pagos na mesma data fixada para o pagamento dos vencimentos dos Secretários de Estado ou dos subsídios dos membros do Poder Legislativo, considerando-se que desater de às garantias do Poder judiciário atraso que ultrapasse o décimo dia útil do mês seguinte ao vencido. Art. 65 - Além dos vencimentos, poderão ser outorgadas aos magistrados, nos termos da lei, as seguintes vantagens: I - ajuda de custo, para despesas de transporte e mudança; II - ajuda de custo, para moradia, nas Comarcas em que não houver residência oficial para Juiz, exceto nas Capitais; II - ajuda de custo, para moradia, nas localidades em que não houver residência oficial à disposição do Magistrado. (Redação dada pela Lei nº 54, de 22.12.1986) III - salário-família; IV - diárias; V - representação; VI - gratificação pela prestação de serviço à Justiça Eleitoral; VII - gratificação pela prestação de serviço à Justiça do Trabalho, nas Comarcas onde não forem instituídas Juntas de Conciliação e Julgamento; VIII - gratificação adicional de cinco por cento por qüinqüênio de serviço, até o máximo de sete; IX - gratificação de magistério, por aula proferida em curso oficial de preparação para a Magistratura ou em Escola Oficial de Aperfeiçoamento de Magistrados (arts. 78, § 1º, e 87, § 1º), exceto quando receba remuneração específica para esta atividade; X - gratificação pelo efetivo exercício em Comarca de difícil provimento, assim definida e indicada em lei. § 1º - A verba de representação, salvo quando concedida em razão do exercício de cargo em função temporária, integra os vencimentos para todos os efeitos legais. § 2º - É vedada a concessão de adicionais ou vantagens pecuniárias não previstas na presente Lei, bem como em bases e limites superiores aos nela fixados. § 3º Caberá ao respectivo Tribunal, para aplicação do disposto nos incisos I e II deste artigo, conceder ao Magistrado auxílio-transporte em até 25% (vinte e cinco por cento), auxílio-moradia em até 30% (trinta por cento), calculados os respectivos percentuais sobre os vencimentos e cessando qualquer benefício indireto que, ao mesmo título, venha sendo recebido. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 54, de 22.12.1986) (Execução suspensa pela Resolução/SF nº 31, de 1993) CAPÍTULO II Das Férias Art. 66 - Os magistrados terão direito a férias anuais, por sessenta dias, coletivas ou individuais. § 1º - Os membros dos Tribunais, salvo os dos Tribunais Regionais do Trabalho, que terão férias individuais, gozarão de férias coletivas, nos períodos de 2 a 31 de janeiro e de 2 a 31 de julho. Os Juízes de primeiro grau gozarão de férias coletivas ou individuais, conforme dispuser a lei. § 2º - Os Tribunais iniciarão e encerrarão seus trabalhos, respectivamente, nos primeiro e último dias úteis de cada período, com a realização de sessão. Art. 67 - Se a necessidade do serviço judiciário lhes exigir a contínua presença nos Tribunais, gozarão de trinta dias consecutivos de férias individuais, por semestre: I - os Presidentes e Vice-Presidentes dos Tribunais; II - os Corregedores; III - os Juízes das Turmas ou Câmaras de férias. § 1º - As férias individuais não podem fracionar-se em períodos inferiores a trinta dias, e somente podem acumular-se por imperiosa necessidade do serviço e pelo máximo de dois meses. § 2º - É vedado o afastamento do Tribunal ou de qualquer de seus órgãos judicantes, em gozo de férias individuais, no mesmo período, de Juízes em número que possa comprometer o quorum de julgamento. § 3º - As Turmas ou Câmaras de férias terão a composição e competência estabelecidas no Regimento Interno do Tribunal. Art. 68 - Durante as férias coletivas, nos Tribunais em que não houver Turma ou Câmara de férias, poderá o Presidente, ou seusubstituto legal, decidir de pedidos de liminar em mandado de segurança, determinar liberdade provisória ou sustação de ordem de prisão, e demais medidas que reclamam urgência. CAPÍTULO III Das Licenças Art. 69 - Conceder-se-á licença: I - para tratamento de saúde; II - por motivo de doença em pessoa da família; III - para repouso à gestante; IV - (Vetado.) Art. 70 - A licença para tratamento de saúde por prazo superior a trinta dias, bem como as prorrogações que importem em licença por período ininterrupto, também superior a trinta dia, dependem de inspeção por Junta Médica. Art. 71 - O magistrado licenciado não pode exercer qualquer das suas funções jurisdicionais ou administrativas, nem exercitar qualquer função pública ou particular (vetado). Parágrafo único - Salvo contra-indicação médica, o magistrado licenciado poderá proferir decisões em processos que, antes da licença, Ihe hajam sido conclusos para julgamento ou tenham recebido o seu visto como relator ou revisor. § 1º - Os períodos de licenças concedidos aos magistrados não terão limites inferiores aos reconhecidos por lei ao funcionalismo da mesma pessoa de direito público. (Redação dada pela Lei Complementar nº 37, de 13.11.1979) § 2º - Salvo contra-indicação médica, o magistrado licenciado poderá proferir decisões em processos que, antes da licença, lhe hajam sido conclusos para julgamento ou tenham recebido o seu visto como relator ou revisor.(Redação dada pela Lei Complementar nº 37, de 13.11.1979) CAPÍTULO IV Das Concessões Art. 72 - Sem prejuízo do vencimento, remuneração ou de qualquer direito ou vantagem legal, o magistrado poderá afastar-se de suas funções até oito dias consecutivos por motivo de: I - casamento; II - falecimento de cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Art. 73 - Conceder-se-á afastamento ao magistrado, sem prejuízo de seus vencimentos e vantagens: I - para freqüência a cursos ou seminários de aperfeiçoamento e estudos, a critério do Tribunal ou de seu órgão especial pelo prazo máximo de um ano; I - para freqüência a cursos ou seminários de aperfeiçoamento e estudos, a critério do Tribunal ou de seu órgão especial, pelo prazo máximo de dois anos; (Redação dada pela Lei Complementar nº 37, de 13.11.1979) II - para a prestação de serviços, exclusivamente à Justiça Eleitoral. III - para exercer a presidência de associação de classe. (Inciso incluído pela Lei Complementar nº 60, de 6.10.1989) CAPÍTULO V Da Aposentadoria Art. 74 - A aposentadoria dos magistrados vitalícios será compulsória, aos setenta anos de idade ou por invalidez comprovada, e facultativo, após trinta anos de serviço público, com vencimentos integrais, ressalvado o disposto nos arts. 50 e 56. (Vide Lei nº 6.903, de 1981) Parágrafo único - Lei ordinária disporá sobre a aposentadoria dos Juízes temporários de qualquer instância. Art. 75 - Os proveitos da aposentadoria serão reajustados na mesma proporção dos aumentos de vencimentos concedidos, a qualquer título, aos magistrados em atividade. Art. 76 - Os Tribunais disciplinarão, nos Regimentos Internos, o processo de verificação da invalidez do magistrado para o fim de aposentadoria, com observância dos seguintes requisitos: I - o processo terá início a requerimento do magistrado, por ordem do Presidente do Tribunal, de ofício, em cumprimento de deliberação do Tribunal ou seu órgão especial ou por provocação da Corregedoria de Justiça; II - tratando-se de incapacidade mental, o Presidente do Tribunal nomeará curador ao paciente, sem prejuízo da defesa que este queira oferecer pessoalmente, ou por procurador que constituir; III - o paciente deverá ser afastado, desde logo, do exercício do cargo, até final decisão, devendo ficar concluído o processo no prazo de sessenta dias; IV - a recusa do paciente em submeter-se a perícia médica permitirá o julgamento baseado em quaisquer outras provas; V - o magistrado que, por dois anos consecutivos, afastar-se, ao todo, por seis meses ou mais para tratamento de saúde, deverá submeter-se, ao requerer nova licença para igual fim, dentro de dois anos, a exame para verificação de invalidez; VI - se o Tribunal ou seu órgão especial concluir pela incapacidade do magistrado, comunicará imediatamente a decisão ao Poder Executivo, para os devidos fins. Art. 77 - computar-se-á, para efeito de aposentadoria e disponibilidade, o tempo de exercício da advocacia, até o máximo de quinze anos, em favor dos Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos membros dos demais Tribunais que tenham sido nomeados para os lugares reservados a advogados, nos termos da Constituição federal. TÍTULO V Da Magistratura de Carreira CAPÍTULO I Do Ingresso Art. 78 - O ingresso na Magistratura de carreira dar-se-á mediante nomeação, após concurso público de provas e títulos, organizado e realizado com a participação do Conselho Secional da Ordem dos Advogados do Brasil. § 1º - A lei pode exigir dos candidatos, para a inscrição no concurso, título de habilitação em curso oficial de preparação para a Magistratura. § 2º - Os candidatos serão submetidos a investigação relativa aos aspectos moral e social, e a exame de sanidade física e mental, conforme dispuser a lei. § 3º - Serão indicados para nomeação, pela ordem de classificação, candidatos em número correspondente às vagas, mais dois, para cada vaga, sempre que possível. Art. 79 - O Juiz, no ato da posse, deverá apresentar a declaração pública de seus bens, e prestará o compromisso de desempenhar com retidão as funções do cargo, cumprindo a Constituição e as leis. CAPÍTULO II Da Promoção, da Remoção e do Acesso Art. 80 - A lei regulará o processo de promoção, prescrevendo a observância dos critérios ele antigüidade e de merecimento, alternadamente, e o da indicação dos candidatos à promoção por merecimento, em lista tríplice, sempre que possível. § 1º - Na Justiça dos Estados: I - apurar-se-ão na entrância a antigüidade e o merecimento, este em lista tríplice, sendo obrigatória a promoção do Juiz que figurar pela quinta vez consecutiva em lista de merecimento; havendo empate na antigüidade, terá precedência o Juiz mais antigo na carreira; II - para efeito da composição da lista tríplice, o merecimento será apurado na entrância e aferido com prevalência de critérios de ordem objetiva, na forma do Regulamento baixado pelo Tribunal de Justiça, tendo-se em conta a conduta do Juiz, sua operosidade no exercício do cargo, número de vezes que tenha figurado na lista, tanto para entrância a prover, como para as anteriores, bem como o aproveitamento em cursos de aperfeiçoamento; III - no caso de antigüidade, o Tribunal de Justiça, ou seu órgão especial, somente poderá recusar o Juiz mais antigo pelo voto da maioria absoluta do seus membros, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação; IV - somente após dois anos de exercício na entrância, poderá o Juiz ser promovido, salvo se não houver, com tal requisito, quem aceite o lugar vago, ou se forem recusados, pela maioria absoluta dos membros do Tribunal de Justiça, ou de seu órgão especial, candidatos que hajam completado o período. § 2º - Aplica-se, no que couber, aos Juízes togados da Justiça do Trabalho, o disposto no parágrafo anterior. Art. 81 - Na Magistratura de carreira dos Estados, ao provimento inicial e à promoção por merecimento precederá a remoção. § 1º - A remoção far-se-á mediante escolha pelo Poder Executivo, sempre que possível, de nome constante de lista tríplice, organizada pelo Tribunal de Justiça e contendo os nomes dos candidatos com mais de dois anos de efetivo exercício na entrância. § 2º - A juízo do Tribunal de Justiça, ou de seu órgão especial, poderá, ainda,ser provida, pelo mesmo critério fixado no parágrafo anterior vaga decorrente de remoção, destinando-se a seguinte, obrigatoriamente, ao provimento por promoção. Art. 82 - Para cada vaga destinada ao preenchimento por promoção ou por remoção, abrir-se-á inscrição distinta, sucessivamente, com a indicação da Comarca ou Vara a ser provida. Parágrafo único - Ultimado o preenchimento das vagas, se mais de uma deva ser provida por merecimento, a lista conterá número de Juízes igual ao das vagas mais dois. Art. 83 - A notícia da ocorrência de vaga a ser preenchida, mediante promoção ou remoção, deve ser imediatamente veiculada pelo órgão oficial próprio, com indicação, no caso de provimento através de promoção, das que devam ser preenchidas segundo o critério de antigüidade ou de merecimento. Art. 84 - O acesso de Juízes Federais ao Tribunal Federal de Recursos far-se-á por escolha do Presidente da República dentre os indicados em lista tríplice, elaborada pelo Tribunal. Art. 85 - O acesso de Juízes Auditores e membros do Ministério Público da Justiça Militar ao Superior Tribunal Militarfar-se-á por livre escolha do Presidente da República. Art. 86 - O acesso dos Juízes do Trabalho Presidentes de Juntas de Conciliação e Julgamento ao Tribunal Regional do Trabalho, e dos Juízes do Trabalho substitutos àqueles cargos, far-se-á, alternadamente, por antigüidade e por merecimento, este através de lista tríplice votada por Juízes vitalícios do Tribunal e encaminhada ao Presidente da República. Art. 87 - Na Justiça dos Estados e do Distrito Federal e dos Territórios, o acesso dos Juízes de Direito aos Tribunais de Justiça far-se-á, alternadamente, por antigüidade e merecimento. § 1º - A lei poderá condicionar o acesso por merecimento aos Tribunais, como a promoção por igual critério, à freqüência, com aprovação, a curso ministrado por escola oficial de aperfeiçoamento de magistrado. § 2º - O disposto no parágrafo anterior aplica-se ao acesso dos Juízes Federais ao Tribunal Federal de Recursos. Art. 88 - Nas promoções ou acessos, havendo mais de uma vaga a ser preenchida por merecimento, a lista conterá, se possível, número de magistrados igual ao das vagas mais dois para cada uma delas. TÍTULO VI Do Tribunal Federal de Recursos CAPÍTULO ÚNICO Art. 89 - O Tribunal Federal de Recursos funciona: I - em Tribunal Pleno; II - em Seções de Turmas especializadas; III - em Turmas especializadas. § 1º - Compete ao Tribunal Pleno processar e julgar: a) os Juízes Federais, os Juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho e os da primeira instância da Justiça do Trabalho, bem como os membros dos Tribunais de Conta dos Estados e do Distrito Federal e os do Ministério Público da União, nos crimes comuns e nos de responsabilidade; b) os mandados de segurança e habeas corpus contra ato de Ministro de Estado, do Diretor-Geral da Polícia Federal, do Presidente do próprio Tribunal ou de suas Turmas ou Seções; c) os conflitos de jurisdição entre as Seções; d) as revisões criminais e ações rescisórias de seus próprios julgados. § 2º - Compete, ainda, ao Tribunal Pleno: a) uniformizar a jurisprudência em caso de divergência na interpretação do direito entre as Seções; b) declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo; c) eleger, pela maioria dos seus Ministros, em votação secreta, o Presidente, o Vice-Presidente e os membros do Conselho da Justiça Federal, com mandato de dois anos, vedada a reeleição; d) exercer as funções administrativas que lhe forem atribuídas pela lei ou no Regimento Interno; e) dar posse aos seus Ministros e aos titulares da sua direção. § 3º - O Vice-Presidente do Tribunal e o Corregedor-Geral da Justiça Federal participarão do Tribunal Pleno, também com as funções de relator e revisor. § 4º - Haverá no Tribunal Federal de Recursos duas Seções, constituídas, cada uma, pelos integrantes das Turmas da respectiva área de especialização, na forma estabelecida no Regimento Interno. As Seções serão presididas, uma pelo Vice-Presidente do Tribunal e a outra pelo Corregedor-Geral da Justiça Federal, que nelas terão apenas voto de qualidade. § 5º - A cada uma das Seções incumbirá processar e julgar: a) os embargos infringentes ou de divergência das decisões das Turmas da respectiva área de especialização; b) os conflitos de jurisdição relativamente, às matérias das respectivas áreas de especialização; c) a uniformização da jurisprudência quando ocorrer divergência na interpretação do direito entre as Turmas que a integram; d) os mandados de segurança contrato de Juiz Federal; e) as revisões criminais e as ações rescisórias dos julgados de primeiro grau, da própria Seção ou das respectivas Turmas. § 6º - Haverá no Tribunal Federal de Recursos seis Turmas especializadas compostas de quatro Ministros cada uma, votando apenas três deles, na forma prevista na lei ou no Regimento Interno. § 7º - O Presidente, o Vice-Presidente e o Corregedor-Geral da Justiça Federal não integrarão Turma, podendo a ela comparecer para julgar feitos a que estejam vinculados. Art. 90 - O Regulamento Interno disporá sobre as áreas de especialização do Tribunal Federal de Recursos e o número de Turmas especializadas de cada uma das Seções bem assim sobre a forma de distribuição dos processos. § 1º - Com finalidade de abreviar o julgamento, o Regimento Interno poderá também prever casos em que será dispensada a remessa do feito ao revisor, desde que o recurso verse matéria predominantemente de direito. § 2º - O relator julgará pedido ou recurso que manifestamente haja perdido objeto, bem assim, mandará arquivar ou negará seguimento a pedido ou recurso manifestamente intempestivo ou incabível ou, ainda, que contrariar as questões predominantemente de direito, súmula do Tribunal ou do Supremo Tribunal Federal. Deste despacho caberá agravo, em cinco dias, para o órgão do Tribunal competente, para o julgamento do pedido ou recurso, que será julgado na primeira sessão seguinte, não participando o relator da votação. TÍTULO VII Da Justiça do Trabalho CAPÍTULO ÚNICO Art. 91 - Os cargos da Magistratura do Trabalho são os seguintes: I - Ministro do Tribunal Superior do Trabalho; II - Juiz do Tribunal Regional do Trabalho; III - Juiz do Trabalho Presidente de Junta de Conciliação e Julgamento; IV - Juiz do Trabalho substituto. Art. 92 - O ingresso na Magistratura do Trabalho dar-se-á no cargo de Juiz do Trabalho substituto. Art. 93 - Aplica-se à Justiça do Trabalho, inclusive quanto à convocação de Juiz de Tribunal Regional do Trabalho para substituir Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, o disposto no art. 118 e seu § 1º. Art. 93. Aplica-se à Justiça do Trabalho, inclusive quanto à convocação de Juiz de Tribunal Regional do Trabalho para substituir Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, o disposto no art. 118 desta lei. (Redação dada pela Lei Complementar nº 54, de 22.12.1986) Parágrafo único - O sorteio, para efeito de substituição nos Tribunais Regionais do Trabalho, será feito entre os Juízes Presidentes de Junta de Conciliação e Julgamento da sede da Região respectiva. Art. 94 - Aos cargos de direção do Tribunal Superior do Trabalho e dos Tribunais Regionais do Trabalho aplica-se o disposto no art. 102 e seu parágrafo único. TÍTULO VIII Da Justiça dos Estados CAPÍTULO I Da Organização Judiciária Art. 95 - Os Estados organizarão a sua Justiça com observância o disposto na Constituição federal e na presente Lei. Art. 96 - Para a administração da Justiça, a lei dividirá o território do Estado em Comarcas, podendo agrupá-las em Circunscrição e dividi-Ias em Distrito. Art. 97- Para a criação, extinção e classificação de Comarcas, a legislação estadual estabelecerá critérios uniformes, levando em conta: I - a extensão territorial; II - número de habitantes; III - o número de eleitores; IV - a receita tributária; V - o movimento forense. § 1º - Os critérios a serem fixados, conforme previsto no caput deste artigo, deverão orientar, conforme índices também estabelecidos em lei estadual, o desdobramento de Juízos ou a criação de novas Varas, nas Comarcas de maior importância. § 2º - Os índices mínimos estabelecidos em lei poderão ser dispensados, para efeito do disposto no caput deste artigo, em relação a Municípios com precários meios de comunicação. Art. 98 - Quando o regular exercício das funções do Poder Judiciário for impedido por falta de recursos decorrente de injustificada redução de sua proposta orçamentária, ou pela não-satisfação oportuna das dotações que lhe correspondam, caberá ao Tribunal de Justiça, pela maioria absoluta de seus membros, solicitar ao Supremo Tribunal Federal a intervenção da União no Estado. CAPÍTULO II Dos Tribunais de Justiça Art. 99 - Compõem o órgão especial a que se refere o parágrafo único do art. 16 o Presidente, o Vice-Presidente do Tribunal de Justiça e o Corregedor da Justiça, que exercerão nele iguais funções, os Desembargadores de maior antigüidade no cargo, respeitada a representação de advogados e membros do Ministério Público, e inadmitida a recusa do encargo. § 1º- Na composição do órgão especial observar-se-á, tanto quanto possível, a representação, em número paritário, de todas as Câmaras, Turmas ou Seções especializadas. § 2º - Os Desembargadores não integrantes do órgão especial, observada a ordem decrescente de antigüidade, poderão ser convocados pelo Presidente para substituir os que o componham, nos casos de afastamento ou impedimento. Art. 100 - Na composição de qualquer Tribunal, um quinto dos lugares será preenchido por advogados, em efetivo exercício da profissão, e membros do Ministério Público, todos de notário merecimento e idoneidade moral, com dez anos, pelo menos, de prática forense. § 1º - Os lugares reservados a membros do Ministério Público ou advogados serão preenchidos, respectivamente, por membros do Ministério Público ou por advogados, indicados em lista tríplice pelo Tribunal de Justiça ou seu órgão especial. § 2º - Nos Tribunais em que for ímpar o número de vagas destinadas ao quinto constitucional, uma delas será, alternada e sucessivamente, preenchida por advogado e por membro do Ministério Público, de tal forma que, também sucessiva e alternadamente, os representantes de uma dessas classes superem os da outra em uma Unidade. § 3º - Nos Estados em que houver Tribunal de Alçada, constitui este, para efeito de acesso ao Tribunal de Justiça, a mais alta entrância da Magistratura estadual. § 4º - Os Juízes que integrem os Tribunais de Alçada somente concorrerão às vagas no Tribunal de Justiça correspondente à classe dos magistrados. § 5º - Não se consideram membros do Ministério Público, para preenchimento de vagas nos Tribunais, os juristas estranhos à carreira, nomeados em comissão para o cargo de Procurador-Geral ou outro de chefia. Art. 101 - Os Tribunais compor-se-ão de Câmaras ou Turmas, especializadas ou agrupadas em Seções especializadas. A composição e competência das Câmaras ou Turmas serão fixadas na lei e no Regimento Interno. § 1º - Salvo nos casos de embargos infringentes ou de divergência, do julgamento das Câmaras ou Turmas, participarão apenas três dos seus membros, se maior o número de composição de umas ou outras. § 2º - As Seções especializadas serão integradas, conforme disposto no Regimento Interno, pelas Turmas ou Câmaras da respectiva área de especialização. § 3º - A cada uma das Seções caberá processar e julgar: a) os embargos infringentes ou de divergência das decisões das Turmas da respectiva área de especialização; b) os conflitos de jurisdição relativamente às matérias das respectivas áreas de especialização; c) a uniformização da jurisprudência, quando ocorrer divergência na interpretação do direito entre as Turmas que a integram; d) os mandados de segurança contra ato de Juiz de Direito; c) as revisões criminais e as ações rescisórias dos julgamentos de primeiro grau, da própria Seção ou das respectivas Turmas. § 4º - Cada Câmara, Turma ou Seção especializada funcionará como Tribunal distinto das demais, cabendo ao Tribunal Pleno, ou ao seu órgão especial, onde houver, o julgamento dos feitos que, por lei, excedam a competência de Seção. Art. 102 - Os Tribunais, pela maioria dos seus membros efetivos, por votação secreta, elegerão dentre seus Juízes mais antigos, em número correspondente ao dos cargos de direção, os titulares destes, com mandato por dois anos, proibida a reeleição. Quem tiver exercido quaisquer cargos de direção por quatro anos, ou o de Presidente, não figurará mais entre os elegíveis, até que se esgotem todos os nomes, na ordem de antigüidade. É obrigatória a aceitação do cargo, salvo recusa manifestada e aceita antes da eleição. Parágrafo único - O disposto neste artigo não se aplica ao Juiz eleito, para completar período de mandato inferior a um ano. Art. 103 - O Presidente e o Corregedor da Justiça não integrarão as Câmaras ou Turmas. A Lei estadual poderá estender a mesma proibição também aos Vice-Presidentes. § 1º - Nos Tribunais com mais de trinta Desembargadores a lei de organização judiciária poderá prever a existência de mais de um Vice-Presidente, com as funções que a lei e o Regimento Interno determinarem, observado quanto a eles, inclusive, o disposto no caput deste artigo. § 2º - Nos Estados com mais de cem Comarcas e duzentas Varas, poderá haver até dois Corregedores, com as funções que a lei e o Regimento Interno determinarem. Art. 104 - Haverá nos Tribunais de Justiça um Conselho da Magistratura, com função disciplinar, do qual serão membros natos o Presidente, o Vice-Presidente e o Corregedor, não devendo, tanto quanto possível, seus demais integrantes ser escolhidos dentre os outros do respectivo órgão especial, onde houver. A composição, a competência e o funcionamento desse Conselho, que terá como órgão superior o Tribunal Pleno ou o órgão especial, serão estabelecidos no Regimento Interno. Art. 105 - A lei estabelecerá o número mínimo de Comarcas a serem visitadas, anualmente, pelo Corregedor, em correição geral ordinária, sem prejuízo das correições extraordinárias, gerais ou parciais, que entenda fazer, ou haja de realizar por determinação do Conselho de Magistratura. Art. 106 - Dependerá de proposta do Tribunal de Justiça, ou de seu órgão especial, a alteração numérica dos membros do próprio Tribunal ou dos Tribunais inferiores de segunda instância e dos Juízes de Direito de primeira instância. § 1º - Somente será majorado o número dos membros do Tribunal se o total de processos distribuídos e julgados, durante o ano anterior, superar o índice de trezentos feitos por Juiz. § 2º - Se o total de processos judiciais distribuídos no Tribunal de Justiça, durante o ano anterior, superar índice de seiscentos feitos por Juiz e não for proposto o aumento de número de Desembargadores, o acúmulo de serviços não excluirá a aplicação das sanções previstas nos arts. 56 e 57 desta Lei. § 3º - Para efeito do cálculo a que se referem os parágrafos anteriores, não serão computados os membros do Tribunal que, pelo exercício de cargos de direção, não integrarem as Câmaras, Turmas ou Seções, ou que, integrando-as, nelas não servirem como relator ou revisor. § 4º - Elevado o número de membros do Tribunal de Justiça ou dos Tribunais inferiores de segunda instância, ou neles ocorrendo vaga, serão previamenteaproveitados os em disponibilidade, salvo o disposto no § 2º do art. 202 da Constituição federal e no § 1º do art. 57 desta Lei, nas vagas reservadas aos magistrados. § 5º - No caso do parágrafo anterior, havendo mais de um concorrente à mesma vaga, terá preferência o de maior tempo de disponibilidade, e, sendo este o mesmo, o de maior antigüidade, sucessivamente, na substituição e no cargo. Art. 107 - É vedada a convocação ou designação de Juiz para exercer cargo ou função nos Tribunais, ressalvada a substituição ocasional de seus integrantes (art. 118). (Vide Lei Complementar nº 54, de 22.12.1986) CAPÍTULO III Dos Tribunais de Alçada Art. 108 - Poderão ser criados nos Estados, mediante proposta dos respectivos Tribunais de Justiça, Tribunais inferiores de segunda instância, denominados Tribunais de Alçada, observados os seguintes requisitos: I - ter o Tribunal de Justiça número de Desembargadores igual ou superior a trinta; II - haver o número de processos distribuídos no Tribunal de Justiça nos dois últimos anos, superado o índice de trezentos feitos por Desembargador, em cada ano; III - limitar-se a competência do Tribunal de Alçada, em matéria penal, às infrações a que não seja cominada pena de reclusão (vetado) e, em matéria cível, a recursos nas ações relativas à locação e a acidentes do trabalho e à matéria fiscal, e nos concernentes a ações de procedimento sumaríssimo. III - limitar-se a competência do Tribunal de Alçada, em matéria cível, a recursos: (Inciso incluído pela Lei Complementar nº 37, de 13.11.1979) a) em quaisquer ações relativas à locação de imóveis, bem assim nas possessórias; (Alínea incluída pela Lei Complementar nº 37, de 13.11.1979) b) nas ações relativas à matéria fiscal da competência dos Municípios; (Alínea incluída pela Lei Complementar nº 37, de 13.11.1979) c) nas ações de acidentes do trabalho; (Alínea incluída pela Lei Complementar nº 37, de 13.11.1979) d) nas ações de procedimento sumaríssimo, em razão da matéria; (Alínea incluída pela Lei Complementar nº 37, de 13.11.1979) e) nas execuções por título extrajudicial, exceto as relativas à matéria fiscal da competência dos Estados; (Alínea incluída pela Lei Complementar nº 37, de 13.11.1979) IV - limitar-se a competência do Tribunal de Alçada, em matéria penal, a habeas corpus e recursos: (Inciso incluído pela Lei Complementar nº 37, de 13.11.1979) a) nos crimes contra o patrimônio, seja qual for a natureza da pena cominada; (Alínea incluída pela Lei Complementar nº 37, de 13.11.1979) b) nas demais infrações a que não seja cominada a pena de reclusão, isolada, cumulativa ou alternadamente, excetuados os crimes ou contravenções relativas a tóxicos ou entorpecentes, e a falência. (Alínea incluída pela Lei Complementar nº 37, de 13.11.1979) Parágrafo único - Nos Estados em que houver mais de um Tribunal de Alçada, caberá privativamente a um deles, pelo menos, exercer a competência prevista no inciso IV deste artigo. (Parágrafo incluído pela Lei Complementar nº 37, de 13.11.1979) Art. 109 - Nos casos de conexão ou continência entre ações de competência do Tribunal de Justiça e do Tribunal de Alçada, prorrogar-se-á a do primeiro, o mesmo ocorrendo quando, em matéria penal, houver desclassificação para crime de competência do último. Art. 110 - Os Tribunais de Alçada terão jurisdição na totalidade ou em parte do território do Estado, e sede na Capital ou em cidade localizada na área de sua jurisdição. Parágrafo único - Aplica-se, no que couber, aos Tribunais de Alçada, o disposto nos arts. 100, caput, §§ 1º, 2º e 5º, 101 e 102. Art. 111 - Nos Estados com mais de um Tribunal de Alçada é assegurado aos seus Juízes o direito de remoção de um para outro Tribunal, mediante prévia aprovação do Tribunal de Justiça, observado o quinto constitucional. CAPÍTULO IV Da Justiça de Paz Art. 112 - A Justiça de Paz temporária, criada por lei, mediante proposta do Tribunal de Justiça, tem competência somente para o processo de habilitação e a celebração do casamento. § 1º - O Juiz de Paz será nomeado pelo Governador, mediante escolha em lista tríplice, organizada pelo Presidente do Tribunal de Justiça, ouvido o Juiz de Direito da Comarca, e composta de eleitores residentes no Distrito, não pertencentes a órgão de direção ou de ação de Partido Político. Os demais nomes constantes da lista tríplice serão nomeados primeiro e segundo suplentes. § 2º - O exercício efetivo da função de Juiz de Paz constitui serviço público relevante e assegurará prisão especial, em caso de crime comum, até definitivo julgamento. § 3º - Nos casos de falta, ausência ou impedimento do Juiz de Paz e de seus suplentes caberá ao Juiz de Direito da Comarca a nomeação de Juiz de Paz ad hoc. Art. 113 - A impugnação à regularidade do processo de habilitação matrimonial e a contestação a impedimento oposto serão decididas pelo Juiz de Direito. TÍTULO IX Da Substituição nos Tribunais Art. 114 - O Presidente do Tribunal é substituído pelo Vice-Presidente, e este e o Corregedor, pelos demais membros, na ordem decrescente de antigüidade. Art. 115 - Em caso de afastamento a qualquer título por período superior a trinta dias, os feitos em poder do magistrado afastado e aqueles em que tenha lançado relatório como os que pôs em mesa para julgamento, serão redistribuídos aos demais membros da Câmara, Turma, Grupo ou Seção especializada, mediante oportuna compensação. Os feitos em que seja revisor passarão ao substituto legal. (Revogado pela Lei Complementar nº 54, de 22.12.1986) § 1º - O julgamento que tiver sido iniciado prosseguirá, computando-se os votos já proferidos, ainda que o magistrado afastado seja o relator. (Revogado pela Lei Complementar nº 54, de 22.12.1986) § 2º - Somente quando indispensável para decidir nova questão, surgida no julgamento, será dado substituto ao ausente, cujo voto, então, não se computará. (Revogado pela Lei Complementar nº 54, de 22.12.1986) Art. 116 - Quando o afastamento for por período igual ou superior a três dias, serão redistribuídos, mediante oportuna compensação, os habeas corpus, os mandados de segurança e os feitos que, consoante fundada alegação do interessado, reclamem solução urgente. Em caso de vaga, ressalvados esses processos, os demais serão atribuídos ao nomeado para preenchê-la. Art. 117 - Para compor o quorum de julgamento, o magistrado, nos casos de ausência ou impedimento eventual, será substituído por outro da mesmo Câmara ou Turma, na ordem de antigüidade, ou, se impossível, de outra, de preferência da mesma Seção especializada, na forma prevista no Regimento Interno. Na ausência de critérios objetivos, a convocação far-se-á mediante sorteio público, realizado pelo Presidente da Câmara, Turma ou Seção especializada. Art. 118 - A convocação de Juiz de primeira instância somente se fará para completar, como vogal, o quorum de julgamento, quando, por suspeição ou impedimento dos integrantes do Tribunal, não for possível a substituição na forma prevista no artigo anterior. Art. 118. Em caso de vaga ou afastamento, por prazo superior a 30 (trinta) dias, de membro dos Tribunais Superiores, dos Tribunais Regionais, dos Tribunais de Justiça e dos Tribunais de Alçada, (Vetado) poderão ser convocados Juízes, em Substituição (Vetado) escolhidos (Vetado) por decisão da maioria absoluta do Tribunal respectivo, ou, se houver, de seu Órgão Especial: (Redação dada pela Lei Complementar nº 54, de 22.12.1986) § 1º - A convocação far-se-á mediante sorteio público dentre: I - os Juízes Federais, para o Tribunal Federal de Recursos; II - o Corregedor e Juízes Auditores para a substituição de Ministro togado do Superior Tribunal Militar; III - Os Juízesda Comarca da Capital para os Tribunais de Justiça dos Estados onde não houver Tribunal de Alçada e, onde houver, dentre os membros deste para os Tribunais de Justiça e dentre os Juízes da Comarca da sede do Tribunal de Alçada para o mesmo; IV - os Juízes de Direito do Distrito Federal, para o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios; V - os Juízes Presidentes de Junta de Conciliação o Julgamento da sede da Região para os Tribunais Regionais do Trabalho. § 2º - Não poderão ser convocados Juízes punidos com as penas previstas no art. 42, I, II, III e IV, nem os que estejam respondendo ao procedimento previsto no art. 27. § 3º - A convocação de Juiz de Tribunal do Trabalho, para substituir Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, obedecerá o disposto neste artigo. § 4º Em nenhuma hipótese, salvo vacância do cargo, haverá redistribuição de processos aos Juízes convocados. (Incluído pela Lei Complementar nº 54, de 22.12.1986) Art. 119 - A redistribuição de feitos, a substituição nos casos de ausência ou impedimento eventual e a convocação para completar quorum de julgamento não autorizam a concessão de qualquer vantagem, salvo diárias e transporte, se for o caso. TÍTULO X Disposições Finais e Transitórias Art. 120 - Os Regimentos Internos dos Tribunais disporão sobre a devolução e julgamento dos feitos, no sentido de que, ressalvadas as preferências legais, se obedeça, tanto quanto possível, na organização das pautas, a igualdade numérica entre os processos em que o Juiz funcione como relator e revisor. Art. 121 - Nos julgamentos, o pedido de vista não impede votem os Juízes que se tenham por habilitados a fazê-lo, e o Juiz que o formular restituirá os autos ao Presidente dentro em dez dias, no máximo, contados do dia do pedido, devendo prosseguir o julgamento do feito na primeira sessão subseqüente a este prazo. Art. 122 - Os Presidentes e Vice-Presidentes de Tribunal, assim como os Corregedores, não poderão participar de Tribunal Eleitoral. Art. 123 - Poderão ter seus mandatos prorrogados, por igual período, o Presidente, o Vice-Presidente e o Corregedor que, por força de disposição regimental, estejam, na data da publicação desta Lei, cumprindo mandato de um ano. Art. 124 - O magistrado que for convocado para substituir, na primeira Instância, Juiz de entrância superior, perceberá a diferença de vencimentos correspondente, durante o período de afastamento do titular, inclusive diárias e transporte, se for o caso. Art. 124. O Magistrado que for convocado para substituir, em primeira ou segunda instância, perceberá a diferença de vencimentos correspondentes ao cargo que passa a exercer, inclusive diárias e transporte, se for o caso. (Redação dada pela Lei Complementar nº 54, de 22.12.1986) Art. 125 - O Presidente do Tribunal, de comum acordo com o Vice-Presidente, poderá delegar-lhe atribuições. Art. 126 - O Conselho da Justiça Federal compõe-se do Presidente e do Vice-Presidente do Tribunal Federal de Recursos, e de mais três Ministros eleitos pelo Tribunal, com mandato de dois anos. Parágrafo único - O Tribunal Federal de Recursos, ao elegar os três Ministros que integrarão o Conselho, indicará, dentre eles, o Corregedor-Geral, bem como elegerá os respectivos suplentes. Art. 127 - Nas Justiças da União, os Estados e do Distrito Federal e dos Territórios, poderão existir outros órgãos com funções disciplinares e de correição, nos termos da lei, ressalvadas as competências dos previstos nesta. Art. 128 - Nos Tribunais, não poderão ter assento na mesma Turma, Câmara ou Seção, cônjuges e parentes consangüíneos ou afins em linha reta, bem como em linha colateral até o terceiro grau. Parágrafo único - Nas sessões do Tribunal Pleno ou órgão que o substituir, onde houver, o primeiro dos membros mutuamente impedidos, que votar, excluirá a participação do outro no julgamento. Art. 129 - O magistrado, pelo exercício em órgão disciplinar ou de correição, nenhuma vantagem pecuniária perceberá, salvo transporte e diária para alimentação e pousada, quando se deslocar de sua sede. Art. 130 - Compete à Justiça Federal o processo e julgamento das ações decorrentes de acidentes do trabalho, quando o pedido tiver por objetivo o reconhecimento de doença profissional não incluída na relação organizada pelo Ministério da Previdência e Assistência Social. O recurso cabível no caso será interposto para o Tribunal Federal de Recursos. (Revogado pela Lei Complementar nº 37, de 13.11.1979) § 1º Continuam na competência da Justiça estadual o processo e julgamento das ações a ela distribuídas até seis meses após a entrada em vigor da presente Lei. (Revogado pela Lei Complementar nº 37, de 13.11.1979) § 2º - Nas Comarcas onde não houver Juiz Federal, ressalvadas as localizadas em Região Metropolitana onde não houver Seção Judiciária da Justiça Federal, os litígios relativos a acidentes do trabalho ou a doenças a eles equiparadas continuarão sendo processados o julgados pela Justiça estadual. (Revogado pela Lei Complementar nº 37, de 13.11.1979) Art. 131 - Ao magistrado que responder a processo disciplinar findo este, dar-se-á certidão de suas peças, se o requerer. Art. 132 - Aplicam-se à Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, no que couber, as normas referentes à Justiça dos Estados. Art. 133 - O Presidente do Supremo Tribunal Federal adotará as providências necessárias à instalação do Conselho Nacional da Magistratura no prazo de trinta dias, contado da entrada em vigor desta Lei. Art. 134 - Concluídas as instalações que possam atender á nova composição do Tribunal Federal de Recursos, serão preenchidos oito cargos de Ministro, para completar o número de vinte e sete, nos termos do art. 4º, devendo o Presidente do Tribunal no prazo de trinta dias, tornar efetiva a reorganização determinada nesta Lei e promover, a adaptação do Regimento Interno às regras nela estabelecias. Parágrafo único - As disposições dos arts. 115 e 118 da Lei Complementar nº 35, de 14 de março de 1979, não se aplicarão ao Tribunal Federal de Recursos, enquanto não forem preenchidos os oito cargos de Ministro, para complementar o número de vinte e sete, nos termos previstos neste artigo. (Parágrafo incluído pela Lei Complementar nº 37, de 13.11.1979) Art. 135 - O mandato dos membros do Conselho Nacional da Magistratura eleitos no prazo do artigo anterior, com início da data da sua eleição, terminará juntamente com o do Presidente e do Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal eleitos em substituição aos atuais. Art. 136 - Para efeito do aumento do número de Desembargadores, previsto no art. 106, § 1º, poderá ser computado o número de processos distribuídos durante o ano anterior, e que, por força desta Lei, passaram à competência dos Tribunais de Justiça. Art. 137 - Os cargos de Desembargadores criados após a promulgação da Emenda Constitucional nº 7, de 13 de abril de 1977, e ainda não providos à data da vigência desta Lei, somente o serão uma vez satisfeito o requisito constante do art. 106, § 1º. Art. 138 - Aos Juízes togados, nomeados mediante concurso de provas e ainda sujeitos a concurso de títulos consoante as legislações estaduais, computar-se-á, no período de dois anos de estágio para aquisição da vitaliciedade, o tempo de exercício anterior a 13 de abril de 1977. Art. 139 - Dentro de seis meses contados da vigência desta Lei, os Estados adaptarão sua organização judiciária aos preceitos e aos constantes da Constituição federal. § 1º - Nos Estados em que houver Tribunal de Alçada, os Tribunais de Justiça observarão, quanto à competência, o disposto no art. 108, inciso III. § 1º - Nos Estados em que houver Tribunal de Alçada, os Tribunais de Justiça observarão quanto à competência o dispostono art. 108, incisos III e IV. (Redação dada pela Lei Complementar nº 37, de 13.11.1979) § 2º - Os Tribunais de Alçada conservarão, residualmente, sua competência para o processo e julgamento dos feitos e recursos que houverem sido recebidos em seus protocolos até a data da entrada em vigor desta Lei. § 2º - Os Tribunais de Justiça e os de Alçada conservarão, residualmente, sua competência, para o processo e julgamento dos feitos e recursos que houverem sido entregues, nas respectivas Secretarias, até a data da entrada em vigor da lei estadual de adaptação prevista no art. 202 da Constituição, ainda que não tenham sido registrados ou autuados. (Redação dada pela Lei Complementar nº 37, de 13.11.1979) Art. 140 - Vencido o prazo do artigo anterior, ficarão extintos os cargos de Juiz substituto de segunda instância, qualquer que seja a sua denominação, e seus ocupantes, em disponibilidade, com vencimentos integrais até serem aproveitados. § 1º - O aproveitamento far-se-á por promoção ao Tribunal de Justiça ou ao Tribunal de Alçada, conforme o caso, respeitado o quinto constitucional, alternadamente, pelos critérios de antigüidade e merecimento, e, enquanto não foi, possível, nas Varas da Comarca da Capital, de entrância igual à dos ocupantes aos cargos extintos. § 2º - No Estado do Rio de Janeiro, nas primeiras vagas que ocorrerem ou vierem a ser criadas no Tribunal de Justiça, ressalvada a faculdade do Governador, de prévio aproveitamento dos atuais Desembargadores em disponibilidade (Emenda Constitucional nº 7,77, art. 202, § 2º) e observado o quinto constitucional, serão aproveitados os atuais Juízes de Direito substitutos de Desembargador, sem prejuízo da antigüidade que tiverem os demais Juízes de Direito de entrância especial, na oportunidade do acesso ao Tribunal. § 3º - Os Juízes substitutos dos Tribunais de Alçada do mesmo Estado serão aproveitados nas primeiras vagas que ocorrerem ou vierem a ser criadas em qualquer desses Tribunais, observados os mesmos critérios deste artigo. § 4º Os Juízes que, na data da entrada em vigor desta Lei, estejam no exercício de função substituinte, mediante convocação temporária, reassumirão o exercício das Varas de que sejam titulares. § 5º - É, vedado o aproveitamento por forma diversa da prevista nos artigos anteriores, inclusive como assessor, assistente ou auxiliar de Desembargador ou de Juiz de Tribunal de Alçada. Art. 141 - Independentemente do disposto no § 3º do art. 100 desta Lei, fica assegurado o acesso aos Tribunais de Justiça, pelo critério de antigüidade, de todos os Juízes de Direito que, à data da promulgação desta Lei, integrem a mais elevada entrância, desde que, segundo as disposições estaduais então vigentes, tenham igual ou maior antigüidade do que a daqueles que integram os Tribunais de Alçada ressalvada a recusa prevista no inciso III do art. 144 da Constituição federal. Art. 142 - No Estado do Rio de Janeiro a aplicação do disposto no § 3º do art. 100 não poderá afetar a antigüidade que tiverem, na data da entrada em vigor desta Lei, os Juízes que atualmente compõem a entrância especial, entre os quais se incluem os Juízes que integram os Tribunais de Alçada. Art. 143 - O disposto no § 4º do art. 100 não se aplica às vagas ocorrentes antes da data da entrada em vigor desta Lei. Art. 144 - (Vetado.) Parágrafo único - (Vetado.) Art. 145 - As gratificações e adicionais atualmente atribuídos a magistrados, não previstos no art. 65, ou excedentes das percentagens e limites nele fixados, ficam extintos e seus valores atuais passam a ser percebidos como vantagem pessoal inalterável no seu quantum, a ser absorvida em futuros aumentos ou reajustes de vencimentos. Parágrafo único - A absorção a que se refere este artigo não se aplica ao excesso decorrente do número de quinquênios e não excederá de vinte por cento em cada aumento ou reajuste de vencimento. Art. 146 - Esta Lei entrará em vigor sessenta dias após sua publicação. Art. 147 - Revogam-se as disposições em contrário. Brasília, 14 de março de 1979; 128º da Independência e 91º da República. ERNESTO GEISEL Armando Falcão Este texto não substitui o publicado no DOU de 14.3.1979