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Aula 08 Prof Ingo Sarlet 03 04 2017 pre aula

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PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
MÓDULO DIREITOS E GARANTAIS FUNDAMENTAIS 
 
Professor: Ingo Wolfgang Sarlet 
 
1. Material pré-aula 
 
 a. Tema 
 
Dignidade da pessoa humana. 
 
b. Noções Gerais 
 
Segundo o professor Ingo Sarlet, dignidade da pessoa humana é a 
“qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz 
merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e 
da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e 
deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e 
qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe 
garantir as condições existentes mínimas para uma vida saudável, 
além de propiciar e promover sua participação ativa e corresponsável 
nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os 
demais seres humanos” (1). 
 
Nesta toada, entende o ilustre professor Ingo Sarlet, que os “direitos 
fundamentais, ao menos de forma geral, podem ser considerados 
concretizações das exigências do princípio da dignidade da pessoa 
humana” (2), sendo que tais direitos são aqueles “reconhecidos e 
positivados na esfera do direito constitucional positivo de 
determinado Estado”(3). 
 
No que tange ao direito à vida, os seguintes pontos merecem 
destaques: 
 Dupla acepção: negativa (não intervenção) e positiva 
(existência digna); 
 
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 Vida humana no sentido biológico; 
 Células-tronco embrionárias; 
 Interrupção de gravidez de feto anencefálico; 
 Eutanásia. 
 
(1) SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais na Constituição de 1988. 
9ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. 
(2 e 3) SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 11ª ed. Porto Alegre: Livraria do 
Advogado, 2012. 
 
 
c. Legislação 
 
 
Constituição Federal: art.1º, III; art.5º caput (principais artigos). 
 
Súmulas do STF: 
 
“Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior 
ao salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar 
inicial.” (Súmula Vinculante 6.) 
 
 
“Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado 
receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por 
parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por 
escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do 
agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual 
a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.” 
(Súmula Vinculante 11) 
 
 
“É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso 
amplo aos elementos de prova que, já documentados em 
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de 
polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.” 
(Súmula Vinculante 14) 
 
 
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"O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima 
em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser 
justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido." 
(Súmula 683.) 
 
"É constitucional o § 2º do art. 6º da Lei 8.024/1990, resultante da 
conversão da Medida Provisória 168/1990, que fixou o BTN fiscal 
como índice de correção monetária aplicável aos depósitos 
bloqueados pelo Plano Collor I." (Súmula 725.) 
 
 
 
 
d. Julgados/Informativos 
(íntegra dos respectivos acórdãos em: 
http://stf.jus.br/portal/inteiroTeor/pesquisarInteiroTeor.asp - informar apenas o 
número do processo sem ponto ou dígito verificador e serão listadas as classes 
relacionadas ao número) 
 
 
Reparação econômica de anistiado político e disponibilidade 
orçamentária 
Reconhecido o direito à anistia política, a falta de cumprimento de 
requisição ou determinação de providências por parte da União, por 
intermédio do órgão competente, no prazo previsto nos arts. 12, § 
4º, e 18, “caput” e parágrafo único, da Lei 10.599/2002, caracteriza 
ilegalidade e violação de direito líquido e certo. Havendo rubricas no 
orçamento destinadas ao pagamento das indenizações devidas aos 
anistiados políticos e não demonstrada a ausência de disponibilidade 
de caixa, a União há de promover o pagamento do valor ao anistiado 
no prazo de 60 dias. Na ausência ou na insuficiência de 
disponibilidade orçamentária no exercício em curso, cumpre à União 
promover sua previsão no projeto de lei orçamentária imediatamente 
seguinte. Com base nessa orientação, o Plenário negou provimento a 
recurso extraordinário em que debatido o pagamento imediato de 
reparação econômica a anistiados políticos, tendo em conta a 
ausência de previsão orçamentária e o regime de precatórios para 
pagamento de valores pelos quais o Estado é condenado. De início, o 
 
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Colegiado lembrou que a declaração de anistiado político é conferida 
em favor daqueles que, no período de 18.9.1946 a 5.10.1988, 
sofreram prejuízos em decorrência de motivação exclusivamente 
política por meio de ato de exceção (ADCT, art. 8º, “caput”). E, para 
liquidar as reparações econômicas desses anistiados, o orçamento 
anual da União destina valores expressivos, em prestação única ou 
em prestação mensal permanente e continuada. Pontuou que, de 
acordo com o princípio da legalidade da despesa pública, a 
Administração deve atuar de acordo com parâmetros e valores 
determinados pela Lei Orçamentária Anual (LOA). O orçamento, por 
sua vez, deve estar adequado à Lei de Diretrizes Orçamentárias 
(LDO) e ao Plano Plurianual (PPA), em respeito aos princípios da 
hierarquia e da integração normativa. Entretanto, a jurisprudência da 
Corte consolidou a premissa de que a existência de dotação legal é 
suficiente para que haja o cumprimento integral da portaria que 
reconhece a condição de anistiado político. Demonstrada, portanto, a 
existência de dotação orçamentária, decorrente de presumida e 
legítima programação financeira pela União, não se visualiza afronta 
ao princípio da legalidade da despesa pública ou às regras 
constitucionais que impõem limitações às despesas de pessoal e 
concessões de vantagens e benefícios pessoais. Assim, a recusa de 
incluir em orçamento o crédito previsto em portaria concessiva de 
anistia afronta o princípio da dignidade da pessoa humana. 
Afinal, trata-se de cidadão cujos direitos preteridos por atos de 
exceção política foram admitidos com anos de atraso pelo Estado, 
não podendo esse se recusar a cumprir a reparação econômica 
reconhecida como devida e justa por procedimento administrativo 
instaurado com essa finalidade. A opção do legislador, ao garantir os 
direitos a esses anistiados, foi de propiciar restabelecimento mínimo 
dessa dignidade àqueles que a tiveram destroçada por regime 
antidemocrático outrora instalado. Havendo o reconhecimento do 
débito pelo órgão público em favor do anistiado político e a 
destinação da verba em montante expressivo em lei, não há como 
acolher a tese de inviabilidade do pagamento pela ausência de 
previsão orçamentária. O Tribunal salientou, ainda, que admitir a 
limitação da dotação orçamentária para a satisfação dos efeitos 
 
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retroativos da concessão de reparação econômica somente aos 
anistiados que firmaram termo de adesão, nos termos da Lei 
11.354/2006, levaria ao reconhecimento da sujeição compulsória do 
anistiado político ao parcelamento previsto nessa norma. 
Considerando-se que não houve violação do princípio da prévia 
dotação orçamentária, não se admite o argumento de que o 
pagamento dos valores retroativos levará a situação de insolvência. A 
inexistência de recursos deve ser real edemonstrada de forma 
esclarecedora. Não basta a mera alegação de que se poderá levar a 
Administração à exaustão orçamentária. Quanto à aplicação do 
regime de precatórios para pagamento de valores retroativos, o 
Colegiado rememorou orientação jurisprudencial no sentido de se 
determinar o pagamento de reparação econômica retroativa em razão 
da existência de leis orçamentárias posteriores à edição da respectiva 
portaria de anistia com previsão de recursos financeiros 
especificamente para a liquidação de indenizações deferidas a 
anistiados políticos, a afastar a aplicação do art. 100 da Constituição. 
A indenização devida ao anistiado político integra grupo específico 
que merece tratamento diferenciado por disposição constitucional 
(ADCT, art. 8º). Porém, no caso de anistia, não se condena o Poder 
Público ao pagamento de determinado valor em decorrência de 
decisão judicial, como ocorre com precatórios. A punição ocorre em 
virtude de determinação administrativa, de forma que o pagamento 
deve ser imediato. O orçamento, embora seja lei em sentido formal, 
é autorizativo. Não se constitui em reconhecimento da dívida estatal. 
A obrigação está na portaria, e o Poder Público pode, 
excepcionalmente, fundamentar a impossibilidade de cumprir a lei e a 
decisão administrativa vinculante. Nessa hipótese, a União deve, 
justificada e detalhadamente, motivar a decisão quando da 
elaboração do orçamento anual, além de indicar por que não cumpre 
a decisão administrativa vinculante. No caso concreto, como havia 
rubricas no orçamento destinadas ao pagamento das indenizações 
devidas e não foi demonstrada a ausência de disponibilidade de caixa, 
a União há de promover o pagamento imediato do valor ao recorrido, 
sem cogitar a observância ao regime dos precatórios. Ademais, não 
se deve determinar a inclusão da dívida reconhecida no orçamento 
 
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para o próximo ano, pois a mora já se operou e pagamentos foram 
realizados a terceiros durante os anos em que o anistiado deixou de 
ter seu crédito atendido. O ministro Edson Fachin ressalvou inexistir 
incompatibilidade entre o pagamento de reparação decorrente de 
anistia e o regime de precatórios. A forma de pagamento inicial é a 
satisfação imediata, no prazo legal, havendo disponibilidade. Do 
contrário, é dever da União incluir no exercício orçamentário 
seguinte, não se fechando à hipótese, no caso de não pagamento, do 
regime de precatórios. O ministro Luiz Fux corroborou ser cabível o 
mandado de segurança como instrumento para pleitear essa espécie 
de pagamento em face da Administração. Afinal, não há dúvida sobre 
a existência do débito — a ensejar ação de cobrança —, mas ato 
omissivo do Estado. O ministro Ricardo Lewandowski sublinhou que, 
na hipótese de fraude na concessão de anistia, há de se observar o 
procedimento do art. 17 da Lei 10.559/2002. Comprovada a falsidade 
dos motivos que ensejaram a declaração da condição de anistiado 
político, surge a obrigação de ressarcir os cofres públicos, sem 
prejuízo de outras sanções. RE 553710/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 
julgamento em 17.11.2016. (RE-553710). Íntegra do Informativo 
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SUS e atendimento por diferença de classe. É constitucional a 
regra que veda, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, a 
internação em acomodações superiores, bem como o atendimento 
diferenciado por médico do próprio SUS, ou por médico conveniado, 
mediante o pagamento da diferença dos valores correspondentes. 
Essa a conclusão do Plenário, que desproveu recurso extraordinário 
em que discutida a possibilidade de internação pelo SUS com a 
faculdade de melhoria do tipo de acomodação recebida pelo usuário 
mediante o pagamento de diferença entre os valores 
correspondentes. O Colegiado explicou que o SUS, conforme 
instituído pela Lei 8.080/1990, prevê dois eixos de ação: estabelece a 
prestação de serviços públicos de saúde e uma gama de atividades 
denominadas de ações de saúde, conforme o art. 200 da CF. É regido 
pelos princípios da: a) universalidade, como garantia de atenção à 
saúde por parte do sistema a todo e qualquer cidadão, por meio de 
 
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serviços integrados por todos os entes da federação; b) equidade, a 
assegurar que serviços de todos os níveis sejam prestados, de acordo 
com a complexidade que o caso venha a exigir, de forma isonômica, 
nas situações similares; e c) integralidade, reconhecendo-se cada 
indivíduo como um todo indivisível e integrante de uma comunidade. 
Embora os serviços de saúde devam obedecer a esses princípios, 
estão limitados pelos elementos técnico-científicos, e pela capacidade 
econômica do Estado. Nesse contexto, possibilitar assistência 
diferenciada a pessoas numa mesma situação, dentro de um mesmo 
sistema, vulnera a isonomia e a dignidade humana. Admitir que um 
paciente internado pelo SUS tenha acesso a melhores condições de 
internação ou a médico de sua confiança mediante pagamento 
subverte a lógica do sistema e ignora suas premissas. Além disso, a 
Constituição não veda o atendimento personalizado de saúde, e 
admite o sistema privado. Os atendimentos realizados pela rede 
pública, todavia, não devem se submeter à lógica do lucro, por não 
ser essa a finalidade do sistema. Ainda que os supostos custos extras 
corressem por conta do interessado, a questão econômica ocupa 
papel secundário dentre os objetivos impostos ao ente estatal. A 
implementação de um sistema de saúde equânime é missão do 
Estado, que deve buscar a igualdade sempre que chamado a atuar. O 
Tribunal assinalou que a diferença de classes dentro do sistema 
também não leva a maior disponibilidade de vagas na enfermaria, 
porque há um limite de admissão de pessoas para cada 
estabelecimento, e todo paciente, mesmo em acomodações 
superiores, é contabilizado dentro do mesmo sistema público. 
Sublinhou precedentes do STF relacionados ao tema, em que 
garantido, em casos excepcionais, o tratamento diferenciado, a 
despeito da proibição de pagamento a título de complementação aos 
hospitais, por internação de pacientes em quartos particulares. 
Ocorre que os julgados dizem respeito a casos individuais, baseados 
na situação clínica de pacientes específicos, e grande parte deles se 
dera na fase de implementação do SUS. No presente caso, 
entretanto, se objetiva implementar a diferença de classe de modo 
amplo e irrestrito. Assim, embora se reconheça que o SUS ainda 
carece de recursos e de aprimoramento para se consagrar como um 
 
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sistema que atenda às suas finalidades constitucionais e legais, deve 
haver esforços no sentido da promoção da igualdade de acesso, e não 
em sentido oposto, em clara ofensa à Constituição. RE 581488/RS, 
rel. Min. Dias Toffoli, 3.12.2015. (RE-581488) (Informativo 810, 
Plenário, Repercussão Geral) 
 
Obras emergenciais em presídios: reserva do possível e 
separação de poderes – 1. É lícito ao Poder Judiciário impor à 
Administração Pública obrigação de fazer, consistente na promoção 
de medidas ou na execução de obras emergenciais em 
estabelecimentos prisionais para dar efetividade ao postulado da 
dignidade da pessoa humana e assegurar aos detentos o respeito à 
sua integridade física e moral, nos termos do que preceitua o art. 5º, 
XLIX, da CF, não sendo oponível à decisão o argumento da reserva 
do possível nem o princípio da separação dos poderes. Essa a 
conclusão do Plenário, que proveu recurso extraordinário em que 
discutida a possibilidade de o Poder Judiciário determinar ao Poder 
Executivo estadual obrigação de fazer consistente na execução de 
obras em estabelecimentos prisionais, a fim de garantir a observância 
dos direitos fundamentais dos presos. OColegiado assentou tratar-
se, na espécie, de estabelecimento prisional cujas condições 
estruturais seriam efetivamente atentatórias à integridade física e 
moral dos detentos. Pontuou que a pena deveria ter caráter de 
ressocialização, e que impor ao condenado condições sub-humanas 
atentaria contra esse objetivo. Entretanto, o panorama nacional 
indicaria que o sistema carcerário como um todo estaria em quadro 
de total falência, tendo em vista a grande precariedade das 
instalações, bem assim episódios recorrentes de sevícias, torturas, 
execuções sumárias, revoltas, superlotação, condições precárias de 
higiene, entre outros problemas crônicos. Esse evidente caos 
institucional comprometeria a efetividade do sistema como 
instrumento de reabilitação social. Além disso, a questão afetaria 
também estabelecimentos destinados à internação de menores. O 
quadro revelaria desrespeito total ao postulado da dignidade da 
pessoa humana, em que haveria um processo de “coisificação” de 
presos, a indicar retrocesso relativamente à lógica jurídica atual. A 
 
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sujeição de presos a penas a ultrapassar mera privação de liberdade 
prevista na lei e na sentença seria um ato ilegal do Estado, e retiraria 
da sanção qualquer potencial de ressocialização. A temática 
envolveria a violação de normas constitucionais, infraconstitucionais e 
internacionais. Dessa forma, caberia ao Judiciário intervir para que o 
conteúdo do sistema constitucional fosse assegurado a qualquer 
jurisdicionado, de acordo com o postulado da inafastabilidade da 
jurisdição. Os juízes seriam assegurados do poder geral de cautela 
mediante o qual lhes seria permitido conceder medidas atípicas, 
sempre que se mostrassem necessárias para assegurar a efetividade 
do direito buscado. No caso, os direitos fundamentais em discussão 
não seriam normas meramente programáticas, sequer se trataria de 
hipótese em que o Judiciário estaria ingressando indevidamente em 
campo reservado à Administração. Não haveria falar em indevida 
implementação de políticas públicas na seara carcerária, à luz da 
separação dos poderes. Ressalvou que não seria dado ao Judiciário 
intervir, de ofício, em todas as situações em que direitos 
fundamentais fossem ameaçados. Outrossim, não caberia ao 
magistrado agir sem que fosse provocado, transmudando-se em 
administrador público. O juiz só poderia intervir nas situações em que 
se evidenciasse um “não fazer” comissivo ou omissivo por parte das 
autoridades estatais que colocasse em risco, de maneira grave e 
iminente, os direitos dos jurisdicionados. 
RE 592581/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 13.8.2015. 
(RE-592581) 
 
A Turma enfatizou que não se estaria a negar vigência ao Estatuto 
do Idoso, responsável por concretizar os direitos fundamentais da 
proteção do idoso na ordem jurídica brasileira, amparado nos 
princípios da cidadania e da dignidade da pessoa humana. Ocorre 
que, nesse certame em particular, a lei estadual, por ser norma 
especial a regular o concurso público de remoção para outorga de 
delegação notarial e de registro, deveria prevalecer sobre o Estatuto 
do Idoso no ponto em que tratasse de critérios de desempate. Não 
obstante, dentre os critérios previstos na lei estadual, o primeiro 
deles, a favorecer o candidato mais antigo na titularidade no serviço 
 
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notarial ou de registro, não poderia ser utilizado para desempatar o 
certame, uma vez que fora considerado inconstitucional no 
julgamento da ADI 3.522/RS (DJe de 12.5.2006). Frisou que, no 
caso, teriam concorrido dois servidores/delegatários, já aprovados 
em concurso público, que realizaram concurso de remoção para 
titularizar outra serventia e, ao obterem a mesma pontuação, fora 
privilegiado, com base em escolha legislativa específica, aquele que 
possuiria o 25 maior tempo de serviço. Desse modo, apenas se 
poderia adotar o critério de desempate que privilegiasse o mais idoso, 
como requeria o impetrante, se os candidatos tivessem também 
empatado quanto ao tempo de serviço público. MS 33046/PR, rel. 
Min. Luiz Fux, 10.3.2015. (MS-33046) (Informativo 777, 1ª 
Turma). 
 
Usucapião de imóvel urbano e norma municipal de 
parcelamento do solo – 5. O Tribunal ressaltou, ademais, que o 
imóvel estaria perfeitamente localizado dentro da área urbana do 
município. Além disso, o poder público cobraria sobre a propriedade 
os tributos competentes. Ademais, não se poderia descurar da 
circunstância de que a presente modalidade de aquisição da 
propriedade imobiliária fora incluída pela Constituição como forma de 
permitir o acesso dos mais humildes a melhores condições de 
moradia, bem como para fazer valer o respeito à dignidade da pessoa 
humana, elevado a um dos fundamentos da República (CF, art. 1º, 
III), fato que, inegavelmente, conduziria ao pleno desenvolvimento 
das funções sociais da cidade, além de garantir o bem-estar de seus 
habitantes (CF, art. 182, “caput”). Assim, a eventual irregularidade 
do loteamento em que localizado o imóvel objeto da usucapião ou a 
desconformidade de sua metragem com normas e posturas 
municipais que disciplinariam os módulos urbanos em sua respectiva 
área territorial não poderiam obstar a implementação de direito 
constitucionalmente assegurado a quem preenchesse os requisitos 
exigidos pela Constituição, especialmente por se tratar de modo 
originário de aquisição da propriedade. Afastou, outrossim, a 
necessidade de se declarar a inconstitucionalidade da norma 
municipal. Vencidos os Ministros Roberto Barroso, Marco Aurélio e 
 
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Celso de Mello. Os Ministros Roberto Barroso e Celso de Mello 
proviam o recurso em parte e determinavam o retorno dos autos à 
origem para que fossem verificados os demais requisitos do art. 183 
da CF, tendo em vista que a sentença teria se limitado a aferir a área 
do imóvel. O Ministro Marco Aurélio também provia parcialmente o 
recurso, para reformar o acórdão recorrido, de modo a reconhecer a 
usucapião e vedar a criação de unidade imobiliária autônoma, inferior 
ao módulo territorial mínimo previsto na legislação local. Por fim, o 
Tribunal deliberou, por decisão majoritária, reconhecer a existência 
de repercussão geral da questão constitucional suscitada. Vencido, no 
ponto, o Ministro Marco Aurélio, que rejeitava a existência de 
repercussão geral e não subscrevia a tese firmada. RE 422349/RS, 
rel. Min. Dias Toffoli, 29.4.2015. (RE-422349) (Informativo 783, 
Plenário, Repercussão Geral). 
Norma penal militar e discriminação sexual. As expressões 
“pederastia ou outro” — mencionada na rubrica enunciativa referente 
ao art. 235 do CPM — e “homossexual ou não” — contida no aludido 
dispositivo — não foram recepcionadas pela Constituição (“Pederastia 
ou outro ato de libidinagem - Art. 235. Praticar, ou permitir o militar 
que com ele se pratique ato libidinoso, homossexual ou não, em lugar 
sujeito a administração milita r: Pena - detenção, de seis meses a um 
ano”). Essa a conclusão do Plenário que, por maioria, julgou 
parcialmente procedente pedido formulado em arguição de 
descumprimento de preceito fundamental proposta contra a referida 
norma penal. De início, o Tribunal conheceu do pedido. No ponto, 
considerou que os preceitos tidos como violados possuiriam caráter 
inequivocamente fundamental (CF, artigos 1º, III e V; 3º, I e IV; e 
5º, “caput”, I, III, X e XLI). Além disso, o diploma penal militar seria 
anterior à Constituição, de modo que não caberia ação direta de 
inconstitucionalidade para questionar norma nele contida. Assim, não 
haveria outro meio apto a sanar a suposta lesão aos preceitos 
fundamentais. No mérito, o Colegiado apontou que haveriaum 
paralelo entre as condutas do art. 233 do CP (ato obsceno) e 235 do 
CPM. Na norma penal comum, o bem jurídico protegido seria o poder 
público. Na norma penal militar, por outro lado, o bem seria a 
administração militar, tendo em conta a disciplina e a hierarquia, 
 
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princípios estes com embasamento constitucional (CF, artigos 42 e 
142). Haveria diferenças não discriminatórias entre a vida civil e a 
vida da caserna, marcada por valores que não seriam usualmente 
exigidos, de modo cogente e imperativo, aos civis. Por essa razão, a 
tutela penal do bem jurídico protegido pelo art. 235 do CPM deveria 
se manter. Acresceu, entretanto, que o aludido dispositivo, embora 
pudesse ser aplicado a heterossexuais e a homossexuais, homens e 
mulheres, teria o viés de promover discriminação em desfavor dos 
homossexuais, o que seria inconstitucional, haja vista a violação dos 
princípios da dignidade humana e da igualdade, bem assim a vedação 
à discriminação odiosa. Desse modo, a lei não poderia se utilizar de 
expressões pejorativas e discriminatórias, considerado o 
reconhecimento do direito à liberdade de orientação sexual como 
liberdade essencial do indivíduo. Vencidos os Ministros Rosa Weber e 
Celso de Mello, que acolhiam integralmente o pedido para declarar 
não recepcionado pela Constituição o art. 235 do CPM em sua 
integralidade. ADPF 291/DF, rel. Min. Roberto Barroso, 28.10.2015. 
(ADPF-291) (Informativo 805, Plenário). 
 
Crime de redução a condição análoga à de escravo e 
competência – 7. A Corte ponderou que, diante da opção 
constitucional pela tutela da dignidade intrínseca do homem, seria 
inadmissível pensar que o sistema de organização do trabalho 
pudesse ser concebido unicamente à luz de órgãos e instituições, 
excluído dessa relação o próprio ser humano. O art. 109, VI, da CF 
estabelece competir à justiça federal processar e julgar os crimes 
contra a organização do trabalho, sem explicitar quais delitos 
estariam nessa categoria. Assim, embora houvesse um capítulo 
destinado a esses crimes no Código Penal, inexistiria correspondência 
taxativa entre os delitos capitulados naquele diploma e os crimes 
indicados na Constituição, e caberia ao intérprete verificar em quais 
casos se estaria diante de delitos contra a organização do trabalho. 
Além disso, o bem jurídico protegido no tipo penal do art. 149 do CP 
seria a liberdade individual, compreendida sob o enfoque ético-social 
e da dignidade, no sentido de evitar que a pessoa humana fosse 
transformada em “res”. A conduta criminosa contra a organização do 
 
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trabalho atingiria interesse de ordem geral, que seria a manutenção 
dos princípios básicos sobre os quais estruturado o trabalho em todo 
o País. Concluiu que o tipo previsto no art. 149 do CP se 
caracterizaria como crime contra a organização do trabalho, e atrairia 
a competência da justiça federal. Afastou tese no sentido de que a 
extensão normativa do crime teria como resultado o processamento e 
a condenação de pessoas inocentes pelo simples fato de se valerem 
de trabalho prestado em condições ambientais adversas. Sob esse 
aspecto, um tipo aberto ou fechado deveria ser interpretado pela 
justiça considerada competente nos termos da Constituição. Dessa 
maneira, a má redação ou a contrariedade diante da disciplina penal 
de determinado tema não desautorizaria a escolha do constituinte. O 
Ministro Luiz Fux pontuou que a competência seria da justiça federal 
quando houvesse lesão à organização do trabalho, na hipótese de 
multiplicidade de vítimas, de modo que o delito alcançasse uma 
coletividade de trabalhadores. Na espécie, o delito vitimara 53 
trabalhadores, número expressivo suficiente para caracterizar a 
ofensa à organização do trabalho. O Ministro Gilmar Mendes 
sublinhou que a competência da justiça federal seria inequívoca 
quando ocorresse lesão à organização do trabalho, como por 
exemplo, nas hipóteses de violação aos direitos humanos, como no 
caso de negativa a um grupo de empregados de sair do local. No 
mais, seria matéria da competência da justiça estadual. O Ministro 
Ricardo Lewandowski (Presidente) ressaltou que, em princípio, a 
competência poderia ser concorrente. Vencido o Ministro Cezar 
Peluso, que negava provimento ao recurso. RE 459510/MT, rel. orig. 
Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, 
26.11.2015.(RE-459510) (Informativo 809, Plenário) 
 
“O Plenário, por maioria, julgou improcedente pedido formulado em 
ação direta de inconstitucionalidade ajuizada contra o § 1º do art. 28 
da Lei 12.663/2012 – Lei Geral da Copa (...). A Corte esclareceu que 
o principal fundamento da ação seria a impossibilidade de a legislação 
impor restrições à liberdade de expressão, além das já 
constitucionalmente previstas. Ressaltou que o constituinte não 
concebera a liberdade de expressão como direito absoluto, 
 
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insuscetível de restrição, fosse pelo Judiciário, fosse pelo Legislativo. 
Mencionou que haveria hipóteses em que a liberdade de expressão 
acabaria por colidir com outros direitos e valores também 
constitucionalmente protegidos. Explicou que essas tensões dialéticas 
precisariam ser sopesadas a partir da aplicação do princípio da 
proporcionalidade. Afirmou que a incidência desse princípio se daria 
quando verificada restrição a determinado direito fundamental ou 
quando configurado conflito entre distintos princípios constitucionais, 
o que exigiria a ponderação do peso relativo de cada um dos direitos 
por meio da aplicação das máximas que integrariam o mencionado 
princípio da proporcionalidade. Realçou que se deveria perquirir se, 
em face do conflito entre dois bens constitucionais contrapostos, o 
ato impugnado afigurar-se-ia adequado, ou seja, apto para produzir o 
resultado desejado. Além disso, verificar-se-ia se esse ato seria 
necessário e insubstituível por outro meio menos gravoso e 
igualmente eficaz, e proporcional em sentido estrito, de modo que se 
estabelecesse uma relação ponderada entre o grau de restrição de 
um princípio e o grau de realização do princípio contraposto. O 
Plenário sublinhou que as restrições impostas pelo art. 28 da Lei 
Geral da Copa trariam limitações específicas aos torcedores que 
comparecessem aos estádios em evento de grande porte 
internacional e contariam com regras específicas para ajudar a 
prevenir confrontos em potencial. Consignou que o legislador, a partir 
de juízo de ponderação, teria objetivado limitar manifestações que 
tenderiam a gerar maiores conflitos e a atentar não apenas contra o 
evento em si, mas, principalmente, contra a segurança dos demais 
participantes. Recordou que várias dessas restrições já haveriam, 
inclusive, sido inseridas no Estatuto do Torcedor (Lei 10.671/2003) 
pela Lei 12.299/2010, que dispõe sobre medidas de prevenção e 
repressão aos fenômenos de violência por ocasião das competições 
esportivas. Asseverou que, ao contrário do que defendido na inicial, o 
dispositivo impugnado não constituiria limitação à liberdade de 
expressão. Salientou, contudo, que seria vedada qualquer espécie de 
censura injustificada e desproporcional à liberdade de expressão.” 
(ADI 5.136, rel. min. Gilmar Mendes, julgamento em 1º-7-2014, 
Plenário, Informativo 752.) 
 
15 
 
 
No tocante à violência doméstica, há de considerar-se a necessidade 
da intervenção estatal. (...) No caso presente, não bastasse a 
situação de notória desigualdade considerada a mulher, aspecto 
suficiente a legitimar o necessário tratamento normativo desigual, 
tem-se como base para assim se proceder a dignidade da pessoa 
humana – art. 1º, III –, o direito fundamental de igualdade– art. 5º, 
I – e a previsão pedagógica segundo a qual a lei punirá qualquer 
discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais – 
art. 5º, XLI. A legislação ordinária protetiva está em fina sintonia com 
a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência 
contra a Mulher, no que revela a exigência de os Estados adotarem 
medidas especiais destinadas a acelerar o processo de construção de 
um ambiente onde haja real igualdade entre os gêneros. Há também 
de se ressaltar a harmonia dos preceitos com a Convenção 
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a 
Mulher – a Convenção de Belém do Pará –, no que mostra ser a 
violência contra a mulher uma ofensa aos direitos humanos e a 
consequência de relações de poder historicamente desiguais entre os 
sexos. (...) Procede às inteiras o pedido formulado pelo procurador-
geral da República, buscando-se o empréstimo de concretude maior à 
CF. Deve-se dar interpretação conforme à Carta da República aos 
arts. 12, I, 16 e 41 da Lei 11.340/2006 – Lei Maria da Penha – no 
sentido de não se aplicar a Lei 9.099/1995 aos crimes glosados pela 
lei ora discutida, assentando-se que, em se tratando de lesões 
corporais, mesmo que consideradas de natureza leve, praticadas 
contra a mulher em âmbito doméstico, atua-se mediante ação penal 
pública incondicionada. (...) Representa a Lei Maria da Penha elevada 
expressão da busca das mulheres brasileiras por igual consideração e 
respeito. Protege a dignidade da mulher, nos múltiplos aspectos, não 
somente como um atributo inato, mas como fruto da construção 
realmente livre da própria personalidade. Contribui com passos largos 
no contínuo caminhar destinado a assegurar condições mínimas para 
o amplo desenvolvimento da identidade do gênero feminino.” (ADI 
4.424, voto do rel. min. Marco Aurélio, julgamento em 9-2-2012, 
Plenário, DJE de 1º-8-2014.) 
 
16 
 
 
O Plenário do STF, no julgamento da ADI 3.510, declarou a 
constitucionalidade do art. 5º da Lei 11.105/2005 (Lei de 
Biossegurança), por entender que as pesquisas com células-tronco 
embrionárias não violam o direito à vida ou o princípio da dignidade 
da pessoa humana. 
 
"A pesquisa científica com células-tronco embrionárias, autorizada 
pela Lei 11.105/2005, objetiva o enfrentamento e cura de patologias 
e traumatismos que severamente limitam, atormentam, infelicitam, 
desesperam e não raras vezes degradam a vida de expressivo 
contingente populacional (ilustrativamente, atrofias espinhais 
progressivas, distrofias musculares, a esclerose múltipla e a lateral 
amiotrófica, as neuropatias e as doenças do neurônio motor). A 
escolha feita pela Lei de Biossegurança não significou um desprezo ou 
desapreço pelo embrião in vitro, porém uma mais firme disposição 
para encurtar caminhos que possam levar à superação do infortúnio 
alheio. Isto no âmbito de um ordenamento constitucional que desde o 
seu preâmbulo qualifica ‘a liberdade, a segurança, o bem-estar, o 
desenvolvimento, a igualdade e a justiça’ como valores supremos de 
uma sociedade mais que tudo ‘fraterna’. O que já significa incorporar 
o advento do constitucionalismo fraternal às relações humanas, a 
traduzir verdadeira comunhão de vida ou vida social em clima de 
transbordante solidariedade em benefício da saúde e contra eventuais 
tramas do acaso e até dos golpes da própria natureza. Contexto de 
solidária, compassiva ou fraternal legalidade que, longe de traduzir 
desprezo ou desrespeito aos congelados embriões in vitro, significa 
apreço e reverência a criaturas humanas que sofrem e se 
desesperam. Inexistência de ofensas ao direito à vida e da dignidade 
da pessoa humana, pois a pesquisa com células-tronco embrionárias 
(inviáveis biologicamente ou para os fins a que se destinam) significa 
a celebração solidária da vida e alento aos que se acham à margem 
do exercício concreto e inalienável dos direitos à felicidade e do viver 
com dignidade (Min. Celso de Mello). (...) A Lei de Biossegurança 
caracteriza-se como regração legal a salvo da mácula do 
açodamento, da insuficiência protetiva ou do vício da arbitrariedade 
 
17 
 
em matéria tão religiosa, filosófica e eticamente sensível como a da 
biotecnologia na área da medicina e da genética humana. Trata-se de 
um conjunto normativo que parte do pressuposto da intrínseca 
dignidade de toda forma de vida humana, ou que tenha 
potencialidade para tanto. A Lei de Biossegurança não conceitua as 
categorias mentais ou entidades biomédicas a que se refere, mas 
nem por isso impede a facilitada exegese dos seus textos, pois é de 
se presumir que recepcionou tais categorias e as que lhe são 
correlatas com o significado que elas portam no âmbito das ciências 
médicas e biológicas." (ADI 3.510, Rel. Min. Ayres Britto, 
julgamento em 29-5-2008, Plenário, DJE de 28-5-2010.) 
 
"In casu, houve condenação pelo crime de estelionato (CPM, art. 
251), ensejando recurso de apelação da defesa cuja preliminar de 
prescrição da pretensão punitiva restou acolhida, por isso não 
procedem as razões da impetração no que visam à análise dos 
argumentos que objetivavam a absolvição no recurso defensivo, não 
cabendo, consequentemente, falar em violação do princípio da 
dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III), sobretudo porque, 
reitere-se, o reconhecimento dessa causa extintiva da punibilidade 
não acarreta quaisquer efeitos negativos na esfera jurídica do 
paciente, consoante o seguinte trecho do voto proferido pelo min. 
Francisco Rezek no HC 63.765, verbis: ‘Há de existir em nosso meio 
social uma suposição intuitiva, evidentemente equívoca do ponto de 
vista técnico-jurídico, de que em hipóteses como esta a prescrição – 
mesmo a prescrição da pretensão punitiva do Estado – deixa 
sequelas e por isso justifica, na pessoa que foi um dia acusada, o 
interesse em ver levada adiante a análise do processo, na busca de 
absolvição sob este exato título. Sucede que não é isso o que ocorre 
em nosso sistema jurídico. A pretensão punitiva do Estado, quando 
extinta pela prescrição, leva a um quadro idêntico àquele da anistia. 
Isso é mais que a absolvição. Corta-se pela raiz a acusação. O Estado 
perde sua pretensão punitiva, não tem como levá-la adiante, esvazia-
a de toda consistência. Em tais circunstâncias, o primeiro tribunal a 
poder fazê-lo está obrigado a declarar que ocorreu a prescrição da 
 
18 
 
pretensão punitiva, que o debate resultou extinto e que não há mais 
acusação alguma sobre a qual se deva esperar que o Judiciário 
pronuncie juízo de mérito. (…) Quando se declara extinta a 
punibilidade pelo perecimento da pretensão punitiva do Estado, esse 
desfecho não difere, em significado e consequências, daquele que se 
alcançaria mediante o término do processo com sentença 
absolutória." (HC 115.098, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 7-5-
2013, Primeira Turma, DJE de 3-6-2013.) 
 
 “A ‘escravidão moderna’ é mais sutil do que a do século XIX e o 
cerceamento a liberdade pode decorrer de diversos constrangimentos 
econômicos e não necessariamente físicos. Priva-se alguém de sua 
liberdade e de sua dignidade tratando-o como coisa, e não como 
pessoa humana, o que pode ser feito não só mediante coação, mas 
também pela violação intensa e persistente de seus direitos básicos, 
inclusive do direito ao trabalho digno. A violação do direito ao 
trabalho digno impacta a capacidade da vítima de realizar escolhas 
segundo a sua livre determinação. Isso também significa ‘reduzir 
alguém a condição análoga à de escravo’.” (Inq 3.412, rel. p/ o ac. 
min. Rosa Weber, julgamento em 29-3-2012, Plenário, DJE de 12-
11-2012.)“Remarcação de teste de aptidão física em concurso público em 
razão de problema temporário de saúde. Vedação expressa em edital. 
Constitucionalidade. Violação ao princípio da isonomia. Não 
ocorrência. Postulado do qual não decorre, de plano, a possibilidade 
de realização de segunda chamada em etapa de concurso público em 
virtude de situações pessoais do candidato. Cláusula editalícia que 
confere eficácia ao princípio da isonomia à luz dos postulados da 
impessoalidade e da supremacia do interesse público. Inexistência de 
direito constitucional à remarcação de provas em razão de 
circunstâncias pessoais dos candidatos. Segurança jurídica. Validade 
das provas de segunda chamada realizadas até a data da conclusão 
do julgamento.” (RE 630.733, rel. min. Gilmar Mendes, julgamento 
 
19 
 
em 15-5-2013, Plenário, DJE de 20-11-2013, com repercussão geral.) 
 
“É inconstitucional a atribuição supervalorizada de pontos, na prova 
de títulos em concurso público para o cargo de notário, pelo exercício 
anterior de atividade cartorária em detrimento de outras atividades 
jurídicas. Todavia, o princípio constitucional da isonomia é atendido 
pela atribuição proporcional de pontos aos candidatos exercentes de 
atividade notarial e de outras atividades jurídicas, revelando-se 
inconstitucional a decisão que determina a extirpação total de pontos 
referentes aos títulos obtidos pelo exercício daquela atividade.” (AI 
830.011-AgR, rel. min.Luiz Fux, julgamento em 26-6-2012, 
Primeira Turma, DJE de 14-8-2012.) 
 
"Na inicial, pede-se a declaração de inconstitucionalidade, com 
eficácia para todos e efeito vinculante, da interpretação dos arts. 
124, 126 e 128, I e II, do CP (DL 2.848/1940) que impeça a 
antecipação terapêutica do parto na hipótese de gravidez de feto 
anencéfalo, previamente diagnosticada por profissional habilitado. 
Pretende-se o reconhecimento do direito da gestante de submeter-se 
ao citado procedimento sem estar compelida a apresentar 
autorização judicial ou qualquer outra forma de permissão do Estado. 
Destaco a alusão feita pela própria arguente ao fato de não se 
postular a proclamação de inconstitucionalidade abstrata dos tipos 
penais, o que os retiraria do sistema jurídico. Busca-se tão somente 
que os referidos enunciados sejam interpretados conforme a 
Constituição. Dessa maneira, mostra-se inteiramente despropositado 
veicular que o Supremo examinará, neste caso, a descriminalização 
do aborto, especialmente porque, consoante se observará, existe 
distinção entre aborto e antecipação terapêutica do parto. Apesar de 
alguns autores utilizarem expressões ‘aborto eugênico ou eugenésico’ 
ou ‘antecipação eugênica da gestação’, afasto-as, considerado o 
indiscutível viés ideológico e político impregnado na palavra eugenia. 
Inescapável é o confronto entre, de um lado, os interesses legítimos 
da mulher em ver respeitada sua dignidade e, de outro, os interesses 
de parte da sociedade que deseja proteger todos os que a integram – 
 
20 
 
sejam os que nasceram, sejam os que estejam para nascer – 
independentemente da condição física ou viabilidade de 
sobrevivência. O tema envolve a dignidade humana, o usufruto da 
vida, a liberdade, a autodeterminação, a saúde e o reconhecimento 
pleno de direitos individuais, especificamente, os direitos sexuais e 
reprodutivos de milhares de mulheres. No caso, não há colisão real 
entre direitos fundamentais, apenas conflito aparente. (...) Conforme 
a Resolução 1.480, de 8-8-1997, do Conselho Federal de Medicina 
(CFM), os exames complementares a serem observados para a 
constatação de morte encefálica deverão demonstrar, de modo 
inequívoco, a ausência de atividade elétrica cerebral ou metabólica 
cerebral ou, ainda, a inexistência de perfusão sanguínea cerebral. 
Não foi por outra razão que o CFM, mediante a Resolução 
1.752/2004, consignou serem os anencéfalos natimortos cerebrais. O 
anencéfalo jamais se tornará uma pessoa. Em síntese, não se cuida 
de vida em potencial, mas de morte segura. O fato de respirar e ter 
batimento cardíaco não altera essa conclusão, até porque, como 
acentuado pelo dr. Thomaz Rafael Gollop[42], a respiração e o 
batimento cardíaco não excluem o diagnóstico de morte cerebral[43]. 
(...) No célebre caso de Marcela – suposta portadora de anencefalia 
que teria sobrevivido por um ano, oito meses e doze dias –, o 
diagnóstico estava equivocado, consoante informaram renomados 
especialistas. Não se tratava de anencefalia no sentido 
corriqueiramente utilizado pela literatura médica, mas de 
meroencefalia. Vale dizer: o feto possuía partes do cérebro – cerebelo 
e pedaço do lóbulo temporal – que viabilizavam, embora 
precariamente, a vida extrauterina. Daí não se poder qualificá-lo, em 
sentido técnico, como feto anencéfalo, o qual jamais será dotado de 
tais estruturas. (...) Cumpre rechaçar a assertiva de que a 
interrupção da gestação do feto anencéfalo consubstancia aborto 
eugênico, aqui entendido no sentido negativo em referência a 
práticas nazistas. O anencéfalo é um natimorto. Não há vida em 
potencial. Logo não se pode cogitar de aborto eugênico, o qual 
pressupõe a vida extrauterina de seres que discrepem de padrões 
imoralmente eleitos. Nesta arguição de descumprimento de preceito 
fundamental, não se trata de feto ou criança com lábio leporino, 
 
21 
 
ausência de membros, pés tortos, sexo dúbio, Síndrome de Down, 
extrofia de bexiga, cardiopatias congênitas, comunicação 
interauricular ou inversões viscerais, enfim, não se trata de feto 
portador de deficiência grave que permita sobrevida extrauterina. 
Cuida-se tão somente de anencefalia. (...) De fato, a anencefalia 
mostra-se incompatível com a vida extrauterina, ao passo que a 
deficiência não. (...) Anencefalia e vida são termos antitéticos. 
Conforme demonstrado, o feto anencéfalo não tem potencialidade de 
vida. Trata-se, na expressão adotada pelo CFM e por abalizados 
especialistas, de um natimorto cerebral. Por ser absolutamente 
inviável, o anencéfalo não tem a expectativa nem é ou será titular do 
direito à vida, motivo pelo qual aludi, no início do voto, a um conflito 
apenas aparente entre direitos fundamentais. Em rigor, no outro lado 
da balança, em contraposição aos direitos da mulher, não se encontra 
o direito à vida ou à dignidade humana de quem está por vir, 
justamente porque não há ninguém por vir, não há viabilidade de 
vida. Aborto é crime contra a vida. Tutela-se a vida em potencial. No 
caso do anencéfalo, repito, não existe vida possível. (...) É de 
conhecimento corrente que, nas décadas de trinta e quarenta, a 
medicina não possuía os recursos técnicos necessários para identificar 
previamente a anomalia fetal incompatível com a vida 
extrauterina[70]. A literalidade do CP de 1940 certamente está em 
harmonia com o nível de diagnósticos médicos existentes à época, o 
que explica a ausência de dispositivo que preveja expressamente a 
atipicidade da interrupção da gravidez de feto anencefálico. Não nos 
custa lembrar: estamos a tratar do mesmíssimo legislador que, para 
proteger a honra e a saúde mental ou psíquica da mulher – da 
mulher, repito, não obstante a visão machista então reinante –, 
estabeleceu como impunível o aborto provocado em gestação oriunda 
de estupro, quando o feto é plenamente viável. (...) mesmo à falta de 
previsão expressa no CP de 1940, parece-me lógico que o feto sem 
potencialidade de vida não pode ser tutelado pelo tipo penal que 
protege a vida. (...) este Supremo Tribunal proclamou que a 
Constituição ‘quando se reporta a ‘direitos da pessoa humana’ e até 
dos ‘direitos e garantias individuais’ como cláusulapétrea está 
falando de direitos e garantias do indivíduo-pessoa, que se faz 
 
22 
 
destinatário dos direitos fundamentais ‘à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade’. É certo, senhor presidente, 
que, no caso do anencéfalo, não há, nem nunca haverá, indivíduo-
pessoa. No segundo trecho, este Tribunal assentou que ‘a 
potencialidade de algo para se tornar pessoa humana já é meritória o 
bastante para acobertá-la, infraconstitucionalmente, contra tentativas 
levianas ou frívolas de obstar sua natural continuidade fisiológica’. 
Ora, inexistindo potencialidade para tornar-se pessoa humana, não 
surge justificativa para a tutela jurídico-penal, com maior razão 
quando eventual tutela esbarra em direitos fundamentais da mulher, 
como se verá adiante. Enfim, cumpre tomar de empréstimo o 
conceito jurídico de morte cerebral previsto na Lei 9.434/1997[72], 
para concluir ser de todo impróprio falar em direito à vida 
intrauterina ou extrauterina do anencéfalo, o qual é um natimorto 
cerebral. (...) Constata-se a existência de dados merecedores de 
confiança que apontam riscos físicos maiores à gestante portadora de 
feto anencéfalo do que os verificados na gravidez comum. Sob o 
aspecto psíquico, parece incontroverso – impor a continuidade da 
gravidez de feto anencéfalo pode conduzir a quadro devastador, 
como o experimentado por Gabriela Oliveira Cordeiro, que figurou 
como paciente no emblemático HC 84.025/RJ, rel. min. Joaquim 
Barbosa. (...) Relatos como esse evidenciam que a manutenção 
compulsória da gravidez de feto anencéfalo importa em graves danos 
à saúde psíquica da família toda e, sobretudo, da mulher. Enquanto, 
numa gestação normal, são nove meses de acompanhamento, 
minuto a minuto, de avanços, com a predominância do amor, em que 
a alteração estética é suplantada pela alegre expectativa do 
nascimento da criança; na gestação do feto anencéfalo, no mais das 
vezes, reinam sentimentos mórbidos, de dor, de angústia, de 
impotência, de tristeza, de luto, de desespero, dada a certeza do 
óbito. (...) Ao Estado não é dado intrometer-se. Ao Estado compete 
apenas se desincumbir do dever de informar e prestar apoio médico e 
psicológico a paciente, antes e depois da decisão, seja ela qual for, o 
que se mostra viável, conforme esclareceu a então ministra da 
Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire[103]. 
(...) Não se trata de impor a antecipação do parto do feto anencéfalo. 
 
23 
 
De modo algum. O que a arguente pretende é que ‘se assegure a 
cada mulher o direito de viver as suas escolhas, os seus valores, as 
suas crenças’[105]. Está em jogo o direito da mulher de 
autodeterminar-se, de escolher, de agir de acordo com a própria 
vontade num caso de absoluta inviabilidade de vida extrauterina. 
Estão em jogo, em última análise, a privacidade, a autonomia e a 
dignidade humana dessas mulheres. Hão de ser respeitadas tanto as 
que optem por prosseguir com a gravidez – por sentirem-se mais 
felizes assim ou por qualquer outro motivo que não nos cumpre 
perquirir – quanto as que prefiram interromper a gravidez, para pôr 
fim ou, ao menos, minimizar um estado de sofrimento. (...) Não se 
coaduna com o princípio da proporcionalidade proteger apenas um 
dos seres da relação, privilegiar aquele que, no caso da anencefalia, 
não tem sequer expectativa de vida extrauterina, aniquilando, em 
contrapartida, os direitos da mulher, impingindo-lhe sacrifício 
desarrazoado. A imposição estatal da manutenção de gravidez cujo 
resultado final será irremediavelmente a morte do feto vai de 
encontro aos princípios basilares do sistema constitucional, mais 
precisamente à dignidade da pessoa humana, à liberdade, à 
autodeterminação, à saúde, ao direito de privacidade, ao 
reconhecimento pleno dos direitos sexuais e reprodutivos de milhares 
de mulheres. O ato de obrigar a mulher a manter a gestação, 
colocando-a em uma espécie de cárcere privado em seu próprio 
corpo, desprovida do mínimo essencial de autodeterminação e 
liberdade, assemelha-se à tortura[109] ou a um sacrifício que não 
pode ser pedido a qualquer pessoa ou dela exigido. (...) Se alguns 
setores da sociedade reputam moralmente reprovável a antecipação 
terapêutica da gravidez de fetos anencéfalos, relembro-lhes de que 
essa crença não pode conduzir à incriminação de eventual conduta 
das mulheres que optarem em não levar a gravidez a termo. O 
Estado brasileiro é laico e ações de cunho meramente imorais não 
merecem a glosa do direito penal. A incolumidade física do feto 
anencéfalo, que, se sobreviver ao parto, o será por poucas horas ou 
dias, não pode ser preservada a qualquer custo, em detrimento dos 
direitos básicos da mulher. No caso, ainda que se conceba o direito à 
vida do feto anencéfalo – o que, na minha óptica, é inadmissível, 
 
24 
 
consoante enfatizado –, tal direito cederia, em juízo de ponderação, 
em prol dos direitos à dignidade da pessoa humana, à liberdade no 
campo sexual, à autonomia, à privacidade, à integridade física, 
psicológica e moral e à saúde, previstos, respectivamente, nos arts. 
1º III; 5º, cabeça e II III e X; e 6º, cabeça, da CR. Os tempos atuais, 
realço, requerem empatia, aceitação, humanidade e solidariedade 
para com essas mulheres. Pelo que ouvimos ou lemos nos 
depoimentos prestados na audiência pública, somente aquela que 
vive tamanha situação de angústia é capaz de mensurar o sofrimento 
a que se submete. Atuar com sapiência e justiça, calcados na 
Constituição da República e desprovidos de qualquer dogma ou 
paradigma moral e religioso, obriga-nos a garantir, sim, o direito da 
mulher de manifestar-se livremente, sem o temor de tornar-se ré em 
eventual ação por crime de aborto. Ante o exposto, julgo procedente 
o pedido formulado na inicial, para declarar a inconstitucionalidade da 
interpretação segundo a qual a interrupção da gravidez de feto 
anencéfalo é conduta tipificada nos arts. 124, 126, e 128, I e II, do 
CP brasileiro." (ADPF 54, voto do rel. min. Marco Aurélio, 
julgamento em 12-4-2012, Plenário, DJE de 30-4-2013. 
 
 
 
e. Leitura sugerida 
 
- SARLET, Ingo Wolfgang. As aproximações e tensões existentes 
entre os Direitos Humanos e Fundamentais. Consultor Jurídico (São 
Paulo. Online), v. 01, p. 01-01, 2015. Disponível em: 
http://www.conjur.com.br/2015-jan-23/direitos-fundamentais-
aproximacoes-tensoes-existentes-entre-direitos-humanos-
fundamentais 
 
____________________. A Eficácia dos Direitos Fundamentais - Uma 
Teoria dos Direitos Fundamentais na Perspectiva Constitucional. 12. 
ed. Porto Alegre/RS: Livraria do Advogado, 2015. v. 01. 
 
 
25 
 
____________________. Dimensões da Dignidade. Estudos de 
Filosofia do Direito e Direito Constitucional.2ª ed. Porto Alegre: 
Livraria do Advogado, 2013. 
 
____________________. O Direito à Vida, in: SARLET, Ingo 
Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Curso de 
Direito Constitucional, 2ª ed., São Paulo: RT, 2013. 
 
____________________.A eficácia do direito fundamental à 
segurança jurídica: dignidade da pessoa humana, direitos 
fundamentais e proibição de retrocesso social no direito constitucional 
brasileiro. In: Revista Eletrônica sobre a Reforma do Estado (RERE), 
salvador, Instituto de Direito Público, nº 21, mar/abr/maio 2010. 
Disponível em http://www.direitodoestado.com/revista/rere-21-
marco-2010-ingo-sarlet.pdf 
 
____________________. Os Direitos Sociais como Direitos 
Fundamentais: contributo para um balanço aos vinte anos da 
Constituição Federal de 1988. Disponível em: 
http://www.udf.edu.br/wp-content/uploads/2016/01/Texto-
Bibliogr%C3%A1fico-I-Ingo-Wolfgang-SARLET.pdf____________________. Evitando a era dos extremos interpretativa 
no caso da violação do domicílio. Disponível em: 
http://www.conjur.com.br/2016-fev-05/direitos-fundamentais-
evitando-extremos-interpretativa-violacao-domicilio 
 
f. Leitura complementar 
 
- FIGUEIREDO, Marcelo. O respeito à dignidade pessoa humana e a 
eutanásia – Breves notas. In: MIRANDA, Jorge; SILVA, Marco Antonio 
M. da. (Coord). Tratado Luso-Brasileiro da Dignidade Humana. 2ª ed. 
São Paulo: Quartier Latin, 2009. p. 433-438. 
 
- LEITE, George Salomão. Direito fundamental a uma morte digna. 
In: SARLET, Ingo Wolfgang; LEITE, George Salomão (Coord). In: 
 
26 
 
Direitos fundamentais e estado constitucional: estudos em 
homenagem a J.J. Gomes Canotilho. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2009. 
 
- MARTINS, Ives Gandra da S. A dignidade da pessoa humana desde 
a concepção. In: MIRANDA, Jorge; SILVA, Marco Antonio M. da. 
(Coord). Tratado Luso-Brasileiro da Dignidade Humana. 2ª ed. São 
Paulo: Quartier Latin, 2009. p. 143-150. 
 
- MENDES, Gilmar Ferreira. A proteção da dignidade da pessoa 
humana no contexto do processo judicial. In: MIRANDA, Jorge; 
SILVA, Marco Antonio M. da. (Coord). Tratado Luso-Brasileiro da 
Dignidade Humana. 2ª ed. São Paulo: Quartier Latin, 2009. p. 127-
141. 
 
- PIOVESAN, Flávia; VIEIRA, Renato Stanziola. A força normativa dos 
princípios constitucionais fundamentais: a dignidade da pessoa 
humana. In: PIOVESAN, Flávia. Temas de direitos humanos. São 
Paulo: Saraiva, 2009. p. 339-367. 
 
- SARLET, Ingo Wolfgang. Pena de morte na Indonésia e FGTS no 
Brasil a distinção necessária. Consultor Jurídico (São Paulo. Online), 
v. 01, p. 01-01, 2015. 
 
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