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Psicologia Jurídica - Apostila 04 - Psicologia Violência contra a criança e o adolescente Direito

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Violência contra a criança e o adolescente - Abuso sexual doméstico. 
Crianças e adolescentes vitimizados 
Violência familiar - Na literatura é comum esse conceito aparecer como sinônimo de violência doméstica
A violência familiar pode se relacionar a outras denominações, a exemplo da “violência conjugal”, “violência contra crianças e adolescentes” ou “maus-tratos”. Contudo, vale lembrar que violência contra crianças e adolescentes se expressa de várias formas e, em muitas delas, as fronteiras entre a família e o seu contexto social nem sempre são tão nítidas. Assim, se traduz pelas formas estruturais quando seus direitos mais básicos são muitas vezes violados, como o acesso à escola, à assistência de sua saúde, bem como pela ausência de cuidados necessários para o seu desenvolvimento. Ocorre também quando esses sujeitos são vitimizados, ou seja, quando as formas interpessoais de violência os atingem pelos maus-tratos que se materializam nos abusos físicos, psicológico, sexual e na negligência ou abandono. A violência familiar é considerada a principal razão pela qual, crianças e adolescentes deixam as suas casas e passam a viver nas ruas.
A violência pode acontecer em diversos contextos: na escola, no local de trabalho, no clube, no trânsito, nos lugares públicos, e também dentro do ambiente familiar. Além disso, a violência pode atingir qualquer tipo de pessoa, sendo ainda mais preocupante quando as vítimas são crianças, porque, devido à fragilidade física e emocional, possuem menos recursos para se defender. Quanto às consequências, elas podem ser mais ou menos transitórias ou perdurar ao longo da vida. Por isso, o agir violento merece uma especial atenção do Direito e da Psicologia.
Historicamente o interesse dos estudiosos da psicologia pela violência contra a criança se iniciou na cidade de Nova York em 1874, como o caso Mary Ellen Wilson, de 8 anos, que foi severamente espancada por seus responsáveis, resultando na criação da Sociedade de Prevenção à Crueldade Contra as Crianças. No Brasil, o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente em seus artigos 4º e 5º , estabelece o seguinte: 
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
Violência - é uma ação que envolve a perda da autonomia, de modo que pessoas são privadas de manifestar a sua vontade, submetendo-a a vontade e ao desejo de outros. 
O abusador tanto da criança quanto do adolescente utiliza-se da violência como uma forma de manifestação das relações de dominação, expressando uma negação da liberdade do outro, da igualdade e da vida.
Violência contra a criança – um quadro de horrores[1: FIORELLI, José Osmir & MANGINI, Rosana C. R. Psicologia Jurídica. 7 ed. Ver. atual. ampl. São Paulo: Atlas, 2016, pag 308. ]
Surras com objetos ou com a utilização de socos e pontapés
Espancamento, até a fratura de ossos, quebra de dentes, traumatismos craniano;
Arremesso contra móveis e paredes
Aprisionamento sem condições de higiene e com restrição de água e alimentação
Proibição de vida social e de realização de atividades escolares, levando a uma exclusão profundamente dolorosa para a criança;
Provocação de ferimentos, com ou sem tortura, em órgãos sexuais e ânus; em meninos, encontra-se a prática de amarrar o pênis para impossibilitar a micção. 
Violência doméstica contra crianças e adolescentes[2: Fonte: Azevedo, M.A. & Guerra, V.N.A. Violência Doméstica na Infância e na Adolescência, SP, Robe, 1995. In Violência Domestica contra Crianças e Adolescentes – Unicef http://www.unicef.org/brazil/pt/Cap_01.pdf ]
Atos e/ou omissões praticados por pais, parentes ou responsável em relação à criança e/ou adolescente que sendo capaz de causar à vítima dor ou dano de natureza física, sexual e/ou psicológica implica, de um lado, uma transgressão do poder/dever de proteção do adulto e, de outro, numa coisificação da infância. Isto é, numa negação do direito que crianças e adolescentes têm de ser tratados como sujeitos e pessoas em condição peculiar de desenvolvimento. A violência doméstica ainda se caracteriza como a menos visível socialmente, se comparada às demais formas de violência.
Violência física - Toda ação que causa dor física numa criança, desde um simples tapa até o espancamento fatal.[3: Idem ]
Negligência - Representa uma omissão em termos de prover as necessidades físicas e emocionais de uma criança ou adolescente. Configura-se quando os pais (ou responsáveis) falham em termos de alimentar, de vestir adequadamente seus filhos etc. e quando tal falha não é o resultado de condições de vida além do seu controle. A negligência pode se apresentar como moderada ou severa. Nas residências em que os pais negligenciam severamente os filhos observa-se, de modo geral, que os alimentos nunca são providenciados, não há rotinas na habitação e, para as crianças, não há roupas limpas, o ambiente físico é muito sujo, com lixo espalhado por todos os lados. As crianças são, muitas vezes, deixadas sozinhas por diversos dias, chegando a falecer em consequência de acidentes domésticos, de inanição. A literatura registra, entre esses pais, um consumo elevado de drogas ilícitas e de álcool e uma presença significativa de desordens severas de personalidade. A negligência infantil é a forma mais recorrente entre os maus-tratos contra a criança e o adolescente.[4: Fonte: Azevedo, M.A. & Guerra, V.N.A. Infância e Violência Fatal em Família, SP, Iglu, 1998. In Violência Domestica contra Crianças e Adolescentes – Unicef http://www.unicef.org/brazil/pt/Cap_01.pdf]
A negligência inclui:
Profª Ms Cecilia Santos		Apostila 04
Ausência positiva, de disponibilidade emocional, de interesse dos pais/responsáveis;
Atitudes de aterrorizar a criança
Atitudes de isolamento social
Atitudes de corrupção
Atitudes de exploração
Violência Emocional Infantil[5: Violência contra criança in http://noticias.terra.com.br/mundo/violencia-contra-criancas/]
É descrita como sendo maus-tratos, abuso mental e verbal e negligência emocional. Ela inclui:
Todas as formas de interação persistentes que são prejudiciais às crianças
Assustar, aterrorizar e ameaçar; explorar; desprezar e rejeitar; isolar e ignorar.
Negar a responsabilidade pelo emocional; negligenciar a saúde mental, as necessidades médicas e educacionais;
Insultar, falar mal, humilhar, menosprezar, ridicularizar e ferir os sentimentos de uma criança;
Expô-las a violência doméstica; 
Colocar as crianças em regime de isolamento ou em condições humilhantes, degradantes e de detenção.
Expô-las ao bullying psicológico por adultos ou outras crianças, inclusive por meio de tecnologias de informação e comunicação, como telefones, celulares e internet.
Violência Sexual[6: Fonte: Azevedo, M.A. & Guerra, V.N.A. Violência Doméstica na Infância e na Adolescência, SP, Robe, 1995 In Violência Domestica contra Crianças e Adolescentes – Unicef http://www.unicef.org/brazil/pt/Cap_01.pdf]
Configura-se como todo ato ou jogo sexual, relação hétero ou homossexual, entre um ou mais adultos (parentes de sangue ou afinidade e/ou responsáveis) e uma criança ou adolescente, tendo por finalidadeestimular sexualmente uma criança ou adolescente ou utilizá-los para obter uma estimulação sexual sobre sua pessoa ou outra pessoa. Ressalte-se que em ocorrências desse tipo a criança é sempre vítima e não poderá ser transformada em ré.
A violência sexual Inclui ocorrências intra e extrafamiliares, com atos classificáveis em três grupos:
“Não envolvendo contato físico: abuso verbal, telefonemas obscenos, vídeos/filmes obscenos, voyeurismo;
Envolvendo contato físico: atos físico-genitais que incluem "passar a mão", coito (ou tentativa de), manipulação de genitais, contato oral-genital e uso sexual do ânus; pornografia, prostituição infantil (ou seja, exploração sexual da criança para fins econômicos) e o incesto (enquanto atividade sexual entre uma criança e seus parentes mais próximos, tanto de sangue quanto de afinidade);
Envolvendo contato físico com violência; estupro, brutalização e assassinato (crianças emasculadas) - onde estão presentes a força, ameaça ou intimidação.” 
Modelos da continuidade e descontinuidade da violência[7: TRINDADE, Jorge. Manual de Psicologia Jurídica para operadores de direito. Capitulo 23. A violência e o abuso sexual contra a criança. ]
Modelo da continuidade homotípica
Este modelo propõe que a violência e os maus-tratos sofridos na infância correspondem ao tipo de conduta da vida adulta. Dessa forma, tipos específicos de violência e maus-tratos vividos na infância levariam a tipos específicos de desordem de conduta na vida adulta. Assim se explica a perpetuação da violência: abusado na infância, abusador na vida adulta, mantendo-se o ciclo de violência através da sua transmissão intergeracional. Nessa linha, o abuso sexual sofrido na infância é frequentemente referido como causa de abuso ativo futuro ou de prostituição na vida adulta. 
Modelo da continuidade heterotípica
De acordo com essa concepção, a violência ou os maus-tratos sofridos na infância não são preditivos de distúrbios específicos na vida adulta, havendo uma variada gama de efeitos deles decorrentes, de natureza diversa daqueles vivenciados no passado.
Assim por exemplo, maus-tratos sofridos na infância poderiam ser preditivos de qualquer outro comportamento inadequado na vida futura. O comportamento sofrido não precisa coincidir especificamente com aquele da vida adulta ou se repetir no mesmo padrão vivenciado pela vítima na infância. A predisposição básica pode ser assim enunciada: crianças que sofrem violência, maus-tratos ou são abusadas sexualmente por longo tempo apresentariam consequências negativa no futuro, isto é, algum tipo de comportamento disfuncional na vida adulta, porém sem guardar a especificidade dos acontecimentos da infância, maus-tratos poderiam ter diversas consequências negativas inespecíficas, nem todas de natureza criminal. 
Modelo da não continuidade
Com base nesse modelo, não existe uma linha de continuidade entre os comportamentos sofridos na infância e os comportamentos posteriormente seguidos na vida adulta. Essa ideia pressupõe que possam existir inúmeros fatores ou eventos que se interpõem entre as vivencias infantis e a vida posterior, os quais funcionariam como elementos de proteção para um determinado desfecho. Dessa forma, a relação entre riscos (maus-tratos ou violência na infância) e resultados negativos (tornar-se abusador, apresentar distúrbios de conduta, violência, delinquência ou outros) permanece em nível apenas especulativo. Nessa abordagem os efeitos das experiências de violência, maus-tratos ou abuso sexual na infância dependerão da ocorrência de “fatores de proteção”, isto é, fatores positivos que podem minimizar os efeitos do acontecimento pretérito sofrido na infância. 
No contexto da violência sexual contra crianças e adolescentes, o abuso sexual compreende o fenômeno de maior ocorrência, uma vez que se configura por meio de uma série de situações como o “voyeurismo”, a manipulação da genitália, a pornografia, o exibicionismo, o assédio sexual, o estupro, o incesto e a prostituição infantil. 
Dados do Programa de Psiquiatria Forense e Psicologia Jurídica do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, entre os anos de 2005 a 2009.[8: SERAFIM, Antonio de Pádua. Psicologia e práticas forenses, São Paulo: Manole, 2012, pag. 180Informações AdicionaisEm 2014, o Disque-Denúncia Nacional da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) registrou mais de 91 mil denúncias de violações de direitos de crianças e adolescentes. Esse número não representa, necessariamente, o tamanho do problema, mas traz uma dimensão de como está fortemente inserido na sociedade. São muitas as variáveis a serem consideradas, e os números disponíveis dão apenas um perfil geral do problema.O Brasil apresenta uma forte carência de dados sobre a violência sexual de crianças e adolescentes. O que sabemos é que existem fatores de vulnerabilidade que incidem diretamente sobre o problema, aumentando os casos de violação de direitos. Dentre os principais fatores estão pobreza, exclusão, desigualdade social, questões ligadas à raça, gênero e etnia. Além disso, a falta de conhecimento sobre direitos da infância e adolescência também contribui para o aumento das violações. Entre os casos registrados, um ou mais desses fatores estão quase sempre presentes.Veja alguns dados compilados por diferentes organismos.Dados do Disque Direitos HumanosO Disque-Denúncia para casos de violência contra crianças e adolescentes atende pelo número 100. A ligação é gratuita, anônima e pode ser feita de qualquer telefone. É um serviço da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), destinado a receber denúncias relativas a violações de direitos humanos, não só de crianças e adolescentes.Em 2014, foram registradas 91.342 denúncias de violações de direitos de crianças e adolescentes. O número de denúncias não corresponde ao número de casos de fato constatados, mas dá uma ideia do tamanho do problema. Além disso, a evolução no número de denúncias pode indicar uma maior conscientização acerca do tema, o que é positivo.Semelhante a 2013, dos 13 tipos de violações registradas pelo Disque-Denúncia em 2014, a violência sexual ocupa o 4º lugar:Normalmente, quando ocorre a violência sexual, outros direitos também foram violados. Ou seja, a criança ou o adolescente já foram negligenciados e possivelmente passaram por episódios de violência física e psicológica.Sobre as vítimas:A faixa etária mais frequente é de 8 a 14 anosSobre Suspeitos e locais:Evolução das denúnciasCom relação às denúncias sobre violência sexual, desde 2011, a média referente ao abuso corresponde a 75%. Veja abaixo uma distribuição das denúncias de violência sexual:Desde 2011, os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia lideram o numero total de denúncias:Número de denúncias por estadoDados do Ministério da SaúdeDados coletados em unidades de saúde em 2011 revelaram 14.625 notificações de violência doméstica, sexual, física e outras agressões contra crianças menores de dez anos. A violência sexual contra crianças até nove anos representa 35% das notificaçõesDados da Polícia Rodoviária FederalEm mapeamento de pontos vulneráveis pra a exploração sexual de crianças e adolescentes nas Rodovias Federais – realizado pela Polícia Rodoviária Federal em 2013-2014 – foram identificados 1.969 pontos vulneráveis em rodovias federais de todo o Brasil. Deste total, 29% são considerados pontos críticosVeja a evolução dos pontos identificados como vulneráveis à exploração sexual nas rodovias brasileiras e a respectiva proporção de pontos críticos.Pontos vulneráveis são ambientes ou estabelecimentos onde os agentes da polícia rodoviária federal encontram algumas das características que propiciam condições favoráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes (presença de adultos se prostituindo, inexistência de iluminação, ausência de vigilância privada, locais costumeiros de parada de veículos e consumo de bebida alcoólica). Os pontos críticos são aqueles que reúnem todas essas característicasassociadas e são, portanto, mais vulneráveis para que a exploração sexual ocorra nesses lugares.Dados da SafernetA Safernet é uma organização não governamental que busca transformar a internet em um ambiente ético e responsável. Uma de suas principais atividades é a coordenação de uma central de denúncias contra crime de direitos humanos na internet. A partir dos dados de denúncia, a Safernet reúne e disponibiliza dados e informações sobre crimes de direitos humanos na internet desde 2006.Mesmo que os crimes relacionados à pornografia infantil tenham representado o maior número de denúncias, em 2014 houve uma redução de 8,82% no total de páginas novas denunciadas. De acordo com a Safernet, a maior cooperação entre os 48 países membros do INHOPE, associação internacional de canais de denúncia, para a detecção e remoção das imagens de abuso sexual infantil contribuiu para esta redução.Por outro lado, em 2014, a Safernet Brasil registrou um aumento de 192,93% nas denúncias de páginas supostamente relacionadas ao tráfico de pessoas em relação a 2013. A maioria das páginas denunciadas nesta categoria fazia alusão ao agenciamento de pessoas para a prostituição, incluindo adolescentes, para as cidades-sede da Copa do Mundo, especialmente São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Fortaleza.Referênciahttp://www.childhood.org.br/numeros-da-causa 		acesso em 30/08/2016 Sugestões de leituras complementareshttp://www.comportese.com/2013/11/a-violencia-intrafamiliar-infantil-e-suas-consequencias/http://www3.pucrs.br/pucrs/files/uni/poa/direito/graduacao/tcc/tcc2/trabalhos2012_1/geovana_delanez.pdf]
	Epidemiologia do abuso sexual em 205 crianças e adolescentes
	Gênero das vítimas 
	f
	%
	Meninas
	130
	63,4
	Meninos
	75
	36,6
	Idade das vítimas
	Meninas
	Meninos
	
	f
	%
	f
	%
	3-6
	25
	19,2
	41
	54,6
	7-10
	63
	48.5
	23
	30,6
	11-13
	32
	24,6
	07
	09,4
	14-16
	10
	07,7
	04
	05,4
	Grau de parentesco do agressor
	f
	%
	Pai
	77
	38
	Padrasto
	60
	29
	Tio
	31
	15
	Primos
	12
	6
	Vizinhos
	19
	9
	Desconhecidos
	6
	3
Existe uma variedade de maus-tratos contra crianças e adolescentes como abusos físico, sexual, psicológico e a exploração sexual, além das negligências entre outras, que resultam em profundos traumas. 
Os efeitos mais prejudiciais da violência costumam ser aqueles de natureza psicológica, incluindo sequelas no funcionamento comportamental, social, cognitivo e físico. 
Consequências da Violência Sexual em curto prazo:
Efeitos físicos mais frequentes: Distúrbios de sono, Mudanças de hábitos alimentares , Gravidez , DST
Efeitos psicológicos mais frequentes: Medo;	Hostilidade frente ao sexo do agressor;	Culpa; 	Depressão,Baixa autoestima,	Conduta sexual anormal - masturbação compulsiva, exibicionismo, Angústia, agressões, condutas antissociais, Sentimentos de estigmatização, Reações de evitação e resistência ao apego; Problemas no desenvolvimento das relações de apego e do afeto, Assumir um padrão igual ao dos pais (tornando-se agressivos), ou apresentar pouca habilidade social ou reação inadequada ao estresse.
Efeitos sociais mais frequentes: Dificuldades escolares e alterações no desenvolvimento cognitivo, na linguagem e no rendimento escolar; Discussões familiares frequentes; Fuga; Delinquência, prostituição; Rebaixamento da autopercepção sobre suas capacidades; Má percepção de si próprio; Problemas na compreensão e aceitação das emoções do outro.
Efeitos a longo prazo
Fobias, pânico, personalidade antissocial; Depressão com ideias de suicídio, tentativa ou suicídio levado a cabo; Cronificação dos sentimentos de estigmatização; Isolamento; Dificuldades de relacionamento com pessoas do sexo do agressor (amigos, pais, filhos, companheiros); Reedição da violência, revitimização; Distúrbios sexuais; Drogadição e alcoolismo; Sequelas físicas; Pais abusadores mais tarde; Diminuição da capacidade de análise e síntese; Conduta criminal violenta mais tarde; Risco para o desenvolvimento de psicopatologias; Transtornos de ansiedade; Transtornos alimentares; Transtornos dissociativos; Enurese; Encoprese; Hiperatividade e déficit de atenção; Transtorno do estresse pós-traumático; Conduta hipersexualizada; Abuso de substâncias; Fugas do lar; Furtos; Agressividade; Mudanças nos padrões de sono e alimentação; Comportamentos autodestrutivos
Alterações Cognitivas - Baixa concentração e atenção, dissociação, refúgio na fantasia, baixo rendimento escolar e crenças distorcidas, tais como percepção de que é culpada pelo abuso, diferenças em relação aos pares, desconfiança e percepção de inferioridade e inadequação. 
Alterações Emocionais - Medo, Vergonha, Culpa, Ansiedade, Tristeza, Raiva e Irritabilidade
Sintomas Físicos - Hematomas e traumas nas regiões oral, genital e retal, coceira, inflamação e infecção nas áreas genital e retal, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez, doenças psicossomáticas e desconforto em relação ao corpo. 
O perfil do abusador
Jovens e adultos do sexo masculino, mulheres, crianças maiores podem assumir o papel de abusador. 
Algumas já sofreram abuso sexual quando criança; 
Apresentam dificuldades relativas à sexualidade;
São, geralmente, pessoas "acima de qualquer suspeita", não havendo, aparentemente, nada em seu comportamento que chame a atenção. 
São amáveis em sua maioria e até mesmo sedutoras; 
Pode conquistar a vítima com presentes, elogios, dinheiro.
Características do abusador/agressor Personalidade antissocial; Paranoia ; Impulsividade; Baixa tolerância à frustração; Sentimentos de inferioridade ou de insuficiência; Infância violenta; Estresse, álcool ou drogas.
Como abordar - A Revelação
Ouvir a vítima em ambiente apropriado, protegendo sua identidade.
Levar a sério suas palavras e acreditar no seu relato.
Importante que a vítima se expresse a seu modo, com suas próprias palavras, sem ser induzida, pois, caso contrário, corre-se o risco de a criança ou o adolescente se calar. 
Cabe a quem escuta reconhecer a gravidade das descobertas e informar aos envolvidos sobre a necessidade de levar os fatos ao conhecimento daqueles que devem intervir para proteção da vítima. 
Explicar à criança, de forma simples, clara e honesta, como se pretende ajudá-la e contatar, imediatamente, sua família. 
O sentimento de vergonha, a dependência emocional, o fato de o abusador ser alguém da família, da possibilidade dele ser incriminado e submetido a penalidades legais, além da condição de provedor econômico são fatores que podem contribuir para a não revelação da situação.
Questões
Por quanto tempo o abuso sexual com crianças e adolescentes é mantido em segredo?
Estudos apontam que o segredo do abuso sexual com crianças e adolescentes é mantido por pelo menos um ano.
Quais os fatores associados ao abuso sexual que dificultam que sua dinâmica seja rompida?
À medida que o abuso se torna mais explicito e que a vítima percebe a violência, o perpetrador utiliza recursos, tais como barganhas e ameaças para que a criança mantenha a situação em segredo. A criança sente-se vulnerável, acredita nas ameaças e desenvolve crenças de que é culpada pelo abuso, sentindo vergonha e medo de revela-lo à família e ser punida. Dessa forma, adapta-se à situação abusiva, acreditando manter a estabilidade nas relações familiares. Outro fator frequentemente associado ao abuso sexual, que dificulta que sua dinâmica seja rompida, é a presença de outras formas de violência intrafamiliar, tais como negligência, abusos físicos e emocionais.
Quais os sentimentos que contribuem para que o abuso sexual seja mantido em segredo pela própria vítima e por outros membros da família? 
Os sentimentos de medo e de desamparo
Fatores externos à família também contribuem para que o abuso sexual não seja interrompido, quais são?
A relutância de alguns profissionais da saúde e da educação em reconhecer e denunciar o abuso, a insistência dos tribunais por regras estritas de comprovação do abuso para a proteçãoda vítima e para a penalização do agressor. Alguns profissionais tendem a negar e a subestimar a severidade e a extensão do abuso Até recentemente, a criança que fazia revelações de abusos sexuais era suspeita de fantasiar. 
Referências
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.Estatuto da Criança e do Adolescente ECA in http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm
Violência Domestica contra Crianças e Adolescentes – Unicef http://www.unicef.org/brazil/pt/Cap_01.pdf
TRINDADE, Jorge. Manual de Psicologia Jurídica para operadores de direito. 7 ed. Ver. atual. e ampl. Porto Alegre: Livraria do advogado Editora, 20014. Capitulo 23. A violência e o abuso sexual contra a criança.
FIORELLI, José Osmir & MANGINI, Rosana C. R. Psicologia Jurídica. 7 ed. Ver. atual. ampl. São Paulo: Atlas, 2016. Capitulo 7. Estudo da Violência
SERAFIM, Antonio de Pádua. Psicologia e práticas forenses, São Paulo: Manole, 2012. Capitulo 10 Prática da psicologia nos diferentes contextos da violência

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