Buscar

resumo de Civil 1 bens

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

RESUMO DE CIVIL 1 – BENS – SILVIO ROMERO
OBJETO DO DIREITO
- Coisas e bens
- Patrimônio
- Classificação dos bens
PATRIMÔNIO
De acordo com os juristas modernos, patrimônio seria o complexo das relações jurídicas de uma pessoa, apreciáveis economicamente. Assim, patrimônio não é apenas o conjunto de bens, mas também de direitos – incluindo apenas as relações jurídicas que tenham expressão pecuniária. Assim, direitos de caráter pessoal ou personalístico não entram para a caracterização de patrimônio: poder familiar, estado de filho, direito à liberdade. Em suma, constituem-se patrimônio os direitos de caráter privado aos quais é lícito a transigência ou transação. 
O patrimônio se compõe de um lado positivo e outro negativo. Em outras palavras, ele é um valor bruto (conjunto de relações jurídicas total) que se compõe de um conjunto de valores ativos (conjunto de direitos) e passivos (conjunto de obrigações), aos quais podemos fazer subtrações entre o positivo e o negativo para descobrir o seu valor líquido (conjunto de bens e créditos, deduzidos os débitos). Entretanto esse valor líquido não é o patrimônio em si, já que no caso de os dois lados (o positivo e o negativo) serem representados por cifras equivalentes não haveria saldo, acarretando uma negação ou inexistência do patrimônio, algo que, materialmente, é impossível. Consequentemente, como não se pode admitir pessoa sem patrimônio, ele foi definido como a projeção econômica da personalidade civil.
O patrimônio é uno e indivisível. Isso porque não é possível conceber sua pluralidade na mesma pessoa – não é possível que uma pessoa tenha mais de um patrimônio, pois este representa a universalidade dos seus bens e direitos.
Os bens que compõem o patrimônio podem ser objeto de transferência de uma pessoa a outra. Por causa mortis opera-se a transmissão a título universal, todos os bens passam diretamente do hereditando para os herdeiros; transfere-se todo patrimônio do de cuiús para os sucessores. Já a transmissão inter vivos é de caráter particular, operando-se a transferência do bem, mas conservando o indivíduo o seu patrimônio. Um exemplo disso é a comunicação dos bens em função do regime de comunhão universal, em que ocorre uma espécie de transmissão a título universal inter vivos, porque os bens passam a constituir a propriedade comum dos cônjuges, sem que tenha havido a transferência completa de um para outro.
Obs.: teoria da afetação
OBJETO DOS DIREITOS: COISAS E BENS
	Bem é tudo que nos agrada. Os bens jurídicos, especificamente, são os bens que são objeto da relação jurídica, sem distinção de materialidade ou patrimonialidade. Existem bens de natureza patrimonial, que são tudo que se pode integrar no nosso patrimônio, e tem caráter econômico, valor pecuniário, e existem os bens que são inestimáveis economicamente, não recebendo valoração financeira e não integrando o patrimônio do sujeito, mas ainda assim susceptíveis de proteção legal. Estes últimos podem ser exemplificados por estado de filiação, direito ao nome, etc.
Os bens diferem-se das coisas quanto à materialidade. Enquanto estas são materiais ou concretas, aquelas são imateriais ou abstratas, em sentindo estrito. Entretanto nem tudo que é corpóreo e material é coisa: o corpo humano não é, uma vez que o ser humano é sujeito de direitos e deveres e não é possível separar a pessoa humana, dotada de personalidade, do seu próprio corpo. 
CLASSIFICAÇÃO DOS BENS
A doutrina classifica os bens sob vários critérios em razão de suas relações jurídicas, tendo em vista a forma como a lei os trata e quais as relações jurídicas que despertam.
Do direito romano nos vem uma grande divisão, que distribui todos os bens em dois grandes grupos, o das coisas corpóreas e coisas incorpóreas, tendo em vista a possibilidade de serem ou não tocadas. Entretanto essa classificação não é totalmente precisa, uma vez que exclui coisas perceptíveis por outros sentidos, como os gases, que não são tocáveis, mas nem por isso deixam de ser coisas corpóreas. Assim, o critério distintivo atual é diferente do romano: não é mais a tangibilidade em si que oferece o elemento diferenciador. Há coisas corpóreas naturalmente intangíveis e há coisas incorpóreas que abrangem bens tangíveis, como herança e fundo de comércio, considerados em conjunto como bens incorpóreos. As coisas corpóreas se transferem pela compra e venda, pela doação, etc, enquanto as incorpóreas, pela cessão.
Mas a doutrina não se prende nessa dicotomização, tratando das várias relações em que as coisas se encontram como objeto do direito subjetivo. Assim, o doutrinador, na denominação genérica de bens, tem em vista os vários critérios de classificação, dividindo-os em três grupos: a) bens considerados em si mesmos, sendo móveis e imóveis, fungíveis e infungíveis, consumíveis e inconsumíveis, divisíveis e indivisíveis, singulares e coletivos; b) bens reciprocamente considerados, ou seja, bens principais e acessórios e c) bens em relação com as pessoas e seus titulares, compreendendo os bens públicos e privados, disponíveis e indisponíveis.
BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS (arts. 79 a 91 do CC-02)
BENS IMÓVEIS E MÓVEIS
Bens imóveis são aqueles que não podem ser transportados de um lugar para outro sem alteração de sua substância. Bens móveis, por sua vez, são passíveis de deslocamento, sem quebra nem fratura. Nestes últimos (bens móveis), podemos enquadrar os bens semoventes, que são bens suscetíveis de movimento próprio.
Os bens imóveis são classificados pela doutrina de quatro formas. A primeira, imóveis por sua própria natureza, diz respeito aos bens que, de acordo com o art. 79 do CC-02, se constituem pelo “solo e tudo quanto se lhe incorporar naturalmente”. Existem bens imóveis, tais como árvores destinadas ao corte, que são considerados bens móveis por antecipação, já que a finalidade desses bens é se tornar um outro bem que terá o caráter de mobilidade.
A segunda característica diz respeito aos bens imóveis por acessão física, industrial ou artificial. Assim, é tudo que o homem incorporar permanentemente ao solo, como a semente lançada à terra, os edifícios e as construções, de modo que não podem ser retirados sem causar destruição ou dano. Esses bens adquirem natureza imobiliária.
Os bens imóveis por acessão intelectual são os bens que o proprietário intencionalmente destina e mantém no imóvel para exploração industrial, aformoseamento ou comodidade. São bens como ar condicionado, escadas de emergência, máquinas agrícolas, etc. São as chamadas pertenças.
Por fim, os bens imóveis por determinação legal são bens classificados dessa forma porque o que prevalece não é o aspecto naturalístico do bem, mas a vontade do legislador.
Os bens móveis podem ser classificados em três partes. A primeira, bens móveis por sua própria natureza, são bens que podem ser transportados de um local para outro apenas através do emprego de força alheia. É o caso de objetos pessoais em geral (lápis, bolsa, livros, etc.). Os bens móveis por antecipação são bens que, embora incorporados ao solo (e tendo o caráter de imóveis), são destinados a serem convertidos em objetos móveis. Já os móveis por determinação legal são considerados de natureza imobiliária por expressa determinação legal.
Bens semoventes, por outro lado, são os bens que se movem de um lugar para outro, por movimento próprio, como é o caso dos animais.
BENS FUNGÍVEIS E INFUNGÍVEIS
Bens fungíveis são aqueles que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. São bens que tem correspondentes, ou seja, mantém uma relação de equivalência com outros. É típico de bens móveis. Temos como exemplo café, soja e até dinheiro.
Bens infungíveis são os de natureza insubstituível. Por exemplo, uma obra de arte com valor sentimental para uma pessoa é insubstituível, já que ela não planeja se desfazer de tal nem em troca de dinheiro.
	BENS CONSUMÍVEIS E INCONSUMÍVEIS
Bens consumíveis são bens móveis cujo uso importa destruição imediata da propria substancia,bem como aqueles destinados à alienação. É o caso do alimento. Já bens inconsumíveis são aqueles que suportam uso continuado, sem prejuízo do seu perecimento progressivo e natural.
BENS DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS
Bens divisíveis são os que podem ser repartidos em porções reais e distintas, formando cada uma delas um todo perfeito. De acordo com o Novo Código Civil (2002), “bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na substancia, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam”. Caso contrário, são bens indivisíveis.
Portanto, os bens podem ser indivisíveis por determinação legal (o módulo rural, a servidão), por convenção (uma obrigação de dinheiro que deva ser satisfeita por vários devedores, estipulou-se a indivisibilidade do pagamento) ou por sua própria natureza (no caso de um animal).
BENS SINGULARES E COLETIVOS
Bens singulares são coisas consideradas em sua individualidade, representadas por uma unidade autônoma e, por isso, distinta de quaisquer outras. Podem ser simples, quando as suas partes componentes encontram-se ligadas naturalmente (uma árvore) ou compostas, quando a coesão de seus componentes decorre de criação humana (um avião, um relógio).
Bens coletivos são os que, sendo compostos de várias coisas singulares, são considerados em conjunto. As coisas coletivas formam universalidade de fato ou de direito.
Universalidade de fato é o “conjunto de coisas singulares simples ou compostas, agrupadas pela vontade da pessoa, tendo destinação comum, como um rebanho ou uma biblioteca. A unidade baseia-se na realidade natural”. De acordo com o Novo Código Civil, em seu art. 90, “constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária”.
Universalidade de direito, por outro lado, consiste em um “complexo de direitos e obrigações a que a ordem jurídica atribui caráter unitário, como o dote ou a herança. A unidade é resultante da lei”. De acordo com o art. 91, “constitui universalidade de direito de uma pessoa o complexo de relações jurídicas dotadas de valor econômico”. É o caso do patrimônio, do espólio e da massa falida.
DOS BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS
Essa classificação leva em consideração a relação jurídica entre os bens principais e os bens acessórios. Principal é o que possui autonomia estrutural, ou seja, que existe sobre si, abstrata ou concretamente, enquanto acessório é aquele cuja existência supõe a do principal (art.92 do CC). O acessório segue sempre a sorte do principal, adquirindo sempre a natureza da coisa principal.
São bens acessórios frutos, produtos, rendimentos (frutos civis), pertenças, benfeitorias e partes integrantes.
FRUTOS
São produtos da coisa principal que guardam uma certa utilidade. Sua percepção não diminui a substância (ex.: soja, maçã, bezerro, juros, aluguel), ou seja, não causa destruição total nem parcial da coisa principal.
Os frutos podem ser, quanto à natureza, naturais (gerados pelo bem principal sem necessidade da intervenção humana – por exemplo, laranja, soja, crias de um rebanho), industriais (decorrentes da atividade industrial humana – bens manufaturados) e civis (utilidades que a coisa frugífera periodicamente produz, de modo a constituir renda – juros, aluguel).
Quanto a ligação com a coisa principal, os frutos podem ser colhidos ou percebidos (já destacados da coisa principal), pendentes (ainda ligados à coisa principal), percipiendos (que deveriam ter sido colhidos mas não o foram), estantes (frutos já destacados, que se encontram estocados e armazenados para venda) e consumidos (não mais existem).
Assim, vê-se que, quanto à classificação em frutos, os bens tem um caráter alto de volatilidade.
PRODUTOS
Também classificados como bens acessórios, os produtos são utilidades que a coisa principal produz, cuja percepção ou extração diminui a sua substância (ex.: pedras e metais que se extraem das minas e das pedreiras). Assim, a alterabilidade da substância principal é o ponto distintivo entre os frutos e os produtos.
RENDIMENTOS
Rendimentos consistem em frutos civis, ou seja, são produtos tirados da utilização da coisa frugífera por outrem que não o proprietário, a exemplo do aluguel, dos juros e dos dividendos.
PERTENÇAS
Pertenças são coisas acessórias destinadas a conservar ou facilitar o uso das coisas principais, sem que destas sejam parte integrante. Exemplos disso são máquinas utilizadas em fábrica, implementos agrícolas, provisões de combustível, aparelhos de ar condicionado.
BENFEITORIAS
Benfeitoria é a obra realizada pelo homem, na estrutura da coisa principal, com o propósito de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la. Podem ser consideradas de três modos diferentes: necessárias, úteis e voluptuosas. As primeiras são as benfeitorias realizadas para evitar um estrago iminente ou a deterioração da coisa principal. As úteis são empreendidas com o escopo de facilitar a utilização da coisa. E, por último, as voluptuosas são empreendidas para mero deleite ou prazer, sem aumento da utilidade da coisa.
Toda benfeitoria é artificial, decorrendo de uma atividade humana. A identificação de uma benfeitoria não é fácil, em função da circunstância de que os bens não tem uma única utilidade intrínseca e absoluta. Uma piscina, por exemplo, pode ser uma benfeitoria voluptuária (em uma mansão), útil (em uma escola) ou necessária (em uma escola de hidroginástica).
Diferem das acessões industriais ou artificiais (construções ou plantações) por essas terem disciplina própria e constituírem modos de aquisição da propriedade imóvel. A acessão traduz união física com aumento de volume e, diferentemente das benfeitorias, pode também ser natural (aluvião, avulsao, formação de ilhas). Assim, enquanto benfeitorias são obras ou despesas feitas em coisa já existente, acessões industriais são obras que criam coisas novas e têm regime jurídico diverso, sendo um dos modos de aquisição da propriedade imóvel.
Se a estrutura da casa é aproveitada para abrir uma garagem, realiza-se uma benfeitoria. Se um galpão contíguo é construído para servir de garagem, realiza-se uma acessão artificial. Nesse último caso, houve considerável aumento de volume da coisa principal.
AS PARTES INTEGRANTES
Entende-se por partes integrantes os bens que, unidos a um principal, formam com ele um todo, sendo desprovidos de existência material própria, embora mantenham sua identidade. É o caso de uma lâmpada em relação a um lustre.
DOS BENS PÚBLICOS E PARTICULARES
Os bens particulares se definem por exclusão, ou seja, são aqueles que não pertencem ao domínio público, mas sim à iniciativa privada. Já os bens públicos são os que pertencem à União, aos Estados ou aos Municípios (art. 98 do CC-02). Esta classe, objeto de domínio público, subdivide-se em:
Bens de uso comum do povo – bens públicos cuja utilização não se submete a qualquer tipo de discriminação ou ordem especial de fruição. É o caso de praias, estradas, ruas e praças, que são inalienáveis
Bens de uso especial – bens públicos cuja fruição, por titulo especial, na forma da lei, é atribuída a determinada pessoa, bem como aqueles utilizados pelo próprio Poder Público para a realização dos seus serviços públicos. É o caso dos prédios onde funcionam as escolas públicas. São também inalienáveis
Bens dominicais ou dominiais – são bens públicos não afetados à utilização direta e imediata do povo, nem aos usuários de serviços, mas que pertencem ao patrimônio estatal. É o caso dos títulos pertencentes ao Poder Público, dos terrenos de marinha e das terras devolutas. São alienáveis, observadas as exigências da lei
BENS DE FAMÍLIA
De acordo com o Código Civil de 1916, art 70, bem de família é o prédio destinado pelos chefes de família ao exclusivo domicílio desta, mediante especialização no registro imobiliário, consagrando-lhe uma impenhorabilidade limitada e uma inalienabilidade relativa. Assim, trata-se do chamado bem de família voluntário, uma vez que sua instituição decorre deato de vontade dos chefes de família (observando-se o procedimento previsto nos arts. 260 e 265 da Lei n. 6.015\73, Lei de Registros Públicos).
O bem de família voluntário tem por efeito determinar:
Impenhorabilidade (limitada) do imóvel residencial – isentando-o de dívidas futuras, salvo as que provierem de impostos relativos ao mesmo prédio (ex, iptu)
Inalienabilidade (relativa) do imóvel residencial – uma vez que, após instituído, não poderá ter outro destino ou ser alienado, senão com o expresso consentimento dos interessados e seus representantes legais (mediante alvará judicial, ouvido o Ministério Público, havendo participação de incapazes) (art. 72 do CC-16)
O novo Código Civil, mantendo as diretrizes teóricas do instituto, consagra algumas modificações que merecem detida consideração (arts. 1711 a 1722 do CC-02).
De acordo com esse código, o legislador autoriza a instituição do bem de família não apenas pelo casal, mas também pela entidade familiar (união estável, família monoparental) e por terceiro (este, por testamento ou doação, poderá instituir o bem de família, dependendo da eficácia da cláusula da aceitação expressa de ambos os cônjuges ou da entidade familiar beneficiada).
O novo código cria uma limitação objetiva ao proibir que a instituição do bem de família voluntário (art. 1712) ultrapasse um terço do patrimônio líquido do casal ou da entidade instituidora.
Os princípios de impenhorabilidade e inalienabilidade estão consagrados. A impenhorabilidade não atua em caso de tributos ou despesas condominiais relativas ao mesmo prédio – em caso de execução por tais dívidas, o saldo existente será aplicado em outro prédio, como bem de família ou em títulos da dívida pública, para sustento familiar, salvo se motivos relevantes aconselharem outra solução (art. 1715 do CC-02). E é inalienável, destinando-se exclusivamente ao domicílio e sustento familiar.
A administração do bem de família competirá a ambos os cônjuges (casamento), aos companheiros (união estável) ou ao pai ou a mãe, cabeça da prole (família monoparental). Seguindo a ordem legal, na falta de quaisquer destes, a administração tocará ao filho mais velho, se maior for, ou ao tutor.
A dissolução da sociedade conjugal – por separação judicial ou divórcio – não extingue o bem de família, ressalvada a hipótese de morte de um dos cônjuges. Nesse caso, poderá o sobrevivente requerer a extinção do bem de família, se for o único bem do casal (art. 1721 do CC-02).
Finalmente, extingue-se, em caráter definitivo, se sobrevier a morte de ambos os cônjuges, dos companheiros ou do cabeça da família monoparental, e os filhos atingirem a maioridade, desde que não estejam sob curatela (art. 1722 do CC-02).
Deve-se reconhecer que essa forma voluntaria de instituição do bem de família não alcançou sucesso, por haver transferido para o particular encargo de tamanho realce, qual seja, a proteção do imóvel residencial onde a família reside. Por essas razões, ao lado da instituição voluntaria do bem de família, convive o denominado BEM DE FAMÍLIA LEGAL.
Essa espécie traduz a impenhorabilidade do imóvel residencial próprio do casal ou da entidade familiar, isentando-o de dívidas civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de qualquer natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, ressalvadas as hipóteses previstas em lei. Tal isenção compreende o imóvel sobre o qual se assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados.
Não ficam fora do amparo legal o locatário, tampouco o comodatário, usufrutuário e promitente-comprador que estejam em situação semelhante à do inquilino.
O norte para a interpretação sobre a qualificação como bem de família impenhorável não deve se limitar apenas ao indispensável para a subsistência, mas sim ao necessário para uma vida familiar digna, sem luxo. Nesse diapasão, tem-se admitido a extensão da impenhorabilidade do bem de família até mesmo no jazigo familiar, numa ideia de que tal proteção reside, fundamentalmente, em uma concepção de tutela da dignidade humana e o respeito à memória dos mortos.
A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
Em razão de créditos de trabalhadores da propria residência e das respectivas contribuições previdenciárias
Pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato
Pelo credor de pensão alimentícia
Para a cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar
Para a execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar
Por ter sido adquirido com produto de crime ou para a execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens
Por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação.

Continue navegando