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Liberdade x Determinismo

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Liberdade X Determinismo
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“Filosofar quer dizer lutar em todas as circunstâncias pela independência íntima (...)
A independência absoluta é impossível (...) Somos independentes apenas quando estamos simultaneamente integrados no mundo. A independência não logra realizar-se pela retirada, pelo afastamento do mundo. Ser independente significa comportarmo-nos no mundo, de um modo peculiar: estar e não estar no mundo, ao mesmo tempo estar dentro e fora dele.” Karl Jaspers
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Segundo o determinismo científico, tudo o que existe tem uma causa. O mundo explicado pelo princípio do determinismo é o mundo da necessidade, e não o dá liberdade.
Necessário significa “tudo aquilo que tem de ser e não pode deixar de ser”. Nesse sentido, a necessidade é o oposto de contingência, que significa “o que pode ser de um jeito ou de outro”.
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Ora, se a ciência não partisse do pressuposto do determinismo, seria impossível estabelecer qualquer lei. Não haveria conhecimento científico se tudo fosse contingente, isto é, pudesse acontecer ora de uma forma ora de outra.
Necessidade, fatalidade, determinismo significam que não há lugar para a liberdade, porque, segundo a teoria determinista, o curso das coisas e de nossas vidas já está fixado, sem que nele possamos intervir.
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Contrapondo-se ao determinismo, há teorias que enfatizam a possibilidade da liberdade humana absoluta, do livre-arbítrio, segundo o qual o homem tem o poder de escolher um ato ou não, independente das forças que o constrangem. Segundo essa perspectiva, ser livre é decidir e agir como se quer, sem qualquer determinação causal, quer seja exterior	(ambiente em que se vive), quer seja interior (desejos, caráter). Ser livre, é portanto, ser incausado.
Na verdade, o homem é determinado e livre.
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A liberdade é a capacidade para darmos um sentido novo ao que parecia fatalidade, transformando a situação de fato numa realidade nova criada por nossa ação. Essa força transformadora, que torna real o que era somente possível e que se achava apenas latente como possibilidade, é o que faz surgir uma obra de arte, uma obra de pensamento, uma ação heróica, um movimento anti-racista, uma luta contra a discriminação, uma resistência à tirania e a vitória contra ela. 
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Nosso desejo e nossa vontade não são incondicionados, mas os condicionamentos não são obstáculos à liberdade e sim o meio pelo qual ela pode exercer-se.
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O homem é realmente determinado, pois se encontra situado em um tempo e espaço e herdeiro de uma determinada cultura.
Mas o homem é também um ser consciente, capaz de conhecer esses determinismos; tal conhecimento permitirá a ação transformadora que, a partir da consciência das causas, pode construir um projeto de ação.
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Pensamento concreto dá-se quando o homem pensa e cria em função de uma necessidade imediata, aqui e agora.
Pensamento abstrato é a capacidade de trabalhar com símbolos. Ele é capaz de se transpor mentalmente para o passado e para o futuro através de projetos, sonhos, lembranças, tornando-os presentes.
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O termo existencialismo designa o conjunto de tendências filosóficas que, embora divergentes em vários aspectos, têm na existência humana o ponto de partida e objeto fundamental das reflexões.
O existencialismo atingiu o grande público depois da Segunda Guerra Mundial, sobretudo entre os anos 1945- 1960. Destaca o valor da pessoa, sua independência, liberdade; insiste na autonomia do indivíduo em face da sociedade e do Estado. Condena as estruturas dominantes. Vê cada homem como caso único. Não há uma essência igual para todos.
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Para essa filosofia, o homem foi lançado ao mundo que não escolheu. O homem não escolhe o seu nome, a sua classe social, a sua forma física, a sua língua,etc. Por isso, o homem tem sempre que assumir uma decisão: está condenado a escolher. 
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Escolher a sua vida, a sua liberdade. Essa escolha leva à tensão, a angústia, ao desespero, porque implica a idéia do nada. Ao homem só resta a liberdade. É ela que determina a escolha.
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De modo geral, identificamos nos filósofos existencialistas algumas concepções básicas, cujo traço comum é a visão dramática do destino do homem.
Vejamos:
* O ser humano é representado como uma realidade imperfeita, aberta e inacabada, que foi “lançada” ao mundo e vive sob riscos e ameaças.
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A liberdade humana não é plena, mas condicionada às circunstâncias históricas da existência. Nesse sentido, o querer não se identifica ao poder. O homem age no mundo, superando ou não os obstáculos que se lhe apresentam.
A vida humana não é um caminho linear em direção ao progresso, ao êxito, ao crescimento. Ao contrário, é marcada por situações de sofrimento como a doença, a dor, as injustiças, as luta pela sobrevivência,o fracasso, a velhice, a morte. Assim, não podemos ignorar o sofrimento humano, a angústia interior e a exploração social.
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“A existência precede a essência”. Essa frase é o ponto comum entre os filósofos existencialistas. Um dos principais filósofos da corrente existencialista é o francês Jean- Paul Sartre.
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Exercícios
 LLeia o excerto. Admitamos agora que a moral pressupõe necessariamente a liberdade (no sentido mais estrito) como propriedade da nossa vontade, porque põe a priori, como dados da razão, princípios práticos que têm a sua origem nesta mesma razão e que sem o pressuposto da liberdade seriam absolutamente impossíveis.
KANT. Crítica da razão pura.
EXPLIQUE o sentido do texto, realçando a importância da liberdade.
Questão 2
“Temos que encarar as coisas como elas são. E, aliás, dizer que nós inventamos os valores não significa outra coisa senão que a vida não tem sentido a priori. Antes de alguém viver, a vida, em si mesma, não é nada; é quem a vive que deve dar-lhe um sentido; e o valor nada mais é do que esse sentido escolhido”.
SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo. Tradução. de Rita Correia Guedes. 3. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1987. p.21. (Coleção Os pensadores)
Tomando o texto acima como referência, responda:
Por que Sartre afirma que “[...] a vida, em si mesma, não é nada”?
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Questão 3
1. Observe este anúncio:
 Por meio de que recurso a associação realizada entre o produto à venda e a idéia de liberdade é possível? Posicione-se acerca da eficácia do anúncio, caso abrisse mão deste recurso.
 2. “Mesmo na liberdade, quando escolhia alegre novas veredas, reconhecia-as depois. Ser livre era seguir-se afinal, e eis de novo o caminho traçado.”
 (Clarice Lispector – Perto do Coração Selvagem)
 Com base neste trecho, reflita sobre a possibilidade de se realizar escolhas realmente livres. Será que ao escolhermos livremente não estamos seguindo caminhos já traçados?
 Questão 4
 Como você se posiciona frente à discussão apresentada? Baseado no seu cotidiano e no das pessoas que o (a) cercam, argumente em favor da liberdade ou do determinismo.
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