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Resumo Processo Civil FDSBC 1º bimestre

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RESUMO PROCESSO CIVIL
LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL (arts. 21 a 25 NCPC)
Todos os juízes possuem jurisdição, mas esta é limitada ao território nacional e às disposições constantes no ordenamento jurídico pátrio. As limitações decorrem do princípio da efetividade (decisão efetiva somente no território nacional). 
	Agir dentro do limite jurisdicional justifica a atuação da autoridade judiciária brasileira, seja de forma concorrente (arts. 21 e 22) ou exclusiva (art. 23). Não se enquadrando a hipótese nesse rol deve o processo respectivo ser extinto sem resolução do mérito, já que não pode ser julgado pela justiça brasileira por ausência não de competência, mas da própria jurisdição.
Competência Concorrente (arts. 21 e 22 NCPC)
Não exclui a competência de outros países, cabe ao interessado optar por propor a ação no Brasil ou em país igualmente competente, ou mesmo em ambos os lugares ao mesmo tempo. Se em outro país, a sentença estrangeira produzirá efeitos no Brasil apenas quando homologada pelo STJ.
Hipóteses Competência Concorrente: A) Ações em que o réu, qualquer que seja sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; B) no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; C) o fundamento seja fato ocorrido ou praticado no Brasil; D) de alimentos quando o credor tiver domicilio/residência no Brasil ou o réu mantiver vínculos no Brasil (posse, renda etc.); E) decorrentes de relações de consumo quando consumidor tiver domicilio ou residência no Brasil; F) em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional (diz respeito à valorização da autonomia de vontade).
Competência Exclusiva (art. 23 NCPC)
Neste caso sentença estrangeira não pode ser homologada porque não produz efeitos.
Hipóteses Competência Exclusiva: A) Conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; B) Em matéria de sucessão hereditária, proceder a inventário de partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional [essa regra não se confunde com a possibilidade de aplicação do direito material estrangeiro quando em benefício de cônjuge ou de filhos brasileiros, mas as normas processuais que irão nortear todo o trâmite processual serão brasileiras]; C) Em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. 
Cláusula de Eleição de Foro (art. 25 NCPC)
Nossa legislação possibilita que as partes indiquem a jurisdição brasileira, com exclusão do foro estrangeiro, mesmo quando nenhuma delas tenha domicílio ou outro vínculo no Brasil. Para que esta regra tivesse efeito bilateral o novo CPC possibilitou a exclusão da jurisdição brasileira no caso de eleição de foro estrangeiro.
COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
Normas internacionais visam conceder eficácia extraterritorial às medidas processuais provenientes de acordos ou tratados.
Art. 26 determina que a cooperação internacional será regida pelos tratados internacionais dos quais o Brasil seja signatário ou, na falta destes, por meio da reciprocidade manifestada pela via diplomática (§ 1º) e não será admitida prática de atos que contrariem ou produzam resultados incompatíveis com as normas fundamentais que regem o Estado brasileiro (§ 3º).
Cooperação Internacional Ativa: Brasil faz o pedido de cooperação ao Estado estrangeiro.
Cooperação Internacional Passiva: pedido é apresentado ao Brasil por outro Estado.
Mecanismos de Cooperação Internacional:
Auxílio Direto: quando se cumpre a solicitação feita entre Estados, pedido é encaminhado pela autoridade central ao órgão que deverá realizar o ato processual solicitado (sem necessidade de carta rogatória) , busca maior agilidade ao processo. Não cabe submeter o pedido de auxílio direto à apreciação do STJ para fazer uma análise acerca da legalidade formal. Se o pedido compreender apenas a prática de um ato que dispensa a prestação jurisdicional, a própria autoridade central (Ministério da Justiça)poderá adotar as providências.
Aux. Direto Passivo: Nesse caso, a autoridade central o encaminhará à Advocacia-Geral da União, que requererá em juízo a medida solicitada. A competência para apreciar o pedido de auxílio direto passivo é do Juízo Federal do lugar em que deve ser executada a medida (art. 34).
Carta Rogatória: autoridade judicial solicita ao Estado requerido que execute o ato jurisdicional já proferido, de modo que não cabe àquele outro Estado exercer qualquer cognição de mérito sobre a questão processual (competência para a execução de carta rogatória é de juiz federal, após a concessão do exequatur/permissão por parte do STJ).
Diferentemente da Carta Rogatória, não existe no Auxílio Direto análise prévia da legalidade do ato jurisdicional. No Auxílio Direto não há comunicação direta entre juiz brasileiro e a autoridade estrangeira, o pedido é encaminhado pela autoridade central estrangeira à autoridade central brasileira (Ministério da Justiça).
JURISDIÇÃO, AÇÃO E PROCESSO
Jurisdição visa solucionar conflitos preservando a paz social.
Direito Processual Civil: normas que regulam a função jurisdicional do Estado.
A jurisdição é provocada mediante o direito de ação e será exercida por meio do conjunto de atos denominado processo. 
JURISDIÇÃO
Compor litígios, declarar e realizar o direito. Pela visão clássica, a jurisdição pode ser compreendida sob três enfoques distintos: poder (sentido de obrigatório, juiz decide de modo imperativo), função (judiciário deve te atender) e atividade (juiz pratica ou impulsiona os atos > princípio do impulso inicial).
Características
Unidade: jurisdição é uma pois é uma função monopolizada dos juízes (função exclusiva do Poder Judiciário é visão clássica, ultrapassada).
Secundariedade: jurisdição deveria ser a última opção na solução de litígios porque existem meios alternativos menos gravosos como autotutela, mediação etc.
Substitutividade: ao exercer a jurisdição, o Estado substitui a vontade das partes, as quais obrigatoriamente se sujeitarão à decisão. 
Imparcialidade: o Estado-juízo deve ser imparcial, devendo prevalecer o interesse geral da administração pública na sentença (não o interesse particular).
Criatividade: Estad criará nova norma ao final de cada caso.
Inércia: jurisdição depende de provocação.
Definitividade: suscetibilidade da decisão judicial para se fornar imutável (coisa julgada). A princípio toda coisa julgada é formal (sem mérito), quando juiz aprecia mérito se torna coisa julgada material (grau mais elevado de estabilidade). 
Princípios da Jurisdição
Juízo Natural
Objetivo: desdobra-se em duas garantias básicas: 1) preexistência do órgão jurisdicional ao fato; 2) respeito às regras de determinação de competência (juís deve ser competente)
Subjetivo: imparcialidade do juiz e auxuliares.
Improrrogabilidade
Competência do juízo não pode ser prorrogada; define os limites de atuação dos órgãos jurisdicionais, juiz só poderá atuar naquele órgão competente para o qual foi designado.
Indeclinabilidade (ou inafastabilidade)
Indeclinabilidade diz que o judiciário não pode deixar de apreciar o conflito, deverá dar resposta quando solicitado. Inafastabilidade se relaciona a parte que não será afastada do direito de pedir a tutela jurisdicional.
Inevitabilidade
Uma vez solicitada tutela e proferida sentença, a parte não poderá deixar de cumprir a decisão (obrigatória). 
Indelegabilidade
Juiz não pode delegar causa que lhe foi atribuída à outrem, deve ele diretamente realizar os atos decisórios (exceçõs > carta precatória, auxiliares podem realizar atos não decisórios etc).
Jurisdição Contenciosa
Função de resolver conflitos.
Jurisdição Voluntária
Responsável pela administração de interesses privados, mesmo sem lide/conflito, a questão deverá ser levada ao judiciário (ex: adoção, divórcio com filhos menores de 18 etc). Há duas correntes a respeito da natureza jurídica dajurisdição voluntária:
Clássica: entende que não há jurisdição pois trata-se de atividade administrativa, conclui que se não há lide nem jurisdição então a decisão não forma coisa julgada.
Jurisdicionalista (majoritária): ao contrário da clássica, diz que há jurisdição pois a existência de lide não é fator determinante da sua natureza; existem partes (no sentido processual do termo); o Estado age como terceiro imparcial; há coisa julgada.
Tutela Jurisdicional (resolução da lide)
Após o direito de ação, há condições para análise do pedido do juiz (chegar à tutela jurisdicional). Há dois tipos de tutela:
Tutela de Conhecimento: contém a afirmação acerca da existência ou não do direito postulado em juízo (é toda aquela que não é da tutela executiva). Pode ser:
Meramente declaratória: decisão que declara a existência ou inexistência de relação jurídica ou autenticidade ou falsidade de documento.
Condenatória: juiz condena réu a prestar obrigação.
Constitutiva: modificar, criar ou extinguir estado ou relação jurídica (ex: divórcio).
Tutela Executiva: satisfação ou realização de um direito já previsto na lei.
PS > em vista no NCPC, não se pode mais utilizar a expressão tutela cautelar, como espécie autônoma de tutela jurisdicional, porque ela agora é uma subespécie de tutela de urgência; pode ser pedida no processo de conhecimento ou execução. 
Sistematização das Tutelas Jurisdicionais
Quanto à satisfatividade: satisfativa quando realiza/satisfaz o direito material (ex: tutelas jurisdicionais de conhecimento declaratórias e constitutivas)
Quanto à forma de execução: conforme se esteja diante de processo autônomo de execução (casos de execução fundada em titulo extrajudicial) ou mera fase do processo de conhecimento.
Quanto ao meio de prestação
Tutela Jurisdicional Comum: quando utilizado método/procedimento comum.
Tutela Jurisdicional Diferenciada: utilizado procedimento especial.
Quanto ao direito protegido: meu (tutela individual) ou de toda coletividade (tutela coletiva).
Tutela Jurisdicional Sob Perspectiva do Réu
Tanto autor como réu podem solicitar tutela jurisdicional.
No Âmbito da Execução: embargos à execução é uma ação para que o réu se manifeste (não é defesa porque esta inexiste na execução).
Órgãos Jurisdicionais Incumbidos da Tutela Jurisdicional:
Justiça Especial: justiça do trabalho, eleitoral e militar.
Justiça Comum: justiças federal e estadual.
MEIOS ALTERNATIVOS DE PACIFICAÇÃO SOCIAL
Autotutela, mediação e conciliação, julgamento por órgão administrativo e arbitragem (é jurisdição).
AÇÃO
É um direito público (porque se dirige contra o Estado-juízo) e subjetivo (de cada um) de acionar a jurisdição.
Teorias e Conclusão
Houve diversas teorias sobre o direito de ação, conclui-se que ele é autônomo e abstrato:
Autônomo: porque independe do direito material.
Abstrato: porque resultado pode ser favorável ou não.
“Condições da Ação” (Requisitos processuais necessários à concretização da tutela de mérito):
O NCPC não mais utiliza o termo “condições da ação”. Para postular em juízo é necessário:
Interesse
Legitimidade
Elementos da Ação
Subjetivos
Partes: quem participa da relação processual e faz parte do contraditório (ex: autor e réu).
Objetivos
Causa de Pedir: são os fatos e fundamentos jurídicos do pedido
Remota: se relaciona aos fatos.
Próxima: se relaciona aos fundamentos.
Pedido: é a pretensão, conclusão da exposição dos fatos e fundamentos jurídicos constantes na petição inicial.
Imediato: tipo de tutela jurisdicional pedida
Mediato: bem jurídico pretendido
Os elementos da ação (identificam a ação) relacionam-se com:
Coisa julgada;
Litispendência;
Art. 337 NCPC
§ 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada;
§ 2º  Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido;
§ 3º Há litispendência quando se repete ação que está em curso;
§ 4º Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado.
Conexão;
Art. 55 NCPC “Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir.” (consequência da conexão é a reunião dos processos para julgamento conjunto salvo se uma delas já houver sido sentenciada).
Continência. 
Art. 56 NCPC “Dá-se a continência entre 2 ou mais ações quando houver identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais” (consequência > se o pedido mais amplo foi feito antes irá permanecer, se o pedido menos amplo foi feito antes e posteriormente o mais amplo, as ações serão reunidas).

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