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1 TDAH CARTILHA DE ORIENTAÇÃO AOS PAIS, ESCOLA E PROFISSIONAIS CORUMBÁ (MS) 2017 2 Cartilha desenvolvida pelos acadêmicos do curso de Psicologia da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS): Ana Paula Ribeiro Claúdia Moura Gabrielle Migués Geicyanne Nunes Paulo Reis Filho Thaís Isis Da Cruz Vera Professora Orientadora: Dra. Iliane Esnarriaga 3 Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis. (ECA, 1990) Eu vivo sempre no mundo da lua Porque sou um cientista O meu papo é futurista. É lunático (Guilherme Arantes) 4 SUMÁRIO O que é ? ..........................................................................................................05 Como se caracteriza ? .........................................................................................06 Quando se inicia ? ...............................................................................................06 Sintomas em crianças e adolescentes .....................................................................07 Principais consequências a pessoas com Tdah .........................................................08 Como é realizado o diagnóstico ? ...........................................................................08 Passos para se fazer uma boa avaliação ......................................................09 Tratamento .........................................................................................................10 Alguns dos programas comportamentais mais usados para ajudar a tratar o TDAH em uma criança incluem .................................................................10 Papel da família ...................................................................................................11 Dicas para os pais de crianças com TDAH ....................................................12 Papel da escola ....................................................................................................13 Alguns possíveis sinais do TDAH em crianças nas escolas ..............................15 Referências bibliográficas ......................................................................................16 5 VAMOS CONHECER MAIS SOBRE O TDAH O QUE É ? O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é visto como um distúrbio do comportamento, que tem sua origem em uma combinação de fatores, sendo esses: genéticos, neurobiológicos, ambientais e múltiplos genes associados, trazendo como consequência uma baixa no aprendizado (COUTO; MELO-JUNIOR; GOMES, 2010). No DSM-V, o TDAH esta classificado entre os transtornos do neurodesenvolvimento, que se expressam por dificuldades no desenvolvimento. 6 COMO SE CARACTERIZA ? O TDAH caracteriza-se pelo conjunto de três sintomas: desatenção, hiperatividade e impulsividade. Esses se apresentam de maneira desproporcional e variável, tendo em vista a idade e o nível de desenvolvimento do sujeito. As implicações desses sintomas consistem em: atividades motoras excessivas, dificuldade em sustentar a atenção, dificuldade para controlar os impulsos (HORA; SILVA; RAMOS; PONTES; NOBRE. 2015). QUANDO SE INÍCIA ? As manifestações do transtorno sempre têm início na infância. Os sintomas geralmente aparecem antes dos sete anos e podem ser apresentados até os doze anos, após esse período deve ser descartado o diagnóstico de TDAH, de acordo com manual o DSM-V. 7 Assim sendo, ninguém adquire o transtorno na adolescência ou idade adulta. Porém, se não tratado o transtorno pode persistir na adolescência e na vida adulta, em maior ou menor grau, comprometendo o comportamento funcional da pessoa em vários setores de sua vida como: familiar, social, laboral e acadêmico. SINTOMAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção, a pessoa com TDAH pode apresentar os seguintes sintomas: Agitação; Inquietação; Não conseguem ficar quietas (mexem mãos e pés, mexem em vários objetos); Falam muito; Têm dificuldade de permanecer atentos em atividades longas, repetitivas ou que não lhes sejam interessantes; São facilmente distraídas por estímulos do ambiente ou se distraem com seus próprios pensamentos; Tem dificuldade em se organizar e planejar o que precisam fazer; São esquecidos. Esquecem o material, esquecem o recado da professora, esquecem o que estudaram para a prova; 8 A impulsividade apresenta-se em situações como: não conseguir esperar sua vez, não ler a pergunta até o final e responder, interromper os outros, agir sem pensar. PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS A PESSOAS COM TDAH Baixo auto estima; Dificuldade em relacionamento; Baixo desempenho escolar; Interferência no desenvolvimento educacional e social; Predisposição a distúrbios psiquiátricos. COMO É REALIZADO O DIAGNÓSTICO ? O diagnóstico do TDAH é bastante complexo, devendo ser realizado de maneira conjunta por especialistas de várias áreas para que se alcance um diagnóstico satisfatório. A não realização de um diagnóstico fidedigno poderá causar ou estender o sofrimento do indivíduo. (GOMES; GOULART; PIOVESAN, 2013) O diagnóstico para o profissional psicólogo envolve, observação clínica, avaliação psicológica e histórico escolar e familiar. Só é possível estabelecer o diagnóstico quando o indivíduo inicia o período escolar e apresenta os sintomas em pelo menos 2 ambientes distintos. (COUTINHO, G. et al, 2007) 9 Importante ressaltar que para se estabelecer o diagnóstico de TDAH os sintomas observáveis devem ser quantitativamente anormais e intensos (HORA; SILVA; RAMOS; PONTES; NOBRE. 2015). Passos para se fazer uma boa avaliação Segundo a ABDA, deve-se seguir o seguinte cronograma para se realizar um diagnóstico fidedigno: 1. Um histórico médico completo da pessoa e da família; 2. Um exame físico; 3. Entrevistas com os pais, criança e professor; 4. Escalas de avaliação de comportamento preenchidas pelos pais e professores; 5. Observação da criança; 6. Uma variedade de testes psicológicos para medir o aprendizado e a adequação social e emocional, bem como para indicar a presença de dificuldades de aprendizagem específicas. A Associação Brasileira do Déficit de Atenção ressalta que, quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maior a possibilidade de sucesso do tratamento. Portanto, é fundamental os familiares e a escola estarem atentos aos comportamentos da criança em casa e na escola, e suspeitando de algo encaminhar a criança a um profissional da área. 10 TRATAMENTO O tratamento de TDAH deve ser realizado de modo múltiplo, combinando psicoterapia com a criança ou o adulto, orientação aos pais e professores, ensino de técnicas específicas para o paciente e em casos específicos a medicação compõe o tratamento (ABDA, 2015); Importante: A opção por medicamentos devem ser muito bem avaliados. Comprovadamente a terapia cognitiva comportamental é que apresenta melhores resultados. O terapeuta deve funcionar como um treinador, dando instruções e sinalizando ("perceba como estáse perdendo em detalhes... como está desviando de seu objetivo., pare, volte àquele assunto..."). O foco da terapia deve ser a mudança de velhos hábitos que já se tornaram vícios: adiamento crônico, desorganização, pensamentos negativos, além do resgate da autoconfiança e da autoestima, geralmente muito abaladas (ABDA, 2015); Alguns dos programas comportamentais mais usados para ajudar a tratar o TDAH em uma criança incluem: Gestão de comportamento. Sistemas de tempo limite e de recompensas podem ajudar uma criança que tem TDAH a aprender comportamentos adequados para a sala de aula e em casa. Os pais aprendem as habilidades de gerenciamento de comportamento durante sessões de aconselhamento em dias determinados pelo psicólogo. 11 Treinamento de habilidades sociais. Estas técnicas ajudam a criança a aprender a ser menos agressiva e impulsiva. As crianças aprendem a controlar a raiva e se comportar de uma forma mais socialmente aceitável. Aconselhamento, incluindo terapia de família. Todos os membros da família podem se beneficiar de um aprendizado sobre como lidar melhor com o TDAH. A intervenção comportamental para adultos centra-se na ajuda com habilidades organizacionais e relacionamentos saudáveis. PAPEL DA FAMÍLIA A família é um espaço de extrema importância para a compreensão e auxílio de qualquer dificuldade que a pessoa com o transtorno possa vivenciar. As exigências de uma criança com TDAH podem provocar conflitos na família a respeito da educação da criança, entre outros. Desse modo, a comunicação é o elemento chave que une os indivíduos. O apoio psicológico é fundamental também para a família, no sentido de sanar as dúvidas, angústias e questionamentos que surjam durante o processo de tratamento do membro familiar com o transtorno. (AAP, 2001) Os aspectos sociais e emocionais dos pais, assim como os métodos utilizados por eles na educação de seu filho, influenciam nas atitudes e comportamentos 12 apresentados pela criança e possibilitam a sua compreensão do comportamento diferenciado da criança com TDAH em relação às outras crianças. (GOMES; GOULART; PIOVESAN, 2013) Ter a família como aliada é fundamental para se obter sucesso no tratamento. As instruções dadas pelos profissionais ao paciente devem ser seguidas em casa com o auxílio e acompanhamento permanente dos pais. Dicas para os pais de crianças com TDAH Segundo a ABDA, existem uma série de estratégias que podem auxiliar os pais de crianças com TDAH, abaixo seguem algumas: Manter limites claros e consistentes, relembrando-os frequentemente. É importante estabelecer uma rotina diária para a criança com expectativas claras que incluem coisas como a hora de dormir, horário das refeições, tarefas simples e TV. Advertir construtivamente o comportamento inadequado, esclarecendo com a criança o que seria mais apropriado e esperado dela naquele momento. Não cobre resultados, cobre empenho. Ensinar a criança a não interromper as suas atividades: tentar finalizar tudo aquilo que começa. Os pais devem evitar a multitarefa ao falar com o seu filho. É muito importante o contato visual ao dar instruções. 13 Ensinar para a criança meios de lidar com situações de conflito (pensar, raciocinar, chamar um adulto para intervir, esperar a sua vez). Não exigir mais do que a criança pode dar: deve-se considerar a sua idade. É importante que as crianças sejam elogiadas, reconhecidas e valorizadas pelo que elas têm de bom, sempre que fizerem algo corretamente. Este reforço positivo aumenta a autoestima da criança e evita sérios problemas futuros. Ter sempre um tempo disponível para interagir com a criança. É fundamental trabalhar com os professores e profissionais de saúde para identificar problemas no início, e diminuir o impacto da condição na vida da criança. PAPEL DA ESCOLA Na sala de aula, mais demandas são colocadas sobre as crianças para prestar atenção, ouvir e seguir as regras de classe. Muitas vezes, os professores do ensino fundamental são os primeiros a observar os sintomas do TDAH na criança. Por isso, é fundamental que professores conheçam sobre o TDAH e que o assunto seja debatido na escola com os pais e profissionais da área. (ABDA, 2015) As intervenções realizadas no ambiente escolar são consideradas de grande importância, pois muitos casos de TDAH precisam de acompanhamento 14 psicopedagógico, assim como reforços escolares de forma lúdica, possibilitando o desenvolvimento social e educacional dessas crianças. O desempenho escolar das crianças com TDAH parece inferior ao esperado para a sua capacidade intelectual, embora esses problemas escolares estejam mais relacionados ao comportamento do que ao rendimento. (NETO,2010) Estas crianças apresentam dificuldade de memorização de sequências, não percebem detalhes, reincidem nos mesmos erros, desorganizam-se constantemente, esquecem conteúdos correlacionados ao tema principal, perdem-se nos eventos que são paralelos. Portanto, a escola deve participar do processo terapêutico formulando práticas e caminhos que facilite e otimize a absorção de conteúdos e a desenvoltura nas avaliações. No tocante ao TDAH na escola, podemos dividir tais estratégias em 3 eixos de ação: didática em sala de aula meios de avaliação apoio organizacional A didática em sala de aula deve buscar meios que melhorem a concentração deste aluno: mudar tom de voz de acordo com a necessidade dando ênfase em momentos mais importantes do assunto, colocar este aluno para sentar bem próximo do professor, começar a aula com algum tipo de motivação (uso de quiz ou perguntas que devem ser respondidas ao final após a transmissão do conteúdo e que, em caso de acerto, pode ser dada uma nota que se somará à média final), associar o assunto da aula a alguma situação do contexto que interessa ao aluno ou que tenha uma aplicação prática, utilizar–se de estímulos audiovisuais ou sensoriais, os quais têm grande poder de memorização, ser mais emocional na transmissão da aula, menos cópia e menos texto. No apoio organizacional, o professor pode ajudar criando uma rotina pré- estabelecida com o aluno o qual deve seguir repetidamente e diariamente. Esta espécie de roteiro serve para ser um lembrete diário. 15 Neste, pode-se escrever assim, passo-a-passo: 1. fazer as tarefas de hoje; 2. selecionar dúvidas para levar ao professor; 3. verificar maiores dificuldades; 4. estudar para as provas mais próximas; 5. organizar o material para o dia seguinte; etc. Assim, ao chegar em casa, este roteiro servirá de apoio para lembrar e criar uma forma de resolver sem se perder. Neste quesito, a família tem papel fundamental ao ajudar a concretizar este processo e sentar com a criança para fazer suas tarefas, tirando suas dúvidas e motivando a terminá-las. Alguns possíveis sinais do TDAH em crianças nas escolas: Tem dificuldade em manter a atenção em tarefas escolares ou atividades lúdicas; Ser incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer calmamente; Nunca finaliza um projeto iniciado; Falar demais; Tem dificuldade em esperar sua vez; É facilmente distraído por estímulos externos; Não consegue prestar muita atenção em detalhes ou comete erros por descuido. Seu desempenho sempre parece inferior ao esperado para sua capacidade intelectual. Desatento - parece estar prestando atenção, mas não se concentra. 16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS American Academy of Pediatrics(AAP). Clinical Practice Guideline: Treatment of the School-Aged Child With ADHD. Pediatrics, 4, 1033-1044. 2001. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-5 – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artmed, 2014. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO DÉFICIT DE ATENÇÃO - ABDA. Disponível em < http://www.tdah.org.br>. Acesso em: 17/03/2017. COUTINHO, G. et al. - Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade: contribuição diagnóstica de avaliação computadorizada de atenção visual. Rev. Psiq. Clín 34 (5); 215-222, 2007. COUTO, T.S; MELO-JUNIOR, M.R; GOMES, C.R.A. - Aspectos neurobiológicos do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH): uma revisão. 2010. Estratégias Pedagógicas - Portal NeuroSaber. Disponível em <https://neurosaber.com.br/artigos/estrategias-pedagogicas-para-alunos-com-tdah> Acesso em 20/03/2017. GOMES, Isadora; GOULART, Kenya; PIOVESAN, Giovanni et al. A Atuação do Psicólogo no Apoio à Criança com TDAH. Faculdade de Psicologia, Centro Universitário UNA. Belo Horizonte, 2013. Disponível em: <https://psicologado.com/psicopatologia/transtornos-psiquicos/a-atuacao-do- psicologo-no-apoio-a-crianca-com-tdah> Acesso em 19/03/2017 HORA, Ana Flávia; SILVA, Simone; RAMOS, Maely; PONTES, Fernando; NOBRE, João Paulo. A prevalência do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): uma revisão de literatura. Revista PSICOLOGIA, 2015, Vol. 29 (2), 47-62. endereço: <http://dx.doi.org/10.17575/rpsicol.v29i2.1031> Acesso em: 17/03/2017. NETO, Mário Rodrigues Louzã & Colegas – TDAH ao Longo da Vida. Porto Alegre: Artmed, 2010.
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