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Problemas Metafísicos Antropológicos

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Prévia do material em texto

Problemas Metafísicos 
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Valter Luiz Lara
Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan
Problemas Metafísicos Antropológicos
• Introdução
• Ser Humano: Ainda um Enigma?
• Há uma Essência Humana?
• Os Conflitos da Condição Humana, seus Limites e Possibilidades
• O Caráter Pluridimensional do Ser Humano
• Conclusão
 · Conhecer problemas, teorias e concepções que fundamentam a visão 
de ser humano desde o ponto de vista da reflexão filosófica metafísica
 · Conhecer alguns problemas específicos que estão implicados na 
concepção do ser humano como o dualismo do corpo e alma, 
identidade e alteridade, linguagem, representação e consciência.
 · Desenvolver olhar crítico sobre a variedade das noções do humano 
que identificam diferentes grupos, sociedades e culturas ao longo da 
história da humanidade.
 · Aprender alguns princípios que ajude o aluno a identificar situações 
que marcam a condição humana em seus limites e possibilidades.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Caro aluno,
Você está iniciando uma unidade de estudos sobre os problemas humanos sob 
a ótica da metafísica. Problem as humanos temos muitos e eles são de vários 
tipos. Vão desde os problemas mais imediatos como aqueles que enfrentamos 
em casa junto à família, no trabalho ou na escola. Há os problemas pessoais de 
relacionamento, os de natureza financeira e os de natureza pessoal que guardamos 
só para nós mesmos e às vezes os compartilhamos com os mais íntimos.
Acompanhe com muita atenção a distinção que será feita entre os dualismos que mar-
cam a busca pela essência humana e veja como o modo que nos definimos como pes-
soa: corpo, alma, emoção e razão, por exemplo, tem tudo a ver com o comportamen-
to que diariamente domina nossas atitudes diante da realidade. Claro que o contrário 
também é bem possível e talvez seja mais frequente. O modo como nos comportamos 
revela o que na prática concebemos. Ser e conceber são uma via de mão dupla.
Observe como autores destacam em sua avaliação do ser humano um ou outro 
traço que de repente você não tinha dado tanta importância, mas que pode fazer 
a diferença ao reavaliar o modo como conduzimos nossas vidas.
Veja também como a consciência crítica aberta para aprender mais dos problemas 
que fundam os princípios que condicionam a nossa identidade pode nos ajudar a 
compreender não apenas os outros ou a humanidade, mas sem dúvida a nós mesmos. 
Então aproveite esse estudo! Espero que ao final você mesmo perceba o crescimento.
ORIENTAÇÕES
Problemas Metafísicos Antropológicos
UNIDADE Problemas Metafísicos Antropológicos
Contextualização
Que valor e importância você dá a seu corpo? Você é daquelas pessoas que 
buscam adaptar-se ao padrão de corpo ditado pelos modelos da propaganda e da 
passarela? Você notou que os valores estéticos para o corpo variam de cultura para 
cultura, de sociedade para sociedade e também variam conforme a história. Repare 
nos quadros dos pintores renascentistas e perceba como o corpo feminino nu é de 
uma configuração bem diferente das moças de nossas capas de revista.
Você reparou que hoje há uma academia de ginástica em cada esquina enquanto 
é muito raro você avistar uma biblioteca, cinema ou museu de arte?
Repare também na arquitetura de nossas cidades. Percebeu como os grandes 
edifícios e construções são produzidos pelo mercado financeiro? Bancos e Shop-
pings são fantásticos. Pois é, a arquitetura expressa os valores de nosso tempo e 
de nossa sociedade.
Mas esse conjunto - moda, academias, arquitetura contemporânea, Shopping 
Center - é apenas reflexo da concepção de ser humano que prevalece por detrás 
de tudo isso, você não acha?
O que mais valorizamos em nós mesmos não é fruto da cultura de nosso tempo? 
A sociedade medieval era marcada por outro tipo de modelo físico, arquitetura e, 
portanto, de concepção de ser humano.
Valorizar o corpo em detrimento do espírito ou a alma em detrimento do corpo 
são modos distintos e igualmente metafísicos de conceber o ser humano, e ambos, 
quando levados à radicalidade sem uma reflexão crítica do projeto de vida total que 
eles implicam podem produzir muitos problemas como consequência.
Os problemas metafísicos antropológicos têm a ver com essa realidade em 
que as concepções sobre o ser humano condicionam comportamentos e projetos 
de felicidade que podem às vezes fazer sofrer e nem sempre trazem a felicidade 
prometida, ao menos para todos. Pense nisso.
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Introdução
Os problemas metafísicos nascem sempre de preocupações com as origens, as 
causas e os princípios últimos sobre os fenômenos. Não é diferente quando se trata 
do ser humano.
Sempre é bom lembrar que não há questão que não seja antropológica, isto é, 
humana, uma vez que são feitas no interesse do ser humano, o sujeito que põe 
todas as questões, sejam elas de ordem física, geográfica, histórica, sociológica, 
biológica ou de qualquer outra ciência que não tenha o ser humano como seu 
objeto de investigação. O conhecimento do objeto pode não ser o humano, mas 
o conhecimento que se pretende é sempre humano. Dito de modo contrário, 
tudo o que interessa ao conhecimento é humano, mesmo que o objeto desse 
interesse não o seja.
Por isso, algumas perguntas que fazemos sobre o universo, além de serem 
feitas por nós, seres humanos, implicam direta ou indiretamente a vida do ser 
humano. Referimo-nos àquelas perguntas que não calam jamais e continuam a 
inquietar de geração em geração a mais simples mente que se volta para pensar 
sua trajetória nesse vasto mundo em que vivemos. Qual é o sentido de tudo isso 
que vemos, por que existimos? De onde viemos, para onde vamos? Essas são 
as questões metafísicas mais universais que se pode formular. Embora se dirija a 
tudo, na colocação do sentido o ser humano torna-se o eixo em que todas as outras 
questões estão implicadas e subentendidas. Afinal o que é o sentido senão algo que 
o é exclusivamente para o ser humano.
Problemas metafísicos antropológicos são então basicamente esses mesmos 
problemas com a atenção voltada agora exclusivamente para o próprio ser humano. 
Além da pergunta por nossa origem, a questão pelo sentido da vida e do nosso 
papel diante de nossos semelhantes, da construção da sociedade, há outras que nos 
colocam diante de tudo o que existe, dos demais seres, da natureza, da realidade 
planetária e cósmica.
Nesta Unidade, o objetivo é dar destaque ao que de fato se constitui como 
problema metafísico sobre o ser humano. São questões que estão presentes em 
outras disciplinas e áreas do conhecimento filosófico, bem como do conhecimento 
científico e devido ao caráter abrangente e universal próprio da metafísica, também 
fazem parte do universo das proposições religiosas. A identidade maior, entretanto, 
das questões que serão levantadas aqui é com a Antropologia filosófica, pois de 
modo semelhante à metafísica ela se propõe responder a pergunta fundamental:
O que é o ser humano?
Contudo, os problemas metafísicos antropológicos não são, no sentido exato 
uma disciplina, mas um conjunto de questões como o próprio nome evoca, esbarram 
e pressupõem áreas diversas do conhecimento humano. Não só a antropologia 
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UNIDADE Problemas Metafísicos Antropológicos
filosófica, mas filosofias do social e da política, bem como as ciências sociologia, 
antropologias (física, cultural, social e linguística) e psicologia estarão na base de 
suas preocupações.
O itinerário que escolhemos para demonstrar a você a natureza dos problemas 
metafísicos mais relevantes relacionados ao ser humano é o seguinte: 1) inquietações 
em torno do que de fato pode ser a identidade humana; 2) busca de uma essência 
diante dos dualismos presentes na experiência humana; 3) limites, conflitos e 
possibilidades derivados da condição humana; 4) perspectivas e autoresque 
contribuíram para destacar um traço dominante na definição do que eles entendem 
por ser humano.
Ser Humano: Ainda um Enigma?
Problemas imediatos apontam para os metafísicos
O estudo do ser humano sob o ponto de vista da metafísica exige um alcance 
cuja abrangência pode a primeira vista não ter nada a dizer sobre o cotidiano mais 
concreto vivido por todos nós. A existência singular e particular a que estamos 
submetidos demanda problemas que parecem ser bem mais urgentes do que estes 
que vão ser aqui tratados. Você pode alegar que problemas de verdade são estes 
que incomodam o nosso dia a dia: a briga com o parceiro (a), namorado (a), o 
conflito ou a discussão com os pais e dos pais com seus filhos, as contas para 
pagar, as dívidas causando stress e a sensação de que é inútil trabalhar tanto; ter 
que suportar aquelas pessoas chatas que perseguem ou simplesmente incomodam 
ou nos tiram do sério quando mais precisamos de apoio e compreensão. Problema 
de fato é o que precisa enfrentar aquelas pessoas que vivem com gente doente, 
poucos recursos e que precisam assumir o ônus do seu cuidado. Problemas 
têm também aqueles que carregam dores advindas de suas próprias fragilidades 
físicas ou psíquicas. Você poderá então concluir: estes sim são problemas. Sim é 
verdade. Mas o modo como se lida com eles sempre tem um horizonte direta ou 
indiretamente ligado ao sentido que nós damos para a existência como um todo e 
o modo como entendemos nosso papel e lugar no mundo. E isso nos remete aos 
problemas metafísicos.
 O primeiro cuidado que devemos ter ao tratar o ser humano como problema 
metafísico é não esquecer que à medida que pretendemos dar um tratamento 
universal ao ser humano, abarcando a totalidade dos seres humanos, o nosso 
procedimento corre o risco de uma abordagem abstrata distante da realidade. O 
antídoto a esse tipo de risco é proceder de forma a reconhecer a nós mesmos 
como objeto desse estudo. Quando gente é o nosso objeto de estudo, estamos 
colocando a nós mesmos como objeto de investigação e não apenas os outros.
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Colocar o ser humano em geral como foco dos problemas metafísicos é a 
tarefa dessa unidade, mas ao fazermos isso, pretendemos pronunciar não apenas 
um discurso genérico, mas incluir nele a pessoa concreta e singular que vive a 
cotidianidade de sua vida nas mais complexas e diversas situações. O objetivo é 
incluir você em suas relações com todos os outros. Estudar a humanidade é refletir 
a condição de cada um de nós em particular.
Principais relações do ser humano
Quatro são as principais relações que o ser humano estabelece com o mundo 
a sua volta. A primeira delas é a relação com o outro nosso semelhante. Trata-
se de uma relação social. A outra é a relação com o mundo, a natureza, as 
coisas não humanas a nossa volta, os animais, a natureza vegetal, a paisagem 
física e o mundo das coisas. Mas também há a relação consigo mesmo e com a 
transcendência.
A comida, a bebida e o modo como encaramos dimensões diversas da vida, o 
trabalho, o lazer, a família, a política, a arte a cultura, o corpo, e as coisas que hoje 
se pode incluir como objetos de consumo incluem dimensões expressivas do modo 
como nos realizamos como seres humanos nas relações não só sociais, mas com o 
mundo e com nós mesmos.
A relação consigo mesmo é então uma terceira dimensão de nosso ser. Nesta 
todas as demais estão implicadas, mas o que a caracteriza é o modo como nos 
compreendemos como sujeito diante dos demais. Somos capazes de autonomia, 
liberdade ou dependência e submissão? Aceitamos o que somos ou o sentimento 
de culpa prevalece? Ou o peso da culpa é extirpado para dar lugar a uma existência 
irresponsável, incapaz de assumir as consequências das escolhas que faz? Veja que 
o relacionamento consigo mesmo tem um peso fundamental nas demais relações e 
depende muito do que você reconhece como o que de fato é ser humano.
Há também uma quarta relação que é a relação com a transcendência, 
relação explícita na dimensão religiosa da vida humana. Ainda que alguns não 
a reconheçam como tal, há uma espécie de sentido mais profundo que damos à vida 
que está para além do alcance da materialidade vegetativa, biológica e mecânica de 
nossa trajetória histórica no mundo. Independente do nome que você dê a isso, o 
fato é que há uma transcendência humana que alguns vivem na arte, no trabalho, 
na entrega de si para um propósito histórico que não é fruto de outra coisa senão 
de escolhas que ultrapassam as necessidades de nutrição, abrigo e sobrevivência 
imediatas. São necessidades espirituais, pois dizem respeito ao alimento da condição 
racional, cultural e inteligente que pergunta pelo sentido da vida. Alguns chamam 
o sujeito desse relacionamento como Deus, outros de deuses, espíritos, forças e 
outros seres que transitam entre as dimensões desconhecidas. Mas o fato é que 
esse é um relacionamento presente em todas as culturas humanas.
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UNIDADE Problemas Metafísicos Antropológicos
Problema humano preliminar para a reflexão metafísica
Situar o ser humano nas questões mais relevantes de nosso mundo atual em que 
preconceitos, violência, problemas econômicos e as dificuldades de lidar e resolver 
as demandas ecológicas estão na ordem do dia podem também ajudar a reflexão 
metafísica antropológica a incidir sobre o que mais interessa ao cidadão comum de 
nosso tempo.
Nesse sentido, proponho que qualquer metafísica que se queira admitir sobre 
o humano deva reconhecer os desafios da singularidade e concretude histórica e 
existencial, tomando como central as questões vitais de toda a humanidade. Os 
desafios são diversos, mas o da miséria persistente e o da integração humana a um 
relacionamento sustentável com o planeta requer uma nova concepção do humano.
O problema preliminar e desafio mais imediato no enfrentamento dos 
problemas metafísicos antropológicos é aquele que é capaz de reconhecer que a 
maior parte da humanidade encontra-se desfigurada em sua dignidade própria por 
causa dos modelos de organização e de convivência social que impôs a desigualdade 
humana. Filósofos de todos os tempos refletiram esse tema, alguns legitimando 
a desigualdade em função das diferenças e tendências do caráter humano que é 
diverso na sua liberdade de ser.
Platão e Aristóteles, por exemplo, viam a natureza humana como tendendo a 
expressar essa diversidade que explica a desigualdade entre senhores e escravos, 
além das outras como entre pobres e ricos, camponeses e artesãos, militares 
subordinados a governantes administradores do poder. De outro lado, a história 
da filosofia produziu aqueles que questionaram essa postura e a apontaram como 
ideológica. Karl Marx (1818-1883) foi um deles. Ele demonstrou que a sociedade 
de classes é expressão da desigualdade que tem origem na apropriação privada 
dos meios de produção como a terra, as ferramentas e o capital. Seu pensamento 
influenciou e continua a influenciar modelos alternativos de sociedade. Jean 
Jacques Rousseau (1712-1778) escreveu um livro que foi publicado em 1755 e 
influenciou bastante a Revolução Francesa em 1789. Trata-se de uma obra que 
procura explicar a origem das desigualdades e anuncia esse objetivo já em seu 
título: “Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade Entre os 
Homens” (ROUSSEAU, 1989).
O primeiro que tendo marcado um terreno, se lembrou de dizer: isto 
é meu, e encontrou pessoas bastante simples para acreditá-lo, foi o 
verdadeiro fundador da sociedade civil (ROUSSEAU, 1989).
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Identidade humana apesar dos avanços científi cos permanece 
um enigma
Depois de estabelecer a condição da histórica desigualdade humana preliminar 
para a reflexão metafísica, é preciso reconhecer que apesar dos avanços do 
conhecimento humano sobre si mesmo, permanece o desafio do mistério ainda 
não desvendado da identidade humana atestado porvários pensadores. Ernst 
Cassirer expressa exemplarmente essa dificuldade no campo da metodologia 
científica adequada de abordagem para se chegar a um consenso sobre o que de 
fato é o ser humano:
Nenhuma outra idade se viu em posição tão favorável no que concerne às 
fontes do conhecimento da natureza humana. A psicologia, a etnografia, a 
antropologia e a história reuniram um cabedal de fatos surpreendentemente 
rico e de constante crescimento. Nossos instrumentos técnicos de 
observação e experimentação foram imensamente aperfeiçoados e nossas 
análises se tornaram mais apuradas e mais penetrantes. Apesar disto, não 
parece que tenhamos encontrado ainda um método para o domínio e a 
organização deste material.
Outro grande filósofo, Martin Heidegger (1889-1976), menciona os avanços 
de nossa época sobre o conhecimento, mas reconhece também a dificuldade que 
temos de definir realmente o que é o ser humano:
Nenhuma época teve noções tão variadas e numerosas sobre o homem 
como a atual. Nenhuma época conseguiu, como a nossa apresentar o 
seu conhecimento acerca do homem de um modo tão eficaz e fascinante, 
nem comunicá-lo de um modo tão fácil e rápido. Mas também é verdade 
que nenhuma época soube menos que a nossa o que é o homem. Nunca 
o homem assumiu um aspecto tão problemático como atualmente 
(HEIDEGGER. 1998, pár. 37, Apud MONDIN, 1980A, p. 8).
A complexidade e a multiplicidade das dimensões que definem o que é ser humano 
permanecem cada vez mais desafiadoras aos estudos da metafísica antropológica. 
O avanço tecnológico e a diversidade das ciências humanas não conseguiram dar 
conta da necessidade de se ter uma visão unitária capaz de definir a humanidade 
como ser integral, único e singular em meio ao caráter cada vez mais fragmentário 
das abordagens científicas sobre o humano. Tudo isso nos autoriza a repetir com 
a mesma admiração a célebre afirmação de Agostinho (354-430): “Que grande 
mistério é o homem!” (AGOSTINHO, 1980, IV, 14, p. 95).
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UNIDADE Problemas Metafísicos Antropológicos
Há uma Essência Humana?
Desde o começo, a filosofia tem se dedicado ao problema do conhecimento do 
ser humano sobre si mesmo em busca de uma essência que o definisse de modo 
convincente, universal e integral. Sócrates da antiga Atenas (469-399aC.) foi o 
grande mestre da atenção filosófica voltada para o ser humano quando propôs a 
seus discípulos o desafio inscrito no templo do Oráculo de Delfos: “Conhece-te a ti 
mesmo”. Porém, Protágoras de Abdera (480-411aC.) já havia colocado antes dele 
uma espécie de antropocentrismo filosófico ao afirmar: “o homem é a medida de 
todas as coisas”.
A busca por uma essência humana
A busca por uma essência humana é antiga. Platão (427-347 aC.) a entendeu 
como alma pensante, sujeito das operações intelectuais e da vontade, mas 
condicionada à prisão do corpo e das sensações que lhe são inerentes. Aristóteles 
(384-322aC), por sua vez, definiu o ser humano na clássica e talvez a mais influente 
de todas as fórmulas: “animal racional”. O fato é que os filósofos não deixaram 
jamais de pensar o ser humano segundo a possibilidade de uma característica 
que pudesse manifestar a sua essência, isto é, sua identidade exclusiva diante dos 
demais seres existentes.
O caráter dualista da experiência humana é sua essência?
Na tentativa de encontrar uma essência, os pensadores se depararam com a 
realidade de dupla face como marca da experiência humana. No dualismo platônico 
expresso pelas categorias de “corpo” e “alma” talvez esteja um modelo metafísico 
de caracterização ambígua do ser humano que tem se repetido em outros dualismos 
ao longo das tentativas filosóficas de encontrar a essência humana. Não há como 
negar que a experiência humana oscila entre polos nem sempre harmoniosos. 
Somos com frequência submetidos a situações flagrantes do conflito entre duas 
forças que convivem em nosso ser e que constitui o que chamamos dualismo 
humano. A seguir apresentamos apenas algumas formas desse dualismo que 
caracteriza a vida humana: “razão x emoção”; “natureza x cultura”; “inteligência x 
sentimento”; “caráter biológico e genético x caráter psicológico e social”; “corpo x 
alma”; “matéria x espírito”; “indivíduo x sociedade“.
A busca por uma definição que realmente encontre uma essência humana tem 
inspirado muitos autores entre filósofos, poetas e artistas das diversas áreas do 
conhecimento. Transcrevemos seis definições bastante instigantes entre aquelas 
que foram selecionadas por Edvino Aloisio Rabuske (1992) no intuito de sugerir 
a você um panorama bastante aberto de possibilidades para compreensão da 
natureza humana.
12
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1. Blaise PASCAL (1623 - 1662 ): “Caniço pensante [...] Mesmo se o universo 
aniquilasse o homem, este ainda seria mais nobre do que aquilo que o mata, 
porque sabe que morre; o universo não o sabe. O pensamento é, portanto, 
a nossa suprema dignidade. O homem transcende infinitamente o homem”.
2. Johann Wofgang von GOETHE (1749-1832): “O homem não pode 
permanecer por muito tempo na consciência ou no estado consciente; deve 
refugiar-se novamente ao inconsciente, pois nele vive a sua raiz”.
3. Karl MARX (1818-1883): O homem não passa dum “conjunto de rela-
ções sociais”
4. Friedrich NIETZSCHE (1844-1900): O homem é “o animal doente”, “o 
animal ainda não fixado”. “O homem é uma ponte, preso entre o animal e o 
além-homem, uma ponte sobre um abismo”.
5. Martin HEIDEGGER (1889-1976): O homem é “o ente, em cujo ser se trata 
dele mesmo”. Ele é o “pastor do ser”.
6. Jean Paul SARTRE (1905-1980): “No ser humano, a existência precede a 
essência”. O traço fundamental do ser humano é ser para-si, liberdade, criador 
de valores. Mas, no fundo, tudo é absurdo e o homem é uma “paixão inútil”.
As definições sobre o humano são abundantes1 e neste momento podemos 
afirmar que a complexidade que paira sobre a natureza humana é o que o torna 
objeto de problemas metafísicos presentes em diversas áreas do conhecimento. 
Veja como Battista Mondin, reconhecendo o caráter problemático da identidade 
humana, busca por uma unidade do “Eu” a solução para essa variedade complexa 
das ações e das múltiplas dimensões de seu ser.
Eis uma constatação indiscutível: o homem é uma realidade extremamente 
complexa. Isso é verdade, antes de tudo, na ordem das ações. Ele exerce 
atividades de todo gênero: conhece, estuda, escreve, fala, trabalha, joga, 
reza, canta, ama, sofre, diverte-se, come etc. E cada uma dessas atividades 
suscita questões e problemas de difícil solução. Mas a complexidade 
acentua-se ainda mais quando se passa do plano da ação ao do ser. Então 
nos perguntamos: quem é esse indivíduo singular que chamamos Eu e que 
qualificamos como pessoa? O que é que permite a seu corpo explicar as 
mencionadas atividades, muitas das quais transcendem tão abertamente 
os confins da materialidade? Será possível decifrar o ser profundo do 
homem? (MONDIN, 1980B, p. 55)
 Com essa pergunta pelo ser profundo do humano, podemos encaminhar o tema 
da condição humana que levanta, por sua vez, outros problemas fundamentais da 
metafísica antropológica.
1 Ao final do texto você encontrará “Referências” a bibliografia diversa contendo inúmeros conceitos sobre ser humano, 
humanismo e humanidade. 
13
UNIDADE Problemas Metafísicos Antropológicos
Os Conflitos da Condição Humana, seus 
Limites e Possibilidades
A noção de condição humana em Hannah Arendt
A filósofa Hannah Arendt (1906-1975) publicou em 1958 uma obra importante 
sobre a condição humana (ARENDT, 2007). Neste livro, ela reflete os modos de vida 
que o ser humano assumiu para si mesmo nas mais diversas formas de organização 
social desde a Grécia Antiga até a modernidade. O que ela entende por condição 
humana não se confunde com a noção de essência ou qualquer definição que se 
possa ter de natureza humana.
A condição humanadiz respeito às formas de vida que o homem impõe a 
si mesmo para sobreviver. São condições que tendem a suprir a existência 
do homem. As condições variam de acordo com o lugar e o momento 
histórico do qual o homem é parte. Nesse sentido, todos os homens são 
condicionados, até mesmo aqueles que condicionam o comportamento de 
outros se tornam condicionados pelo próprio movimento de condicionar. 
Sendo assim, somos condicionados por duas maneiras: 1. Pelos nossos 
próprios atos, aquilo que pensamos, nossos sentimentos, em suma os 
aspectos internos do condicionamento. 2. Pelo contexto histórico que 
vivemos, a cultura, os amigos, a família; são os elementos externos do 
condicionamento (BRAGA, 2011).
A contribuição de Arendt está na avaliação crítica do processo de organização 
da sociedade que tem por base, sobretudo, as categorias do labor, trabalho e ação. 
Labor é a energia biológica que é gasta para sobreviver; trabalho é atividade cultural 
que realiza mediante meios humanos e transforma objetos naturais em artificiais; 
e ação é a o que torna o ser humano um ser sociável e o faz viver com seus 
semelhantes. A natureza do ser humano não é o trabalho, mas sua ação. É na ação 
que é necessariamente social que está a sua essência e não no trabalho.
Arendt mostrou a que ponto chegou a humanidade na imposição de sua forma 
de vida transformando sua condição de igualdade fundamental em desigualdade. 
Permitiu também uma visão crítica do conceito de trabalho e a realidade das ações 
humanas que o organizam de forma a produzir dominação de uns pelos outros. 
Há, portanto, para a filósofa, uma lógica destrutiva da capacidade plural de viver 
as potencialidades que é preciso superar como vida ativa que se realiza no modo 
próprio humano ativo e livre de ser.
Entretanto, como problema metafísico antropológico, é preciso reconhecer 
outros condicionamentos que limitam, mas ao mesmo tempo oferecem as 
possibilidades da aventura humana em seu processo de existência. Trata-se de 
considerar não apenas os dualismos que caracterizam a identidade de nosso ser 
como foi demonstrado no tópico anterior, mas de admitir aquelas condições que de 
fato circunscrevem o modo do existir humano.
14
15
Condições inevitáveis da existência humana
Quais são as condições que fundam e determinam o modo de todo e qualquer 
ser humano existir? São as situações das quais ninguém pode escapar: vida e 
morte; alegria e dor; bem e mal; amor e ódio; sucesso e fracasso, ganhos e 
perdas; saúde e doença; conhecimento e ignorância. Saber lidar com os dois 
lados contrários da nossa existência e conseguir atribuir algum sentido para a dor, o 
sofrimento, o mal, a doença, as perdas, fracassos, definhamento e morte é o maior 
desafio real da existência humana.
São estas as condições que trazem os maiores problemas da humanidade. 
Nenhuma situação histórica e social particular que se possa alcançar, por melhor 
que seja a capacidade de abreviar e equacionar dores, problemas de ordem material 
e econômica, além de outros de ordem social e política, poderá ignorar o caminho 
inevitável da morte como fim supremo da vida.
Só as soluções metafísicas, ainda que estejam revestidas de linguagem científica 
ou religiosa podem interpretar e atribuir sentido ao fenômeno de uma existência 
frágil e efêmera como a nossa. Aqui devemos reconhecer que há limites existenciais, 
mas por outro lado, há uma abertura enorme para inventar mecanismos de 
enfrentamento da fragilidade humana. O pensamento pode alçar voo e assumir 
essa tarefa de interpretação como desafio perpétuo, pois não há verdade pronta e 
acabada que possa inibir o espanto de todos diante da condição humana marcada 
pela finitude. Talvez esteja aí a grande razão de ser da abertura e a suscetibilidade 
que tem as pessoas para dar vazão à dimensão religiosa em suas vidas e assim, por 
essa via, adotar princípios e lógicas metafísicas que suportam modos tão diferentes 
de compreender e agir no mundo.
Tais condições estão tão presentes que não há como não transformá-las em obje-
tos ora de lamento, protesto e inconformismo, ora de louvor, agradecimento e acei-
tação. Veja como se pronuncia o poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) 
quando se propôs a refletir metafisicamente sobre o que de fato significa ser homem. 
Especulações em torno da palavra “Homem” (ANDRADE, 2002, p. 428)
Mas que coisa é homem,
que há sob o nome:
uma geografia?
um ser metafísico?
uma fábula sem
signo que a desmonte?
Como pode o homem
sentir-se a si mesmo,
quando o mundo some?
Como vai o homem
junto de outro homem,
sem perder o nome?
E não perde o nome 
e o sal que ele come 
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UNIDADE Problemas Metafísicos Antropológicos
nada lhe acrescenta
nem lhe subtrai
da doação do pai?
Como se faz um homem?
Apenas deitar,
copular, à espera 
de que do abdômen 
brote a flor do homem?
Como se fazer 
a si mesmo, antes 
de fazer o homem?
Fabricar o pai
e o pai e outro pai
e um pai mais remoto
que o primeiro homem?
Quanto vale o homem?
Menos, mais que o peso?
Hoje mais que ontem?
Vale menos, velho?
Vale menos, morto?
Menos um que outro
se o valor do homem
é medida de homem?
Como morre o homem,
como começa?
Sua morte é fome
que a si mesma come?
Morre a cada passo
Quando dorme, morre?
Quando morre, morre?
A morte do homem
consemelha a goma
que ele masca, ponche 
que ele sorve, sono
que ele brinca, incerto 
de estar perto, longe?
Morre, sonha o homem?
Por que morre o homem?
Campeia outra forma
de existir sem vida?
Fareja outra vida
não já repetida, 
em doido horizonte?
Indaga outro homem?
Porque morte e homem
andam de mãos dadas
e são tão engraçadas 
as horas do homem?
Mas que coisa é homem?
Tem medo de morte,
mata-se, sem medo?
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Ou medo é que o mata
com punhal de prata,
laço de gravata,
pulo sobre a ponte?
por que vive o homem?
Quem o força a isso,
prisioneiro insonte?
Como vive o homem,
se é certo que vive?
Que oculta na fonte?
E por que não conta
seu tolo segredo
mesmo em tom esconso?
Por que mente o homem?
mente, mente, mente
desesperadamente?
Por que não se cala,
se a mentira fala,
em tudo que sente?
Por que chora o homem?
Que choro compensa
o mal de ser homem?
Mas que dor é homem?
Homem como pode
descobrir que dói?
Há alma há homem?
E quem pôs na alma
algo que a destrói?
Como sabe o homem 
o que é sua alma
e o que é alma anônima?
Para que serve o homem?
Para estrumar flores,
para tecer contos?
Para servir o homem?
Para criar Deus?
Sabe Deus do homem?
E sabe o demônio?
Como quer o homem
ser destino, fonte?
Que milagre é o homem?
Que sonho, que sombra?
Mas existe o homem?
Você percebeu como o poeta levanta de maneira ousada, irônica e concreta, 
com referências ao cotidiano, as questões de ordem expressivamente metafísicas? 
O problema da morte, do relacionamento do ser humano com seus semelhantes 
e questões de ordem ética e social como valor, o mentir e o sobreviver estão 
presentes. Deus, o destino e a vida em seu processo de produzir o homem também 
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UNIDADE Problemas Metafísicos Antropológicos
aparecem. Trata-se de um texto significativo que ilustra o que acabamos de apontar 
como condição humana, mas também evoca algumas das dimensões que fazem 
parte do último tópico dessa unidade.
O Caráter Pluridimensional do Ser Humano
Qualquer tentativa de concepção do humano que não considere o seu caráter 
pluridimensional tende a um reducionismo desumano, isto é, corre o risco de querer 
impor e eleger uma ou algumas poucas de suas potencialidades ou qualidades 
como as que melhor o identifica. Toda vez que historicamente isso aconteceu há 
um esvaziamento e empobrecimentode nossa humanidade. Por exemplo, não se 
pode considerar apenas um dos lados daqueles polos que constituem, ainda que em 
conflito a nossa natureza de ser gente. Corpo e alma se pertencem, assim como 
sentimento e inteligência se completam e a razão não precisa ignorar as emoções 
e estas, por sua vez não precisam impor seu domínio sobre a primeira. A vida 
humana é pluralidade integrada e a tensão desses pólos constitui a sua essência.
Do mesmo modo, a condição humana não pode negar a inevitabilidade de sua 
fragilidade. Pois é nos limites da condição de sua existência efêmera que estão dadas 
as possibilidades da vivência da liberdade humana de projetar o seu ser que nunca 
é previamente estabelecido. Como dizia Sartre (1905-1980) em resposta àqueles 
pensadores que postulavam os condicionamentos sociais, biológicos, genéticos e 
históricos como testemunho de nossa incapacidade para a liberdade:
Não importa o que fizeram do homem, importa o que o homem faz do 
que fizeram dele (SARTRE, 1952). 
Mas a liberdade, embora seja, talvez, a mais importante dimensão da vida humana, 
há inúmeras outras que não podem ser diminuídas ou esquecidas quando se trata 
de definir o humano. Racionalidade, sociabilidade, cultura, historicidade, trabalho, 
pessoa singular e única, corporeidade, sexualidade, afetividade, linguagem, símbolo, 
religiosidade, transcendência, utopia, ludicidade, arte e criatividade são dimensões 
que caracterizam integral e diversamente a existência de todo ser humano.
A linguagem
A linguagem e o aprimoramento da capacidade simbólica de representar a 
realidade permitiram ao ser humano o desenvolvimento de inúmeras outras 
capacidades de comunicação, distanciamento, reflexão da realidade e a cooperação 
social para mediante o trabalho produzir, reproduzir a vida e transformar a natureza 
em fonte de bens e recursos adaptados às suas necessidades.
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Linguagem, fala, escrita e por fim a comunicação possibilitando o trabalho 
são as condições fundamentais para a produção de ferramentas e técnicas cada 
vez mais avançadas de produção da cultura. Toda variação cultural é uma riqueza 
cuja estrutura é expressão máxima da liberdade criativa do ser humano frente sua 
própria adaptação à natureza.
Cultura e trabalho
Cultura, trabalho e linguagem estão associados como dimensões que se abrem 
para formar o que há de mais genuíno no ser humano. A capacidade de sonhar, 
criar e produzir arte na liberdade de aprender e superar os problemas colocados 
em sua existência histórica é fonte inesgotável do jeito humano de ser. Cada uma 
dessas dimensões mereceria um aprofundamento particular, mas importa nesse 
momento apenas apontá-las como dimensões que caracterizam a originalidade de 
nossa humanidade. 
O reconhecimento do caráter pluridimensional da humanidade não resolve 
todos os problemas humanos, mas pode superar a tendência de reprodução do 
homem unidimensional que Herbert Marcuse (1973) viu prevalecer como ideologia 
da sociedade industrial e que ainda hoje insiste em permanecer como lógica 
dominante na formação e condicionamento das pessoas.
Conclusão
O ser humano é por definição um ser educável e por isso é, por natureza, 
aberto, inacabado e incompleto. Essa é sua mais importante definição, a saber, ser 
carente, incompleto, aberto ao conhecimento de si mesmo e ao intercâmbio com o 
outro, seja esse outro, o mundo exterior, a natureza ou o seu próprio semelhante.
Neste sentido, o caráter ético é a dimensão que deriva de sua liberdade. Por ser 
livre é constantemente convocado a reconstruir seus valores, princípios, normas, 
lei e projetos de felicidade. Está, portanto, predisposto à utopia, à construção de 
mundos e sociedades novas. Razão e emoção se completam com a imaginação e 
o sonho utópico.
Ser humano é viver em confronto, diálogo e abertura à alteridade. Somos, na 
verdade, um vazio a ser preenchido por uma história única que se abre aos mistérios 
envolventes do ciclo fantástico que é a vida. As razões metafísicas não esgotam 
os desejos e anseios humanos por vida em plenitude, mas com certeza, ajudam a 
romper os laços que nos condicionam a uma vida inautêntica e desumana.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
Introdução aos Direitos Humanos: conceito, fundamentos, características
Ouça a aula de introdução aos direitos humanos que ajudará você a completar os 
estudos dessa Unidade segundo a ótica jurídica, perspectiva que não foi o foco de nossa 
abordagem, mas importante no conjunto dos valores que marcam a compreensão da 
dignidade humana.
https://goo.gl/6x4BN7
 Filmes
A Partida
Direção de Yojiro Takita. Japão/2008. Atores: Masahiro Motoki, Tsutomu Yamazaki, 
Ryoko Hirosue, Kazuko Yoshiyuki, Kimiko Yo; duração: 130 min. O filme “questiona 
a morte por outro ângulo, a do preparador de cadáveres.
Trecho da resenha crítica de Rodolfo Lima, jornalista, ator e crítico de cinema 
http://www.cranik.com/apartida.html
Você pode ver o filme no youtube:
https://goo.gl/PNiDBU
 Leitura
O homem e a política em A condição humana
Leia atentamente o artigo “O homem e a política em A condição humana” do 
Prof. Ms. Moisés Rodrigues da Silva (Instituto de Filosofia e Teologia de Goiás, 
Goiânia-GO – Brasil) sobre as noções de “Labor”, “Trabalho” e “Ação” em Hannah 
Arendt. Se houver possibilidade o aluno deve ler o livro da própria Arendt. Mas 
o artigo irá prepará-lo para uma leitura posterior mais proveitosa. Trata-se de um 
complemento de grande contribuição à compreensão dos problemas metafísicos 
antropológicos a partir de uma visão histórica bastante profunda, centrada nos 
conceitos de trabalho, labor e ação.
http://goo.gl/N6v1Jq Acesso em 14/10/2015 às 00h31min.
A condição humana
Ler a obra de ARENDT, Hannah. A condição humana. 10.ed. Tradução de Roberto 
Raposo. Rio de Janeiro: Forense Universitária. 2007.
http://goo.gl/26ofdC Acesso em 14/10/2015 às 00h34min.
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Referências
AGOSTINHO. Confissões. 2. ed. Tradução de J. Oliveira Santos e A. Ambrósio 
de Pina. São Paulo: Abril Cultural, 1980. Coleção Os pensadores. Versão Online. 
Disponível em: http://copyfight.me/Acervo/livros/OS%20PENSADORES%20
-%20Vol.%2006%20(1980).%20Santo%20Agostinho.pdf. Acesso em 
12/10/2015 às 21h38minh.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia Completa de Carlos Drummond de 
Andrade. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002. 
ARENDT, Hannah. A condição humana. 10.ed. Tradução de Roberto Raposo. 
Rio de Janeiro: Forense Universitária. 2007.
AZCONA, Jesús. Antropologia I. História. Tradução de Lúcia Mathilde Endlich 
Orth. Petrópolis: Vozes. 1992. 181p.
BARROS, Edson de Almeida Rego. O homem e seu software. São Paulo: Páginas 
&Letras, 1997. 124p.
BRAGA, Thiago Rodrigues. “A condição humana” de Hannah Arendt”. Site: Mundo 
dos Filósofos. Postado em 2011. Disponível em: http://www.mundodosfilosofos.
com.br/a-condicao-humana-hannah-arendtt.htm. Acesso em 12/10/2015 às 
22h54minh.
CASSIRER, Ernst. Antropologia Filosófica. Ensaio sobre o homem. Introdução a 
uma filosofia da cultura humana. 2.ed. Tradução de Vicente Felix de Queiroz. São 
Paulo: Mestre Jou, 1977. 378p. 
CORREA, Jaime Vélez. El hombre um enigma. Antropologia Filosófica. Santa Fé 
de Bogotá/Colombia: Publicomunicaciones/CELAM, 1995. 443p.
HEIDEGGER, Martin. Kant und das Problem der Metaphysik. Frankfurt/
Alemanha: V. Klostermann, 1998. 317p. 
LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. 7ª Ed. São Paulo: Brasiliense, 
1994. 205p.
LARA, Valter Luiz. Em busca do humano. Contribuição ao estudo do homem 
contemporâneo. Vol. I: Conhecimento e Verdade. São Paulo: CEPE, 1997, 128p.
LUCAS, Juan de Sahagún (Org.). Antropologías del siglo XX. 3ª Ed. Salamanca: 
Ediciones Sigueme, 1983. 275p.
MARCUSE, Herbert. A ideologia da sociedade industrial.O homem 
unidimensional. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1973. 238p. 
MARÍAS, Julián. O tema do homem. Tradução de Diva Ribeiro de Toledo Piza. 
São Paulo: Duas Cidades, 1975. 336p.
MONDIN, Battista. O homem, quem é ele? São Paulo: Paulinas, 1980A. 
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UNIDADE 
_____. Introdução à Filosofia. Problemas, sistemas, autores, obras. Tradução de 
J. Renard. São Paulo: Paulinas, 1980B. 266p.
_____. Definição filosófica da pessoa humana. Tradução Ir. Jacinta Turolo 
Garcia. Bauru/SP: EDUSC – Editora da Universidade do Sagrado Coração. 1998. 
NOGARE, Pedro Dalle. Humanismos e anti-humanismos. Introdução à 
Antropologia Filosófica. 3ed. Petrópolis: Vozes, 1977. 290p. 
RABUSKE, Edvino Aloisio. Antropologia Filosófica. Um estudo sistemático. 
4.ed. Petrópolis: Vozes, 1992. 219p.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da 
desigualdade entre os homens. Brasília/DF e São Paulo/SP: Editora Universidade 
de Brasília e Editora Ática. 1989. 
SARTRE, Jean-Paulo. Saint Genet: Comédien et martyr. Paris: Gallimard, 1952.
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Outros materiais