Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Problemas Metafísicos Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Valter Luiz Lara Revisão Textual: Profa. Ms. Fátima Furlan Problemas Metafísicos Antropológicos • Introdução • Ser Humano: Ainda um Enigma? • Há uma Essência Humana? • Os Conflitos da Condição Humana, seus Limites e Possibilidades • O Caráter Pluridimensional do Ser Humano • Conclusão · Conhecer problemas, teorias e concepções que fundamentam a visão de ser humano desde o ponto de vista da reflexão filosófica metafísica · Conhecer alguns problemas específicos que estão implicados na concepção do ser humano como o dualismo do corpo e alma, identidade e alteridade, linguagem, representação e consciência. · Desenvolver olhar crítico sobre a variedade das noções do humano que identificam diferentes grupos, sociedades e culturas ao longo da história da humanidade. · Aprender alguns princípios que ajude o aluno a identificar situações que marcam a condição humana em seus limites e possibilidades. OBJETIVO DE APRENDIZADO Caro aluno, Você está iniciando uma unidade de estudos sobre os problemas humanos sob a ótica da metafísica. Problem as humanos temos muitos e eles são de vários tipos. Vão desde os problemas mais imediatos como aqueles que enfrentamos em casa junto à família, no trabalho ou na escola. Há os problemas pessoais de relacionamento, os de natureza financeira e os de natureza pessoal que guardamos só para nós mesmos e às vezes os compartilhamos com os mais íntimos. Acompanhe com muita atenção a distinção que será feita entre os dualismos que mar- cam a busca pela essência humana e veja como o modo que nos definimos como pes- soa: corpo, alma, emoção e razão, por exemplo, tem tudo a ver com o comportamen- to que diariamente domina nossas atitudes diante da realidade. Claro que o contrário também é bem possível e talvez seja mais frequente. O modo como nos comportamos revela o que na prática concebemos. Ser e conceber são uma via de mão dupla. Observe como autores destacam em sua avaliação do ser humano um ou outro traço que de repente você não tinha dado tanta importância, mas que pode fazer a diferença ao reavaliar o modo como conduzimos nossas vidas. Veja também como a consciência crítica aberta para aprender mais dos problemas que fundam os princípios que condicionam a nossa identidade pode nos ajudar a compreender não apenas os outros ou a humanidade, mas sem dúvida a nós mesmos. Então aproveite esse estudo! Espero que ao final você mesmo perceba o crescimento. ORIENTAÇÕES Problemas Metafísicos Antropológicos UNIDADE Problemas Metafísicos Antropológicos Contextualização Que valor e importância você dá a seu corpo? Você é daquelas pessoas que buscam adaptar-se ao padrão de corpo ditado pelos modelos da propaganda e da passarela? Você notou que os valores estéticos para o corpo variam de cultura para cultura, de sociedade para sociedade e também variam conforme a história. Repare nos quadros dos pintores renascentistas e perceba como o corpo feminino nu é de uma configuração bem diferente das moças de nossas capas de revista. Você reparou que hoje há uma academia de ginástica em cada esquina enquanto é muito raro você avistar uma biblioteca, cinema ou museu de arte? Repare também na arquitetura de nossas cidades. Percebeu como os grandes edifícios e construções são produzidos pelo mercado financeiro? Bancos e Shop- pings são fantásticos. Pois é, a arquitetura expressa os valores de nosso tempo e de nossa sociedade. Mas esse conjunto - moda, academias, arquitetura contemporânea, Shopping Center - é apenas reflexo da concepção de ser humano que prevalece por detrás de tudo isso, você não acha? O que mais valorizamos em nós mesmos não é fruto da cultura de nosso tempo? A sociedade medieval era marcada por outro tipo de modelo físico, arquitetura e, portanto, de concepção de ser humano. Valorizar o corpo em detrimento do espírito ou a alma em detrimento do corpo são modos distintos e igualmente metafísicos de conceber o ser humano, e ambos, quando levados à radicalidade sem uma reflexão crítica do projeto de vida total que eles implicam podem produzir muitos problemas como consequência. Os problemas metafísicos antropológicos têm a ver com essa realidade em que as concepções sobre o ser humano condicionam comportamentos e projetos de felicidade que podem às vezes fazer sofrer e nem sempre trazem a felicidade prometida, ao menos para todos. Pense nisso. 6 7 Introdução Os problemas metafísicos nascem sempre de preocupações com as origens, as causas e os princípios últimos sobre os fenômenos. Não é diferente quando se trata do ser humano. Sempre é bom lembrar que não há questão que não seja antropológica, isto é, humana, uma vez que são feitas no interesse do ser humano, o sujeito que põe todas as questões, sejam elas de ordem física, geográfica, histórica, sociológica, biológica ou de qualquer outra ciência que não tenha o ser humano como seu objeto de investigação. O conhecimento do objeto pode não ser o humano, mas o conhecimento que se pretende é sempre humano. Dito de modo contrário, tudo o que interessa ao conhecimento é humano, mesmo que o objeto desse interesse não o seja. Por isso, algumas perguntas que fazemos sobre o universo, além de serem feitas por nós, seres humanos, implicam direta ou indiretamente a vida do ser humano. Referimo-nos àquelas perguntas que não calam jamais e continuam a inquietar de geração em geração a mais simples mente que se volta para pensar sua trajetória nesse vasto mundo em que vivemos. Qual é o sentido de tudo isso que vemos, por que existimos? De onde viemos, para onde vamos? Essas são as questões metafísicas mais universais que se pode formular. Embora se dirija a tudo, na colocação do sentido o ser humano torna-se o eixo em que todas as outras questões estão implicadas e subentendidas. Afinal o que é o sentido senão algo que o é exclusivamente para o ser humano. Problemas metafísicos antropológicos são então basicamente esses mesmos problemas com a atenção voltada agora exclusivamente para o próprio ser humano. Além da pergunta por nossa origem, a questão pelo sentido da vida e do nosso papel diante de nossos semelhantes, da construção da sociedade, há outras que nos colocam diante de tudo o que existe, dos demais seres, da natureza, da realidade planetária e cósmica. Nesta Unidade, o objetivo é dar destaque ao que de fato se constitui como problema metafísico sobre o ser humano. São questões que estão presentes em outras disciplinas e áreas do conhecimento filosófico, bem como do conhecimento científico e devido ao caráter abrangente e universal próprio da metafísica, também fazem parte do universo das proposições religiosas. A identidade maior, entretanto, das questões que serão levantadas aqui é com a Antropologia filosófica, pois de modo semelhante à metafísica ela se propõe responder a pergunta fundamental: O que é o ser humano? Contudo, os problemas metafísicos antropológicos não são, no sentido exato uma disciplina, mas um conjunto de questões como o próprio nome evoca, esbarram e pressupõem áreas diversas do conhecimento humano. Não só a antropologia 7 UNIDADE Problemas Metafísicos Antropológicos filosófica, mas filosofias do social e da política, bem como as ciências sociologia, antropologias (física, cultural, social e linguística) e psicologia estarão na base de suas preocupações. O itinerário que escolhemos para demonstrar a você a natureza dos problemas metafísicos mais relevantes relacionados ao ser humano é o seguinte: 1) inquietações em torno do que de fato pode ser a identidade humana; 2) busca de uma essência diante dos dualismos presentes na experiência humana; 3) limites, conflitos e possibilidades derivados da condição humana; 4) perspectivas e autoresque contribuíram para destacar um traço dominante na definição do que eles entendem por ser humano. Ser Humano: Ainda um Enigma? Problemas imediatos apontam para os metafísicos O estudo do ser humano sob o ponto de vista da metafísica exige um alcance cuja abrangência pode a primeira vista não ter nada a dizer sobre o cotidiano mais concreto vivido por todos nós. A existência singular e particular a que estamos submetidos demanda problemas que parecem ser bem mais urgentes do que estes que vão ser aqui tratados. Você pode alegar que problemas de verdade são estes que incomodam o nosso dia a dia: a briga com o parceiro (a), namorado (a), o conflito ou a discussão com os pais e dos pais com seus filhos, as contas para pagar, as dívidas causando stress e a sensação de que é inútil trabalhar tanto; ter que suportar aquelas pessoas chatas que perseguem ou simplesmente incomodam ou nos tiram do sério quando mais precisamos de apoio e compreensão. Problema de fato é o que precisa enfrentar aquelas pessoas que vivem com gente doente, poucos recursos e que precisam assumir o ônus do seu cuidado. Problemas têm também aqueles que carregam dores advindas de suas próprias fragilidades físicas ou psíquicas. Você poderá então concluir: estes sim são problemas. Sim é verdade. Mas o modo como se lida com eles sempre tem um horizonte direta ou indiretamente ligado ao sentido que nós damos para a existência como um todo e o modo como entendemos nosso papel e lugar no mundo. E isso nos remete aos problemas metafísicos. O primeiro cuidado que devemos ter ao tratar o ser humano como problema metafísico é não esquecer que à medida que pretendemos dar um tratamento universal ao ser humano, abarcando a totalidade dos seres humanos, o nosso procedimento corre o risco de uma abordagem abstrata distante da realidade. O antídoto a esse tipo de risco é proceder de forma a reconhecer a nós mesmos como objeto desse estudo. Quando gente é o nosso objeto de estudo, estamos colocando a nós mesmos como objeto de investigação e não apenas os outros. 8 9 Colocar o ser humano em geral como foco dos problemas metafísicos é a tarefa dessa unidade, mas ao fazermos isso, pretendemos pronunciar não apenas um discurso genérico, mas incluir nele a pessoa concreta e singular que vive a cotidianidade de sua vida nas mais complexas e diversas situações. O objetivo é incluir você em suas relações com todos os outros. Estudar a humanidade é refletir a condição de cada um de nós em particular. Principais relações do ser humano Quatro são as principais relações que o ser humano estabelece com o mundo a sua volta. A primeira delas é a relação com o outro nosso semelhante. Trata- se de uma relação social. A outra é a relação com o mundo, a natureza, as coisas não humanas a nossa volta, os animais, a natureza vegetal, a paisagem física e o mundo das coisas. Mas também há a relação consigo mesmo e com a transcendência. A comida, a bebida e o modo como encaramos dimensões diversas da vida, o trabalho, o lazer, a família, a política, a arte a cultura, o corpo, e as coisas que hoje se pode incluir como objetos de consumo incluem dimensões expressivas do modo como nos realizamos como seres humanos nas relações não só sociais, mas com o mundo e com nós mesmos. A relação consigo mesmo é então uma terceira dimensão de nosso ser. Nesta todas as demais estão implicadas, mas o que a caracteriza é o modo como nos compreendemos como sujeito diante dos demais. Somos capazes de autonomia, liberdade ou dependência e submissão? Aceitamos o que somos ou o sentimento de culpa prevalece? Ou o peso da culpa é extirpado para dar lugar a uma existência irresponsável, incapaz de assumir as consequências das escolhas que faz? Veja que o relacionamento consigo mesmo tem um peso fundamental nas demais relações e depende muito do que você reconhece como o que de fato é ser humano. Há também uma quarta relação que é a relação com a transcendência, relação explícita na dimensão religiosa da vida humana. Ainda que alguns não a reconheçam como tal, há uma espécie de sentido mais profundo que damos à vida que está para além do alcance da materialidade vegetativa, biológica e mecânica de nossa trajetória histórica no mundo. Independente do nome que você dê a isso, o fato é que há uma transcendência humana que alguns vivem na arte, no trabalho, na entrega de si para um propósito histórico que não é fruto de outra coisa senão de escolhas que ultrapassam as necessidades de nutrição, abrigo e sobrevivência imediatas. São necessidades espirituais, pois dizem respeito ao alimento da condição racional, cultural e inteligente que pergunta pelo sentido da vida. Alguns chamam o sujeito desse relacionamento como Deus, outros de deuses, espíritos, forças e outros seres que transitam entre as dimensões desconhecidas. Mas o fato é que esse é um relacionamento presente em todas as culturas humanas. 9 UNIDADE Problemas Metafísicos Antropológicos Problema humano preliminar para a reflexão metafísica Situar o ser humano nas questões mais relevantes de nosso mundo atual em que preconceitos, violência, problemas econômicos e as dificuldades de lidar e resolver as demandas ecológicas estão na ordem do dia podem também ajudar a reflexão metafísica antropológica a incidir sobre o que mais interessa ao cidadão comum de nosso tempo. Nesse sentido, proponho que qualquer metafísica que se queira admitir sobre o humano deva reconhecer os desafios da singularidade e concretude histórica e existencial, tomando como central as questões vitais de toda a humanidade. Os desafios são diversos, mas o da miséria persistente e o da integração humana a um relacionamento sustentável com o planeta requer uma nova concepção do humano. O problema preliminar e desafio mais imediato no enfrentamento dos problemas metafísicos antropológicos é aquele que é capaz de reconhecer que a maior parte da humanidade encontra-se desfigurada em sua dignidade própria por causa dos modelos de organização e de convivência social que impôs a desigualdade humana. Filósofos de todos os tempos refletiram esse tema, alguns legitimando a desigualdade em função das diferenças e tendências do caráter humano que é diverso na sua liberdade de ser. Platão e Aristóteles, por exemplo, viam a natureza humana como tendendo a expressar essa diversidade que explica a desigualdade entre senhores e escravos, além das outras como entre pobres e ricos, camponeses e artesãos, militares subordinados a governantes administradores do poder. De outro lado, a história da filosofia produziu aqueles que questionaram essa postura e a apontaram como ideológica. Karl Marx (1818-1883) foi um deles. Ele demonstrou que a sociedade de classes é expressão da desigualdade que tem origem na apropriação privada dos meios de produção como a terra, as ferramentas e o capital. Seu pensamento influenciou e continua a influenciar modelos alternativos de sociedade. Jean Jacques Rousseau (1712-1778) escreveu um livro que foi publicado em 1755 e influenciou bastante a Revolução Francesa em 1789. Trata-se de uma obra que procura explicar a origem das desigualdades e anuncia esse objetivo já em seu título: “Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade Entre os Homens” (ROUSSEAU, 1989). O primeiro que tendo marcado um terreno, se lembrou de dizer: isto é meu, e encontrou pessoas bastante simples para acreditá-lo, foi o verdadeiro fundador da sociedade civil (ROUSSEAU, 1989). 10 11 Identidade humana apesar dos avanços científi cos permanece um enigma Depois de estabelecer a condição da histórica desigualdade humana preliminar para a reflexão metafísica, é preciso reconhecer que apesar dos avanços do conhecimento humano sobre si mesmo, permanece o desafio do mistério ainda não desvendado da identidade humana atestado porvários pensadores. Ernst Cassirer expressa exemplarmente essa dificuldade no campo da metodologia científica adequada de abordagem para se chegar a um consenso sobre o que de fato é o ser humano: Nenhuma outra idade se viu em posição tão favorável no que concerne às fontes do conhecimento da natureza humana. A psicologia, a etnografia, a antropologia e a história reuniram um cabedal de fatos surpreendentemente rico e de constante crescimento. Nossos instrumentos técnicos de observação e experimentação foram imensamente aperfeiçoados e nossas análises se tornaram mais apuradas e mais penetrantes. Apesar disto, não parece que tenhamos encontrado ainda um método para o domínio e a organização deste material. Outro grande filósofo, Martin Heidegger (1889-1976), menciona os avanços de nossa época sobre o conhecimento, mas reconhece também a dificuldade que temos de definir realmente o que é o ser humano: Nenhuma época teve noções tão variadas e numerosas sobre o homem como a atual. Nenhuma época conseguiu, como a nossa apresentar o seu conhecimento acerca do homem de um modo tão eficaz e fascinante, nem comunicá-lo de um modo tão fácil e rápido. Mas também é verdade que nenhuma época soube menos que a nossa o que é o homem. Nunca o homem assumiu um aspecto tão problemático como atualmente (HEIDEGGER. 1998, pár. 37, Apud MONDIN, 1980A, p. 8). A complexidade e a multiplicidade das dimensões que definem o que é ser humano permanecem cada vez mais desafiadoras aos estudos da metafísica antropológica. O avanço tecnológico e a diversidade das ciências humanas não conseguiram dar conta da necessidade de se ter uma visão unitária capaz de definir a humanidade como ser integral, único e singular em meio ao caráter cada vez mais fragmentário das abordagens científicas sobre o humano. Tudo isso nos autoriza a repetir com a mesma admiração a célebre afirmação de Agostinho (354-430): “Que grande mistério é o homem!” (AGOSTINHO, 1980, IV, 14, p. 95). 11 UNIDADE Problemas Metafísicos Antropológicos Há uma Essência Humana? Desde o começo, a filosofia tem se dedicado ao problema do conhecimento do ser humano sobre si mesmo em busca de uma essência que o definisse de modo convincente, universal e integral. Sócrates da antiga Atenas (469-399aC.) foi o grande mestre da atenção filosófica voltada para o ser humano quando propôs a seus discípulos o desafio inscrito no templo do Oráculo de Delfos: “Conhece-te a ti mesmo”. Porém, Protágoras de Abdera (480-411aC.) já havia colocado antes dele uma espécie de antropocentrismo filosófico ao afirmar: “o homem é a medida de todas as coisas”. A busca por uma essência humana A busca por uma essência humana é antiga. Platão (427-347 aC.) a entendeu como alma pensante, sujeito das operações intelectuais e da vontade, mas condicionada à prisão do corpo e das sensações que lhe são inerentes. Aristóteles (384-322aC), por sua vez, definiu o ser humano na clássica e talvez a mais influente de todas as fórmulas: “animal racional”. O fato é que os filósofos não deixaram jamais de pensar o ser humano segundo a possibilidade de uma característica que pudesse manifestar a sua essência, isto é, sua identidade exclusiva diante dos demais seres existentes. O caráter dualista da experiência humana é sua essência? Na tentativa de encontrar uma essência, os pensadores se depararam com a realidade de dupla face como marca da experiência humana. No dualismo platônico expresso pelas categorias de “corpo” e “alma” talvez esteja um modelo metafísico de caracterização ambígua do ser humano que tem se repetido em outros dualismos ao longo das tentativas filosóficas de encontrar a essência humana. Não há como negar que a experiência humana oscila entre polos nem sempre harmoniosos. Somos com frequência submetidos a situações flagrantes do conflito entre duas forças que convivem em nosso ser e que constitui o que chamamos dualismo humano. A seguir apresentamos apenas algumas formas desse dualismo que caracteriza a vida humana: “razão x emoção”; “natureza x cultura”; “inteligência x sentimento”; “caráter biológico e genético x caráter psicológico e social”; “corpo x alma”; “matéria x espírito”; “indivíduo x sociedade“. A busca por uma definição que realmente encontre uma essência humana tem inspirado muitos autores entre filósofos, poetas e artistas das diversas áreas do conhecimento. Transcrevemos seis definições bastante instigantes entre aquelas que foram selecionadas por Edvino Aloisio Rabuske (1992) no intuito de sugerir a você um panorama bastante aberto de possibilidades para compreensão da natureza humana. 12 13 1. Blaise PASCAL (1623 - 1662 ): “Caniço pensante [...] Mesmo se o universo aniquilasse o homem, este ainda seria mais nobre do que aquilo que o mata, porque sabe que morre; o universo não o sabe. O pensamento é, portanto, a nossa suprema dignidade. O homem transcende infinitamente o homem”. 2. Johann Wofgang von GOETHE (1749-1832): “O homem não pode permanecer por muito tempo na consciência ou no estado consciente; deve refugiar-se novamente ao inconsciente, pois nele vive a sua raiz”. 3. Karl MARX (1818-1883): O homem não passa dum “conjunto de rela- ções sociais” 4. Friedrich NIETZSCHE (1844-1900): O homem é “o animal doente”, “o animal ainda não fixado”. “O homem é uma ponte, preso entre o animal e o além-homem, uma ponte sobre um abismo”. 5. Martin HEIDEGGER (1889-1976): O homem é “o ente, em cujo ser se trata dele mesmo”. Ele é o “pastor do ser”. 6. Jean Paul SARTRE (1905-1980): “No ser humano, a existência precede a essência”. O traço fundamental do ser humano é ser para-si, liberdade, criador de valores. Mas, no fundo, tudo é absurdo e o homem é uma “paixão inútil”. As definições sobre o humano são abundantes1 e neste momento podemos afirmar que a complexidade que paira sobre a natureza humana é o que o torna objeto de problemas metafísicos presentes em diversas áreas do conhecimento. Veja como Battista Mondin, reconhecendo o caráter problemático da identidade humana, busca por uma unidade do “Eu” a solução para essa variedade complexa das ações e das múltiplas dimensões de seu ser. Eis uma constatação indiscutível: o homem é uma realidade extremamente complexa. Isso é verdade, antes de tudo, na ordem das ações. Ele exerce atividades de todo gênero: conhece, estuda, escreve, fala, trabalha, joga, reza, canta, ama, sofre, diverte-se, come etc. E cada uma dessas atividades suscita questões e problemas de difícil solução. Mas a complexidade acentua-se ainda mais quando se passa do plano da ação ao do ser. Então nos perguntamos: quem é esse indivíduo singular que chamamos Eu e que qualificamos como pessoa? O que é que permite a seu corpo explicar as mencionadas atividades, muitas das quais transcendem tão abertamente os confins da materialidade? Será possível decifrar o ser profundo do homem? (MONDIN, 1980B, p. 55) Com essa pergunta pelo ser profundo do humano, podemos encaminhar o tema da condição humana que levanta, por sua vez, outros problemas fundamentais da metafísica antropológica. 1 Ao final do texto você encontrará “Referências” a bibliografia diversa contendo inúmeros conceitos sobre ser humano, humanismo e humanidade. 13 UNIDADE Problemas Metafísicos Antropológicos Os Conflitos da Condição Humana, seus Limites e Possibilidades A noção de condição humana em Hannah Arendt A filósofa Hannah Arendt (1906-1975) publicou em 1958 uma obra importante sobre a condição humana (ARENDT, 2007). Neste livro, ela reflete os modos de vida que o ser humano assumiu para si mesmo nas mais diversas formas de organização social desde a Grécia Antiga até a modernidade. O que ela entende por condição humana não se confunde com a noção de essência ou qualquer definição que se possa ter de natureza humana. A condição humanadiz respeito às formas de vida que o homem impõe a si mesmo para sobreviver. São condições que tendem a suprir a existência do homem. As condições variam de acordo com o lugar e o momento histórico do qual o homem é parte. Nesse sentido, todos os homens são condicionados, até mesmo aqueles que condicionam o comportamento de outros se tornam condicionados pelo próprio movimento de condicionar. Sendo assim, somos condicionados por duas maneiras: 1. Pelos nossos próprios atos, aquilo que pensamos, nossos sentimentos, em suma os aspectos internos do condicionamento. 2. Pelo contexto histórico que vivemos, a cultura, os amigos, a família; são os elementos externos do condicionamento (BRAGA, 2011). A contribuição de Arendt está na avaliação crítica do processo de organização da sociedade que tem por base, sobretudo, as categorias do labor, trabalho e ação. Labor é a energia biológica que é gasta para sobreviver; trabalho é atividade cultural que realiza mediante meios humanos e transforma objetos naturais em artificiais; e ação é a o que torna o ser humano um ser sociável e o faz viver com seus semelhantes. A natureza do ser humano não é o trabalho, mas sua ação. É na ação que é necessariamente social que está a sua essência e não no trabalho. Arendt mostrou a que ponto chegou a humanidade na imposição de sua forma de vida transformando sua condição de igualdade fundamental em desigualdade. Permitiu também uma visão crítica do conceito de trabalho e a realidade das ações humanas que o organizam de forma a produzir dominação de uns pelos outros. Há, portanto, para a filósofa, uma lógica destrutiva da capacidade plural de viver as potencialidades que é preciso superar como vida ativa que se realiza no modo próprio humano ativo e livre de ser. Entretanto, como problema metafísico antropológico, é preciso reconhecer outros condicionamentos que limitam, mas ao mesmo tempo oferecem as possibilidades da aventura humana em seu processo de existência. Trata-se de considerar não apenas os dualismos que caracterizam a identidade de nosso ser como foi demonstrado no tópico anterior, mas de admitir aquelas condições que de fato circunscrevem o modo do existir humano. 14 15 Condições inevitáveis da existência humana Quais são as condições que fundam e determinam o modo de todo e qualquer ser humano existir? São as situações das quais ninguém pode escapar: vida e morte; alegria e dor; bem e mal; amor e ódio; sucesso e fracasso, ganhos e perdas; saúde e doença; conhecimento e ignorância. Saber lidar com os dois lados contrários da nossa existência e conseguir atribuir algum sentido para a dor, o sofrimento, o mal, a doença, as perdas, fracassos, definhamento e morte é o maior desafio real da existência humana. São estas as condições que trazem os maiores problemas da humanidade. Nenhuma situação histórica e social particular que se possa alcançar, por melhor que seja a capacidade de abreviar e equacionar dores, problemas de ordem material e econômica, além de outros de ordem social e política, poderá ignorar o caminho inevitável da morte como fim supremo da vida. Só as soluções metafísicas, ainda que estejam revestidas de linguagem científica ou religiosa podem interpretar e atribuir sentido ao fenômeno de uma existência frágil e efêmera como a nossa. Aqui devemos reconhecer que há limites existenciais, mas por outro lado, há uma abertura enorme para inventar mecanismos de enfrentamento da fragilidade humana. O pensamento pode alçar voo e assumir essa tarefa de interpretação como desafio perpétuo, pois não há verdade pronta e acabada que possa inibir o espanto de todos diante da condição humana marcada pela finitude. Talvez esteja aí a grande razão de ser da abertura e a suscetibilidade que tem as pessoas para dar vazão à dimensão religiosa em suas vidas e assim, por essa via, adotar princípios e lógicas metafísicas que suportam modos tão diferentes de compreender e agir no mundo. Tais condições estão tão presentes que não há como não transformá-las em obje- tos ora de lamento, protesto e inconformismo, ora de louvor, agradecimento e acei- tação. Veja como se pronuncia o poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) quando se propôs a refletir metafisicamente sobre o que de fato significa ser homem. Especulações em torno da palavra “Homem” (ANDRADE, 2002, p. 428) Mas que coisa é homem, que há sob o nome: uma geografia? um ser metafísico? uma fábula sem signo que a desmonte? Como pode o homem sentir-se a si mesmo, quando o mundo some? Como vai o homem junto de outro homem, sem perder o nome? E não perde o nome e o sal que ele come 15 UNIDADE Problemas Metafísicos Antropológicos nada lhe acrescenta nem lhe subtrai da doação do pai? Como se faz um homem? Apenas deitar, copular, à espera de que do abdômen brote a flor do homem? Como se fazer a si mesmo, antes de fazer o homem? Fabricar o pai e o pai e outro pai e um pai mais remoto que o primeiro homem? Quanto vale o homem? Menos, mais que o peso? Hoje mais que ontem? Vale menos, velho? Vale menos, morto? Menos um que outro se o valor do homem é medida de homem? Como morre o homem, como começa? Sua morte é fome que a si mesma come? Morre a cada passo Quando dorme, morre? Quando morre, morre? A morte do homem consemelha a goma que ele masca, ponche que ele sorve, sono que ele brinca, incerto de estar perto, longe? Morre, sonha o homem? Por que morre o homem? Campeia outra forma de existir sem vida? Fareja outra vida não já repetida, em doido horizonte? Indaga outro homem? Porque morte e homem andam de mãos dadas e são tão engraçadas as horas do homem? Mas que coisa é homem? Tem medo de morte, mata-se, sem medo? 16 17 Ou medo é que o mata com punhal de prata, laço de gravata, pulo sobre a ponte? por que vive o homem? Quem o força a isso, prisioneiro insonte? Como vive o homem, se é certo que vive? Que oculta na fonte? E por que não conta seu tolo segredo mesmo em tom esconso? Por que mente o homem? mente, mente, mente desesperadamente? Por que não se cala, se a mentira fala, em tudo que sente? Por que chora o homem? Que choro compensa o mal de ser homem? Mas que dor é homem? Homem como pode descobrir que dói? Há alma há homem? E quem pôs na alma algo que a destrói? Como sabe o homem o que é sua alma e o que é alma anônima? Para que serve o homem? Para estrumar flores, para tecer contos? Para servir o homem? Para criar Deus? Sabe Deus do homem? E sabe o demônio? Como quer o homem ser destino, fonte? Que milagre é o homem? Que sonho, que sombra? Mas existe o homem? Você percebeu como o poeta levanta de maneira ousada, irônica e concreta, com referências ao cotidiano, as questões de ordem expressivamente metafísicas? O problema da morte, do relacionamento do ser humano com seus semelhantes e questões de ordem ética e social como valor, o mentir e o sobreviver estão presentes. Deus, o destino e a vida em seu processo de produzir o homem também 17 UNIDADE Problemas Metafísicos Antropológicos aparecem. Trata-se de um texto significativo que ilustra o que acabamos de apontar como condição humana, mas também evoca algumas das dimensões que fazem parte do último tópico dessa unidade. O Caráter Pluridimensional do Ser Humano Qualquer tentativa de concepção do humano que não considere o seu caráter pluridimensional tende a um reducionismo desumano, isto é, corre o risco de querer impor e eleger uma ou algumas poucas de suas potencialidades ou qualidades como as que melhor o identifica. Toda vez que historicamente isso aconteceu há um esvaziamento e empobrecimentode nossa humanidade. Por exemplo, não se pode considerar apenas um dos lados daqueles polos que constituem, ainda que em conflito a nossa natureza de ser gente. Corpo e alma se pertencem, assim como sentimento e inteligência se completam e a razão não precisa ignorar as emoções e estas, por sua vez não precisam impor seu domínio sobre a primeira. A vida humana é pluralidade integrada e a tensão desses pólos constitui a sua essência. Do mesmo modo, a condição humana não pode negar a inevitabilidade de sua fragilidade. Pois é nos limites da condição de sua existência efêmera que estão dadas as possibilidades da vivência da liberdade humana de projetar o seu ser que nunca é previamente estabelecido. Como dizia Sartre (1905-1980) em resposta àqueles pensadores que postulavam os condicionamentos sociais, biológicos, genéticos e históricos como testemunho de nossa incapacidade para a liberdade: Não importa o que fizeram do homem, importa o que o homem faz do que fizeram dele (SARTRE, 1952). Mas a liberdade, embora seja, talvez, a mais importante dimensão da vida humana, há inúmeras outras que não podem ser diminuídas ou esquecidas quando se trata de definir o humano. Racionalidade, sociabilidade, cultura, historicidade, trabalho, pessoa singular e única, corporeidade, sexualidade, afetividade, linguagem, símbolo, religiosidade, transcendência, utopia, ludicidade, arte e criatividade são dimensões que caracterizam integral e diversamente a existência de todo ser humano. A linguagem A linguagem e o aprimoramento da capacidade simbólica de representar a realidade permitiram ao ser humano o desenvolvimento de inúmeras outras capacidades de comunicação, distanciamento, reflexão da realidade e a cooperação social para mediante o trabalho produzir, reproduzir a vida e transformar a natureza em fonte de bens e recursos adaptados às suas necessidades. 18 19 Linguagem, fala, escrita e por fim a comunicação possibilitando o trabalho são as condições fundamentais para a produção de ferramentas e técnicas cada vez mais avançadas de produção da cultura. Toda variação cultural é uma riqueza cuja estrutura é expressão máxima da liberdade criativa do ser humano frente sua própria adaptação à natureza. Cultura e trabalho Cultura, trabalho e linguagem estão associados como dimensões que se abrem para formar o que há de mais genuíno no ser humano. A capacidade de sonhar, criar e produzir arte na liberdade de aprender e superar os problemas colocados em sua existência histórica é fonte inesgotável do jeito humano de ser. Cada uma dessas dimensões mereceria um aprofundamento particular, mas importa nesse momento apenas apontá-las como dimensões que caracterizam a originalidade de nossa humanidade. O reconhecimento do caráter pluridimensional da humanidade não resolve todos os problemas humanos, mas pode superar a tendência de reprodução do homem unidimensional que Herbert Marcuse (1973) viu prevalecer como ideologia da sociedade industrial e que ainda hoje insiste em permanecer como lógica dominante na formação e condicionamento das pessoas. Conclusão O ser humano é por definição um ser educável e por isso é, por natureza, aberto, inacabado e incompleto. Essa é sua mais importante definição, a saber, ser carente, incompleto, aberto ao conhecimento de si mesmo e ao intercâmbio com o outro, seja esse outro, o mundo exterior, a natureza ou o seu próprio semelhante. Neste sentido, o caráter ético é a dimensão que deriva de sua liberdade. Por ser livre é constantemente convocado a reconstruir seus valores, princípios, normas, lei e projetos de felicidade. Está, portanto, predisposto à utopia, à construção de mundos e sociedades novas. Razão e emoção se completam com a imaginação e o sonho utópico. Ser humano é viver em confronto, diálogo e abertura à alteridade. Somos, na verdade, um vazio a ser preenchido por uma história única que se abre aos mistérios envolventes do ciclo fantástico que é a vida. As razões metafísicas não esgotam os desejos e anseios humanos por vida em plenitude, mas com certeza, ajudam a romper os laços que nos condicionam a uma vida inautêntica e desumana. 19 UNIDADE Problemas Metafísicos Antropológicos Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Introdução aos Direitos Humanos: conceito, fundamentos, características Ouça a aula de introdução aos direitos humanos que ajudará você a completar os estudos dessa Unidade segundo a ótica jurídica, perspectiva que não foi o foco de nossa abordagem, mas importante no conjunto dos valores que marcam a compreensão da dignidade humana. https://goo.gl/6x4BN7 Filmes A Partida Direção de Yojiro Takita. Japão/2008. Atores: Masahiro Motoki, Tsutomu Yamazaki, Ryoko Hirosue, Kazuko Yoshiyuki, Kimiko Yo; duração: 130 min. O filme “questiona a morte por outro ângulo, a do preparador de cadáveres. Trecho da resenha crítica de Rodolfo Lima, jornalista, ator e crítico de cinema http://www.cranik.com/apartida.html Você pode ver o filme no youtube: https://goo.gl/PNiDBU Leitura O homem e a política em A condição humana Leia atentamente o artigo “O homem e a política em A condição humana” do Prof. Ms. Moisés Rodrigues da Silva (Instituto de Filosofia e Teologia de Goiás, Goiânia-GO – Brasil) sobre as noções de “Labor”, “Trabalho” e “Ação” em Hannah Arendt. Se houver possibilidade o aluno deve ler o livro da própria Arendt. Mas o artigo irá prepará-lo para uma leitura posterior mais proveitosa. Trata-se de um complemento de grande contribuição à compreensão dos problemas metafísicos antropológicos a partir de uma visão histórica bastante profunda, centrada nos conceitos de trabalho, labor e ação. http://goo.gl/N6v1Jq Acesso em 14/10/2015 às 00h31min. A condição humana Ler a obra de ARENDT, Hannah. A condição humana. 10.ed. Tradução de Roberto Raposo. Rio de Janeiro: Forense Universitária. 2007. http://goo.gl/26ofdC Acesso em 14/10/2015 às 00h34min. 20 21 Referências AGOSTINHO. Confissões. 2. ed. Tradução de J. Oliveira Santos e A. Ambrósio de Pina. São Paulo: Abril Cultural, 1980. Coleção Os pensadores. Versão Online. Disponível em: http://copyfight.me/Acervo/livros/OS%20PENSADORES%20 -%20Vol.%2006%20(1980).%20Santo%20Agostinho.pdf. Acesso em 12/10/2015 às 21h38minh. ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia Completa de Carlos Drummond de Andrade. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002. ARENDT, Hannah. A condição humana. 10.ed. Tradução de Roberto Raposo. Rio de Janeiro: Forense Universitária. 2007. AZCONA, Jesús. Antropologia I. História. Tradução de Lúcia Mathilde Endlich Orth. Petrópolis: Vozes. 1992. 181p. BARROS, Edson de Almeida Rego. O homem e seu software. São Paulo: Páginas &Letras, 1997. 124p. BRAGA, Thiago Rodrigues. “A condição humana” de Hannah Arendt”. Site: Mundo dos Filósofos. Postado em 2011. Disponível em: http://www.mundodosfilosofos. com.br/a-condicao-humana-hannah-arendtt.htm. Acesso em 12/10/2015 às 22h54minh. CASSIRER, Ernst. Antropologia Filosófica. Ensaio sobre o homem. Introdução a uma filosofia da cultura humana. 2.ed. Tradução de Vicente Felix de Queiroz. São Paulo: Mestre Jou, 1977. 378p. CORREA, Jaime Vélez. El hombre um enigma. Antropologia Filosófica. Santa Fé de Bogotá/Colombia: Publicomunicaciones/CELAM, 1995. 443p. HEIDEGGER, Martin. Kant und das Problem der Metaphysik. Frankfurt/ Alemanha: V. Klostermann, 1998. 317p. LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. 7ª Ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. 205p. LARA, Valter Luiz. Em busca do humano. Contribuição ao estudo do homem contemporâneo. Vol. I: Conhecimento e Verdade. São Paulo: CEPE, 1997, 128p. LUCAS, Juan de Sahagún (Org.). Antropologías del siglo XX. 3ª Ed. Salamanca: Ediciones Sigueme, 1983. 275p. MARCUSE, Herbert. A ideologia da sociedade industrial.O homem unidimensional. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1973. 238p. MARÍAS, Julián. O tema do homem. Tradução de Diva Ribeiro de Toledo Piza. São Paulo: Duas Cidades, 1975. 336p. MONDIN, Battista. O homem, quem é ele? São Paulo: Paulinas, 1980A. 21 UNIDADE _____. Introdução à Filosofia. Problemas, sistemas, autores, obras. Tradução de J. Renard. São Paulo: Paulinas, 1980B. 266p. _____. Definição filosófica da pessoa humana. Tradução Ir. Jacinta Turolo Garcia. Bauru/SP: EDUSC – Editora da Universidade do Sagrado Coração. 1998. NOGARE, Pedro Dalle. Humanismos e anti-humanismos. Introdução à Antropologia Filosófica. 3ed. Petrópolis: Vozes, 1977. 290p. RABUSKE, Edvino Aloisio. Antropologia Filosófica. Um estudo sistemático. 4.ed. Petrópolis: Vozes, 1992. 219p. ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. Brasília/DF e São Paulo/SP: Editora Universidade de Brasília e Editora Ática. 1989. SARTRE, Jean-Paulo. Saint Genet: Comédien et martyr. Paris: Gallimard, 1952. 22
Compartilhar