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Alfabetiza o das classes populares um desafio para a educa o brasileira

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Universidade Federal Flumisense
Título: Alfabetização para as crianças das classes populares um desafio para a educação brasileira 
Autor: Roberta Cristine de A. Passos
Tema: A alfabetização das classes populares um possível dialogo com sociedade. 
Ideia Central: Discutir a educação das classes populares na atual conjuntura.
Conceitos chaves: Alfabetização, Escola, Educação Popular, Sociedade.
Autores com que a autora dialoga: Marx, Bourdieu, Paulo Freire.
Categorias de análise: Educação bancária
Atualmente vivemos uma educação no contexto da ideologia neoliberal, pelo viés da economia como formação do capital humano cujo objetivo é formar sujeitos produtivos para o mercado, dessa forma a educação das classes populares geralmente não tem muita importância por tratar dos excluídos, por isso há a importância de uma educação a partir do conhecimento do povo e com o povo provocando uma leitura da realidade na ótica do oprimido, isto é, que permita ele sair desta condição a partir da consciência de classe. A educação popular é específica da classe trabalhadora, uma educação ético político e intelectual dessa classe. 
Para melhor entendermos este assunto recorremos ao autor Paulo Freire que foi o grande precursor deste tema porque tratava das concepções de mundo, de homem, de sociedade e de educação de forma humanizada, concebia o ser humano como um ser inacabado, inconcluso e plural, isto é, o ser humano esta no mundo com o mundo e com os outros. Analisando a realidade de seu tempo definiu um tipo de educação, chamando-a de bancária, mas, até hoje podemos ver esse tipo de ensino, que se caracteriza como um instrumento de opressão, que visa um conjunto de conhecimentos organizados em conteúdos descontextualizados, sem vida e significado aos alunos, submetidos a uma hierarquia na organização dos currículos escolares para ser depositado (como nos bancos) na cabeça dos alunos. Para superar essa educação bancária é necessário acontecer uma humanização da educação reconhecendo os sujeitos como seres produtores de sua cultura e história, e superando os problemas das realidades sociais que oprimem a classe popular. 
O projeto educativo de Freire visava uma educação universal como formação humana, do sujeito em suas múltiplas potencialidades na busca de um sujeito integral, caracterizado na luta contra o analfabetismo para que a população tenha um mínimo de instrução para poder defender seus direitos nesta sociedade desigual e excludente, trata- se de uma luta contra hegemônica.
A escola brasileira não atende plenamente as crianças das classes populares, pois aquelas que conseguem chegar à escola entram e permanecem, pois a mesma usa recursos didáticos e linguagens distantes da realidade das crianças das classes populares, nas avaliações a escola não considera o saber da experiência desses alunos, experiência essa que acontece nos fatos do dia –a - dia, em seu meio de convivência, em contato com a sociedade e diversas situações, de forma oral. Por causa dessa distância da escola e a cultura do aluno, é que muitas crianças deixam a escola, mas não são elas necessariamente que fazem isso, mas o próprio sistema da sociedade que as excluem quando cria uma série de dificuldades e impasses que se transformam em obstáculos para essas crianças. 
É urgente que exista uma educação popular pelo menos parecida com a que Freire propunha, que respeite os saberes da experiência dos alunos sua cultura, linguagem, sabedoria, valores, e que o sistema escolar não avalie as possibilidades intelectuais das crianças com os mesmos instrumentos que as classes favorecidas. Não se trata aqui de fazer injustiça com as classes favorecidas, ou negar as desfavorecidas o direito de conhecer e estudar o que outros alunos estudam; trata-se de igualar as oportunidades, e fazer com que os alunos ao ter contato, principalmente, com o mundo da leitura e da escrita consigam compreender e entender, de modo que exista uma linguagem, um método que posso alcançar a todos os alunos. E também não havendo discriminação desses alunos por sua cultura ser diferente daquela da escola, e sim mostrando que há diferentes concepções e realidades. 
A pedagogia libertadora chamada por Freire acontece através do diálogo que em sua origem é dialética, partindo da realidade dos educandos para que possam intervir no mundo. Propõe uma educação crítica e emancipadora, onde o conhecimento é visto como meio de superação de relações desiguais, mecanicistas, com práticas realizadas através do diálogo com o povo excluído promovendo a emancipação social. Sua teoria pedagógica focava um processo de conhecimento que permitisse que os indivíduos excluídos compreendessem o funcionamento da sociedade e a sua localização na mesma, promovendo uma postura crítica e consciente.
A educação voltada para a classe popular envolve a alfabetização, pois esta é uma etapa propícia e relevante na vida da criança, então a partir daí que temos que ter cuidado com a formação desses alunos, como eles vão aprender a ler, compreender o mundo a sua volta se este estiver distante da sua realidade, é necessário ter uma atenção nesta etapa, pois é quando a criança aprende a ler o mundo, mas sobre que ótica ela está aprendendo? È preciso preocupar –se com o entendimento que elas estão tendo, além de tudo formar nesta classe o espírito crítico e consciente; permitindo assim que o aluno permaneça na escola, e que não possa achar que a escola não é pra eles por estar distante da sua realidade, isso não irá acontecer se na formação inicial o aluno não se sentir bem, respeitado, e compreendendo o que os professores estão falando eles tendem a ficar motivados e estudar, se aprofundar cada vez. 
É esse o tipo de educação que precisamos, como a que Freire nos mostra, as escolas deveriam se tornar em um espaço de criatividade em que ensinar e aprender seja uma alegria, desde que se ensine com amor, ela não pode ser só assistencialista, deve promover a curiosidade, a autonomia em função dos aspectos culturais, econômico e sociais respeitando as particularidades das crianças. Para transformar essa escola atual hierarquizada e excludente, seria necessário ouvir toda a comunidade escolar interna e externa a escola, ter uma mudança no currículo, ouvir as próprias crianças etc. 
A alfabetização para as classes populares apesar de ainda distante nas escolas, é um desafio em nossas práticas ela deve ser buscada diariamente, pois uma educação para esta classe envolve o respeito ao ser humano e a sua cultura. A educação de Freire nos indica um olhar atento ao futuro na qual é possível sonhar e, acima de tudo lutar por um mundo possível, necessário e urgente, que acabe com as relações hierarquizadas de opressão e exploração do trabalho e dos recursos naturais da vida. 
Referências bibliográficas 
Revista Scielo. Peloso, Franciele. Paula, Ercília. Recriando Paulo Freire na educação da infância das classes populares. Educação & Linguagem v. 13, n.22 jul.- dez. 2010.

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