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TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE APLICADA I 1 Prof. EDSON DEGRAF CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE APLICADA - I TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE APLICADA I 2 Prof. EDSON DEGRAF FACULDADES INTEGRADAS SANTA CRUZ DE CURITIBA - INOVE www.santacruz.br C O N T E Ú D O P R O G R A M Á T I C O CURSO: Ciências Contábeis SEMESTRE (PERÍODO) 5º DISCIPLINA: Tópicos Avançados de Contabilidade Aplicada I CARGA HORÁRIA: 72 horas/aula Ementa Depreciação, Amortização e Exaustão – Ganhos ou Perdas de Capital – Matriz e Filial – Transações Entre Partes Relacionadas – Ajustes de Exercícios Anteriores – Passivo a Descoberto – Juros Sobre o Capital Próprio – Demonstração do Valor Adicionado . Objetivo(s) Proporcionar uma visão geral da aplicabilidade da contabilidade. Entender a estática patrimonial e a dinâmica patrimonial das empresas. Entender os procedimentos contábeis no desenvolvimento da escrituração Contábil das empresas. Determinar os critérios de avaliação patrimonial proporcionando o conhecimento básico para a elaboração e análise das demonstrações financeiras, de conformidade da ciência contábil, observando as leis societárias e a legislação vigente. Conteúdo 1. Depreciação Conceitos, aspectos fiscais, regulamentação, contabilização e exemplos. 2. Amortização Conceitos, aspectos fiscais, regulamentação, contabilização e exemplos. 3. Exaustão Conceitos, aspectos fiscais, regulamentação, contabilização e exemplos. 4. Ganhos ou Perdas de Capital Conceitos, aspectos fiscais, regulamentação, contabilização e exemplos. 5. Matriz e Filial Conceitos, aspectos fiscais, regulamentação, contabilização e exemplos. 6. Transações Entre Partes Relacionadas Conceitos, aspectos fiscais, regulamentação, contabilização e exemplos. 7. Ajustes de Exercícios Anteriores – Estimativas Contábeis Conceitos, aspectos fiscais, regulamentação, contabilização e exemplos. 8. Passivo a Descoberto Conceitos, aspectos fiscais, regulamentação, contabilização e exemplos. 9. Juros Sobre Capital Próprio Conceitos, aspectos fiscais, regulamentação, contabilização e exemplos. 10. Demonstração do Valor Adicionado Introdução e aspectos legais. Técnica de elaboração e estrutura Metodologia de Ensino TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE APLICADA I 3 Prof. EDSON DEGRAF As aulas desenvolver-se-ão voltadas para a resolução de problemas e expressão das soluções em uma linguagem especificada para esse fim. Exposições/discussões teóricas serão realizadas em função das atividades relacionadas aos problemas propostos. As atividades, conforme sua natureza, serão desenvolvidas em salas de aula convencionais. Atividades Discentes Trabalhos em grupo e ou individual sobre o conteúdo programático, as quais serão somadas, podendo o discente atingir até 3,0 (três pontos). Procedimentos de Avaliação O sistema de avaliação no primeiro bimestre compreende avaliações parciais até 3,0 (três) pontos e avaliação bimestral 7,0 (sete) pontos sobre o conteúdo programático, as quais, serão somadas e obtida a média de aproveitamento do aluno quanto aos objetivos. O sistema de avaliação no segundo bimestre compreende avaliações parciais até 4,0 (quatro) pontos referente ao Trabalho interdisciplinar, 1,0 (hum) ponto referente a avaliações parciais e avaliações bimestrais (teoria e prática) 5,0 (cinco) pontos, sobre o conteúdo programático, as quais, serão somadas e obtida a média de aproveitamento do aluno quanto aos objetivos. Os resultados das avaliações serão retornados aos alunos, cuja correção ou avaliação deverão servir como instrumento do processo de ensino e aprendizagem. O aluno que obtiver média igual ou superior a 7 (sete), e freqüência superior a 75%, é considerado aprovado. Se o aluno não alcançar esta média, ele deverá realizar uma avaliação no fim do semestre, avaliação esta que abrangerá todo o conteúdo da disciplina. Data da avaliação 1º. Bimestre: 26/03/2013 Data da avaliação 2º. Bimestre: 20/05/2013 1ª parte teoria 21/05/2013 2ª parte prática Bibliografia Livro(s) Texto(s): ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Contabilidade avançada: textos, exemplos e exercícios resolvidos. 2. Ed.; São Paulo: Atlas, 2010. HERNANDEZ PEREZ JÚNIOR, José. Contabilidade avançada. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. SANTOS, José Luiz dos; SCHMIDT, Paulo; FERNANDES, Luciane Alves. Contabilidade avançada: aspectos societários e tributários. 2. Ed.; São Paulo: Editora Atlas S.A., 2008. . Bibliografia Complementar: CREAPALDI, Silvio Aparecido; Contabilidade Gerencial; teoria e prática; 5 ed.; Editora Atlas; São Paulo; 2010. PARISI, Cláudio; MEGLIORINI, Evandir; Contabilidade Gerencial; 1ed.; Editora Atlas; São Paulo; 2010. ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti; Contabilidade Intermediária; 3 ed.; Editora Atlas; São Paulo; 2010. EQUIPE PROFESSORES FEA USP; Contabilidade Introdutória; 111 ed.; Editora Atlas; São Paulo; 2010. IUDÍCIBUS, Sérgio de.; MARION, José Carlos.. Contabilidade Comercial. 9. ed. Editora Atlas; São Paulo; 2010. MARION, José Carlos. . Contabilidade Empresarial. 15. ed. São Paulo: Atlas, São Paulo; 2009. NEVES, Silvério das; VICECONTI, Paulo Eduardo Vilchez. Contabilidade avançada e análise das demonstrações financeiras. 12. ed. São Paulo: Frase, 2003. 702 p. ISBN 85-87065-44-0 Programa Elaborado em 28/01/2013 Professor Edson Degraf edson.degraf@hotmail.com.br TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE APLICADA I 4 Prof. EDSON DEGRAF O caduceu é formado por um bastão no sentido vertical, com duas pequenas serpentes entrelaçadas, tendo na parte superior duas asas e um elmo alado. O BASTÃO - que representa o poder de quem conhece a ciência contábil - é a espinha dorsal do curso de Ciências Contábeis, em que são aplicadas as matérias de formação profissional específica, objetivando a capacitação para o exercício da profissão. AS PEQUENAS SERPENTES - que simbolizam a sabedoria - estão entrelaçadas para demonstrar o elo entre os atributos de natureza humana, social e profissional, em que há a integração das matérias e atividades de formação profissional básica, específica e complementar. AS DUAS ASAS - que figuram a presteza, a solicitude, a dedicação e o cuidado ao exercer a profissão - têm, entre as matérias voltadas aos atributos de natureza humanística e social, o estudo da língua pátria, as relações humanas, as noções de ciências sociais e de direito, assim como a versatilidade da realidade brasileira na era da globalização. O ELMO - que é uma peça de armadura antiga, o qual cobria a cabeça - está representado, dentro do currículo pleno do curso de Ciências Contábeis, pela ética geral e profissional. Nesse contexto, temos o objetivo geral do curso, voltado para a instrumentalização do bacharel em Ciências Contábeis.Há, além da formação global, o ajustamento às características do mercado de trabalho regional, mediante o estudo de matérias eletivas, como a contabilidade comercial, empresarial e tributária, inserem-se aí a competência científica teórico-prática e a atualização tecnológica. Assim, a formação acadêmica e profissional do corpo discente inclui o estudo e prática das funções de planejamento, controle, registro, divulgação e avaliação dos fenômenos da administração econômica e financeira. Estas traduzem-se num quadro geral do patrimônio, do fluxo das transações, da produção e da renda, com vista a alicerçar a tomada de decisões dos empresários. O curso de Ciências Contábeis, tal qual a educação superior, dentro da atual lei de diretrizes e bases da educação brasileira, tem no trabalho de pesquisa e investigação científica a finalidade de desenvolver o entendimento do homem e do meio em que este vive. A extensão universitária, visando à difusão das conquistas e benefícios da criação cultural, também está inserida na política departamental, bem como entre as finalidades da educação superior. A divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos faz parte do conjunto, pela comunicação, de um lado, por meio de palestras, e do outro, na forma de publicações. O quadro do patrimônio cultural do acadêmico e futuro profissional das Ciências Contábeis é representado pelo CADUCEU, no qual a graduação é o bastão, a extensão são as serpentes, a pesquisa são as asas e a comunicação é o elmo. TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE APLICADA I 5 Prof. EDSON DEGRAF 1- DEPRECIAÇÃO Representa o desgaste da capacidade de utilização (vida útil) de bens tangíveis ou físicos pelo uso, por causas naturais ou por obsolescência tecnológica. Será calculada pela taxa de depreciação, fixada em função da vida útil estimada do bem, sobre o valor dos bens objeto da depreciação. Taxa de depreciação (em %) = 100 . Vida útil do bem Quota de depreciação (R$) = taxa de depreciação x custo do bem(R$). Taxas de Depreciação Anual Fixadas pela Legislação do Imposto de Renda Grupos de Bens do Imobilizado % a.a. Edifícios 4 Máquinas e Equipamentos 10 Instalações 10 Móveis e Utensílios 10 Veículos 20 Sistema de Processamento de Dados 20 Ferramentas 20 Tratores 25 As instruções normativas SRF n. 162/98 e n. 130/99, fixam o prazo de vida útil e a taxa de depreciação de vários outros bens. As empresas poderão usar taxas superiores às fixadas desde que comprovem, mediante laudo pericial de órgão técnico, sua adequação ao tempo de vida útil do bem. Depreciação Perante o Imposto de Renda: Para efeito de Imposto de Renda a depreciação não é obrigatória, sendo facultativa a empresa. É interessante que a empresa a faça para apuração do Lucro Real do Exercício (pagando menos imposto de renda), apresentando um lucro mais próximo da realidade. Contudo se o contribuinte deixar de depreciar num exercício, não poderá, no exercício seguinte fazê-lo acumuladamente, em virtude do princípio legal da independência dos exercícios (ou competência dos exercícios. A depreciação efetuada fora do exercício em que ocorreu a utilização dos bens do Ativo bem, como a depreciação calculada a maior que as taxas permitidas não são dedutíveis como custos, ou encargos, para fins do imposto de renda. Vedações à depreciação pela legislação do imposto de renda. Não podem ser depreciados: a) terrenos, salvo em relação a benfeitorias e construções; b) bens que aumentam de valor com o tempo, como antiguidades e obras de arte; c) bens para os quais sejam registradas quotas de amortização ou exaustão; d) bens móveis ou imóveis que não estejam intrinsecamente relacionados a produção ou comercialização de bens e serviços. TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE APLICADA I 6 Prof. EDSON DEGRAF DEPRECIAÇÃO ACELERADA As taxas de depreciação fixadas pela Legislação do Imposto de Renda são para uma jornada normal de trabalho (turno de 08 horas). Portanto, quando ocorre a adoção de 02 ou 03 turnos de 08 horas, quanto aos bens móveis comprovadamente utilizados, poderão ser adotados os coeficientes de aceleração de 1,5 quando são 02 turnos, e de 2,0 quando são 03 turnos. Isto porque é admissível que o uso intensivo do bem reduza a sua vida útil. BEM TURNO TAXA NORMAL X COEFICIENTE TAXA ACELERADA MÁQUINAS 2 10% 1,5 15% FERRAMENTAS 2 20% 1,5 30% MÁQUINAS 3 10% 2,0 20% FERRAMENTAS 3 20% 2,0 40% DEBITAR = DESPESAS COM DEPRECIAÇÃO (DRE) CREDITAR = DEPRECIAÇÃO ACUMULADA (ATIVO) Valor ou custo contábil do bem: Considera-se custo ou valor contábil do bem o seu valor de aquisição, diminuído da depreciação acumulada correspondente. Exemplo: Máquinas R$ 5.700.000,00 (-) Depreciação acumulada R$ (700.000,00) (=) Custo ou valor contábil do bem R$ 5.000.000,00 Caso a empresa resolva alienar o bem por valor superior ao seu custo contábil, a contabilidade registrará um lucro não operacional, caso contrário (venda por valor inferior ao custo) registrará um prejuízo não operacional. Tais operações são consideradas, também, como ganhos ou perdas de capital. Depreciação Acelerada Incentivada Diferentemente da depreciação acelerada em função do uso intensivo do equipamento, que é registrada na contabilidade da empresa, a depreciação acelerada incentivada, como o próprio nome indica, constitui um incentivo fiscal registrado e controlado exclusivamente no Livro Apuração do Lucro Real (LALUR). O objetivo do governo, ao conceder este tipo de benefício, é incentivar as empresas e ampliar e modernizar seus equipamentos industriais, tornando-os mais eficientes do ponto de vista tecnológico. Consiste na adoção de uma taxa adicional de depreciação, além daquela registrada na contabilidade, que constituirá, nos primeiros períodos, uma exclusão no LALUR reduzindo o Lucro Real e favorecendo a empresa com um imposto de renda menor. O valor da Depreciação Incentivada será controlado na parte B do LALUR. O total de depreciação acumulada, incluindo a normal e a acelerada não poderá ultrapassar o custo de aquisição do bem. A partir do mês ou ano em que esse valor for atingido, o valor equivalente à depreciação normal registrada na contabilidade deverá ser baixada na parte B e adicionada ao Lucro Líquido do período de apuração na parte A do LALUR, para efeito de determinar o lucro real correspondente. Existem quatro tipos de Depreciação Acelerada Incentivada, todos eles beneficiadores de implantação de equipamentos novos. 1 – Coeficiente 1,00 x taxa usual TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE APLICADA I 7 Prof. EDSON DEGRAF 2 – Coeficiente 2,00 x taxa usual 3 – Depreciação em 24 quotas mensais 4 – Depreciação integral do bem, exceto a terra nua, no próprio ano da aquisição, para a atividade rural. As pessoas jurídicas que explorarem atividade comercial de vendas de produtos e serviços, poderão promover depreciação acelerada dos equipamento Emissores de Cupom Fiscal – ECP, que foram adquiridos no período compreendido entre 01/01/95 a 31/12/95. A depreciação acelerada será calculada pela aplicação da taxa de depreciação usualmente admitida sem prejuízo da depreciação normal. Bens intrinsecamente relacionadoscom a produção ou comercialização de bens e serviços: a) os bens móveis ou imóveis utilizados no desempenho das atividades de contabilidade; b) os bens imóveis utilizados como estabelecimento da administração; c) os bens móveis utilizados nas atividades operacionais, instalados em estabelecimentos da empresa; d) os veículos do tipo caminhão, caminhoneta de cabine simples ou utilitário, utilizados no transporte de mercadorias e produtos adquiridos para revenda, produtos intermediários e de embalagens aplicados na produção; e) os veículos do tipo caminhão, caminhoneta de cabine simples ou utilitário, as bicicletas e motocicletas utilizados pelos cobradores, compradores e vendedores. f) os veículos do tipo caminhão, caminhoneta de cabine simples ou utilitário, as bicicletas e motocicletas utilizadas nas entregas de mercadorias e produtos vendidos; g) os veículos utilizados no transporte coletivo de empregado; h) os bens móveis e imóveis utilizados em pesquisa e desenvolvimento de produtos ou processos; i) os bens móveis e imóveis próprios, locados pela empresa jurídica que tenha a locação como objeto de sua atividade; j) os bens móveis e imóveis objeto de arrendamento mercantil nos termos da lei 6099, de 1974, pela pessoa jurídica arrendadora; k) os veículos utilizados na prestação de serviços de vigilância móvel, pela pessoa jurídica que tenha por objeto essa espécie de atividade. Bens Cedidos em Comodato A despesa de depreciação correspondente será dedutível na apuração do lucro real da empresa cedente, desde que a cessão não seja proveniente de mera liberalidade da pessoa jurídica. Como exemplo de empréstimo gratuito de bens necessários à atividade da empresa, podemos citar as cessões efetuadas pelos fabricantes de sorvetes, bebidas, cartões comemorativos e distribuidores de combustíveis aos revendedores de seus produtos. Mês de início da depreciação A despesa pode ser deduzida a partir do mês em que se iniciou a utilização do bem. Compra de Bem Usado Nessa hipótese, o prazo de depreciação será o maior dentre os seguintes: a) metade do prazo de vida útil que o bem teria caso houvesse sido adquirido novo; b) restante do prazo de vida útil do bem, considerado este em relação à primeira instalação ou utilização deste bem. TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE APLICADA I 8 Prof. EDSON DEGRAF Exemplo: Máquina usada - adquirida em......................... 28/06/X3 - primeira instalação................ 02/06/X1 Prazos: a) metade do prazo de vida útil:............................. 5 anos (metade de dez anos) b) restante do prazo de vida útil:............................ 8 anos Prazo para ser utilizado: 8 anos Taxa: = 100 = 12,5% a.a. 8 anos Obs.: Observar que o prazo, sendo o maior entre as opções elencadas, implicará a adoção da menor taxa de depreciação. Taxas inferiores as admitidas Caso a pessoa jurídica adote taxa inferior à permitida, o valor não contabilizado em um período não poderá ser recuperado posteriormente através da utilização de taxas superiores às máximas permitidas para cada período. Nesse caso, haverá uma dilatação no prazo durante o qual se poderia depreciar o respectivo bem. Assim, se uma pessoa jurídica, ao depreciar uma máquina de sua propriedade (taxa máxima = 10%) num determinado ano, utilizar o percentual de 5%, não poderá, no ano seguinte, usar 15%, pois este valor é superior ao máximo de 10% permitido. Como consequência, nesse caso, a empresa levará 11 anos em vez de 10 para depreciar totalmente o bem. Valor Residual Há casos em que, mesmo ao término de sua vida útil para a empresa, o bem depreciado apresenta um determinado valor de revenda no mercado. Esse valor é denominado valor residual. Se a pessoa jurídica o desejar e for possível estimar o valor residual do bem, a quota de depreciação pode ser ajustada para levá-lo em consideração: Quota de depreciação = Custo do bem (-) valor residual Vida útil do bem Exemplo: Custo de aquisição do bem R$ 300.000,00 Vida útil esperada 10 anos Valor residual estimado R$ 20.000,00 Quota de depreciação = R$ 300.000,00 – R$ 20.000,00 10 Quota de depreciação = R$ 28.000,00 Métodos Alternativos de Depreciação Além do método de depreciação normal, denominado de método da linha reta por supor que o desgaste do bem se opera de forma linear no tempo, existem outros métodos alternativos: - Métodos da soma dos dígitos; - Métodos das unidades produzidas; - Método do saldo decrescente. TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE APLICADA I 9 Prof. EDSON DEGRAF Métodos da soma dos dígitos Nesse método, a quota de depreciação é obtida pela multiplicação de uma fração, variável a cada período, sobre o custo de aquisição do bem (ou sobre o custo de aquisição menos o valor residual do bem, se este último for positivo). O numerador da fração é o número de períodos que restam da vida útil do bem no início do período de depreciação. O denominador, a soma dos dígitos dos períodos correspondentes à vida útil do bem. Exemplo: Custo de aquisição do bem R$ 300.000,00 Vida útil 5 anos Base de Depreciação R$ 300.000,00 Soma dos dígitos dos períodos de vida útil: 1+2+3+4+5 = 15 ANO VIDA ÚTIL RESTANTE FRAÇÃO DEPRECIAÇÃO = 3 x R$ 300.000,00 (1) (EM ANOS) (2) (3) (4) 1 5 5/15 100.000,00 2 4 4/15 80.000,00 3 3 3/15 60.000,00 4 2 2/15 40.000,00 5 1 1/15 20.000,00 T O T A L 300.000,00 Este método promove uma depreciação maior nos primeiros anos de vida útil que o método da linha reta (neste, a quota de depreciação seria constante e igual a R$ 60.000,00). Embora este método seja considerado melhor que o da linha reta, porque em muitos casos, a depreciação do bem (principalmente veículos) é maior nos primeiros anos, a legislação fiscal brasileira não o aceita. Se a empresa resolver utilizá-lo, a menos que tenha laudo de instituição técnica oficial que comprove estes valores de depreciação, ele deve adicionar a diferença de valor nos primeiros anos na parte A do LALUR e controlá-la na parte B, para deduzi-la da parte A nos últimos anos. Método da soma dos dígitos – quotas decrescentes Uma outra versão desse método é quando, na fração aplicada à base da depreciação, o numerador é o número de períodos utilizados ou a utilizar do equipamento. Exemplo: - Base da depreciação: R$ 90.000,00 - Vida útil: 5 anos ANO FRAÇÃO DEPRECIAÇÃO (em R$) 1 1/15 6.000,00 2 2/15 12.000,00 3 3/15 18.000,00 4 4/15 24.000,00 5 5/15 30.000,00 TOTAL 90.000,00 TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE APLICADA I 10 Prof. EDSON DEGRAF Método das unidades produzidas Esse é uma variante do método da linha reta em que, em vez de ser suposto que a depreciação do equipamento se opera em intensidade igual em todos os períodos da vida útil, o valor da quota respectiva é determinado proporcionalmente ao número de unidades produzidas no período em relação à produção total do equipamento ao longo da vida útil. Exemplo: - Base da depreciação R$ 200.000,00 - Vida útil 5 anos - Produção total estimada 800.000 unidades - Depreciação por unidadeproduzida R$ 200.000,00 = R$ 0,25 800.000 unidades ANO PRODUÇÃO QUOTA DE DEPRECIAÇÃO (1) EM UNIDADES (2) (2) X R$ 0,25 1 300.000 75.000,00 2 100.000 25.000,00 3 150.000 37.500,00 4 125.000 31.250,00 5 125.000 31.250,00 800.000 200.000,00 A legislação fiscal também não aceita este método. Método do saldo decrescente Neste método, a base da depreciação é o saldo da conta a depreciar (valor contábil do bem), ao invés do custo de aquisição. Somente é aplicável a bens que tenham valor residual. A taxa de depreciação é obtida pela seguinte fórmula: n Taxa Anual = 1 - Valor residual Custo dos bens Exemplo: - Custos dos bens R$ 50.000,00 - Valor residual R$ 6.480,00 - Vida útil 4 anos - Valor total a ser depreciado (50.000 – 6.480,00) 43.520,00 4 4 X % = 1 - 6.480,00 = 1 - 0,1296 50.000,00 X % = 1 – 0,60 = 0,40 ou 40% a.a. TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE APLICADA I 11 Prof. EDSON DEGRAF ANO TAXA SALDO DA CONTA DEPRECIAÇÃO 1 40 50.000,00 20.000,00 2 40 30.000,00 12.000,00 3 40 18.000,00 7.200,00 4 40 10.800,00 4.320,00 43.520,00 Despesa de Depreciação: o que fazer quando um bem não está sendo utilizado Tal questão é especialmente importante no caso de indústrias que possuem grande parte de seu ativo imobilizado representado por máquinas e equipamentos, de valores expressivos, e que, por alguma razão, deixaram de utilizar determinado bem ou conjunto de bens. É o caso, por exemplo, da desativação, temporária ou definitiva, de uma determinada linha de produção. Inicialmente, há de se observar que, ao contrário da decisão que muitos profissionais têm tomado no sentido de deixar de reconhecer a despesa de depreciação, o fato de não se utilizar o bem não representa condição única para se deixar de depreciar, uma vez que a depreciação de um bem não se dá apenas pelo resultado do desgaste de seu uso, mas também pela ação da natureza e obsolescência normal. Entretanto, para melhor entendimento, é necessário focar tal questão sob dois aspectos: não utilização temporária e não utilização definitiva. No caso da não utilização temporária, pela Lei no 6.404/76, Lei das Sociedades Anônimas, entende-se que os bens que não são temporariamente utilizados devem continuar sendo depreciados, em razão de, não obstante não estarem sofrendo desgaste pelo uso, estão predispostos à ação da natureza. Tal entendimento é, inclusive, corroborado pelo item 19.5.4.8 da NBC T 19, aprovado pela Resolução CFC no 1.027/05, que menciona: "A Depreciação, amortização ou exaustão não cessa quando o ativo torna-se obsoleto ou é retirado temporariamente de operação a não ser que o ativo esteja totalmente depreciado, amortizado, ou exaurido...". Entretanto, ao invés de se reconhecer a depreciação como um custo do produto, esta deverá ser classificada como uma despesa operacional. No que tange aos aspectos tributários, nesse caso o Fisco entende que, por não ser um bem que esteja sendo utilizado pela empresa na produção de receitas, a despesa de depreciação não será dedutível para fins de apuração do Imposto de Renda e Contribuição Social. Já com relação ao segundo aspecto, não utilização definitiva, apesar de prevalecerem as premissas apontadas no parágrafo anterior, o diferencial está em se determinar que a não utilização deu-se em virtude da obsolescência do bem, e, aí sim, ao se efetuar a baixa do bem por obsolescência, esta será considerada como dedutível pelo Fisco, desde que devidamente comprovada por laudo técnico expedido por órgão oficial competente. De qualquer forma, deve-se sempre buscar o inter-relacionamento entre os aspectos societários e tributários. Encargos de depreciação – Periodicidade de registro Nas empresas industriais, a manutenção do sistema de contabilidade de custos integrado e coordenado com o restante da escrituração exige que os encargos de depreciação dos bens empregados na produção sejam contabilizados mensalmente. As pessoas jurídicas não enquadradas nessa hipótese: I - caso submetidas à apuração trimestral do lucro real, poderão contabilizar o encargo mensalmente ou no encerramento de cada trimestre de apuração do lucro real; II - caso tenham optado pelo pagamento mensal do Imposto de Renda por estimativa, poderão contabilizar o encargo: TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE APLICADA I 12 Prof. EDSON DEGRAF a) mensalmente; b) no encerramento do período de apuração do lucro real, em 31 de dezembro ou por ocasião de incorporação, fusão, cisão ou encerramento de atividades; ou c) por ocasião do levantamento de balanços ou balancetes de suspensão ou redução do pagamento do imposto mensal. Benfeitorias em Bens de Terceiros: imobilizado ou diferido? Inúmeras dúvidas surgem quando se fala de benfeitorias em bens de terceiros, quer quanto à sua classificação, avaliação e sua transferência para o resultado do exercício. Quanto à classificação costuma-se discutir se devem ficar no Ativo Imobilizado ou no Diferido, surgindo dúvidas, no momento em que são ativadas, quanto ao critério para a sua transformação em despesa, ou, então, se já não são despesas diretas do exercício em que são realizadas. No que diz respeito à avaliação, é comum aumentarem os problemas quando pelo menos parte dos valores gastos com tais benfeitorias é ressarcível ou dedutível das parcelas dos aluguéis. Assim, Benfeitorias em bens de terceiros, são todas as reformas, modificações, melhoramentos, etc..., executadas em bens arrendados, por prazo determinado ou indeterminado, de pessoas físicas ou jurídicas, não vinculadas a empresa, as quais podem ou não reverter-se ao proprietário daqueles bens. Por isso, é necessário analisar a origem, natureza, finalidade e estimativa de uso daqueles Bens de Terceiros, para uma correta classificação, depreciação ou amortização e registro no Ativo Imobilizado. De acordo com os conceitos societários, fiscais e em consonância com os pronunciamentos e as decisões fiscais administrativas, as Benfeitorias em Bens de Terceiros devem ser classificadas no Ativo Imobilizado. Resumindo destacamos as informações que o profissional precisa ter para determinar a classificação, avaliação e apropriação nos resultados corretamente: Prazo do Contrato Previsão de Indenização dos Gastos no Contrato Tratamento dos Gastos (Deprec. / Amort.) Classificação no Balanço Determinado Com cláusula que estipule que não haverá indenização Amortização, durante o prazo de vigência do contrato Ativo Imobilizado Determinado Sem cláusula impeditiva Depreciação (de acordo com legislação societária ou fiscal) Ativo Imobilizado Indeterminado Com ou sem cláusula impeditiva Depreciação (de acordo com legislação societária ou fiscal) Ativo Imobilizado Determinado ou Indeterminado Com cláusula que estipule que haverá indenização N/A Ativo Circulante ou Realizável a Longo Prazo TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE APLICADA I 13 Prof. EDSON DEGRAF 2 - AMORTIZAÇÃO Compreende a importância correspondente à recuperação do capital aplicado em bens intangíveis, ou dos recursos aplicados em despesas que contribuampara a formação do resultado de mais de um exercício social, a ser lançada como custo ou encargo, em cada exercício. Bens Intangíveis Sujeitos a Amortização Ativo Imobilizado - marcas e patentes - fórmulas ou processos de fabricação, direitos autorais, autorizações ou concessões - ponto comercial, fundo de comércio - benfeitorias em prédios de terceiros - custos de projetos técnicos Contabilização D – Despesa de amortização (custo ou despesa) C – Amortização acumulada (AP) Ou D – Despesa de amortização C – Custo dos bens a amortizar Valor total da amortização O montante acumulado da amortização não poderá ultrapassar o custo de aquisição do bem ou direito. Prazos de amortização - De acordo com a Lei das Sociedades por Ações 6404/76 Os recursos aplicados no Ativo Diferido serão amortizados periodicamente, em prazo não superior a 10 anos, a partir do início de operação normal ou do exercício em que passem a ser usufruídos os benefícios deles decorrentes, devendo ser registrada a perda do capital aplicado, quando abandonados os empreendimentos ou atividades a que se destinavam, ou comprovado que estas atividades não poderão produzir resultados suficientes para amortizá-los. Modificado pela lei 11638/2007 - De acordo com a Lei Fiscal (Regulamento do Imposto de Renda) A taxa anual de amortização será fixada tendo em vista: a) o número de anos restantes de existência do direito; b) o número de períodos de apuração em que deverão ser usufruídos os benefícios decorrentes das despesas registradas no ativo diferido; Modificado coma lei 11638/2007. c) o prazo de amortização não poderá ser inferior a 5 (cinco) anos (mas não pode ser superior a 10 anos). Exemplo Marcas e patentes Saldo da conta: R$ 120.000,00 Início da amortização: 10/04/20x1 Prazo de amortização: 5 anos TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE APLICADA I 14 Prof. EDSON DEGRAF 20x1= 20 % x 9 meses = 15% x R$ 120.000,00 = R$ 18.000,00 12 meses 20x2 = 20 % x R$ 120.000,00 = R$ 24.000,00 20x3 = 20 % x R$ 120.000,00 = R$ 24.000,00 20x4 = 20 % x R$ 120.000,00 = R$ 24.000,00 20x5 = 20 % x R$ 120.000,00 = R$ 24.000,00 20x6 = 5 % x R$ 120.000,00 = R$ 6.000,00 Total = 100% = R$ 120.000,00 Obs.: Se a existência ou exercício do direito, ou a utilização do bem, terminar antes da amortização integral do seu custo, o saldo não amortizado constituirá encargo do período de apuração em que se extinguir o direito ou terminar a utilização do bem. Direitos de exploração de florestas de propriedade de terceiros A quota anual de amortização do valor dos direitos contratuais de exploração de florestas de propriedade de terceiros terá como base de cálculo o valor do contrato e será calculada em função do prazo de sua duração. Opcionalmente, poderá ser considerada como data de início do prazo contratual o dia do início da efetiva exploração dos recursos. Ocorrendo a extinção dos recursos florestais antes do término do prazo contratual, o saldo não amortizado poderá ser computado como custo ou encargo do período de apuração em que ocorrer a extinção. Alguns questionamentos referente amortização com base no Regulamento do Imposto de Renda. 1) Em que consiste a amortização de direitos, bens, custos e despesas? Consiste na "recuperação contábil" do capital aplicado na aquisição de direitos, cuja existência ou exercício tenha duração limitada, ou de bens, cuja utilização pelo contribuinte tenha o prazo limitado por lei ou contrato, e dos custos, encargos ou despesas, registrados no ativo diferido, que contribuirão para a formação do resultado de mais de um período de apuração. 2) Como é efetuada essa "recuperação contábil" do capital empregado? Mediante o uso da faculdade, estabelecida pela legislação, de se computar em cada período de apuração, como custo ou despesa operacional, o encargo de amortização com a utilização de percentual que traduza a recuperação do capital aplicado, ou dos recursos aplicados em despesas que contribuam para a formação do resultado de mais de um período de apuração (RIR/1999, art. 324). 3) Como será fixada a quota de amortização? Período de apuração anual: a quota de amortização dedutível em cada período de apuração será determinada pela aplicação da taxa anual de amortização sobre o valor original do capital aplicado ou das despesas registradas no ativo diferido (RIR/1999, art. 326). Período de apuração inferior a 12 meses: se a amortização tiver início ou terminar no curso do período de apuração anual, ou se este tiver duração inferior a doze meses, a taxa anual será ajustada proporcionalmente ao período de amortização, quando for o caso (RIR/1999, art. 326, § 1º). NOTA: A taxa anual de amortização será fixada tendo em vista o número de anos restantes de existência do direito (Lei no 4.506, de 1964, art. 58, § 1o) e o número de períodos de TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE APLICADA I 15 Prof. EDSON DEGRAF apuração em que deverão ser usufruídos os benefícios decorrentes das despesas registradas no ativo diferido (RIR/1999, art. 327). 4) Quais direitos ou bens poderão ser objeto de amortização? Poderão ser amortizados o capital aplicado na aquisição de direitos cuja existência ou exercício tenha duração limitada, ou de bens, cuja utilização pelo contribuinte tenha o prazo legal ou contratualmente limitado, tais como (RIR/1999, art. 325, inciso I): a) patentes de invenção, fórmulas e processos de fabricação, direitos autorais, licenças, autorizações ou concessões; b) investimento em bens que, nos termos da lei ou contrato que regule a concessão de serviço público, devem reverter ao poder concedente, ao fim do prazo da concessão, sem indenização; c) custo de aquisição, prorrogação ou modificação de contratos e direitos de qualquer natureza, inclusive de exploração de fundo de comércio; d) custo das construções ou benfeitorias em bens locados ou arrendados, ou em bens de terceiros, quando não houver direito ao recebimento de seu valor; e) o valor dos direitos contratuais de exploração de florestas por prazo determinado, na forma do art. 328 do RIR/1999. 5) Quais custos e despesas poderão ser objeto de amortização? Os custos, encargos ou despesas registrados no ativo diferido que contribuirão para a formação do resultado de mais de um período de apuração (RIR/1999, arts. 324 e 325, inciso II), tais como: a) a partir do início das operações, as despesas de organização pré-operacionais ou pré- industriais; b) as despesas com prospecção e cubagem de jazidas ou depósitos, realizadas por concessionárias de pesquisa ou lavra de minérios, sob a orientação técnica de engenheiro de minas, se o contribuinte optar pela sua capitalização; c) a partir da exploração da jazida ou mina, ou do início das atividades das novas instalações, os custos e as despesas de desenvolvimento de jazidas e minas ou de expansão de atividades industriais, classificados como ativo diferido até o término da construção ou da preparação para exploração; d) a partir do momento em que for iniciada a operação ou atingida a plena utilização das instalações, a parte dos custos, encargos e despesas operacionais registrados como ativo diferido durante o período em que a empresa, na fase inicial da operação, utilizou apenas parcialmente o seu equipamento ou as suas instalações; e) os juros durante o período de construção e pré-operação registrados no ativo diferido(inclusive o de empréstimos contraídos para financiar a aquisição ou construção de bens do ativo imobilizado, incorridos durante as fases de construção e pré-operacional); f) os juros pagos ou creditados aos acionistas durante o período que anteceder o início das operações sociais, ou de implantação do empreendimento inicial, registrados no ativo diferido; g) os custos, despesas e outros encargos com a reestruturação, reorganização ou modernização da empresa. NOTAS: O prazo de amortização dos valores relativos aos itens de "a" até "e" não poderá ser inferior a 5 (cinco) anos (RIR/1999, art. 327). A partir de 1o/01/1996, somente será considerada como dedutível a amortização de bens e direitos intrinsecamente relacionados com a produção ou comercialização dos bens e serviços (Lei no 9.249, de 1995, art. 13, inciso III; e RIR/1999, art. 324, § 4o). TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE APLICADA I 16 Prof. EDSON DEGRAF As despesas operacionais relativas aos dispêndios com pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica de produtos podem ser deduzidas contabilmente no período de apuração da realização dos dispêndios, isto é não serão mais objeto de amortização, conforme exposto nesta pergunta (Decreto nº 4.928, de 2003, art. 1º) 6) Há limites para a amortização? Sim, pois, em qualquer hipótese, o montante acumulado das quotas de amortização não poderá ultrapassar o custo de aquisição do direito ou bem ou o total da despesa efetuada, registrado contabilmente (RIR/1999, art. 324, § 1º). 7) Como proceder se o bem ou direito terminar antes da amortização integral? Se a existência ou o exercício do direito, ou a utilização do bem, terminar antes da amortização integral de seu custo, o saldo não amortizado constituirá encargo, no período de apuração em que se extinguir o direito ou terminar a utilização do bem (RIR/1999, art. 324, § 3º). 8) Qual a diferença entre depreciação e amortização? A principal distinção entre esses dois encargos é que, enquanto a depreciação incide sobre os bens físicos de propriedade do próprio contribuinte, a amortização se relaciona com a diminuição de valor de bens que, nos termos da lei ou contrato que regule a concessão de serviço público, devem reverter ao poder concedente ao fim do prazo da concessão, sem indenização; ou que, locados ou arrendados, ou em bens de terceiros, quando não houver direito ao recebimento de seu valor; ou dos direitos (ou despesas diferidas) com prazo limitado (legal ou contratualmente). 3) EXAUSTÃO Compreende a importância correspondente à diminuição do valor dos recursos naturais não renováveis (minerais e outros), resultante da sua exploração, a ser lançada como custo ou encargo, em cada período de apuração, nas mesmas condições dos cálculos dos encargos de depreciação e amortização, considerando o custo de aquisição ou prospecção, dos recursos explorados. A quota anual será determinada pelo volume da produção no período e sua relação com a possança conhecida da mina, ou em função do prazo de concessão dado pela autoridade governamental. Exemplo: 1) Dados: a) Valor da conta - Custo de obtenção dos direitos de Lavra: R$ 300.000,00 b) Reserva potencial de exploração (possança) conhecida: 10.000.000 ton c) Minérios extraídos: Primeiro ano 600.000 toneladas Segundo ano 1.000.000 toneladas Terceiro ano 1.200.000 toneladas 2) Cálculos da quota anual de exaustão Primeiro ano Taxa = 600.000 x 100 = 6% 10.000.000 6% x R$ 300.000,00 = R$ 18.000,00 TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE APLICADA I 17 Prof. EDSON DEGRAF Segundo ano Taxa = 1.000.000 x 100 = 10% 10.000.000 10% x R$ 300.000,00 = R$ 30.000,00 Terceiro ano Taxa = 1.200.000 x 100 = 12% 10.000.000 12% x R$ 300.000,00 = R$ 36.000,00 Contabilização D – Encargos de exaustão (custo ou despesa) C – Exaustão acumulada Obs.: 1 – No caso de exploração de jazidas minerais inesgotáveis ou de exaurimento indeterminável (como as de água mineral), os encargos de exaustão não podem ser computados na determinação do lucro real; 2 – O valor da Conta Exaustão Acumulada não poderá ultrapassar o custo de aquisição do bem. 3 – Somente podem ser exauridas os bens intrinsecamente relacionados à produção e a comercialização de bens e serviços. Recursos florestais próprios Poderá ser computada, como custo ou encargo, em cada período de apuração, a importância correspondente à diminuição do valor de recursos florestais, resultante de sua exploração. A quota de exaustão dos recursos florestais destinados a corte terá como base de cálculo o valor das florestas. Para o cálculo do valor da quota de exaustão será observado o seguinte critério: 1) apurar-se-á, inicialmente, o percentual que o volume dos recursos florestais utilizados ou a quantidade árvores extraídas durante o período de apuração representa em relação ao volume ou à quantidade de árvores que no início do período de apuração compunham a floresta; 2) o percentual encontrado será aplicado sobre o valor contábil da floresta, registrado no ativo, e o resultado será considerado como custo dos recursos florestais extraídos. O acima, disposto aplica-se também às florestas objeto de direitos contratuais de exploração por prazo indeterminado, devendo as quotas de exaustão ser contabilizadas pelo adquirente desses direitos, que tomará como valor da floresta o valor especificado no contrato. Exemplos: Dados: Quantidade de árvores: a) existentes no início do período de apuração 10.000.000 unidades b) extraídas durante o período de apuração 500.000 unidades Valor contábil da floresta registrado no AP R$ 23.000.000,00 Cálculos: Percentual de exaustão = 500.000 x 100 = 5% 10.000.000 Custo dos recursos florestais extraídos R$ 1.150.000,00 = (5% x R$ 23.000.000,00) TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE APLICADA I 18 Prof. EDSON DEGRAF Alguns questionamentos referente exaustão com base no Regulamento do Imposto de Renda. 1) Em que consiste a exaustão, em termos contábeis? Exaurir significa esgotar completamente. Em termos contábeis, a exaustão se relaciona com a perda de valor dos bens ou direitos do ativo, ao longo do tempo, decorrentes de sua exploração (extração ou aproveitamento). 2) Como serão apresentados no balanço os direitos sujeitos à exaustão? No balanço, os direitos serão classificados no ativo imobilizado e deverão ser avaliados pelo custo de aquisição, deduzido do saldo da respectiva conta de exaustão acumulada (Lei nº 6.404, de 1976, art. 183, V). 3) Quando cabe o registro nas contas de exaustão? A diminuição de valor dos elementos do ativo imobilizado será registrada periodicamente nas contas de exaustão, quando corresponder à perda do valor decorrente da sua exploração, de direitos cujo objeto sejam recursos minerais ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração (Lei nº 6.404, de 1976, art. 183, § 2º, "c"). NOTA: Sobre os procedimentos a serem observados no cálculo da quota anual de exaustão, consultar os arts 330 e 334 do RIR/1999. 4) Quais os elementos do ativo sujeitosà quota de exaustão? Registra-se a quota de exaustão somente sobre o custo dos direitos à exploração (aproveitamento) mineral ou florestal registrados no ativo. NOTA: O valor dos direitos contratuais de exploração de florestas por prazo determinado, na forma do art. 328 do RIR/1999, são objetos de amortização, e não de exaustão. 5) Quais modalidades de exaustão podem ser utilizadas pelas empresas de mineração? As empresas de mineração, relativamente às jazidas ou minas manifestadas ou concedidas, poderão, em cada período de apuração, deduzir como custo ou encargo quota de exaustão normal ou real, e/ou excluir do lucro líquido, na determinação do lucro real, quota de exaustão incentivada nos termos da legislação específica, RIR/1999, arts. 330 e 331; e PN CST nº 44, de 1977. NOTAS: A dedução da quota de exaustão incentivada não será aplicada em relação às jazidas cuja exploração tenha tido início a partir de 22/12/1987. O benefício é assegurado (RIR/1999, art. 331, § 4º) às empresas que em 24/03/1970 eram detentoras, a qualquer título, de direitos de decreto de lavra e àquelas cujas jazidas tenham tido início de exploração a partir de 1o/01/1980, em relação à receita bruta auferida nos dez primeiros anos de exploração de cada jazida. A exclusão poderá ser realizada em períodos de apuração subseqüentes ao encerrado em 31/12/1988, desde que observado o mesmo limite global de 20% (vinte por cento) da receita bruta auferida até o período de apuração encerrado em 31/12/1988. É facultado à empresa de mineração excluir, em cada período de apuração, quota de exaustão superior ou inferior a 20% (vinte por cento) da receita bruta do período, desde que a soma das deduções realizadas, até o período de apuração em causa, não ultrapasse 20% (vinte por cento) da receita bruta auferida desde o início da exploração, a partir do período de apuração relativo ao exercício financeiro de 1971. TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE APLICADA I 19 Prof. EDSON DEGRAF A exclusão poderá ser realizada em períodos de apuração subseqüentes ao período inicial de 10 (dez) anos, desde que observado o mesmo limite global de 20% (vinte por cento) da receita bruta auferida nos 10 (dez) primeiros anos de exploração. Não poderá ser objeto de exaustão a exploração de jazidas minerais inesgotáveis ou de exaurimento indeterminável, como as de água mineral (RIR/1999, art. 330, § 3o). 6) Como serão fixadas as quotas de exaustão de recursos minerais? Serão fixadas: a) a quota normal de exaustão, tendo em vista o volume de produção no período e sua relação com a possança conhecida da mina ou em função do prazo de concessão (RIR/1999, art. 330, § 2º); b) a quota de exaustão incentivada, pela diferença entre o valor resultante da aplicação do percentual de 20% (vinte por cento) sobre a receita bruta e o valor da quota normal de exaustão, encontrada na forma do item "a" anterior (RIR/1999, art. 332). 7) Como se obtém o valor da receita bruta para efeitos de cálculo da quota de exaustão incentivada de recursos minerais? A receita bruta que servirá de base de cálculo da quota de exaustão incentivada corresponderá ao valor de faturamento dos minerais (RIR/1999, art. 331, § 1º). 8) As empresas de mineração, em relação às atividades exercidas mediante licenciamento, ou como arrendatárias, fazem jus às quotas de exaustão? Não. As atividades extrativas sob licenciamento (minerais destinados ao aproveitamento imediato e in natura), ou sob arrendamento, não comportam nenhuma das formas de exaustão, em face de não haver custo ativável de direitos minerais. Caberá, quando muito, a apropriação normal de quotas de amortização ou das despesas operacionais, conforme o caso. 9) Quais controles deverão ser mantidos pelas empresas de mineração, com relação às quotas de exaustão dos recursos minerais explorados? As empresas de mineração deverão manter em sua escrituração contábil, sob intitulação própria, subcontas distintas (separadas), referentes a cada jazida ou mina. Este controle individualizado também será estendido à quota de exaustão mineral com base no custo de aquisição (exaustão normal ou real). A quota anual de exaustão incentivada poderá ser registrada e controlada na parte B do Lalur, onde deverão ser discriminados os valores que serviram de base para apuração da mesma, a saber: inicialmente, calcular 20% (vinte por cento) da receita bruta; a seguir, como parcela redutora, indicar o valor da exaustão apropriada contabilmente (exaustão normal ou real) encontrando, assim, a diferença que representa o incentivo propriamente dito (RIR/1999, art. 332). 10) Como será contabilizada a quota normal de exaustão? A empresa de mineração apropriará como custo ou encargo, a débito do resultado do período de apuração e a crédito da conta de exaustão acumulada, o valor da quota de exaustão com base no custo de obtenção ou aquisição dos direitos ao aproveitamento dos recursos minerais, proporcionalmente à redução da possança da mina. 11) Como proceder para o aproveitamento da quota de exaustão incentivada? O incentivo utilizável será, na apuração do lucro real, registrado como exclusão do lucro líquido do período de apuração, na parte A do Lalur (RIR/1999, art. 331, § 6º). TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE APLICADA I 20 Prof. EDSON DEGRAF As empresas que optarem por manter controle de exaustão incentivada na parte B do Lalur deverão baixar do saldo dessa conta a parcela excluída na parte A. 12) Como deverá ser registrado, na contabilidade, o aproveitamento da exaustão incentivada? A quota anual de exaustão incentivada, na parte em que exceder à quota de exaustão normal será creditada à conta especial de reserva de lucros, que somente poderá ser utilizada para absorção de prejuízos ou incorporação ao capital social (RIR/1999, art. 333). 13) Qual o limite anual de aproveitamento da exaustão incentivada? Sabendo-se que o valor do incentivo deve ser registrado na escrituração contábil a crédito da conta especial de reserva de lucros, tendo como contrapartida o lucro líquido, a exclusão a título de exaustão incentivada não poderá ter um valor maior que o lucro líquido do período de apuração respectivo. 14) Como recuperar a quota de exaustão incentivada quando esta não puder ser utilizada no período de apuração? Por ser uma exaustão incentivada, a legislação faculta à empresa de mineração, relativamente às jazidas ou minas objeto de manifesto ou concessão, excluir do lucro líquido para obtenção do lucro real, em cada período de apuração, quota de exaustão incentivada superior ou inferior a 20% (vinte por cento) da receita bruta do período de apuração (diminuída do valor da quota de exaustão normal ou real apropriada contabilmente), desde que a soma das deduções realizadas até o período em causa não ultrapasse a 20% (vinte por cento) da receita auferida desde o início da exploração, sempre condicionada à existência de lucro líquido no período de apuração. Permite, ainda, que a dedução seja realizada em períodos-base subseqüentes ao período inicial (10 anos), observado o mesmo limite global de 20% (vinte por cento) da receita nos 10 (dez) primeiros anos de exploração (RIR/1999, art. 332). 15) A utilização da exaustão incentivada não poderá ter como limite o lucro real ao invés do lucro líquido do período-base? Não, já que a quota de exaustão incentivada utilizável deverá ser registrada, na contabilidade, a crédito de conta especial de reserva de lucros, e isto só será possível quando existir lucro líquidono período de apuração, e até o limite deste. A exaustão incentivada não poderá ser aproveitada no caso de prejuízo contábil, mesmo que subsista lucro real nesse período de apuração, por maior que este seja. 16) Como proceder para cálculo da exaustão incentivada no caso de existirem simultaneamente várias jazidas ou minas? Se várias forem as jazidas ou minas que tenham contribuído com parcelas maiores ou menores na formação da receita bruta, o valor do incentivo corresponderá a 20% (vinte por cento) da soma dessas receitas, menos a soma das quotas de exaustão real contabilizadas. Atentar que, em qualquer caso, o limite da exaustão incentivada de cada jazida, individualmente considerada, não poderá ser ultrapassado. Limite anual de aproveitamento - Recuperação da quota de exaustão incentivada - Utilização da exaustão incentivada Qual o limite anual de aproveitamento da exaustão incentivada? Sabendo-se que o valor do incentivo deve ser registrado na escrituração contábil a crédito TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE APLICADA I 21 Prof. EDSON DEGRAF da conta especial de reserva de lucros, tendo como contrapartida o lucro líquido, a exclusão a título de exaustão incentivada não poderá ter um valor maior que o lucro líquido do período de apuração respectivo. Como recuperar a quota de exaustão incentivada quando esta não puder ser utilizada no período de apuração? Por ser uma exaustão incentivada, a legislação faculta à empresa de mineração, relativamente às jazidas ou minas objeto de manifesto ou concessão, excluir do lucro líquido para obtenção do lucro real, em cada período de apuração, quota de exaustão incentivada superior ou inferior a 20% (vinte por cento) da receita bruta do período de apuração (diminuída do valor da quota de exaustão normal ou real apropriada contabilmente), desde que a soma das deduções realizadas até o período em causa não ultrapasse a 20% (vinte por cento) da receita auferida desde o início da exploração, sempre condicionada à existência de lucro líquido no período de apuração. Permite, ainda, que a dedução seja realizada em períodos-base subseqüentes ao período inicial (10 anos), observado o mesmo limite global de 20% (vinte por cento) da receita nos 10 (dez) primeiros anos de exploração. A utilização da exaustão incentivada não poderá ter como limite o lucro real ao invés do lucro líquido do período-base ? Não, já que a quota de exaustão incentivada utilizável deverá ser registrada, na contabilidade, a crédito de conta especial de reserva de lucros, e isto só será possível quando existir lucro líquido no período de apuração, e até o limite deste. A exaustão incentivada não poderá ser aproveitada no caso de prejuízo contábil, mesmo que subsista lucro real nesse período de apuração, por maior que este seja. Como proceder para cálculo da exaustão incentivada no caso de existirem simultaneamente várias jazidas ou minas? Se várias forem as jazidas ou minas que tenham contribuído com parcelas maiores ou menores na formação da receita bruta, o valor do incentivo corresponderá a 20% (vinte por cento) da soma dessas receitas, menos a soma das quotas de exaustão real contabilizadas. Atentar que, em qualquer caso, o limite da exaustão incentivada de cada jazida, individualmente considerada, não poderá ser ultrapassado. Base legal RIR/1999, art. 332. Apropriação das Quotas de Depreciação, Amortização e Exaustão 1) A partir de que momento o encargo de depreciação, amortização ou exaustão poderá ser imputado no resultado da pessoa jurídica? a. a depreciação, somente a partir do mês em que o bem for instalado, posto em serviço ou em condições de produzir; b. a amortização, a partir da utilização do bem ou direito ou do início da atividade para a qual contribuam despesas pré-operacionais a ela relativas, passíveis de amortização; c. a exaustão, a partir do mês em que se iniciar o esgotamento dos direitos de exploração mineral ou florestal registrados no ativo. NOTA: TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE APLICADA I 22 Prof. EDSON DEGRAF Observar que esses encargos deverão ser calculados sempre em razão de duodécimos, ou seja, número de meses restantes até o final do período de apuração respectivo, 2) A quota anual de depreciação será sempre a mesma durante todo o período de duração do bem? Regra geral, sim. Entretanto, considerando-se que a taxa anual de depreciação tem como base o período de 12 meses consecutivos, a quota de depreciação deverá ser ajustada proporcionalmente no caso de período de apuração inferior a 12 meses, como no caso de apuração do lucro real trimestral, bem assim no período em que tiver início ou se completar (atingir 100%) a depreciação dos bens. 3)Por que a legislação permite que os encargos de depreciação, amortização e exaustão possam ser registrados como custo ou despesa operacional, a critério do contribuinte? Porque não se pode determinar a priori se o encargo a ser suportado pelo contribuinte a este título estará vinculado a custo ou a despesas operacionais. Exemplo: a depreciação de um caminhão comporá o custo de uma empresa de transporte se o mesmo for empregado nessa atividade, mas poderá ser computada como despesa operacional se utilizado numa empresa comercial para entrega de mercadoria vendida. A depreciação de máquinas de escrever, normalmente considerada como despesa operacional para a maioria dos contribuintes, será custo para uma escola de datilografia. Assim sendo, caberá ao contribuinte, em cada caso, atendendo à sua atividade específica, computar esse encargo, adequadamente, como custo ou despesa operacional, arcando, por outro lado, com as possíveis conseqüências de uma classificação inadequada. 4) Em relação aos recursos florestais quando ocorre a depreciação, a amortização ou a exaustão? Os ativos da pessoa jurídica representados por recursos florestais podem ser depreciados, amortizados ou exauridos, de acordo com as seguintes regras: a. a depreciação é calculada sobre ativo representado por empreendimento próprio da pessoa jurídica, do qual serão extraídos apenas os frutos. Nesta hipótese, o custo de aquisição ou formação (excluído o solo) é depreciado em tantos anos quantos forem os de produção dos frutos; b. a amortização é calculada sobre ativo representado por aquisição de direitos de exploração, por prazo determinado, sobre empreendimento de propriedade de terceiros. Neste caso, o custo de aquisição desses direitos é amortizado ao longo do período de duração do contrato; c. a exaustão é calculada sobre ativo representado por floresta própria. Neste caso o custo de aquisição ou formação (excluído o solo) será objeto de exaustão na medida e na proporção em que os recursos forem sendo exauridos. No caso da floresta ou o vegetal plantado proporcionar à pessoa jurídica a possibilidade de um 2º, ou mesmo um 3º corte, o custo de aquisição ou de formação deverá ser recuperado através da exaustão calculada em função do volume extraído em cada período, confrontado com a produção total esperada, englobando os diversos cortes. TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE APLICADA I 23 Prof. EDSON DEGRAF Custos que devem ser considerados para Imobilização dos Ativos O custo de um bem do imobilizado é o preço pago ou equivalente na data da aquisição. Os encargos financeirosde empréstimos e financiamentos de terceiros para a construção ou montagem de bens do imobilizado devem ser capitalizados até o momento em que o bem estiver em condições de operação. A Resolução n° 1025/2005, do Conselho Federal de Contabilidade, publicada em 9 de maio de 2005, com validade a partir de 1º de janeiro de 2006, aprova a Norma Brasileira de Contabilidade NBC T 19.1, disponível no site www.cfc.org.br, estabelecendo os critérios e procedimentos para registro contábil de ativo imobilizado tangível (não se aplicando a intangíveis). O ativo imobilizado, objeto desta norma, compreende os ativos tangíveis, quais sejam: a) Os mantidos por uma entidade para uso na produção ou na comercialização de mercadorias ou serviços, para locação, ou para finalidades administrativas; b) Têm a expectativa de serem utilizados por mais de 12 meses; c) Haja a expectativa de auferir benefícios econômicos em decorrência da sua utilização; d) Possa o custo do ativo ser mensurado com segurança. O custo de um bem do imobilizado compreende: • O preço de compra, inclusive impostos de importação e impostos não recuperáveis sobre a compra, deduzidos de descontos comerciais e abatimentos; • Os custos diretamente atribuíveis para instalar e colocar o ativo em condições operacionais para o uso pretendido (a resolução cita exemplos desses custos); • O custo estimado para desmontar e remover o ativo e restaurar o local no qual está localizado, quando existir a obrigação futura para a entidade. Segundo a resolução ora tratada, são exemplos de custos que não devem ser classificados como imobilizado o custo para abrir novas instalações, o custo para introduzir novo produto ou serviço (inclusive de propaganda e promoção), o custo para a realização de negócios em nova localidade ou para nova classe de consumidores, inclusive custo de treinamento de empregados, e o custo de administração e outros custos gerais indiretos. O reconhecimento de custo no valor contábil de bem do imobilizado cessa quando o bem é instalado e está em condições de operação. Por isso, a resolução ora tratada elenca os custos que não devem ser incluídos no valor contábil de bem do imobilizado. O custo de um ativo de construção própria é determinado usando os mesmos princípios aplicáveis a um ativo adquirido. A NBC T 19.1 apresenta ainda aspectos sobre a Permuta de Ativos; sobre Perda de Valor Recuperável; e Baixas ou Transferências. Eduardo Negrão. Departamento de Auditoria - CRC/PR 042423/O-6 (Escritório Curitiba). Bens totalmente depreciados – Permanência nos registros contábeis O simples fato de a depreciação acumulada de um bem do Ativo Imobilizado haver atingido 100% do custo do bem, corrigido monetariamente até 31.12.1995 (caso o bem tenha sido adquirido até essa data), não autoriza a sua baixa contábil, ainda que o bem tenha se tornado imprestável para a finalidade a que se destinava. A baixa contábil só poderá ser efetuada quando o bem for baixado fisicamente, isto é, sair em definitivo do patrimônio da empresa. Enquanto isso não ocorrer, devem permanecer registrados na escrituração o custo de aquisição e a respectiva depreciação acumulada do bem, embora o seu valor contábil (custo corrigido menos depreciação acumulada) seja zero. TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE APLICADA I 24 Prof. EDSON DEGRAF Lembra-se, ainda, que apesar de permanecerem registrados no Ativo Imobilizado, os bens cuja depreciação acumulada já tenha atingido 100% do seu custo de aquisição não devem mais ser objeto de cálculo de quotas de depreciação. Normalmente, a baixa física de um bem do Ativo Imobilizado decorre da sua venda, ainda que como sucata, hipótese em que a nota fiscal de venda será o documento hábil para comprovar a baixa física e lastrear a baixa contábil. Estando o bem totalmente depreciado, todo o valor obtido na sua venda constitui ganho de capital tributável. (Art. 305, § 3º, do RIR/1999 e PN CST nº 146/1975) Contabilidade - Ativo Imobilizado - Reparos, conservação e substituição de partes e peças - Tratamento A manutenção de rotina e os pequenos reparos eventuais não contribuem para o aumento da vida útil do bem e devem ser registrados em conta de “Manutenção e Conservação”, como custo de produção (se referentes a bens utilizados na produção de bens ou serviços), ou como despesa operacional (se referentes a bens utilizados nos setores comercial e administrativo). Por sua vez, os gastos incorridos em reformas e/ou grandes reparos que aumentem o prazo de vida útil do bem devem ser contabilizados parte como Ativo Imobilizado e parte como despesa operacional ou custo de produção, conforme mostrado nos itens seguintes. O valor a ser ativado e a parcela a ser registrada como despesa ou custo, segundo são obtidos mediante os seguintes procedimentos (art. 346, § 2º, do RIR/1999): a) aplica-se sobre os custos de substituição das partes e peças o percentual de depreciação correspondente à parte não depreciada do bem e escriturar o valor apurado a débito de conta de resultado; b) apura-se a diferença entre o total dos custos e substituição e o valor determinado no cálculo descrito na letra “a” e escriturar o valor dessa diferença a débito da conta do Ativo Imobilizado que registra o bem, o qual terá seu novo valor contábil depreciado no novo prazo de vida útil previsto. É oportuno lembrar que a parte não depreciada do bem corresponde ao valor residual - ou valor contábil (custo de aquisição, corrigido monetariamente até 31.12.1995, se adquirido anteriormente a essa data, menos a depreciação acumulada). Esse procedimento também atende à aplicação da boa técnica contábil, porque, ao ser registrado no Ativo Imobilizado o valor proporcional à depreciação sofrida pelo bem, está-se considerando a baixa de peça ou partes substituídas por estimativa, o que se torna uma alternativa bastante útil diante das dificuldades e até da impossibilidade de atribuir-lhes valores específicos. Observe-se que, na hipótese de o bem estar totalmente depreciado, o valor total da reforma deve ser registrado no Ativo Imobilizado. 4) GANHOS OU PERDAS DE CAPITAL Conceito: A classificação dos valores a este título compreende os resultados na alienação, inclusive por desapropriação, na baixa por perecimento, extinção, desgaste, obsolescência ou exaustão, ou na liquidação de bens do ativo imobilizado. Os ganhos ou perdas de capital correspondem à diferença entre o valor da alienação dos bens e o seu valor contábil, na data da baixa. Se a diferença for positiva, ocorre o ganho; se for negativa, a perda. TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE APLICADA I 25 Prof. EDSON DEGRAF O valor contábil dos bens na data da baixa corresponde ao seu custo, registrado na escrituração contábil, ajustado retificadoras (depreciação, amortização, exaustão, provisões), respectivamente. Custo do bem registrado na escrituração Revogada a sistemática da correção monetária das demonstrações financeiras (art. 4º da Lei nº 9249/95), os procedimentos a serem observados para determinação do valor do bem para fins de apuração do ganho ou da perda de capital, são: a) tratando-se de bens e direitos cuja aquisição tenha ocorrido até o final de 1995, o custo de aquisição poderá ser corrigido monetariamente até 31 de dezembro desse ano, tomando-se por base o valor da UFIR vigente em 1º de janeiro de 1996, ou seja, R$ 0,8287, não se lhe aplicando qualquer correção monetária a partir desta data; b) tratando-se de bens e direitos adquiridos a partir de 01º dejaneiro de 1996, ao custo de aquisição de bens e direitos não será atribuída qualquer atualização monetária. O ganho de capital de residentes ou domiciliados no exterior será apurado e tributado de acordo com as regras aplicáveis aos residentes no País. Prejuízos não-operacionais No caso da pessoa jurídica apurar prejuízos não operacionais a partir de 01/01/1996, estes somente poderão ser compensados com lucros da mesma natureza, devendo ser observado o limite de trinta por cento do lucro real existente antes da sua compensação. Quotas de depreciação acelerada incentivadas O saldo das quotas de depreciação acelerada incentivada registradas no LALUR, será adicionada, na parte A do LALUR, ao lucro líquido do período de apuração em que ocorrer a baixa. Alienação de bem do ativo imobilizado A apuração do ganho de capital deve ser feita conforme o esquema abaixo/; Elementos Valores Máquina R$ 140.000,00 (-) Depreciação acumulada (R$ 98.000,00) (=) Custo ou valor contábil do bem R$ 42.000,00 Valor da Alienação R$ 80.000,00 (-) Custo contábil do bem (R$ 42.000,00) (=) Ganho de capital R$ 38.000,00 (lucro não operacional) Obs.: Caso haja a incidência de ICMS na alienação do bem, o valor do imposto será deduzido do ganho de capital. No exemplo acima, se houvesse ICMS no valor de R$ 8.000,00, o ganho de capital seria apenas de R$ 30.000,00 (R$ 38.000,00 – R$ 8.000,00). Exemplo de baixa a partir de 01/01/1996. Dados: Conta: veículos Data de aquisição: 01/07/2000 Valor de aquisição: R$ 40.000,00 Taxa de depreciação: 20% ao ano Venda à vista em 28/02/2001 Pede-se: Apuração do ganho ou perda de capital na data da alienação TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE APLICADA I 26 Prof. EDSON DEGRAF I – Posição contábil na data da venda: Valor do bem, registrado na escrituração contábil R$ 40.000,00 II – Depreciação contabilizada no ano calendário de 2001: Valor do bem R$ 40.000,00 (x) taxa anual de depreciação 20% (=) Quota anual de depreciação R$ 8.000,00 (/) número de meses 8 (=) Quota mensal de depreciação R$ 666,66 A quota mensal de R$ 666,66, corresponde ‘a parcela a ser apropriada mensalmente, no ano calendário de 2001. Apuração do resultado da venda 1) Valor da venda à vista em 28/02/2001 R$ 30.000,00 2) (-) Custo ou valor contábil: Veículo R$ 40.000,00 (-) Depreciação acumulada: Saldo em 31/12/2000 R$ 4.000,00 Depreciação em 01/2001 R$ 666,66 Depreciação em 02/2001 R$ 666,66 (R$ 5.333,32) (R$ 34.666,68) 3) (=) Prejuízo não-operacional (perda de capital) R$ 4.666,68 Venda a Longo Prazo Na venda de bens do ativo imobilizado, para recebimento no preço, no todo ou em parte, após o término do exercício social seguinte ao da contratação, o contribuinte poderá, para efeito da determinação do lucro real, reconhecer o lucro na proporção da parcela do preço recebida em cada período de apuração. Exemplo: Dados: Data da alienação: agosto de 20x0 Valor contábil do bem na data da baixa: R$ 110.000,00 Valor da alienação do bem: R$ 200.000,00 Ganho de capital na alienação: R$ 90.000,00 Recebimento em 25 parcelas de R$ 8.000,00, vencíveis a partir de agosto de 20x0. Contabilização da Alienação (agosto de 20x0): D – Despesas não operacionais 110.000,00 C – Bem do Ativo Imobilizado 110.000,00 D – Créditos a receber 200.000,00 C – Receitas não operacionais 200.000,00 A proporção do recebimento da venda à prazo será: 1º ano: 5 parcelas de R$ 8.000,00 = R$ 40.000,00 20% 2º ano: 12 parcelas de R$ 8.000,00 = R$ 96.000,00 48% 3º ano: 8 parcelas de R$ 8.000,00 = R$ 64.000,00 32% O lucro de R$ 90.000,00 será reconhecido na mesma proporção: 1º ano: 20% R$ 90.000,00 = R$ 18.000,00 2º ano: 48% R$ 90.000,00 = R$ 43.200,00 3º ano: 32% R$ 90.000,00 = R$ 28.800,00 100% R$ 90.000,00 TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE APLICADA I 27 Prof. EDSON DEGRAF A escrituração do LALUR ficará assim: Ano Parte “A” Exclusão = (-) Adição = (+) Parte “B” Saldo a Tributar 20x0 (-) R$ 72.000,00 R$ 72.000,00 20x1 (+) R$ 43.200,00 R$ 28.800,00 20x2 (+) R$ 28.800,00 0 No 1º ano, houve um reconhecimento contábil do ganho de capital em sua totalidade (R$ 90.000,00). Em termos fiscais, a empresa reconhecerá apenas R$ 18.000,00, fazendo uma exclusão de R$ 72.000,00 (43.200,00 + 28.800,00) na parte “A” e controlando esse valor na parte “B” do LALUR. Nos anos seguintes reconhecerá, como adição na parte “A”, respectivamente, R$ 43.200,00 e R$ 28.800,00, exclusivamente para fins fiscais, fazendo a respectiva baixa na parte “B”. Uma outra forma de calcular o lucro a ser reconhecido em cada ano, para fins fiscais, é a seguinte: a) Ganho de capital na alienação R$ 90.000,00 b) Valor da venda R$ 200.000,00 c) Porcentagem do ganho sobre a venda (a / b x 100) 45% d) Lucro em cada prestação 45% x R$ 8.000,00 R$ 3.600,00 Ano Ganho Reconhecido 20x0 5 meses x R$ 3.600,00 = R$ 18.000,00 20x1 12 meses x R$ 3.600,00 = R$ 43.200,00 20x2 8 meses x R$ 3.600,00 = R$ 28.800,00 total R$ 90.000,00 Esta forma é útil quando existir atualização monetária da prestação, bastando aplicar o percentual de lucro sobre o valor reajustado da mesma. Alienação de investimentos avaliados pela equivalência: A alienação de participação societária relevante e influente em sociedades coligadas ou controladas deve ser precedida por sua avaliação pelo valor do patrimônio líquido, com base em balanço ou balancete de verificação da investida, levantado na data da alienação ou até trinta dias, no máximo, antes dessa data. O custo ou valor contábil dos investimentos pode ser demonstrado da seguinte forma: Participações societárias R$ 1 – Valor total do investimento ajustado pela Equivalência patrimonial 120.000,00 2 - + Ágio ainda não amortizado 30.000,00 3 – (-) Deságio ainda não amortizado 0 4 – (-) Provisão para perdas prováveis na Realização de investimento (50.000,00) 5 – (=) Valor contábil do investimento baixado 100.000.00 O resultado não operacional será TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE APLICADA I 28 Prof. EDSON DEGRAF Valor da venda em 30/05/2002 R$ 70.000,00 (-) Valor contábil R$ (100.000,00) (=) Perda de capital R$ (30.000,00) prejuízo não operacional Exemplo: A Cia. Santa Cruz adquiriu, em 02/01/20x0, 30% (trinta por cento) das ações da Cia Inove, que tornou-se sua coligada em virtude do evento. O investimento foi considerado relevante pois representou, isoladamente, um custo equivalente as mais de 10% do PL da Cia Santa Cruz. Dados da aquisição/; Valor = 300.000 ações x R$ 1,40 = R$ 420.000,00 (-) Valor patrimonial das ações = (R$ 360.000,00) (=) Ágio pago na aquisição = R$ 60.000,00 O fundamento do pagamento do ágio foi a expectativa de rentabilidade futura da Cia. Inove. Nos exercícios de 20x0 a 20x5, a investidora registrou o aumento do valor de investimentos pelo Método de Equivalência Patrimonial e amortizou o ágio em 70% do seu valor. No Balanço Patrimonial de 31/12/x5, estava registrado no subgrupo Investimentos do Ativo Imobilizado da investidora: Participação societária – Cia. Inove R$ 600.000,00 (+) Ágio a