Buscar

Casos Concretos de Direito Penal I 6-10

Prévia do material em texto

Caso concreto.
Leia a situação hipotética abaixo e responda, de forma objetiva e fundamentada, às questões formuladas: 
No dia 10 de agosto de 2012, por volta das 02h30min, na Unidade de Pronto Atendimento de determinada Unidade de Saúde, Geraldo, com inobservância de regra técnica de profissão, deu causa à morte da vítima A.M., com 09 (nove) meses de idade, em consequência de insuficiência respiratória aguda por pneumonite consecutiva a aspiração de conteúdo gástrico, conforme Auto de Exumação, fl. 231 do Inquérito Policial. Na oportunidade, Geraldo, médico anestesiologista, aplicava na vítima doses de determinado sedativo ministrado anteriormente, momento em que a vítima vomitou um líquido acastanhado. Ato contínuo, o médico iniciou o procedimento de entubação traqueal, por duas vezes, todavia, por imperícia, não conseguiu realizá-lo. Diante disso, a vítima aspirou o conteúdo gástrico, dando causa à insuficiência respiratória aguda por pneumonite, o que a levou a óbito. Cabe salientar que o paciente deveria ter sido submetido à uma avaliação anestésica pré-operatória, o que não ocorreu, vez que Geraldo, apenas, conversou, via telefone, na noite anterior com a genitora da vítima.” (fls. 02/04). 
Diante da situação hipotética apresentada, com base nas teorias sobre os tipos dolosos e culposos, responda às questões formuladas:
a) A partir da teoria finalista da ação, diferencie as condutas dolosas e culposas e apresente seus elementos caracterizadores. Responda de forma objetiva e fundamentada. 
Para a teoria finalista, crime é um fato típico e antijurídico, sendo a culpabilidade mero pressuposto de aplicação da pena. Sendo assim, analisa-se a conduta do agente se foi dolosa ou culposa, se tal conduta é típica e, por final, como pressuposto de aplicação da pena, verifica-se a culpabilidade do agente.
A conduta culposa consiste numa conduta voluntária que realiza um fato ilícito não querido pelo agente, mas que foi por ele previsto ( culpa consciente ) ou lhe era previsível ( culpa inconsciente ) e que podia ser evitado se o agente atuasse com o devido cuidado.
Assim, são elementos do crime culposo:
a) Conduta humana voluntária (A voluntariedade está relacionada à ação, e não ao resultado)
b) Violação de um dever de cuidado objetivo (São formas de violação do dever de cuidado, ou mais conhecidas como modalidades de culpa, a imprudência, a negligência e a imperícia)
C) Resultado naturalístico;
D) nexo causal;
E) previsibilidade;
F) tipicidade.
O crime culposo está previsto no artigo 18, II, do Código Penal Brasileiro com a seguinte redação:
Art. 18 - Diz-se o crime:
(...)
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
E, também, no Código Penal Militar:
Art. 33 . Diz-se o crime:
(...)
II - culposo, quando o agente, deixando de empregar a cautela, atenção, ou diligência ordinária, ou especial, a que estava obrigado em face das circunstâncias, não prevê o resultado que podia prever ou, prevendo-o, supõe levianamente que não se realizaria ou que poderia evitá-lo.
(Fonte: https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2614565/quais-sao-os-elementos-do-crime-culposo-denise-cristina-mantovani-cera )
O dolo apresenta duas espécies, o dolo direto ou imediato e o dolo indireto ou eventual.
No dolo direto a finalidade do agente é a produção do resultado proibido pelo tipo objetivo, ou seja, a vontade e a consciência do agente são voltadas à realização do fato típico. Nessa espécie de dolo o agente quer o resultado, quer os meios necessários para produzir o resultado e quer os efeitos gerados no plano concreto (realidade) com a prática da conduta.
No dolo eventual o agente não pretende realizar diretamente o tipo penal objetivo, porém, aceita a sua realização como possível e provável, assumindo o risco de produzir o resultado. O agente realiza a conduta apesar da previsão do resultando, assumindo o risco de sua realização.
O elemento subjetivo especial do tipo pode ser considerado como uma característica subjetiva que integra ou então fundamenta o dolo, contudo, o elemento subjetivo especial do tipo não integra o dolo. O elemento subjetivo especial do tipo integra determinados tipos objetivos, condicionando ou fundamentando a ilicitude do fato, e é considerado um elemento subjetivo do tipo objetivo, de forma autônoma e independente do dolo. A realização do elemento subjetivo especial do tipo não é exigida pelo Direito Penal, sendo suficiente que exista no psiquismo do autor.
(Fonte: https://brunoflorentinosilva.jusbrasil.com.br/artigos/183249818/tipo-e-tipicidade-tipo-objetivo-e-tipo-subjetivo-dolo-e-culpa )
b) No caso concreto ora narrado, a conduta do médico foi dolosa ou culposa? Responda de forma objetiva e fundamentada. 
A questão versa sobre Geraldo, médico anestesista que agiu com imprudência. Aplicava na vítima de apenas nove meses doses de determinado sedativo ministrado anteriormente, momento em que a vítima vomitou um líquido castanhado. Ato contínuo, tentou entubar a vítima pela via traqueal, não conseguiu, por imperícia. Com isso, a vítima acabou aspirando o conteúdo gástrico, ocasionando assim a insuficiência respiratória, levando-o a óbito. Vale ressaltar que o paciente deveria ser submetido à uma avaliação anestésica pré-operatória, o que não ocorreu.
Tendo em vista o caso apresentado, tal médico teve conduta culposa consciente por ter agido com imperícia na hora de entubar e negligência por não ter submetido a vítima à uma avaliação anestésica pré-operatória, mas acreditou sinceramente na sua não ocorrência. Não se trata de dolo eventual.
O dolo eventual e a culpa consciente são dois institutos do Direito Penal parecidos, com muita dificuldade de distinção, e com efeitos práticos diferentes. Ambos ocorrem quando o agente, ao realizar uma conduta, prevê o risco de ocorrer ofensa a um bem jurídico penalmente tutelado e continuando agindo, ocorrendo a dita ofensa. Só se diferencia o dolo eventual da culpa consciente por no primeiro o agente aceitou o risco, enquanto no segundo acreditou sinceramente na sua não ocorrência. (Fonte: http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/9076/Diferenca-entre-dolo-eventual-e-culpa-consciente )
Por ser médico anestesista e lidar com aquilo no seu dia a dia, achou que nada de ruim iria acontecer. Mas o que o ocasionou a morte da criança foi a sua imperícia na hora de entubar a criança. Sua intenção não era matar a criança, mas sim ajudar, salvar uma vida; mas por imperícia, não foi possível.
Questão objetiva. 
Diz-se que o crime é doloso quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo, e que o crime é culposo, quando o agente deu causa a resultado previsível por imprudência, negligência ou imperícia. Sobre o tema, é correto afirmar que: 
a) o dolo direto de segundo grau também é conhecido como dolo de consequências necessárias; 
b) para a teoria finalista da ação, o dolo e a culpa integram a culpabilidade; 
c) no crime culposo, a imprudência se caracteriza por uma conduta negativa, enquanto a negligência, por um comportamento positivo; 
d) o crime culposo admite como regra a forma tentada; 
e) na culpa consciente, o agente prevê o resultado como possível, mas com ele não se importa.

Continue navegando