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Aula Tipo CULPOSO

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TEORIA DO TIPO CULPOSO		
1.DISPOSIÇÃO LEGAL: O crime é culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia (art. 18, II, CP).
2.CONCEITO E ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO: O crime culposo é a conduta humana voluntária (ação ou omissão) que produz resultado antijurídico não querido, mas previsível, e excepcionalmente previsto, que podia, com a devida atenção, ser evitado (Profº Mirabete).
	Para a caracterização do delito culposo é preciso a conjugação de vários elementos, a saber:
a)-Conduta humana voluntária, comissiva ou omissiva: A conduta de natureza culposa é o ato humano voluntário dirigido, em geral, à realização de um fim lícito, mas que, por imprudência, negligência ou imperícia, isto é, por não ter o agente observado o seu dever de cuidado, dá causa a um resultado não querido, nem mesmo assumido, tipificado previamente na lei penal. 
	Os meios escolhidos e empregados pelo agente para atingir a finalidade lícita é que foram inadequados ou mal utilizados.
	P.Ex., TÍCIO imprime velocidade excessiva em seu veículo para chegar mais cedo em sua casa e, em virtude disso atropela e causa a morte de um transeunte.
-finalidade lícita: não queria cometer infração penal, mas, sim, chegar logo em sua casa;
-meios inadequados: não observou o dever de cuidado, agindo de forma imprudente ao imprimir em seu veículo velocidade não compatível com o local.
OBS:Em toda conduta(dolosa ou culposa) haverá sempre uma finalidade.
b)-Inobservância de um dever objetivo de cuidado (negligência, imprudência ou imperícia): O homem, em suas relações, não pode fazer tudo aquilo que bem entende, uma vez que, assim agindo, poderá causar lesões a terceiros. Esse dever de cuidado objetivo, dirigido a todos nós, faz com que atentemos para determinadas regras de comportamento, mesmo que não escritas ou expressas, a fim de convivermos harmoniosamente em sociedade. Cada membro da sociedade parte do princípio de que esse dever será observado por seu semelhante (PRINCÍPIO DA CONFIANÇA).
	Quem precisa de norma expressa para considerar perigosa a conduta daquele que coloca um pesado vaso de flores no parapeito da janela do 17º andar de um prédio ou então avança um sinal de trânsito de parada obrigatória. Caso o agente pratique tais condutas e estas produzam um resultado lesivo, terá de responder por elas. Essa infringência ao dever de cuidado, pode ocorrer nas hipóteses de imprudência, negligência ou imperícia.
c)-Resultado lesivo não querido, tampouco assumido pelo agente: 
	Para que reste caracterizado o delito culposo, é preciso que ocorra um resultado naturalístico, ou seja, aquele no qual haja uma modificação no mundo exterior (art. 18, II, CP). O crime é culposo quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
	P.Ex., No caso daquele que coloca um pesado vaso de flores no parapeito da janela do 17º andar de um prédio, se o vaso não cair e não causar lesão a outrem, nenhum crime lhe poderá ser imputado.
	No caso daquele que avança um sinal de trânsito de parada obrigatória e não causa nenhuma lesão a outrem. Caso o agente pratique tais condutas e estas produzam um resultado lesivo, terá de responder por crime culposo.
-OBS-1:-Neste último caso, dependendo da situação, poderá responder por infringência ao art. 308 do CTB, se de sua conduta resultar dano potencial à incolumidade pública ou privada;
-OBS-2:-Exceções à exigência do resultado naturalístico, para efeitos de caracterização do crime culposo (art. 228 e 229 do ECA-Lei 8069/90), uma vez que são crimes de mera conduta;
-OBS-3:-Para que se possa falar em culpa, é preciso que o agente pratique uma conduta que infrinja um dever de cuidado objetivo e, por conseguinte, venha a causar um resultado naturalístico.
d)-Nexo de causalidade: entre a conduta praticada e o resultado dela advindo.
e)-previsibilidade: é preciso que o fato seja previsível para o agente. Previsível é o fato cuja possível superveniência não escapa à perspicácia comum, ou seja: a previsão do seu evento, no caso concreto, podia ser exigida do “homo medius”, do tipo comum.
	A previsibilidade condiciona o dever de cuidado “quem não pode prever não tem a seu cargo o dever de cuidado e não pode violá-lo”.
e.1)-previsibilidade objetiva: se o homem médio estivesse no lugar do agente, teria atuado de maneira diferente e, portanto o resultado teria sido evitado.
	P.Ex., TÍCIO, conduzindo seu veículo em excesso de velocidade, próximo a uma escola, no horário de saída dos alunos, atropela e mata CAIO, pergunta-se:
a)-há conduta? - sim! Ser humano, voluntariamente, dirigindo seu veículo;
b)-há inobservância do dever de cuidado? - sim!, imprimiu velocidade excessiva no veículo;
c)-há resultado? - sim! Atropelou;
d)-há nexo causal? - sim! Causou a morte;
e)-há previsibilidade? - sim! Naquele horário/local, muitas pessoas poderiam estar tentando atravessar a rua;
e.1)-há previsibilidade objetiva? - Se o ser humano médio estivesse no lugar do agente, teria atuado de maneira diferente e, portanto o resultado teria sido evitado?
e.2)-há previsibilidade subjetiva: não existe essa substituição hipotética. Não há a troca do agente pelo ser humano médio para saber se o fato escapava ou não à sua previsibilidade. O que é levado em consideração são as condições particulares, pessoais do agente, quer dizer, consideram-se, na previsibilidade subjetiva, as limitações e as experiências daquela pessoa cuja previsibilidade está se aferindo em um caso concreto. 
	Não se pergunta o que o homem prudente deveria fazer naquele momento, mas, sim, o que era exigível do sujeito nas circunstâncias em que se viu envolvido.
f)-há tipicidade: somente é possível falar em crime culposo se houver previsão legal expressa para essa modalidade de infração. O dolo é a regra, a culpa é a exceção e somente quando a lei expressamente fizer essa ressalva. P.Ex., Lesão Corporal Culposa(art. 129, § 6º, CP); Não existe Dano Culposo
-OBS-4:-Não esquecer que a tipicidade material deverá ser analisada também nos delitos culposos, confrontando-se o dano causado pela conduta do agente com o resultado dela advindo, a fim de se concluir pela proteção ou não daquele bem, naquele caso concreto. 
 	Portanto, é aplicado também nos delitos culposos o princípio da insignificância. O bem jurídico a ser protegido no caso concreto, tem que ser de importância e valor para o ordenamento jurídico. O resultado naturalístico, que tenha causado mudança fática no mundo exterior deve ser de significância para sua proteção jurídica, caso contrário teremos uma conduta ATÌPICA.
3.IMPRUDÊNCIA, NEGLIGÊNCIA OU IMPERÍCIA: 
a)-Imprudência: seria a conduta positiva praticada pelo agente que, por não observar o seu dever de cuidado, causasse o resultado lesivo que lhe era previsível. O agente FAZ O QUE NÃO DEVE.
	A imprudência consiste na prática de um ato perigoso sem os cuidados que o caso requer. 
	P.Ex., TÍCIO, imprime velocidade excessiva em seu veículo.
b)-Negligência: seria a conduta negativa praticada pelo agente que, por não observar o seu dever de cuidado, deixa de fazer aquilo que a diligência normal impunha. O agente NÃO FAZ O QUE DEVE.
	P.Ex., TÍCIO, não conserta os freios já gastos de seu veículo.
	P.Ex., TÍCIO, deixa a sua arma ao alcance de suas crianças.
-OBS-5:-Há casos em que pode ocorrer um misto de conduta imprudente e negligente. 
c)-Imperícia: quando ocorre uma inaptidão momentânea ou não, do agente para o exercício de arte, profissão ou ofício. Está ligada, basicamente, à atividade profissional do agente. 
	P.Ex., TÍCIO, motorista, realiza manobra, sem a sua reconhecida habilidade.
4.CRIME CULPOSO E TIPO ABERTO: 
	Os crimes culposos são considerados tipos abertos, pois não existe uma definição típica completa e precisa para que se possa adequar a conduta do agente ao modelo abstrato previsto na lei. 
	Seus tipos são abertos, ou seja: necessitam de uma complementação, tendo o juiz que complementá-los para o caso concreto.
	P.Ex.,No art. 121, § 3º, CP, não está dito textualmente que o pai que deixa sua arma ao alcance de seu filho adolescente, responderá por lesões corporais ou morte, vindo este a dispará-la. O juiz, depois de analisar os elementos do crime doloso/culposo é que deverá amoldar/tipificar a conduta do agente. 
Exceções: art. 180, § 3º, CP - receptação culposa; art. 38, Lei 11.343/06.
5.CULPA CONSCIENTE E CULPA INCONSCIENTE:
a)-Culpa consciente ou culpa com previsão: é aquela em que o agente embora prevendo o resultado, não deixa de praticar a conduta, crê nas suas habilidades pessoas, acreditando, sinceramente, que este resultado não venha a ocorrer. 
 	O resultado, embora previsto, não é assumido ou aceito pelo agente, que confia na sua não ocorrência.
b)-Culpa inconsciente ou culpa sem previsão ou culpa comum: é aquela em que o agente deixa de prever o resultado que lhe era previsível.
6.DIFERENÇA ENTRE CULPA CONSCIENTE E DOLO EVENTUAL:
a)-Culpa consciente: embora prevendo o resultado, o agente acredita, sinceramente, na sua não-ocorrência, o resultado previsto não é querido ou mesmo assumido pelo agente. 
b)-Dolo eventual: embora o agente não queira diretamente o resultado, com a sua conduta, assume o risco de vir a produzi-lo. 
					 PREVISIBILIDADE
	CULPA CONSCIENTE			x			DOLO EVENTUAL
-O agente prevê o resultado						-O agente prevê o resultado
-Não quer o resultado							-Não quer o resultado
-Acredita, sinceramente que não ocorra o resultado			-Aceita a ocorrência do resultado, tanto faz
-Excesso de confiança - LEVIANO					-INDIFERENTE
Trabalho de Pesquisa: “Embriaguez ao volante + Velocidade Excessiva = Dolo Eventual????
vide: HC 107.801/SP, STF de 06SET 2011 – relator: Min Luiz Fux.
7.CULPA IMPRÓPRIA ou CULPA POR ASSIMILAÇÃO ou CULPA POR EXTENSÃO ou CULPA POR EQUIPARAÇÃO: fala-se em culpa imprópria nas hipóteses das chamadas descriminantes putativas em que o agente, em virtude de erro evitável pelas circunstâncias, dá causa dolosamente a um resultado, mas responde como se tivesse praticado um delito culposo (art. 20, § 1º, CP). Na 2ª parte do referido parágrafo é que reside a culpa imprópria. P. Ex., TÍCIO, que se encontra assentado próximo à entrada de uma toalete localizada no interior de um bar, percebe que CAIO, dando mostras de irritação, caminha em sua direção. TÍCIO, supondo que seria agredido por CAIO, o qual, diga-se de passagem sequer conhece, saca o revólver que trazia consigo e mata CAIO. Na realidade, CAIO não tinha intenção de agredir TÍCIO, mas tão somente, dirigir-se à toalete que se encontrava próxima a ele. Tem-se, aqui, um caso típico de descriminante putativa, na qual a situação de agressão injusta somente existia na imaginação do agente (TÍCIO). 
 	Trata-se, portanto, de hipótese de legítima defesa putativa (erro de tipo permissivo).
	Depois de termos chegado a essa conclusão, devemos nos fazer mais uma indagação: 
 	O erro em que TÍCIO incorreu era evitável ou inevitável? 
 	a)-Se inevitável, TÍCIO ficará isento de pena; 
	b)-Se evitável, TÍCIO deverá responder pelo crime a título de culpa. 
 	Ora, quando TÍCIO sacou arma e atirou em CAIO, sua vontade era de repelir a suposta agressão que seria praticada contra sua pessoa por CAIO. Agindo dessa forma, TÍCIO atuou com dolo, isto é, a sua vontade era finalisticamente dirigida a causar o resultado por ele obtido. 
 	Se TÍCIO atuou com dolo, como pode responder por um crime culposo?
	É que neste caso, ocorre a culpa imprópria, ou seja: quando o agente, embora tendo agido com dolo, nos casos de erro vencível/evitável, nas descriminantes putativas, responde por um crime culposo, por questões de política criminal. 
8.COMPENSAÇÃO E CONCORRÊNCIA DE CULPAS: Não se admite a compensação de culpas em Direito Penal. P.Ex., TÍCIO e CAIO, cada qual na direção de seu automóvel, imprudentemente, colidem seus veículos e ficam levemente feridos. Neste caso, ambos serão responsabilizados e responderá por sua conduta. 
	Porém, poderá ocorrer a chamada concorrência de culpas. Neste caso, o comportamento do agente/vítima, será levado em consideração por ocasião da análise das circunstâncias judiciais (art. 59, CP), ou seja, no momento do julgador fixar a pena-base para a infração penal cometida. 
	P.Ex., TÍCIO, motorista, em virtude de sua inobservância ao dever objetivo de cuidado, atropelou um pedestre que, de forma também imprudente, tentava atravessar uma rua, vindo somente este último a sofrer lesões. Se o julgador chegar à conclusão de que o fato praticado é típico, antijurídico e culpável, na oportunidade em que for encontrar a pena-base deverá levar em consideração o comportamento da vítima, que também concorreu, com sua conduta imprudente, para a produção do resultado lesivo por ela sofrido. 
9.EXCEPCIONALIDADE DO CRIME CULPOSO: A regra prevista no CP e na legislação penal extravagante é de que todo crime seja doloso, somente podendo-se falar em crime culposo, quando houver previsão expressa na lei nesse sentido. O dolo é a regra, a culpa a exceção. P.Ex., não há crime de dano na forma culposa.
10.CULPA PRESUMIDA: Não existe. O tipo culposo é aberto, ou seja, não há descrição exata da conduta que se procura evitar ou impor. 	Assim, o juiz é que deve verificar se a conduta levada a efeito pelo agente infringe o dever de cuidado objetivo, bem como se era previsível o resultado lesivo ocorrido, para somente depois concluir ou não pela sua culpa.
11.TENTATIVA NOS DELITOS CULPOSOS: Nos delitos culposos o agente não quer produzir resultado ilícito algum. Sua conduta é, geralmente, dirigida a um fim lícito, mas que, por infringência a um dever de cuidado objetivo, deu causa ao resultado previsível, mas não previsto por ele (culpa inconsciente) ou previsto mas não consentido (culpa consciente). 
	O “iter criminis” é um instituto dirigido aos crimes dolosos e não aos culposos. Não se cogita, não se prepara e não se executa um crime culposo, mas, tão somente um crime doloso.
OBS/IMPO:-Parte da doutrina aceita a possibilidade de tentativa nos crimes culposos, quando da ocorrência da chamada culpa imprópria, quando o agente, nos casos de erro evitável nas descriminantes putativas, atua com dolo, mas responde pelo resultado com as penas correspondentes ao delito culposo.

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