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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – CAMPUS DIADEMA RELATÓRIO DE CINÉTICA QUÍMICA Amanda Carolina Tonholli Graziela Dantas Gonzaga Rafael Gobeti Faquim Pereira Dezembro de 2015 1. RESUMO As propriedades da cinética química foram avaliadas durante os experimentos, verificando as velocidades de reação de acordo com as diferentes mudanças implicadas, seja de concentração ou temperatura. No procedimento em laboratório foi primeiramente calculada a concentração inicial de tiossulfato de sódio para cada tubo de ensaio, contendo respectivamente: Tubo 1 – 5 ml; tubo 2 – 4 ml; tubo 3 – 3 ml, tubo 4 – 2 ml e tubo 5 – 1 ml. Após este processo foram adicionados aos tubos de ensaio água destilada em proporções nas quais o volume final de cada tubo correspondesse ao volume inicial de 5 ml. Posteriormente foi adicionado 4 ml de ácido sulfúrico em cada tubo para que a reação ocorresse. Foram realizados gráficos: log [ x log (1/tempo) e lnK ×1/temperatura, para se calcular a ordem de reação, constante de velocidade, energia de ativação e parâmetro de Arrhenius. 2. INTRODUÇÃO A cinética química é responsável pelo estudo das velocidades das reações, incorporando conjuntamente os fatores que influenciam nesta dinâmica, tais como: concentrações distintas, temperatura, catalisadores e etc. Os experimentos realizados pra se determinar os parâmetros cinéticos tem em vista analisar a rapidez com que os reagentes são consumidos ou que os produtos são formados. [1] No procedimento realizado em laboratório foram analisadas as velocidades de reação da formação de enxofre coloidal em diferentes concentrações de tiossulfato de sódio diluído em água, sendo posteriormente adicionado ácido sulfúrico para que a reação ocorresse, sendo medidos em temperaturas diferentes. Há diferentes parâmetros cinéticos a serem levados em conta nas análises das velocidades de reação, entre elas, entre elas a energia de ativação, desenvolvida por Svante Arrhenius, onde as moléculas devem conter uma determinada quantidade de energia mínima necessária para que reajam entre si. Seguindo a teoria das colisões, esta energia provém da energia cinética das moléculas ao se colidirem. Este princípio compara as moléculas a bolas de bilhar, onde estas moléculas com uma determinada velocidade podem se chocar. [1] Se as moléculas se chocarem com energia abaixo do necessário elas apenas sofrem uma movimentação. Se a energia for alta elas podem se despedaçar ao se chocarem e por fim, se a energia for superior ao necessário, estas moléculas podem quebrar-se formando novas ligações. [1] O efeito da temperatura é fundamental quanto à velocidade das reações, sendo que a elevação da temperatura fornece a reação mais rapidez, como por exemplo, o cozimento de alimentos, pela ruptura das proteínas. Este aumento de temperatura causa maior agitação das moléculas e, portanto, ocorrem mais colisões devido ao aumento da energia cinética, esta situação favorece a rapidez com que uma reação ocorre. As diferentes concentrações também afetam diretamente a velocidade de uma reação. O aumento das concentrações dos reagentes favorece o aumento de velocidade devido ao maior agitamento entre as moléculas após a dição de mais regente. Os parâmetros cinéticos são fundamentais a compreensão da dinâmica dos processos que presenciamos cotidianamente como por exemplo, a velocidade com que uma reação a um medicamento em nosso organismo é processada, a velocidade de reação de adição de uma substância a água, entre outros. Sendo essencial a área química e ambiental por sua utilização genérica. 3. OBJETIVOS Verificar de acordo com as diferentes concentrações de tiossulfato de sódio e água destilada, as variações de velocidade das reações após a adição de ácido sulfúrico em temperatura ambiente, 0°C, 40°C e 50°C, tendo em vista analisarem os parâmetros cinéticos da formação de enxofre coloidal. 4. PARTE EXPERIMENTAL A - Estudo cinético envolvendo variação de concentração de reagente. Foi numerado 5 tubos de ensaio de dimensões iguais. Sendo que ao tubo 1, 5 mL de solução de tiossulfato de sódio. Aos demais tubos foram adicionados volumes iguais a 4, 3, 2 e 1 mL da solução de tiossulfato de sódio, respectivamente, em ordem crescente da numeração dos tubos. a) Ao tubo 2, adicionou-se 1 mL de água destilada. No tubo 3, adicionou-se 2 mL de água destilada. No tubo 4 adicionou-se 3 mL de água destilada e no tubo 5 adicionou-se 4 mL de água destilada. Não foi adicionada água destilada no tubo 1. Agitaram-se todos os tubos para homogeneizar a solução. b) Foi medido 4 mL de solução de ácido sulfúrico com a pipeta graduada e transferiu-se para o tubo 6, que foi utilizado somente para a adição de ácido sulfúrico. c) Transferiu-se os 4 mL de ácido sulfúrico para o tubo 1, acionou-se o cronômetro e agitou o tubo para homogeneizar a solução. d) Parou-se o cronômetro assim que os primeiros indícios de turvação (produto da reação) apareceram. Após este procedimento foi montada uma tabela para anotar os valores de tempo. e) Repetiram-se os procedimentos de adição do ácido sulfúrico para os demais tubos (procedimentos b, c, d). f) Descartou-se ao final o conteúdo dos tubos no recipiente apropriado que deverá ficar dentro da capela. B - Estudo Cinético envolvendo variação de Temperatura Foi realizada a repetição do procedimento experimental nas temperaturas 0° C; 40° C e 50° C. Lembrou-se que as soluções de tiossulfato de sódio e ácido sulfúrico devem estar na mesma temperatura antes do início da reação. 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES Tabela1: Dados obtidos no experimento. T (0°C) T (Ambiente – 25°C) T (40°C) T (50°C) Tempo (s) Tempo (s) Tempo (s) Tempo (s) 0,30 mol/L 37,26 12,63 6,30 4,47 0,24 mol/L 51,65 13,97 8,08 5,42 0,18 mol/L 75,99 20,37 11,63 6,90 0,12 mol/L 108,85 34,10 19,07 10,86 0,06 mol/L 235,06 51,75 54,32 26,55 Tabela 2: Dados tratados. T (0°C) T (Ambiente – 25°C) T (40°C) T (50°C) Log (1/tempo) Log (1/tempo) Log (1/tempo) Log (1/tempo) -0,5228787 -1,571242851 -1,101403351 -0,799340549 -0,650307523 -0,6197888 -1,713070326 -1,145196406 -0,907411361 -0,733999287 -0,7447275 -1,880756445 -1,308991029 -1,065579715 -0,838849091 -0,9208188 -2,036828433 -1,532754379 -1,280350693 -1,035829825 -1,2218487 -2,371178732 -1,713910354 -1,734919784 -1,424064525 Gráfico1: Temperatura 25°C Gráfico2: Temperatura 0°C y = 0,9299x - 0,6109 R² = 0,9733 -2 -1,8 -1,6 -1,4 -1,2 -1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 -1,4 -1,2 -1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 lo g () 1 /t em p o log [S2O3-2] T (25°C) log (1/tempo) Série1 Linear (Série1) y = 1,1182x - 1,0133 R² = 0,9946 -2,5 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 -1,5E+00 -1,0E+00 -5,0E-01 0,0E+00 lo g (1 /t em p o ) log [S2O3-2] T (0°C) log (1/tempo) T (0°C) log (1/tempo) Linear (T (0°C) log (1/tempo)) Gráfico 3: Temperatura 40°C Gráfico 4: Temperatura 50°C y = 1,3385x - 0,0787 R² = 0,9965 -2 -1,8 -1,6 -1,4 -1,2 -1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 -1,4 -1,2 -1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 lo g(1 /t em p o ) log [S2O3-2] T (40°C) log (1/tempo) T (40°C) log (1/tempo) Linear (T (40°C) log (1/tempo)) y = 1,1122x - 0,0402 R² = 0,9917 -1,6 -1,4 -1,2 -1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 -1,4 -1,2 -1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 lo g (1 /t em p o ) log [S2O3-2 T(50°C) log (1/tempo) T(50°C) log (1/tempo) Linear (T(50°C) log (1/tempo)) A reação analisada do Tiosulfato de sódio e acido sulfúrico, pode ser descrita da seguinte forma: Na2S2O3 (aq) + H2SO4 (aq) ↔ S(s)↓ + SO2 (g) + H2O (l) + Na2SO4 (s) que também pode ser escrita de forma simplificada: S2O3 2- (aq) + 2H+ (aq) ↔ S (s) ↓ + SO2 (g) + H2O (l) Para conseguir–se chegar aos parâmetros de analises para discussão, usou–se os seguintes cálculos: A- Calculo para constante de velocidade K’ =y = a + bx Log (1/t) = log k' + b log [S2O32-], ou seja, a = log k'. Onde os valores usados, são os valores encontrados nos gráficos através da equação da reta. Portanto, temos os valores de log k'. 1) log k' p/ 0° k' = 10,3 2) log k' p/ 25° k' = 4,16 3) log k' p/ 40° k' = 1,2 4) log k' p/ 50° k’= 1,09 B- Cálculo da ordem de reação (n) Temos que a lei de velocidade corresponde a v = k [H+] a [S2O32-] b, no entanto, podemos tomar que [H+] é constante, já que a concentração do ácido é muito superior à do tiossulfato, assim, temos que k. [H+] a = k'. Portanto: V = k' [S2O32-] b Aplicando-se log dos dois lados, temos: Log v = log k' + b log [S2O32-] Como v 1/t, então: Log (1/t) = log k' + b log [S2O32-] B = coeficiente angular Novamente empregou-se os valores encontrados nos gráficos, os resultados são: B1 = 0,9299 B2 = 1,1182 B3 = 1,3385 B4 = 1,1122 Essas são as ordens individuais de cada reação, para chegar a uma ordem total, calculou-se a media b = bM = (b1 + b2 + b3+ b4) / 4 e o resultado obtido foi bM = 1,12, portanto a ordem de reação n = 1 em relação à [S2O32-] c) Cálculo da Energia de ativação e da Constante de Arrhenius Pela equação k = Ae-Ea/RT, podemos aplicar logaritmo natural dos dois lados e obter: I) Cálculo de A Ln k = ln A - (Ea/R) (1/T), logo Ln k = intercepto + inclinação (1/T) Gráfico 5 - 1/T vs ln k' Valores obtidos através da reta do gráfico 5 onde, podemos concluir que ln A = coeficiente angular, logo: ln A = 13, 014 e^13,014 A = 448.650,739 II) Cálculo de Ea Temos que ln k = ln A - (Ea/R)(1/T), ou seja, ln k = intercepto + inclinação 1/T Pegando 2 pontos aleatórios do gráfico A = (3,28x10-3; 1) e B = (3,52x10-3; 2), temos que Inclinação = ∆y/∆x, então: Inclinação = (2-1)/ (3,52) Tabela 3: Constantes de velocidade (k) para a reação de formação do enxofre coloidal. Temperatura (K) 0ºC = 273K 25ºC = 298K 40 ºC = 313K 50°C=323K k' k' = 10,3 k' = 4,16 k' = 1,2 K’=1,09 Nota–se através dos gráficos, que a reação de precipitação do enxofre é endotérmica, ou sejas, ela consome energia da vizinhança para acontecer, quanto mais energia fornecida em forma de calor, mais rápido a reação ocorre. Através dos gráficos montados, foi possível obter os valores para a equação da reta e desta forma, pode se calcular a velocidade da reação (K’), onde observou-se que para temperaturas mais altas, o valor de K diminuía, ou seja, quanto maior a temperatura em menor tempo ocorrerá a reação. Quanto a ordem da reação, chegou–se a ordem 1 (reação de primeira ordem), o que indica que a velocidade da reação, depende da concentração do produto, esse fato foi observado durante o experimento , os tubos de ensaio com maior concentração em temperatura ambiente, reagiu muito mais rápido, o contrário também foi observado, quanto menor a concentração, maior o tempo de reação, este resultado também pode ser confirmado através dos gráficos, já que reações de primeira ordem dão origem a gráficos lineares. Já no caso o da equação dos Parâmetros de Arrhenius, o gráfico mostrou–se com um comportamento de Arrhenius, ou seja, lnK contra 1/T apresentou como resultado uma reta. A energia de ativação e o A (fator pré –exponencial) não dependem da temperatura, mas possuem relação direta com a reação estudada, portanto o comportamento de arrhenius ilustra através de um gráfico o comportamento da reação estudada em relação as temperaturas aplicadas, energia de ativação (Ea), mostra o através de valores o quanto a reação é dependente da temperatura, quanto maior o valor de Ea, maior dependência de da temperatura. No caso da reação analisada, obteve–se um valor de 35,018 Kj /mol para Ea, mostrando uma relação de media dependência da temperatura, onde valores como próximos a 10Kj/mol são considerados de baixa dependência e de 60Kj/mol, alta dependência, ou seja, a reação ocorre de forma espontânea, mas é facilitada pelo fornecimento de energia em forma de calor. Alguns pontos fora da reta indicam pequenos desvios que podem ter ocorrido por erros operacionais durante o procedimento no laboratório. 6. CONCLUSÃO Através dos resultados obtidos pelas experiências realizadas no laboratório para a obtenção de enxofre coloidal, é visto que as teorias cinéticas são de fato conclusivas, pois com diferentes valores de concentrações e temperatura a velocidade da reação também se altera e isto devido ao fato de que ao aumentar a concentração assim como a temperatura, o número de colisões na reação é muito mais efetivo e, portanto, maior velocidade da reação em um tempo menor. O inverso foi observado também para a diminuição da temperatura e de reagentes o que acarretou em uma menor colisão das moléculas e assim uma velocidade menor e um tempo maior. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] ATKINS, Peter; JONES, Loretta. Princípios de Química: Questionando a vida moderna e o meio ambiente. In: Cinética Química. 5° Edição, Editora Bookman, Porto Alegre, 2012, p. 561-601.
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