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Educação: Jogos e 
Brincadeiras
Brincadeiras, jogos sensoriais e motores
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Ms. Silvana Silva Buchini Bomtorin
Revisão Textual:
Profa. Esp. Vera Lídia de Sá Cicaroni
5
• Estimulação das áreas do conhecimento – 
jogando, brincando com ou sem brinquedos
• Os tipos de jogos, brinquedos e brincadeiras e 
as áreas de estimulação do conhecimento
• Categorias de brincadeiras
Nesta unidade, faremos uma reflexão para compreender as brincadeiras, brinquedos e jogos 
sensoriais e motores como recursos de intervenção pedagógica voltada para o desenvolvimento 
humano, especialmente para a maturação cerebral e funções, processos cognitivos básicos.
A ideia é fazermos a correlação entre Jogos, Brinquedos e Brincadeiras. Iniciaremos nossos estudos 
vendo a criança como ser social e antropológico e verificando o resultado da influência direta dessas 
atividades nos aspectos sensório-motores, com base em Le Boulch. 
Após conceituarmos o termo cultura, faremos uma investigação sobre os desdobramentos ocasionados 
pela cultura e, como esta traça a relação entre o pensamento concreto e o pensamento simbólico. 
Dessa forma, traremos alguns autores que classificam e nomeiam os jogos, brinquedos e brincadeiras 
e também um repertório para servir de exemplo. 
Quanto às atividades propostas na unidade, é importante que você realize todas com muito interesse 
e determinação. Avalie seus conhecimentos respondendo às questões sugeridas, observe o que você 
já sabe e o que precisa ainda saber e amplie seus conhecimentos lendo o material complementar.
Tenha um bom estudo e lembre-se de que, em caso de dúvidas, estaremos à sua disposição através 
do ambiente virtual.
 · Nesta unidade, vamos tratar do tema “Brincadeiras e jogos 
sensoriais e motores” como recursos de intervenção pedagógica 
voltada para o desenvolvimento humano, especialmente para a 
maturação cerebral e funções, processos cognitivos básicos.
 · Bom estudo e lembre-se de que, em caso de dúvidas, estarei em 
contato com você através do ambiente virtual. 
Brincadeiras, jogos sensoriais e motores
• Tipos de brinquedo e brincadeira
• A evolução da imagem do corpo dos 3 aos 
6 anos
• O educador e a criança – um jogo de 
aprendizagem recíproca
• Um Olhar para Cultura
6
Unidade: Brincadeiras, jogos sensoriais e motores
Contextualização
Para o momento de contextualização, sugerimos que assista a um trecho ou, se possível, à 
integra do filme A guerra do fogo. Observe o desenvolvimento sensório-motor e a importância 
das brincadeiras para a evolução humana.
Disponível em: http://migre.me/ejPog
Faça uma reflexão crítica.
7
Conteúdo Teórico
Nesta unidade, faremos uma reflexão para 
compreender as brincadeiras, brinquedos e jogos 
sensoriais e motores como recursos de intervenção 
pedagógica voltada para o desenvolvimento humano, 
especialmente para a maturação cerebral e funções, 
processos cognitivos básicos.
A infância é a fase mais importante da vida, na 
qual ocorrem várias descobertas em relação ao 
mundo que, para a criança, é desconhecido. Desde 
que está sendo gerado, o bebê, ao tomar consciência 
de cada parte de seu corpo em desenvolvimento no 
ventre da mãe, inicia a exploração sinestésica, ou 
seja, explora a vida pelos sentidos, pelo olfato, tato, 
paladar, audição e visão.
O jogo de sensações produzidas por seu corpo em desenvolvimento, pelo corpo da mãe e 
por algumas percepções externas torna-se a primeira brincadeira da criança, segundo Piaget 
brincadeira semiótica (1995), que, ao nascer e reconhecer esses mesmos estímulos, encontra, 
ainda, um desafio maior, já que passa a ser um ser social, independente da sociedade da qual 
possa vir a fazer parte. Mauss afirma: 
Portanto, são mais que temas, mais que elementos de instituições, mais que instituições 
complexas, mais que sistemas de instituições, divididos, por exemplo, em religião, 
direito, economia etc. São “todos”, sistemas sociais inteiros cujo funcionamento 
tentamos descrever. Vimos sociedades no estado dinâmico ou fisiológico. Não as 
estudamos como se estivéssemos imóveis, num estado estático ou cadavérico, e 
muito menos as decompusemos e dissecamos em regras de direito, em mito sem 
valores e preços. Foi considerando o conjunto que pudemos perceber o essencial, 
o movimento do todo, o aspecto vivo, o instante fugaz em que a sociedade toma, 
em que os homens tomam consciência sentimental de si mesmos e de sua situação 
frente a outrem. Há, nessa observação concreta da vida social, o meio de descobrir 
fatos novos que apenas começamos a entrever. Em nossa opinião a mais urgente e 
frutífera do que esse estudo dos fatos sociais (MAUSS,1999, p.310).
Para o autor Le Boulch, baseado nas teorias de Piaget, a educação pscicomotora pode 
contribuir para estes dois campos funcionais: assimilação e acomodação.
Fonte: sxc.hu
8
Unidade: Brincadeiras, jogos sensoriais e motores
A assimilação é a integração do exterior às estruturas próprias do sujeito. 
A acomodação é a transformação das estruturas próprias em função das 
variáveis do meio exterior. O que nós chamamos de ajustamento é o aspecto 
que toma a acomodação logo que dá resposta motora às solicitações do 
meio. A organização perceptiva representa um dos aspectos do processo de 
assimilação quando se dá a tomada de informação a partir dos receptores 
sensoriais (LE BOULCH, 2001, p.28).
Para Le Boulch (2001), a criança, unicamente pela 
sua bagagem hereditária e pelas suas características 
de reação com o mundo - e depois na adolescência, 
é dependente do meio humano em que a natureza a 
tenha colocado. 
Desde o nascimento, a criança vai adquirindo 
conhecimentos sobre o mundo através de suas próprias 
ações realizadas e, assim, constrói, aos poucos, sua 
personalidade por meio das relações sociais com o 
mundo ao seu redor. Dessa forma, as atividades 
psicomotoras devem ser utilizadas desde os anos 
iniciais. Assim podemos perceber que, mesmo antes 
do nascimento, a criança já está sendo influenciada 
pela cultura. 
O conceito de cultura tem sido um dos objetos de estudo das mais diferentes áreas do 
conhecimento. Recorrendo ao conceito criado por Tylor, no século XIX:
A cultura ou civilização, num sentido etnográfico alargado, é aquele tudo complexo 
que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e quaisquer 
outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem enquanto membro da 
sociedade (TYLOR, 1975, p. 29).
Ainda, o mesmo autor divide cultura entre cultura não material - crenças. normas e valores 
- e cultura material - tecnologia. (Tylor, 1975).
Como podemos perceber, o jogo, o brinquedo e a brincadeira, para a criança, muito 
dependerão da relação que a mãe tem com seu corpo, com a gestação, a amamentação, o 
acolhimento do parceiro ou parceira e do grau de hierarquização que ela terá na educação da 
criança na sociedade em que vive, portanto do ethos a que ambas pertencem. Segundo Geertz: 
Um Olhar para Cultura
Fonte: Hamish Darby - Flickr.com 
9
Os símbolos sagrados funcionam para sintetizar o ethos de um povo, as formas, o 
caráter e a qualidade de sua vida, seu estilo e disposições morais e estéticas, sua 
visão de mundo, o quadro que fazem, do que são, suas ideias mais abrangentes 
sobre a ordem. (GEERTZ, 1989).
Você, que está buscando se aprofundar no processo pedagógico, deve ampliar sua reflexão 
sobre cultura, criar o hábito de investigar o ambiente e o público com o qual irá trabalhar, assim 
como investigar qual a relação que você tem com a cultura da qual faz parte e, neste caso, 
qual o conceito que você tem sobre jogo, brinquedo e brincadeira. A mesma brincadeira ou 
brinquedo recebe os mais variados nomes, dependendo da região que pesquisamos, porém os 
fundamentos básicos são os mesmos. 
As criançasapresentam um desenvolvimento que nos possibilita investigar e pesquisar o 
aspecto sensório-motor nas mais diferentes culturas, como aponta Rabuske:
No Brasil, com uma cultura repleta de tantas facetas e ethos, de um sincretismo pouco 
entendido, de uma moral e pensamento ainda submetidos à eugenia de uma educação do 
medo, do domínio do pecado, ainda é muito complicado trabalhar com o ato de brincar, com a 
brincadeira e com o jogo, resquícios da história, como vimos na Unidade I. 
O desenvolvimento global da criança, portanto, dependerá das experiências nas mais 
diferentes áreas do conhecimento que dizem respeito ao ser humano e que abrangem os 
aspectos: motor, físico, intelectual, sensorial, perceptivo, psicológico e da linguagem. Como 
podemos perceber, na imagem a seguir, a criança transfere para os objetos o afeto que recebe 
e, nele, se aconchega. Na Unidade III, nos aprofundaremos mais nessas questões. 
Pense
Todos os homens têm a mesma natureza, tanto na dimensão espiritual quanto na dimensão corporal. 
Não há raça superior; pelo menos não há evidência biológica que pudesse fornecer uma razão para 
o preconceito racial (2008, p.56).
Para Pensar
Hoje em dia, quantas vezes ainda escutamos a frase: “cabeça vazia oficina do diabo”?! 
10
Unidade: Brincadeiras, jogos sensoriais e motores
As descobertas positivas interferem na evolução psicomotora da criança. A acomodação do 
comportamento, de maneira significativa, fará com que ela tenha mais confiança em si mesma 
e explore o mundo ao seu redor.
Assim, aos 3 anos, a criança manifesta um bem-estar motor global, permitindo-
lhe explodir na atividade sensório-motora. Este desempenho garante-lhe uma certa 
influência sobre o meio. Esta intuição motora eficaz encontrar-se-á em outro nível, 
quando possa programar uma resposta a partir de uma representação mental e não 
reagindo a uma situação de forma espontânea, ou seja, ela deverá escolher a forma 
de agir (LE BOULCH, 2001, p.102).
Dessa forma, a criança necessita de um ambiente acolhedor; a princípio, da família ou grupo 
que a espera e que, nem sempre, é a que temos como idealização nos modelos em que fomos 
culturalmente criados. 
Se revisitarmos a história da humanidade, poderemos verificar que a família não se 
desestruturou, mas que, dependendo do rumo da própria história, elabora outras estruturas. 
Assim se reorganiza, cria e recria outros valores e, como vimos, como em um jogo semiótico, 
cria outros signos, símbolos e significados.
Para que a criança possa desenvolver- se integralmente na área do conhecimento, como 
pesquisadores precisarão ter um pensamento interdisciplinar, ou seja, olhar a mesma criança 
nas mais possibilidades em que ela virá adquirir esse mesmo conhecimento, entre eles a: a 
inteligência, a linguagem, o sensorial, o sócio-motor, o perceptivo e a coordenação motora. 
O pesquisador precisará ter um pensamento interdisciplinar, ou seja, olhar a mesma criança 
nas mais diversas possibilidades que ela terá de adquirir um mesmo conhecimento e as quais 
envolvem a inteligência, a linguagem, os aspectos sensorial, sócio-motor, perceptivo e a 
coordenação motora para que ela possa se desenvolver integralmente na área do conhecimento. 
(LEGARDA e MIKETTA, 2012) 
Fonte: Brightroyalty - Flickr.com 
Estimulação das áreas do conhecimento – jogando, brincando com 
ou sem brinquedos
11
Legarta e Mikketa (2012), classificam a partir de estudos de Piaget, Le Boulch, as áreas 
socioafetivas, de linguagem, cognitiva e motora. 
A partir do nascimento, a criança, até 
o primeiro ano de vida, fará suas maiores 
descobertas sensório-motoras e iniciará 
o controle dos movimentos voluntários, 
por meio de estímulos visuais e auditivos, 
aguçando sua memória e desenvolvendo, 
nesse sentido, suas habilidades de motricidade 
ampla, ou seja, posturais, no que se refere ao 
esforço para utilizar a bipedia e, em seguida, 
a locomoção, e também a motricidade fina, 
isto é, a utilização das mãos. Para isso é 
necessário que as destrezas céfalo-cauldal e 
próximo-distal amadureçam e se fortaleçam 
(Legarda e Miketta, 2012). A resolução de 
problemas trará, em seguida, a apropriação 
da linguagem verbal (oral e escrita) no que se 
refere às habilidades cognitivas e socioafetivas; 
habilidades e competências cada vez mais 
aprimoradas pela percepção. 
A atividade pedagógica e os jogos, brinquedos e brincadeiras estão ligados, como pudemos 
perceber. De acordo com Kishimoto (2009), o brinquedo difere do jogo, isso porque o brinquedo 
supõe uma relação com a criança e uma determinação quanto ao uso, ou seja, a ausência de 
regras que organizam sua utilização;
Conforme o tempo passa, a criança toma conhecimento de si por meio de diversos ajustes 
que irão transformá-la num ser completo intelectual, social e moralmente. O conhecimento é 
internalizado de dentro para fora, ou seja, a criança expressa seu senso prévio das coisas para 
o meio transformar. 
Os tipos de jogos, brinquedos e brincadeiras e as áreas de 
estimulação do conhecimento
Fonte: Brightroyalty - sxc.hu
12
Unidade: Brincadeiras, jogos sensoriais e motores
Kishimoto (2009) destaca algumas categorias de brincadeiras: 
- Brincadeiras tradicionais infantis, brincadeiras de cooperação e brincadeiras de construção;
- Brincadeiras tradicionais infantis, brincadeiras de faz-de-conta e brincadeiras de construção;
- Brincadeiras populares, brincadeiras de cooperação e brincadeiras de construção;
- Brincadeiras regionais infantis, brincadeiras de cooperação e brincadeiras de construção;
- Brincadeiras tradicionais infantis, brincadeiras de emancipação e brincadeiras de construção.
Ao analisarmos as categorias de brincadeiras na educação, podemos observar que, segundo 
a autora, elas buscam investigar a construção cognitiva da criança ou o desenvolvimento global.
A criatividade facilita a comunicação e a livre expressão. Ser criativo auxilia a canalizar tensões, 
conflitos e ansiedades; equilibra a relação consigo mesmo e com os demais, além de fortalecer 
o autoconceito, reforçando positivamente a imagem corporal de si e do outro. Para Kishimoto 
(2009), não basta apenas ressaltar algumas modalidades de brincadeiras presentes na educação 
infantil, mas é preciso também pesquisar seu uso com fins pedagógicos e a relevância desse 
instrumento para situações complexas de ensino e aprendizagem e do desenvolvimento infantil. 
Segundo a mesma autora, na estimulação das áreas do conhecimento, o brinquedo permite uma 
ação intencional, construção de representações mentais e sensório-motoras. (Kishimoto, 2009).
Ainda a mesma autora define as categorias de brincadeiras (KISHIMOTO,2009. p.38,39 e 40)
- Brincadeiras tradicionais infantis;
- Brincadeiras de faz-de-conta;
- Brincadeiras de construção. 
Categorias de brincadeiras
Tipos de brinquedo e brincadeira
Fonte: sxc.hu
13
Na fase dos 3 aos 6 anos de idade, o desenvolvimento motor deve ser estimulado de forma 
natural, ou seja, livre de pressões, por meio de jogos e expressão livre (Le Boulch, 2001). Se isso 
não ocorrer, o indivíduo terá dificuldades de convívio e relacionamento com as outras pessoas 
e, por consequência, terá problemas em relação ao seu caráter. Podemos perceber, portanto, 
a necessidade do desenvolvimento sensório-cognitivo da criança, por meio da construção das 
categorias de brincadeira a que se refere Kishimoto e da utilização. Segundo Le Boulch:
Uma das características principais de gestos, movimentos e atitudes da criança de 
escola maternal é sua espontaneidade e naturalidade. Toda manifestação contrária, 
inibição, rigidez, tensões desnecessárias, incoordenação, arritmia, sincinesias, 
são expressões de dificuldades que a criança apresenta na organização de sua 
personalidade (LE BOULCH, 2001, p.88). 
O bem-estar corporal, que adquiriu em etapas anteriores,permite à criança ser mais confiante 
e chegar a um objetivo determinado sem dificuldades. Para prosseguir com seu desenvolvimento, 
ela depende do afeto e de que as experiências vivenciadas com sucesso sejam reconhecidas 
pelo adulto. 
As situações do cotidiano, como alimentar-se, escovar os dentes após as refeições e vestir-se, 
ajudam a melhorar a coordenação motora da criança e tornam-na mais independente, isto é, 
capaz de fazer as coisas sozinhas e de cuidar de si mesma.
A criança começa a ter noção de seu próprio corpo através da imagem de outras pessoas, 
como, por exemplo, a de sua mãe. Ela cria imagens e possibilidades de interagir com as outras 
pessoas a partir da percepção e da visão que tem de si mesma, o que anteriormente só era 
possível por meio das atividades motoras.
Introjetando a imagem de outra pessoa e, em primeiro lugar, a imagem 
do corpo materno é que a criança adquire o conhecimento de seu “corpo 
próprio” (LE BOULCH, 2001, p.96).
A partir dos 3 anos, a criança desenvolve a sua personalidade e aprende que a sua 
personalidade é diferente da dos outros indivíduos. Seu objetivo principal será o de defini-la 
como própria, porque é um ser que possui identidade e características diferentes no que se 
refere a aspectos físicos e sociais.
A evolução da imagem do corpo dos 3 aos 6 anos
14
Unidade: Brincadeiras, jogos sensoriais e motores
A tendência agora não é mais de assimilar os sentimentos e atitudes de outra pessoa, 
mas, sim, de preferência, de opor-se para afirmar sua personalidade nascente ( LE 
BOULCH, 2001, p.97). 
Quando a criança consegue definir a sua personalidade, ela passa a ser menos egocêntrica 
em relação ao outro e também ao mundo que a cerca, ou seja, deixa de ser alguém centrado 
no seu próprio eu e adquire maturidade para lidar com suas frustrações de maneira saudável.
Colocando-se sucessivamente como pessoa ativa e como companheiro, buscará 
ensaiar os dois aspectos complementares necessários à constituição de um Ego 
equilibrado (LE BOULCH, 2001, p.97).
A atitude narcisista da criança ocorre, na maioria das vezes, pelo fato de ela não se sentir 
aceita ou não ser reconhecida pelos adultos. Em primeiro lugar, deve-se ter um diálogo com ela 
e fazê-la sentir que é importante e que faz parte de um todo, ou seja, está integrada no coletivo.
A necessidade de reconhecer-se e se fazer reconhecer vai, às vezes, ser substituída 
por aquela de ser aprovado e apreciado, e as reações de gentileza vão invadir os 
comportamentos da criança. Em outro momento, as exigências e os caprichos serão 
para ela os meios de expressar os sentimentos de independência através dos quais 
ela quer afirmar-se (LE BOULCH, 2001, p.97).
A criança apresenta-se, muitas vezes, egocêntrica e sente a necessidade de ser ouvida e 
reconhecida pelo adulto, por isso expressa-se através de gestos e atitudes que satisfaçam seus 
desejos de acordo com suas conveniências. Isso desperta a ausência de necessidade de explicar 
aquilo que diz por ter certeza de que é compreendida. Os jogos e brincadeiras são importantes 
e imprescindíveis na construção das relações da criança com a sociedade, com a família e com 
ela mesma.
Segundo Vânia Dohme, há quatro propriedades do jogo:
1) É livre, não está ligado à noção de dever; obrigatoriedade.
2) É uma evasão da vida real para uma atividade temporária com orientação 
própria. Tem uma finalidade autônoma e se realiza tendo em vista uma satisfação 
que consiste nessa própria realização.
3) Tem uma limitação de tempo e de espaço e é jogado até o fim dentro desses 
limites.
4) Tem regras próprias, o que significa uma ordem rígida (2003,p.16).
15
O jogo é uma maneira pela qual a criança aprende as regras e raciocina de forma lógica por 
meio da concentração, recriando um novo conceito ou reafirmando o conceito já concebido. 
Esse conceito será percebido no seu modo de se relacionar tanto com as pessoas como com seu 
corpo, sua postura, suas escolhas futuras, seu modo de se vestir e de enfrentar a vida.
Nas práticas pedagógicas que envolvem o desenvolvimento da psicomotricidade, muitas 
vezes, a criança poderá apresentar expressões de afetividade, com ensejo de demonstrar seus 
desejos simbolicamente e as diversas maneiras de se relacionar com o mundo, e também poderá 
apresentar agressividade, se suas opiniões não forem percebidas e nem ouvidas. 
Para Vasconcelos (2003), podemos classificar os jogos em:
Jogos ou atividades artísticas 
Envolvem competências artísticas: 
Artes plásticas: recorte e colagem, desenho, pintura, dobraduras entre outros; 
Teatro: jogos dramáticos, fantoches, teatro de sombras entre outros; 
Música: canto, instrumentos de sucata, coral entre outros. 
Jogos expressivos 
Envolvem competências corporais: mímica, dança e expressão corporal, entre outros. 
Jogos de sensibilidade 
Envolvem competências ligadas à sensibilidade: relaxamento, jogos de aguçamento dos 
sentidos entre outros. 
Jogos recreativos e brincadeiras 
Jogos individuais ou em grupo que fazem parte de nosso cotidiano. Brincadeiras de roda, 
pega-pega, amarelinha, entre outros. 
Jogos desportivos 
Jogos individuais ou coletivos futebol, queimada, vôlei, basquete entre outros.
Ao transitar da fase egocêntrica para a formal, a criança passa a desenvolver sua própria 
identidade; manifesta seus interesses, que partem do mundo concreto para o abstrato; consegue 
realizar novas ações com a ajuda dos adultos, o que estimulará o raciocínio lógico e seu senso 
crítico; e começa mostrar suas preferências, por isso seria importante que ela pudesse conhecer 
um repertório de atividades. 
Dessa forma, a infância, para ter garantida sua elaboração de autonomia, deveria ter outro 
direito além do não-trabalho, para que, assim, pudesse, por meio de atividades bem trabalhadas 
e vivendo um bem-estar geral, desenvolver seus aspectos físicos, psicológicos e sociais de forma 
adequada.
16
Unidade: Brincadeiras, jogos sensoriais e motores
Portanto, através das atividades psicomotoras e da união das habilidades de correr e andar, 
falar, ter noções musicais, a criança adquire atenção e concentração, desenvolve a lateralidade 
e o equilíbrio e supera suas limitações. 
A partir dos 5 aos 7 anos, as crianças podem praticar exercícios relacionados a atividades 
global, como, por exemplo, atividades de percepção e de tomada de consciência do próprio 
corpo. (Le Boulch, 2001).
Como vimos, trabalhar com jogos, brinquedos e brincadeiras na 
educação é muito mais que aplicar regras e conhecer as fases do 
desenvolvimento da criança. É conhecer cultura, diferentes culturas, 
subculturas; é revisitar valores e estabelecer novos conceitos. 
Não devemos esquecer que mais que por palavras, ensinamos 
pelos gestos, pelo olhar. A criança observa a intervenção de quem a 
estimula e percebe a sutileza do afastamento do adulto no momento da 
acomodação dos conflitos.
A escolha dos materiais e brinquedos também deve ser pensada seguindo o Projeto Pedagógico 
da Escola e esses materiais devem ser apresentados com clareza para os pais. O espaço físico, o 
arquitetônico, o entorno da escola e o público que a escola pretende atender deve estar sempre 
em pauta nas discussões pedagógicas. 
A criança precisa poder interagir com os brinquedos e com as brincadeiras; não pode ser 
um mero expectador de um mundo fantástico cujos objetos, muitas vezes, não pode tocar 
nem passar tempo suficiente com eles para explorá-los, desmontá-los e, quem sabe, dar-
lhes outra forma.
Fonte: www.filosofia.com.br/charge.php 
O educador e a criança – um jogo de aprendizagem recíproca
Fonte: Dwayne - Flickr.com 
17
Material Complementar
 
 
 Explore
Sugerimos que você assista ao filme As Aventuras de Pi. É um drama-aventura, dirigido por Ang 
Lee, com Surai Sama, Irrfan Khan, AdilHussainmais. Quando se preparar para assistir ao filme, faça 
como criança quando não conhece a brincadeira: olhe os detalhes, não perca nada, não faça pré-
julgamentos e não perca nenhum elemento do jogo. Não se esqueça da pipoca e de um bom amigo.
Pi Patel (Suraj Sharma) é filho do dono de um 
zoológico localizado em Pondicherry, na Índia. Após 
anos cuidando do negócio, a família decide vender 
o empreendimento devido à retirada do incentivo 
dado pela prefeitura local. A ideia é se mudar para 
o Canadá, onde poderiam vender os animais para 
reiniciar a vida. Entretanto, o cargueiro onde todos 
viajam acaba naufragando devido a uma terrível 
tempestade. Pi consegue sobreviver em um bote salva-
vidas, mas precisa dividir o pouco espaço disponível 
com uma zebra, um orangotango, uma hiena e um 
tigre de bengala chamado Richard Parker. Examinar 
a cultura escrita em diferentes tempos e espaços é 
importante para compreendermos o desenvolvimento 
do pensamento e da linguagem humana. Hoje, o 
contexto da produção da escrita e da leitura apresenta-
nos novos portadores de texto, sobretudo aqueles 
ligados a novas tecnologias.
Depois de assistir ao filme, quais conexões você consegue fazer com a Unidade que 
estamos estudando?
 
 Explore
Os livros sugeridos abaixo apresentam diferentes brincadeiras, brinquedos e jogos além dos objetivos, 
habilidades e área do conhecimento que serão trabalhados durante as atividades. 
LEGARDA, María Del Carmen Ordóñez e MIKETTA, Alfredo Tinajero. Estimulação Precoce. 
Inteligência Emocional e Cognitiva. Grupo Cultural, 2012.
RIPOLL, Oriol e CURTO, Rosa María. Jogos de Todo o Mundo. Mais de 100 jogos individuais e de 
grupo. São Paulo: Ciranda Cultural, 2012. 
18
Unidade: Brincadeiras, jogos sensoriais e motores
Referências
DOHME, Vânia. Atividades Lúdicas na Educação. O caminho de tijolos amarelos do aprendizado. 
4ª edição. Editora: Vozes, Petrópolis, 2003.
FREITAS, Marcos Cezar de (Org.). História social da infância no Brasil. 3ª ed. rev. e ampl. São 
Paulo: Cortez, 2001.
GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro, 1989.
LE BOULCH, J. O Desenvolvimento Psicomotor. Do nascimento até os 6 anos. A psicocinética 
na idade pré-escolar. 7ª edição. 2ª reimpressão. Editora: Arimed. 2001. 
LEGARDA, María Del Carmen Ordóñez e MIKETTA, Alfredo Tinajero. Estimulação Precoce. 
Inteligência Emocional e Cognitiva. São Paulo: Grupo Cultural.2012.
MAUSS , M. Sociologia e antropologia. São Paulo, Cosac&Naify [edição francesa: Mauss , M. 
(1999), Sociologie e anthropologie. 8 ed. Paris, PUF], 2003.
TYLOR, E.B. (1975, or. 1871): “La ciencia de la cultura”, em KAHN, J.S. (comp.): El concepto 
de cultura: textos fundamentales. Barcelona: Anagrama, pp. 29-46.
KISHIMOTO,Tizuko Morchida. Jogo, brinquedo, brincadeira e a Educação. São Paulo: 
CORTEZ, 2009.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O Jogo e a Educação Infantil. Série A Pré – Escola Brasileira. 1ª 
edição. Editora: Pioneira, 1994.
RIPOLL, Oriol e CURTO, Rosa María. Jogos de Todo o Mundo. Mais de 100 jogos individuais e 
de grupo. São Paulo: Ciranda Cultural, 2012. 
VASCONCELOS, Paulo A.C. O jogo e Piaget. São Paulo: Suplegraf, 2003.
19
Anotações
www.cruzeirodosulvirtual.com.br
Campus Liberdade
Rua Galvão Bueno, 868
CEP 01506-000
São Paulo SP Brasil 
Tel: (55 11) 3385-3000