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CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO

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Prévia do material em texto

CRESCIMENTO E 
DESENVOLVIMENTO 
MOTOR HUMANO
19
Muito prazer! 
Sou o professor Alcir. Você já me conhece, desde o início do curso, como Coordenador 
do Programa de Educação a Distância, Pró-Licenciatura. Também sou professor da UnB, nas 
disciplinas Crescimento e Desenvolvimento Motor e Futebol e Prática Desportiva. Agora, nos 
encontramos de outro modo: além de coordenador, sou o responsável por esta disciplina que 
me fascina, porque tem uma conexão muito forte entre a nossa vida cotidiana e a prática 
da Educação Física, que nos desafia e se renova, a cada dia. Assim, procuro compartilhar 
experiências com você e contribuir para aprofundar a nossa compreensão sobre o papel do 
professor de Educação Física no desenvolvimento motor humano. É muito gratificante estar 
aqui, trilhando este caminho, junto com você!
Crescimento e Desenvolvimento Motor Humano
Prof. Alcir Braga Sanches
Graduado pela Escola Superior de Educação Física do Estado de 
Goiás e mestre em Educação Física pela Escola de Educação Física 
da Universidade de São Paulo – área de concentração Aprendizagem e 
Desenvolvimento Motor. Doutorou-se pela Faculdade de Ciências da Saúde 
da Universidade de Brasília – área de concentração Psicologia do Esporte.
Prof. Luiz Cezar dos Santos
Ph. D. em Kinesiology, pela University of Waterloo, Canadá. 
Mestre em Ciências do Movimento Humano pela Universidade 
Federal do Rio Grande do Sul. Especialista em Motricidade 
Humana pela UNESP – Rio Claro. Licenciado em Educação 
Física pela Faculdade de Educação Física da UnB.
Prof. Osmar Riehl
Licenciado em Educação Física pela Pontifícia 
Universidade Católica de Campinas (SP), 
mestre em Educação Física, pela Universidade 
de São Paulo (USP) e doutor em Ciências da 
Saúde, pela Universidade de Brasília (UnB).
20
Olá, sou o professor Luiz Cezar e já nos encontramos em outros momentos deste 
curso. É uma satisfação nos reencontrarmos. Como sabe, sou professor de graduação e 
pós-graduação na UnB. Atuei, como coordenador, supervisor e orientador na especialização 
Esporte Escolar, ofertada pela Faculdade de Educação Física/UnB, em parceria com o Centro 
de Educação a Distância (CEAD – UnB) e o Ministério do Esporte e, fui professor de Educação 
Física, no Ensino Médio, na Secretaria de Educação do Distrito Federal. Então, deixo o meu 
convite para continuarmos, juntos, esta caminhada!
Sou o professor Riehl e você já me conhece. Fui parceiro da profa. Keila na autoria 
da disciplina Medidas e Avaliação em Educação Física. E, agora, cá estamos, novamente. 
Só para lembrar, leciono as Disciplinas Medidas em Educação Física e Prática de Ensino, no 
curso de graduação em Educação Física, da UnB, e respondo pela área de Cineantropometria 
do Laboratório de Aptidão Física e Movimento (AFIM) dessa mesma Universidade. Assim, 
proponho que continuemos a “jogar o nosso bom jogo”, para vencer mais uma etapa de 
aprendizagem. Sei que faremos um excelente trabalho!
21
Caro (a) aluno (a),
Seja bem-vindo à disciplina Crescimento e Desenvolvimento Motor, que faz 
parte do eixo didático-pedagógico do nosso projeto de curso. Como tal, ela estabelece 
a relação entre teoria e prática, de forma a instrumentalizar o professor ou outros 
profissionais que atuam com movimento humano. 
A instrumentalização do profissional ocorre pela possibilidade do uso 
dos conceitos e das normas apresentadas, durante os estudos da disciplina, 
na observação do comportamento motor humano. Aprender a observar o 
desenvolvimento de habilidades motoras é uma das competências primordiais de 
um professor de Educação Física. 
Esta disciplina lhe fornecerá elementos para o planejamento, a execução e a 
avaliação do ensino de habilidades motoras, tanto na escola como em outros campos 
de intervenção profissional. 
Os autores deste material são professores da Universidade de Brasília com 
ampla experiência de estudo e docência nos temas que aqui foram desenvolvidos em 
5 (cinco) unidades:
Unidade 1 – Fundamentos Básicos em Desenvolvimento Motor.
Prof. Alcir Braga Sanches
Unidade 2 – Desenvolvimento de Habilidades Motoras.
Prof. Alcir Braga Sanches
Unidade 3 – Crescimento Físico de Crianças e Adolescentes.
Prof. Osmar Riehl
Unidade 4 – Desenvolvimento Perceptivo-Motor na Infância.
Prof. Luiz Cezar dos Santos
Unidade 5 – Desenvolvimento do Autoconceito na Infância.
Prof. Luiz Cezar dos Santos
Apresentação da Disciplina
22
OBJETIVOS
Após finalizar esta Unidade, esperamos que você seja capaz de: 
■ analisar o processo completo do crescimento e desenvolvimento motor humano, 
considerando sua dimensão global e interdisciplinar;
■ relacionar o desenvolvimento motor ao meio e à herança genética;
■ explicar os fatores que interferem no desenvolvimento motor, durante o ciclo da vida;
■ caracterizar as especificidades do crescimento físico de crianças e adolescentes;
■ analisar os elementos do desenvolvimento perceptivo-motor na infância;
■ examinar a influência dos tipos de autoconceito no desenvolvimento motor humano.
Aproveite esta oportunidade!
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 1
Fundamentos Básicos em 
Desenvolvimento Motor
23
Bons estudos! 
OBJETIVOS
Após finalizar esta Unidade, esperamos que você seja capaz de: 
■ caracterizar o processo de desenvolvimento motor;
■ descrever os conceitos básicos do desenvolvimento motor, como: maturação, 
aprendizagem, crescimento e desenvolvimento;
■ relacionar faixas etárias, fases e estágios de desenvolvimento motor;
■ relacionar a influência dos fatores (restrições) do ambiente, da tarefa e do 
indivíduo no desempenho motor;
■ identificar a integração dos aspectos cognitivos, motor e afetivo no processo de 
desenvolvimento motor.
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 1 I FUNDAMENTOS BÁSICOS EM DESENVOLVIMENTO MOTOR
24
1.1 O que é o Desenvolvimento Motor
O desenvolvimento motor é um processo contínuo de 
mudanças que se inicia na concepção e só termina após a morte. 
A continuidade das mudanças resulta da integração de processos 
que possibilitam o surgimento de comportamentos motores 
capazes de atender às demandas ambientais e de atingir novos 
objetivos em qualquer fase da vida (MANOEL, 1989).
Ao longo do desenvolvimento, passamos a realizar ações 
motoras cada vez mais complexas e com alto nível de proficiência. 
De acordo com Haywood e Getchell (2004), o desenvolvimento 
motor é um processo seqüencial e contínuo relacionado à idade, 
em que o indivíduo progride de um movimento simples, não 
organizado e não habilidoso, evolui para uma habilidade motora 
complexa e altamente organizada e, em seguida, ajusta-se às 
necessidades que acompanham o envelhecimento.
Muitas vezes pensamos que o desenvolvimento motor 
está relacionado somente com crianças. Este equívoco acontece 
porque, ao longo dos primeiros anos de vida, as mudanças no 
comportamento motor são muito grandes e acontecem num 
ritmo muito acelerado. De acordo com Gallahue (2005, p. 6), “o 
desenvolvimento é relacionado à idade, mas não depende dela”. Isto 
significa que as idades são apenas uma referência para olharmos o 
processo de desenvolvimento e não uma forma de explicá-lo. 
A proficiência 
motora expressa-
se no alcance de 
uma determinada 
meta, tanto pela 
forma que se usa 
o corpo, como pelo 
resultado alcançado 
pelo movimento 
executado.
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 1 I FUNDAMENTOS BÁSICOS EM DESENVOLVIMENTO MOTOR
25
Para entender melhor o processo de desenvolvimento, 
precisamos olhar para dois tipos de mudanças: 1) as mudanças 
quantitativas, e 2) as mudanças qualitativas. Vejamos cada tipo.
1) Mudanças quantitativas – Referem-se às alterações 
diretamente mensuráveis. As medidas de crescimento físico, 
como peso, altura ou de desempenho,que você estudou na 
disciplina Medidas e Avaliação em Educação Física, ou a medida 
do aumento de uma estrutura, como a do coração, são exemplos 
de mudanças quantitativas.
2) Mudanças qualitativas – Estão relacionadas à melhoria nas 
funções. Mudanças típicas do processo maturacional ligadas 
aos aspectos biológicos, especialmente nos primeiros anos de 
vida, ou o surgimento de uma nova habilidade, são mudanças 
qualitativas. Quer ver alguns exemplos de mudanças qualitati-
vas? Andar, falar, melhorar o funcionamento de um órgão ou sis-
tema, aprender uma nova habilidade, como escrever ou chutar 
uma bola… (PAPAGLIA, OLDS e FELDMAN, 2009, p. 10).
Você percebeu, pelos tipos de mudança que são 
observadas, como essas alterações refl etem processos 
integrados? Na verdade, as mudanças no nível de funcionamento 
do ser humano, ao longo do tempo, típicas do desenvolvimento, 
é a expressão dessa integração. Além das mudanças funcionais 
(desenvolvimento) e das estruturais (crescimento), você viu 
também que a maturação e a aprendizagem estão presentes 
nos dois tipos de mudança. 
Do ponto de vista biológico, a maturação refere-se às 
fases e aos produtos do crescimento, os quais estão diretamente 
relacionados a fatores endógenos e inatos. As mudanças 
maturacionais possuem uma ordem fi xa de progressão, ou seja, 
a seqüência do surgimento das características não varia, como, 
por exemplo, os eventos e as idades aproximadas de sentar, 
fi car em pé e andar sem ajuda. 
O crescimento 
refere-se ao aumento 
das proporções 
corporais e 
estruturais.
Vamos refl etir… 
Pense nos efeitos 
das mudanças 
que acontecem 
na adolescência 
que difi cultam a 
aprendizagem e 
a execução de 
habilidades motoras.
O desenvolvimento 
refere-se a uma 
melhoria de uma 
determinada função.
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 1 I FUNDAMENTOS BÁSICOS EM DESENVOLVIMENTO MOTOR
26
Porém, ocorrem variações na velocidade e no nível das 
mudanças infl uenciadas por oportunidade de experiências (práticas) 
ambientais não relacionadas à idade, mas sim à aprendizagem. 
A infl uência da maturação é maior nos primeiros anos de 
vida, mas a infl uência das experiências vai aumentando ao longo 
do tempo. Assim, com essa complexa interação de processos, 
é possível emergir as mudanças adaptativas necessárias para a 
ação humana durante todo o período de vida.
Para entender o desenvolvimento humano, precisamos considerar a 
integração de todos os fatores e processos que infl uenciam o surgimento de 
um comportamento novo, tais como: características herdadas, infl uências 
ambientais ou experiências, contextos e maturação biológica (PAPAGLIA, 
OLDS e FELDMAN, 2009).
Além dos tipos de mudanças que observamos, uma outra 
questão importante é... 
Como essas mudanças ocorrem ao longo do tempo ?
Papaglia, Olds e Feldman (id.) falam sobre uma série de 
modelos teóricos que buscam responder a essa pergunta. Esses 
modelos podem ser agrupados em dois tipos de orientação: 1) os 
modelos tipo fase / estágio, e 2) os modelos do tipo não estágios. 
1) Modelos tipo fase / estágio – Para as teorias orientadas 
na idéia de estágios, as mudanças ocorrem de forma linear, 
seqüencial, contínua e hierarquicamente ordenada. As 
características típicas de cada estágio aplicadas a determinadas 
faixas etárias são utilizadas como normas na verifi cação de 
estados de desenvolvimento. As teorias de estágio tornaram-se 
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 1 I FUNDAMENTOS BÁSICOS EM DESENVOLVIMENTO MOTOR
27
populares e são muito usadas porque proporcionam uma visão 
ou um quadro geral aplicável à maioria dos indivíduos, embora 
existam problemas, pois não explicam as diferenças individuais.
2) Modelos dos tipos não estágios – Os modelos do tipo 
não estágio, na visão de desenvolvimento da abordagem dos 
sistemas dinâmicos, enfatizam que o indivíduo desenvolve 
padrões preferidos de mudança conforme a integração 
sinérgica de diferentes sistemas em um determinado contexto. 
Outro exemplo de modelo não estágio é o da teoria 
ecológica, ramo do ambiente comportamental de Bronfenbrenner. 
Nessa visão, o desenvolvimento resulta da interação das 
percepções do indivíduo em relação aos seus ambientes 
comportamentais (GALLAHUE, 2005, p. 38-40).
Para as teorias dinâmicas ou contextuais, os padrões de 
referência relacionados a faixas etárias, estabelecidas nas teorias 
do tipo fase-estágio, atendem à maioria da população, mas negam 
o conceito de individualidade no processo de desenvolvimento.
Nesse sentido, o desenvolvimento é entendido como 
sendo não-linear e descontínuo, pois a alteração individual não é 
necessariamente hierarquizada no sentido de mover-se a níveis 
superiores de complexidade (GALLAHUE, 2005). 
Hora de praticar
Vamos construir o conhecimento sobre teorias do desenvolvimento humano no fórum. 
Participe do fórum programado para a discussão desse tema no AVA do curso. O tutor da 
disciplina vai gerenciar os debates.
Gallahue (id.) 
disse que o 
desenvolvimento é 
contínuo-descontínuo.
Integração sinérgica 
corresponde a uma 
atuação cooperativa 
de subsistemas na 
realização de uma 
tarefa ou função.
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 1 I FUNDAMENTOS BÁSICOS EM DESENVOLVIMENTO MOTOR
28
No próximo tópico, estudaremos uma teoria de 
desenvolvimento motor que concilia conceitos de estágio e 
conceitos da abordagem ecológica do ramo do sistema dinâmico. 
1.2 Um modelo teórico de Desenvolvimento Motor 
Pois bem, agora, você estudará a teoria do 
desenvolvimento motor, de David Gallahue (2005). Para integrar 
os conceitos das teorias do tipo fase-estágio com os conceitos 
da teoria do sistema dinâmico ao estudo do desenvolvimento 
motor, o autor desenvolveu dois modelos. 
O primeiro modelo estabelece a relação entre fase– 
estágio idade aplicada ao ciclo da vida. Os movimentos que 
observamos em determinadas faixas etárias das fases motoras 
possuem características que permitem fazer inferências sobre 
mudanças que estão ocorrendo internamente, por meio dos 
estágios (GALLAHUE e OZMUN, 2005). Veja a representação 
do modelo, abaixo.
Fonte: Gallahue, 2005
O ciclo da vida 
inicia-se no 
nascimento e 
termina na morte.
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 1 I FUNDAMENTOS BÁSICOS EM DESENVOLVIMENTO MOTOR
29
O que você pôde notar? Bem, o modelo de Gallahue é 
um modelo descritivo e, por isso, traz informações importantes 
sobre as mudanças de movimentos observáveis relacionados 
a faixas etárias aproximadas. Descreve o que e quando muda, 
mas não explica o porquê muda. É hierarquizado e as idéias de 
seqüência, ordenação e progressividade estão bem expressas. 
As fases motora reflexa e motora fundamental, relaciona-
das aos movimentos que se iniciam na vida intra–uterina e que 
vão até os 2 anos de idade, são as primeiras formas de o ser 
humano relacionar-se com o mundo externo. 
A fase motora reflexa é controlada no nível subcortical e 
é o início de todo o processo de desenvolvimento motor. Pelos 
movimentos involuntários, o recém-nascido obtém, armazena 
e começa a processar informações mediante os estágios de 
codificação (período de armazenamento) e decodificação 
(período de processamento) das informações e passa para a 
fase motora rudimentar, fase de transição dos movimentos 
involuntários – estágio de inibição dos reflexos – para os 
primeiros movimentos voluntários, estágio de pré-controle. 
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 1 I FUNDAMENTOS BÁSICOS EM DESENVOLVIMENTO MOTOR
30
A seqüência de mudanças motoras desse período é 
previsível e predominantemente infl uenciada pelos processos 
maturacionais – desenvolvimento do córtex cerebral – e envolvem:
■ movimentos estabilizadores, comoos de controle da cabeça, 
do pescoço e dos músculos do tronco; 
■ movimentos manipulativos de alcançar, agarrar e soltar objetos, e
■ movimentos locomotores de arrastar, engatinhar e caminhar. 
Todas as habilidades motoras a serem desenvolvidas 
futuramente podem ser classifi cadas em uma ou em combinações 
dessas categorias de movimento. 
Agora que você já entendeu a fase motora refl exa, vejamos 
a fase motora fundamental, em que os movimentos surgem como 
conseqüência da fase dos movimentos rudimentares. A melhoria 
do controle do movimento proporcionada pela maturação dos 
sistemas perceptivos e motor dá oportunidade para a criança 
explorar ainda mais o ambiente e, assim, conhecer melhor o seu 
corpo, os objetos e o ambiente que a cerca. 
Essa fase é denominada fase motora fundamental, por 
ser a base para o desenvolvimento de habilidades motoras mais 
complexas. Sem o pleno desenvolvimento de movimentos 
fundamentais, são inibidos o desenvolvimento e a aplicação na 
fase posterior (GALLAHUE, 2005). 
Nesta etapa, que vai dos 2 aos 7 anos de idade, é 
descoberta uma grande variedade de movimentos manipulativos 
(receber, arremessar e chutar), locomotores (correr, saltar) e 
estabilizadores (girar, empurrar, rolar).
A fase motora fundamental é composta por três estágios: 
1) inicial, 2) elementar e 3) maduro. Cada fase tem características 
que ajudam a avaliar o estado de desenvolvimento motor da 
criança. Vejamos cada estágio, mais detalhadamente.
Os movimentos 
fundamentais 
referem-se a tarefas 
que possuem 
metas gerais e que 
formam a base para 
o desenvolvimento 
de habilidades 
específi cas e de 
maior complexidade. 
São exemplos os 
movimentos de andar, 
correr, saltar, bater, 
rebater, rolar, girar, 
esquivar, entre outros.
Você sabia que uma 
ótima posição para 
a mãe estimular o 
desenvolvimento do 
bebê é mantê-lo na 
posição com o rosto 
voltado para frente? 
Pois é, assim, ele terá 
mais estímulo visual 
e principalmente 
poderá fortalecer os 
músculos do pescoço 
e das costas, porque 
deverá vencer a 
força de gravidade 
para manter o corpo 
estendido e não cair 
para frente.
Você sabia que uma 
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 1 I FUNDAMENTOS BÁSICOS EM DESENVOLVIMENTO MOTOR
31
1) No estágio inicial, a criança faz as primeiras tentativas de atingir 
um determinado objetivo ambiental, utilizando uma determinada 
habilidade fundamental. O movimento apresenta uma seqüência 
imprópria, há um grande dispêndio de energia pelo uso exagerado 
dos diferentes segmentos corporais e uma defi ciência da 
coordenação e da seqüência rítmica de movimentos.
2) No estágio elementar, há uma diminuição da quantidade de 
erros e a melhoria das coordenações rítmicas e dos movimentos 
com conseqüente diminuição do dispêndio de energia. A maioria 
das crianças consegue atingir esse estágio em um grande 
número de movimentos fundamentais, por meio do processo de 
maturação. Embora no estágio elementar ocorra uma melhoria em 
relação ao estágio anterior e uma aproximação das características 
do estágio subseqüente, ainda podemos observar defi ciências na 
sincronização espaço-temporal dos movimentos.
3) As características dos movimentos no estágio maduro da 
fase dos movimentos fundamentais expressam-se pela forma 
mecanicamente efi ciente, coordenada e controlada. O padrão 
motor estabiliza-se e o dispêndio de energia diminui bastante. 
Segundo Gallahue (2005, p. 61), 
(...) a maioria dos dados disponíveis sobre 
a aquisição de habilidades motoras fun-
damentais sugere que as crianças podem e 
devem atingir o estágio maduro aos 5 ou 6 
anos de idade (...). 
Porém, o alcance do estágio maduro continua dependente 
da interação da maturação e da oportunidade de prática, mas, ao 
contrário do estágio elementar, a infl uência do ambiente aumenta 
agora e, sem essa oportunidade, a grande maioria não alcançará 
o desenvolvimento pleno das habilidades motoras fundamentais. 
Vamos entender melhor tudo o que vimos, observando 
alguns jogos que envolvem movimentos fundamentais?
O estudo de 
Sanches (1989) 
sobre a habilidade 
básica arremessar, 
com estudantes 
universitários, 
demonstrou que um 
número reduzido de 
indivíduos conseguiu 
atingir o estágio 
maduro da habilidade. 
A maioria dos sujeitos 
alcançou o estágio 
elementar. 
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 1 I FUNDAMENTOS BÁSICOS EM DESENVOLVIMENTO MOTOR
32
As habilidades fundamentais, como andar, correr, saltar, arremessar, 
chutar, entre outras, que são consideradas naturais, dependem de 
oportunidade de prática, ou seja, de experiência (aprendizagem) para o 
alcance do estágio maduro.
Bem, até aqui, vimos as características da fase motora 
fundamental. Então, vamos, agora, explorar, a fase seguinte da 
fase motora fundamental: a motora especializada, que vai dos 
7 aos 14 anos. 
Nessa fase, os movimentos de estabilidade, de loco-
moção e de manipulação, desenvolvidos na fase anterior, 
continuam a ser refi nados e combinados em um processo do 
aumento progressivo de complexidade expressa em habilidades 
motoras, como pular corda, chutar e arremessar bolas em 
movimento, saltar obstáculos, dançar, ou em quaisquer outras 
habilidades motoras presentes no dia-a-dia. 
Fatores individuais, ambientais e da tarefa infl uenciam o 
desenvolvimento dessa fase.
A fase motora especializada possui três estágios: 1) 
transitório; 2) de aplicação, e 3) de utilização permanente.
1) estágio transitório – Primeiro estágio relacionado à faixa 
etária dos 7 aos 10 anos de idade. As habilidades motoras são 
as mesmas da fase anterior, mas com forma, precisão e controle 
maiores, e são usadas em ambientes recreacionais, esportivos, 
nas aulas de Educação Física e nas atividades diárias. 
É um momento de descoberta e de combinação de 
padrões motores que possibilitam um rápido desenvolvimento de 
habilidades motoras mais complexas. É um momento de acesso 
a inúmeras oportunidades de prática. Uma ênfase restrita, 
típica de uma especialização, nesse estágio, pode ocasionar 
problemas para os estágios subseqüentes (GALLAHUE, 2005).
Os movimentos de 
estabilidade referem-
se à habilidade de 
manter em equilíbrio 
a relação indivíduo/
força de gravidade. 
Os movimentos de 
girar, esquivar e rolar 
enquadram-se nesta 
categoria.
Os movimentos de 
locomoção referem-
se ao deslocamento 
do corpo em 
relação a um 
determinado ponto 
fi xo na superfície. Os 
movimentos de correr, 
andar, saltar e escalar 
enquadram-se nesta 
categoria.
Os movimentos 
de manipulação 
referem-se ao 
relacionamento 
de um indivíduo 
com objetos, pela 
aplicação de força 
neles e absorção de 
força dos mesmos. 
Os movimentos de 
receber, arremessar e 
chutar enquadram-se 
nesta categoria.
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 1 I FUNDAMENTOS BÁSICOS EM DESENVOLVIMENTO MOTOR
33
2) estágio de aplicação – Surge entre 11 e 13 anos, após uma 
fase em que predominou a ênfase sobre movimentos amplos e 
generalizados em todos os tipos de atividades. A combinação de 
fatores relacionados à maturação, à experiência acumulada em 
estágios anteriores e ao início de um estágio de desenvolvimento 
cognitivo – em que o indivíduo torna-se capaz de construir idéias 
e tomar decisões – possibilita a escolha de participação em uma 
determinada especialidade. 
A avaliação das facilidades ou dificuldades individuais 
diante das exigências da tarefa e das condições ambientais 
servirá de parâmetros para a escolha. 
No Brasil, um adolescente, por volta de 12 anos, com boa 
coordenação e agilidade para o uso dos pés com a bola, pode 
optar por jogar futebol. Se tiver 1.90 m de altura e habilidade no 
uso das mãos/braços com a bola, pode escolher o voleibol. Esse é 
o início da participaçãomais efetiva no tipo de atividade escolhida. 
Há uma ênfase crescente na exigência de melhoria do 
desempenho motor, tanto em aspectos qualitativos (forma), 
como em aspectos quantitativos (produto). Este é o momento 
de dar continuidade no processo do refinamento e do uso de 
habilidades mais complexas de forma mais sistemática em 
jogos, atividades de liderança e em atividades relacionadas com 
o tipo de escolha feita pelo indivíduo.
3) estágio de utilização permanente – Tem início por volta dos 
14 anos de idade e continua até a morte. Representa o ponto 
mais elevado de todas as fases e estágios anteriores, ou seja, 
todo esse processo foi progressivo e inter-relacionado. 
Assim, com a estruturação de experiências de movi-
mentos apropriadas, é possível desenvolver um repertório 
amplo de habilidades motoras, respeitando as necessidades e 
as características individuais, que será útil, conforme sugere o 
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 1 I FUNDAMENTOS BÁSICOS EM DESENVOLVIMENTO MOTOR
34
topo do modelo de fases de desenvolvimento motor de Gallahue 
(2005): para a utilização permanente na vida diária, no tempo 
livre ou em competições esportivas. 
Dessa forma, pode-se conseguir um desenvolvimento 
motor equilibrado benéfi co, para toda a vida do indivíduo, em 
todos os tipos de habilidades que exijam uma ação motora. A 
especialização precoce, por exemplo, em uma determinada 
modalidade esportiva, pode produzir uma limitação para todos os 
tipos de utilização de movimentos na vida do indivíduo, inclusive 
na própria especialidade escolhida. 
Muito cuidado com a fase motora especializada. O ganho de tempo com 
a especialização precoce, nessa fase, pode ser prejudicial à oportunidade 
de aprendizagem de uma ampla série de movimentos benéfi ca para todo o 
tipo de utilização na vida adulta. 
Acabamos de descrever o modelo de fases do 
desenvolvimento motor de Gallahue, o da ampulheta. A 
ampulheta representa o curso do tempo no qual descreve as 
mudanças que se aplicam à maioria das pessoas.
Pois bem, agora, vamos conversar sobre o segundo 
modelo do autor, o modelo da ampulheta ampliado. Ele 
oferece normas indicadoras sobre como buscar respostas 
para determinados problemas. Assim, busca explicações para 
o entendimento das mudanças que acontecem ao longo do 
tempo, especialmente pela interação de fatores relacionados 
ao indivíduo, ao ambiente e à tarefa. 
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 1 I FUNDAMENTOS BÁSICOS EM DESENVOLVIMENTO MOTOR
35
Fonte: Gallahue, 2005
O modelo primeiramente reconhece a integração da 
hereditariedade (recipiente com tampa) e do ambiente 
(recipiente sem tampa). Essa integração acontece pela 
possibilidade de contribuição de cada um desses fatores no 
processo de desenvolvimento motor, expressa simbolicamente 
pela quantidade de areia que cada recipiente pode contribuir 
para o preenchimento da ampulheta. 
Veja que a discussão sobre as contribuições relativas da 
hereditariedade e do ambiente nesse processo não é proveitosa, 
porque ambas influenciam o processo de desenvolvimento. 
Até a fase motora rudimentar predomina a influência da 
hereditariedade. Nesse período, a seqüência de desenvolvimento 
é muito previsível, ou seja, a maioria das crianças engatinha, 
antes de ficar de pé e caminha antes de correr. 
O recipiente da 
hereditariedade com 
tampa demonstra os 
limites que a carga 
genética estabelece, 
para o nível de 
desenvolvimento, 
pela quantidade fixa 
de areia contida no 
recipiente.
 
O recipiente do 
ambiente sem tampa 
expressa que a 
quantidade de areia 
desse fator pode ser 
utilizada conforme 
as oportunidades e 
o interesse de cada 
indivíduo. 
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 1 I FUNDAMENTOS BÁSICOS EM DESENVOLVIMENTO MOTOR
36
Conforme o tempo passa, especialmente após a fase 
motora rudimentar, aumenta a contribuição relativa do ambiente. 
O triângulo na ampulheta, baseado no conceito de restrição da 
linguagem dos sistemas dinâmicos, tem a função de explicar o 
desenvolvimento motor do indivíduo. 
Em uma situação–problema ou contexto que exija uma 
solução motora, a maneira de utilização do corpo e o resultado 
alcançado pelo movimento executado são infl uenciados por 
fatores (restrições) impostos pela tarefa, pelas condições 
do ambiente e pelas difi culdades ou facilidades individuais 
(NEWEEL in HAYWOOD e GETCHELL, 2004). 
Um exemplo típico dessa relação seria uma criança de 6 
anos (indivíduo) arremessar uma bola de basquetebol na cesta 
que fi ca a 3.10 m do solo (tarefa), em uma quadra ofi cial dessa 
modalidade esportiva (ambiente). 
Você
 ac
ha 
que 
essa
 
crian
ça 
conse
guiria
 a 
perfo
rman
ce es
perad
a?
O conceito de restrição explica a relação dinâmica entre o indivíduo, a tarefa 
e o ambiente no movimento que surge dessa interação. Uma restrição é 
algo como uma limitação (HAYWOOD e GETCHELL, 2004, p.20). 
No exemplo acima, as restrições da criança são a altura, o tamanho 
da mão e o sistema muscular que a impossibilitam de cumprir a tarefa 
conforme o esperado. A restrição imposta pela tarefa é a altura da cesta. 
A restrição imposta pelo ambiente são as dimensões e os limites de uma 
quadra ofi cial de basquetebol. 
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 1 I FUNDAMENTOS BÁSICOS EM DESENVOLVIMENTO MOTOR
37
Os modelos de Gallahue, com orientações gerais sobre 
o processo de desenvolvimento motor, podem ser de grande 
valia para o professor que lida no dia-a-dia com o ensino de 
habilidades motoras. 
1.3 Dimensões do Desenvolvimento Humano
O desenvolvimento humano resulta da interação das 
mudanças que acontecem nas dimensões cognitiva, motora 
e afetiva/social. Os tipos de desenvolvimentos interagem 
continuamente ao longo do tempo, e um infl uencia o outro. 
O reconhecimento da interação dos domínios possibilita que 
tenhamos uma visão mais integral do ser humano. 
A interação entre dimensões é considerada por diferentes 
teóricos que estudam o desenvolvimento. Você deve se 
lembrar do que aprendeu sobre as teorias de aprendizagem e 
desenvolvimento, na Disciplina Psicologia da Educação. 
Na teoria de desenvolvimento cognitivo de Piaget, 
o movimento é colocado como um elemento fundamental 
para o desenvolvimento de estruturas cognitivas (estágios), 
particularmente nos primeiros anos de vida. 
Hora de praticar
Vamos discutir no fórum temático as teorias do desenvolvimento humano no contexto das 
aulas de Educação Física. O tutor da disciplina vai atuar como mediador nesse debate. 
Após a leitura desse tópico, você 
acha que poderá observar melhor o 
comportamento motor dos seus alunos?
Interação é a 
infl uência recíproca 
das dimensões 
cognitiva, motora 
e afetiva/social no 
desenvolvimento 
humano. 
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 1 I FUNDAMENTOS BÁSICOS EM DESENVOLVIMENTO MOTOR
38
Wallon, por sua vez, desenvolve conceitos fundamentais 
que ajudam a compreender a dimensão afetiva e a sua 
relevância para o entendimento do processo de desenvolvimento 
humano. Como na teoria de estágio cognitivo, ela reconhece 
a integração ser humano–meio ambiente e a integração das 
dimensões cognitiva, afetiva e motora humana (MAHONEY e 
DE ALMEIDA, 2005).
Mahoney e De Almeida (id.) expõem com propriedade a 
teoria Walloniana. Para explicar a integração das dimensões, 
Wallon desenvolveu uma teoria, que chamou de conjuntos ou 
domínios funcionais. A pessoa é considerada parte dos domínios. 
Assim, Wallon descreve a contribuição das dimensões afetiva, 
motora e cognitiva no processo de mudanças psicológicas 
e coloca a pessoa como um quarto elemento funcional que 
expressa a integração em todas as suas inúmeras possibilidades.
Alémdas dimensões cognitiva, afetiva e motora, Payne 
e Isaacs (2007) destacam uma quarta dimensão relacionada 
a mudanças de crescimento, chamando-a de domínio físico. 
Nessa dimensão, os autores listam alguns tipos de mudanças 
quantitativas que influenciam o desempenho motor, como peso, e 
altura, gordura corporal, endurance cardiovascular, amplitude 
de movimento ao redor de articulações.
Endurance 
cardiovascular – 
Refere-se à capacidade 
de o coração prover 
oxigênio para os 
músculos, durante a 
atividade física, por um 
longo período de tempo. 
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 1 I FUNDAMENTOS BÁSICOS EM DESENVOLVIMENTO MOTOR
39
Como vimos, as mudanças típicas do processo de 
desenvolvimento ocorrem em diferentes dimensões. Acontecem 
mudanças cognitivas, mudanças emocionais, físicas e motoras. 
O alcance da visão integral do ser humano só é possível a partir 
do reconhecimento dessas interações.
Está curioso? Então, busque nos endereços abaixo, usando 
as palavras: teorias de desenvolvimento motor; dimensões do 
desenvolvimento humano.
www.cev.org.br
www.capes.gov.br (link periódicos)
www.google.com.br
Para entender a individualidade, além das normas, é preciso considerar a 
interação entre as dimensões cognitiva, afetiva, motora e física. 
Hora de praticar
Descreva uma situação-problema em sua aula ou em outro espaço de intervenção 
profi ssional que evidencie a integração das dimensões cognitivas, afetiva e motora. 
Esta tarefa deverá ser postada no AVA do curso, conforme as orientações contidas 
naquele ambiente e os encaminhamentos que serão fornecidos pelo seu(s) tutor(es).
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 1 I FUNDAMENTOS BÁSICOS EM DESENVOLVIMENTO MOTOR
40
O desenvolvimento mo-
tor é um processo contí-
nuo de mudanças que se 
inicia na concepção e só 
termina após a morte. As mudanças no 
nível de funcionamento do ser humano, 
ao longo do tempo, típicas do desenvol-
vimento, é a expressão da integração en-
tre os fatores hereditário e ambiental.
Os aspectos biológicos relacio-
nados às mudanças maturacionais, às 
experiências ambientais que condu-
zem ao aprendizado e às alterações 
fi siológicas na idade adulta ensejam 
respostas motoras adaptadas às de-
mandas ambientais e a novos objetivos 
em qualquer fase da vida. 
O acúmulo de fatos em estudos do 
desenvolvimento humano possibilitou a 
construção de modelos teóricos descriti-
vos e explicativos para as mudanças que 
acontecem ao longo do tempo.
Esses modelos podem ser agru-
pados em dois tipos de orientação: 1) os 
modelos tipo fase/estágio e 2) os mode-
los do tipo não estágios. 
Em desenvolvimento motor, os 
modelos de ampulheta de fases e o am-
pliado de Gallahue (2005) tentam des-
crever e explicar o processo contínuo-
descontínuo de mudanças motoras, ao 
longo do tempo.
Finalmente, o reconhecimento da 
interação contínua das dimensões cog-
nitiva, motora, física e afetiva/social per-
mite uma visão mais integral do ser hu-
mano e ajuda a entender as diferenças 
individuais.
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 2
Desenvolvimento de Habilidades 
Motoras
41
OBJETIVOS
Após finalizar essa unidade, esperamos que você seja capaz de: 
■ explicar o papel da Educação Física na educação das pessoas;
■ descrever os princípios do movimento e da estabilidade nas habilidades básicas;
■ categorizar as habilidades básicas em estágios de desenvolvimento motor;
■ avaliar habilidades básicas, utilizando listas de seqüência de desenvolvimento motor;
■ discutir as diferenças de desenvolvimento interindivíduos, intertarefas e intratarefa.
Nesta Unidade 2, você estudará estas questões, na visão desenvolvimentista. 
Vamos lá? 
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 2 I DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS
42
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
2.1 Introdução
A Educação Física é um componente curricular obrigatório 
no ensino básico da educação brasileira e, como tal, integra-se 
à proposta pedagógica das escolas (Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação Nacional, 1996, complementada pela Lei nº 
10.793, de 2003). Assim, ela é uma disciplina responsável pelo 
desenvolvimento de habilidades e competências, da mesma 
forma que Português, Matemática, Biologia, entre outras. Veja o 
seguinte: ao recebermos uma formação em:
Historicamente, na Educação Física, muita discussão e 
abordagens teóricas trazem uma grande difi culdade para que ela 
se estabeleça como um componente legítimo do currículo escolar. 
A Educação Física, como qualquer outra disciplina, deve reconhecer e 
respeitar as experiências e as necessidades dos seus alunos – colocando-
os integralmente, nos seus aspectos cognitivo, afetivo e psicomotor, no 
centro do processo educacional – e assumir o movimento como o seu 
objeto de aprendizagem no projeto pedagógico das escolas. 
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANOCRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 2 I DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS
43
A Educação Física, como as demais disciplinas, deve se 
estruturar em teorias contextualizadas ao seu objeto de ensino 
conseguindo definir, dessa forma, a sua função no âmbito das 
demais aprendizagens escolares.
2.2 Educação Física Desenvolvimentista
Na visão desenvolvimentista, o movimento é o objeto de 
aprendizagem da disciplina Educação Física. Pela riqueza de 
oportunidades relacionais que o movimento proporciona, essa 
disciplina desempenha um papel muito importante no processo 
de desenvolvimento humano. Assim, a parte da educação que 
cabe à Educação Física é a educação motora. 
A reconhecida inter-relação entre os aspectos motores, 
cognitivos e afetivos nessa disciplina possibilita aprendizagens: 
1. Nos aspectos motores, tanto de habilidades motoras 
fundamentais e especializadas como de atividades 
físicas que proporcionam aptidões relacionadas à 
saúde e à performance; 
2. Nos aspectos cognitivos, relativos ao conhecimento do 
corpo e do mundo ao redor na aprendizagem perceptivo-
motora, bem como de aprendizagem de conceitos 
relacionados ao movimento, às habilidades motoras, à 
aptidão física e até mesmo a conhecimentos acadêmicos; 
3. Nos aspectos afetivos, a melhoria dos componentes do 
autoconceito e da socialização. 
Para compreender melhor, observe a Figura 1, de Gallahue 
e Donnelly (2008), que nos mostra uma síntese da Educação 
Física Desenvolvimentista proposta.
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 2 I DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS
44
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
Figura 1. Fonte: GALLAHUE e DONNELY, 2008.
Se considerarmos, no processo educacional, que o papel 
da Educação Física é ensinar o aluno a mover-se e aprender por 
meio do movimento, o conteúdo, as metas e as estratégias devem 
ser direcionadas para atender os objetivos dessa disciplina. 
Os objetivos da Educação Física na escola são promover a aprendizagem 
do movimento e a aprendizagem mediante o movimento.
Bem, Gallahue (2008) nos 
diz que, em termos de habilidades e 
conhecimentos, a pessoa educada 
especifi camente na Educação 
Física deve ser capaz de:
Mas o que signifi ca 
um indivíduo educado 
na Educação Física 
Desenvolmentista?
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANOCRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 2 I DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS
45
1. Demonstrar competência em habilidades motoras gerais e profi ciência em 
algumas habilidades específi cas. 
2. Aplicar conceitos e princípios de movimento (consciência corporal, consciência 
espaço-temporal, esforço e relação) ao aprendizado de habilidades motoras.
3. Exibir um estilo de vida fi sicamenteativo.
4. Alcançar e manter um nível bom de saúde e de porte físico.
5. Exibir comportamento social e pessoal responsável em locais de atividade 
física.
6. Manifestar compreensão e respeito pelas diferenças entre as pessoas em 
locais de atividade física.
7. Compreender que a atividade física dá oportunidade de diversão, desafi o, 
auto-expressão e interação social.
Assim, na Educação Física desenvolvimentista, a partir 
do reconhecimento da natureza inter-relacionada dos aspectos 
motor, cognitivo e afetivo social, os objetivos e as metas da 
disciplina devem ser direcionados para a educação motora. 
 
2.3 Aquisição de habilidades motoras
Vamos parar por um momento e pensar em alguns 
aspectos do movimento.
Hora de praticar
Antes de passarmos para o próximo tópico, faça um relatório descritivo de como está 
inserida a Educação Física no projeto pedagógico da sua escola. Caso necessite, vá a 
uma escola e converse com os professores para saber como é que funciona a Educação 
Física nesse estabelecimento. O conteúdo desta disciplina associado ao de outras, como 
a de Fundamentos da Educação Física, por exemplo, vai ajudá-lo nessa observação. 
Encaminhe essa tarefa conforme solicitado no AVA do curso e, também, conforme as 
orientações do (s) seu (s) tutor (es). 
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 2 I DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS
46
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
Lembra-se que, na Unidade 1, estudamos o modelo de 
desenvolvimento motor? Lá, verifi camos que o pleno desenvol-
vimento de habilidades motoras fundamentais e especializa-
das – durante os primeiros anos de vida até aproximadamente 
os 14 anos de idade – é essencial para a expressão de um com-
portamento motor adequado ao longo da vida.
Nas próximas unidades, estudaremos vários conceitos 
relacionados à educação motora, a exemplo do crescimento/
aptidão física e de aspectos afetivos e cognitivos que envolvem 
aprendizagens relacionadas com o processo educacional do ser 
humano. Especifi camente, neste tópico, conversaremos sobre a 
questão hierárquica do desenvolvimento motor e a importância 
da observação desse processo, ao longo do tempo.
As fases do desenvolvimento motor – lembra do modelo 
de ampulheta de Gallahue? – iniciam-se na fase motora refl exa. 
Os refl exos, como primeiras formas de movimento humano, são 
movimentos involuntários que formam a base para as fases do 
desenvolvimento motor (GALLAHUE, 2005).
Os primeiros movimentos voluntários acontecem na 
fase dos movimentos rudimentares e envolvem os movimentos 
estabilizadores de controle de cabeça, pescoço e tronco; 
movimentos manipulativos de alcançar, agarrar e soltar objetos 
e movimentos de locomoção de arrastar, engatinhar e caminhar.
Como conseqüência da fase dos movimentos 
rudimentares, surge, então, a fase motora fundamental na 
qual as experiências de aprendizagem, combinadas com o 
As habilidades 
motoras 
fundamentais 
são categorizadas 
em habilidades 
de equilíbrio, 
manipulação e 
locomoção.
Quais são as competências 
ou habilidades que devem 
ser desenvolvidas, ao 
longo do tempo?
Existe uma relação de 
interdependência, na 
seqüência de aprendizado?
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANOCRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 2 I DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS
47
processo maturacional, iniciam um período de crescente 
aumento do controle dos movimentos e de aquisição de 
habilidades motoras mais complexas.
Assim, por analogia ao processo de alfabetização das 
crianças, as habilidades motoras fundamentais de equilíbrio, 
manipulação e de locomoção (Figura 2) funcionam como letras 
do alfabeto motor que se combinam, como, por exemplo, no 
futebol as habilidades de receber, correr e chutar uma bola 
(GALLAHUE, 2008). 
Inúmeras combinações de habilidades fundamentais 
formam o universo das habilidades motoras especializadas 
relacionadas aos esportes, à ginástica, à dança, às lutas, à 
recreação e ao lazer. 
Figura 2. Fonte: GALLAHUE, 2008. 
Assim, a combinação de correr, saltar e cair no solo 
amaciado com areia compõe uma habilidade mais complexa, no 
caso uma habilidade esportiva: salto a distância do atletismo. 
Veja, a seguir, outros exemplos de habilidades esportivas que 
expressam a combinação de habilidades fundamentais.
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 2 I DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS
48
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
Como vimos, a aprendizagem de habilidades fundamentais 
é a base para o aprendizado de habilidades mais complexas, 
como no exemplo das habilidades esportivas. Nesse sentido, 
saber observar e avaliar a aprendizagem desses conteúdos 
torna-se uma tarefa importante para o professor. 
2.4 A observação e a avaliação de habilidades motoras
O acompanhamento das mudanças que ocorrem no 
aprendizado motor, especialmente no período escolar, é 
um desafi o que precisa ser enfrentado pelo professor. O 
conhecimento sobre o movimento humano é importante para 
que o professor seja capaz de avaliar esse aprendizado 
ao longo do tempo. No dia-a-dia, o professor enfrenta duas 
situações de avaliação, em que usa diferentes técnicas de 
acompanhamento das mudanças: 
Hora de praticar
Dê uma olhada nas fotos 1, 2 e 3 acima. Agora, descreva a combinação de habilidades 
básicas presentes em cada uma das habilidades especializadas. Vamos bater papo 
sobre essas e outras combinações que deverão ser alvo de discussão no Fórum 
Fases Motoras, conforme a programação estabelecida no ambiente de comunicação e 
aprendizagem do curso.
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANOCRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 2 I DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS
49
1. Avaliação do processo – Referente à forma de utilização do 
corpo (avaliação qualitativa). Como técnica de acompanha-
mento das mudanças usa as avaliações observacionais; 
2. Avaliação do produto – Referente ao resultado produzido 
pelo movimento, como distância, altura, tempo ou quantida-
de (avaliação quantitativa). Como técnica de acompanha-
mento das mudanças usa as avaliações de desempenho.
Na próxima unidade, veremos a questão de desempenho. 
Para o momento, trataremos das avaliações observacionais.
Para Gallahue e Donnelly (2008), na avaliação do 
progresso do aluno, o professor pode utilizar dois tipos de 
abordagem: a do tipo auto-referenciada e a do tipo normativa. 
Avaliação auto-referenciada Avaliação normativa
É importante porque realiza a avaliação 
do indivíduo comparando o seu 
progresso em mais de uma avaliação, 
reforçando o conceito de diferenças 
individuais.
É baseada em faixa etária e pode ser útil 
para entender o progresso da maioria 
dos estudantes, mas deixa de lado a 
infl uência de fatores (restrições) no 
desempenho avaliado.
Nos dois tipos de avaliação, o professor tem de saber 
o que observar e o como observar. Duas maneiras podem ser 
empregadas para a análise dos movimentos: 1) observando 
o emprego dos princípios de movimento e da estabilidade; 
2) utilizando o conceito de estágio de desenvolvimento 
motor relacionado à idade que descreve seqüências de 
desenvolvimento de habilidades motoras fundamentais. 
Na observação que utiliza os princípios básicos de movimento e da 
estabilidade, é importante ter em mente os tipos de restrições que explicam 
determinada expressão motora. 
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 2 I DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS
50
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
Pergunte-se... Será a lei da gravidade restrição ambiental? 
Será a estrutura óssea ou a estrutura muscular restrição do 
indivíduo? Ou o tipo de tarefa restrição imposta pela tarefa?Vamos utilizar os exemplos de seqüências de 
desenvolvimento de habilidades básicas para compreender 
os princípios de movimento e estabilidade. Observe a criança, 
na Figura 3, a seguir, com uma bola pequena e leve na mão, 
preparada para fazer um dos seus primeiros arremessos. 
Para conseguir mover essa bola, ela precisará aplicar uma 
determinada quantidade de força no objeto que tem nas mãos 
(lembra-se da 1ª Lei de Newton?). 
Figura 3. Estágio inicial do arremesso. 
A tarefa pouco conhecida e vivenciada pela criança e 
as suas condições de desenvolvimento biológico (restrição do 
indivíduo) indicam que a bola não será arremessada a uma 
grande distância, porque, embora a massa (peso) da bola seja 
compatível com o tamanho da criança, o movimento realizado 
não será capaz transferir força sufi ciente para o deslocamento 
rápido da bola (agora, falamos da 2ª Lei de Newton). 
A Figura 3 mostra-nos que, no estágio inicial do arremesso, 
a ação é feita a partir do cotovelo, com um movimento que se 
assemelha a um empurrão; o tronco permanece perpendicular 
Haywood e Getchell 
(2004) descrevem 
conceitualmente os 
princípios básicos 
do movimento e da 
estabilidade aplicados 
à performance de 
habilidades básicas 
como um guia prático 
para o professor de 
Educação Física.
A 1ª Lei de Newton – 
também chamada 
de Princípio da 
Inércia: um corpo, 
em repouso ou em 
movimento retilíneo 
e uniforme, tende a 
manter seu estado 
inicial (de movimento 
ou de repouso).
A 2ª Lei de Newton 
(Princípio Fundamental 
da mecânica) estuda a 
causa dos movimentos: 
um corpo em repouso 
precisa receber 
uma força para se 
movimentar. Para um 
corpo em movimento 
parar, é preciso aplicar 
uma força. Um corpo 
adquire velocidade e 
sentido, conforme a 
intensidade da aplicação 
da força. Isto signifi ca 
que, quanto maior for 
a força, maior será a 
aceleração adquirida 
pelo corpo.
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANOCRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 2 I DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS
51
ao alvo; os pés paralelos e parados. Mesmo que movidos ao 
acaso, os pés, durante a fase preparatória do arremesso, pouco 
ajudam na performance do arremesso.
Agora, observe a melhoria do movimento, na Figura 4, 
que nos mostra a criança beneficiando-se das leis do movimento 
para melhorar a sua performance. 
Figura 4. Estágio avançado de desenvolvimento (estágio maduro) 
Desde a fase preparatória do arremesso, podemos observar uma postura favorável para um 
melhor aproveitamento da 1ª e da 2ª lei de Newton, inclusive combinadas com outros princípios 
relacionados à força. Primeiro, a passada à frente, com a perna contrária ao do braço de 
arremesso, aumenta a distância linear (linha reta), a partir da qual a força é aplicada. 
Também verificamos o aumento da amplitude do movimento pela rotação dos quadris e do tronco e 
elevação do braço flexionado acima do ombro, aumentando a distância angular para o movimento 
que possibilita uma transferência maior de força ao objeto, no caso a bola. O braço estendido, no 
momento final do arremesso possibilita, também, o aumento da velocidade do objeto projetado. 
Essa aplicação da 1ª e da 2ª Leis de Newton na melhoria 
do movimento repete-se em outras habilidades básicas, como, 
por exemplo, o chutar (Figura 5).
Figura 5. Estágio maduro do chute (aplicação da 1ª e da 2ª Leis de Newton para a 
melhoria da habilidade de chutar).
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 2 I DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS
52
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
Uma outra lei muito presente no estágio avançado do 
arremesso é a cadeia cinética aberta. Para aplicá-la, verifique a 
seqüência ordenada de movimentos sucessivos dos pés, da rotação 
da pelve, do tronco e dos braços que somam forças para serem 
transferidas no momento do arremesso. A tarefa é capaz de produzir 
alterações na relação entre força e velocidade no arremesso. 
Vejamos um exemplo: o arremesso de uma bola de 1 kg. 
Para maximizar a velocidade da bola, será exigida a aplicação 
de mais força do que em uma bola de 325g (é exigida mais 
aplicação de mais força para arremessar um objeto mais pesado 
do que para arremessar um objeto mais leve).
A corrida nos permite analisar outra lei do movimento: a 3ª 
Lei de Newton. Na Figura 6, a seguir, podemos observar bem a 
aplicação do princípio da ação e reação.
Figura 6. A 3ª Lei de Newton na corrida. Estágio inicial da corrida (Gallahue, 2005)
No estágio inicial da corrida, o aproveitamento, por parte do 
aprendiz, da lei da ação e reação é muito precário. Os movimentos 
dos pés e das pernas mostram uma indefinição na direção das 
passadas, amplitude de passada muito pequena, uma base de 
apoio muito larga e extensão incompleta da perna de apoio.
Nos movimentos de braços, verificamos o balanço rígido 
do braço com graus variados de flexão de cotovelo nas direções 
lateral e mediana do corpo.
Cadeia cinética 
aberta refere-se 
à seqüência bem 
sincronizada de 
movimentos que 
o indivíduo usa 
para realizar uma 
habilidade com 
sucesso (HAYWOOD 
e GETCHELL, 2004).
A 3ª Lei de Newton – 
também chamada 
de Lei (Princípio) 
da ação e reação. 
Em palavras simples: 
para toda força 
aplicada, existe outra 
força de mesma 
intensidade, mesma 
direção, mas com 
sentido contrário.
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANOCRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 2 I DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS
53
O mesmo não acontece com a corrida, no estágio 
maduro (Figura 7). Os movimentos das partes do corpo 
acontecem de modo a maximizar o deslocamento da corrida 
em linha reta. A força aplicada no movimento dos pés (ação), 
para baixo e para trás, produz uma reação do solo, que projeta 
o corpo para cima e para frente. 
Figura 7. Estágio maduro da corrida (GALLAHUE, 2005).
Para explicar a aplicação do princípio de absorção 
de força, utilizaremos o exemplo do estágio maduro do salto 
em distância (Figura 8), enfatizando a fase de aterrissagem. 
Podemos verificar que, para diminuir o impacto da aterrissagem 
(lembra-se do princípio da ação e reação?), no momento da 
queda, os joelhos do saltador encontram-se flexionados. 
Dessa forma, a força contrária à da ação (queda) é 
absorvida pelo aumento do tempo e da distância da aterrissagem, 
diminuindo o risco de contusão no salto.
Figura 8. Estágio maduro do salto horizontal (GALLAHUE, 2005).
A aplicação da lei da ação e 
reação também pode ser a 
alternância do movimento de 
braços e pernas. O quarto 
quadro da Figura 7 mostra 
a alternância da perna 
impulsionada para frente (ação) 
e o braço, do mesmo lado, 
impulsionado para trás (reação).
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 2 I DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS
54
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
Outras habilidades básicas são otimizadas com o uso do 
princípio de absorção de força, como, por exemplo, recepção da 
bola com as mãos (Figura 9).
Figura 9. Outros usos do princípio de absorção de força.
Observe: nos dois casos, as superfícies de contato, as mãos e os pés, são levadas 
na direção do objeto para recebê-lo – no caso, a bola –, seguida de retração dos 
braços e da perna receptora com conseqüente absorção da força da bola que chega. 
Além dos princípios de movimento é importante ressaltar 
a importância dos princípios de estabilidade. Estabilidade 
e equilíbrio são elementos distintos, mas essenciais para 
qualquer tipo de movimento ou habilidade motora, e dependem 
do posicionamento da base de apoio em relação ao seu centro 
de gravidade, conforme podemos observar na figura abaixo.
Figura 10. Posicionamento da base de apoio na parada de mãos.Equilíbrio está 
relacionado à 
capacidade de 
um objeto ou uma 
pessoa em manter 
certa posição ou 
postura sobre uma 
base (HAYWOOD e 
GETCHELL, 2004).
Centro de gravidade 
é o ponto onde se 
concentra a atração 
gravitacional da terra 
sobre um indivíduo 
(CARR,1977, in: 
HAYWOOD e 
GETCHELL, 2004).
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANOCRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 2 I DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS
55
A quantidade de estabilidade em um movimento está 
relacionada à necessidade de mobilidade que ele exige. Por 
exemplo, as habilidades da ginástica artística na trave de 
equilíbrio, que exige uma mobilidade maior, são realizadas 
com uma estabilidade menor do que as do atleta que atua com 
levantamento de peso. 
Em todo tipo de habilidade existe a necessidade de o 
indivíduo manter-se em uma posição ou postura sobre uma 
base, ou seja, equilibrado. 
A estabilidade refere-se à capacidade de um indivíduo ou objeto de 
resistir ao movimento ou a perturbação. Para melhorar a estabilidade 
deve-se aumentar a base de apoio, abaixando-se o centro de gravidade 
e mantendo-o dentro da base de apoio (HAYWOOD e GETCHELL, 2004).
Escolha uma habilidade motora e descreva como as leis do movimento e de estabilidade 
podem ser utilizadas para maximizar o desempenho dessa habilidade. Você deverá 
encaminhar esta tarefa para o tutor corrigi-la, atendendo às orientações enviadas por 
ele, quando solicitado.
Uma outra forma de observar o progresso do desenvolvi-
mento de habilidades motoras é utilizar instrumentos baseados 
em seqüências de desenvolvimento de habilidades motoras re-
lacionadas à idade. 
Com base nessa visão, inúmeros estudos focalizados 
nas alterações qualitativas do movimento, realizados a partir 
dos anos de 1960, apontaram para o conceito de estágios de 
desenvolvimento de habilidades motoras fundamentais no início 
da infância (GALLAHUE e OZMUN, 2005). 
Para receber instruções 
de como utilizar os 
princípios de movimento 
e estabilidade para 
detectar e corrigir 
erros, consulte as 
dicas de Carr (1977), 
in Haywood e Getchell, 
2004, p. 115.
Hora de praticar 
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 2 I DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS
56
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
No período dos 2 aos 6 anos de idade, as crianças 
possuem potencial para avançarem do estágio inicial até o 
estágio maduro das habilidades fundamentais, as quais formam 
a base para o desenvolvimento de habilidades especializadas.
Dessa forma, surgiram inúmeros estágios com descrições 
seqüenciais de desenvolvimento de diferentes habilidades motoras 
fundamentais, como andar, correr, arremessar, entre outras. 
Com base nas pesquisas referenciadas em estágios, 
surgiram três métodos de classificação para avaliar o 
desenvolvimento de habilidades fundamentais (GALLAHUE 
e OZMUN, 2005): 1) pela configuração total do corpo 
(SEEFELDT e HAUBENSTRICKER, 1976); 2) pelos segmentos 
ou componentes corporais (ROBERTON, 1978), e 3) pela 
combinação de configuração total com análise segmentar 
(GALLAHUE e DONNELLY, 2008).
A avaliação empírica por estágios de habilidades motoras 
fundamentais é muito usada e produz informações muito 
importantes sobre o processo de desenvolvimento motor. 
Na avaliação por estágios, porém, é preciso considerar o 
conceito de restrição que estudamos na Unidade 1, lembra-se? 
O estado de desenvolvimento da habilidade observada resulta 
da interação entre as restrições do ambiente, do indivíduo ou da 
tarefa (Figura 11). 
Figura 11. Interações no desenvolvimento motor (adaptado de GALLAHUE, 2005).
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANOCRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 2 I DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS
57
Assim, é possível entender as diferenças de desenvol-
vimento: 1) entre crianças; 2) entre padrões; e 3) no padrão de 
movimento de uma mesma habilidade.
Sobre as diferenças desenvolvimentais entre crianças, 
precisamos considerar que, embora a seqüência progressiva 
dos estágios inicial, elementar e maduro seja a mesma para 
a maioria delas, o ritmo varia conforme a interação de fatores 
hereditários e ambientais. 
A diferença entre padrões signifi ca que o desenvolvimento 
de diferentes habilidades fundamentais não acontece também 
de forma homogênea, ou seja, o indivíduo pode estar no 
estágio inicial do arremesso e no estágio maduro da corrida e 
no estágio elementar do salto.
O desenvolvimento motor está relacionado à idade, mas não é dependente 
dela. A progressão para estágios mais avançados está vinculada às 
experiências individuais. 
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 2 I DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS
58
As diferenças de estágios intrínsecas ao padrão de uma 
determinada habilidade, como, por exemplo, no arremesso, 
podem ser observadas quando a criança encontra-se no estágio 
inicial na ação do braço, no estágio elementar na ação do tronco 
e no estágio maduro na ação das pernas dessa habilidade.
Como vimos, na observação empírica de habilidades 
fundamentais, pela complexidade do fenômeno, verifi cam-se 
diferenças de estágios de desenvolvimento entre crianças, entre 
habilidades e até mesmo em uma mesma habilidade.
Assim, os métodos de classifi cação referenciados foram 
desenvolvidos empiricamente, conforme as diferenças de 
desenvolvimento eram observadas. Uma forma prática e de fácil 
aplicação que possibilita a avaliação da maioria das habilidades 
motoras fundamentais é a que possibilita a observação de três 
estágios tanto pela confi guração do corpo como pela abordagem 
segmentária (GALLAHUE e OZMUN, 2005).
Como já sabemos, o pleno desenvolvimento dessas 
habilidades forma a base para o desenvolvimento de habilidades 
mais complexas importantes aplicáveis no esporte, no lazer, na 
vida profi ssional e no dia-a-dia das pessoas.
Hora de praticar
Utilizando um instrumento de observação por estágios, que será disponibilizado 
em nosso ambiente de comunicação e aprendizagem, faça a avaliação empírica de 
habilidades motoras fundamentais e apresente o relatório dos resultados, conforme 
as orientações que lhe serão fornecidas pelos seus tutores presenciais e a distância.
A avaliação empírica 
das habilidades 
motoras fundamentais 
é um procedimento 
que pode contribuir 
com uma atuação 
efetiva do professor, 
especialmente no 
planejamento das 
suas aulas.
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
59
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 2 I DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS
As diferenças de estágios intrínsecas ao padrão de uma 
determinada habilidade, como, por exemplo, no arremesso, 
podem ser observadas quando a criança encontra-se no estágio 
inicial na ação do braço, no estágio elementar na ação do tronco 
e no estágio maduro na ação das pernas dessa habilidade.
Como vimos, na observação empírica de habilidades 
fundamentais, pela complexidade do fenômeno, verifi cam-se 
diferenças de estágios de desenvolvimento entre crianças, entre 
habilidades e até mesmo em uma mesma habilidade.
Assim, os métodos de classifi cação referenciados foram 
desenvolvidos empiricamente, conforme as diferenças de 
desenvolvimento eram observadas. Uma forma prática e de fácil 
aplicação que possibilita a avaliação da maioria das habilidades 
motoras fundamentais é a que possibilita a observação de três 
estágios tanto pela confi guração do corpo como pela abordagem 
segmentária (GALLAHUE e OZMUN, 2005).
Como já sabemos, o pleno desenvolvimento dessas 
habilidades forma a base para o desenvolvimento de habilidades 
mais complexas importantes aplicáveis no esporte, no lazer, na 
vida profi ssional e no dia-a-diadas pessoas.
A Educação Física en-
quanto componente curri-
cular obrigatório deve-se 
integrar à proposta pe-
dagógica da escola com 
objetivos bem defi nidos, assim como 
ocorre com as demais disciplinas. No 
processo educacional, cabe à Educação 
Física ensinar as crianças a moverem-
se e aprender, por meio do movimento. 
Assim, considerando a natureza 
inter-relacionada dos aspectos cognitivo, 
afetivo e motor, o professor deve se 
preocupar com o ensino–aprendizagem 
de habilidades motoras, de atividade 
física e de aptidão física, bem como 
com o aprendizado perceptivo-motor e 
afetivo social.
Sobre o desenvolvimento de 
habilidades motoras, o professor deve 
se preocupar especialmente com as 
habilidades motoras fundamentais que 
formam a base para o desenvolvimento de 
habilidades específi cas e mais complexas.
Para avaliar o progresso dos seus 
alunos nessas habilidades, o professor 
pode utilizar: 1) as leis do movimento e 
da estabilidade mais apropriadas para a 
avaliação do progresso individual; ou 2) 
a avaliação por estágios relacionados à 
faixa etária, que é uma norma aplicável à 
maioria dos indivíduos avaliados.
O desenvolvimento de habilidades 
motoras é um fenômeno complexo 
infl uenciável por restrições impostas 
pelo indivíduo, pelo ambiente e pela 
tarefa capazes de criar diferenças de 
desenvolvimento entre crianças, entre 
habilidades e numa mesma habilidade.
A escolha e o uso adequado de um 
método de avaliação ajudam o professor a 
planejar e a executar, com maior efi cácia, 
o seu programa de ensino.
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 3
Crescimento Físico de Crianças e 
Adolescentes
61
O que é crescimento físico? E aptidão física?
As curvas de crescimento 
(altura e peso) são indicadores 
que avaliam o progresso de 
um indivíduo?
O cre
scime
nto fí
sico a
conte
ce de
 form
a nor
mal 
e ord
enada
? É ig
ual pa
ra tod
as as
 crian
ças?
A maturação desenvolve-se de maneira 
integral e objetiva em cada organismo?
Crianças diferentes 
desenvolvem-se fi sicamente 
a taxas ou ritmos 
diferentes?
Programas de atividades físicas 
precisam levar em consideração 
o estágio atual de crescimento 
da cada criança em particular?
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 3 I CRESCIMENTO FÍSICO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
62
Professor, eis uma dica inicial...
Faça mensurações antropométricas de seus alunos, para identificar em que 
fase do crescimento corporal encontram-se e para poder melhor acompanhá-los. A 
partir dessas informações, tome decisões na elaboração de seu programa de aulas. 
Agindo dessa forma, você poderá visualizar em que estágio os alunos encontram-se 
agora e aonde poderão chegar.
Devemos partir da compreensão dos princípios que norteiam o ciclo da vida e 
suas etapas, levando-se em consideração que se trata de um processo lento e contínuo, 
devendo ser mais perceptivo nas orientações às crianças e aos adolescentes visando 
à melhoria da saúde e do condicionamento físico. As mudanças e as modificações 
que ocorrem no corpo de seus alunos devem orientar quais atividades serão mais 
adequadas às características do grupo de alunos. 
Veja quantos assuntos importantes veremos nesta unidade, em que 
abordaremos, sinteticamente, os conceitos de crescimento físico e de aptidão física de 
crianças e adolescentes, com a utilização de quadros para avaliar e acompanhar as 
transformações corporais. Analisaremos os fenômenos biológicos que se desenvolvem 
no período dos 2 (dois) aos 20 (vinte) anos de idade.
OBJETIVOS
Após finalizar esta unidade, você será capaz de: 
■ analisar o processo de crescimento físico em crianças e adolescentes;
■ descrever os conceitos básicos do crescimento físico, como crescimento em 
estatura, peso e maturação;
■ calcular o IMC, a partir da realização das medidas de altura e peso;
■ considerando o IMC calculado, localizar a posição de seu aluno no percentil da curva 
normal de crescimento físico;
■ interpretar os gráficos de curva normal do crescimento físico;
■ comentar a influência da capacidade física no desenvolvimento motor.
Avante!
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 3 I CRESCIMENTO FÍSICO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
63
3.1 O que é o Crescimento Físico?
O crescimento físico refere-se a um processo biológico 
de aumento quantitativo do tamanho físico, ou seja, um 
aumento da massa corporal total no sentido longitudinal e 
transversal. A medida do crescimento é feita por meio da 
verifi cação das alterações de peso, altura, perímetros e 
diâmetros e dobras cutâneas. As transformações físicas de 
crescimento ocorrem desde a concepção até os 20 anos de 
idade, de maneira geral (idade cronológica). 
Segundo Malina, Bouchard e Bar-Or (2009), as alterações 
no tamanho corporal são o resultado de três processos celulares: 
hiperplasia (aumento do número de células), hipertrofi a 
(aumento do tamanho das células) e agregação (aumento da 
substância intracelular).
 Durante todo o período de crescimento, sofremos 
infl uências do meio em que vivemos, sob os mais variados 
aspectos, como os fatores socioeconômicos, psicossociais 
e familiares; principalmente da alimentação e das atividades 
físicas desenvolvidas nesse período.
No período da infância, o desenvolvimento é marcado por alterações 
estáveis e progressivas das áreas cognitiva, afetiva e motora (GALLAHUE 
e DONELLY, 2008).
 Em outras palavras, o crescimento refere-se a 
mudanças quantitativas (aumento da estrutura), enquanto 
que o desenvolvimento refere-se a mudanças qualitativas 
(melhoria nas funções).
A adolescência é considerada uma fase de transição 
gradual da infância para a idade adulta e representa um dos 
períodos mais importantes do ciclo de vida do ser humano, 
Esta melhoria 
depende dos 
estímulos que o 
indivíduo recebe do 
ambiente e das suas 
experiências.
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 3 I CRESCIMENTO FÍSICO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
64
pois é quando o crescimento e o desenvolvimento do indivíduo 
se completam, culminando com a completa capacidade de 
reprodução (NACIF e VIEBIG, 2008).
 Acontece que o crescimento ocorre paralelamente ao 
desenvolvimento, sem que a velocidade, obrigatoriamente, seja 
a mesma, para ambos, pois são dependentes da carga genética 
recebida, pelo indivíduo, de seus pais. Tais mudanças ocorrem 
automaticamente, sem a necessidade de experiência; por isso, 
pode haver crescimento sem desenvolvimento, visto que o 
desenvolvimento depende de experiências.
 Para Gallahue (2005), experiência refere-se a fatores que, 
no meio ambiente, podem alterar ou modificar o aparecimento de 
várias características do desenvolvimento mediante o processo 
de aprendizagem. 
Conseqüentemente, se a aprendizagem for considerada 
um processo que advém da prática e do esforço de cada 
indivíduo, e se a maturação for considerada o desabrochar das 
aptidões potencialmente presentes nesses mesmos indivíduos, 
devemos admitir a existência de uma interação bastante íntima 
entre maturação e aprendizagem. Isso porque, por meio da 
aprendizagem, os indivíduos deverão adquirir capacidades para 
utilizar suas aptidões potenciais (in GUEDES e GUEDES, 1997).
Nesse período, ocorre o fenômeno conhecido como 
puberdade, em que uma série de modificações biológicas e 
fisiológicas, entre elas o estirão de crescimento (aceleração 
e desaceleração do crescimento do esqueleto e dos órgãos), 
o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários e 
as alterações na composição corporal, principalmente na 
distribuição de gordura e massa muscular. 
A puberdade também altera o estado emocional dos 
adolescentes e, ainda, o comportamento, particularmente 
em relação ao desejo sexual. Dessa forma, as mensuraçõesCRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 3 I CRESCIMENTO FÍSICO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
65
corporais e os índices antropométricos tornam-se um poderoso 
auxiliar do professor de Educação Física – lembra-se da 
nossa dica inicial? As medidas adequadas a serem tomadas 
para avaliação do crescimento devem ser específi cas para 
cada fase do ciclo da vida. 
As medidas recomendadas para a avaliação do 
crescimento físico e o acompanhamento durante o crescimento 
estão especifi cadas na Tabela 1 abaixo. Essas variáveis permitem 
monitorar, comparar, verifi car normalidade e proporcionalidade, 
além de outros dados referenciais de crianças saudáveis por 
faixa etária e gênero.
Tabela 1. Medidas antropométricas recomendadas para o acompanhamento do 
crescimento físico (GUEDES e GUEDES, 2006).
Agora, faça uma experiência...
As técnicas 
padronizadas 
da coleta de 
dados foram 
apresentadas 
na disciplina 
Medidas e 
Avaliação em 
Educação Física. 
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 3 I CRESCIMENTO FÍSICO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
66
Elabore um projeto de pesquisa de acompanhamento das transformações 
antropométricas. Pense em um período de tempo (seis meses ou um ano), 
observando as mudanças de algumas variáveis (Tabela 1) escolhidas por você. 
Selecione um grupo de alunos de mesma faixa etária e sexo, faça uma coleta de 
dados iniciais e, após o período, retorne às medições. Analise as transformações 
individuais de cada aluno. Desta pesquisa, certamente serão obtidos dados 
interessantes sobre a dinâmica das transformações corporais.
3.2 Das Razões, Proporções e Índices
Sozinhos os valores das medidas não disponibilizam 
informações precisas, porém, quando essas medidas são 
relacionadas umas às outras, proporcionam índices ou razões 
que facilitam a compreensão dos fenômenos biológicos. 
 Há muito tempo, a razão entre o peso e a altura é 
utilizada em estudos de crescimento e composição corporal, 
para a tomada de decisão sobre os aspectos nutricionais. Por 
exemplo, quando o indivíduo tem peso elevado e baixa altura, 
isso indica risco de sobrepeso e obesidade. Orientação alimentar 
e atividades físicas específicas deverão ser propostas para que 
a pessoa torne-se saudável.
Dois são os índices que usam essas medidas: 1) IMC 
(o mais conhecido deles), idealizado por Quetelet – o peso é 
dividido pela altura ao quadrado; 2) Índice Ponderal Recíproco – 
obtido pelo cálculo da altura dividido pela raiz cúbica do peso. 
 Veja que razões ou índices são informações específicas 
obtidas de medidas isoladas e que, quando relacionadas 
umas às outras, nos fornecem informações sobre a forma e as 
proporções corporais. Vejamos, a seguir, alguns índices e razões 
mais utilizados nos estudos do crescimento físico.
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 3 I CRESCIMENTO FÍSICO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
67
Teoricamente, podemos fazer qualquer relação entre as 
medidas antropométricas e, a partir de uma pesquisa, propor 
novos índices ou razões. 
3.3 Considerações sobre as Fases dos Ciclos da Vida 
 O Ministério da Saúde divide o ciclo da vida com as 
seguintes denominações para as diversas idades:
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
UNIDADE 3 I CRESCIMENTO FÍSICO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
68
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a 
adolescência compreende o período entre os 10 e os 20 anos 
de idade. A adolescência pode ser dividida em duas fases: 1ª) 
entre 10 e 14 anos, dando início às mudanças puberais; 2ª) 
é compreendida entre 15 e 20 anos, quando há o término do 
crescimento e do desenvolvimento morfológico. 
Enquanto a adolescência refere-se ao conjunto 
de mudanças, a puberdade refere-se exclusivamente às 
mudanças de caráter biológico que ocorrem durante os anos da 
adolescência. A puberdade apresenta três classifi cações, por 
faixas etárias: 1) pré-púbere (entre 10 e 13 anos de idade); 2) 
púbere (entre 13 e 16 anos de idade; e 3) pós-púbere (entre 16 
e 20 anos de idade). Todas são dependentes da avaliação do 
processo da maturação sexual.
Embora esse referencial estabeleça tempos defi nidos 
de transição de um estágio para outro, existe um desencontro 
entre a idade cronológica e a idade biológica. Jovens crescem a 
ritmos e a momentos distintos. Todos os indivíduos atingem seu 
potencial de crescimento individual na sua hora apropriada.
Na literatura, 
encontramos diversas 
nomenclaturas 
delimitando os 
diferentes períodos 
da vida, com divisões 
e subdivisões por 
faixa etária, cada 
uma com sua própria 
denominação.
A puberdade é um 
período de transição 
do desenvolvimento 
humano 
correspondente à 
passagem da fase 
da infância para 
a adolescência, 
circunstanciada 
por transformações 
biológicas de âmbito 
comportamental e 
corpóreo, conferido 
pelo surgimento 
dos caracteres 
sexuais secundários 
diferenciados de 
acordo com o gênero. 
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO
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69
Os critérios para a avaliação da maturação sexual estão 
defi nidos por meio (fi guras) dos estágios ou descritos na observação 
do desenvolvimento da genitália e dos pêlos pubianos para o sexo 
masculino e das mamas e dos pêlos pubianos para o sexo feminino, 
proposto por Tanner, em 1962 (NACIF e VIEBIG, 2007).
No organismo masculino, tais variações da maturação 
geralmente ocorrem entre a faixa etária dos 12 aos 14 anos de 
idade e, para o biótipo feminino, esse marco caracteriza-se a 
partir da menarca, conferindo maturidade por volta dos 10 aos 
13 anos de idade. A menarca é o evento básico da puberdade 
feminina, mas não marca a maturidade reprodutiva, que pode 
demorar até dois anos. 
Desde o desenvolvimento intra-uterino, os processos de 
crescimento e maturação têm seus mecanismos desencadeados, 
nos aspectos quantitativos e qualitativos. A maturação nos 
seres humanos ocorre numa seqüência de eventos que se 
apresentam em ritmos diferentes (normal, precoce ou tardio). 
Assim, o crescimento e a maturação seriam responsáveis pelo 
“amadurecimento” do indivíduo, da concepção ao estado adulto/
maduro, em um período aproximado de 20 anos. 
Nesses anos de transformações, o tecido adiposo varia em 
número e tamanho das células, durante o desenvolvimento do jovem. 
Não existe uma precisão em relação ao momento que isso ocorre, 
porém, a formação deste tecido é acentuada em dois intervalos (do 
nascimento até os dois anos e, depois, durante a puberdade). 
O importante é que o jovem tenha, durante seu 
desenvolvimento, uma adequada alimentação, associada à 
prática de atividades físicas programadas, para que não se torne 
um adulto obeso e sedentário.
Uma questão...
Por que os jovens 
que crescem mais 
tarde tendem a 
alcançar, e mesmo 
ultrapassar, aqueles 
que cresceram mais 
cedo?
A menarca refere-
se ao primeiro 
período menstrual, e 
a idade em que ela 
ocorre é o indicador 
de maturidade 
da adolescência 
feminina. 
 
Uma questão...
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70
3.4 Percentual de Gordura para Crianças e 
Adolescentes
Apresentamos as figuras ou nomogramas abaixo 
para uma avaliação da estimativa do percentual de gordura 
corporal de crianças e adolescentes de 8 a 17 anos de 
idade, elaborados por Lohman, em 1987, sobre as equações 
preditivas propostas por Slaughter et al. publicadas em 1988. 
Tais equações utilizam a somatória de duas dobras cutâneas 
(tríceps + subescapular ou tríceps + panturrilha) para 
predizer o percentual de gordura (%GC). 
Veja um exemplo: uma adolescente de 12 anos de idade, 
com o somatório das dobras cutâneas (tríceps + subescapular) 
igual a 25 mm, estaria com o percentual de gordura estimada

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