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A Geopolítica das Sanções Econômicas: um estudo a partir do caso haitiano Alvaro Nunes Machiavelli1 Pâmela Marconatto Marques2 Cristine Koehler Zanella3 Resumo Admitidas pela Carta das Nações unidas como mecanismos alternativos à intervenção armada, as sanções econômicas vêm sendo questionadas quanto a sua eficácia no cumprimento do propósito de restauração da paz e da segurança internacionais. Observadores sugerem que as sanções têm acarretado mais danos do que benesses às populações civis, agredindo Direitos Humanos preconizados pela mesma Carta que as autoriza. Nesse sentido, o presente trabalho analisará a questão abordando a sanção econômica aplicada ao Haiti, de 1991 a 1994. Ao final, propõe-se ao leitor uma reavaliação deste instrumento como meio legitimo de pressão e coerção internacional, uma vez que em sua aplicação parecem estar sendo violados preceitos humanitários fundamentais, causando traumas estruturais que talvez sejam tão ou mais profundos que a situação que com ela se quis evitar. Introdução Tendo abolido o direito à guerra e estabelecido um rol de atribuições aos Estados em nome da paz e segurança internacionais, a carta das Nações Unidas, assinada em 1945, conferiu ao Conselho de Segurança a prerrogativa de agir sempre que uma delas - paz ou segurança - fosse ameaçada. Entre os mecanismos de ação previstos cita-se a interrupção completa ou parcial das relações econômicas, dos meios de comunicação ferroviários, marítimos, aéreos, postais, telegráficos, radioelétricos, ou de outra qualquer 1 Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Santa Maria. 2 Mestranda em Integração Latino-americana pela Universidade Federal de Santa Maria, Bacharel em Direito e Ciências Sociais pela mesma instituição. 3 Professora da Faculdade de Direito de Santa Maria, Mestre em Integração Latino-americana pela Universidade Federal de Santa Maria, Bacharel em Direito pela mesma instituição. espécie, e o rompimento das relações diplomáticas, conforme previsto no art. 41 do referido documento. Essas medidas têm por objetivo forçar o restabelecimento da paz, evitando, assim, o uso de medidas mais drásticas, tais como a intervenção militar e a guerra, associadas, estas sim, à morte e ao sofrimento de civis. Entre estas medidas preventivas, aquelas que suscitam maiores controvérsias são as de natureza econômica. Podendo assumir a forma de sanções comerciais – restrições nas importações e exportações do país-alvo de forma restrita ou abrangente - e financeira – centrada no congelamento de ativos e no impedimento de acesso ao capital internacional - e podendo ser empregadas pelos mais variados motivos, as sanções vêm sendo implementadas desde 1965 pela ONU, essencialmente nos continentes asiático e africano, alcançando a América Latina a partir da sanção imposta ao Haiti, em 1991. Talvez em razão dessa sua geografia, restrita a cenários de convulsão social e instabilidade política, associada à miséria e à privação, ainda não se tenha feito uma análise mais aprofundada destes instrumentos de pressão nos foros especializados, relegando os drásticos efeitos de sua aplicação ao mesmo lugar de indiferença e marginalidade a que estes países são, habitualmente, condenados. Lançar as bases deste importante debate é a proposta do presente artigo, que inicialmente destina-se ao desenho de um panorama geral das sanções econômicas já aplicadas, seguido de análise da sanção imposta ao Haiti, em virtude das inúmeras peculiaridades que apresenta. Como fio condutor da análise está a sugestão da reavaliação deste instrumento como meio legitimo de pressão e coerção internacional, uma vez que em sua aplicação parecem estar sendo violados preceitos humanitários fundamentais, causando traumas estruturais que talvez sejam tão profundos quanto a situação que com ela se quis evitar. I. Teoria e prática das sanções – uma introdução A lógica que sustenta a defesa da aplicação das sanções econômicas é a de que a população, insatisfeita com a falta de determinados produtos e com a inacessibilidade a certos mercados, transformará essa insatisfação em reivindicações ao governo por mudanças. Parte-se do pressuposto que as pressões são transferíveis entre os atores, tal qual se dá em uma seqüência de dominós enfileirados que caem todos ao toque da primeira pedra: a comunidade internacional pressiona a população, e esta, pressiona o governo, que, por sua vez, realiza as mudanças que deram origem à sanção internacional. Marc Bossuyt, autor do relatório sobre conseqüências adversas das sanções econômicas para a realização dos direitos humanos, alerta, porém, que vem sendo comprovada reiteradamente a ineficácia de tais medidas. Por um lado, porque em regimes onde as decisões políticas são não-democráticas, não existe um canal que possa viabilizar que as pressões civis atinjam o governo, provocando as mudanças. E mais: o governo, especialmente quando tem controle sobre os meios de comunicação – o que não é difícil nestas circunstâncias – pode utilizá-los para convocar os cidadãos a se unirem contra os estados estrangeiros que sustentam a medida. Por outro lado, as sanções econômicas agravam a concentração de renda e acentuam as diferenças sociais: o governo e as elites buscarão controlar o mercado ilegal, enfraquecendo instituições e a classe média. Ao fim, o governo, seu discurso e suas políticas restam fortalecidos (BOSSUYT, 2000). As sanções econômicas impostas pelo Conselho de Segurança atingiram o Haiti (RES 841/93 e RES 917/94), Serra Leoa (RES 1132/97), Afeganistão (RES 1267/99), Angola (RES 864/93 e RES 1173/98), Zimbábue (RES 232/66, quando ainda se chamava Rodésia do Sul), Antiga Iugoslávia (RES 575/92, RES 787/92, RES 942/94), Coréia do Norte (RES 1718/06); Irã (RES 1747/07); Iraque (RES 661/90), Líbia (RES 748/92 e RES 883/93), Libéria (RES 1521/03) e Costa do Marfim (RES 1643/05)4. Como pode-se ver, as sanções econômicas foram impostas especialmente nos continentes asiático e africano. Mais interessante, entretanto, é notar que praticamente metade dos países que sofreram sanções econômicas figuram, hoje, na lista dos países menos avançados do mundo. Os gráficos que seguem ilustram visualmente esta triste sobreposição de situações: alvo de sanção econômica – baixíssimo desenvolvimento. 4 Em função da instabilidade econômica, mas especialmente política que assola o Zimbábue, decorrente das fraudes nas últimas eleições presidenciais que ocorreram neste ano, a comunidade internacional tem aventado a possibilidade de adoção de sanções econômicas ao país. Se é verdade que não se pode atribuir exclusivamente às sanções econômicas a responsabilidade pela situação de miséria e desarticulação das estruturas institucionais em que estes Estados estão envolvidos, parece difícil negar que elas contribuíram para que se acentuasse o envolvimento destes numa espiral de pobreza. De forma análoga ao ocorrido no Haiti, no Iraque, as sanções econômicas fizeram entre a população civil, suas principais vitimas. Durante a vigência das sanções econômicas, a população iraquiana ficou submetida a um maior número de mortes de recém-nascidos e crianças, fornecimento de água contaminada, falta de medicamentos e alimentos de qualidade, entre outros fatores que fizeram com que Hans Von Sponeck, Coordenador Humanitário da ONU no país, se exonerasse do cargo explicando que ele nãopoderia continuar com o nome associado com um programa que aumentava o sofrimento do povo e que não tinha as mínimas possibilidades de responder às necessidades básicas da população (BOSSUYT, 2000). Considerando que as sanções econômicas têm sido vistas pelos países embargantes como um recurso que: a) não envolve a utilização de militares nacionais em conflitos além-fronteira; b) pode ser aplicado com custos mais baixos se consideradas outras formas de atuação para a manutenção da paz (como o envio de tropas em uma missão de paz); e c) aparenta ser menos mortal para a população do país alvo da sanção, é de se esperar que cresça o recurso à sua implementação como forma de coerção internacional. Especialmente em um tempo em que a esfera econômica é percebida como a grande força capaz de orientar os rumos das sociedades, a tendência é que cresça a fé no poder destas sanções. Neste contexto, urge perguntar-se sobre a efetividade (elas são capazes de atingir os fins a que se propõem?), a legalidade (elas são executadas dentro dos limites das normas internacionalmente estabelecidas?), a legitimidade (o sofrimento infligido a grupos vulneráveis no país-alvo consiste num meio legítimo de exercer pressão sobre os líderes políticos?), mas sobretudo sobre as conseqüências de tais medidas para a sustentabilidade econômico-político-social dos países por elas atingidos. Não parece aceitável que em nome da conquista cega de um objetivo, a utilização das sanções econômicas acabe por agravar as situações já precárias em que vive a população. Considerando que estas sanções podem vir a desempenhar um papel cada vez mais importante na política internacional, o presente artigo propõe-se a avaliar o seu contexto de aplicação e as conseqüências da sua implementação ao único país do continente alvo desta espécie de medidas: o Haiti. II. O cenário haitiano pré-sanção Iniciada em 1991, a sanção imposta ao Haiti – a quinta sanção econômica imposta pelo conselho de segurança da ONU - constitui a exceção latino- americana na geografia das sanções. No entanto, suas características econômicas, sociais e políticas aproximam-no dos demais países alvo: economicamente, o país caribenho detém o indigesto título de mais pobre das Américas, com 80% de sua população vivendo abaixo da linha da pobreza, 90% de suas terras esgotadas, taxa de desemprego superior a 50% do total de pessoas economicamente ativas e um índice de analfabetismo estimado em 75% de seus 7 milhões de habitantes – dados que lhe renderam um posto no ranking dos Países Menos Avançados (PMAs)5. Sua configuração étnica é quase exclusivamente negra (95% da população), contando com apenas 5% de mulatos. Politicamente, trata-se de um país convulsionado pela alternância de regimes ditatoriais, sem instituições ou tradições democráticas consolidadas. Curiosamente, no exato momento em que este país realiza suas primeiras eleições livres e inicia os debates acerca da necessidade de organização popular para debater problemas estruturais, e elege, como representante máximo, um grande difusor destas idéias – o então padre Jean-Bertrand Aristide – é que se desenrola o fato gerador da sanção econômica a ser imposta. Tendo seguido um período ditatorial que perdurou por mais de três décadas6 com o apoio de latifundiários, militares e inclusive de uma milícia 5 A definição da categoria dos PMA’s - da tradução livre para o português “Países Menos Avançados” - foi mencionada pela primeira vez em1964, na UNCTAD I. Porém, apenas na UNCTAD II, em 1968, é que a criação de uma categoria de países menos desenvolvidos foi concretamente avaliada. Foi acatada por consenso a idéia da criação da categoria, que atrairia uma série de medidas e estratégias especiais para promover o desenvolvimento nesses países. Pela resolução 2564 de 13 de dezembro de 1969 foi requisitada uma abrangente análise dos problemas dos países Menos Avançados bem como recomendações de medidas para superar-los. Então, na Assembléia Geral de novembro de 1971, a lista elaborada pelp CDP- Committee for Development Policy, foi aprovada pela ECOSOC. Desde que foi estabelecido o ranking dos PMA’s, ocorrem revisões trienais acerca dos países que seguem sob observação especial ou são promovidos. Segundo documento produzido pela ONU, temos a seguir os critérios de identificação dos Países Menos Avançados: I) a low-income criterion, based on a three-year average estimate of the gross national income (GNI) per capita (under $750 for inclusion, above $900 for graduation);II)a human resource weakness criterion, involving a composite Human Assets Index (HAI) based on indicators of: (a) nutrition; (b) health; (c) education; and (d) adult literacy; and III) an economic vulnerability criterion, involving a composite Economic Vulnerability Index (EVI) based on indicators of: (a) the instability of agricultural production; (b) the instability of exports of goods and services; (c) the economic importance of non-traditional activities (share of manufacturing and modern services in GDP); (d) merchandise export concentration; and (e) the handicap of economic smallness (as measured through the population in logarithm); and the percentage of population displaced by natural disasters. (E/2004/33). Para ser incorporado à lista, o país deve satisfazer todos os três critérios. Para ser promovido, o país deve atingir 2\3 das metas por duas revisões trienais consecutivas. 6 Estas três décadas correspondem ao período em que François Duvalier – ou Papa Doc - e seu filho, Jean- Claude Duvalier - Baby Doc estiveram no poder. O mandato de Papa Doc se inicia em setembro 1957 com a promessa de “colocar seu Governo a serviço da afirmação dos valores e tradições da população negra” discurso que assegurou o apoio da população e lhe rendeu 70% dos votos validos. Eleito, passou a tomar atitudes para manutenção do seu poder tais como: desfigurar a constituição haitiana, perseguir inimigos, desmontar sindicatos, aumentar o poder de sua guarda pessoal e dissolver o congresso. Como um de seus particular7, o governo de Aristide, respaldado essencialmente pelas camadas populares haitianas, teve de submeter-se a inúmeras negociações com os apoiadores do antigo regime, a fim de evitar um golpe de Estado. Neste sentido, assinou um programa de ajuste estrutural elaborado pelo Banco Mundial comprometido com a liberalização da economia, atitude que desagradou seus eleitores, conquistados com seus antigos discursos acerca da necessidade de reforma agrária e distribuição de renda no país. Numa manobra que muito se assemelha aquelas adotadas pelos governos populistas consagrados na América Latina da primeira metade do século XX, Aristide volta-se, então, à população pobre, tentando alcançar um equilíbrio que desde o inicio mostrou-se demasiadamente tênue para ser obtido: a conciliação das reivindicações populares, de cunho radicalmente esquerdista, com as exigências da elite haitiana, alinhadas com a receita neoliberal preconizada pelo Consenso de Washington8. Chamado a tomar partido diante da radicalização dos dois setores, Aristide pronuncia-se ante vinte mil pessoas, convocando latifundiários e empresários a produzirem mais empregos para melhorar a últimos atos, forçou o Legislativo a aprovar a redução da idade mínima para eleição presidencial, possibilitando assim a perpetuação da família no poder. Então com 19 anos, Jean-Claude,o Baby doc, assume a presidência e dá seguimento ao terror nos moldes do governo de seu pai. Este período ditatorial fica marcado na Historia haitianapelo número de mortes que encerra, em torno de cem mil. Recentemente Baby Doc divulgou uma mensagem de rádio aos haitianos pedindo desculpas pelos “erros” cometidos durante seu regime, de 1971 a 1986. 7 O termo Tontons macoutes, designa a milícia de “voluntários da segurança nacional” criada por Papa Doc como forma de coibir manifestações contrarias a seus interesses. Foram ganhando poder progressivamente e em 1959 contabilizavam cerca de 25 mil homens. 8 Cunhada por John Willliamson, a expressão ‘Consenso de Washington’ se refere a uma agenda de políticas baseada em dez áreas de reformas com as quais, ele julgava que “Washington podia concordar que eram amplamente necessárias à América Latina a partir de 1989”. As recomendações do “Consenso” preconizavam, fundamentalmente, que os países deveriam dar prioridade à privatização, desregulamentação e abertura de suas economias. qualidade de vida do povo. Tal pronunciamento foi compreendido como uma opção pelos setores populares, suscitando um Golpe de Estado liderado por militares e pelas antigas milícias de Tontons Macoutes. Ameaçado de morte, o presidente deposto busca asilo na Venezuela, de onde parte, em um segundo momento, para os Estados Unidos da América, então presidido por George Bush, duramente criticado pela sanção recém imposta ao Iraque, a qual já vinha sendo reconhecida por suas violações a direitos humanos. Neste cenário, Aristide é acolhido pelo Partido Democrata9, que, alem de lhe organizar uma agenda – com instituições tais como o FMI e BM – deflagram uma verdadeira campanha contra o golpe que sofrera, sensibilizando a opinião publica e incitando a reivindicação de alguma atitude por parte do presidente americano. É neste contexto, de instabilidade e vulnerabilidade - características que parecem ser uma constante nos países alvos das sanções - e forte atuação americana, que teria vez a sanção econômica imposta ao Haiti. III. A sanção Econômica imposta ao Haiti Em 1991, a Organização dos Estados Americanos (OEA), conclamada como a defensora da democracia no continente, é chamada a debater o caso haitiano e agir para sua solução. A necessidade de agir em prol do 9 Alguns autores, como PESCHANSKI (2007, pg.643-647) chegam a utilizar a expressão garoto propaganda para designar o modo como o Partido Democrata “adotou” Aristide. Vale ressaltar que o golpe sofrido pelo mesmo e o suposto apoio do presidente republicano à elite golpista serviram à campanha presidencial democrata que, em 1993, elegeria Bill Clinton. restabelecimento do governo democraticamente eleito era reforçada neste momento, com aprovação, alguns meses antes, do Compromisso de Santiago com a Democracia e a Renovação do Sistema Interamericano, documento que vinculava os Estados americanos à defesa da Democracia no continente. Em suas primeiras reuniões, aprovou-se a resolução 1/9, por meio da qual a OEA “assumiu um posicionamento do qual não se afastaria durante todo o período de duração da crise no Haiti” (CAMARA, op.cit), o qual consistia, basicamente: a) no envio de uma missão integrada pelo Secretario Geral da OEA e dos ministros das relações exteriores dos países americanos ao país caribenho; e b) na suspensão de vínculos econômicos, financeiros e comerciais dos Estados Americanos com o Haiti, interrupção dos programas de ajuda e cooperação técnica, à exceção dos estritamente humanitários, suspensão de toda assistência dos estados americanos e de outros órgãos especializados do sistema interamericano e a abstenção de fornecimento de assistência militar, policial e de segurança, assim como da transferência de armamentos, munições e equipamentos congêneres para o país caribenho. Enquanto a primeira medida – envio de comissão com missão mediadora10 – era comumente adotada pela OEA, a imposição de medidas coercitivas, tais 10 A referida comissão tinha como missão maior conduzir o chamado Protocolo de Washington à aprovação do governo golpista. Tal documento estabelecia, em seu artigo primeiro: As partes signatárias do presente reconhecem e admitem o principio da necessidade urgente de uma solução concertada e negociada para a crise política haitiana, desde a partida para o exílio do presidente Jean-Bertrand Aristide, em 30 de setembro de 1991, e a de que esta solução, para ser viável e durável, deve ser buscada no quadro do respeito à Constituição haitiana, à soberania nacional e conduzir à concórdia naciona,l instalação e consolidação das instituições democráticas, aplicação de medidas que garantam as liberdades civis, erradiquem a repressão e impeçam toda tentativa de vingança ou ajuste de contas. Ainda, sobre as exigências em torno do governo golpista, dispunha: as Partes reconhecem a necessidade de o Parlamento haitiano, como depositário da como as sanções econômicas, jamais se havia dado no âmbito da organização, uma vez que, como bem especifica a Carta das Nações Unidas, somente o Conselho de Segurança estaria habilitado para tanto. Neste sentido, o golpe de Estado verificado no Haiti inaugura a atuação da OEA sob os auspícios do Compromisso de Santiago, justificando a adoção de medidas coercitivas por sua responsabilidade na manutenção dos preceitos democráticos no continente. Tão logo promulgou-se a resolução, as medidas para efetivação da sanção econômica começaram a ser tomadas pelos Estados americanos. Diante do fracasso das tentativas de mediação por parte da Comissão, as sanções passaram a ser vistas como a medida de maior potencial entre as adotadas. De fato, como bem assegura CAMARA (op.cit): “Seu impacto sobre a frágil economia haitiana, estimava-se, produziria a rápida capitulação dos golpistas e a conseqüente e desejada conclusão da crise interna do país caribenho”. De fato, como nos apresenta a recém referida autora: Somente nos dois últimos meses de 1991, os efeitos da medida atingiram dramaticamente os setores econômicos do pais, provocando uma elevação de preços da ordem de 50 a 60% nos produtos de primeira necessidade, o aumento de 100% das tarifas dos transportes públicos e uma drástica diminuição dos estoques de combustível. Ainda assim, apurou-se o não cumprimento estrito do embargo comercial por algumas nações, o que incitou a reunião do Conselho Permanente da OEA, segurança nacional, reconduzir Jean Bertrand Aristide ao exercício de sua função de Presidente constitucional eleito da Republica do Haiti e colaborar com o governo de consenso nacional – a ser nomeado por Aristide e o presidente interino - para criar as condições de seu regresso ao Haiti. que se pronunciou através da Resolução Situação no Haiti- observância do embargo comercial, instituindo uma comissão especial encarregada da supervisão de seu cumprimento. Em seguida, os Estados Unidos romperia unilateralmente com a resolução 1/9, adotando critérios seletivos para a imposição da sanção, com o alegado objetivo de evitar “que as camadas mais carentes da população haitiana fossem afetadas pela medida”. Nesta oportunidade, o embaixador americano apresentaria dados sobre os efeitos do embargo no setor industrial haitiano, revelando que “das 44 fabricas de montagem que operavam no país antes do golpe, 37 haviam fechado suas portas temporariamente, 5 em caráter permanente e somente 2 continuavam a manter suas atividades de produção.” Quanto ao setor de empregos, dispunha que “dos 252.000 trabalhadores do setor privado, 143.000 haviam sido dispensados”. A atitude norte-americana não podeser vista com ingenuidade neste contexto. Uma vez que 38% das importações haitianas eram provenientes dos Estados Unidos à época, o embargo passava a representar perda à economia deste país. Ainda – e sobretudo - com o aprofundamento da crise, agravou-se também o problema da migração de refugiados haitianos, a maioria alimentando o sonho de ingressar nos Estados Unidos a partir de Miami. Estes fatores podem ter contribuído não apenas ao relaxamento do embargo pelos Estados Unidos, mas também à constante reivindicação deste país para que a ONU encabeçasse a ação, intervindo militarmente, se necessário. Em consonância com estas aspirações americanas estava o presidente deposto, Jean Bertrand Aristide. Em carta em enviada ao Secretário Geral da ONU, Aristide solicita o engajamento da organização, a partir de seu Conselho de Segurança, em um esforço conjunto com a OEA, no sentido de garantir o cumprimento do embargo comercial. Em 10 de Novembro de 1992, por meio da Resolução 594 – Restabelecimento da Democracia no Haiti – a OEA ratificaria o pedido de auxilio feito por Aristide à ONU. Em 20 de novembro, a Assembléia Geral da ONU aprovou a Resolução A/47/L.23 que exigia a restauração do presidente Aristide no poder junto com o retorno à ordem constitucional e a observância do respeito dos direitos humanos, e pedia ao Secretário Geral que considerasse as “medidas necessárias” para a resolução da crise haitiana, em cooperação com a OEA. Em junho de 1993, o Conselho de Segurança, a pedido do representante permanente do Haiti nas Nações Unidas, aprovou a Resolução 84111, que proibiu a venda ou fornecimento por parte de qualquer Estado membro da ONU de hidrocarbonetos, armamentos, veículos e equipamentos militares ou afins ao Estado ou ao povo haitiano, universalizando a sanção no que dizia respeito ao comércio de petróleo e derivados, armas e munições. 11 O Conselho de Segurança afirmou, nesta ocasião, que a intervenção no Haiti “é uma situação única e excepcional, que justifica a tomada de medidas extraordinárias pelo Conselho de Segurança, em apoio dos esforços empreendidos no âmbito da Organização dos Estados Americanos”. Com base nestes argumentos, a resolução classifica a crise haitiana como uma ameaça à paz e à segurança da região e, sob a égide do cap. VII da Carta da ONU, justificaria sua adesão à sanção imposta em âmbito regional. Apesar de somente neste momento ter imposto a sanção econômica, desde o golpe de Estado sofrido por Aristide a ONU manifestou seu descontentamento com o ocorrido, recomendando o retorno ao Estado Constitucional. Eis aí outro aspecto peculiar da sanção econômica imposta ao Haiti: com a adesão da ONU, sobrepõem-se o organismo regional – OEA – e o universal – ONU – de ação. A ONU, fundando sua participação na defesa dos direitos humanos – essencialmente em decorrência da questão dos refugiados – e a OEA protagonizando a busca da democracia. A estas medidas seguir-se-íam inúmeras tentativas de negociar o retorno de Aristide com o presidente golpista e a elite militar12. Dado o malogro de tais iniciativas e o recrudescimento da violência entre grupos armados no país, o CS da ONU aprovaria uma série de resoluções, indo da reafirmação da sanção econômica (RES 873), passando pela autorização de um bloqueio naval (RES 875) e culminando na declaração do embargo total de comércio ao país (RES 917). A estas medidas, o governo de fato responderia com a nomeação do então Presidente da Suprema Corte, Émile Jonassaint, a presidente provisório do Haiti, e com a convocação de novas eleições em 90 dias. Jonassaint, fazendo uso de seus poderes, determinaria a expulsão da Missão da ONU no Haiti, classificada como “ameaça externa”. Diante disso, a intervenção armada - já defendida em 12 Cita-se o Acordo da Ilha dos Governadores, documento impresso em duas versões, uma a ser assinada por Aristide e a outra pelo presidente de fato, que se propunha firmar compromisso em torno de quatro objetivos prioritários: I) Instauração de uma trégua política e a formalização de um Pacto Social para garantir o processo de transição pacífica do Poder; II) Obtenção de um acordo para a normalização do Parlamento haitiano; III) Implantação de procedimentos parlamentares, com vistas à aprovação do nome do primeiro ministro a ser designado pelo Presidente; e IV) a aprovação das leis necessárias para garantir o processo de transição. Apesar de assinado, na oportunidade, o compromisso jamais seria cumprido. Seguiu-se a resolução 867 do CS, pela qual se criou a Missão das Nações Unidas para o Haiti –MINUHA -, a qual teria o condão de colaborar nos projetos de treinamento da força policial e modernização do Exército caribenho. A missão sequer conseguiria desembarcar em solo haitiano, tamanha a hostilidade dos grupos armados que as situação anterior pelos EUA - passa a ser claramente buscada por Clinton, que propõe projeto de Resolução do CS nesse sentido. A RES 940 é aprovada por unanimidade, com as abstenções de Brasil e China e inaugura a utilização de uma “força multilateral” a qual, deveria ser substituída pela MINUHA quando um clima seguro e estável fosse estabelecido no Haiti13. A intervenção nestes moldes somente foi evitada devido a uma “manobra de última hora” feita por Bill Clinton, através do ex-presidente Jimmy Carter, quando se ofereceu à cúpula militar haitiana uma “aposentadoria antecipada e honrosa” para que aprovasse a lei de anistia geral e, ainda, a promessa da imediata suspensão das sanções econômicas com a convocação de novas eleições. Aceita a oferta americana, a entrada das tropas da ONU ganhou ares mais pacíficos, assim como foi facilitada a volta de Aristide, em 15 de outubro de 1994, quando renuncia o presidente provisório e a sanção, teoricamente, chega a seu fim. IV. O cenário pós-sanção O termo final da sanção, obtido com o retorno de Aristide ao poder, não implica em dizer que ela obteve sucesso. A MINUAH, que inicialmente permaneceria seis meses em solo haitiano, perdurou até 1996, quando foi recepcionaram. Seguiram-se outras iniciativas, encabeçadas pelos Estados Unidos, por ministros haitianos e pela ONU, nenhuma delas logrando sucesso. 13 Segundo Irene Câmara (op.cit), “a resolução 940 abria precedentes graves no campo das relações internacionais” uma vez que autorizou os países a “utilizarem todos os meios necessários para regularizar uma situação que era, de fato, uma questão de natureza interna”. Acrescenta-se a isso que o conflito haitiano era estritamente interno, não se apresentando a configuração básica de conflito entre dois ou mais Estados, necessários para caracterizar ameaça ou ruptura da paz e segurança internacionais. Nestes casos, o corolário apresentado pelo Direito Internacional é o Princípio da Não-Intervenção, consagrado no Pós Guerra. substituída pela MINUSTAH, presente ainda hoje no país. Apesar de possuírem naturezas distintas das sanções econômicas, caracterizam, ambas, formas de intervenção no referido país, as quais talvez não houvessem sido necessárias caso a situação de pobreza e vulnerabilidade não tivessem aumentado com a imposição da sanção. Um dos grandes erros cometidos pela OEA, na defesa da democracia, talvez esteja em tê-la personificado em Aristide, condicionando o fim da sanção a seu retorno ao poder, sem atentar para o fato de que o caminho a ser percorrido neste sentido poderia acarretar danos ainda maiores do que a manutenção do status quo. A razoabilidadeda sanção haitiana pode ser contestada, nas palavras de Câmara (op.cit): Em primeiro lugar, porque as medidas, e em especial o embargo, não atingiram o alvo desejado, as lideranças militares e econômicas do Haiti. As elites delas se beneficiaram, recorrendo ao contrabando. A uma das grandes famílias haitianas, foram atribuídos altos lucros com a importação (embargada) de cimento. Aos líderes militares se responsabilizou pela comercialização, a preços extorsivos, de petróleo e outro produtos de consumo que continuaram a entrar no Haiti pela fronteira terrestre da República Dominicana praticamente até o fim da crise. (grifo nosso) Não obstante o favorecimento das elites, constatou-se, durante a sanção econômica ao Haiti, uma série de danos à população civil. Entre eles, os apontados por Elizabeth Gibbons e Richard Garfield (GIBBONS; GARFIELD, 1999): a redução de 29.780 postos de trabalho nos setores eletrônico, desportivo, de brinquedos e vestuário; a perda de 200.000 empregos formais, afetando mais de um milhão de pessoas (dependentes), o que corresponde a 15% da população haitiana; o aumento do preço de alimentos básicos, tais como o arroz (em 137%) e o milho (em 184%), acarretando a diminuição de refeições diárias do haitiano (de duas, em 1990, para uma, em 1995); a diminuição da renda per capta em 30%; a elevação das taxas de inflação em 138%. No que concerne à saúde pública, o corte do acesso a bens como a água e o petróleo também causaria prejuízos desproporcionais à população civil. Em 1995, apenas 35% dos haitianos detinham acesso à água potável, enquanto em 1990, este índice chegava a 53%. O embargo ao petróleo não apenas aumentou o preço de medicamentos, mas fez com que ambulâncias não pudessem conduzir doentes a postos de atendimento, resultando em mortes. Ainda, a diminuição do querosene provocaria o colapso do sistema de refrigeração de vacinas que, combinado com o fechamento de inúmeros postos de saúde pública, conduziu a uma considerável redução do alcance de cobertura da imunização de crianças (passando de 40%, em 1990, para menos de 12% em 1993). Esta queda, associada à vedação da entrada de um montante de vacinas em solo haitiano, contribuiria para uma epidemia de sarampo, na qual 15% dos casos revelaram-se fatais14. Acerca deste episódio, Elizabeth Gibbons, funcionária da UNICEF no Haiti durante a sanção, revelaria: UNICEF (which provided 90 percent of Haiti's vaccines against all childhood diseases except polio) accepted the collective decision against a measles campaign. But could the organization simply stop all support to partners combating the epidemic while the country waited for the "return to 14 Foi necessário mais de um mês para o Conselho de Segurança estabelecer diretrizes garantindo as exceções humanitárias ao embargo e mais um mês para finalizá-las. Neste meio tempo, suprimento tais como 2.400 vacinas contra o sarampo foram atrasadas ou canceladas. (GIBBONS, 1999) democracy"? Morally, such a choice would not be coherent with respect for a child's right to life. On the other hand, providing large quantities of vaccines and other support to health institutions risked giving the impression that UNICEF supported the de facto government. We at UNICEF believed ourselves to be in an impossible political and moral situation and agonized over how we could answer to all masters. (GIBBONS, 1999) Soma-se a este depoimento, o parecer de Irene Câmara de que “os efeitos inibidores das medidas políticas e diplomáticas e a disposição demonstrada pela OEA de facilitar o diálogo entre os atores envolvidos demonstraram ser mais eficazes e oportunos do que as pressões econômicas” Neste sentido, cita-se também passagem de relatório produzido pela Comissão Internacional de Intervenção e Soberania de Estado (ICISS) ao International Development Research Center –IDRC-, onde se afirma: “sanctions are a “blunt instrument” that inflicts suffering on highly vulnerable groups. They also complicate the work of humanitarian agencies, cause long-term damage to the productive capacity of target nations, and generate severe effects on neighboring countries.” Tais pareceres, somados a inúmeros documentos produzidos em sede da ONU, parecem suficientes para que se esboce um quadro de questionamento e mesmo oposição às sanções como meios legítimos de pressão internacional. Entretanto, tais constatações não tem sido suficientes para mudar a atuação de governos e organizações. Como diria Ítalo Calvino, no mundo em que vivemos, não basta ter razão. Conclusão As sanções econômicas não se têm provado meio eticamente razoável e tampouco eficiente de pressão internacional pelas seguintes razões: a) não têm tido seu impacto devidamente mensurado pelas autoridades competentes; b) têm provocado danos de ordem social e humanitária às populações civis, não se restringindo a cúpula governante; c) no caso haitiano, agravaram o caos social pré-existente, suscitando a dúvida sobre se sua aplicação não teria sido ainda mais danosa do que a manutenção do status quo; d) ao atingir direitos humanos basilares, tais como o direito à vida e à saúde, mostram-se em desacordo com a Declaração dos Direitos Humanos, apoiada pela ONU; e) mostra-se uma medida dissonante no panorama internacional contemporâneo, onde se tem optado por ações de cunho humanitário, priorizando o bem estar das populações, como é o exemplo da MINUSTAH; A análise destes elementos permite concluir que as sanções econômicas - como instrumento de paz, alternativa a guerra- são de uso questionável na política internacional. Isto fica claro na observação do caso haitiano, onde comprovadamente restou violada uma série de direitos Humanos Fundamentais, entre eles o direito à vida. Ainda que objetivamente a sanção seja a tentativa de evitar danos civis dessa monta, o bloqueio das importações atinge a todos indireta e indiscriminadamente, causando maior dano às populações carentes. Assim, pode-se dizer que, se tecnicamente alcançou-se o objetivo almejado - já que por meio desse instrumento os golpistas foram retirados do poder - para atingir esse fim se submeteu uma população inteira às penúrias da intensificação da crise preexistente. Conclui-se também, de um ponto de vista mais geral, que a geografia das sanções econômicas tem praticamente ignorado o hemisfério norte, restringindo- se, em sua maioria, aos chamados Países Menos Avançados (PMA`s), localizados, sobretudo, no continente Africano, onde parecem ter agravado a situação de escassez preexistente. Infelizmente, ainda não se pode afirmar com convicção esta relação, já que há um completo vazio estatístico sobre o tema. Contudo, é sintomático que este vazio não tenha sido remediado ou simplesmente causado incomodo às autoridades competentes até hoje, quase 50 anos depois da imposição da primeira sanção. Neste contexto, o caso haitiano – único pais latino-americano classificado entre os PMAs e alvo de sanções – parece ter fornecido ao Conselho de segurança da ONU, órgão responsável pela execução das sanções, um importante precedente no manejo da política internacional, ao inserir, por indicação da OEA, a busca pela democracia como meio de garantir paz e segurança, merecendo a atenção acadêmica e institucional que até hoje lhe foi negada. Referências DOCUMENTOS: A/46/7, A situação da democracia e dos direitos Humanos no Assembléia Geral das Nações Unidas Haiti, 46º. Período de sessões. 31º. Sessão plenária, 11 de outubro de 1991, documentos originais suplemento numero 49 (A/46/49). E/2004/33, Report on the sixth session of the Committee for Development Policy,Economic and Social Council. Official Records, Supplement No. 13, 29 March – 2 April, 2004. IS/RES/873, (1993) Conselho de Segurança das Nações Unidas, 13 de outubro de 1993. MRE/RES. 3/92, Restauração da Democracia no Haiti, Reunião Ad Hoc dos Ministros da Relações Exteriores, quarta sessão, Nassau, OEA/Ser.F/ V.1, 17 de maio de 1992. Resolução 575 - Situação no Haiti- observância do embargo comercial - OEA/ser:G, CP/RES 575 (885/92), 22 de janeiro de 1992 Resolução 594 – Restabelecimento da Democracia no Haiti – OEA/ser:G, CP/RES 594(923/92), 10 de novembro de 1992. S/ RES/ 841(1993) Conselho de Segurança das Nações Unidas, 16 de junho de 1993. S/RES/875, (1993) Conselho de Segurança das Nações Unidas, 16 de outubro de 1993. S/RES/917, (1994) Conselho de Segurança das Nações Unidas, 6 de maio de 1994. S/RES/940, (1993) Conselho de Segurança das Nações Unidas, 31 de Julho de 1994. LIVROS & ARTIGOS: AZAMBUJA M. C. Os mecanismos de segurança coletiva. Estudos avançados. Vol.9 n. 25. (1995) PP 139-148 BOSSUYT, Marc. The adverse consequences of economic sanctions on the enjoyment of human rights. Economic and Social Council E/CN.4/Sub.2/2000/33. Disponível em: http://www.globalpolicy.org/security/sanction/unreports/bossuyt.htm#annex1. Acesso em: 8 jul. 2008. ECONOMIC SANCTIONS AGAINST HAITI (1991-1994). Disponível em: HTTP://www.ndu.edu/inss/books/Books_1997/Imposing%20International%20Sanct ions%20... Acesso em 4 jun. 2008. GIBBONS, E.D. Sanctions in Haiti: human rights and democracy under assault. Westport: Praeger, 1999. GIBBONS E, GARFIELD R. The impact of economic. sanctions on health and human rights in Haiti,. 1991–1994. American Journal of Public Health. Oct.1999. GUERREIRO R. S. ONU: um balanço possível. Estudos avançados. Vol9. n. 25. (1995) PP 129-138 CAMARA, I.P. Em nome da democracia: a OEA e a crise haitiana -1991-1994. 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