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Sistema circulatório, imune, digestório e endócrino.

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Histologia- prova I
SISTEMA CIRCULATÓRIO
O sangue é o meio de transporte mais importante do corpo e distribui de forma rápida e eficiente calor, gases, nutrientes, metabólitos, hormônios e células do sistema imunológico.
Vasos sanguíneos
As paredes dos vasos são compostas histologicamente por:
Endotélio: um epitélio simples pavimentoso.
Musculatura lisa: responsável pelo tônus da parede e diâmetro do vaso.
Matriz extracelular: fibras colágenas e elásticas.
A parede da maioria dos vasos mostra três camadas:
Túnica íntima: endotélio e camada subendotelial, mais interna.
Túnica média: musculatura lisa. Quanto maior a pressão média num vaso, mais espessa e musculosa será a túnica média.
Túnica adventícia: tecido conjuntivo, camada mais externa.
Na fronteira entre as túnicas íntima e média ou entre as túnicas média e adventícia, pode-se encontrar uma lâmina elástica, membrana elástica interna e membrana elástica externa, respectivamente.
Artérias
-Artéria de médio calibre
Túnica íntima:
O endotélio é um revestimento simples, contínuo, provido de células achatadas ou poligonais direcionadas com seu eixo longitudinal paralelo à corrente sanguínea e situadas sobre uma membrana basal.
O endotélio separa a luz do vaso das camadas mais profundas da sua parede. Controla o transporte através da membrana e a troca de componentes do plasma, inibindo o contato imediato entre as células sanguíneas e a matriz extracelular.
Funções do endotélio: barreira à difusão; adesão; coagulação sanguínea; calibre dos vasos; síntese de componentes da matriz extracelular da camada subendotelial.
A camada subendotelial mostra diferenças que variam com a idade. Em crianças, ela é tão estreita que o endotélio aparece colado à membrana elástica interna. Essa camada quase não contém células e apresenta pouca matriz extracelular. Mais tarde, podem surgir células musculares lisas, imigrando provavelmente pela túnica média.
A membrana subendotelial normal contém proteoglicanas, fibras colágenas e elásticas além de miofibrilas.
Túnica média:
A túnica média é a camada mais larga da parede arterial. É formada por células musculares lisas e pela matriz extracelular (fibras elásticas e colágenas e proteoglicanas). A lâmina elástica interna é um plexo bidimensional de fibras elásticas e contém muitos orifícios, favorecendo assim a difusão de substâncias através da parede vascular. Já a lâmina elástica externa só se apresenta claramente definida nas artérias de grande calibre. 
Túnica adventícia:
A túnica adventícia é uma camada de tecido conjuntivo que ancora o vaso nas suas vizinhanças. Contém fibroblastos, proteoglicanas, fibras elásticas e fibras colágenas. A adventícia também contém estruturas de suprimento (vasos e nervos) para a parede vascular.
Os vasa vasorum (vasos dos vasos) suprem as camadas externas da túnica média, enquanto as camadas internas são mantidas através da luz arterial.
	- Artéria de grande calibre
A maioria das artérias próximas ao coração tem uma função de elastância, transformação da ejeção sanguínea intermitente do coração em uma corrente contínua. Para tal, a parede do vaso necessita de uma estrutura capaz de distender-se reversivelmente.
A túnica íntima consiste em uma camada subendotelial bem definida com células musculares lisas longitudinais e uma matriz extracelular. Toda túnica média consiste em lamelas elásticas concêntricas e em células musculares lisas, dispostas em camadas descontínuas. A túnica adventícia é repleta de vasa vasorum, que penetram até na parte externa da túnica média.
Veias
A estrutura em camadas da parede das veias é, em geral, menos definida, sendo esta mais fina do que a da parede das artérias correspondentes. A estrutura da túnica íntima é, em princípio, semelhante à das artérias. Uma membrana elástica interna pode formar-se, mas, se isto ocorre frequentemente ela é descontínua. A túnica média mostra grandes diferenças regionais. Pode ser bem definida, com poucas células musculares lisas e, nas veias das pernas, é mais espessa do que nas veias das regiões superiores do corpo. As fibras elásticas e as colágenas mostram-se em número considerável. A túnica adventícia pode conter células musculares lisas longitudinalmente dispostas. As veias contém mais vasa vasorum do que as artérias.
As veias das extremidades possuem válvulas. Estas são posicionadas para garantir o fluxo da corrente sanguínea em direção ao coração e se unem no caso de fluxo inverso.
Microcirculação
Arteríolas: 
A túnica média consiste no máximo em duas camadas fechadas de células musculares lisas que, ao final, se reduzem a uma única camada.
Capilares
Os principais elementos da parede são o endotélio e a membrana basal. As células são interconectadas por junções de adesão, junções íntimas e junções comunicantes. Na parede externa dos capilares situam-se os pericitos. Estes são contráteis e provavelmente ajudam a regular a luz do vaso; estabilizam a parede vascular e participam do desenvolvimento e da formação dos vasos. Os capilares são o local da troca de gases e substâncias.
O endotélio contínuo: alternativamente, supõe-se que várias vesículas e cavéolas se fundem durante um curto período de tempo, formando um canal transcelular contínuo, pelo qual podem passar macromoléculas.
O endotélio fenestrado: mostra, por vezes, sobre a lâmina crivosa junto às vesículas e cavéolas concentrações de fenestras. Cada fenestra contém um diafragma. Entre as linhas delgadas existem poros verdadeiros, por onde passam, de forma rápida e sem obstáculos, água, pequenas moléculas em solução e polipeptídeos.
Os sinusóides e os seios: são microvasos com luz consideravelmente maior que no restante dos capilares. O endotélio dos sinusóides hepáticos é aberto para a livre passagem de praticamente todos os componentes plasmáticos.
Vasos linfáticos
A linfa é um líquido que contém, entre outros elementos, proteínas plasmáticas e células imunológicas. Saem da microcirculação intersticial e serão devolvidos à circulação sanguínea pelos vasos linfáticos. Os vasos linfáticos são dotados de válvulas, impondo uma direção à corrente linfática.
Edema: consiste na tumefação decorrente do aumento patológico do líquido intersticial. A base do edema é a desproporção entre o volume de líquido que sai dos capilares sanguíneos e a reabsorção linfática.
O coração
O coração é uma bomba muscular responsável pela circulação sanguínea. Possui três camadas:
Endocárdio: endotélio e tecido conjuntivo;
Miocárdio: musculatura cardíaca;
Epicárdio: tecido conjuntivo e mesotélio.
O endocárdio reveste as cavidades cardíacas e todas as estruturas que se encontram na luz. Consiste em endotélio e numa camada subendotelial contendo fibras colágenas e elásticas.
O miocárdio é a camada mais forte da parede cardíaca. Seu principal componente é a musculatura cardíaca. O tecido conjuntivo fino, ligado ao tecido conjuntivo do endocárdio e do epicárdio, estrutura o miocárdio em feixes.
O epicárdio cobre, como revestimento seroso, a superfície externa do coração. É formado por mesotélio (epitélio simples pavimentoso) e uma camada fina de tecido conjuntivo.
SISTEMA IMUNE
A defesa ou imunidade humoral é representada pelos linfócitos B. Suas armas são anticorpos (imunoglobulina, Ig), que se ligam a um antígeno específico e, desta forma, o tornam inofensivo. As células efetoras da defesa humoral, que produzem os anticorpos solúveis, são os plasmócitos.
A defesa imunológica, mediada por células, é realizada pelos linfócitos T. Estes são divididos em dois grandes grupos: linfócitos T-helper ou auxiliares que segregam citocinas, por meio das quais participam de muitos processos de defesa específica e inespecífica; linfócitos citotóxicos que destroem outras células por mecanismos especiais, quando reconhecem nelas, infecções por vírus ou são portadoras de outra anormalidade.
-Organização histológica dos órgãos linfáticos secundários:
A tarefa de todos os órgãos linfáticos secundários é o preparo de um meio adequado no qual os processos centraisda defesa específica possam ocorrer. Todos os órgãos linfáticos secundários têm algumas características histológicas comuns: a estrutura básica é uma rede tridimensional de células fibroblásticas do retículo, que é estabilizada por fibras reticulares e na qual as células livres (linfócitos predominantemente) se abrigam.
Linfonodos
Linfonodos são uma cadeia de estações de filtragem encaixadas no sistema vascular linfático. Os linfonodos são diferenciados, histologicamente, em: córtex, zona paracortical e medula.
-Organização histológica: 
Os linfonodos têm formato de um rim. São cobertos por uma cápsula de tecido conjuntivo contendo colágeno, da qual partem prolongamentos radiais trabeculares para o interior do órgão. Do hilo, no lado côncavo, emerge um vaso linfático eferente, e é ai também o portal de entrada e saída dos vasos sanguíneos.
No parênquima, podem ser distinguidos: o córtex, a zona paracortical e os cordões medulares. O córtex contém os folículos. A zona paracortical, situada logo ao lado, em direção à medula. Aqui se encontram as vênulas de endotélio alto. Nos cordões medulares, fixam-se, temporariamente, plasmócitos e macrófagos.
Baço
O baço é uma estação de filtração localizada dentro do sistema sanguíneo vascular. Divide-se em: polpa branca, que é o tecido linfático. Nela ocorrem as reações imunológicas dos antígenos que circulam na corrente sanguínea. E polpa vermelha, ela é percorrida por um seio venoso de grande luz, na forma de um labirinto, e serve, entre outras finalidades, para selecionar as células sanguíneas velhas ou alteradas.
-Organização histológica:
A estrutura básica do baço é constituída, como nos outros órgãos linfáticos, de células reticulares fibroblásticas e estabilizada por fibras reticulares.
Cordões esplênicos e seios venosos: Os cordões esplênicos consistem em uma rede frouxa de células reticulares, na qual os plasmócitos e inúmeros macrófagos se estabeleceram. As malhas da rede estão preenchidas por células livres do sangue, que esperam poder passar do espaço extravascular para os seios. Estes são vasos sanguíneos, de grande luz, revestidos de células endoteliais orientadas longitudinalmente, entre as quais se formam algumas fendas.
Tonsilas
Tonsila palatina: cápsula de tecido conjuntivo; criptas. Nas paredes das criptas existem numerosos folículos linfáticos. A superfície livre é coberta por epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado.
Tonsila lingual: compreende-se todo o conjunto de tecido linfático localizado na base da língua. Ela está constituída basicamente como a abóboda palatina, e apenas as criptas são menos profundas.
Tonsila faríngea: está localizada no início da nasofaringe. Sua superfície apresenta dobras e criptas e está recoberta de epitélio respiratório. Esta tonsila é ativa até a idade escolar, atrofiando-se depois na vida adulta.
As tonsilas são sede frequente de infecções bacterianas e virais. A tonsila da faringe pode estar bem hipertrofiada em crianças (adenoides), de modo que dificultam a respiração pelo nariz. Tratamento: remoção cirúrgica.
Timo
Após o término da puberdade, o timo, involui para pequenos restos e é substituído, gradualmente, por tecido adiposo.
O timo, o órgão linfático primário do sistema de células T, consiste, ao contrário dos órgãos linfáticos secundários, em uma estrutura epitelial básica. Em defeitos congênitos do timo, não se chega à formação de um sistema imune funcional, visto que não existem células T imunocompetentes.
-Organização histológica do timo infantil:
O parênquima do timo divide em uma porção cortical e outra medular. No córtex, localizam-se os timócitos. A medula parece mais pálida, por causa do predomínio das células epiteliais.
Na medula, as células epiteliais podem formar camadas concêntricas, chamadas corpúsculos de Hassal.
SISTEMA DIGESTIVO
A mucosa oral
A mucosa da cavidade oral consiste em epitélio estratificado pavimentoso (queratinizado ou não, dependendo da região) e em uma lâmina própria de tecido conjuntivo. Em algumas regiões, encontra-se ainda, embaixo desta, uma submucosa de tecido conjuntivo, na qual estão integradas pequenas glândulas salivares (mucosas e submucosas).
Bochecha, lábios e palato
A base da bochecha e dos lábios é formada pelas placas musculares do músculo bucinador e do músculo orbicular da boca. Em sua continuação, a mucosa dos lábios torna-se a pele facial (epitélio pavimentoso queratinizado).
A estrutura da base do palato mole é uma placa tendinomuscular. A mucosa corresponde à da bochecha; o epitélio pavimentoso não é queratinizado.
Língua
Na parte inferior da língua (e no assoalho da boca), a mucosa é fina e móvel, revestida de epitélio pavimentoso não queratinizado. Na superfície da língua, a mucosa é firmemente ligada à musculatura lingual. A área é repartida pelo sulco terminal que tem a forma de um V. No lado ventral do sulco, situam-se diferentes tipo de papilas linguais. 
Papilas filiformes (forma afilada): são responsáveis pela aparência áspera da língua. Elas servem para o tato.
Papilas fungiformes (em forma de cogumelo): concentram-se na ponta e na superfície da língua. O epitélio na extremidade da papila é muitas vezes queratinizado e inclui botões gustativos.
Papilas folheadas (forma de folha): encontram-se, principalmente, na borda lateral posterior da língua e contém botões gustativos.
Papilas circunvaladas: são estruturas semelhantes a verrugas. Vários botões gustativos situam-se, preferencialmente, no epitélio papilar lateral. Nas depressões, desembocam os canais excretores de pequenas glândulas serosas, cuja secreção constantemente lava a sinuosidade e os botões gustativos.
Os dentes
Em cada dente diferenciam-se a coroa, o colo e a raiz. A coroa eleva-se da gengiva; a raiz é implantada no osso alveolar das maxilas inferior e superior e o colo se eleva da borda dos alvéolos, mas é envolvido pela gengiva. A massa principal do dente é formada pela dentina. Na coroa, a dentina é recoberta de esmalte; e na raiz, de cemento.
O esôfago e a parede gastrointestinal
A porção troncular do tubo digestivo compreende o esôfago e o trato gastrointestinal. Os intestinos dividem-se em intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo) e intestino grosso (ceco, cólon e reto). A parede possui basicamente a mesma estrutura, consiste, de dentro para fora, em: 
Mucosa: epitélio, lâmina própria, muscular da mucosa;
Submucosa;
Muscular: camada muscular circular e camada muscular longitudinal;
Serosa com subserosa, ou adventícia, quando falta o revestimento peritoneal.
A mucosa exibe as maiores diferenças regionais, especialmente no que se refere ao epitélio e sua constituição espacial. Com exceção da porção inicial (esôfago) e final (canal anal), a mucosa é formada inteiramente por epitélio simples cilíndrico. A lâmina própria é constituída, geralmente, de tecido conjuntivo com fibras reticulares e numerosas células. A muscular da mucosa é específica do esôfago e do trato gastrointestinal (não é encontrada em nenhum outro órgão oco). Ela consiste em células musculares lisas e dá motilidade própria à mucosa.
A submucosa é formada por tecido conjuntivo frouxo. Ela conduz os vasos sanguíneos e linfáticos mais calibrosos da mucosa e contém uma rede nervosa.
A muscular é formada por musculatura lisa (exceção: os dois terços superiores do esôfago) e é dividida em uma camada muscular interna circular e uma externa longitudinal. A muscular é responsável pelos movimentos pendulares e segmentares (mistura do bolo alimentar), assim como pelo peristaltismo.
A serosa representa o peritônio visceral, que reveste a maior parte do trato gastrointestinal. Ela é coberta, em sua superfície voltada para a cavidade abdominal, por um epitélio simples pavimentoso (mesotélio), que repousa sobre uma fina camada de tecido conjuntivo (lâmina própria da serosa).
Esôfago
A mucosa é coberta por um epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado, intimamente conectado com a lâmina própria por papilas de tecido conjuntivo. A lâmina própria é maisrica em fibras colágenas e a muscular da mucosa mais espessa do que nos outros segmentos do tubo gastrointestinal. Na submucosa situam-se glândulas mucosas, que segregam muco lubrificante para a superfície epitelial. A muscular, no terço inferior do esôfago, constitui-se exclusivamente de musculatura lisa, enquanto no terço superior é formada inteiramente por músculo esquelético. No terço médio são encontrados ambos os tipos de músculos simultaneamente. A parte torácica do esôfago é envolvida por adventícia; a pequena parte abdominal possui envolvimento seroso.
Estômago
O estômago serve ao armazenamento do bolo alimentar, ao seu preparo mecânico e químico e à sua divisão em porções (quimo). A mucosa do estômago é provida de alguns milhões de glândulas tubulares, que segregam o suco gástrico. Além disso, formam-se na mucosa, hormônios e o fator intrínseco (para absorção da vitamina B12 no íleo). As glândulas gástricas distinguem-se histológica e funcionalmente nas diversas regiões: cárdia, fundo/corpo e piloro. 
-Camadas da parede gástrica: 
A mucosa e a submucosa são conformadas em pregas longitudinais, que se desfazem quando o estômago está muito cheio. A muscular exibe, em alguns locais da região do corpo gástrico além das camadas musculares circular e longitudinal, uma camada de células musculares lisas em disposição oblíqua. O estômago é recoberto por uma serosa.
-Mucosa gástrica: 
A mucosa é coberta por uma camada de epitélio superficial cilíndrico formado por células mucosas. O revestimento mucoso produzido por essas células adere ao epitélio, por intermédio do glicocálix, e o protege dos componentes agressivos do suco gástrico.
-Glândulas do fundo e corpo
As glândulas nas regiões do fundo e do corpo do estômago são as que mais contribuem para a produção do suco gástrico, graças às células mucosas do colo, às parietais e às principais.
As células mucosas do colo produzem mucinas. As células parietais segregam o ácido clorídrico assim como o fator intrínseco, uma glicoproteína necessária para absorção da vitamina B12 no íleo. As células principais segregam pepsinogênios, que são precursores inativos (zimogênios) de diversas enzimas proteolíticas do suco gástrico.
-Glândulas da cárdia e piloro
Na entrada do estômago encontra-se uma zona estreita, cuja mucosa possui glândulas especiais: glândulas da cárdia. Elas contêm apenas um tipo de células mucosas, que produzem uma barreira de muco entre o ambiente ácido do estômago e o esôfago.
Na saída do estômago situa-se uma zona mais larga (o piloro), que contém igualmente glândulas puramente mucosas: as glândulas pilóricas. A mucosa da região pilórica distingue-se da do fundo/corpo pelas seguintes características: as favéolas são bem mais profundas e podem ocupar quase a metade da espessura da mucosa; as glândulas são muito contorcidas e contém apenas um tipo de células mucosas; na lâmina própria encontram-se frequentemente folículos linfáticos isolados.
Intestino delgado
O intestino delgado serve para digestão e absorção dos nutrientes. Inicia-se depois do piloro, divide-se em duodeno, jejuno e íleo e termina na válvula ileocecal. A digestão, ou seja, a quebra enzimática das macromoléculas contidas nos alimentos em fragmentos menores ocorre inicialmente na luz do intestino delgado. A absorção destes ocorre na superfície da mucosa. Essa superfície é enormemente ampliada pela presença de pregas, vilosidades e microvilosidades. O intestino delgado é revestido de um epitélio cilíndrico simples.
-Estrutura da parede:
A disposição das camadas da parede é basicamente a mesma nos três segmentos. Uma peculiaridade do intestino delgado são as pregas circulares, de cuja formação participam a mucosa e a submucosa. Essas pregas são constantes e não se desfazem mesmo com a distensão da parede. O tecido conjuntivo da submucosa contém fibras colágenas em disposição de treliça e fibras elásticas, o que possibilita certa distensibilidade do tubo intestinal em direção longitudinal e transversal. A muscular é responsável pela movimentação do quimo. Com exclusão do duodeno todo o intestino delgado é recoberto por uma serosa e suspenso pelo mesentério.
-Mucosa do intestino delgado: 
Vilosidades e criptas: a combinação de vilosidades e criptas é uma característica da mucosa do intestino delgado. Na lâmina própria há células fixas do tecido conjuntivo e numerosas células de defesa livres (macrófagos, linfócitos, plasmócitos, granulócitos e mastócitos).
-Epitélio do intestino delgado:
A mucosa é recoberta por um epitélio simples cilíndrico, composto, em parte, por tipos diferentes de células nas vilosidades e criptas. Nas vilosidades, o tipo predominante de células são os enterócitos (são responsáveis pelas últimas etapas da digestão e pela absorção). O epitélio das criptas contém outras células secretoras e é o local da renovação celular. 
-Características regionais:
O duodeno possui duas características: a ausência total de pregas circulares na porção inicial; presença de glândulas de Brunner (são glândulas mucosas tubuloalveolares). As glândulas de Brunner segregam mucinas, um ativador de tripsina, bem como HCO3(-) para a neutralização da acidez do quimo proveniente do estômago.
O íleo se distingue pela presença de agrupamentos de folículos linfáticos visíveis macroscopicamente (placas de Peyer, nódulos linfáticos agregados).
Intestino grosso
O intestino grosso consiste em ceco com apêndice, cólon e reto. A mucosa não possui vilosidades, mas apenas criptas; ela é coberta por um epitélio simples cilíndrico com numerosas células caliciformes. No intestino grosso ocorre principalmente absorção de sais e água. O reto termina no canal anal, que possui revestimento epitelial especial.
-Estrutura da parede:
Embora a mucosa e a submucosa do intestino grosso muitas vezes formem pregas de conformação circular, estas não são permanentes, surgem temporariamente pela contração muscular. Na muscular do ceco e do cólon, a camada muscular longitudinal é reduzida a três grossas bandas longitudinais (tênias). O intestino grosso é coberto por adventícia ou serosa. A adventícia e a subserosa geralmente são ricas em células de gordura.
GLÂNDULAS ANEXAS DO TUBO DIGESTIVO
Fígado
O fígado é a maior glândula do corpo e cerca de 80% do seu peso consiste em células epiteliais hepáticas (hepatócitos). Tem secreção exócrina (bile) e joga numerosos produtos na corrente sanguínea, como proteínas, fatores de coagulação e lipoproteínas. O fígado é o órgão mais importante para a desintoxicação de muitas substâncias pertencentes ao corpo ou estranhas a ele e cujos metabólitos são, em parte, depositados na bile. Outra importante tarefa do fígado é o armazenamento de glicogênio. Quando ocorre oferta exagerada de glicose no sangue, está é captada pelos hepatócitos e transformada em glicogênio, colocando assim em condições de ser armazenada. 
O sangue venoso entra no fígado pela veia porta e constitui a maior parte do sangue que entra. O restante do sangue entra pela artéria hepática própria. A veia porta e a artéria hepática entram no órgão pela porta do fígado. É também nesse ponto que o ducto hepático bilífero sai do fígado. Os três grandes ramos da veia hepática são os responsáveis pela eliminação venosa de resíduos do órgão. Por meio desses ramos, o sangue ganha acesso à veia cava inferior e, com isso, conexão com a circulação sistêmica.
-Tecido conjuntivo:
O fígado é revestido por uma cápsula de tecido conjuntivo (cápsula de Glisson). A veia porta, a artéria hepática e o ducto bilífero constituem a tríade de Glisson. Os trajetos de tecido conjuntivo contêm vasos linfáticos e nervos.
-Estrutura histológica do parênquima hepático:
O lóbulo contém os hepatócitos, os sinusóides e uma veia central. Pode-se imaginar o lóbulo hepático como uma coluna hexagonal. Ao longo de três cantos da coluna percorrem, longitudinalmente, canais portais constituídos por tecido conjuntivo contendo os canais de circulação da tríade de Glisson.
Os hepatócitos, dispostos em lâminas, localizam-seentre os sinusóides. Na passagem do sangue pelos sinusóides, ocorre uma ótima oportunidade para as trocas de material com os hepatócitos. Na região onde os hepatócitos se encontram de costas uns para os outros, eles formam entre si canalículos biliares. A bile segregada pelos hepatócitos flui, centrifugamente, pelos canalículos.
-Sinusóides:
Os sinusóides apresentam uma luz mais ampla do que os capilares padrões e possuem um endotélio com descontinuidades, cujos poros grandes permanecem abertos, devido à ausência de um diafragma. Não possuem lâmina basal. O endotélio dos sinusóides é separado dos hepatócitos por uma fenda estreita, o espaço de Disse. A frente dos hepatócitos exposta ao sinusóide possui microvilosidades, que alcançam o interior do espaço de Disse e são diretamente banhadas pela fase líquida do sangue.
Entre as células do endotélio sinusoidal, ou dispostos ao lado de sua luz, encontram-se, dispersos, os macrófagos próprios do fígado (células de Kupffer). Eles são componentes do sistema fagocitário mononuclear e, por meio de fagocitose, extirpam do sangue partículas estranhas.
No espaço de Disse há células isoladas que contêm grandes gotas de lipídeos. Elas armazenam a vitamina A absorvida no intestino. As células de Ito, no espaço de Disse, são importantes para o aumento de tecido conjuntivo no quadro fisiopatológico da cirrose hepática.
-Canalículos biliares intralobulares e ductos biliares interlobulares:
Os canalículos biliares não têm parede própria, pois são limitados pela membrana plasmática dos hepatócitos.
A bile atinge os ductos biliares interlobulares dos espaços portais por um curto ducto de comutação com epitélio plano (canalículos de Hering).
-Função dos hepatócitos:
O hepatócito é rico em todas as organelas celulares comuns. Retículo endoplasmático rugoso e complexo de Golgi servem à síntese e secreção de proteínas séricas, fatores de coagulação e lipoproteínas. As mitocôdrias participam da síntese de ureia (desintoxicação de amoníaco). Os lisossomos realizam a dissolução de componentes celulares gastos ou supérfluos, que são fornecidos aos lisossomos por autofagia, e também efetuam a dissolução de proteínas séricas defeituosas, que foram acolhidas por endocitose. O retículo endoplasmático liso é o lugar em que se dá a síntese de ácidos biliares e lipídios. Além disso, também está relacionado à função de desintoxicação do fígado.
Ductos e vesícula biliar
Os ductos biliares são revestidos de um epitélio cilíndrico de uma só camada. As paredes contêm glândulas tubulares dispersas, que fornecem secreção mucosa aos ductos biliares com a finalidade de proteger o epitélio.
A vesícula biliar tem as seguintes funções: espessamento da bile; e em caso de necessidade, expulsão da bile para o duodeno. 
A parede da vesícula biliar compõe-se de túnica mucosa (epitélio e lâmina própria rica em vasos, sem muscular da mucosa), túnica muscular e de uma espessa subserosa, coberta por serosa. Na parte onde a vesícula biliar se prende ao fígado apresenta uma camada de adventícia apenas. O epitélio da vesícula biliar é cilíndrico e de uma só camada, com microvilosidades e provido de complexos unitivos. A túnica muscular compõe-se de conjuntos dispostos em forma de grade, de musculatura lisa, e é responsável pela expulsão da bile.
Pâncreas
 O pâncreas é uma glândula mista que contém uma porção endócrina e uma exócrina. O tecido glandular exócrino constitui a massa principal do órgão e segrega no duodeno suco gástrico alcalino e rico em enzimas. As células endócrinas estão dispostas em pequenos grupos (ilhotas de Langerhans) dispersos em meio ao tecido exócrino. A porção endócrina produz os hormônios insulina e glucagon.
-Parte exócrina:
O pâncreas é uma glândula serosa, com partes finais acinosas. A secreção aflui ao duodeno pelo ducto pancreático principal.
As células acinosas são as produtoras de diferentes enzimas digestivas e realizam em grande escala a síntese e a secreção de proteínas.
Os ductos excretores intralobulares são revestidos de epitélio plano a cúbico. A secreção de íons HCO3(-) é função desse epitélio. Os ductos excretores interlobulares e os grandes canais pancreáticos tem epitélio cilíndrico de uma só camada, que segrega mucinas.
O pâncreas exócrino fornece ao duodeno diariamente até 2 litros de secreção líquida fina. As enzimas digestivas mais importantes são as diferentes proteases, a amilase alfa e as lípases. O pâncreas exócrino é regulado, principalmente, pelos êntero-hormônios e pelo sistema nervoso vegetativo.
-Parte endócrina:
Uma ilhota compõe-se de uma junta, em forma de rede, de alguns milhares de células epiteliais. Essa junta é atravessada por numerosos capilares sanguíneos (endotélio fenestrado). Os hormônios das ilhotas pancreáticas são peptídeos que, após sua síntese, são armazenados em grânulos de secreção. Tipos de células das ilhotas:
Célula B: produz insulina. O mais importante estímulo para a liberação de insulina é o aumento da concentração de glicose sanguínea. Já que a insulina causa sua queda.
Célula A: produz glucagon. São estimuladas a segregar seu hormônio glucagon quando há queda acentuada da concentração de glicose sanguínea.
Células D: produz somatostatina. Ela age como inibidora nas células A e, em concentrações elevadas também inibe as células B.
Células F: produz polipeptídeo pancreático, que também inibe o pâncreas exócrino.
SISTEMA ENDÓCRINO
Segregam substâncias mensageiras (hormônios), distribuídas no corpo através da circulação sanguínea (secreção endócrina) e que desencadeiam efeitos específicos nos órgãos- alvos. Ao lado do sistema nervoso vegetativo, o sistema endócrino como um todo representa mais um princípio para regular a “vida interna” do organismo.
Muitos hormônios são peptídeos (insulina), glicoproteínas (gonadotrofinas) ou aminas biogênicas (adrenalina) e exibem caráter hidrofílico. São armazenados em grânulos de secreção e liberados por exocitose, mediante um estimulo específico.
Os hormônios esteroides são lipofílicos e não podem ser armazenados nas vesículas membranosas, porém as células produtoras sintetizam os hormônios imediatamente no caso de necessidade.
-Regulação da síntese e liberação hormonal
As células-alvo dos hormônios já reagem a concentrações mínimas. Por este motivo, tanto a síntese quanto a liberação dos hormônios são rigorosamente reguladas.
Sistema hipotálamo- hipofisário
A hipófise compõe-se da neurohipófise e da adenohipófise. O lobo posterior (neurohipófise) é um prolongamento do hipotálamo, contém axônios amielínicos de neurônios cujos pericários se encontram em núcleos hipotalâmicos. Ali são armazenados os hormônios antidiuréticos (órgão-alvo: rim) e ocitocina (glândula mamária). O lobo posterior é meramente o local de armazenamento dos hormônios. O lobo anterior constitui a massa principal da hipófise. A adenohipófise consiste na parte distal, parte tuberal e parte intermédia.
Neurohipófise
A neurohipófise não contém corpo de célula nervosa, mas somente axônio amielínico e sua terminação, células gliais e capilares de grande calibre. Seus hormônios são os peptídeos hormônio antidiurético: vasopressina e ocitocina. Os hormônios são armazenados juntamente com suas proteínas concomitantes em grânulos de secreção.
O ADH e a ocitocina ocorrem sem atividade intermediária por outras glândulas endócrinas. Sua secreção é regulada por mecanismos neuronais. As células-alvo do ADH são os epitélios dos túbulos contorcidos distais e túbulos coletores do rim: economia de água. O déficit em ADH ocasiona a doença conhecida como diabetes insípido. O ADH também pode desencadear contração da musculatura vascular. As células- alvo da ocitocina são as células musculares lisas do útero grávido na hora do parto e as células mioepiteliais da glândula mamária lactante.
Adenohipófise
Os hormônios da adenohipófise são polipeptídeos e glicoproteínas armazenados em grânulos de secreção. Existem nela, células cromófobas, correspondendo, supostamente, às células desprovidas de hormôniose às células tronco não diferenciadas.
A prolactina, juntamente com outros hormônios, é necessária para a transformação da glândula mamária durante a gravidez. O GH aumenta, em geral, a proliferação celular e a síntese de proteínas, sendo importante para o crescimento do corpo. Além disso, também interfere diretamente no metabolismo dos lipídeos e dos carboidratos.
Sistema porta hipofisário: o suprimento sanguíneo da adenohipófise é feito indiretamente pelas artérias hipofisárias superiores: as artérias desembocam num plexo capilar primário da eminência média. O endotélio capilar é fenestrado, facilitando a passagem dos hormônios liberados dos axônios no sangue. O sangue será conduzido através de várias veias ao plexo capilar secundário da adenohipófise. Desta forma, os hormônios controladores, que têm sobrevida curta no sangue, são levados à adenohipófise sem atraso e de forma não diluída.
 Hormônio regulador hipotalâmico: considera-se atualmente comprovada, para cada tipo celular endócrino da adenohipófise, a existência de um hormônio regulador hipotalâmico com ação estimulante: hormônio liberador. Para as células somatotróficas conhece-se também um hormônio inibidor da liberação.
A secreção dos hormônios reguladores é controlada por mecanismos complexos humorais e neuronais. Os hormônios reguladores são liberados de forma rítmica. Isto se deve, em parte, a propriedades oscilatórias dos próprios neurônios secretores e, em parte, a neurônios superiores hipotalâmicos, que projetam os ritmos em forma de um tipo de relógio biológico.
Glândula pineal (epífise)
O órgão consiste principalmente em pinealócitos que segregam melatonina no sangue. Um estímulo importante para a liberação hormonal é a escuridão; a luz inibe a secreção.
Os pinealócitos correspondem a células fotorreceptoras modificadas. São células epitelióides envolvidas por uma estrutura de sustentação representada pelos prolongamentos de astrócitos.
Supõem-se as seguintes ações à melatonina: inibição da liberação e da ação de gonadotrofinas e influência sobre os ritmos sazonal e circadiano.

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