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3 Coletânea Civil - Família e Sucessões - Rede Juris

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Exame de Ordem 
Direito Civil (Direito de Família e das Sucessões) 
Prof. Ageu Cavalcante 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
DIREITO DE FAMÍLIA ............................................................................................ 3 
I – CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES .................................................................... 3 
II - DO CASAMENTO ............................................................................................. 4 
III - CONCUBINATO E UNIÃO ESTÁVEL ................................................................ 46 
IV - DAS RELAÇÕES DE PARENTESCO .................................................................. 54 
V - DO PODER FAMILIAR .................................................................................... 58 
VI - DOS ALIMENTOS ......................................................................................... 61 
VII – BEM DE FAMÍLIA ....................................................................................... 65 
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................... 69 
 
DIREITO DAS SUCESSÕES ................................................................................... 70 
I - DA SUCESSÃO EM GERAL ............................................................................... 70 
II -DA SUCESSÃO LEGÍTIMA ................................................................................ 93 
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................. 139 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DIREITO DE FAMÍLIA 
 
I – CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES 
 
Antes de mais nada, é preciso consignar a existência dos seguintes princípios 
constitucionais informadores do Direito de Família (Carlos Alberto Bittar): 
- princípio da família como base da sociedade; 
- princípio da igualdade entre homens e mulheres na 
sociedade conjugal; 
- princípio da dissolubilidade do vínculo matrimonial; 
- princípio da igualdade de direitos entre filhos; 
- princípio da identificação de direitos fundamentais da 
criança, do adolescente e do idoso; 
- princípio da proteção à entidade familiar 
- princípio do casamento como formador da família. 
 
A propósito, a Constituição Federal de 1988 reconhece a família como base 
da sociedade e considera como entidade familiar não somente aquela formada 
pelo casamento, como também a resultante de união estável entre o homem e a 
mulher (art. 226, §3°) e a comunidade formada por qualquer dos pais e seus 
descendentes. 
 
Diante disso, pode-se Classificar a família em: 
I - legítima ou matrimonial- resultante do casamento; 
II - natural ou não matrimonial - resultante da união estável; 
III – monoparental - resultante da comunidade formada por qualquer dos pais e 
seus filhos. 
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IV - anaparental – Conceitua-se como sendo aquela família unida por algum 
parentesco, mas sem a presença de pais. É constituída pela convivência entre 
parentes dentro de um mesmo lar, com objetivos comuns, sejam eles de afinidade 
ou até mesmo econômico. Podemos citar como exemplo: dois irmãos ou primos 
que convivem juntos. 
V – homoafetiva – Esta espécie de família é constituída por pessoas do mesmo 
sexo, unidas por laços afetivos. 
VI – Substituta – A família substituta é aquela oriunda da adoção, seja esta 
temporária ou permanente. Nessa espécie de família, os membros não são aliados 
por laços sanguíneos, mas sim por afinidade, carinho, compaixão e amor, ou seja, 
os pais não são os pais biológicos dos filhos, mas agem como assim o fossem. 
 
II - DO CASAMENTO 
1 – CONCEITO: É o ato solene pelo qual um homem e uma mulher se unem, de 
conformidade com a lei, a fim de legitimarem suas relações sexuais, prestarem 
mútuo auxílio espiritual e material, procriarem e educarem a prole comum. Gera a 
família legítima ou matrimonial. Segundo o Código Civil, "o casamento estabelece 
comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos 
cônjuges", sendo "defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, 
interferir na comunhão de vida instituída pela família". 
 
2- NATUREZA JURÍDICA: 
- Teoria contratualista ou individualista - originária do direito canônico, considera 
o casamento como um contrato civil; 
- Teoria institucionalista ou supra-individualista - adotada por Maria Helena Diniz 
e por Amoldo Wald - considera o casamento como uma instituição social, 
retratando uma situação jurídica que surge da vontade dos nubentes, sujeita, 
entretanto, às normas, forma e efeitos preestabelecidos em lei; 
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- Teoria eclética ou mista - adotada pela doutrina moderna considera o casamento 
como um ato complexo, que se caracteriza como um contrato em sua formação e 
como uma instituição no seu conteúdo. 
 
3 - CARACTERES: 
- liberdade de escolha do nubente; 
- solenidade do ato nupcial; 
- caráter público da legislação respectiva; exclusividade de união; 
- permanência da união (diferente de indissolubilidade). 
 
4 - ESPONSAIS, PROMESSA DE CASAMENTO OU NOIVADO. 
É o "compromisso de casamento entre duas pessoas desimpedidas, de sexo 
diferente, com o escopo de possibilitar que se conheçam melhor, que aquilatem 
suas afinidades e gostos" (Antônio Chaves, citado por MHD). 
Anteriormente, nosso ordenamento jurídico atribuía natureza contratual 
aos esponsais, cujo inadimplemento resolvia-se em perdas e danos. Entretanto, a 
Lei de Casamento Civil de 1890, o Código Civil de 1916 e o novo Código Civil 
deixaram de regulamentar expressamente o instituto. 
Não obstante isso admite-se, excepcionalmente, a responsabilidade 
extracontratual ou aquilina, no caso de rompimento dos esponsais e desde que 
verificados os requisitos para tanto, dentre os quais pode-se citar os seguintes: 
1 - livre formalização da promessa de casamento pelo noivo responsável pelo 
rompimento; 
2 – recusa deste em cumprir tal promessa; 
3 - ausência de motivo justo; 
4 - ocorrência de um dano. 
Essa recusa culposa ou dolosa ao cumprimento da promessa de casamento, 
embora não se caracterize como inadimplemento contratual, pode, em casos 
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excepcionais, acarretar conseqüências como a devolução dos presentes trocados e 
a indenização por danos morais e materiais ao não responsável pelo rompimento 
dos esponsais. 
Jurisprudência sobre o assunto: 
 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ 
RESPONSABIL IDADE CIVIL – INDENIZAÇÃO – 
DANO MORAL – ROMPIMENTO DE NOIVADO – 
1. FALTA DE MOTIVO PARA A RUPTURA DO 
NOIVADO – FATO QUE GERA A 
RESPONSABILIDADE – 2 . AFIRMAÇÃO DA 
AUTORA NA PETIÇÃO INICIAL DO 
ROMPIMENTO SEM MOTIVO PLAUSÍVEL – 
FATO NÃO IMPUGNADO PELO RÉU NA 
CONTESTAÇÃO – PRESUME-SE VERDADEIRO 
(CPC, ART. 302, CAPUT) – 3. RÉU QUE MUDA 
A VERSÃO DA CAUSA DA RUPTURA – 
CONDUTA DAS PARTES – EFICÁCIA 
PROBATÓRIA – 4. DANO MORAL PELA DOR, 
SOFRIMENTO DA AUTORA PELO ROMPIMENTO 
DO NOIVADO NAS VÉSPERAS DO CASAMENTO 
– CONFIGURAÇÃO – 5. F IXAÇÃO DO VALOR DO 
DANO MORAL – OBSERVÂNCIA DA SITUAÇÃO 
SÓCIOECONÔMICADA VÍTIMA E DO OFENSOR 
– REPERCUSSÃO DO FATO – VALOR QUE DEVE 
SER FIXADO COM BOM-SENSO – RECURSO 
PROVIDO. 
O noivado não tem sentido de 
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obrigatoriedade. Pode ser rompido de modo 
uni lateral até o momento da celebração do 
casamento, mas a ruptura imotivada gera 
responsabi l idade c iv i l , inc lusive por dano 
moral . 
O valor do dano moral tem efe ito reparatór io 
ou compensatór io ( reparar ou compensar a 
dor sofr ida pela v í t ima) e também o efe ito 
punit ivo ou repressivo (para que o réu não 
cometa outros fatos desta natureza) . A 
f ixação do valor não pode ser também fator 
de enr iquecimento fáci l e indevido da ví t ima. 
A reparação é um sucedâneo da dor , do 
sofr imento. 
TJPR – AC 52.648-3 – 4ª C.Cív. – Rel . Juiz 
Conv. Lauro Laertes de Ol ive ira – DJPR 
11.05.199805.11.1998 
 
Mais a inda: 
TJMT - Tr ibunal de Just iça do Mato Grosso. 
QUARTA CÂMARA CÍVEL RECURSO DE 
APELAÇÃO CÍVEL Nº 73459/2006 - CLASSE I I - 
20 - COMARCA DE VÁRZEA GRANDE. Partes: 
APELANTE: VIVIANE DA CUNHA BARBOSA. 
APELADO: JÂNIO YAMAZAKI 
Ementa: 
DANO MORAL - ROMPIMENTO NOIVADO - 
AUSÊNCIA DE PROVAS DA EXISTÊNCIA DO 
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NOIVADO - RECURSO IMPROVIDO. 
Não havendo prova segura da existência do 
noivado com promessa de casamento entre a 
autora e o réu, inviável se torna o 
defer imento da indenização por dano moral , 
embasado em rompimento de noivado. 
- UNIÕES HOMOAFETIVAS 
Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), ao 
julgarem a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4277 e a Arguição de 
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 132, reconheceram a união 
estável para casais do mesmo sexo. As ações foram ajuizadas na Corte, 
respectivamente, pela Procuradoria-Geral da República e pelo governador do Rio 
de Janeiro, Sérgio Cabral. 
O ministro Ayres Britto argumentou que o artigo 3º, 
inciso IV, da CF veda qualquer discriminação em virtude de sexo, raça, cor e que, 
nesse sentido, ninguém pode ser diminuído ou discriminado em função de sua 
preferência sexual. “O sexo das pessoas, salvo disposição contrária, não se presta 
para desigualação jurídica”, observou o ministro, para concluir que qualquer 
depreciação da união estável homoafetiva colide, portanto, com o inciso IV do 
artigo 3º da CF. 
Os ministros Luiz Fux, Ricardo Lewandowski, Joaquim 
Barbosa, Gilmar Mendes, Marco Aurélio, Celso de Mello e Cezar Peluso, bem como 
as ministras Cármen Lúcia Antunes Rocha e Ellen Gracie, acompanharam o 
entendimento do ministro Ayres Britto, pela procedência das ações e com efeito 
vinculante, no sentido de dar interpretação conforme a Constituição Federal para 
excluir qualquer significado do artigo 1.723 do Código Civil que impeça o 
reconhecimento da união entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar. 
 
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OBS: 
� A IN 52/2012 do INSS permitiu o requerimento de pensão por morte nos 
casos de uniões homoafetivas. 
� O CFM editou resolução permitindo a utilização de técnicas de reprodução 
assistida entre casais homoafetivos. 
� Conforme o texto da resolução 175 do CNJ, caso algum cartório se recuse a 
concretizar o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, o cidadão deverá 
informar o juiz corregedor do Tribunal de Justiça local e, “a recusa implicará 
imediata comunicação ao respectivo juiz corregedor para providências 
cabíveis." 
 
5 - CASAMENTO CIVIL E RELIGIOSO 
Atualmente, por força do disposto na Constituição e na legislação infra-
constitucional, "o casamento é civil" (art. 226, §1°) e "o casamento religioso tem 
efeito civil, nos termos da lei" (art. 226, §2°), ou seja, desde que atenda às 
exigências legais para a validade do casamento civil. 
O casamento religioso, para que tenha tal efeito, deve se realizar por uma 
das seguintes formas: 
1 - mediante prévia habilitação, seguida da celebração pela autoridade eclesiástica 
e de sua comunicação (pelo celebrante ou por qualquer interessado) ao ofício 
competente, no prazo de 90 dias a contar da realização. Após esse prazo, o registro 
dependerá de nova habilitação; 
2 - sem habilitação anterior à celebração, devendo o casal requerer o registro do 
casamento religioso no registro civil, a qualquer tempo, após a necessária 
habilitação perante a autoridade competente. O requerimento de registro, neste 
caso, deve ser feito no prazo de eficácia da habilitação. 
Em qualquer caso, o registro produzirá efeitos jurídicos a contar da 
celebração do casamento (art. 1.515, CC/2002). 
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De acordo com o art. 1.516, §3°, do Código Civil, será nulo o registro civil do 
casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados houver contraído 
com outrem casamento civil. 
 
6 - DO PROCESSO DE HABILITAÇÃO PARA O CASAMENTO 
O casamento, dada a importância social de que se reveste, encontra-se 
sujeito a diversas formalidades prescritas em lei, razão pela qual é considerado por 
muitos autores como um dos atos mais solenes que existem em nosso 
ordenamento jurídico. 
Dentre essas formalidades pode-se citar a prévia habilitação matrimonial, 
que se destina a constatar a capacidade para o casamento e a inexistência de 
impedimentos matrimoniais, bem como a dar publicidade à pretensão dos 
nubentes. O requerimento respectivo deve ser assinado de próprio punho por 
ambos os nubentes, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os 
seguintes documentos: 
1 - certidão de nascimento dos noivos ou documento equivalente; 
2 - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou 
ato judicial que a supra; 
3 - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem 
conhecê-los e afirmem não existir impedimento, que os iniba de casar; 
4 - declaração do estado civil, do domicilio e da residência atual dos contraentes e 
de seus pais, se forem conhecidos (memorial), sendo que o Ministério Público pode 
exigir a apresentação de atestado de residência firmado pela autoridade policial ou 
outro elemento de convicção admitido em direito; 
5 - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou 
de anulação de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de 
divórcio; 
6 - certificado de exame pré-nupcial, no caso de casamento entre colaterais do 3° 
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grau (Decreto-lei nº 3.200/41). 
Tal requerimento deve ser dirigido ao cartório do domicílio de ambos os 
nubentes ou, se domiciliados em municípios ou distritos diversos, perante o 
Cartório de Registro Civil de qualquer deles, publicando-se, entretanto, o edital em 
ambos. 
É dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a respeito dos fatos 
que podem ocasionar a invalidade do casamento, bem como sobre os diversos 
regimes de bens. 
Apresentada tal documentação e estando ela em ordem, o oficial extrairá o 
edital (proclamas), que se afixará, durante quinze dias, nas circunscriçõesdo 
Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na imprensa 
local, se houver. 
Após as demais formalidades necessárias, dentre as quais se incluem a oitiva 
do MP, o decurso do prazo de 15 dias a contar da expedição dos editais, o 
julgamento de eventuais impugnações e oposições de impedimentos. 
Em seguida, verificada a inexistência de fato obstativo, o oficial do registro 
extrairá o certificado de habilitação. A eficácia da habilitação será de 90 dias, a 
contar da data em que for extraído o certificado (prazo de caducidade). A não 
realização do casamento em tal prazo impõe a renovação do processo de 
habilitação matrimonial, para que seja possível celebrá-lo posteriormente. 
Nessa fase da habilitação, o Juiz só se pronunciará se houverem 
impugnações. Caso contrário, após a oitiva do MP e demais formalidades acima, o 
oficial já poderá emitir o certificado de habilitação. 
Admite-se a justificação de fato necessário à habilitação para o casamento 
(art. 68 da LRP), cujos autos devem ser anexados ao processo de habilitação 
matrimonial. . 
Havendo urgência, admite-se a dispensa de proclamas pela autoridade 
judiciária competente. 
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OBS: A V Jornada de Direito Civil realizada em 2011 estabeleceu o entendimento de 
que o Juiz pode dispensara apenas o prazo das proclamas, mas não a publicação. 
O Código Civil assegura a gratuidade da celebração do casamento e, para as 
pessoas cuja pobreza for declarada, sob as penas da lei, também da habilitação, do 
registro e da primeira certidão. 
 
7 - IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS E CAUSAS SUSPENSIVAS 
- Conceito - "Impedimento matrimonial é a ausência de requisito ou a existência de 
qualidade que a lei articulou entre as condições que invalidam ou apenas proíbem 
a união civil" (Pontes de Miranda). Segundo Maria Helena Diniz, "a causa 
suspensiva da celebração do matrimônio é denominada por alguns autores de 
impedimento impediente ou meramente proibitivo ou, ainda, de impedimento 
suspensivo. Mas, na verdade, não se trata de impedimento, visto ser fato 
suspensivo do processo de celebração". 
- Distinção entre incapacidade e impedimento/causa suspensiva Incapacidade é a 
proibição de a pessoa casar-se com quem quer que seja, ao passo que o 
impedimento e as causas suspensivas consistem na proibição de casar-se com 
determinada ou determinadas pessoas. O impedimento e a causa suspensiva estão 
ligados à idéia de falta de legitimação. O Código Civil faz tal diferenciação, 
arrolando os impedimentos matrimoniais no art. 1.521, tratando das causas de 
incapacidade no capítulo da "invalidação do casamento" e intitulando como 
"causas suspensivas" os anteriormente chamados impedimentos impedientes ou 
proibitivos (arts. 1.523 e s.). 
- Incapacidade para o casamento - O homem e a mulher com 16 anos (idade núbil) 
podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes 
legais, enquanto não atingida a maioridade civil. Se houver divergência entre os 
pais, é assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo. Até 
a celebração do casamento podem os pais, tutores ou curadores revogar a 
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autorização. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo 
juiz. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a 
idade núbil, para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal (admite-se a 
interpretação extensiva, para aplicar a regra mesmo diante da possibilidade de 
imposição ou cumprimento de medida sócio-educativa) ou em caso de gravidez. 
Entretanto, em todos esses casos em que houver necessidade de suprimento 
judicial, será obrigatório o regime da separação de bens. 
- Impedimentos matrimoniais - Correspondem aos anteriormente denominados 
impedimentos dirimentes públicos ou absolutos e têm por base razões éticas, 
baseadas no interesse público. Sua inobservância acarreta a nulidade do 
casamento. 
• São os seguintes casos: 
a) Resultantes do parentesco: 
- Impedimento de consangüinidade: ascendentes com descendentes, no caso de 
parentesco natural; os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais até o 
terceiro grau inclusive. Neste último caso, admite-se o casamento entre colaterais 
do terceiro grau, desde que dois médicos os examinem e lhes atestem a sanidade, 
afirmando não ser inconveniente, sob o ponto de vista da saúde de qualquer deles 
e da prole, a realização do casamento. Sobre o assunto, leciona Maria Helena Diniz: 
"o impedimento entre colaterais de 3° grau, isto é, entre tios e sobrinhas, não é 
mais invencível ante os termos dos arts. 1° a 3° do Decreto-lei n.3.200, de 19 de 
abril de 1941, norma especial, que dispõe sobre a organização e proteção da 
família, e, por isso, recepcionada pelo novo Código Civil, apesar de anterior a ele.” 
- Impedimento de afinidade: os afins em linha reta. 
- Impedimento de adoção: ascendentes com descendentes, no caso de parentesco 
civil; o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem foi 
cônjuge do adotante; o adotado com o filho do adotante; 
b) Resultantes de vínculo: as pessoas casadas; 
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c) Resultantes de crime: o cônjuge sobrevivente com o 
condenado por homicídio (doloso) ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. 
 Não mais estão impedidos de se casarem o 
cônjuge adúltero com o seu co-réu, por tal condenado. 
 
- Causas suspensivas do casamento. Correspondem aos anteriormente 
denominados impedimentos impedientes ou proibitivos, sendo estabelecidas no 
interesse da prole do leito anterior; ou no propósito de evitar a confusio sanguinis, 
em caso de segundas núpcias; ou então, no interesse do nubente, 
presumivelmente influenciado pelo outro cônjuge. Sua inobservância gera apenas 
alguns efeitos (ex.: obrigatoriedade do regime de separação de bens e hipoteca 
legal em conformidade com o art. 1489, II, CC/2002), mas não invalida o 
casamento. 
• Os casos são os seguintes: 
- a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou por ter sido 
anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade 
conjugal, salvo se provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na 
fluência do prazo; 
 
- o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer 
inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; 
- o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos 
bens do casal; 
- o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados, ou 
sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou 
 curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas; 
Nos três últimos casos, é permitido aos nubentes 
solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas, provando-se a 
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inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e 
para a pessoa tutelada ou curatelada; 
Não mais se veda o casamento do juiz, ou escrivão e 
seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com órfão ou 
viúva, da circunscrição territorial onde um ou outro tiverexercício. 
As restrições que se caracterizavam como 
impedimentos dirimentes relativos ou privados na vigência do CC/1916 agora são 
apenas causas de anulabilidade do matrimônio, conforme se verá adiante. 
 
8 - DA OPOSICÃO DOS IMPEDIMENTOS E DAS CAUSAS SUSPENSIVAS 
É o ato praticado, antes da celebração do casamento, 
pelo qual a pessoa a que a lei atribui legitimidade, noticia a existência de 
impedimento matrimonial ou causa suspensiva do matrimônio ao oficial do 
Registro Civil perante o qual se processa a habilitação ou à autoridade competente 
para celebrar o casamento: 
Os impedimentos podem ser opostos, até o momento 
da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz. Se o juiz, ou o oficial de 
registro tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a 
declará-lo. 
Por sua vez, as causas suspensivas da celebração do 
casamento somente podem ser argüidas pelos parentes em linha reta de um dos 
nubentes, sejam consangüíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, 
sejam também consangüíneos ou afins, dentro do prazo de 15 dias dos editais de 
proclamas. Carlos Roberto Gonçalves, contudo, esclarece: "Entende Pontes de 
Miranda que se deve admitir, também, a oposição do que fora casado com a 
mulher que quer novamente se casar antes dos trezentos dias, em caso de 
nulidade ou anulação de casamento, porque tal causa suspensiva (art. 183, XIV, do 
CC/1916, correspondente a art. 1.523, II, do atual) tem por fim evitar a turbatio 
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sanguinis (Tratado de direito de família, 3. ed., 1947, v. /, § 25, n. 4)". 
Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas 
devem ser opostos em declaração escrita e assinada, instruída com as provas do 
alegado, ou com a indicação do lugar onde possam ser obtidas. 
Havendo a oposição de impedimento ou de causa 
suspensiva, a habilitação ou a celebração devem ser imediatamente suspensas, só 
prosseguindo após decisão favorável aos nubentes. 
O oficial do registro dará aos nubentes ou, a seus 
representantes nota da oposição, indicando os fundamentos, as provas e o nome 
de quem a ofereceu. Podem os nubentes requerer prazo razoável para fazer prova 
contrária aos fatos alegados. 
Em seguida, o oficial remeterá os autos a juízo; 
produzidas as provas pelo oponente e pelos nubentes, no prazo de 10 dias, e 
ouvidos os interessados e o Órgão do MP em 05 dias, decidirá o juiz em igual prazo. 
Conforme esclarece Maria Helena Diniz, "a decisão no 
processo de habilitação não faz coisa julgada, logo, não obsta à propositura da 
ação de nulidade baseada no mesmo impedimento argüido". 
Podem os nubentes promover as ações civis e criminais 
contra o oponente de má-fé. 
 
9 – DA CELEBRACÃO DO CASAMENTO 
- Formalidades essenciais: 
a) petição dos nubentes dirigida à autoridade que 
houver de presidir o ato, acompanhada da certidão de habilitação, a fim de que 
designe data, hora e local para o ato; a solenidade realizar-se-á, em regra, na sede 
do cartório, ou, querendo as partes e consentindo a autoridade celebrante, noutro 
edifício público ou particular; 
b) publicidade do ato nupcial, que deve ser celebrado a 
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portas abertas; 
c) presença simultânea dos nubentes, em pessoa ou 
por procurador especial, das testemunhas, do oficial do registro e do presidente do 
ato; 
d) afirmação dos nubentes de que pretendem casar por 
livre e espontânea vontade; 
e) declaração pelo presidente do ato de que se 
encontra efetuado o casamento, nos seguintes termos: "De acordo com a vontade 
que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e 
mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados". Pelo art.1.514 do Código Civil, o 
casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, 
perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara 
casados; 
f) lavratura do assento de matrimônio no livro de 
registro, a ser assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, pelas testemunhas 
e pelo oficial de registro - esta formalidade tem objetivo meramente probatório. 
- Casos de suspensão: 
a) se algum dos contraentes recusar a solene afirmação de sua vontade, 
declarar que esta não é livre e espontânea ou manifestar-se arrependido. 
OBS: O nubente que, por algum desses fatos, der causa à suspensão do ato, não 
será admitido a retratar-se no mesmo dia; 
b) oposição séria de impedimento; 
c) retratação do consentimento dos pais, tutor ou curador, cuja autorização 
for necessária; 
d) revogação da procuração, no caso de o casamento ser realizado mediante a 
apresentação da mesma. 
- Número de testemunhas: 
se o casamento for realizado na casa de audiências - 
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duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes; 
a) se o casamento for realizado em casa particular e se algum dos contraentes 
não souber ou não puder escrever- quatro testemunhas; 
b) se o casamento for realizado no local onde se encontrar um dos nubentes, 
por estar acometido de moléstia grave - duas testemunhas que saibam ler e 
escrever; 
c) casamento nuncupativo - seis testemunhas que com os nubentes não 
tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau; 
• Outras formas de casamento: 
� Casamento por procuração - O casamento pode celebrar-se mediante 
procuração, por instrumento público, que outorgue poderes especiais ao 
mandatário para receber, em nome do outorgante, o outro contraente. A 
eficácia do mandato não pode ultrapassar 90 dias. Pode o mandato ser 
revogado apenas por instrumento público e, neste caso, não necessita 
chegar ao conhecimento do mandatário. Entretanto, se houver revogação e 
o casamento mesmo -assim for celebrado sem que o mandatário ou o outro 
contraente dela tenham ciência, responde o mandante por perdas e danos, 
além de se tornar anulável o matrimônio, salvo, quanto a este último efeito, 
se tiver sobrevindo coabitação- entre os cônjuges. 
OBS: Sendo o casamento realizado no Brasil, pode o estrangeiro casar mediante 
procuração, ainda que a lei de seu país seja omissa ou contrária a esse 
casamento (art. 7°, §1°, da LlNJB – antiga LICC). 
� Casamento no caso de moléstia grave de um dos contraentes - O presidente 
do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, e, sendo urgente, ainda 
à noite, perante duas testemunhas, que saibam ler e escrever. 
A falta ou o impedimento da autoridade competente 
para presidir o casamento suprir-se-á por qualquer de seus substitutos legais, e a 
do oficial do registro civil por outro ad hoc, nomeado pelo presidente do ato. O 
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termo avulso que o oficial ad hoc lavrar será registrado no respectivo registro 
dentro em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado. 
� Casamento nuncupativo ou in extremis vitae momentis ou in articulo mortis 
- Quando um dos nubentes se encontrar em iminente risco de vida, não 
obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de 
seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis 
testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, 
ou/na colateral, em segundo grau. O nubente que não estiverem iminente 
risco de vida poderá fazer-se representar no casamento nuncupativo. 
Realizado o casamento, devem as testemunhas 
comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, dentro em dez dias, 
pedindo que lhes tome por termo a declaração de que foram convocadas por parte 
do enfermo, que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo, e que, em sua 
presença, declararam os contraentes, livres e espontaneamente, receber-se por 
marido e mulher. 
Se as testemunhas não comparecerem 
espontaneamente, poderá qualquer interessado requerer a sua notificação. 
Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz procederá as diligências para 
verificar se os contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinária, ouvidos os 
interessados que o requererem, dentro em quinze dias. Se o Juiz que colher as 
declarações não for o competente, deve encaminhá-las, depois de autuadas, à 
autoridade que o for, para a adoção das aludidas providências. 
Verificada a idoneidade dos cônjuges para o 
casamento, assim o decidirá a autoridade competente, com recurso voluntário às 
partes. Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em julgado, apesar dos 
recursos interpostos, o juiz mandará registrá-la no livro de Registro de Casamentos. 
O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do 
casamento, quanto ao estado dos cônjuges, à data da celebração. Serão 
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dispensadas as aludidas formalidades, se o enfermo convalescer e puder ratificar o 
casamento na presença da autoridade competente e do oficial do registro. 
Sobre o assunto, leciona Carlos Roberto Gonçalves: 
"Não se trata de novo casamento, mas de confirmação do já realizado. Essa 
ratificação faz-se por termo no livro de Registro de Casamentos, devendo vir 
assinada também pelo outro cônjuge e por duas testemunhas. Antes da lavratura 
do termo, exige-se os documentos do art. 1.525 e o certificado do art. 1.531, 
comprobatório da inexistência de impedimentos. Se, porém, o restabelecimento - 
ocorrer após já efetuado o registro, não se faz necessária a ratificação". 
� Casamento perante autoridade diplomática ou consular - "O casamento de 
estrangeiros pode celebrar-se perante as autoridades diplomáticas ou 
consulares do país de ambos os nubentes". Valerá no Brasil, como se tivesse 
sido realizado no exterior. Sendo ambos os nubentes brasileiros, poderá o 
casamento ser realizado perante nosso cônsul, desde que a legislação local 
reconheça efeitos aos casamentos assim celebrados. Todavia, este 
casamento deve ser registrado no Brasil. 
 
10 - PROVAS DO CASAMENTO: 
- Diretas: 
a) Específicas: 
1. casamento celebrado no Brasil- certidão do registro (sistema da prova pré-
constituída); 
2. casamento celebrado fora do Brasil - de acordo com a lei do país onde se 
celebrou (locus regit actum), devendo o documento estrangeiro ser 
autenticado, segundo as leis consulares para produzir efeitos no Brasil; 
3. casamento contraído perante agente consular brasileiro - certidão do 
assento no registro do consulado. Entretanto, o casamento de brasileiro, 
celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os cônsules 
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brasileiros, deverá ser registrado em 180 (cento e oitenta) dias, a contar da 
volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo 
domicílio, ou, em sua falta, no 1° Ofício da Capital do Estado em que 
passarem a residir. 
b) Supletórias: qualquer outra espécie de prova, se restar justificada a falta ou a 
perda do registro civil. 
c) Indiretas: posse do estado de casado - "É a situação ostensiva de duas pessoas de 
sexo diverso que vive como marido e mulher, no propósito de figurar como tal aos 
olhos de todos". 
c.1) Requisitos: 
- nomen - uso pela mulher do nome do marido; 
- tractatus - serem os cônjuges tratados como casados; e fama reconhecimento 
pela sociedade de sua condição de cônjuges. 
Em regra o matrimônio não se presume. Somente 
excepcionalmente se admite a prova do casamento pela "posse do estado de 
casado", desde que estejam satisfeitos os seguintes requisitos: impossibilidade de 
os cônjuges manifestarem vontade, inclusive no caso de terem falecido; 
comprovação exclusivamente em benefício da prole comum; ausência de prova 
direta do casamento; e ausência de certidão do Registro Civil que prove que já era 
casada alguma daquelas pessoas, quando contraiu o casamento impugnado. 
A "posse do estado de casado" também se presta a 
autorizar o julgamento em favor do casamento, quando os cônjuges viverem ou 
tiverem vivido em tal situação e houver dúvida nas provas favoráveis e contrárias. 
In dubio pro matrimonio. 
Alguns autores vislumbram na "posse do estado de 
casado" um elemento saneador de eventuais defeitos de formação do casamento. 
Entretanto, Caio Mário da Silva Pereira leciona que a regra in dubio pro 
matrimonio, sugerida pela posse de estado, é acolhida para dirimir a incerteza se 
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ocorreu ou não o ato de sua celebração, mas é inidôneo para convalescer um vício 
que o invalida. 
- Prova da celebração de casamento resultante- de 
processo judicial- o registro da sentença no livro do Registro Civil produzirá todos 
os efeitos civis desde a data do casamento, tanto no que tange aos cônjuges como 
no que diz respeito aos filhos. 
 
11 - DEFEITOS DO CASAMENTO 
 - Casamento Inexistente - não previsto no 
Código Civil e criticado por alguns autores. Pode-se citar, dentre outros, os 
seguintes casos: 
a) inexistência de celebração; 
b) inexistência de manifestação de vontade dos 
nubentes. 
- Efeitos: Em princípio, dispensa ação judicial para sua 
desconstituição, eis que não há o que desconstituir. Entretanto, havendo registro 
ou sendo necessária a produção de provas, pode se tornar necessária a propositura 
de ação judicial para a desconstituição deste (registro), em obediência aos 
princípios do contraditório e da ampla defesa. Não se convalida pela ratificação ou 
pela prescrição, nem admite declaração de putatividade. 
 
- Casamento nulo - Casos: 
a) contraído com infringência de impedimento. 
Efeitos: 
a) podem requerer a declaração da nulidade, através 
de ação direta, qualquer interessado e o Ministério Público; 
b) não se encontra sujeito a prazo prescricional ou 
decadencial, não podendo ser suprido ou ratificado; 
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c) admite a declaração de putatividade; 
d) requer pronunciamento judicial para sua invalidação, 
não podendo ser decretada de oficio pelo juiz; 
e) a sentença que decretar a nulidade do casamento 
retroagirá à data da sua celebração (efeitos ex tunc), sem prejudicar a aquisição de 
direitos, a título oneroso, por terceiros de boa-fé, nem a resultante de sentença 
transitada em julgado. Ressalvam-se, ainda, algumas conseqüências que não são 
prejudicadas pelo efeito ex tunc da decretação da nulidade, tais como: 
comprovação da filiação, proibição do casamento nos 10 meses subseqüentes à 
dissolução da sociedade e do vínculo conjugal pela sentença que decreta a 
nulidade, etc.; 
f) é decretada no interesse de toda a coletividade; 
g) ainda que nenhum dos cônjuges esteja de boa-fé ao 
contrairo casamento, seus efeitos civis aproveitarão aos filhos comuns; 
h) quando o casamento é anulado por culpa de um dos 
cônjuges, este incorre na perda de todas as vantagens havidas do cônjuge inocente 
e na obrigação de cumprir as promessas, que lhe fez, no contrato antenupcial; 
i) admite prévia separação de corpos 
 
- Casamento anulável: Casos: 
a) De quem não completou a idade mínima para casar. 
Têm legitimidade para requerer a anulação do casamento nesta hipótese: o próprio 
cônjuge menor, seus representantes legais e seus ascendentes. 
Entretanto, não se anulará, por motivo de idade, o 
casamento de que resultou gravidez. Não bastasse isso, o menor que não atingiu a 
idade núbil pode, depois de completá-la, confirmar seu casamento, com a 
autorização de seus representantes legais, se necessária, ou com suprimento 
judicial. O prazo decadencial para pleitear a anulação em tal caso é de 180 dias,a 
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contar, para o menor, do dia em que perfizer 16 anos e, para seus representantes 
legais ou ascendentes, da data do casamento. 
b) Do menor em idade núbil, quando não autorizado 
por seu representante legal. Contudo, não se anulará o casamento quando à sua 
celebração houverem assistido os representantes legais do incapaz, ou tiverem, por 
qualquer modo, manifestado sua aprovação. O casamento do menor em idade 
núbil; quando não autorizado por seu representante legal, só pode ser anulado se a 
ação for proposta em 180 dias, por iniciativa do incapaz, ao deixar de sê-Io, de seus 
representantes legais ou de seus herdeiros necessários. Tal prazo é contado do dia 
em que cessar a incapacidade, caso a ação seja proposta pelo incapaz; do dia do 
casamento, se proposta por seus representantes legais; e da morte do incapaz, se, 
proposta por seus herdeiros necessários. 
c) Por vício de vontade, se houver por parte de um dos 
nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro. O prazo 
decadencial para pleitear a anulação no caso sub examine é de três anos, a contar 
da celebração do casamento. Considera-se erro essencial quanto à pessoa do outro 
cônjuge: 
c.1) o que diz respeito à sua identidade, sua honra e 
boa fama, sendo esse erro tal, que o seu conhecimento ulterior torne insuportável 
a vida em comum ao cônjuge enganado; 
c.2) a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, 
por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal; 
c.3) a ignorância, anterior ao casamento, de defeito 
físico irremediável ou de moléstia grave e transmissível, pelo contágio ou herança, 
capaz de por em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência; 
c.4) a ignorância, anterior ao casamento, de defeito 
físico irremediável que não caracterize deficiência ou de moléstia grave e 
transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro 
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cônjuge ou de sua descendência; 
d) Por vício de vontade, se o casamento for contraído 
em virtude de coação, quando o consentimento de um ou de ambos os cônjuges 
houver sido captado mediante fundado temor de mal considerável e iminente para 
a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus familiares. O prazo decadencial nessa 
hipótese é de quatro anos a contar da celebração. 
e) Do incapaz de consentir ou manifestar, de modo 
inequívoco, o consentimento. A anulação, neste caso, deve ser pleiteada no prazo 
de 180 dias a contar da celebração do casamento. 
f) Realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro 
contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre 
os cônjuges. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente 
decretada. Neste caso, o prazo para pleitear a anulação é de cento e oitenta dias, a 
partir da data, em que o mandante tiver conhecimento da celebração. 
g) Por incompetência da autoridade 
celebrante.Todavia, subsiste o casamento celebrado por aquele que, sem possuir a 
competência exigida na lei, exercer publicamente as funções de juiz de casamentos 
e, nessa qualidade, tiver registrado o ato no Registro Civil. O prazo decadencial 
para se pleitear a anulação do casamento neste caso é de dois anos, a contar da 
celebração. 
 
Efeitos: 
a) a anulabilidade do casamento pode ser alegada 
apenas por algumas pessoas; 
b) O casamento anulável encontra-se sujeito a prazos 
decadenciais relativamente exíguos, podendo ser confirmado, tacitamente, pelo 
decurso do tempo; 
c) admite a declaração de putatividade; 
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d) requer pronunciamento judicial para sua invalidação, 
não podendo ser decretada de ofício pelo juiz; 
e) produz efeitos ex nunc; 
f) é decretada no interesse da vítima ou de um grupo 
de pessoas; 
g) ainda que nenhum dos cônjuges esteja de boa-fé ao 
contrair o casamento, seus efeitos civis aproveitarão aos filhos comuns; 
h) quando o casamento é anulado por culpa de um dos 
cônjuges, este incorre na perda de todas as vantagens havidas do cônjuge inocente 
e na obrigação de cumprir as promessas, que lhe fez, no contrato antenupcial. 
 
- Casamento irregular - contraído com infração a causa suspensiva. 
Efeitos: 
a) não acarreta a nulidade ou a anulabilidade do 
casamento; 
b) acarreta a obrigatoriedade do regime da separação 
de bens. 
 
- Casamento putativo - Casamento nulo ou anulável contraído de boa-fé por um ou 
por ambos os cônjuges, o qual produz todos os efeitos civis, quanto àquele ou 
àqueles que se encontravam de boa-fé e aos filhos, até o dia da sentença 
anulatória. A ignorância do vício que macula o casamento pode decorrer de erro de 
fato ou de direito, devendo aquela (ignorância) existir ao tempo da celebração. O 
casamento nulo ou anulável produz todos os efeitos em relação aos filhos comuns, 
ainda que nenhum dos cônjuges esteja de boa-fé ao contrair o matrimônio. 
 
- Ação de anulação ou de nulidade - Sujeita-se ao procedimento ordinário, com 
intervenção do MP. Admite prévia separação de corpos e arbitramento de 
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alimentos provisionais. A sentença que declarar a nulidade ou anular o casamento, 
depois do trânsito em julgado, deve ser averbada no livro de casamento e não mais 
se sujeita ao reexame necessário, em virtude da alteração introduzida no art. 475, 
I, do CPC pela Lei n. 10.352, de 26/12/2001. 
 
12 - DOS EFEITOS JURÍDICOS DO CASAMENTO 
Efeitos sociais: 
I - cria a família legítima; 
II - emancipa o cônjuge menor; 
III - estabelece o vínculo de afinidade entre um cônjuge 
e os parentes do outro. 
 
Efeitos pessoais: 
I - deveres de ambos os cônjuges: fidelidade recíproca, 
vida em comum no domicílio conjugal, mútua assistência, respeito e consideração; 
II - assunção pelos cônjuges da condição de consortes, 
companheiros e responsáveis pelos encargos da família, havendo igualdade de 
direitos e deveres; 
III - direção conjunta da sociedade conjugal, no 
interesse do casal e dos filhos; havendo divergência, qualquer dos cônjuges pode 
recorrer ao juiz, que decidirá tendo em consideração tais interesses; se qualquer 
dos cônjuges estiver em lugar remoto ou não sabido, encarcerado por mais de 
cento e oitenta dias, interditado judicialmente ou privado, episodicamente,de 
consciência, em virtude de enfermidade ou de acidente, o outro exercerá com 
exclusividade a direção da família, cabendo-lhe a administração dos bens; 
IV - concorrer, na proporção de seus bens e dos 
rendimentos do trabalho, para o sustento da família e a educação dos filhos, 
qualquer que seja o regime patrimonial; 
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V - fixação conjunta do domicílio conjugal, podendo um 
e outro se ausentar dele para atender a encargos públicos, ao exercício de sua 
profissão ou a interesses particulares relevantes; 
VI - proteção do outro cônjuge em sua integridade 
física e/ou moral; 
VII - possibilidade de qualquer dos nubentes, 
querendo, acrescer ao seu o sobrenome do outro; 
VIII- guarda e educação dos filhos. 
 
Efeitos patrimoniais: 
I - decorrentes do regime de bens - serão analisados adiante; 
II - não decorrentes do regime de bens: 
� restrições à liberdade de ação dos cônjuges: 
� um cônjuge não pode, sem a autorização do outro: 
� alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis, ainda que do domínio 
particular de qualquer deles; 
� pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; 
� prestar fiança ou aval; 
� fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que 
possam integrar futura meação, salvo as doações nupciais feitas aos filhos 
quando casarem ou estabelecerem economia separada. 
Observações: 
Em caso de falta de autorização de um dos cônjuges, 
por motivo injusto ou por impossibilidade de concedê-la, admite-se seu suprimento 
judicial. 
A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando 
necessária, torna anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a 
anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal. A aprovação 
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torna válido o ato, desde que feita por instrumento público, ou particular, 
autenticado. 
A decretação da invalidade dos atos praticados sem 
outorga, sem consentimento, ou sem suprimento do juiz, só pode ser demandada 
pelo cônjuge a quem cabia concedê-la, ou por seus herdeiros. 
A anulação dos aludidos atos assegura ao terceiro, 
prejudicado com a sentença favorável ao autor, direito regressivo contra o cônjuge 
que realizou o negócio jurídico, ou seus herdeiros; impenhorabilidade do 
bem de família; dever recíproco de sustento e de prestação de alimentos; direito 
sucessório do cônjuge sobrevivente. 
III- relações econômicas entre pais e filhos (decorrem mais do poder familiar e da 
relação de parentesco entre pais e filhos, do que propriamente do casamento): 
- dever de sustentar os filhos menores; 
- prestação de alimentos aos filhos; 
- administração dos bens do filho menor; 
- usufruto dos bens dos filhos que estiverem sob o 
poder familiar. 
 
13 - DO REGIME DE BENS 
13.1-.CONSIDERACÕES GERAIS 
Regime de bens "é o estatuto que regula os interesses patrimoniais dos 
cônjuges durante o matrimônio" (SR). 
Início - na data do casamento. 
Término:com a dissolução da sociedade conjugal; pela morte de um dos cônjuges, 
pela separação judicial, pelo divórcio, pela anulação ou pela declaração de 
nulidade. 
Princípios: variedade de regimes, liberdade de pactos 
antenupciais {exceto se obrigatória a separação de bens) e imutabilidade relativa. A 
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propósito, pelo Código Civil/2002, é admissível a alteração do regime de bens, 
mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada 
a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros. 
Pacto antenupcial - deve ser feito por escritura pública, 
sob pena de nulidade, e ser seguido do casamento, sob pena de ineficácia. 
Somente se afigura necessário no caso de adoção de regime diverso do legal. A 
eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica condicionada à aprovação 
de seu representante legal, salvo nas hipóteses de regime obrigatório de separação 
de bens. 
OBS: É nula a convenção ou cláusula dela que 
contravenha disposição absoluta da lei. 
 
Regimes legais: 
1 - comunhão parcial - é o regime que vigora na 
ausência de convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, desde que não seja 
obrigatória a separação de bens; 
2 - separação de bens - é obrigatória nos seguintes 
casos: 
a) inobservância das causas suspensivas da celebração 
do casamento; 
b) casamento de pessoa maior de 70 anos1 
c) casamento de todos os que dependerem, para casar, 
de suprimento judicial. 
 
Convenções antenupciais perante terceiros - As convenções antenupciais não 
 
1 10 Conforme adverte Carlos Roberto Gonçalves, "decidiu-se, porém (T JSP jurídica, 2ª Câm. Ap. 7.512-
4-SJRPreto, j. 18.;8-1998, v.u.), que já não vige tal restrição, por ser incompatível com as 
cláusulas constitucionais de tutela da dignidade da pessoa humana, da igualdade e da 
intimidade, bem como com a garantia do justo processo da lei, tomado na acepção substancial 
(CF, arts. 11, lU, e 51, I, Xe LlV)" 
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terão efeito perante terceiros senão depois de registradas, em livro especial, pelo 
oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges. Assim, na ausência de 
registro, vigorará, em relação a terceiros, o regime legal. 
Responsabilidade do cônjuge que estiver na posse de 
bens particulares do outro, perante ele e seus herdeiros: 
I - como usufrutuário, se o rendimento for comum; 
II - como procurador, se tiver mandato, expresso ou 
tácito, para os administrar; 
III - como depositário, se não for usufrutuário, nem 
procurador. 
 
13.2 - COMUNHÃO PARCIAL OU COMUNHÃO LIMITADA 
Conceito: "É aquele em que, basicamente, se excluem da comunhão os bens que os 
cônjuges possuem ao casar ou que venham a adquirir por causa anterior e alheia 
ao casamento, como as doações e sucessões; e em que entram na comunhão os 
bens adquiridos posteriormente" (SR). Com efeito, dispõe o art. 1.658 do Código 
Civil: "No regime da comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao 
casal, na constância do casamento, com as exceções dos artigos seguintes". 
 
Bens e dívidas excluídos da comunhão (incomunicáveis): 
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar e os que 
lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou por sucessão, e os 
sub-rogados em seu lugar; 
OBS: "...0 imóvel adquirido antes do casamento sob 
regime de comunhão parcial de bens não integra o patrimônio comum. Ainda que 
o bem tenha sido financiado, o pagamento de algumas prestações, já vigente o 
regime de bens, torna a ex-esposa credora do executado na proporção de sua 
contribuição, mas não lhe assegura a condição de condômina ou meeira do imóvel 
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que permanece sob propriedade exclusiva do marido" (TJDFT, 1a Câmara Cível, ARC 
46995-DF, Rel.: José Hilário de Vasconcelos). 
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente 
pertencentes a um dos cônjuges, em sub-rogação dos bens particulares; 
III - as obrigações anteriores ao casamento; 
IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo 
reversãoem proveito do casal; 
v - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de 
profissão; 
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; 
 
OBS: Acerca do assunto, Sílvio Rodrigues ressalta o seguinte: "Entretanto só os 
proventos, enquanto tais, não se comunicam. No exato instante em que se 
transformam em patrimônio, por exemplo, pela compra de bens, opera-se, em 
relação a estes, a comunhão, pela incidência da regra contida nos arts. 1.658e 
1.660, I, até porque não acrescente o inciso em exame, a hipótese e os bens sub-
rogados em seu lugar. 
Entendimento diverso contraria a essência do regime 
da comunhão parcial, e levaria ao absurdo de só se comunicarem os bens 
adquiridos com o produto de bens particulares e comuns ou pelo fato eventual, 
além dos destinados por doação ou herança ao casal. 
Aliás, é importante salientar que não apenas os bens 
adquiridos com os proventos do trabalho de um dos cônjuges entram para a 
comunhão, mas, também, o próprio dinheiro que constitui a remuneração, ao ser 
esta paga. O que o dispositivo busca evitar é apenas que, dissolvida a sociedade 
conjugal, seja partilhado o direito de cada cônjuge continuar a receber o seu 
salário. Maria Helena Diniz, contudo, parece discordar desse entendimento, ao 
lecionar que "o produto do trabalho dos consortes e os bens com ele adquiridos não 
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se comunicam. Sobre eles têm os cônjuges todos os poderes de gozo, disposição e 
administração, exceto no que concerne aos imóveis, cuja alienação requer outorga 
marital ou uxória". 
 
VII - pensões (quantias pagas periodicamente, em razão 
da lei, decisão judicial, ato inter vivos ou causa mortis, a alguém, visando sua 
subsistência), meios-soldos (metade do soldo que o Estado paga a militar 
reformado), montepios (pensão paga pelo Estado aos herdeiros de funcionário 
falecido, em atividade ou não) e outras rendas semelhantes. 
OBS: Como alerta Carlos Roberto Gonçalves, "o que não se comunica é somente o 
direito ao percebimento desses benefícios às quantias mensalmente recebidas na 
constância do casamento, a esse título, porém, entram para o patrimônio do casal e 
comunicam-se logo que percebidas”. Aliás, a cláusula de inalienabilidade inclui a de 
incomunicabilidade. 
VIII - os bens cuja aquisição tiver por título uma causa 
anterior ao casamento; 
IX - as dívidas, contraídas por qualquer dos cônjuges na 
administração de seus bens particulares e em benefício destes; 
X - os direitos patrimoniais do autor, excetuados os 
rendimentos resultantes de sua exploração, salvo pacto antenupcial em contrário 
(art. 39, Lei n° 9.610/98). 
 
Entram na comunhão (comunicáveis): 
I - os bens adquiridos na constância do casamento por 
título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges; 
II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o 
concurso de trabalho ou despesa anterior (ex.: loteria, avulsão etc.); 
III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado 
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em favor de ambos os cônjuges; 
IV - as benfeitorias em bens particulares de cada 
cônjuge; 
V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de 
cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de 
cessar a comunhão; 
VI - as dívidas contraídas para atender aos encargos da 
família, às despesas de administração e às decorrentes de imposição legal. 
 
Bens móveis - presumem-se adquiridos na constância 
do casamento, quando não se provar com documento autêntico, que o foram em 
data anterior. 
Administração: A administração do patrimônio comum 
compete a qualquer dos cônjuges (sistema da co-gestão). Contudo, a anuência de 
ambos os cônjuges É necessária para os atos, a título gratuito, que impliquem 
cessão do uso ou gozo dos bens comuns. Em caso de malversação dos bens, o juiz 
poderá atribuir é administração a apenas um dos cônjuges. A administração e a 
disposição dos bem constitutivos do patrimônio particular competem ao cônjuge 
proprietário, salve convenção diversa em pacto antenupcial. 
Aqüestos - nome que se dá aos bens adquiridos na 
constância do casamento. 
 
13.3- COMUNHÃO UNIVERSAL 
É o que importa a comunicação de todos os bens 
presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, com algumas exceções 
previstas em lei. 
 
Bens e dívidas excluídos da comunhão (incomunicáveis): 
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I - bens doados ou herdados com a cláusula de 
incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar; 
II - bens gravados de fideicomisso e o direito do 
herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva; 
III - dívidas anteriores ao casamento, salvo se 
provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum; 
IV - doações antenupciais feitas por um dos cônjuges 
ao outro com a cláusula de incomunicabilidade; 
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de 
profissão; 
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; 
VII - pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas 
semelhantes; 
VIII - os direitos patrimoniais do autor, excetuados os 
rendimentos resultantes de sua exploração, salvo pacto antenupcial em contrário 
(art. 39, Lei n° 9.610/98). 
OBS: A incomunicabilidade dos aludidos bens não se 
lhes estende aos frutos, quando se percebam ou vençam durante o casamento. 
Administração: A administração do patrimônio comum 
compete a qualquer dos cônjuges (sistema da co-gestão). Contudo, a anuência de 
ambos os cônjuges é necessária para os atos, a título gratuito, que impliquem 
cessão do uso ou gozo dos bens comuns. Em caso de malversação dos bens, o juiz 
poderá atribuir a administração a apenas um dos cônjuges. A administração e a 
disposição dos bens constitutivos do patrimônio particular competem ao cônjuge 
proprietário, salvo convenção diversa em pacto antenupcial. 
Extinção da comunhão - Extinta a comunhão, por uma 
das formas de dissolução da sociedade conjugal, e efetuada a divisão do ativo e 
passivo, cessa a responsabilidade de cada um dos cônjuges para com os credores 
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do outro. 
 
13.4 - PARTICIPACÃO FINAL NOS AQÜESTOS 
Segundo Sílvio Rodrigues, "representa tal regime um regime híbrido, ou 
misto, ao prever a separação de bens na constância do casamento, preservando, 
cada cônjuge, seu patrimônio pessoal, com a livre administração de seus bens, 
embora só se possa vender os imóveis com a autorização do outro, ou mediante 
expressa convenção no pacto dispensado a anuência (arts. 1672, 1673, parágrafo 
único clc o art.1656). Mas, com a dissolução, fica estabelecido o direito à metade 
dos bens adquiridos a título oneroso pelo casal na constância do casamento (art. 
1672)". 
 
Situação na constância da sociedade conjugal: 
Integram o patrimônio próprio os bens que cada 
cônjuge possuir ao casar e os por ele adquiridos, a qualquer título, na constância do 
casamento. 
A administração desses bens é exclusiva de cada 
cônjuge, que os poderá alienar livremente, se forem móveis. 
O direito à meação exercitável por ocasião da 
dissolução da sociedade conjugal não é renunciável, cessível ou penhorável na 
vigência do regime matrimonial, tratando-sede norma de ordem pública. 
No caso de bens adquiridos pelo trabalho conjunto, 
terá cada um dos cônjuges uma quota igual no condomínio ou no crédito por 
aquele modo estabelecido. 
Os bens imóveis são de propriedade do cônjuge cujo 
nome constar do registro. Impugnada a titularidade, caberá ao cônjuge 
proprietário provar a aquisição regular dos bens. 
As coisas móveis, em face de terceiros, presumem-se 
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do domínio do cônjuge devedor, salvo se o bem for de uso pessoal do outro. . 
Situação no caso de dissolução da sociedade conjugal: 
sobrevindo a dissolução da sociedade conjugal, apurar-se-á o montante dos 
aqüestos, excluindo-se da soma dos patrimônios próprios: 
1. os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar se sub-rogaram; 
2. os que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou liberalidade; 
3. as dívidas relativas a esses bens. 
 
Observações: 
Salvo prova em contrário, presumem-se adquiridos 
durante o casamento os bens móveis. 
Ao computar-se o montante dos aqüestos, computar-
se-á o valor das doações feitas por um dos cônjuges, sem a necessária autorização 
do outro; nesse caso, o bem poderá ser reivindicado pelo cônjuge prejudicado ou 
por seus herdeiros, ou declarado no monte partilhável, por valor equivalente ao da 
época da dissolução. 
Incorpora-se ao monte o valor dos bens alienados em 
detrimento da meação, se não houver preferência do cônjuge lesado, ou de seus 
herdeiros, de os reivindicar. 
Na dissolução do regime de bens por separação judicial 
ou por divórcio, verificar-se-á o montante dos aqüestos à data em que cessou a 
convivência. 
Se não for possível nem conveniente a divisão de todos 
os bens em natureza, calcular-se-á o valor de alguns ou de todos para reposição em 
dinheiro ao cônjuge não-proprietário. 
Não se podendo realizar a reposição em dinheiro serão 
avaliados e, mediante autorização judicial, alienados tantos bens quantos bastem. 
Na dissolução da sociedade conjugal por morte, 
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verificar-se-á a meação do cônjuge sobrevivente de conformidade com os critérios 
anteriores, deferindo-se a herança aos herdeiros da forma regulada pelo Direito 
das Sucessões. 
 
Dívidas: 
Pelas dívidas posteriores ao casamento, contraídas por 
um dos cônjuges, somente este responderá, salvo prova de terem revertido, parcial 
ou totalmente, em benefício do outro. 
As dívidas de um dos cônjuges quando superiores à sua 
meação, não obrigam ao outro, ou a seus herdeiros. 
Se um dos cônjuges solveu uma dívida do outro com 
bens do seu patrimônio, o valor do pagamento deve ser atualizado e imputado, na 
data da dissolução, à meação do outro cônjuge. 
 
13.5 - SEPARACÃO DE BENS 
Conceito: É aquele em que cada cônjuge conserva, com exclusividade, o domínio, 
posse e administração de seus bens presentes e futuros e a responsabilidade pelos 
débitos anteriores e posteriores ao casamento (MHD). 
Regra - incomunicabilidade dos bens e dívidas, presentes e futuros, de cada 
cônjuge. 
OBS: O regime de separação de bens, quando não obrigatório, admite a 
modificação de suas regras no pacto antenupcial. 
Separação de bens obrigatória - Segundo a Súmula 377 do STF, "no regime de 
separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do 
casamento". Sem embargo disso, o ST J tem restringido o alcance de tal súmula aos 
aqüestos resultantes da conjugação de esforços do casal. 
Dívidas contraídas por qualquer dos cônjuges para a aquisição das coisas 
necessárias à economia doméstica 
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� os bens de ambos os cônjuges ficam obrigados pelas mesmas. 
 
Obrigação de contribuir para as despesas do casal 
Esta obrigação cabe a ambos os cônjuges, na proporção 
dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no 
pacto antenupcial. 
Aliás, as dívidas contraídas com ou para a aquisição de 
coisas necessárias à economia doméstica obrigam solidariamente ambos os 
cônjuges. 
 
Administração, alienação e oneração 
Os bens móveis e imóveis permanecem sob a administração exclusiva de 
cada um dos cônjuges, que os pode livremente alienar ou gravar de ônus reais. 
 
14 - DA DISSOLUCÃO DA SOCIEDADE E DO VÍNCULO CONJUGAL 
14.1 – CONSIDERACÕES PRELIMINARES 
A dissolução da sociedade conjugal pode se dar por alguma das seguintes formas: 
� pela morte de um dos cônjuges, 
� pela nulidade ou anulação do casamento, 
� pela separação judicial ou pelo divórcio. 
 
OBSERVAÇÕES: 
- Entretanto, o casamento válido somente se dissolve pela morte de um dos 
cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a presunção de óbito estabelecida quanto 
ao ausente. 
- Como se vê, a separação judicial, apesar de acarretar a dissolução da sociedade 
conjugal, não põe fim ao casamento válido. Logo, não autoriza os cônjuges a 
contraírem novas núpcias. 
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- Por força da EC 66/10 que alterou o § 6º do artigo 226 da CF, existe uma corrente 
que entende que a separação judicial deixou de existir, uma vez que tal instituto 
existia como requisito prévio para concessão do divórcio e, com a entrada edição 
da referida Emenda Constitucional que eliminou tal requisito, teríamos então a 
revogação tácita dos dispositivos que tratam do assunto no Código Civil. 
- Não obstante, ainda existem entendimentos em sentido contrário. 
 
14.2 – MORTE DE UM DOS CÔNJUGES 
- Acarreta a dissolução da sociedade conjugal e do casamento, mesmo na 
hipótese de ser presumida. 
14.3 - NULIDADE E ANULAÇÃO DO CASAMENTO 
Já foram analisadas anteriormente. 
 
14.4 – SEPARAÇÃO JUDICIAL (COM AS RESSALVAS DECORRENTES DA EC 66/10) 
 
Considerações gerais: Não acarretando a dissolução do casamento, mas tão 
somente da sociedade conjugal, a separação se apresenta como medida provisória 
e preparatória de um futuro divórcio. 
Espécies: 
a) separação consensual ou por mútuo consentimento - exige que o casamento 
conte mais de um ano; 
b)separação litigiosa: 
- como sanção - cabível no caso de grave violação dos deveres do casamento 
que torne insuportável a vida em comum; 
- como falência -cabível no caso de ruptura da vida em comum há mais de 
um ano consecutivo, não havendo possibilidade de sua reconstituição; 
- como remédio: cabível quando um dos cônjuges estiver acometido de grave 
doença mental, manifestada após o casamento, que torne impossível a 
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continuação da vida em comum, desde que, após uma duração de 02 (dois) 
anos, a enfermidade tenha sido reconhecida de cura improvável. 
- Neste caso, reverterão ao cônjuge enfermo, que não houver pedido a 
separação judicial, os remanescentes dos bens que levou para o casamento, 
e se o regime dos bens adotado o permitir, a meação dos adquiridos na 
constância da sociedade conjugal. 
- Segundo o Código Civil, podem caracterizar a impossibilidade da comunhão 
de vida a ocorrência de algum dos seguintes motivos: 
a) adultério; 
b) tentativa de morte; 
c) sevícia ou injúria grave; 
d) abandono voluntário do lar conjugal duranteum ano contínuo; 
e) condenação por crime infamante; 
f) conduta desonrosa; 
g) outros fatos que, a critério do juiz, tornem evidente a impossibilidade de 
vida em comum. 
Efeitos: 
- Põe termo aos deveres de coabitação e fidelidade recíproca, bem como ao 
regime matrimonial de bens; 
- Autoriza sua conversão em divórcio após o decurso de um ano, a contar do 
trânsito em julgado da sentença que houver decretado a separação judicial, 
ou da decisão concessiva da medida cautelar de separação de corpos. A 
propósito, pelo art. 8° da lei n° 6.515/77, "a sentença que julgar a separação 
judicial produz seus efeitos à data de seu trânsito em julgado, ou à da 
decisão que tiver concedido separação cautelar". Entretanto, "a sentença 
que decretar ou homologar a separação judicial do empresário e o ato de 
reconciliação não podem ser opostos a terceiros, antes de arquivados e 
averbados no Registro Público de Empresas Mercantis" (art. 980,CC/2002); 
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- Não torna possível a celebração de novo casamento, enquanto não 
convertida em divórcio; 
- Partilha dos bens, mediante proposta dos cônjuges e homologada pelo juiz 
ou por este decidida; 
- Suprime o direito sucessório entre os cônjuges; 
- Garante pensão alimentícia aos filhos menores e maiores inválidos, bem 
como ao cônjuge desprovido de recursos, desde que não seja o culpado pela 
separação litigiosa. 
 
OBSERVAÇÕES: 
- Mesmo após a separação, se um dos cônjuges separados judicialmente vier 
a necessitar de alimentos, será o outro obrigado a prestá-las mediante 
pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha sido declarado culpado na ação 
de separação judicial, sendo que se o cônjuge declarado culpado vier a 
necessitar de alimentos, e não tiver parentes em condições de prestá-las, 
nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será obrigado a assegurá-los, 
fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência (art. 1.704, CC/2002). 
- Na vigência do CC/1916, o STJ vinha entendendo que a renúncia a alimentos 
manifestada por um dos cônjuges no acordo quanto à separação judicial era 
irretratável. Todavia, o CC/2002 parece ter afastado a possibilidade de haver 
renúncia quanto a tais alimentos, notadamente em face do disposto em 
seus arts. 1.704 e 1.707; 
- Cessa o dever de prestar alimentos, com o casamento, a união estável ou o 
concubinato do credor, bem como se este tiver procedimento indigno em 
relação ao devedor. 
- O STJ já decidiu que é válida e eficaz a cláusula de renúncia a alimentos, 
quando não ficou estabelecida qualquer cláusula que obrigava o ex-marido 
a prestar alimentos à ex-mulher, em acordo de separação. 
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- Segundo o STJ, quem renuncia, renuncia para sempre. o casamento válido 
se dissolve pelo divórcio. Dissolvido o casamento, desaparecem as 
obrigações entre os então cônjuges. A mútua assistência é própria do 
casamento. 
- Separação de corpos, admitindo-se esta, inclusive, como medida 
preparatória; 
- Atribuição da guarda dos filhos menores e maiores incapazes segundo o que 
os cônjuges acordarem a esse respeito na separação consensual ou por -
deliberação do juiz, caso não haja acordo. Nesta hipótese, deve tal guarda 
ser atribuída a quem revelar melhores condições para exercê-la, admitindo-
se, inclusive, no caso de os filhos não deverem permanecer sob a guarda de 
seus genitores, o deferimento da mesma a pessoa que revele 
compatibilidade com a natureza da medida, de preferência levando em 
conta o grau de parentesco e a relação de afinidade e afetividade. Aliás, 
havendo motivos graves, o juiz pode, em qualquer caso, a bem dos filhos, 
regular a situação deles para com os pais de maneira diferente da 
estabelecida acima; 
- Não altera o vínculo de filiação; 
- Assegura ao genitor que não tiver a guarda dos filhos o direito de visitá-los e 
de tê-los em sua companhia, segundo o que acordar com o outro cônjuge, 
ou for fixado pelo juiz, bem como de fiscalizar sua manutenção e educação; 
- Perda por um cônjuge do direito de usar o sobrenome do outro, no caso de 
ser declarado culpado na ação de separação judicial, desde que tal 
providência seja expressamente requerida pelo inocente e que a alteração 
não acarrete: 
I - evidente prejuízo para a sua identificação; 
II - manifesta distinção entre o seu nome de família e o dos filhos havidos da união 
dissolvida; 
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III - dano grave reconhecido na decisão judicial. O cônjuge inocente na ação de 
separação judicial pode renunciar, a qualquer tempo, ao direito de usar o 
sobrenome do outro. Nos demais casos de separação, cabe a opção pela 
conservação do nome de casado; 
- Possibilidade de os cônjuges restabelecerem a sociedade conjugal, a 
qualquer tempo, por ato regular em juízo. Neste caso, a reconciliação não 
prejudica os direitos de terceiros, adquiridos antes e durante a separação, 
seja qual for o regime de bens; 
- Impossibilidade do cônjuge do sócio que se separou judicialmente exigir 
desde logo a parte que lhe cabe na quota social, podendo, entretanto, 
concorrer à divisão periódica dos lucros, até que se liquide a sociedade (art. 
1.027, CC/2002); 
- A doutrina e a jurisprudência vêm admitindo a possibilidade de indenização 
por dano moral em separação judicial ou divórcio. 
 
14.5 - DIVÓRCIO 
Espécies: 
1 - divórcio indireto- PREVISTO ANTES DA EC 66/10, exigia separação judicial por 
mais de um ano, contando-se este prazo do trânsito em julgado da sentença que 
houver decretado a separação, ou da decisão concessiva da medida cautelar de 
separação de corpos. O eventual relacionamento ou convivência dos cônjuges 
durante esse prazo de separação judicial não impede a conversão desta em 
divórcio. Pode ser litigioso ou consensual; As pessoas que se encontravam 
separadas judicialmente antes da EC 66/10 devem realizar tal procedimento. 
 
2 - divórcio direto – Deixou de existir com a entrada em vigor da EC 66/10. Essa 
espécie exigia comprovada separação de fato por mais de dois anos. Como não se 
exige mais prazo prévio para decretação do divórcio, essa modalidade deixou de 
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existir. 
 
Efeitos: 
- Põe termo à sociedade conjugal e ao vínculo matrimonial, com cessação dos 
deveres recíprocos dos cônjuges; 
- Torna possível a celebração de novo casamento; 
- Partilha dos bens, embora o divórcio possa ser concedido sem que ela seja 
definida previamente; 
- Suprime o direito sucessório entre os cônjuges; 
- Garante pensão alimentícia aos filhos menores e maiores inválidos, bem 
como ao cônjuge desprovido de recursos, desde que, neste último caso, a 
sentença de divórcio imponha essa obrigação (art. 1.709, CC/2002), 
atendendo às mesmas diretrizes estabelecidas para a fixação da prestação 
alimentar entre cônjuges na separação judicial; 
- A sentença que a julgar produz seus efeitos depois de registrada no registro 
público competente; 
- Atribuição da guarda dos filhos menores e maiores incapazes segundo o que 
os cônjuges acordarem a esse respeito no divórcio consensual ou por 
deliberação do juiz, caso não haja acordo. Nesta hipótese, deve tal guarda 
ser atribuída a quem revelar melhores

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