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MATERIAL SOBRE INQUÉRITO POLICIAL

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INQUÉRITO POLICIAL 
 
Prof. AMAURY ANDRADE 
 
CONCEITO: Inquérito policial é o procedimento administrativo inquisitório e 
preparatório, presidido pela autoridade de polícia judiciária, consistente em um 
conjunto de diligências realizadas para apuração da materialidade e da autoria da 
infração penal, a fim de fornecer elementos de formação para que o titular da ação 
penal possa ingressar em juízo. 
NATUREZA JURÍDICA DO INQUÉRITO POLICIAL: É um procedimento administrativo, 
não resulta diretamente a aplicação de sanção. Eventuais vícios constantes do 
inquérito policial não contaminam o processo a que der origem. Irregularidades no 
inquérito não anulam processo. Mas não podemos esquecer-nos das provas ilícitas, 
pois se o processo for contaminado com prova ilícita, o processo pode ser nulo. Dai 
porque não se pode alegar a nulidade de seus atos. Caso ocorra alguma nulidade na 
condução do inquérito, a única consequência vai ser a diminuição do já pequeno valor 
de seus elementos. 
FINALIDADE DO INQUÉRITO POLICIAL: 
 Objetivo do inquérito é a colheita de elementos de informação quanto a autoria e a 
materialidade do fato delituoso. 
ATRIBUIÇÃO PARA A PRESIDÊNCIA DO INQUÉRITO POLICIAL: 
Crime militar: Pode ocorrer um crime da competência militar da União (Exército, 
Marinha ou Aeronáutica) e crime de competência da justiça militar dos Estados (Polícia 
Militar ou Corpo de Bombeiros). Quem investiga tais delitos é a polícia judiciária 
militar. O instrumento utilizado é o inquérito policial militar. Nesses crimes quem 
investiga é o ENCARREGADO (como se fosse o Delegado de Polícia). 
Crime de competência da Justiça Federal: Art. 144 § 1º da Constituição Federal. Quem 
investiga é a Polícia Federal. 
Crime de competência de Justiça Eleitoral: Em regra quem investiga é a Polícia Federal, 
mas se na comarca não tiver essa polícia, o crime pode ser investigado pela Polícia 
Civil. 
Crime de competência estadual: Na grande maioria são investigados pela Polícia Civil, 
porém a Polícia Federal também pode investigar crimes ocorridos na esfera estadual 
(ver art. 144 § 1º, I). 
CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL: 
- Procedimento escrito: art. 9º e art. 405 § 1º do Código de Processo Penal. A 
doutrina tem entendido que o dispositivo do art. 405 § 1º poderá ser aplicado no 
procedimento inquisitorial. 
- Procedimento dispensável: Se o titular da ação penal contar com elementos de 
informação oriundos de procedimento investigatório diverso, o inquérito policial será 
dispensável. Art. 27 e art. 39 § 5º do Código de Processo Penal. 
- Procedimento sigiloso: O inquérito policial é um procedimento administrativo em 
relação ao qual a surpresa é fundamental para sua eficácia. A eficácia do inquérito 
policial está diretamente ligada ao elemento da surpresa. Art. 20 do Código de 
Processo Penal. Em algumas situações pode-se dar publicidade nas investigações (ex: 
retrato falado). 
A quem não se opõe o sigilo do inquérito policial? 
Tanto o juiz quanto o promotor terão acesso aos autos do inquérito. 
E o advogado? Art. 5º, LXIII da Constituição Federal tanto o preso como o acusado 
solto poderão ter assistência de um advogado. O art. 7º, XIV do Estatuto da Advocacia 
assegura ao advogado o acesso aos autos do inquérito policial. Porém o advogado não 
tem acesso amplo. De acordo com o Supremo o advogado tem acesso aos autos do 
inquérito policial caso a diligência já tenha sido documentada. Se a diligência ainda não 
foi realizada ou estiver em andamento o advogado não tem o direito de ser 
comunicado. Ver Súmula Vinculante nº 14. 
A corrente doutrinária que prevalece é a de que o Inquérito Policial é sempre sigiloso 
em relação às pessoas do povo em geral, por se tratar de mero procedimento 
investigatório, não havendo nenhum interesse que justifique o acesso liberado a 
qualquer do povo. Entretanto, o Inquérito Policial não é, em regra, sigiloso em relação 
aos envolvidos (ofendido, indiciado, seus advogados), podendo, entretanto, ser 
decretado sigilo em relação a determinadas peças do Inquérito quando necessário 
para o sucesso da investigação (por exemplo: pode ser vedado a partes do Inquérito 
que tratam de requerimento do Delegado de Polícia pedindo a prisão do indiciado, 
para evitar que este fuja. 
OBSERVAÇÃO: Havendo SEGREDO DE JUSTIÇA, somente advogado com procuração nos 
autos poderá ter acesso às informações sigilosas. 
- Procedimento inquisitorial: Não é obrigatória a observância do contraditório e 
da ampla defesa. Porém, inquérito objetivando a expulsão do estrangeiro haverá 
contraditório e ampla defesa. 
A inquisitorialidade do inquérito decorre de sua natureza pré-processual. No Processo 
temos autor (MP ou vítima), acusado e Juiz. No inquérito não há acusação, logo, não 
há nem autor, nem acusado. O juiz existe, mas ele não conduz o Inquérito Policial. 
Quem conduz é a autoridade policial (Delegado). 
Para entendermos melhor esta questão, devemos fazer a distinção entre sistema 
acusatório e sistema inquisitivo. 
O sistema acusatório é aquele no qual há dialética, ou seja, uma parte defende uma 
tese, a outra parte rebate as teses da primeira e um juiz imparcial julga a demanda, ou 
seja, o sistema acusatório é multilateral. 
Já o sistema inquisitivo é unilateral. Não há acusado, nem a figura do juiz imparcial. No 
sistema inquisitivo não há acusação propriamente dita. No Inquérito Policial, por ser 
inquisitivo, não há direito ao contraditório nem ampla defesa, como dito acima. 
No Inquérito Policial não há acusação alguma. Há apenas um procedimento 
administrativo destinado a reunir informações para subsidiar um ato (oferecimento da 
denúncia ou queixa). 
O acusado embora não possui o direito Constitucional ao contraditório ampla defesa 
poderá requerer algumas diligências. Entretanto, a realização destas não é obrigatória 
pela autoridade policial – Art. 14 do Código de Processo Penal. 
 
.- Procedimento discricionário: A fase preliminar de investigações é conduzida de 
maneira discricionária pela autoridade policial, que deve determinar o rumo das 
diligências de acordo com as peculiaridades do caso concreto. Discricionariedade é 
atuar com liberdade dentro dos limites da lei, sem abusos. 
Observação ao art. 14 do Código de Processo Penal: Essa discricionariedade não tem 
caráter absoluto. Para os tribunais há diligências que devem ser obrigatoriamente 
realizadas, tais como, exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestígios e a 
oitiva do investigado. STJ HC 69.405 de 2008. 
CUIDADO! Essa discricionariedade não se confunde com arbitrariedade, não podendo 
o Delegado, determinar diligências meramente com finalidade de perseguir o 
investigado, ou para prejudica-lo. A finalidade da diligência deve ser sempre o 
interesse público, materializado no objetivo do inquérito, que é reunir elementos de 
autoria e materialidade do delito. 
Obvio também que o Delegado não pode violar direitos fundamentais do cidadão (seja 
ele investigado ou não), como o direito ao silêncio (no caso de investigado), direito à 
inviolabilidade de domicílio, etc. 
 
- Procedimento oficioso: Tratando-se de crimes de ação penal pública 
incondicionada, a autoridade policial é obrigada a agir de ofício, independentemente 
de provocação da vítima caso tenha notícia de um crime nas ações penais públicas 
incondicionadas. Nas hipóteses de ação pública condicionada e de ação penal privada 
é necessário o prévio requerimento da vítima. 
- Procedimento indisponível: Delegado não pode arquivar um inquérito policial 
art. 17 do Código de Processo Penal. 
Embora o art. 18 se refira à autoridade judiciária, como a que decidirá sobre o 
arquivamento, quem decide de fato é oMP, não o Juiz, pois o MP é o titular da ação 
penal pública. O juiz não concordando com a opinião do Promotor, remeterá os autos 
do Inquérito ao Procurador Geral de Justiça, que decidirá se mantém o arquivamento 
ou se concorda com o Juiz – art. 28 do Código de Processo Penal. 
- Procedimento dispensável: O Inquérito Policial é dispensável, ou seja, não é 
obrigatório. Dado o seu caráter informativo (busca reunir informações), caso o titular 
da ação penal já possua todos os elementos necessários ao oferecimento da denúncia, 
o Inquérito será dispensável. Um dos artigos que fundamenta isto é o artigo 39 § 5º do 
Código de Processo Penal. 
 
Portanto o membro do Ministério Público poderá de deixar de requisitar a abertura do 
Inquérito Policial nos crimes de ação penal pública condicionada. Nos crimes de ação 
penal pública incondicionada, como vimos, em razão do art. 5ª, I do Código de 
Processo Penal, a autoridade policial está obrigada a instaurar o Inquérito Policial de 
ofício. 
 
 
- Procedimento temporário/prazos para conclusão do inquérito: Em regra 
seguimos o que dispõe o art. 10 do Código de Processo Penal, ou seja, em se tratando 
de investigado solto, 30 dias (prorrogáveis por tempo indeterminado), em se tratando 
de investigado preso 10 dias (improrrogável). Em se tratando de investigado solto a 
doutrina entende que o prazo para a conclusão do inquérito pode ser sucessivamente 
prorrogável. Na Jurisprudência, de acordo com o julgado STJ HC 96.666 o inquérito 
ficou tramitando durante 7 anos, porém o STJ determinou o seu trancamento. 
Na lei de drogas – Lei 11.343/06 o prazo de duração do inquérito é de 30 dias para o 
indiciado preso (podendo esse prazo ser duplicado pelo juiz) e 90 dias para o indiciado 
solto (também podendo ser duplicado pelo juiz). 
Nos crimes atinentes à Polícia Federal – o prazo para duração do inquérito é de 15 dias 
para o indiciado preso (prorrogável por mais 15 dias) e 30 dias para o indiciado solto 
(prorrogável por tempo indeterminado). 
Nos crimes praticados contra a economia popular – 10 dias para o indiciado preso ou 
solto. A lei nada fala sobre improrrogabilidade. 
Nos crimes militares – 20 dias para réu preso e 40 dias para réu solto. A lei também 
nada fala de improrrogabilidade. 
OBESRVAÇÃO: A maioria da Doutrina e da Jurisprudência entende que se trata de 
prazos de natureza processual. Assim, a forma de contagem obedece ao disposto no 
art. 798, § 1º do Código de Processo Penal. 
FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL: 
Inicialmente importante saber o que seja Notitia Criminis e Delatio Criminis. 
NOTITIA CRIMINIS 
É a comunicação à autoridade policial da ocorrência de uma infração penal. É o 
conhecimento espontâneo ou provocado por parte da autoridade policial acerca de 
um fato delituoso, podendo ser: 
a) Direta, quando o próprio delegado, investigando, por qualquer meio, descobre 
o acontecimento. 
b) Indireta, quando a vítima provoca a sua atuação, comunicando-lhe a 
ocorrência, bem como o promotor ou o juiz requisitar sua atuação. 
DELATIO CRIMINIS 
É uma espécie de noticia criminis caracterizada pela comunicação feita à autoridade 
policial por qualquer do povo. Esta comunicação é feita por um terceiro, ou seja, não é 
feito pela vítima e nem pelo seu representante legal. 
NOTITIA CRIMINIS INQUALIFICADA 
É a famosa denúncia anônima (abrange também o disque denúncia). Há uma discussão 
se o delegado de polícia pode ou não instaurar um inquérito como base numa 
denúncia anônima. Para o Supremo uma denúncia anônima por si só não serve para 
fundamentar a instauração de inquérito policial. Porém, a partir dela a polícia pode 
realizar diligências preliminares para apurar a veracidade das informações. E então 
instaurar o inquérito policial. HC 95244. 
INSTAURAÇÃO 
Após entender o que seja Notitia Criminis, é importante diferenciar as formas de 
instauração do inquérito policial nos crimes de ação penal pública incondicionada, 
condicionada a representação e ação penal privada. 
A primeira forma de instauração é de ofício (nas ações públicas incondicionadas). A 
peça inaugural será uma portaria assinada pelo Delegado de Polícia. 
A segunda forma é mediante uma requisição (Notitia Criminis de requisição) do Juiz ou 
do Ministério Público (art. 5º, II do CPP). De acordo com a doutrina de modo a se 
preservar a imparcialidade do juiz não pode ele diretamente requisitar a instauração 
do inquérito. Nesse caso, a peça inaugural será a requisição da autoridade judiciária ou 
do Ministério Público. 
CUIDADO! Essa requisição deve ser obrigatoriamente cumprida pelo Delegado, não 
podendo ele se recusar a cumpri-la, pois, requisitar é sinônimo de exigir com base na 
Lei (entretanto alguns doutrinadores entendem que o Delegado pode se recusar, em 
alguns casos, mas é pensamento da Doutrina Minoritária). 
A terceira forma de instauração do inquérito policial é a requerimento do ofendido ou 
do representante legal (ações penais privadas – art. 5º § 5º do Código de Processo 
Penal). Nessa hipótese, o Delegado antes de instaurar o inquérito policial deve ter 
cautela e verificar a procedência das informações (Notitia Criminis de requerimento). A 
peça inaugural será uma portaria – art. 5º, § 3º do Código de Processo Penal. Caso a 
vítima tenha falecido, algumas pessoas podem apresentar o requerimento para a 
instauração do IP, nos termos do art. 31 do Código de Processo Penal, observando-se 
os prazos do art. 38 do mesmo diploma. 
OBSERVAÇÃO - 1: Vejam que o art. 5º, II parte final do Código de Processo Penal fala 
em requerimento e não requisição. Por isso, a doutrina entende que nessa hipótese o 
delegado não está obrigado a instaurar o Inquérito Policial, podendo, de acordo com a 
análise dos fatos entender que não existem indícios de que fora praticada uma 
infração penal e, portanto, deixar de instaurar o Inquérito Policial. O requerimento 
feito pela vítima ou por seu representante legal deve preencher alguns requisitos. 
Entretanto, caso não for possível, podem ser dispensados nos termos do art. 5º § 1º do 
Código de Processo Penal, quando da ocorrência de uma infração penal. Caso o 
requerimento seja indeferido, caberá recurso para o Chefe de Polícia nos termos do 
art. 5º § 2º do Código de Processo Penal, que em regra é o Secretário de Segurança 
Pública do Estado ou Distrito Federal. 
OBSERVAÇÃO – 2: Caso a vítima não exerça seu direito de representação no prazo de 
seis meses, estará extinta a punibilidade do agente (decai do direito de representar) 
nos termos do art. 38 do Código de Processo Penal. Este prazo é decadencial, sendo 
assim um prazo penal obedecendo o que preceitua o art. 10 do Código Penal. 
A quarta forma é através da notícia oferecida por qualquer do povo, por delação de 
terceiro – art. 5 § 3º do Código de Processo Penal, quando da ocorrência de uma 
infração penal de iniciativa do Ministério Público (Notitia Criminis de delação). A peça 
inaugural é uma portaria. 
Quando há auto de prisão em flagrante o Delegado de Polícia deverá instaurar o 
inquérito policial. Nesse caso a peça inaugural é o próprio APF (Notitia Criminis com 
força coercitiva) 
No caso de crimes de ação pública condicionada ou no caso de crimes de ação penal 
privada a instauração do Inquérito Policial depende de requerimento do ofendido ou 
de seu representante legal, art. 5º, II (parte final) do Código de Processo Penal. 
Quinta forma é através de requisição do Ministro da Justiça. Esta hipótese só se aplica 
em alguns crimes, como nos crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora 
do Brasil (art. 7º, § 3º, b do Código Penal, crimes contra honra cometidos contra o 
Presidente da República ou contra qualquer outro chefe de governoestrangeiro (art. 
141, I, C/C art. 145, § único do Código Penal. Trata-se de requisição não dirigida ao 
Delegado, mas ao membro do MP. Entretanto, apesar do nome ser “requisição” se o 
membro do MP achar que não se trata de hipótese de ajuizamento da ação penal, não 
estará obrigado a promovê-la. Diferentemente da representação, a requisição do 
Ministro da Justiça é irretratável e não está sujeita a prazo decadencial, podendo ser 
exercitada enquanto o crime ainda não estiver prescrito. 
 
OBSERVAÇÃO 1: Se o inquérito policial foi instaurado através de portaria do Delegado 
tendo esse como autoridade coatora em eventual habeas corpus impetrado contra o 
seu ato, deve esse habeas corpus ser apreciado pelo juiz de primeira instância; se a 
instauração foi pela requisição do MP, a autoridade coatora será o Promotor de 
Justiça. Nesse último caso o julgamento do habeas corpus será o Tribunal de Justiça ou 
Tribunal Regional Federal. 
OBSERVAÇÃO 2: Caso os interesses da vítima sejam colidente com os interesses do seu 
representante legal (no caso de vítima menor de idade ou por qualquer modo 
incapaz), deverá ser nomeado curador à lide, nos termos do art. 33 do Código de 
Processo Penal. Assim, no caso em que o crime tenha sido cometido, por exemplo, 
pelo padrasto da vítima, menor de idade, e a mãe, representante legal, esteja sendo 
relapsa, para não prejudicar o marido, estará caracterizado o conflito de interesses 
entre o representante e o representado devendo ser nomeado curador. 
OBSERVAÇÃO – 3: Caso se trate de vítima menor de 18 anos, quem deve representar é 
o seu representante legal. Caso não o faça, entretanto, o prazo decadencial só começa 
a correr quando a vítima completa 18 anos, para que esta não seja prejudicada por 
eventual inércia de seu representante. Inclusive, o verbete sumular nº 594 do STF se 
coaduna com este entendimento. 
OBSERVAÇÃO – 4: E se o autor do fato for o próprio representante legal (como no caso 
de estupro e violência doméstica)? Nesse caso, aplica-se o art. 33 do Código de 
Processo Penal, por analogia, nomeando-se curador especial para que exercite o 
direito de representação. 
 
 
FLUXOGRAMA–RESUMO DA INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO 
 
 
 
IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL 
Em regra há dois tipos de identificação no Inquérito: 
a) Identificação fotográfica; 
b) Identificação datiloscópica; 
Com relação à identificação do investigado (colheita de impressões de digitais), esta 
identificação criminal só será necessária e permitida quando o investigado não for 
civilmente identificado, pois a Constituição Federal proíbe a submissão daquele que é 
civilmente identificado ao procedimento constrangedor da coleta de digitais 
(identificação criminal), nos termos do art. 5º, LVIII. 
Esta restrição, no entanto, não impede a realização de fotografias do investigado. 
A INCOMUNICABILIDADE DO INDICIADO PRESO: 
O art. 21 do Código de Processo Penal trata da incomunicabilidade do preso. A 
doutrina entende que esse artigo não foi recepcionado pela Constituição Federal por 
força do art. 136 § 3º, IV. Portanto, esse artigo está tacitamente revogado. 
Atenção para o art. 52, III da Lei de Execução Penal (7210/89), dentre as regras do RDD 
há a possibilidade de visitas semanais. STJ HC 40300. 
INTERROGATÓRIO DO INDICIADO NO INQUÉRITO POLICIAL E PRESENÇA DO 
ADVOGADO 
Não há norma que disponha com clareza de que o indiciado tenha que estar 
acompanhado de advogado no interrogatório inquisitorial. O art. 6º, V do Código de 
Processo Penal nos remete: 
Art. 6º - Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade 
policial deverá: 
V – ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III 
do Título VII, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas 
testemunhas que lhe tenham ouvido a leitura. 
Vejam que o inciso que trata do interrogatório em sede policial determina a aplicação 
das regras do interrogatório judicial, NO QUE FOR APLICÁVEL. A questão é: Se exige, ou 
não, a presença do advogado? Vem prevalecendo o entendimento de que o indiciado 
deve ser alertado sobre seu direito à presença de advogado, mas caso queira ser 
ouvido mesmo sem a presença do advogado, o interrogatório policial é válido. Assim, a 
regra é: Deve ser possibilitado ao indiciado, ter seu advogado presente no ato de seu 
interrogatório policial. Caso isso não ocorra (a POSSIBILIDADE de ter advogado 
presente, haverá nulidade neste interrogatório em sede policial. Quanto a essa 
nulidade atingir o processo, aplicam-se às demais regras de nulidades do Inquérito 
Policial. 
 
 
INDICIAMENTO 
Indiciar é apontar alguém como provável autor de um delito. A pessoa indiciada é 
considerada quase réu. 
Para indiciar uma pessoa tem que ter prova da existência do crime ou certeza da 
materialidade e indícios de autoria. 
A atribuição para o indiciamento é privativa da autoridade policial. 
Para os tribunais não havendo elementos probatórios é possível a impetração de 
habeas corpus buscando-se desindiciamento. 
Quem pode ser indiciado? Pelo menos em regra qualquer pessoa pode ser indiciada. E 
Quem não pode ser objeto de indiciamento? 
a) Membros do Ministério Público - art. 41, II § único da Lei 8.625/93 (Lei Orgânica 
Nacional); 
b) Juiz - (deve remeter os autos para o Presidente do Tribunal); 
c) Parlamentares - Para o Supremo a partir do momento em que Titular de foro 
por prerrogativa de função passa a figurar como suspeito em procedimento 
investigatório é necessária autorização do Tribunal para o prosseguimento das 
investigações, autorização esta que também é necessária para o indiciamento. 
Questão de Ordem Inquérito 2.411. 
TERMO CIRCUNSTANCIADO 
É um substituto do inquérito policial, realizado pela polícia, nos casos de infração de 
menor potencial ofensivo (contravenções penais) e crimes a que alei comine pena 
máxima não superior a dois anos. Assim, tomando conhecimento de um fato 
criminoso, a autoridade policial elabora um termo contendo todos os dados 
necessários para identificar a ocorrência e sua autoria, encaminhando-o 
imediatamente ao Juizado Especial Criminal, sem necessidade de maior delonga ou 
investigações aprofundadas, é o que dispõe o art. 77 § 1º da Lei 9099/95. 
TRAMITAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL 
Diligências Investigatórias: Após a instauração do Inquérito Policial algumas diligências 
devem ser adotadas pela autoridade policial. Estas diligências estão previstas no art. 6º 
do Código de Processo Penal. 
Alguns cuidados devem ser tomados quando da realização destas diligências, como a 
observância das regras processuais de apreensão de coisas, bem como às regras 
constitucionais sobre inviolabilidade do domicílio (art. 5, XI da Constituição Federal), 
direito ao silêncio do investigado (art. 5º, LXIII da Constituição Federal), aplicando-se 
no que tange o interrogatório do investigado, as normas referentes ao interrogatório 
judicial - art. 185 e 196 do Código de Processo Penal), no que for cabível. O art. 15 
prevê a figura do curador para o menor de 21 anos de idade quando de seu 
interrogatório. 
Entretanto, a Doutrina e a Jurisprudência são pacíficas no que tange à alteração desta 
idade para 18 anos, pois a maioridade civil foi alterada de 21 para 18 anos com o 
advento do Novo Código Civil em 2002. 
Por fim, quanto às diligências investigatórias, percebam que o art. 7º do Código de 
Processo Penal prevê a famosa “reconstituição”, tecnicamente chamada de 
reprodução simulada. Esta reprodução é vedada quando for contrária à moralidade ou 
à ordem pública (no caso de estupro, por exemplo, o investigado não está obrigado a 
participar desta diligência, pois nãoé obrigado a produzir prova contra si - Esta norma 
está prevista no Tratado Internacional denominado Pacto de São José da Costa Rica, 
também conhecido como Convenção Americana de Direitos Humanos, da qual o Brasil 
é signatário, em seu art. 8º, inciso 2, alínea 'g'. 
O INQUÉRITO POLICIAL E O PODER DE INVESTIGAÇÃO DO MINITÉRIO PÚBLICO 
Durante muito tempo se discutiu na Doutrina e na Jurisprudência acerca dos poderes 
de investigação do Ministério Público, já que embora estas atribuições tenham sido 
delegadas à polícia, certo que o Ministério Público é o destinatário da investigação, na 
qualidade de titular da ação penal (pública). No entanto, essa discussão já não existe 
mais. Atualmente o entendimento pacificado é no sentido de que o Ministério Público 
tem, sim, poderes investigatórios, já que a Polícia Judiciária não detém o monopólio 
constitucional dessa tarefa. Decisão do STJ ilustra bem o caso. 
(REsp 998.249/RS, Rel. MIN. LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 
22/05/2012, DJe 30/05/2012) 
 
BONS ESTUDOS!!!

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