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CAPÍTULO 5 '"'} Risco e resiliência após o divórcio Shannon M. Greene Edward R. Anderson Marion S. Forgatch David S. DeGarmo E. Mavis Hetherington Odivórcio e a vida em uma família monoparental já se tornaram experiências co-muns para pais e filhos na sociedade norte-americana contemporânea. O pro- pósito deste capítulo é apresentar uma visão geral dos tipos de estresses e desafios adaptativos que adultos e crianças enfrentam quando se defrontam com situações que envolvem o divórcio.lniciamos discutindo o modelo prevalente de divórcio como parte de um processo contínuo de reorganização da família, antes de examinarmos a prevalência do divórcio e as transições posteriores. Após a revisão das consequências do divórcio nos resultados de saúde física e mental, exploramos as mudanças conco- mitantes nos processos, relacionamentos e experiências de vida na família. Concluí- mos com breve foco em duas áreas emergentes na literatura: (1) como o namoro e a coabitação não marital afetam os processos familiares e o bem-estar dos membros individuais da família e (2) como as famílias circulam pelo sistema legal ao abordarem as preocupações parentais iniciais e constantes. UM MODELO DO PROCESSO DE DIVÓRCIO O modelo teórico do divórcio mais comumente aceito envolve uma perspectiva do processo que aborda estresse, risco e resiliência. Neste modelo, o divórcio é visto como uma cascata de mudanças potencialmente estressantes e perturbações no ambiente so- cial e físico de adultos e crianças, em vez de como reações a um evento negativo único (p. ex., Amato, 2010; Hetherington, 2006; Strohschein, 2005). Assim sendo, a instabi- lidade conjugal e o divórcio introduzem uma cadeia complexa de transições conjugais ProcessosNormativos da Família 103 e reorganizações familiares que alteram os papéis e relações e afetam a adaptação individual. Cada transição apresenta novos desafios adaptativos e a resposta a esses desafios é influenciada pelo funcionamento e experiências prévias da família. O sucesso com o qual os indivíduos lidam com esses estressores depende da pre- sença de fatores de proteção e de vulnerabilidade. Os fatores de proteção protegem a pessoa ou promovem resiliência no enfrentamento dos desafios do divórcio; os fatores de vulnerabilidade complicam a adaptação, aumentando a probabilidade de conse- quências adversas. Exemplos incluem características pessoais do indivíduo; processos e relações familiares; e fatores externos à família, como amigos, família estendida, escola, local de trabalho e a vizinhança mais ampla. Além disso, os fatores desenvolvi- mentais desempenham um papel central na adaptação das crianças e adultos às tran- sições conjugais. Os indivíduos podem ser mais sensíveis aos estresses e oportunidades apresentados pelas transições conjugais em períodos específicos do desenvolvimento; alguns desafios podem desencadear efeitos retardados de adaptação ao divórcio (i.e., os assim chamados efeitos "adormecidos"). Além dos desafios normativos associados a mudanças na idade, os membros da família precisam se defrontar com desafios não normativos associados ao evento do divórcio (p. ex., adaptação à vida numa família monoparental, namoro dos pais, recasamento). Assim sendo, esse modelo sublinha a importância do estudo da adaptação pós-divórcio de pais e filhos ao longo do tempo, à medida que as transições conjugais e reorganizações familiares se desenvolvem. Em alguns casos, o divórcio pode oferecer aos pais e filhos benefícios potenciais: o escape de uma situação familiar conflituosa e infeliz; a oportunidade de desenvolver relacio- namentos mais satisfatórios; e o potencial para o desenvolvimento pessoal. Em outras palavras, o que talvez seja mais impressionante neste modelo não é a inevitabilidade, mas a diversidade das respostas para pais e filhos que enfrentam os desafios do divór- cio. Em seguida nos voltamos para uma consideração da prevalência do divórcio e as transições relacionadas. PREVALÊNCIA DO DIVÓRCIO E TRANSiÇÕES RELACIONADAS A taxa de divórcios nos Estados Unidos atingiu o auge em 1981, culminação de um aumento dramático que começou na década de 1960 (Krieder, 2005). Desde então a taxa declinou, com os relatórios recentes mostrando uma taxa mais baixa em 2009 comparada com o início da década (Tejada-Vera & Sutton, 2010).1 A probabilidade ao longo da vida de um primeiro casamento terminar em divórcio ainda se aproxima de 50% (Amato, 2010; Raley & Bumpass, 2003; Schoen & Canudas-Rorno, 2006), mas pode ser mais baixa para casamentos mais recentes (Cherlin, 2010). Até seu 5° 1 Deve ser observado que, antes de janeiro de 1996, o National Center for Health Statistics (NCHS) compilou sua estatística anual de casamentos e divórcios das contagens reais fornecidas por todos os estados individuais. Desde aquela época, seis Estados não fazem mais contagens anuais de divórcios (Califórnia, Georgia, Havaí, Indiana, Louisiana e Minnesota). Assim, a taxa anual de divórcios é agora derivada das contagens reais dos Estados que continuam a participar, suplementada por estimativas das taxas para os demais Estados a partir de pesquisas nacional- mente representativas, como National Survey of Family Growth. 104 Froma Walsh aniversário, 20% dos casamentos já foram perturbados devido à separação ou di- vórcio. Essa proporção aumenta para 33 e 43% aos 10 e 15 anos, respectivamente (Bramlett & Mosher, 2002). Aproximadamente, metade de todas as uniões conjugais que se dissolvem con- siste em famílias com filhos (Amato, 2000; Krieder, 2005; Raley & Bumpass, 2003), com a maioria das crianças (84%) residindo primariamente com suas mães (Grall, 2009). Mesmo antes da sentença real de divórcio, muitas famílias já podem estar em transição: uma amostra mista de mães e pais mostrou que metade deles teve alguma experiência de encontros com novos parceiros no espaço de 60 dias do pedido de divórcio, aumentando para 79% um ano após o pedido de divórcio (Anderson et aI., 2004). Além do mais, 27% dos pais neste estudo tinham um relacionamento "sério" no momento do pedido, aumentando para 53% um ano depois. Com dois anos, uma amostra de mães residentes mostrou que 89% relatavam experiência com encontros (Anderson, Hurley, Greene, Sullivan & Webb, 2009). À medida que progride a busca por novos parceiros, a vida familiar continua a ser transformada. Por volta dos dois anos após o pedido de divórcio, dois terços das mães residentes relatam terem um novo parceiro afetivo passando a noite junto en- quanto os filhos estão presentes (Anderson et aI., 2009). Muitas famílias continuam a vivenciar a coabitação em tempo integral; a proporção de mães e pais que coabitam em tempo integral com um novo parceiro aumenta de 8% 60 dias após o pedido de divórcio para 24% um ano após o pedido (Anderson et aI., 2004). As famílias tam- bém podem experimentar rompimentos, com 32% das mães e pais relatando terem tido três ou mais parceiros ao final de um ano após o divórcio (Anderson et aI., 2004). Coletivamente, esses eventos têm implicações potenciais importantes para a adap- tação porque múltiplas transições aumentam os desafios adaptativos que pais e filhos enfrentam (Anderson & Greene, 2005; Anderson et aI., 2004; Capaldi & Paterson, 1991; Cavanagh & Huston, 2008; Fomby & Cherlin, 2007; Martinez & Forgatch, 2002; Osborne & McLanahan, 2007; Raley & Wildsmith, 2004). Assim, a perspecti- va do processo do divórcio está sendo ampliada para incluir mais microaspectos das mudanças na formação da família. fATORES DE RISCO QUE CONTRIBUEM PARAO DIVÓRCIO o risco relativo para passar por divórcio depende de uma variedade de fatores, in- cluindo idade ao casar, grau de instrução, renda familiar, raça/etnia, religiosidade, história conjugal dos pais e características da comunidade (p. ex., taxa de crimes, taxa de desemprego na comunidade e a porcentagem de famílias na pobreza; Bramlett & Mosher, 2002). Algumasdessas relações são relativamente simples. Por exemplo, 48% das mulheres que se casaram antes dos 18 anos se divorciaram em 10 anos, compara- das com 24% das mulheres que se casaram depois dos 25 anos. Outros fatores podem interagir ente si de forma complexa. Entre as mulheres brancas não hispânicas, por exemplo, a escolaridade está inversamente relacionada ao risco de divórcio: 48% das mulheres brancas não hispânicas sem o ensino médio completo se divorciaram após 10 anos de casamento, comparadas com 27% daquelas com escolaridade acima do ensino médio. Entre as mulheres hispânicas, no entanto, existe uma relação positiva Processos Normativos da Família 105 entre escolaridade e risco de divórcio: Apenas 29% das mulheres hispânicas sem o ensino médio se divorciaram depois de 10 anos, comparadas com 39% daquelas com escolaridade acima do ensino médio. Dessa forma, um exame do risco de divórcio deve ser mesclado à possibilidade de interações complexas com outras variáveis (ver Vaaler, Ellison & Powers, 2009, para um exemplo relativo ao impacto da religiosida- de no risco de divórcio). Com relação à raça/etnia, 10 anos após o casamento, a probabilidade de divórcio é de 20% para mulheres americanas-asiáticas, 32% para mulheres brancas não hispâ- nicas e 47% para mulheres afro-americanas (Bramlett & Mosher, 2002). As mulheres hispânicas e afro-americanas têm maior probabilidade do que as mulheres brancas não hispânicas de permanecerem separadas sem se divorciarem. Noventa e sete por cento das mulheres brancas não hispânicas concluíram divórcio legal em cinco anos após a separação, enquanto a taxa comparável é de 77 e 67% para as mulheres his- pânicas e afro-americanas, respectivamente. As taxas de coabitação e recasamento também diferem segundo a raça/etnia. Aos cinco anos após a separação, 58% das mulheres brancas não hispânicas, 50% das mulheres hispânicas e 31% das mulheres afro-americanas coabitavam com um novo parceiro. As taxas de recasamento 5 anos após o divórcio são de 58,44 e 32% para mulheres brancas não hispânicas, hispâni- cas e afro-americanas, respectivamente. O risco de divórcio também está associado a uma gama de fatores que refletem desvantagem socioeconômica (p. ex., taxa de de- semprego masculino na comunidade, porcentagem daqueles que recebem assistência pública, renda média familiar, porcentagem daqueles abaixo da linha de pobreza; Bra- mlett & Mosher, 2001). Não está claro até que ponto as diferenças raciais e étnicas no risco de divórcio são indicadores indiretos de disparidades econômicas e educacionais duradouras (Amaro, 2010; Bratter & King, 2008). A probabilidade de divórcio também está associada a padrões de interação e ca- racterísticas pessoais dos adultos casados. Os casais estão em maior risco de divórcio se a sua interação envolver escalada ou reciprocidade de afeto negativo, desligamento, obstrução, menosprezo, negação e acusação (Gottman & Notarius, 2001; Hethering- ton, 1999b; Hetherington & Kelly, 2002). De modo semelhante, o risco aumenta se os casais diferem em suas visões sobre a vida familiar, se compartilham poucos inte- resses ou amigos (Hetherington, 1999b; Notarius & Vanzetti, 1983) e se existe pouca interdependência entre os cônjuges (Rodgers, 2004). Existem algumas evidências de que a participação na educação pré-matrimonial pode ser benéfica na redução de con- flito e divórcio (Stanley, Amato, johnson & Markman, 2006). A insatisfação sexual contribui mais para o risco de instabilidade para os homens do que para as mulheres (Hetherington & Kelly, 2002), embora os achados sejam mais consistentes para ho- mens brancos do que negros (Orbuch, Veroff & Hunter, 1999). Além disso, o risco está associado a níveis preexistentes de desajustamento pessoal, como comportamen- to antissocial, depressão, abuso de álcool/substância e impulsividade. Os indivíduos Comhistória desses tipos de problemas têm maior probabilidade de encontrar eventos estressantes na vida, experimentar desgaste no relacionamento que acaba em divórcio e de ser deficientes em habilidades parentais (Capaldi & Patterson, 1991; Hethering- ton, 1999b; Kitson & Holmes, 1992; Kurdek, 1990). Os indivíduos antissociais tam- bém têm maior probabilidade de escolherem um parceiro antissocial (Amato, 2000; Hetherington & Kely,2002), constituindo assim problemas de relacionamento. 106 Froma Walsh EFEITOS DO DIVÓRCIO NA ADAPTAÇÃO Adaptação dos adultos o divórcio é uma das experiências mais estressantes que os adultos podem enfrentar; não é de causar surpresa que muitos indivíduos exibam uma variedade de consequên- cias problemáticas. Embora nem todas as mudanças pós-divórcio sejam negativas (ver Hetherington & Kelly, 2002, para uma revisão), um corpo substancial de trabalhos documenta o risco aumentado de psicopatologia, maior incidência de acidentes com veículo automotor, uso elevado de bebida alcoólica e drogas, alcoolismo, suicídio e até mesmo morte para aqueles que se separam ou se divorciam, quando comparados com os que continuam casados (ver Amato, 2000, para uma revisão deste trabalho anterior). Pesquisas mais recentes apoiam e ampliam esses primeiros achados, oferecendo compreensão mais pormenorizada dos fatores potenciais que moderam os efeitos do divórcio nos resultados de saúde física. Por exemplo, aumento na depressão, distimia, abuso de álcool e menor felicidade global dependem de fatores particulares como gê- nero, recursos econômicos, a qualidade do casamento e a presença de filhos pequenos (Overbeek et aI., 2006; Williams & Dunne-Bryant, 2006). O abuso de álcool e disti- mia aumentaram após o divórcio, mas não para aqueles que saíram de casamentos de mais baixa qualidade (Overbeek et aI., 2006). A presença de filhos em idade pré-es- colar aumenta o risco de depressão em homens e mulheres após o divórcio (Williams & Dunne-Bryant, 2006). O divórcio também está associado a um aumento no abuso de álcool para os homens independentemente da presença de filhos; para as mulheres, o aumento no abuso de álcool só é visto quando estão presentes filhos em idade pré- -escolar, em parte devido ao aumento concomitante na tensão parenta I e frequência do contato com o ex-cônjuge. Também surge tensão devido a níveis inadequados de renda. O divórcio em geral conduz a uma redução dramática na renda da família do genitor residente, com o declínio per capita de 13 a 35% em média nas populações nacionais (Cherlin, 1998; Peterson, 1996). Mulheres com filhos abaixo de seis anos podem estar em risco espe- cial de tensão, com mais da metade deste grupo baixo da linha de pobreza (Teachman & Paasch, 1994). A renda reduzida contribui para outras circunstâncias potencial- mente estressantes, como mudanças no emprego, educação e residência (DeGarmo & Forgatch, 1999; Forgatch, Patterson & Ray, 1996; Lorenz et aI., 1997; McLanahan, 1999; Patterson & Forgatch, 1990). O estresse em geral se dissipa com o tempo (De- Garmo & Forgatch; Forgatch et aI., 1996; Hetherington, 1993; Lorenz et aI., 1997), embora aqueles com rendas mais baixa, em geral, passem por um número maior de eventos perturba dores. Se a renda permanece baixa, o estresse frequentemente persiste. As correlações entre renda e felicidade/satisfação na vida são geralmente pequenas; entretanto, é digno de nota que as relações sociais e o apoio emocional moderam em grande parte os efeitos adversos das dificuldades econômicas nas relações familiares e a adaptação após o divórcio (Hetherington & Kelly, 2002; Simons & Associados, 1996). Uma literatura emergente também aborda os processos e doenças subjacentes pelos quais a saúde em longo prazo pode ser afetada após o divórcio, tais como al- terações na pressão arterial (Sbarra, Law, Lee & Mason, 2009), funcionamento imu- Processos Normativos da Família 107 no lógico (Kiecolt-Glaser, McGuire, Robles & Glaser, 2002), marcadores de doença cardiovascular (Zhang & Hayward, 2006) e doenças crônicas elimitações na mobili- dade (Hughes &Waite, 2009). Além do mais, existem evidências de que a perturbação familiar está relacionada à taxa de homicídios na comunidade (Schwartz, 2006). Adaptação dos filhos A relação entre o divórcio e a adaptação dos filhos está bem estabelecida, embora surjam controvérsias sobre como melhor integrar os achados. Os leitores podem en- contrar, por exemplo, as seguintes afirmações aparentemente incongruentes: 1. Os filhos de casais divorciados estão em sério risco de má adaptação. 2. A maioria dos filhos não exibe dificuldades sérias após o divórcio dos seus pais. 3. Um número substancial de filhos de casais divorciados está mais bem adaptado do que aqueles de lares não divorciados. 4. As vidas de alguns filhos são melhoradas pelo divórcio dos seus pais. 5. Os efeitos negativos do divórcio nos filhos geralmente se resolvem logo em seguida. 6. Os filhos podem ser afetados adversamente mesmo na idade adulta pelo divórcio dos pais. 7. Muito dos efeitos negativos associados ao divórcio existem muito antes de o ca- samento terminar. É interessante observar que cada afirmação resume corretamente uma parte da literatura relacionada aos filhos de casais divorciados. Essas afirmações abrangem outros dois domínios amplos: (1) descrições do risco global associado ao divórcio (Afirmações 1-4); e (2) mudanças na adaptação ao longo do tempo (Afirmações 5-7). Risco global Estudos do divórcio geralmente constatam que aproximadamente 25% dos filhos de famílias divorciadas apresentam altos níveis de comportamentos problemáticos versus 10% dos filhos de lares não divorciados (p. ex., Forgatch et aI., 1996; Hetherington et aI., 1992; McLanahan & Sandefur, 1994; Simons & Associados, 1996; Zill, Morrison & Coiro, 1993). Embora estudos selecionados tenham encontrado diferenças maiores, as metanálises se aproximam deste montante (Amato, 2000). Podemos concluir corre- tamente que a experiência de divórcio dos pais dobra o risco de problemas sérios para os filhos (apoio para a afirmação 1). No entanto, também podemos concluir correta- mente que a maioria dos filhos (i.e., os 80% sem problemas comportamentais) não apresenta dificuldades sérias em relação ao divórcio dos seus pais (apoio para a afir- mação 2). As duas afirmações são apoiadas pelos dados, embora a primeira enfatize o risco para alguns indivíduos, enquanto a última enfatiza a resiliência demonstrada pela maioria. Além do mais, com substancial sobreposição na distribuição da adapta- ção entre os filhos de famílias divorciadas versus não divorciadas, também podemos concluir corretamente que um número substancial de filhos de famílias divorciadas (i.e., cerca de 40%) são mais bem adaptados do que suas contra partidas não divorcia- das (apoio para a afirmação 3). 108 Froma Walsh Alguns pesquisadores argumentaram que o divórcio em si não é nada mais do que um marcador para outros fatores que criam adaptação problemática nos filhos, como o conflito parenta!. Os filhos parecem ficar em melhores condições nos casos em que o divórcio reduz substancialmente os níveis de conflito parental ou quando havia violência constante no casamento (apoio para a afirmação 4; Amato, Loomis & Booth, 1995; Booth & Amato, 2001; Emery, 2009; Jekielek, 1998; Strohschein, 2005). Os filhos de lares em maior conflito também têm mais probabilidade de relatar que se sentem aliviados por seus pais terem se divorciado, embora os de famílias com menos conflito tenham maior probabilidade de relatar sofrimento após o divórcio (Amato & Booth, 1997). Muitos filhos, de fato, inicialmente respondem ao divórcio com confusão, ansiedade e raiva, mas com o tempo conseguem se adaptar, com o apoio e envolvimento de um adulto atencioso e competente. Adaptação ao longo do tempo Evidências sugerem que para os filhos de famílias divorciadas, alguns problemas de adaptação podem ser transitórios, outros podem persistir e outros ainda podem es- tar presentes muito antes de ocorrer a verdadeira dissolução. Estudos longitudinais (p. ex., Guidubaldi, Perry & Nastasi, 1987; Hetherington, Cox & Cox, 1982) en- contram, por exemplo, que muitos problemas se dissipam em 1 a 2 anos após um divórcio, quando as famílias se adaptam à sua nova situação de vida (apoio para a afirmação 5). Em outros casos, os efeitos do divórcio persistem ao longo do tempo. Entre aqueles que relataram (filhos, mães, professores, pares, observadores treina- dos), Hetherington (1993) constatou que os filhos que vivenciam o divórcio dos pais enquanto estão na pré-escola continuam a apresentar elevações mais significativas no comportamento de externalização do que suas contra partidas de famílias não divorciadas, com as diferenças mantidas na adolescência. Com respeito ao início da adolescência, Hetherington e colaboradores (1992) relataram que, independentemen- te do gênero, os filhos demonstraram dificuldades na escola e no ambiente doméstico mesmo 4 a 6 anos depois do divórcio. Em uma metanálise de 37 estudos vinculando divórcio parental na infância à eventual adaptação na idade adulta, Amato e Keith (1991) encontraram efeitos negativos de tamanho moderado para depressão, reduzi- da satisfação com a vida e mais baixa qualidade conjugal, conquistas educacionais, renda, prestígio ocupacional e saúde física (apoio para a afirmação 6). Existem evi- dências de que o divórcio dos pais impacta as expectativas das mulheres em relação aos seus próprios casamentos, de forma que as mulheres que vivenciaram o divórcio dos seus pais têm pior comprometimento com a relação e confiança na relação, con- trole do conflito parental anterior e adaptação à relação atual (Whitton, Rhoades, Stanley & Markman, 2008). No entanto, a escolha de um cônjuge estável e apoiador proveniente de uma família não divorciada pode essencialmente eliminar o risco de instabilidade conjugal associada a ter pais divorciados (Hetherington, 1999b; Hethe- rington & Kelly, 2002). Em parte, os efeitos de longo prazo podem persistir devido a perturbações nas trajetórias desenvolvimentais normais durante o período da adolescência (p. ex., Chase-Lansdale, Cherlin & Kiernan, 1995). Além disso, pode ocorrer uma confluên- cia de fatores de risco em garotas adolescentes de famílias divorciadas. As meninas de Processos Normativos da Família 109 famílias divorciadas e recasadas atingem mais cedo os sinais físicos de puberdade, o que, quando combinado com a associação a pares mais velhos do sexo masculino, fra- co monitoramento e controle parenta I e uma mãe divorciada manifestamente ativa se- xualmente, leva à iniciação precoce das atividades sexuais, a mais parceiros sexuais e taxas mais elevadas de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez (Hetherington, 1993; Hetherington & Kelly, 2002). Apesar das evidências de dificuldades no longo prazo, alguns problemas provêm não do divórcio propriamente, mas de condições deterioradas anteriores na famí- lia (apoio para a afirmação 7). Strohschein (2005) encontrou, por exemplo, que as crianças cujos pais se divorciaram posteriormente exibiam níveis mais elevados de comportamento antissocial e ansiedade/depressão mesmo antes do divórcio. Sun e Li (2002) identificaram que os filhos cujos pais se divorciaram tiveram escores mais baixos nos testes três anos antes do divórcio, com declínios adicionais após o divór- cio. Esses estudos repercutem um trabalho anterior de Block, Block e Gjerde (1986), Chase-Lansdadle e colaboradores (1995) e outros. Num esforço de sintetizar a literatura existente sobre divórcio, os pesquisadores estão, cada vez mais, adotando uma perspectiva que enfatiza a diversidade nas respos- tas dos filhos (Amato, 2000; Hetherington, Bridges & Insabella, 1998; Hetherington & Kelly,2002; Strohschein, 2005). De modo semelhante, existe um interesse crescente na identificação das condições que influenciam o risco versus resiliência, como o pró- prio temperamento da criança (p. ex.,Hetherington, 1991), embora resiliência não signifique que os filhos sejam invulneráveis aos efeitos do divórcio (Emery, 1999). Apesar de o divórcio geralmente exercer apenas um efeito moderadamente negativo - e em muitos casos temporário - nos filhos, as diferenças estão longe do trivial para as famílias envolvidas. A maioria das famílias evita os resultados mais calamitosos, como evasão escolar e gravidez antes do casamento. Mas evitar a calamidade não é o equivalente a ter atingido o sucesso. Emery descreve as preocupações de muitos pais que temem que seus filhos, embora não necessariamente demonstrando níveis clinicamente significativos de problemas, ainda apresentem algum nível de problemas comportamentais ou desgaste emocional por terem vivenciado o divórcio. As próprias crianças quando jovens adultos relatam mais estresse ao se lembrarem das suas ex- periências infantis em torno do divórcio (Laumann-Billings & Emery, 2000). Muitas famílias procuram ajuda para tratar dessas preocupações. Parte do que elas podem procurar é ajuda para a dor psicológica de uma natureza mais sutil (Amato, 2010; Laumann-Billings & Emery, 2000) ou reparar ou reforçar relacionamentos familiares importantes. Assim, a diversidade dos resultados pós-divórcio para os filhos reflete várias qualidades únicas da família. Finalmente, é importante determinar como os resultados do corpo substancial de literatura existente sobre divórcio irão acompanhar as mudanças demográficas emergentes no casamento que estão ocorrendo agora, tais como o retardo na idade para o casamento e indivíduos mais instruídos escolhendo o casamento (ver Schoen & Cheng, 2006, para discussão), combinadas com o aumento nos índices de cumpri- mento da pensão alimentícia e o contato não custodial que estão ocorrendo (ver uma seção posterior para discussão). Essas e outras mudanças podem, em última análise, moderar o risco de problemas associados ao divórcio para futuras pesquisas de coor- tes de filhos desses casamentos. 110 Froma Walsh EFEITOS DO DIVÓRCIO NAS RELAÇÕES FAMILIARES Relações entre os cônjuges divorciados Após um divórcio, os níveis globais de contato físico, conflito e apego emocional entre os cônjuges em geral diminuem rapidamente. No entanto, os maridos são mais prováveis de ter apego emocional persistente à ex-mulher e a cultivar pensamentos de reconciliação, embora, ironicamente, os homens também sejam mais rápidos em se re- casarem. Nos casos em que o ex-marido volta a se casar, as mulheres comumente rela- tam raiva, ressentimento e competitividade com a nova esposa (Jetherington & Kelly, 2002). Se surge violência, é mais provável que ocorra contra as esposas no período du- rante a decisão de se divorciarem e imediatamente após a separação, com o risco mais alto quando as esposas é que deram início ao divórcio. Em torno dos seis anos pós- -divórcio, a maioria dos adultos já evoluiu para a construção de vidas razoavelmente satisfatórias e já desapareceram as intensas emoções associadas ao rompimento. Alguns estudos encontram evidências de que os conflitos persistem especialmente quando os ex-cônjuges estão ligados por filhos em comum ou outros fatores (Fischer, De Graaf & Kalmijn, 2005; Kalmijn & Monden, 2006). Cerca de 25% dos pais di- vorciados exibem continuidade dos conflitos ou até mesmo aumento nos conflitos, os quais em geral referem-se a finanças e relações com os filhos (Buchanan, Macco- by& Dornbusch, 1996; Maccoby & Mnookin, 1992; Tschann, Johnson, Kline & Wallerstein, 1990). Alguns filhos relatam sentirem-se "presos" em meio à lealdade aos pais ou acham que têm culpa por essas discussões; em tais situações, os meninos têm maior probabilidade de se envolverem em comportamentos de desobediência, raiva e atuação, enquanto as meninas têm maior tendência a responder com culpa e ansieda- de (Hetherington, 1999a). Idealmente, a vida familiar pós-divórcio envolveria conflito mínimo entre os pais, que deveriam ser capazes de assumir um papel cooperativo e apoiador no que se refere ao envolvimento de cada um com o filho. Essa situação caracteriza apenas um quarto das famílias divorciadas. Em vez disso, a maioria dos ex-cônjuges se desligam ou re- correm a uma paternidade paralela, caracterizada por pouca colaboração ou comuni- cação, mas, felizmente, com poucos casos de boicote ativo ao outro genitor (Ahrons, 2011; Buchanan et aI., 1996; Hetherington, 1999a; Hetherington & Kelly, 2002). Relações entre pais residentes e os filhos Nos primeiros anos após o divórcio, as mães e os pais residentes frequentemente enfrentam a sobrecarga de tarefas e questionam a sua adequação como pais; eles também experimentam problemas de saúde associados a um sistema imunológi- co abalado e relatam sofrimento psicológico, como ansiedade, depressão e solidão (Hetherington, 1993; Hetherington & Kelly,2002; Kiecolt-Glaser et aI., 1988; Simons & Associados, 1996). Os pais residentes frequentemente estão preocupados com seus próprios problemas de adaptação e demonstram irritabilidade e falta de suporte emo- cional aos filhos. A disciplina pode ser errática e punitiva, ao mesmo tempo em que diminui o monitoramento das saídas e do comportamento dos filhos (Forgatch et aI., 1996; Hetherington, 1993). Em consequência, os filhos geralmente exibem mais Processos Normativos da Família 111 desobediência, irritação e dependência durante essa época. As relações que envol- vem as mães residentes e seus filhos homens podem ser especialmente perturbadas, o que é demonstrado pela presença da escalada de interações mutuamente coercivas (DeGarmo & Forgatch, 1999; Hetherington, 1993; Hetherington et aI., 1992). Por volta dos dois anos pós-divórcio, muitos desses problemas já diminuíram, embora a relação entre a mãe residente e o filho continue a ser mais difícil do que nas famílias não divorciadas. Por outro lado, depois de um período inicial de perturbação, as re- lações envolvendo as mães residentes e suas filhas são frequentemente caracterizadas como afetivas, próximas e de companheirismo. Outros problemas podem vir à tona durante a adolescência. Quando as filhas atingem a puberdade, seu relacionamento com as mães se tornam tensos, particu- larmente nos casos em que as filhas em maturação precoce demonstram comporta- mentos sexuais e atuações precoces (Hetherington, 1993; Hetherington et aI., 1992). As tentativas maternas de corrigir esses problemas aumentando o monitoramento parental e o controle da filha adolescente geralmente não têm sucesso. Cerca de um terço dos filhos de famílias divorciadas se desligam das suas famílias mais cedo do que em famílias não divorciadas. Se a influência familiar é substituída pelo envolvimento com um grupo de pares antissociais, o risco de comportamento delinquente pode aumentar; ou então, o desenvolvimento de uma relação apoiadora com um adulto competente (p. ex., um avô, professor ou vizinho) pode suavizar os efeitos negativos deste afastamento familiar precoce (Hetherington, 1993). Embora as mães e pais residentes demonstrem semelhanças no padrão de deterio- ração e recuperação da parentalidade competente, permanecem algumas diferenças. As mães residentes se comunicam e se expõem mais abertamente com seus filhos e são mais ativas no monitoramento das atividades e no conhecimento dos amigos dos filhos. Os pais residentes relatam menos estresse na criação dos filhos do que as mães e tendem a ter menos problemas com disciplina ou controle. Além disso, o divórcio parece minar as relações com o gênero oposto mais do que com o mesmo gênero, de modo que mães e filhas são mais afetivas e próximas do que filhas e pais ou mães e filhos. Os filhos homens em famílias divorciadas têm menos contato com o pai e são menos carinhosos com eles do que em famílias não divorciadas, embora as diferenças sejam relativamente pequenas (Amato & Booth, 1997). Compatível com os achados para famílias não divorciadas, o estilo parentalque funciona bem em famílias divorciadas é autoritativo, caracterizado pelo carinho, apoio, responsividade e controle e monitoramento consistentes. Em contrapartida com os estilos parentais desengajados, autoritários ou permissivos, os filhos criados com estilo parental autoritativo possuem níveis mais altos de competência social e acadêmica e níveis mais baixos de psicopatologia (Anderson, Lindner & Bennion, 1992; Ave/oni, Sessa & Steinberg, 1999; Hetherington, 1993; Hetherington & Kelly, 2002; Marinez & Forgatch, 2002). No entanto, os pais divorciados têm menos proba- bilidade do que os pais em famílias não divorciadas de usar o estilo parenta I autorita- tivo (Hetherington, 1993; Hetherington & Kelly, 2002; Martinez & Forgatch, 2002; Simons & Associados, 1996; Thomson, McLanahan & Curtin, 1992), e os níveis médios de comportamentos problemáticos ainda são mais altos em famílias divor- ciadas versus não divorciadas, mesmo quando é usado o estilo parental autoritativo (Anderson et aI., 1992). .'~I 112 Froma Walsh Relações entre pais não residentes e os filhos o pai divorciado não residente relata forte desejo de estar envolvido com seus filhos (Braver, Ellman & Fabricius, 2003) e os próprios filhos relatam desejos similares de estarem envolvidos com seu pai não residente (Fabricius & Hall, 2000; Schwartz & Finley, 2009). Embora ainda persistam estereótipos negativos do pai não residente (Troilo & Coleman, 2007), pesquisas mais recentes mostram que, pelo menos no cur- to prazo, existe pouco ou nenhum declínio no contato entre pais não residentes e seus filhos (DeGarmo, 2010). No que diz respeito à manutenção do contato semanal ao longo do tempo, resultados de dados nacionalmente representativos reunidos da dé- cada de 1970 até 2000 apresentam aumento substancial, de 8% em 1976 para 31% em 2002; as taxas de 37% de não contato em 1976 decresceram para 29% em 2002 (Amato, Meyers & Emery, 2009). É mais provável que o contato seja mantido nas situações em que é usada media- ção, quando existe baixo conflito parental, quando o genitor não residente acredita que tem algum controle nas decisões que afetam o filho e quando o filho é um menino (Amato, 2000; Amato & Gilbreth, 1999; Braver et al., 1993; Maccoby & Mnookin, 1992). A presença de um relacionamento coparental cooperativo também está asso- ciada a um aumento no contato (Sobolewski & King, 2005). O contato está associado à adesão ao pagamento do sustento do filho de forma consistente e pontual (Juby, Billette, Laplante & Le Bourdais, 2007). É preocupante, portanto, que os pagamentos da pensão aos filhos continuem a atrasar, com dados de 2004 indicando que menos da metade paga a quantia integral (Grall, 2006). O contato frequente com o pai não residente durante a infância está associado a inúmeros resultados infantis positivos, incluindo melhores sentimentos em relação a ambos os pais (Fabricius, 2003; Fabriciuus & Luecken, 2006) e menos responsabili- zação dos pais como a causa do divórcio (Laumann-Billings & Emery, 2000). Além disso, o envolvimento de qualidade traz benefícios diretos para os filhos (Arnato & Sobolewski, 2004; Aquilino, 2006; Fabricius & Luecken, 2007; King, 2006; King & Sobolewski, 2006) e para a qualidade do relacionamento entre pai e filho e o exercício da paternidade responsiva (Sobolewski & King, 2005). Para os meninos, relações pró- ximas com o pai reduzem o sentimento de que eles mesmos irão se divorciar quando adultos (Risch, Jodl & Eccles, 2004). A maioria dos estudos demonstrou que as mães não residentes têm maior contato e proximidade com seus filhos (p. ex., Hawkins, Amato & King, 2006). Por exem- plo, em uma comparação de pais não residentes e mães não residentes, Gunnoe e Hetherington (2004) identificaram que os adoiescentes relatavam mais contato e apoio social por parte das mães não residentes do que dos pais não residentes. Além disso, a relação entre a percepção do apoio social e adaptação do adolescente era maior para aqueles com mães não residentes. Embora sejam menos autoritativas do que as mães residentes ou as mães em famílias não divorciadas, as mães não residen- tes têm maior probabilidade de empenhar esforços no monitoramento e controle do comportamento dos seus filhos e de serem mais apoiadoras e sensíveis às suas necessi- dades. As mães não residentes, no entanto, têm menos probabilidade de pagar pensão ao filho do que os pais não residentes (Sousa & Sorenson, 2006), embora a decisão judicial aumente as taxas de cumprimento (Braver et al., 1993; Grall, 2009). Final- Processos Normativos da Família 113 mente, o maior envolvimento e proximidade das mães não residentes podem interferir na formação de laços estreitos com a madrasta (Hetherington & Kelly, 2002). Relações entre os irmãos Em contrapartida com as pesquisas do pós-divórcio sobre as relações entre pais e filhos, são raros estudos sobre os irmãos. Os poucos estudos nessa área mostram que as relações dos irmãos após o divórcio parental são em geral problemáticas, marcadas por padrões de conflito e negatividade, além de um afastamento e esquiva (Conger & Conger, 1996; Hetherington, 1993; Hetherington & Kelly, 2002). No espaço de 4 a 6 anos após o divórcio, muitas dessas diferenças já foram atenuadas, embora, de acordo com as pesquisas sobre as relações entre pais e filhos, as relações entre os irmãos em famílias divorciadas continuam a ser mais negativas comparadas às de famílias não divorciadas (Anderson & Rice, 1992). Os padrões de desligamento e esquiva podem explicar por que a adaptação dos filhos está menos fortemente relacionada à qualida- de da relação com os irmãos em famílias divorciadas versus famílias não divorciadas (Anderson et al., 1992). Em divórcios polêmicos, os irmãos podem ser arrastados para lados opostos das disputas parentais, se aliando a um dos pais contra o outro (McGol- drick & Carter, 2011). Pesquisas nessa área apresentam evidências de repercussões em outras relações familiares. As relações mais negativas entre irmãos estão relacionadas a níveis mais elevados de conflito entre os cônjuges divorciados e entre pais e filhos (Conger & Conger, 1996; Hetherington, 1993; Hetherington & Kelly, 2002; MacKinnon, 1989). Com o tempo, a presença de um irmão pode introduzir o potencial para tratamen- to diferencial por parte dos pais e o envolvimento diferencial nas disputas dos pais (Greene & Anderson, 1999). Quando as relações entre irmãos são positivas, elas po- dem atenuar os efeitos de uma relação em conflito com um dos pais (Hetherington, 1993), embora os meninos pareçam receber menos apoio dos irmãos do que as meni- nas (Anderson & Rice, 1992; Conger & Conger, 1996; Hetherington, 1993). Mesmo na idade adulta, são as mães e as irmãs que promovem mais a coesão familiar por meio de ligações telefônicas, organizando atividades ou celebrações e férias conjuntas (Hetherington, 1999a). Relações com os avós Após o divórcio, frequentemente ocorre fortalecimento dos vínculos com os parentes de sangue (Gongla & Thomson, 1987). Muitas mães divorciadas recorrem aos seus próprios pais para ajuda financeira; cerca de um quarto das mulheres divorciadas vive com seus pais em algum momento após o divórcio (Hetheringron & Kelly, 2002). Muitas mães e pais residentes também dependem da sua família de origem para o cuidado dos filhos e apoio emocional. Como reflexo da desvantagem econômica, a ajuda nas famílias afro-americanas é mais provável de assumir a forma de serviços prestados, em contra partida com o apoio financeiro oferecido nas famílias brancas (Cherlin & Furstenberg, 1994). 114 Froma Walsh o divórcio também aumenta o risco de perda do contato entre avós e netos (Drew & Smith, 2002; Drew & Silverstein, 2007; Lussier, Deater-Deckard, Dunn & Davies, 2002). Constatou-se que os avós que haviam perdido contato com seus netos devido à separação, divórcio ou outros eventos tinham saúde emocional adversa,incluindo aumentos muito maiores na depressão até 15 anos depois (Drew & Silverstein, 2007). Os achados de pesquisas relacionadas ao papel dos avós na proteção das crian- ças dos efeitos adversos do divórcio parenta I têm sido variados. Algumas pesquisas identificam que as crianças, especialmente as afro-americanas em lares chefiados pela mãe, podem se beneficiar da presença de uma avó em casa (Kellam, Adams, Brown & Ensminger, 1982; Lussier et aI., 2002); no entanto, o estresse familiar pode aumentar em situações em que as avós residentes e as mães divorciadas têm conflito quanto às opiniões sobre o controle e disciplina das crianças, a vida social e o nível de indepen- dência da mãe divorciada (Hetherington, 1989). Além do mais, o apoio dos avós que vem acompanhado de conselhos, custos e restrições indesejadas não é útil para os pais ou filhos (Amato, 2000; Cherlin & Furstenberg, 1994; Hetherington, 1989; Kitson & Holmes, 1992; Miller, Smerglia, Gaudet & Kitson, 1998). Quando a presença de um dos avós tem efeitos vantajosos nas crianças, isto ocorre porque o apoio da avó con- duz à melhora na capacidade parenta I materna (Hetherington, 1989). Embora exis- tam poucas pesquisas sobre o impacto do avô na adaptação pós-divórcio das crianças, algumas evidências indicam que a presença de um avô não envolvido, competente e residente em uma família divorciada pode reduzir o comportamento antissocial e aumentar o bom desempenho dos netos (Hetherington, 1989). RELAÇÕES EXTRAFAMILlARES E DIVÓRCIO Além dos laços familiares, as relações externas da família têm o potencial de exercer influência na adaptação após o divórcio. Na verdade, essa influência pode ocorrer mesmo antes do rompimento real: É digno de nota que cerca de 75% daqueles que dão início a um divórcio relatam que um adulto confidente (p. ex., um amigo ou um membro da família) ou novo parceiro afetivo desempenhou um papel importante na sua decisão de abandonar o casamento (Hetherington & Kelly, 2002). Na sequência do divórcio, os pais aparentemente continuam a procurar o contato com esses adultos na busca de apoio e assistência. Relacionamento com parceiro afetivo O divórcio vem acompanhado do potencial legalmente e socialmente sancionado para formar novos vínculos afetivos com outros adultos. De fato, o agente contribuinte mais forte para o bem-estar e felicidade de um adulto divorciado é a eventual forma- ção de um relacionamento íntimo apoiador e de atenção mútua (Hetherington, 1993; Hetherington & Kelly, 2002). Além do mais, as situações em que o parceiro afetivo é residente proporcionam apoio mais imediato do que parceiros não residentes ou amigos e parentes não residentes (DeGarmo & Forgatch, 1997; Simons & Johnson, 1996). Ao contrário de um parceiro residente, que está disponível para dar incentivo, Processos Normativos da Família 115 conselhos e ajuda real na criação dos filhos, os parceiros não residentes, amigos e parentes, mesmo os apoiadores, podem não estar presentes para auxiliar nas respon- sabilidades do dia a dia e exercem pouca influência na qualidade da parentalidade. De maneira irônica, o potencial de um novo parceiro para oferecer apoio emo- cional e social à família nem sempre se reflete em melhora nos resultados dos filhos. A adaptação dos filhos em famílias em coabitação pode ser pior do que nas famílias divorciadas monoparentais (Buchanan et aI., 1996; Cherlin & Furstenberg, 1994; Seltzer, 2000). É possível que os estresses e desafios na formação de relacionamentos de coabitação de sucesso (p. ex., ambiguidade do papel parental do novo parceiro, incerteza de um compromisso de longo prazo), às vezes, suplantem os benefícios do possível apoio, ou que os efeitos adversos do divórcio sejam generalizados e duradou- ros (Anderson, Greene, Hetherington & Clingempeel, 1999; Buchanan et aI., 1996; Cherlin & Furstenberg, 1994). Além do mais, as famílias continuam a enfrentar o surgimento de desafios relacionados à vida pós-divórcio e à nova parceria, com re- verberações potenciais sentidas nas famílias do cogenitor (ver seções posteriores). No entanto, muitas famílias pós-divórcio, com o passar do tempo, conseguem estabele- cer relações gratificantes e um ambiente salutar em que pode se desenvolver crianças competentes (Hetherington et aI., 1998; Seltzer, 2000; Thomson et aI., 1992). Con- siderando que a coabitação é uma experiência comum para famílias pós-divórcio, voltamos nossa atenção adiante para a literatura disponível. RELAÇÕES COM NOVOS PARCEIROS E COABITAÇÃO NÃO CONJUGAL A coabitação não conjugal parece ser uma transição difícil para muitas famílias. Buchanan e colaboradores (1996) encontraram, por exemplo, que meninos em famí- lias pós-divórcio de coabitação tinham escores mais altos em quase todos os proble- mas medidos, incluindo abuso de substância, evasão escolar, comportamento antisso- cial, notas baixas e relações problemáticas com os pares, comparados com meninos em famílias recasadas. As meninas em famílias de coabitação tinham maior probabili- dade de ter relações tensas com o genitor residente do que aquelas cujos pais eram re- casados ou não possuíam envolvimento afetivo. Além disso, a parentalidade era mais problemática em famílias com namoro ou coabitação do que em famílias recasadas. A coabitação não conjugal também possui efeitos potenciais adversos para a adaptação dos adultos; o risco de abuso físico para adultos em relacionamentos de coabitação é três vezes maior do que para casais casados, 15% versus 5%, respectivamente (Waite, 2000). Talvez devido à incerteza na condição de coabitação, os casais têm menor pro- babilidade de unir as rendas, embora o compartilhamento da renda aumente quando nasce uma criança dessa união. Quando a coabitação ocorre após um noivado, tais relações podem ser mais bem-sucedidas (Stanley, Rhoades & Markman, 2006; Xu, Hudspeth & Bartkwski, 2006). Comparado com os padrastos ou pais não divorciados com filhos biológicos, o parceiro de coabitação provavelmente é menos comprometido financeiramente e emocionalmente com as crianças residentes (King, 2009). As relações dos parceiros 116 Froma Walsh afetivos de coabitação e o estilo parenta I com as crianças residentes são mais proble- máticos, com o parceiro em geral dedicando menos tempo às atividades na escola, na comunidade ou em organizações religiosas voltadas para os jovens (Ryan, Franzetta, Schelar & Manlove, 2009; Thomson et aI., 1992). Nas famílias de coabitação, a ten- são entre o parceiro afetivo e o filho pode se alastrar para relações tensas entre o genitor residente e o filho, particularmente as filhas (Buchanan et aI., 1996). Levando em conta os desafios inerentes ao divórcio, juntamente com a proba- bilidade de que muitas dessas famílias irão se recasar, que fatores contribuem para o sucesso com os novos parceiros? Embora a literatura atual seja limitada sobre o tema do novo parceiro pós-divórcio, parece provável que o período anterior ao verdadeiro recasamento legal abranja um período de níveis potencialmente dramáticos de mu- dança quando o genitor, o novo parceiro afetivo e os filhos se encontram e começam a formar a base para novos relacionamentos e tentam forjar um novo sistema familiar. De maneira específica, o sucesso da nova parceria pode depender da forma como os genitores administram três desafios centrais no processo de formação de novo casal: (1) desenvolver estratégias efetivas para decidir namorar outras pessoas; (2) servir como guardiões ou reguladores das informações para os filhos referentes à sua nova parceria ou à nova parceria do seu ex-cônjuge; e (3) atuar no gerenciamento das rela- ções emergentes nas famílias com novos parceiros. Como parte do primeiro desafio, o desenvolvimento de estratégias para decisão quanto ao namoro, os pais precisam avaliar a sua disponibilidade pessoal para iniciar o processo de namoro; alguns já haviam começado o processo de um nova parceriamesmo enquanto o casamento se dissolvia, enquanto outros podem ainda não estar prontos por meses ou mesmo anos após o divórcio. Os pais também precisam decidir sobre seus critérios de escolha para o novo parceiro afetivo, incluindo as estratégias usadas para conhecer outras pessoas, como um contexto específico para encontros que eles escolhem como forma de ter acesso a uma fonte potencial de parceiros elegíveis (p. ex., trabalho, bares e clubes, organizações religiosas, anúncios pessoais, internet, contato com amigos ou parentes). Por fim, os pais precisam determinar até que ponto considerações sobre o filho afetam o processo de namoro, incluindo o próprio nível de prontidão e a adaptação individual do filho. A presença de filhos residentes parece au- mentar a chance de formar uma união com um novo parceiro que também tenha filhos (Goldscheider & Sassler, 2006), e existem algumas pesquisas que sugerem que a adap- tação positiva do filho pode acelerar o processo de definição de uma nova parceria (Forgatch et aI.,1996; Montgomery, Anderson, Hetherington & Clingempeel, 1992). No que diz respeito ao segundo desafio, os pais devem cumprir o papel de guardiães, administrando se, quando e como revelar informações relativas ao relacionamento afe- tivo em si (p. ex., a extensão dessa revelação, o seu momento e nível de adequação à fase desenvolvimental do filho). Por exemplo, eles devem decidir como administrar a exposição do filho a um envolvimento sexual implícito entre o genitor e o parceiro, tal como a frequência e o momento do novo casal passar a noite juntos (Anderson et aI., 2009). O sucesso com o qual o genitor consegue manejar tais situações tem implicações potenciais importantes para os filhos. Níveis inapropriados de exposição e conhecimen- to podem levar a um conhecimento sexual precoce (Hetherington, Cox & Cox, 1978; Wallerstein & Kelly, 1980) e aumentam o estresse e os comportamentos de atuação em adolescentes (Koerner, Wallace, Lehman, Lee & Escalante, 2004). Processos Normativos da Família 117 Com o terceiro desafio, gerenciar as relações emergentes, os pais precisam in- corporar o novo parceiro afetivo ao sistema existente com os filhos, além de deci- dir sobre o nível de envolvimento do parceiro na disciplina. Também devem existir oportunidades para atividades conjuntas entre os filhos e o novo parceiro afetivo. As atividades compartilhadas podem influenciar o quanto as famílias se adaptam no longo prazo ao novo parceiro afetivo (Montgomery et aI., 1992). De modo seme- lhante, a adaptação das famílias aos eventos pós-divórcio, tais como um novo par- ceiro dos pais acontece tendo como pano de fundo uma influência mútua e recursiva entre os membros da família. As formas pelas quais o genitor responde à interação entre o novo parceiro afetivo e o filho oferece, por exemplo, um sinal para o filho de como interpretar e reagir ao comportamento do parceiro. A resposta do filho à abertura dada pelo novo parceiro afetivo oferece ao genitor um meio de avaliar o sucesso da integração do parceiro à família e, assim, uma avaliação indireta das perspectivas de longo prazo para o relacionamento com o novo parceiro. Além do mais, embora boa parte dessa discussão sobre o novo parceiro parental pós-divórcio tenha se referido ao genitor residente, a escassa pesquisa disponível demonstra que mesmo as mudanças na vida afetiva do genitor não residente exercem efeitos no desenvolvimento do filho (Anderson et aI., 1999). Em resumo, a negociação das transições familiares em torno do novo parceiro pós-divórcio tem implicações im- portantes para a adaptação do adulto e da criança e o funcionamento parentaI. Mais pesquisas são necessárias para identificar os mecanismos envolvidos no sucesso da formação de novas parcerias e para informar a teoria e as intervenções com popu- lações divorciadas. o SISTEMA LEGAL E AS FAMíLIAS EM PROCESSO DE DIVÓRCIO O divórcio se tornou um foco importante para a política social (Amato, 2004). O go- verno federal dos Estados Unidos criou uma iniciativa importante para apoiar o ca- samento, e três Estados instituíram leis de pacto no casamento como uma forma de desencorajar o divórcio. Nas duas últimas décadas, muitas jurisdições americanas adotaram estatutos que promovem a custódia legal conjunta, a responsabilidade pa- rental compartilhada e o contato contínuo com ambos os pais. Além do mais, quase metade dos condados norte-americanos tem algum tipo de programa de educação parental estabelecido para pais em processo de divórcio (Arbuthnot, 2002). Cerca de 10% das famílias que estão se divorciando não conseguem atingir até mesmo um nível mínimo de entendimento que permita a coparentalidade dos seus filhos (Grynch & Fincham, 1999; Maccoby, Depner & Mnookin, 1990). Estes casos de relações com alto nível de conflito doméstico são reconhecidos como reincidentes, uma vez que essas famílias repetidamente recorrem a processos judiciais devido aos desentendimentos constantes. Os casos de famílias com alto nível de conflito conso- mem uma quantidade desproporcional de recursos para o tribunal e contribuem para o desgaste entre os advogados de família. O alto nível de conflito há muito tempo tem sido associado a resultados deficientes nos filhos; assim, essas famílias representam riscos e desafios especiais para os cientistas sociais, legisladores e tribunais. 118 Froma Walsh Consequentemente, existe uma preocupação crescente de que procedimentos de disputa possam prender as pessoas ao litígio, dando origem a esforços alternativos para estimular meios não litigiosos de decidir questões de custódia legal e física, ho- rários de visitas e planos parentais (p. ex., Atwood, 2007; Warshak, 2007a, 2007b). Os esforços alternativos incluem mediação e divórcio colaborativo (Emery, 2007). Os resultados de intervenções que empregam abordagens de leis colaborativas são promissores (Ebling, Pruett & Kline Pruett, 2009). O uso da advocacia colaborativa, por exemplo, estava associado a um melhor funcionamento psicológico das mães, o que produz efeitos indiretos nos resultados dos filhos (Pruett, Williams, Insabella & Little, 2003). Além do mais, o uso de mediação no divórcio demonstrou reduzir as taxas de processos e estimulou a coparentalidade (Emery,Laumann-Billings, Waldron, Sbarra & Dillon, 2001; Emery, Sbarra & Grover, 2005). As famílias com alto nível de conflito que ficam atreladas ao sistema legal es- tão essencialmente permitindo a determinação judicial da custódia. Ajuíza Judith Kreeger (2003) levanta a preocupação de que a maioria dos magistrados, embora experientes em leis de família, possuem pouco treinamento formal em sistemas fa- miliares, saúde mental e questões do desenvolvimento infantil. Em tais casos, os juízes podem se basear nos avaliadores de custódia para auxiliarem na tomada de decisão, uma prática que tem sido criticada (Emery, 2007; O'Connell, 2007; Tippins & Wittmann, 2005). Em resposta à demanda dos profissionais por diretrizes de custódia mais claras (Emery, 2007), o American Law Institute recomendou a inclusão de uma regra de aproximação para orientar os casos de disputa de custódia. Essa abordagem envolve a determinação da custódia física com base na proporção de tempo que o filho já passou com cada um dos pais no passado. O objetivo da aproximação é ancorar as decisões de custódia na experiência "vivida" (Atwood, 2007), extrapolando do com- portamento parenta I passado para prever o que provavelmente poderá ser o compor- tamento parenta I futuro (Emery, 2007). Em contra partida, os acordos nas disputas de custódia têm sido historicamente determinados pelo uso do padrão do melhor interesse da criança, uma abordagem que tem sido criticada devido à falta de consen- so sobre o que na verdade constitui o melhor interesse da criança (p. ex., Emery, Otto & O'Donohue, 2005; O'Connell, 2007). Recentemente, surgiu um debate sobre os méritos relativos das duas abordagensem Child Development Perspectiues (Atwood, 2007; Emery, 2007; Lamb, 2007; O'Connell, 2007; Warshak, 2007a, 2007b). Entre- tanto, mesmo entre autores com diferentes pontos de vista sobre esse debate, existe um forte consenso de que a parentalidade com conflito mínimo é o ideal para as crianças, com a combinação de um plano parenta I determinado pelos próprios pais (Atwood, 200l; Emery, 2007; Lamb, 2007; O'Connell, 2007; Warshak, 2007a, 2007b). Emery (2007) afirma que "a autodeterminação parenta I deve ser a primeira prioridade dos pais e o objetivo primordial do nosso sistema legal" (p. 133). Assim sendo, os profis- sionais devem estar preocupados com a identificação de alternativas a um novo litígio e a promoção de um contato significativo dos filhos com ambos os genitores (Emery et aI., 2005). Existem intervenções psicológicas para famílias em processo de divórcio com alto nível de conflito, mas ainda precisam ser testadas no campo. As abordagens promissoras incluem a terapia familiar multinível integrativa de Lebow (2003) e o modelo de comunicação controlada de Golan (2005). Processos Normativos da Família 119 RESUMO O colapso de um casamento dá início a uma série de mudanças notáveis nas vidas de pais e filhos. Enquanto são enfrentados desafios emergentes, com novas relações formadas e os papéis e processos familiares alterados, a maioria dos adultos e crian- ças experimentam estresse considerável. Embora cerca de um quarto experimentem problemas duradouros de adaptação, deve ser sublinhado que a maioria é resiliente, capaz de seguir em frente e levar uma nova vida satisfatória. A resiliência pós-divórcio depende em grande parte da habilidade dos pais e filhos para desenvolver relações es- treitas, construtivas e mutuamente apoiadoras que desempenhem um papel profundo na proteção das famílias dos efeitos das adversidades relacionadas. REFERÊNCIAS Ahrons, C. R. (2011). Divorce: An unscheduled family transition. In M. McGoldrick, B.Carter, & N. Garcia-Preto (Eds.),The expanded family life cycle: Individual, family, and social perspectiues (4th ed., pp. 292-306). Boston: Allyn& Bacon. Amato, P.R. (2000). The consequences of divorce for adults and children. journal of Mar- riage and Family, 62, 1269-1287. Amato, P.R. (2004). Tension between individual and institutional views of marriage. [our- nal of Marriage and Family, 66, 959-965. Arnato, P.R. (2010). Research on divorce: Continuing trends and new developments.jour- nal of Marriage and Family, 72, 650-666. Amato, P.R., & Boorh, A. (1997). A generation at risk: Growing up in an era of family upheaval. 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