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Matéria de Direito do Trabalho II 2º Bimestre

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DIREITO COLETIVO DO TRABALHO.
1) Introdução Histórica.
O trabalho livre e de forma organizada surge na Idade Média com os pequenos artesãos, que formas as chamadas corporações de ofício. Essas corporações tinham uma formação dualista, ou seja, em uma classe estavam os mestres que detinham o conhecimento sobre a prática de certo ofício, e, esses mestres aceitavam aprendizes, os quais tinham por objetivo aprender sobre aquela prática e com isso, tornarem-se mestres também. Acontece que estes últimos não permitiam que os aprendizes progredissem para o cargo mais elevado (até como forma de evitar a concorrência), assim, esses aprendizes passaram a ser chamados de companheiros (um estágio entre aprendiz e mestre). Conforme os tais companheiros não admitissem mais essa condição de subordinados, aconteceu a famosa “revolta dos compagnólius” (revolta dos companheiros). Muitos doutrinadores indicam a revolta dos companheiros como o marco histórico inicial do surgimento do Direito Coletivo do Trabalho, o que o prof. Otávio entende que não é o correto. Na revolta dos companheiros não existiu o propósito de luta pelos Direitos do grupo, mas sim de propósitos individuais. Com a Revolução Francesa foram extintas as corporações de ofício, porque as mesmas retiravam os direitos dos aprendizes. A Revolução Francesa pregava a liberdade nas relações de trabalho, como forma de se evitar a exploração que era feita pelos mestres das corporações de ofício.
Porém com o tempo, e o advento da Revolução Industrial, aqueles mesmos que pregavam a liberdade nas relações de trabalho, perceberam que essa liberdade não se sustentava na prática diante do poder do capital. 
Daí que foi surgindo o entendimento de que era necessário aos trabalhadores buscarem uma forma de contrapor-se àquela força de seus empregadores. Esse é o momento histórico em que se dá o início do Direito Coletivo do Trabalho, e do próprio Direito do Trabalho. 
As aglomerações que foram surgindo nos parques fabris das industrias era onde se discutia a possibilidade dos trabalhadores, em conjunto, vindicarem melhores condições de trabalho.
Através das reuniões que eram realizadas nos parques fabris é que se formava a consciência coletiva da classe dos trabalhadores, de que poderiam reivindicar em conjunto a solução dos seus problemas, que no geral eram comuns a todos eles (v.g.: extensa jornada de trabalho, remuneração ínfima, discriminação do trabalho de mulheres, crianças e adultos). 
Com as manifestações surgidas nesse período é que se firmou o entendimento de que a autonomia da vontade nas relações de trabalho teria que ser mitigada, pela ingerência Estatal na relação de trabalho, estabelecendo parâmetros mínimos que deveriam ser observados pelos empregadores.
2) Denominação do direito coletivo do trabalho.
Há quem defenda que a disciplina deva chamar-se: Direito Sindical, ficamos com a definição Direito Coletivo do Trabalho que foi adotado pelo TST em seu programa para o concurso de Juiz do Trabalho.
3) Autonomia do direito coletivo do trabalho.
O que tem prevalecido em sede doutrinária é que o Direito Coletivo do Trabalho é sim uma ciência autônoma em relação aos demais ramos do Direito. Fundamenta-se tal entendimento em que o Direito Coletivo do Trabalho possui princípios próprios, e instrumentos de atuação diferentes daqueles utilizados pelo Direito Individual do Trabalho.
4) Problematização.
a) Como o Estado-Juiz pode contribuir para a promoção da liberdade, igualdade e dignidade das pessoas? 
b) Como proteger o meio ambiente (incluindo o do trabalho), o consumidor e os grupos vulneráveis (mulheres, negros, homoafetivos, crianças, idosos, trabalhador escravo, sem-terra, indígenas, entre outros)? 
c) A politização da Justiça ou a judicialização da política podem contribuir para a criação de um sistema juridicamente justo? 
d) E o que dizer do movimento de constitucionalização do processo, especialmente do processo do trabalho? 
e) Como fazer para que o processo contribua para o efetivo acesso substancial à Justiça? 
A resposta desses reclamos perpassa pela análise da própria evolução histórica do Direito do Trabalho, e das transformações do Estado ao longo dos anos e dos respectivos sistemas jurídicos criados a partir dessa ideologia prevalecente.
4) A transformação do trabalho.
A transformação da forma de trabalho, será decisiva para que o mesmo passe a ser enxergado de forma diferente pela sociedade, desaguando no Direto e Processo do Trabalho que conhecemos hoje. 
Os fatos significativos desse período histórico são os seguintes:
a) Revolução Industrial iniciada no Século XVIII: a utilização de forças mecânicas em substituição à força humana, foi um fato que gerou a concentração da produção em larga escala, constituiu-se assim na evolução do maquinismo. O marco inicial da evolução industrial foi o surgimento da máquina a vapor (em Soho, em 1775, para trabalhar em uma mina de carvão);
b) Embora a máquina a vapor tenha marcado o início definitivo da evolução do maquinismo, já antes, desde 1738 já havia sido inventada a máquina de fiar, que foi seguida por novas máquinas que por sua vez eram instaladas em grandes parques fabris e com isso surgiram as indústrias; e
c) Finalmente o advento da eletricidade em 1880 acelerou ainda mais os meios de produção, e gerou ainda maiores transformações nos meios de trabalho.
Esses fatos modificaram as condições de trabalho então vigentes, passava-se de uma condição de trabalho manufatureiro e familiar, para um trabalho de produção sistematizada e de larga escala.
d) Proletariado: (na Roma antiga o termo proletariado designava os cidadãos da classe mais baixa, que não pagava impostos e era considerado útil apenas pelos filhos que gerava), modernamente era o trabalhador que vivia exclusivamente de sua força de trabalho, prestava serviços nas fábricas, em jornadas que variavam entre 14h e 16h diárias, eram trabalhadores que emigravam dos campos para as cidades em busca de melhores condições de vida inspirados pelo surgimento das indústrias.
5) O modelo de mercado.
Nesse período histórico de transformação do mundo do trabalho, o modelo econômico que predominava era o pensamento liberal capitalista, cujas principais teorias foram:
a) O trabalho era visto como um dos fatores da produção; 
b) A doutrina mercantilista: riqueza estava na acumulação do ouro e da prata, admitindo-se pequena ingerência do Estado para facilitar as práticas mercantis, após começou-se a dar mais importância às indústrias; 
c) doutrina da ESCOLA FISIOCRÁTICA: surge em 1750 em oposição ao mercantilismo, pugna por uma ordem social e econômica sem excessivo protecionismo e regulamentação detalhada, exaltando-se o princípio de uma ordem natural e espontânea. Deram origem ao adágio LAISSER FAIRE, LAISSER PASSER (deixe fazer, deixe passar); 
d) Doutrina liberal: predomina com o pensamento da igualdade entre os homens e prega a menor ingerência possível do Estado nas relações comerciais e de trabalho, reforçou o “laisser faire, laisser passer” (deixe fazer, deixe passar). O contrato era sinônimo de liberdade, acreditava-se no equilíbrio das relações econômicas e trabalhistas. O liberalismo firmou-se de vez como paradigma político e econômico predominante com o advento da Revolução Francesa (1789). Nas relações econômicas acreditava-se na existência de uma mão imaginária (o mercado) que regularia e resolveria os problemas advindos das relações econômicas: “uma mão invisível capaz de regular os problemas sociais e econômicos”.
Os principais princípios inspiradores da Revolução Francesa: 
a) Igualdade de todos os homens perante a Lei; 
b) Ausência de um Direito natural que obrigasse um homem a tornar-se escravo de outro;
c) Que o poder existe no interesse do povo e não dos seus governantes; 
d) Que todos os homens tem liberdade de crença; 
O principal instrumento jurídico proveniente da Revolução Francesa: 
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão é produto da Revolução Francesa ocorrida em 1789(queda da bastilha em 14 de julho de 1789); Ocorreu em 26 de julho de 1789, como produto de um processo revolucionários iniciado em 14 de julho do mesmo ano (o Rei havia convocado uma assembleia geral com representantes supostamente populares, mas não concordou com algumas de suas decisões e decidiu fechá-
lo o que provocou o cume da revolução francesa em 14 de julho de 1789 quando a população invadiu a prisão de Bastilha para tomarem mais armas, diante disso pressionaram o Rei e houve a convocação de uma Assembléia Constituinte que votou a declaração dos Direitos do Homem em 26 de julho de 1789); 
Nesse contexto começaram a surgir de forma isolada várias Leis regulando a matéria de Direito do Trabalho, e o que marca o declínio do apogeu do paradigma liberalista.
6) O Estado Liberal.
O modelo de Estado desse período histórico era o liberal, em que não havia intervenção do Estado na sociedade, devendo prevalecer o pactuado entre os particulares, portanto o sistema jurídico criado nesse período era essencialmente aberto, sem normas que regulassem a atividade particular das pessoas. A ação do Estado nada mais é do que a derivação do direito de propriedade em juízo. Daí a supremacia, quase absoluta, do princípio do dispositivo.
7) O Estado Social.
Atuaram para a evolução de um Direito Social mínimo regulador das relações de trabalho, a ação de trabalhadores reunindo-se em associações para defesa dos interesses comuns.
Foram fatos relevantes deste período: 
a) O grande número de acidentes de trabalho: foram várias as mortes e mutilações desse período; 
A partir destas várias tensões da sociedade industrial em formação é que surgiu a necessidade de evoluir do modelo político liberal para se chegar ao Estado Social (ou Estado Providencia, ou Estado de Bem-Estar Social). 
Ocorre que a implantação deste modelo de Estado Social não pode ser visto apenas como a concretização de pleitos da sociedade proletária, antes de mera conquista social, referido modelo de Estado serviu também como resposta do modelo liberalista em contraponto com a doutrina socialista (novo modelo de economia de mercado, que colocava em cheque o modelo liberal), que se alastrava por todo o Leste Europeu.
8) Primeiro Diplomas Jurídicos.
Nesse tempo surgiram os primeiros diplomas jurídicos relevantes na seara do trabalho (Constitucionalismo Social), que marca definitivamente um compromisso do Estado e da sociedade com o implemento e satisfação de tais interesses, os principais diplomas desse período são:
a) Tratado de Versalhes de 1919: Colocou fim à Primeira Guerra Mundial, criou a OIT (organização voltada para a proteção do trabalho e formação de um Direito Internacional do Trabalho, assegurador de condições mínimas de trabalho em todos os países). O art. 427, do Tratado assim dispunha: “o trabalho não deve ser considerado como simples mercadoria ou artigo de comércio, mas como colaboração livre e eficaz na produção de riquezas”. 
b) Constituição Mexicana de 1917: Estabelecia jornada de 8 horas –proibição do trabalho de menores de 12 anos – 6 horas de jornada para menores de 16 anos –descanso semanal –jornada máxima noturna de 7 horas –descanso semanal –proteção à maternidade –salário mínimo –adicional de horas extras –proteção contra acidentes do trabalho, entre outros; 
c) Constituição de Weimar de 1919: Considerada como a base das novas Democracias Sociais, assegurava direitos mínimos e abertos: Estabelecia trabalho sob a proteção do Estado –garante o direito de liberdade de associação –permite a participação do trabalhador no processo político –institui conselhos nas empresas, entre outros. 
d) Carta Del Lavoro de 1927: Marcou definitivamente a interferência do Estado nas relações de trabalho, tendo servido inclusive de inspiração para a CLT. Tinha uma visão essencialmente corporativista, já que este paradigma era extremamente difundido nesta época. Na organização corporativa, a categoria profissional, os componentes do ordenamento corporativo, não são todos os cidadãos, mas apenas os produtores. Os sindicatos dependiam o reconhecimento do Poder Público, e não poderia haver mais de um sindicato reconhecido com poderes legais de representação da categoria respectiva. 
8) Sistemas de produção e derruição do modelo de Estado de bem estar social.
Após esse período se destacam no mundo do trabalho os novos paradigmas de produção e organização do trabalho, que repercutem no Direito laboral, os principais sistemas de produção desse período são:
	
a) Fordismo: durou de 1910 até 1960. Desenvolveu o modelo de linha de produção de automóveis, significava a especialização empresarial em um só produto e cada operário realizando determinada tarefa. O regime de acumulação fordista estava centrado na produção de massas, através de uma linha montagem em que o trabalho é fragmentado, assegurando uma unidade do processo de produção. Correspondia ao paradigma do Estado de Bem estar social; 
Daí o conceito de Estado de bem estar social perdura até 1970, quando é colocado em cheque por três classes de fatores: 
a.1) Fatores Políticos: Já não havia tanta ameaça ao modelo capitalista. O Neoliberalismo havia conseguido vencer seu principais inimigos tradicionais (p. ex.: movimento socialista, o ativismo dos operários); 
a.2) Fatores Produtivos: Iniciou-se a terceira revolução industrial, a revolução tecnológica: a tecnologia dinamizou os meios de comunicação e permitiu que o gerenciamento dos meios de produção se dessem à longas distancias, até mesmo de outros países, o que estabeleceu uma nova dinâmica nas relações de produção, fulcrada na descentralização da produção, buscando mão de obra barata até mesmo em países diferentes; 
a.3) Fatores Econômicos: Irrompe na década de setenta uma crise econômica mundial, influenciada pela globalização e abertura dos mercados e a competição dos produtos, e pela crise do petróleo de 1973.
Tudo isso leva ao surgimento de um novo paradigma de meio de produção, no qual a tônica será a ruptura com o Estado do Bem estar Social do pós-guerra e a defesa da precarização das relações de trabalho, como instrumento de aumento da competitividade da produção pela diminuição dos custos da mesma.
b) Toyotismo: Adotado pelos países do Ocidente. A atividade industrial se rege de acordo com a demanda. O consumo é a mola de impulso da produção (rompe-se com o padrão fordista da produção em série e em massa). A indústria possui um quadro de pessoal bastante enxuto, e conforme a demanda são contratados novos trabalhadores precariamente. Há uma acentuação da tecnologia e o operário manipula várias máquinas. Há a descentralização da produção para várias empresas, tudo sobre o gerenciamento de uma empresa mãe que cuida de manter a unidade da produção. 
c) Dumping Social: É a designação atribuída a sistemas produtivos marcados pela informalidade laborativa ou pelo implemento de fórmulas relacionais de acentuada desproteção e despojamento de Direitos do Trabalho, além da depredação do meio ambiente laboral, cujo maior expoente mundial são os Tigres Asiáticos e a China; 
Estamos em um momento em que, pela E.C 45/04, o Direito do Trabalho dá mostras de sua auto afirmação? Ou não?
Modernamente a OIT, seguida por alguns países Europeus, primando pela salvaguarda de Direitos Sociais mínimos, tem se levantado postulando o estabelecimento de barreiras à produtos de países que não respeitam um mínimo de Direitos sociais de seus trabalhadores, cometem o chamado dumping social.
9) Crise no Direito do Trabalho.
Há consenso doutrinário de que o processo do trabalho passa por um momento de crise em seus supostos, ruptura paradigmática e surgimento de novos postulados.
Não há como conceber o Direito senão como o produto inacabado das constantes interações humanas, mas é possível dimensionar os campos de composição do Direito. 
Grosso modo, admitido tal paradigma, podemos dizer que o Direito possui três dimensões de abordagem e análise: 
a) Sob o aspecto dos fatos: O Direito ocorre e é formado a partir dosfatos havidos na sociedade. Ou seja, só há Direito pela ingerência dos fatos reais e concretos da vida social. São esses fatos reais e concretos que darão origem ao Direito. Daí falar-se em Dimensão Fática do Direito; 
b) Sob o aspecto das ideias: O Direito é formado por ideias, e essas são estabelecidas a partir dos fatos vividos em sociedade, ou seja, a forma de interpretação dos fatos da sociedade, o valor que se dá a esses, também influencia na formação do Direito. Daí falar-se em Dimensão Axiológica do Direito; e
c) Sob o aspecto das normas jurídicas: Os fatos da sociedade somados à valoração que é feita dos mesmos, inspiram a criação de estruturas jurídicas que servirão para regular essa convivência em sociedade. Daí falar-se em Dimensão Normativa Do Direito.
10) Transformação do Conceito de Direito do Trabalho.
Para se definir um conceito de Direito do Trabalho é preciso ter em mente seus dois elementos indispensáveis: 
- Quanto aos sujeitos envolvidos no Direito do Trabalho. Divide-se em duas correntes doutrinárias: 
a) Corrente Restritiva: Formada pela doutrina tradicional, entende que os sujeitos envoltos no Direito do Trabalho são apenas os empregadores e os empregados (urbanos, rurais e domésticos), este último entendido como trabalhador subordinado, sendo que se trata de uma interpretação superada; e
b) Corrente Ampliativa: Modernamente se tem pensado o Direito do Trabalho como o ramo jurídico de regula as relações entre todas as espécies de tomadores de mão-de-obra, e todas as espécies de trabalhadores por conta alheia, incluído os autônomos pessoa física, seja trabalho subordinado ou não, contínuo ou não; 
- Quanto ao conteúdo regulado pelo Direito do Trabalho: do mesmo modo contrapõem-se duas correntes doutrinárias: 
a) Corrente Restritiva: Pela qual o Direito do Trabalho deveria apenas regular as relações de um tipo especial de trabalho: a relação de emprego, e outras formas de trabalho executadas por trabalhadores de pouca capacidade econômica: pequenos operários, trabalhadores avulsos e artífices. Essa corrente era a prevalecente até o advento da EC 45/04; e
b) Corrente Ampliativa: Defende que o Direito do Trabalho deve cuidar de todas as formas de trabalho humano, seja por conta própria, seja subordinado, seja oneroso, seja gratuito. Trata-se da corrente prevalecente desde o advento da E.C 45/04; 
Assim, modernamente o Direito do Trabalho pode ser conceituado como o ramo autônomo do Direito que regula as relações jurídicas de trabalho lato sensu, havidas entre todas as espécies de tomadores de mão-de-obra, e todas as espécies de trabalhadores por conta alheia, incluídos os autônomos pessoa física, seja trabalho subordinado ou não, contínuo ou não.
ESCOPOS DA JURISDIÇÃO.
1) Introdução.
A jurisdição, ou poder jurisdicional, podem ser conceituados, grosso modo, como o poder-dever de dizer o direito material das partes em litígio, que é concentrado nas mãos do Estado, que o exerce de forma descentralizada e hierarquicamente sistematizada. 
Os escopos da jurisdição são finalidades pretendidas pelo próprio poder jurisdicional, assim são comuns a todos os ramos do Direito Processual, podem ser divididos em: a) social; b) político; c) jurídico. 
a) Escopo Social: A finalidade da jurisdição é a composição dos conflitos sociais, com vistas a atingir a paz social e garantir a segurança jurídica das pessoas de que aquela discussão chegou a um fim (deriva imediatamente do atributo da definitividade das decisões judiciais); 
b) Escopo Político: Do ponto de vista político a jurisdição se revela um instrumento de democracia direta, pois garante a interferência dos cidadãos no exercício de um dos poderes do Estado (o poder jurisdicional no qual os cidadãos interferem como parte), além disso o processo justo também assegura um Estado Democrático de Direito; e
c) Escopo Jurídico: A jurisdição é o instrumento de concretização da vontade manifesta do ordenamento jurídico, ou seja, é a forma de se garantir a tutela dos Direitos Materiais garantidos pelo ordenamento jurídico (é sob esse ponto de vista, um instrumento de força do Estado, pelo qual ele dá concretude às regras de Direito Material estabelecidas).
2) Funções dos Princípios.
A doutrina aponta ao menos quatro funções essenciais dos princípios em todo o ordenamento jurídico: 
a) Função Informativa: Também chamada de função pré-jurídica ou política. Os princípios informam o legislador na hora da criação das Leis, indicam qual caminho deverá seguir, de modo que seja criada uma legislação que se ajuste ao ordenamento jurídico principiológico existente; 
b) Função Interpretativa: Os princípios servem para indicar ao exegeta a melhor forma de se interpretar aquela regra, ou seja, a regra jurídica deverá ser interpretada conforme determinado princípio que também norteou a criação dessa mesma regra, consoante seu efeito informativo. A função interpretativa é a função mais clássica e recorrente da utilização dos princípios;
c) Função Integrativa: Os princípios atuam como fontes formais supletivas do Direito, assim os princípios são aplicados ao caso in concretu sempre que o ordenamento jurídico for lacunoso em regrar aquele caso; e
d) Função Normativa Concorrente: Trata-se de uma construção da doutrina contemporânea, que busca fortalecer a importância da matiz principiológica do Direito.
3) Princípios Universais do Trabalho.
A OIT faz sua conferência anual em Genebra na Suíça, e nos anos 80 se percebeu o desinteresse de países membros em ratificar suas convenções internacionais, e com isso a OIT se reinventou novamente para se adequar à essa nova realidade, com isso fez uma revisão de toda sua normatividade identificando as disposições fundamentais para preservação do Direito do trabalho, e assim em 1989 a OIT adotou a declaração dos princípios fundamentais do Direito do trabalho: 
a) Proibição do trabalho forçado (tratados nas convenções: 29, 105); 
b) Erradicação do trabalho infantil (tratados nas convenções: 138, 182); 
c) Combate à discriminação ao acesso e manutenção do trabalho (tratados nas convenções: 100, 111); e
d) Negociação coletiva e liberdade sindical (tratados nas convenções: 87, 98) 
Torna-se obrigatória que os países membros da OIT aplique a declaração dos princípios fundamentais do Direito do Trabalho, o simples fato de se pertencer à OIT implica a aceitação desses princípios como valores fundantes do Direito do Trabalho desses países membros. 
Além disso, as normas votadas nas convenções da OIT devem ser adotadas em sua integralidade, quer dizer, diferentemente das demais convenções internacionais, as convenções da OIT não admitem a ratificação parcial, só a total.
3.1 - Trabalho Forçado - Convenção 29 e 105 da OIT.
A OIT não utiliza a denominação “trabalho escravo”, mas sim trabalho forçado, que significa qualquer trabalho para o qual o trabalhador não se ofereceu espontaneamente.
Regime de barracão: nomenclatura para designar o modelo de exploração de trabalho forçado no Brasil, onde ocorre a contratação por meio de “gatos” que contratam para trabalho em locais longínquos...
3.2 - Liberdade Sindical - Convenção 87 da OIT.
Trata-se de uma norma definidora de direitos humanos, aliás, um dos mais importantes direitos humanos, a liberdade sindical e da própria liberdade de expressão.
A ratificação da convenção 87 tem sido entendida à luz de sua inconstitucionalidade diante do primado da unicidade sindical assegurada no art. 8º, da CF. 
Porém é possível admitir sua ratificação na forma do atual §3º do art. 5º, CF, e neste caso seria a hipótese de revogação da unicidade sindical e outros dispositivos do art. 8º da CF.
3.3 - Trabalho Infantil - Convenção 138 e 182 da OIT
Arrumar a cama, pequenos deveres do lar não são consideradas modalidades de trabalho infantil à luz da convenção 128 da OIT, o que não se confunde com a criança (irmã mais velha, criança do interior etc) que assume os trabalhos da casa... 
Mesmo o trabalho leve não pode comprometer o acesso eo sucesso na escola. 
3.4 - Discriminação - Convenção 100 e 111 da OIT.
Asseguram o direito à um tratamento equitativo, sem preconceitos por qualquer fator discriminatório, tanto no ambiente do trabalho, como no acesso ao trabalho.
4) Princípios Constitucionais do Trabalho.
São princípios que valorizam o trabalho humano, especialmente o trabalho regulado formal sob o vínculo empregatício. São eles:
a) Princípio da Valorização Do Trabalho: Tamanha a sua importância que foi repetido diversas vezes no texto Constitucional (LER: art. 1º, IV; 6º; 170, caput; 193, todos da CF). Assim o valor social do trabalho desponta como um dos princípios cardeais da ordem democrática brasileira. Ao relevar o trabalho ao patamar de direito social, a Constituição reconhece que o trabalho não é um simples fator da produção, mas um direito da sociedade proletária. Talvez o instrumento jurídico de maior afirmação da cidadania, pois é através do trabalho que o homem se afirma no plano individual, familiar e social. Através do trabalho se garante um mínimo de poder social, de distribuição de riquezas à grande massa da população. 
Deve-se ter em mente, todavia, que o “trabalho” valorizado pela Constituição é o trabalho formal, que no Brasil é regulado pelo contrato de emprego, assim quando se fala em valorização do trabalho humano, quer se falar em valorização do trabalho regulado, e não simplesmente de qualquer trabalho informal. 
b) Princípio da Justiça Social: Também se trata de um princípio repetido em diversas oportunidades do texto Constitucional (LER: art. 3º, I e III; art. 170, caput, III, VII, VIII; art. 193, todos da CF). A Justiça Social dispõe que, independente das aptidões, talentos e virtudes individualizadas, todas as pessoas humanas possuem Direito ao acesso à utilidades essenciais e existentes na comunidade. A ideia de Justiça Social se contrapõe/confronta ao ideário do Estado liberal capitalista em que as relações sociais e de trabalho são livres e somente o mercado econômico deve cuidar da realização individual, material e social das pessoas. Reconhecido o caráter distributivo do Direito do Trabalho, a Justiça Social age como um dínamo instigar do desenvolvimento desse ramo especializado.
c) Princípio da Submissão da Propriedade à sua Função Socioambiental: A função socioambiental da propriedade é abstraída dos comandos do art. 5º, XXII e XXIII, c.c art. 170, III, c.c art. 200, VIII, c.c art. 225, caput3, todos da CF (LER). Significa dizer que embora nosso Estado tenha adotado o modelo capitalista de mercado (art. 1º, IV, CF), admitindo a propriedade privada, restringiu essa à consecução de sua função social, aqui incluída a função social do meio ambiente de trabalho. Diante disso se exige que o trabalho seja realizado de forma digna e que LER: agregue valor aos seres humanos, à convivência e aos valores da sociedade, à higidez do meio ambiente geral e especialmente o meio ambiente do trabalho.
d) Princípio da Dignidade da Pessoa Humana: Princípio fundante de nossa República (LER: art. 1º, III da CF), verificado por alguns como o maior de todos os princípios do nosso ordenamento jurídico, seria o vértice concêntrico do qual irradiam todos os demais princípios de nosso ordenamento jurídico. Significa que o valor central das sociedades, do Direito e do Estado contemporâneos é a pessoa humana em sua singeleza, independente de seu status econômico, social, político ou intelectual. A dignidade da pessoa humana releva não apenas o caráter meramente de salvaguarda da integridade física e psíquica do homem, mas também sua afirmação social, e neste ponto, o trabalho formal sob o vínculo de emprego, é o principal garantidor dessa inserção social, é inegável que o trabalho influencia na realização pessoal e social do indivíduo, seja pela sua falta, seja quanto ao seu excesso.
e) Princípio da Proteção: É apontado pela doutrina pelo maior de todos os princípios trabalhistas. 
O princípio protecionista consiste basicamente em estabelecer um rol de proteções jurídicas à parte mais fraca da relação de emprego (o trabalhador), tendentes a atenuar no plano jurídico, o desequilíbrio fático inerente ao contrato de trabalho. 
O princípio da proteção implica reconhecer que as regras de Direito Processual do Trabalho devem ser confeccionadas e interpretadas da maneira mais benéfica ao trabalhador. 
O maior ou menor poder econômico das partes constitui fator de influência no proclamo do Direito, não do ponto de vista da valoração do justo, mas sim no âmbito de levante e orquestramento dos meios de atuar frente a atividade jurisdicional (p. ex.: o empregador produz a melhor prova ao escolher suas testemunhas dentre os seus subordinados, suporta com menos dissabores a demora do processo). 
Desse modo, o Direito Processual do Trabalho é informado pelo princípio da proteção, eis que o escopo é de proteger a parte hipossuficiente, dando-lhe maiores condições de atuar seu Direito Material, no mesmo nível de defesa do empregador. 
Busca corrigir no plano jurídico uma desvalia derivada da relação socioeconômica. 
Existem várias normas que atendem o princípio da proteção no tramitar do processo do trabalho, a saber: 
Dispensa do pagamento de custas para o empregado; 
Assistência judiciária gratuita concedida ao empregado através de sindicato; 
Inversão do ônus da prova em casos específicos; 
Ação ex officio nos casos de execução;
Arquivamento que possibilita nova propositura da ação (art. 844 da CLT -LER);
Propositura da ação no último local onde trabalhou; 
f) Princípio da Busca da Verdade Real 
É derivado do princípio do Direito Material do Trabalho conhecido como princípio da primazia da realidade (ou do contrato realidade), pelo qual o Juiz deve observar a prática concreta e não a declaração de vontade manifestada, importam os fatos e não a roupagem jurídica de que se revestiram. Ora, se no âmbito do Direito Material o juízo deve se pautar pela realidade concreta e não pela roupagem jurídica de que revestem, o princípio da busca da verdade real vem justamente servir como instrumento para o encontro dessa verdade concreta dentro do processo.
g) Princípio da Conciliação: O princípio da conciliação estava previsto desde as constituições de 1946, 1967 e 1969, e na redação primitiva do art. 114 da CF/88, que estipulava ser competência da Justiça do Trabalho “conciliar e julgar”, mas a nova redação dada pela E.C 45/04 aduz apenas “processar e julgar”. Malgrado a retirada do princípio conciliador do texto constitucional, e a sua presença nos demais ramos do processo, o mesmo subsiste presente com força no processo do trabalho, graças a previsão da norma infraconstitucional, ver art. 764, 846 e 850 da CLT.
Art. 764 da CLT: Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação.
Art. 846 da CLT: Aberta a audiência, o juiz ou presidente proporá a conciliação.
Art. 850 da CLT: Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, e não se realizando esta, será proferida a decisão.
SOLUÇÃO DOS CONFLITOS TRABALHISTAS.
1) Introdução.
Conflitos são todas as formas de confrontos, lutas entre pessoas. Na seara do Direito, os conflitos tem o condão de significar a existência de um descompasso de pretensões.
Dissídio: conflito submetido à apreciação do poder judiciário, pode ser individual ou coletivo.
2) Métodos de solução dos conflitos trabalhistas.
Em que pese o dissenso, podemos reconhecer e classificar ao menos três espécies de formas de composição dos conflitos trabalhistas, a saber: a) autodefesa; b) autocomposição; e c) heterocomposição.
2.1 - Autodefesa: Na autodefesa as próprias partes atuam suas forças no sentido de demover a outra de seus objetivos, conseguindo assim, que prevaleça a sua vontade. É a vitória da vontade do mais forte. Como regra geral não se admite a autodefesaem sede de Direito, em última análise os conflitos deverão ser resolvidos pelo judiciário, já que o Estado avocou para si o império da força nas relações jurídicas particulares, inclusive limitando sua própria atuação de diversas maneiras.
Na seara do Direito do Processual Trabalho, a doutrina tem apontado como espécies de autodefesa na seara trabalhista: a) greve; e b) locaute (lock-out).
2.1.1 – Greve: Consiste na paralisação das atividades pelos trabalhadores, como forma de obrigar o empregador a conceder àquela classe de empregados melhores condições de trabalho, seja do ponto de vista econômico, seja do ponto de vista jurídico.
2.1.2 – Lock-Out: São os casos em que o empregador paralisa as atividades de sua empresa para forçar que os empregados aceitem suas condições de trabalho. O lock-out é proibido expressamente pelo Direito brasileiro, isso, através do art. 17 da Lei da Greve.
2.2 – Autocomposição: As partes chegam a solução de seus conflitos sem a interferência de terceiros, elas mesmas solucionam seus problemas. No modelo clássico da conciliação ela pode ocorrer tanto por meio de renúncia do direito por uma das partes, quanto pela transação sobre o direito (concessões recíprocas entre as partes). 
As técnicas autocompositivas do direito processual do trabalho são de duas espécies: 
a) Negociações Coletivas: A negociação coletiva é um Direito Social Fundamental na forma do art. 7º, XXVI, CF – LER. Existem dois instrumentos de negociação coletiva: acordo coletivo e convenção coletiva.
Existem dois instrumentos de negociação coletiva:
Convenções Coletivas: Firmadas entre sindicatos de empregados e sindicatos de empregadores, e na falta destes, pelas federações ou confederações sindicais (art. 611, cabeça e §2º, CLT); e
Acordo Coletivo: Firmados entre os sindicatos de categoria dos empregados e uma ou mais empresas (art. 611, §1º da CLT –LER).
Observar as características dos instrumentos de negociação coletiva quanto aos limites da negociação: a) normas da higidez física e mental do trabalhador; b) mínimo patamar civilizatório; c) ausência de renúncia de direitos;
b) Conciliações Individuais: Ocorre quando as partes, sem a interferência de terceiros, chegam a um acordo sobre a controvérsia que possuem.
Conciliação é um instrumento tão forte de composição dos conflitos trabalhistas é reconhecida como um princípio específico do processo do trabalho, suas principais características são:
Deve haver uma proposta de conciliação entre as partes no inicio da primeira audiência e antes de recebida a contestação, além de outra proposta de conciliação depois de apresentadas as alegações finais antes do encerramento do processo: art. 846 e 850, CLT. Até antes da E.C 45/04 a jurisprudência trabalhista era forte no sentido de que a não realização das propostas conciliatórias ao tempo devido, implicavam em causa de nulidade do processo do trabalhista, a retirada da conciliação do texto constitucional colocou em dúvida esse entendimento; 
A conciliação entre as partes é limitada pelo princípio da indisponibilidade dos direitos trabalhistas: só se admite a validade do acordo em juízo por aplicação do princípio da res dubbia, quer dizer, as partes somente podem compor sobre o direito duvidoso, o direito confesso deve ser pago imediatamente, sem negociação. Há doutrina minoritária que admite a ampla possibilidade da conciliação quando a parte estiver em juízo (teoria da ausência de elementos de coercibilidade) pois neste caso a desvalia da vontade do obreiro estaria corrigida pela presença do Juiz;
A homologação de acordo pelo Juiz é uma faculdade desse último: súmula 418, TST. O Juiz pode se negar a homologar um acordo entabulado pelas partes (p.ex.: quando achar que estão em risco direitos indisponíveis). Quer dizer, regra geral não cabe recurso contra o ato de Juiz que deixa de homologar acordo já que na justiça do trabalho é vigente o princípio da irrecorribilidade em separado das decisões interlocutórias; 
O acordo homologado em juízo somente pode ser atacado por via de ação rescisória: quer dizer que o acordo homologado em juízo transita em julgado no mesmo ato de sua homologação em juízo (parágrafo único do art. 831, CLT e Súmula 100, V, do TST); 
As partes podem se conciliar a qualquer momento, mesmo após o transito em julgado da sentença: art. 764 da CLT. Nesse caso o princípio da indisponibilidade dos direitos trabalhistas é bastante forte, e não pode haver prejuízo para as parcelas previdenciárias derivadas da sentença; 
Parte da doutrina não reconhece as tentativas de conciliação constantes na CLT como hipóteses de conciliação propriamente dita, porque muitas vezes a atuação do Magistrado é de tal modo afirmativa que acaba atuando como verdadeiro mediador (analisa o caso e propõe soluções para as partes).
2.3 – Heterocomposição: Ocorre a heterocomposição quando as partes delegam a terceira pessoa a solução de seu litígio, subordinando-se a decisão emanada por aquele terceiro. Podemos destacar três espécies de heterocomposição, a saber: a) Mediação; b) Arbitragem; e c) Tutela Jurisdicional.
2.3.1 – Mediação: Na mediação as partes escolhem um terceiro para conhecer seus anseios, estudar o caso posto, e, apresentar um caminho a ser seguido por alguma das partes. O mediador vai além do conciliador, pois ele conhece da causa, e faz proposições que poderão ou não ser aceita pelas partes. O mediador não tem poder de coerção, desse modo a mediação, dentre as formas de heterocomposição, é a menos cogente, e normalmente a mediação se dá na esfera extrajudicial. A mediação difere da conciliação, porque nessa última o conciliador não faz propostas, ele apenas aproxima as partes e as mesmas se conciliam por sua própria vontade, já na mediação a postura do mediador é ativa, embora não possa impor sua decisão às partes, formula propostas tentando convencê-las. 
Podem ser apontadas como características da mediação:
Normalmente é extrajudicial: E o terceiro não é obrigado a ter conhecimentos jurídicos, apenas bom senso e estar disposto a mediar a solução da controvérsia das partes formulando propostas;
Normalmente é privada: A conciliação sim costuma ter um aspecto público, como no processo do trabalho em que é prevista várias vezes durante o andamento do processo; 
Evita a propositura de ações judiciais: Resolve o conflito antes de vir para o Judiciário, assim acaba sendo um instrumento de desafogamento da Justiça.
COMISSÕES DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA.
1) Introdução: As comissões de conciliação prévia foram criadas pela Lei 9.958/00, que acrescentou os artigos 625-A até art. 625-H à CLT, e encerram modalidade de mediação para solução de conflitos trabalhistas. 
Grosso modo podem ser apontados como fundamentos que levaram a criação das CCP: 
a) Tentativa de desafogar o poder judiciário trabalhista: os vários acordos firmados nas CCP impediriam a propositura de novas ações trabalhistas, desafogando o poder judiciário; 
b) Maior celeridade na satisfação do crédito trabalhista: com o acordo nas CCP o empregado receberia mais rápido seu crédito trabalhista, e assim não teria de esperar a demora de um processo judicial; 
2) As principais características das CCP são: 
a) As comissões são de composição paritária e tem por objeto mediar a solução dos conflitos do trabalho: (art. 625-A, CLT) quer dizer devem ter o mesmo número de representantes de empregados e empregadores; 
b) Podem ser constituídas no âmbito de uma ou mais empresas, ou no âmbito de sindicatos: parágrafo único do art. 625-A, CLT; 
c) CCP constituídas em empresas tem no mínimo 02 e no máximo 10 membros e respectivos suplentes, mandado de até 01 ano (com uma recondução): art. 625-B, I, II, III; 
d) Os representantes dos empregados em CCP, titulares e suplentes, possuem garantia de emprego de até um ano após o fim do mandato, salvo justa causa: §1º, art. 625-B, CLT; 
e) A CCP constituídas no âmbito sindical tem sua constituição regulada por negociação coletiva: art. 625-C, CLT. 
f) As CCP têm prazo dedez dias para a realização da sessão de tentativa de conciliação a partir da provocação do interessado: art. 625-F, CLT. Esgotado esse prazo sem a realização da tentativa de conciliação, ou tendo sido realizada a tentativa mas não tendo havido acordo, deve ser dada certidão atestatória da frustração da negociação às partes (§2º, art. 625-D e §único, art. 625-F, CLT); 
g) Há SUSPENSÃO do prazo prescricional desde a provocação da CCP até a frustração da negociação ou decurso do prazo de 10 dias: art. 625-G, CLT. 
h) Existindo concorrência de CCP (em sindicatos e empresas) o empregado tem liberdade para optar por uma delas: §4º, art. 625-D, CLT; 
i) A demanda deve ser escrita ou reduzida a termo, assim como eventual acordo deve ser reduzido a termo: §1º, art. 625-D, CLT e art. 625-E, CLT; 
j) O termo de acordo lavrado nas CCP tem natureza de TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL: parágrafo único do art. 625-D, CLT. Poderá ser executado na Justiça do Trabalho; e
k) O termo de acordo tem EFICÁCIA LIBERATÓRIA GERAL, salvo quanto as parcelas expressamente ressalvadas: parágrafo único, art. 625-E, CLT. Há dissenso doutrinário sobre o significado dessa terminologia eficácia liberatória geral.
Parte da doutrina defende que a terminologia eficácia liberatória geral tem relação abrange todos os títulos descritos no acordo bem como todo os direitos do contrato de trabalho, quer dizer, a conciliação na CCP abrangeria a liberação sobre todos os direitos do contrato (nesse sentido ver acórdão do TRT 24 que deu quitação de danos morais por causa de acordo em CCP). 
Doutrina majoritária defende que essa quitação apenas libera quanto os valores expressamente pagos, não liberando quanto aos títulos/direitos que estão sendo pagos (o que permite ao obreiro rever tais valores em juízo), tampouco dá quitação de todo o objeto do contrato de trabalho. 
A doutrina majoritária se socorre do Direito Civil para respaldar sua conclusiva, primeiro porque o art. 320 do CCB exige que a quitação seja específica quanto a natureza dos valores que estão sendo pagos, quer dizer, não liberação daquilo que não foi pago.

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