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PARASITOSES INTESTINAIS São consideradas um problema de saúde pública, principalmente nas áreas rurais e periferias das cidades dos países subdesenvolvidos, e em desenvolvimento onde são mais frequentes. As parasitoses, atingem cerca de 25% da população mundial (1 em cada 4 pessoas!). Sua transmissão depende das condições sanitárias e de higiene das comunidades. Além disso, muitas dessas parasitoses relacionam-se a déficit no desenvolvimento físico e cognitivo e desnutrição. INTER-RELAÇÃO ENTRE OS SERES VIVOS: Parasitismo: Associação onde existe unilateralidade de benefício – O Hospedeiro é espoliado pelo parasita, fornecendo abrigo e alimento. Comensalismo: Associação harmônica entre duas espécies, onde o hóspede obtém vantagem sem prejuízo para o hospedeiro. Simbiose: Associaçāo harmônica entre duas espécies, onde o hóspede, e o hospedeiro obtém vantagem sem prejuízo para o hospedeiro. OS HOSPEDEIROS PODEM SER DEFINIDOS COMO: Hospedeiro definitivo: organismo que aloja um parasita por longo período de tempo, é o local onde o parasita realiza sua reprodução. Hospedeiro intermediário: é o organismo no qual o parasita desenvolve parte de seu ciclo, fases larvais ou infectantes. Vetor: são invertebrados, hospedeiros de transporte ou mecânicos. Podem ser vetores biológicos onde as larvas se reproduzem dentro do vetor ou vetores mecânicos utilizados como transportadores das larvas AÇÕES DOS PARASITAS SOBRE OS HOSPEDEIROS: Açāo espoliativa: absorçāo de nutrientes e sangue do hospedeiro. exemplo: ancylostomadae, ingerem sangue da mucosa intestinal (absorvem sangue para obtencão de FE e O2) Açāo tóxica: parasitas produzem enzimas ou metabólitos que podem lesar o hospedeiro. Exemplos: reaçōes alérgicas provocadas pelos metabólitos de A. lumbricoides. reaçōes teciduais ( intestino, fígado e pulmōes) produzidas pelas secreçōes no miracídio dentro do ovo do S. mansoni. Açāo mecânica: parasita podem impedir o fluxo de alimentos, de bile ou a absorçāo alimentar no intestino. Exemplo o enovelamento de A. lumbricoides dentro de uma alça intestinal, obstruindo-a. Giardia lamblia atapetando o duodeno. Açāo traumática: migrações cutâneas e pulmonares, lesões hepáticas úlceras intestinais, rompimento de hemacias. Exemplos migração cutânea e pulmonar pelas larvas de Ancylostomatidae e o rompimento das hemáceas pelos Plasmodium. Açāo irritativa: presença do parasita, irrita o local parasitado (ventosa). Exemplos presença constante do parasita que sem produzir lesōes traumática irrrita o local parasitado , ação dos lábios da Ascaris lumbricoides na mucosa intestinal. Anóxia: O parasito destroi ou consome hemácias diminuindo a quantidade de oxigênio para os tecidos. Exemplos qualquer parasita que consuma o O2 da hemoglobina, ou produza anemia, é capaz de provocar anóxia generalizada ,é o que acontece com o Plasmodium. Açāo enzimática: Ocorre a penetraçāo na pele, mucosa intestinal através de enzimas produzidas pelo parasita. Exemplos :penetração na pele pela cercárias de S. mansoni é a ação da E.histolytica ou do Ancylostomatidae para lesar o epitélio intestinal EPIDEMIOLOGIA: Na América Latina e Caribe 200 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza • 2,4 bilhões não tem saneamento básico • 1 bilhão de adultos é analfabeto • 110 milhões de crianças na idade escolar estão fora da escola (60% ♀) • 1 bilhão não tem acesso à água potável • 790 milhões não tem nutrição adequada IMPORTÂNCIA DAS PARASITOSES INTESTINAIS: - Problema mundial de saúde pública. - Cerca de 55% das crianças do Brasil são poliparasitadas. - Considerada doença emergente em imunossuprimidos. - Sintomatologia variada. - Podem levar à desnutrição. - Sempre atentar durante início de corticoterapia. PARASITISMO Parasitas são organismos que vivem em associação com outros, dos quais retiram os meios para a sua sobrevivência, normalmente prejudicando o organismo hospedeiro = PARASITISMO As parasitoses intestinais são doenças cujos agentes etiológicos são helmintos ou protozoários => em pelo menos uma das fases do ciclo evolutivo, localizam-se no aparelho digestivo do ser humano. Helmintos (macroparasitas): - animais metazoários (organismos pluricelulares), de vida livre. Compreendem 2 ramos ou filos do reino animal: 1. Platelmintos (vermes achatados) 2. Nematelmintos (vermes cilíndricos) HELMINTOS Ascaris lumbricoides Ancylostoma duodenale Enterobius vermicularis Strongyloides stercoralis Taenia solium e T. Saginata Trichuris trichiura Protozoários (microparasitas): são seres unicelulares que fazem parte do reino protista, subreino protozoa. Podem ser amebóides, flagelados, ciliados e produtores de esporos. Balantidium coli Blastocistis hominis Cryptosporidium parvum Entamoeba histolytica Giardia lamblia e G. intestinalis Isospora belli Água possui grande importância pois impede a dessecaçāo e morte de ovos e larvas de helmintos e cistos de protozoários. Segundo a Organização Mundial de Saúde, mais de 2 bilhōes de pessoas são portadoras de um tipo de parasitoses estima-se que 2/3 das causas de mortalidade mundial tem relação com as doenças de veículação hídrica. CONCEITOS IMPORTANTES: CICLO DE LOSS Larva livre na luz do TGI penetra ativamente na mucosa (ceco),ganhando a circulação venosa e encaminhando-se aos pulmões. Após, são deglutidas com as secreções SÍNDROME DE LOEFLER Pneumonite: tosse irritativa, dispnéia, broncoespasmo, infiltrados pulmonares migratórios. Ascaris lumbricoides Ancylostoma duodenale Necatur americanus Strongyloides stercoralis HELMINTÍASES ANCILOSTOMÍASE: Helmintíase causada por dois parasitas que habitam o intestino delgado, gerando infecção gastrointestinal com perda crônica de sangue, resultando em anemia e desnutrição protéica: Ancylostoma duodenale Necator americanus A. duodenale Predomina nos países mediterrâneos, Irã, Paquistão, norte da Índia e China, norte da África, algumas áreas do Extremo Oriente, como Japão e na América do Sul o Peru e o Chile N.americanus Sudeste da China e Ásia, parte da Austrália, ampla disseminação na África, abrangendo África Central e do Sul. No Brasil predomina onde há migração européia evidente. Prevalência global: 1,25 bilhōes de pessoas parasitadas, das quais 151 milhões sofrem de ancilostomíase doença, ocorrendo principalmente em países em desenvolvimento. No Brasil - elevados índices, por sua localização tropical e pelas precárias condições higiênicas. Menos freqüente em altas altitudes. Relação com o hábito de andar descalço na zona rural e em solos arenosos com altos índices pluviométricos Crianças e adultos jovens N. americanus e A. duodenale Família Ancylostomidae Classe Nematoda Helmintos cilíndricos revestidos por cutícula resistente, afilados nas extremidades, que apresentam cápsula bucal, capaz de se fixarem nas vilosidades do intestino delgado, provocando dilaceração dos tecidos CICLO EVOLUTIVO: 1.Evolução dos ovos férteis no solo até se tornarem larvados, com L1 que após a liberação se desenvolvem, sofrendo muda para L2 rabditóide; 2.Transformação para larva L3 filarióide infectante. 3.Penetração da larva L3 (filarióides) pela pele; 4.Larvas carreadas pelo sistema porta até os pulmões; 5.Larvas rompem os capilares e caem nos alvéolos, sofrendo nova muda (L4). Migração das larvas para a faringe; 6.Expulsão das larvas pela expectoração ou deglutição; 7.Larvas deglutidas atingem o duodeno, onde sofrem uma nova muda (L5), sendo que posteriormente amadurecem sexualmente transformando-se em adultos. Fêmeas, após a cópula, iniciam a ovoposição. 8.Eliminação dos ovos embrionados pelas fezes e contaminação do ambiente; Patogenia Fase invasiva Fase de migração larvária pulmonar Fase de fixação dos vermes ao intestino Perda sangüínea diária: 0,03 mL por cada N. americanus 0,15 mL por cada A. duodenaleProdução de fator inibidor de neutrófilos Patogenia/clínica: Pele: - máculas e eritema de pequenas proporções no local da penetração. Rara lesão típica no nosso meio. TGI : - ulcerações cápsula bucal prende-se a mucosa cólicas,sangramento e astenia Cada verme suga 0,06 - 0,09 ml/dia (N.A). Sistêmicos: desnutrição, anemia severa, geofagia, hipoproteinemia, anasarca, insuficiência cardíaca, óbito. Sistema respiratório: Síndrome de Loeffler. ANCILOSTOMOSE = AMARELÃO. Diagnóstico Clínico Laboratorial Pesquisa de ovos/ larvas rabditóides Metódo de Faust e de Kato-Katz(contagem) Síndrome de Löeffler: escarro pode evidenciar eosinófilos e cristais de Charcot-Leyden (grânulos eosinofílicos em degradação) Hipoalbuminemia TRATAMENTO ALTERNATIVA CONTROLE DE CURA Mebendazol = 100mg/2x dia por 3 dias alternados. Albendazol = 200 mg ou 10 mL suspensão. Dose única. 7, 14, 21 dias. ASCARIDÍASE Helmintíase causada pelo Ascaris lumbricoides Nematelminto da classe dos nematóides, pertencente à família Ascaridae É o maior nematóide parasito do homem ♂ 15 a 30 cm ♀ 35 a 40 cm Vivem na luz do intestino delgado Postura de 200 mil ovos/ dia Ovos férteis: grande resistência ao meio externo, desenvolvendo-se quando as condições do meio se tornam propícias Epidemiologia Parasita de maior prevalência - 25% da população mundial Presente em áreas tropicais, subtropicais e temperadas No Brasil estima-se que 60% da população esteja parasitada. Solo: reservatório Determinantes para a transmissão: asseio pessoal e condições de higiene CICLO EVOLUTIVO: 1 e 2-ingesta de alimentos contaminados com ovos larvados 3-passagem de ovo pelo estômago e liberaçāo da larva no intestino delgado 4-penetraçāo das larvas na parede intestinal(macho e fêmea) 5-larva carreada pelo sistema porta até os pulmöes 6-larvas muda para l4, indo posteriormente romper os capilares, caem no alvéolos sofrendo nova mudança l5 ocorrendo migraçāo das larvas para a faringe 7-expulsāo das larvas pela expectoraçāo ou deglutiçāo das mesmas 8-larvas atingem novamente o duodeno transformando-se em adultos fêmeas após a cópula, iniciam a ovoposiçāo. 9-eliminaçāo dos ovos pelas fezes e contaminaçāo do ambiente 10 a 12- evoluçāo dos ovos férteis até se tornarem larvas. Quadro clínico Febre, tosse, mal-estar. Em virtude do ciclo pulmonar da larva, alguns pacientes apresentam manifestaçōes pulmonares como, broncoespasmo, dispnéia e hemoptise decorrentes do comprometimento pulmonar, pneumonite caracterizando a sindrome de Loeffer , que cursa com eosinofilia importante. Observação: Radiograma de tórax pode evidenciar vários infiltrados, uni ou bilaterais Dor abdominal, diarréia, vômitos, anorexia Quando ocorre grande número de parasitas podemos ter quadro de obstrução intestinal. Podendo evoluir com abdome agudo. Possibilidade de manifestações extra-intestinais: Diagnóstico PPF Hemograma Imagens radiológicas contrastadas de abdome Pesquisa de larvas e cristais de Charcot-Leyden no escarroColecistite Abscesso hepático Pancreatite Tratamento Alternativa Controle de cura Abendazol 400mg/dia adulto 10mg/kg criança dose única Levamizol 150mg dose única 40mg criança menor 8 anos 80mg crianc1a maior 8 anos 7 , 14 e 21 dias ENTEROBÍASE OU OXIÚRUS Helmintíase causada pelo Enterobius vermicularis ou Oxyurus vermicularis, de localização preferencial no ceco, apêndice, cólon e reto, determinando sua principal manifestação clínica: Prurido anal Verme delicado, pequeno, filiforme e branco ♂ 3 a 5 mm - Possui cauda recurvada sobre o ventre ♀ 8 a 12 mm - Possui cauda afilada e 02 úteros, ovipondo 11.000 ovos Ovos raramente são encontrados nas fezes, devido à migração da fêmea à região anal, onde faz a postura dos ovos embrionados, que se tornam maduros e infectantes em 06 horas e por 20 dias Infecção e reinfecção ocorre, devido ao transporte de ovos da região anal à boca, através das mãos Ovos liberam as larvas rabditóides no duodeno, onde sofrem duas mudas, chegando adultas ao cólon Epidemiologia Mais cosmopolita de todos os nematóides Europa: prevalência de 40% Relação com lugares aglomerados Métodos de transmissão: -Pela contaminação de alimentos - Inalação de poeira, principalmente em habitações coletivas - Retroinfecção. Patogenia Vermes afixados na mucosa podem determinar processo inflamatório leve, catarral Proctite, gerando prurido Envolvimento extra-intestinal: Trato genital feminino, gerando reações inflamatórias granulomatosas Quadro clínico A maioria dos pacientes é assintomática Prurido anal e perianal, que de exacerba à noite, devido à migração dos vermes desencadeados pelo calor do corpo Diagnóstico Swab anal tratamento alternativa Controle de cura Pomoato de pervínio 10mg/kg vo dose única Mebendazol 100mg vo 2x ao dia consecutivo Albendazol 200mg 2comp vo 10ml de suspensão(200mg/5ml) dose única Swab anal a partir do 8 dia de tratamento ,durante 7 dias Profilaxia = educação sanitária; construção de fossas sépticas; tratamento de doentes; higiene; lavar bem frutas e verduras; filtrar ou ferver a água. ESTRONGILOIDÍASE Infecção causada pelo nematelminto Strongyloides stercoralis, distribuída mundialmente, sendo mais prevalente em áreas tropicais e subtropicais, gerando quadros oligo ou assintomáticos na maioria das vezes, podendo assumir gravidade extrema Peculiaridade: capaz de completar o ciclo de vida no hospedeiro ♀ 1,5 a 10 mm - fica alojada na mucosa do intestino delgado, onde reproduz-se por partenogênese, dando origem a larvas rabditóides de 400 µm e são as formas mais comumente encontradas nos exames de fezes. Após 02 mudas, dão origem a larvas filarióides que medem 400 a 700 µm, sendo capazes de invadir os tecidos ♂ Não encontrados no tubo digestório Epidemiologia Distribuição mundial, sendo mais prevalente em áreas de clima quente e úmido Bolsões de baixa endemicidade na Europa, EUA, Japão e Austrália Brasil: alta prevalência Relação com populações institucionalizadas Maior prevalência de co-infectados com HTLV-I e estrongiloidíase, como no Japão e no Caribe Forma disseminada em HIV positivos Formas de aquisição Penetração de larvas filarióides pela pele íntegra ou mucosas Ingesta de água contendo larvas filarióides Transmissão vertical através do aleitamento materno Transmissão sexual - contato da pele e/ ou mucosa genital com conteúdo intestinal que contenha larvas infectantes CICLO DE VIDA: Após a penetração na pele, as larvas migram para os pulmões. Uma vez nos pulmões, elas migram em direção à parte superior das vias aéreas, sendo inconscientemente engolidas ao chegarem próximos à faringe, caindo no sistema gastrointestinal. Quando chegam ao intestino delgado, as larvas amadurecem e evoluem exclusivamente para a forma de fêmeas adultas, que medem cerca 2 mm de comprimento. Cada fêmea adulta pode viver até 5 anos, produzindo ovos e liberando novas larvas ainda dentro dos intestinos. As novas larvas são excretadas juntos com as fezes, reiniciando o ciclo de transmissão o verme. Patogenia e imunidade Pneumonite eosinofílica na infecção aguda, devido à migração de larvas filarióides Fêmeas alojadas no intestino delgado - população parasitária se torna constante, indefinidamente, através da manutenção do ciclo de auto-infecção em níveis mínimos Equilíbrio entre o sistema imune e a população parasitária é responsável pela baixa reação inflamatória e lesões, gerando poucos sintomas Manifestações clínicas Forma aguda - Lesões pápulo-pruriginosas - Lesões urticariformes lineares migratórias - Tosse seca e sibilos esparsos - Dor abdominal inespecífica ou epigastralgia, diarréia, náuseas e vômitos Forma crônica - Oligossintomática - dor abdominal, náuseas, vômitos , diarréia intermitente, meteorismo - Artrite reacional e síndrome nefróticaHiperinfecção e doença disseminada - Acentuado quadro digestivo, com diarréia intensa, podendo assumir características disenteriformes - Náuseas e vômitos - Obstrução intestinal e hemorragia - Enteropatia perdedora de proteína - Manifestações pulmonares: tosse, sibilos, dispnéia, dor torácica e hemoptise - Acometimento de meninges, coração, linfonodos, pâncreas, rins e musculatura esquelética pode estar presente - alta mortalidade e dificuldade no diagnóstico Diagnóstico - Proctoparasitológico de fezes seriado Reações sorológicas Anti-helmínticos Tratamento Alternativa Controe de cura Tiabendazol 25mg/kg/dia por 5 a 7 dias. 50mg/kg/dia.dose única Dose máx 3,0g dia Ivermectina 200mg/kg, dose ‘nica 7, 14 e 21 dias Profilaxia Pacientes candidatos a transplantes de órgãos sólidos ou medula óssea Portadores do HTLV-I Portadores do HIV TENÍASE A Taenia solium e a Taenia saginata são as mais conhecidas por parasitarem o intestino delgado do homem. Os seus hospedeiros intermediários são o porco, no caso da Taenia solium, o boi no caso da Taenia saginata Parasitose intestinal humana causada pela presença da forma adulta de Taenia solium, Taenia saginata e Taenia saginata asiatica, popularmente conhecidas como solitária Estão amplamente distribuídas onde se faz ingesta de carnes mal-cozidas (T. solium e T. saginata asiatica - gado suíno/ T. saginata - gado bovino) Morfologia São vermes achatados, em forma de fita, tendo o corpo constituído por escólex, que contém 04 ventosas, colo ou pescoço e corpo ou estróbilo, formado por centenas de anéis de proglotes imaturos, maduros e grávidos - T. solium - 2 a 9 m - T. saginata - 4 a 25 m - T. saginata asiatica - 3 a 5 m Ovos são esféricos ou ovóides medindo de 30 a 40 µm Cisticercos - vesículas contendo o verme embrionado Habitualmente, para efeitos de esquematização, divide-se o corpo da tênia em três zonas: o escólex ou cabeça, o pescoço e o estróbilo. O escólice é a parte do corpo onde se encontram os órgãos de fixação do verme à mucosa intestinal do hospedeiro, quais sejam as ventosas, o rostro e a coroa de ganchos. O corpo de uma tênia possui uma cabeça, ou escólex , que apresenta ventosas. Na Taenia solium , além das ventosas, também há ganchos, com os quais o animal se prende à parede do intestino do hospedeiro. Logo abaixo do escólex , vêm o pescoço e o corpo, formado por uma série de anéis conhecidos por proglotes . O crescimento de uma tênia ocorre na região do pescoço; as proglotes recém-formadas ficam próximas ao escólex . As tênias são hermafroditas: em cada proglote há órgãos reprodutores masculinos e femininos. Elas são capazes de se autofecundar (os espermatozóides de uma proglote podem fecundar os óvulos de outra proglote ). Com a fecundação, as proglotes se enchem de ovos . O pescoço é uma região de intensa multiplicação celular, responsável pela formação das proglótides . O conjunto de proglótides é chamado de estróbilo. As proglótides , ao se afastarem da extremida anterior vão sofrendo um processo de maturação, passando pelos estágios de proglótides imaturos, maduros e grávidas , isto é, proglótides ainda sem aparelhos sexuais, as com aparelhos sexuais desenvolvidos e aquelas que já possuem ovos fecundados. As tênias são vermes hermafroditas e cada estróbilo maduro possui aparelhos sexual masculino e feminino. As proglótides grávidas estão na extremidade final do estróbilo e se soltam do corpo do verme, sendo então elimadas junto com as fezes. CICLO REPRODUTIVO DE UMA TÊNIA: Para a sua reprodução, as tênias necessitam de dois hospedeiros: um deles é intermediário, (no caso da Taenia solium é o porco e no da Taenia saginata é o boi) e o outro é definitivo (homem). O animal adulto vive no intestino humano. As proglotes, cheias de ovos, se desprendem do corpo da tênia e costumam ser eliminadas junto com as fezes. Esses ovos podem atingir o solo, a água, as verduras, as pastagens e serem ingeridos pelo porco ou pelo boi. No intestino desses animais, cada ovo libera uma larva, que cai na corrente sanguínea e se instala na musculatura do porco ou do boi, transformando-se aí numa larva chamada cisticerco, dentro da qual há um pequeno escólex. O cisticerco tem um aspecto arredondado e esbranquiçado, por isso é conhecido, popularmente, como canjiquinha ou pipoca. Por abrigarem o estágio larval da tênia, é que o porco e o boi são os hospedeiros intermediários. Ao comer a carne contaminada desses animais, estando ela malcozida ou malpassada, o homem ingere também o cisticerco, que, ao chegar ao intestino, libera o escólex, que logo se prende à parede intestinal e começa a crescer. Assim, o homem passa a ser o hospedeiro definitivo da tênia. DINÂMICA DA INFECÇÃO - T. saginata é responsável por cerca de 70% das infecções, mas como não causa a cisticercose, tem pouca expressão clínica - O homem é o hospedeiro definitivo, ao passo que os bovinos e suínos são intermediários - Nas infecções por T. solium o homem pode ser hospedeiro intermediário e definitivo - Eliminação de milhares de ovos no ambiente - Insetos e aves são responsáveis pela disseminação dos ovos - Ovos com grande capacidade de sobrevivência Epidemiologia - Taxa mundial de teníase : 1,5%,da pop. Mundial, equivalendo a 75 milhões de infectados, com predomínio absoluto de T. saginata - Transmissão de cisticercose(T.solium), principalmente através de hortaliças - 5 a 40% dos infectados por teníase, desenvolvem cisticercose - Trabalhadores rurais: fonte de infecção da cisticercose animal Quadro clínico - As infecções geralmente são assintomáticas - Eliminação das proglotes pelo ânus - Náuseas, vômitos, dor abdominal - Cefaléia, tontura, insônia e irritabilidade - Diarréia ou constipação intestinal - Retardo do desenvolvimento em crianças - Baixa produtividade no adulto - Complicações: obstrução intestinal, colangite e apendicite Diagnóstico - Pesquisa de proglotes nas fezes - Reações sorológicas Tratamento Alternativa Controle de cura Praziquantel 10mg/kg dose única Mebendazol 200mg/dia 2x por 3 dias repetir após 7 dias. Albendazol 400mg/dia por 3 dias Seguimento por 4 meses com exames períodicos CISTICERCOSE: A neurocisticercose é a doença resultante da infestação do Sistema Nervoso Central pela forma larvária da Taenia solium, denominada Cysticercus cellulosae Homem é o único hospedeiro definitivo da T. solium, podendo, acidentalmente, se tornar o hospedeiro intermediário, gerando a cisticercose Após a ingesta de ovos do parasita, perdem a camada externa de quitina e são ativados pelos sucos biliares, penetrando na circulação Preferencialmente, as oncosferas se desenvolvem em tecidos bastante oxigenados, onde atingem a condição larvária = cisticerco 35 a 84% dos parasitados apresentam acometimento cerebral, podendo haver poucas ou centenas de lesões (forma miliar) RELAÇÃO HOSPEDEIRO-PARASITO A resposta imune ao parasito pode estar entre um pólo de total tolerância imunológica, permitindo sua viabilidade por anos e um pólo de resposta inflamatória extrema, matando o verme e formando granulomas no tecido cerebral Mulheres têm resposta imune mais acentuada que homens Mecanismos de resistência do cisticerco ao sistema imune PATOLOGIA Identificação do parasito - Vesículas arredondadas de tamanho variável, repleta de líquido, contendo o escólex - Cysticecus cellulosae - Vesículas pequenas e agrupadas, sem escólex no interior (parasitos inviáveis), podem ser encontradas em lesões do espaço subaracnóideo - Cysticercus racemosus Quadro clínico Síndromes neurológicas induzidas pela infestação do Sistema nervoso central Polimorfismo de manifestações clínicas decorrente de : Variadas localizações Únicos ou múltiplos cistos Resposta imuneAtividade da lesão pode variar de cisticercos ativos a granulomas e calcificações Período de viabilidade: 06 ou mais anos Tempo entre a infestação e o início dos sintomas: de meses a 30 anos, com média de 04 anos Formas ativas Aracnoidites Hidrocefalia secundária à inflamação meníngea Cistos parenquimatosos Infarto cerebral secundários à vasculite Efeitos de massa causados por grandes cistos ou racema Cistos intraventriculares Cistos espinais Formas inativas Calcificações intraparenquimatosas Hidrocefalia secundária à fibrose meníngea Os cistos viáveis causam pequena resposta inflamatória no tecido vizinho e escassa sintomatologia Sintomas decorrem da morte ou da degeneração dos parasitos Convulsões Reações meníngeas Distúrbios visuais Cefaléia Vômitos Síndrome de hipertensão intracraniana Distúrbios mentais progressivos Diagnóstico Tomografia computadorizada Ressonância nuclear magnética Líquor: Pleocitose mononuclear Hiperproteinorraquia Reações imunológicas positivas Tratamento: Cisticida - Praziquantel - Albendazol Cirúrgico Tratamento Alternativa Praziquantel 50mg/kg/dia por 21 dias + dexametasona Albendazol 15mg/dia por 30 dias + metilpredisolona 100mg no d1 e 20mg/dia até d 30 Praziquantel , na dose de 50mg/kg/dia, durante 21 dias, associado a Dexametasona , para reduzir a resposta inflamatória, consequente a morte dos cisticercos. Pode-se, também, usar Albendazol , 15mg/dia, durante 30 dias, dividida em 3 tomadas diárias, associado a 100mg de Metilprednisolona , no primeiro dia de tratamento, a partir do qual se mantem 20mg/dia, durante 30 dias. O uso de anticonvulsivantes, às vezes, se impõe, pois cerca de 62 % dos pa cientes desenvolvem epilepsia secundária ao parasitismo do SNC PROTOZOOSES GIARDÍASE Giardíase é uma infecção do intestino delgado causada por um organismo microscópico (protozoário), cham ado Giardia lamblia . EPIDEMIOLOGIA: Os principais riscos de infecção pela Giárdia é pelo consumo de alimentos contaminados por água não tratada, além de auto-infecção ou manipulação de alimentos de forma inadequada. A infecção pode ocorrer também através de relações sexuais. Pode viver no estado livre, em lagos ou ribeiras durante bastante tempo. PATOGENIA: Giárdia (Giardia lamblia) causa diarreia e dificuldades na absorção intestinal. Por aderir e diminuir as microvilosidades do intestino, dificultando a absorção de nutrientes; e por possuir proteases que agem em glicoproteína intestinais, levando lesões à mucosa, desencadeando uma resposta inflamatória. CICLO DE VIDA: Ocorre a ingestão do cisto (forma infectante), no duodeno ele passa para sua forma ativa, o trofozoíto. Os trofozoítos têm proteínas de adesão às células da mucosa . Estes então, colonizam o intestino delgado, fazendo diversas divisões binárias, causando uma inflamação na mucosa intestinal, resultando em diarréia. Alguns trofozoítos transformam-se em cistos, que são formas inativas, que são excretadas com as fezes. Os cistos resistem por algumas semanas. Se forem ingeridos são ativados durante a passagem pelo seu estômago e transformam-se em trofozoítos, completando seu ciclo de vida biológico. 1- A contaminaçāo do hospedeiro ocorre por ingestāo de alimentos, água ou fômitos contaminados com cistos viáveis do parasita 2- O desencistamento é iniciado no estômago(meio ácido) e termina no duodeno jejuno; 3-colonizaçāo do intestino delgado pelas formas trofozoitas; 4- Encistamento do parasita principalmente na regiāo do ceco; 5- Eliminação do parasita para o meio externo juntamente com as fezes. SINTOMAS: Diarréia: aguda e autolimitada, crônica e persistente Esteatorréia Má absorção de gorduras e nutrientes (vit lipossolúveis, vit B12, ferro, xilose, lactose) Cólicas abdominais Perda de peso Náuseas e vômitos Fraqueza Flatulências Diagnóstico por Faust (presença de cistos ou trofozoitos). Importante solicitar 3 amostras em dias alternados A pesquisa de antígeno por ELISA nas fezes, Tem um alto grau de sensibilidade (de 85 % a 95%) e de especificidade ( 90% a 100%). tratamento adulto crianças Secnidazol Tinidazol Metronidazol 2,0g vo dose única 2,0g vo dose única 250mg, vo 2x ao dia por 5 dias 30mg/kg ou1ml/kg dose única --------------------------- 15mg/kg/dia, vo 2x ao dia AGENTES ETIOLÓGICOS Giárdia Distribuição cosmopolita. Transmissão fecal-oral. Localizam-se preferencialmente no intestino delgado. Cistos e trofozoítos. Lesão de criptas, diminuição da atividade de dissacaridases, invasão de mucosa, desconjugação de ácidos biliares AMEBÍASE No Brasil, o número de pessoas infectadas ou com a sintomatologia varia para cada região. No Sul e Sudeste do país, a prevalência varia de 2,5% a 11%, na região amazônica atinge até 19%, e nas demais regiões fica em torno de 10%. A região Amazônica apresenta manifestações da amebíase mais grave, caracterizada por uma maior prevalência, causando frequentes formas disentéricas e abscessos hepáticos. Infecção causada pelo protozoário: Entamoeba Hystolytica que se apresenta em duas formas: cisto e trofozoíto. Ele pode atuar como comensal ou provocar invasão de tecidos, originando, assim, as formas intestinal e extra-intestinal da doença. O quadro clínico varia de uma diarréia aguda e fulminante, de caráter sanguinolento ou mucóide, acompanhada de febre e calafrios, até uma forma branda, caracterizada por desconforto abdominal leve ou moderado, com sangue e/ou muco nas dejeções. Pode ou não ocorrer períodos de remissão. A transmissão pode ser inter-humana (fecal-oral). As principais fontes de infecção são a ingestão de alimentos ou água contaminados por fezes contendo cistos amebianos maduros. Ocorre mais raramente na transmissão sexual devido a contato oral-anal. A falta de higiene domiciliar pode facilitar a disseminação de cistos dentro da família. Os portadores assintomáticos, que manipulam alimentos são importantes disseminadores desta protozoose. Tipos de transmissão: Direta: Ingestão de cistos, meios não usuais Indireta: Portador assintomático, alimentos, água insetos , vento, chuva, etc. INCUBAÇÃO: Entre 2 a 4 semanas, podendo variar dias, meses ou anos. CICLO DE VIDA Ingestão de cistos presentes na água ou nos alimentos contaminados. Ocorre desencistamento no intestino delgado, liberando os trofozoítos que se reproduzem por divisão binária, tornam-se patogênicos e invadem a parede intestinal, alimentando-se de células da mucosa e de hemácias. Podem invadir outros órgãos através da circulação sangüínea, especialmente ao fígado. Os trofozoítos que permanecem no intestino reduzem o seu metabolismo, e secretam uma parede cística ao seu redor, formando os cistos, que são eliminados através das fezes. Podendo permanecer viáveis por 20 dias no ambiente Amebíase intestinal não invasiva – casos assintomáticos com ausência de anticorpos no sangue Amebíase intestinal invasiva – casos sintomáticos - sintomatologia diversa Formas clínicas:colite, ameboma e amebíase extra-intestinal. Cerca de 100 mil mortes por ano no mundo. Colite disentérica: forma grave. Ameboma : formação de granuloma no ceco. Forma extra-intestinal: abscesso amebiano. FORMAS DE AMEBÍASE: 1. Colite A. Colite aguda: Uma a duas semanas de fezes aquosas associadas a muco ou sangue; Dor abdominal (ao exame: em quadrantes inferiores do abdome); Tenesmo importante; Minoria dos pacientes apresenta febre B. Colite Crônica: Difícil diferenciação de doenças inflamatórias intestinais (diarréia sanguinolenta com anos de duração); C. Colite Fulminante: Febre associada a dor abdominal difusa e diarréia sanguinolenta profusa 2. Amebomas - Infecção amebiana localizada com dor importante no ponto de instalação. Cursa como uma massa abdominal palpável. 3. Amebíase pulomonar 4. Apendicite 5. Amebíase hepática - Abscesso hepáticoé a forma mais comum. Cursa com febre e desconforto em quadrante superior de abdome. A dor pode ser local ou irradiada para ombro direito. Hepatomegalia (50% dos casos), há risco de rotura hepática com disseminação hematogênica ou ainda por contigüidade para peritônio. AMEBÍASE HEPÁTICA: Manifesta-se com: Dor Disenteria e/ou diarréia Perda de peso Hepatomegalia Febre Dor epigástrica Icterícia Complicações: Granulomas amebianos (amebomas) na parede do intestino grosso; Abscesso hepático, pulmonar ou cerebral Resumo: Causada pela Entamoeba histolytica , com transmiss ão fecal-oral. Formas clínicas: colite, ameboma e amebíase extra-intestinal. Cerca de 100 mil mortes por ano no mundo. Colite disentérica: forma grave. Ameboma : formação de granuloma no ceco. Forma extra-intestinal: abscesso amebiano . Diagnóstico: pesquisa a fresco nas fezes ou método de Faust . Tratamento : Metronidazol , Secnidazol e Teclozan . A terapêutica depende da forma de apresentação Empiema Pericardite Colite fulminante com perfuração. DIAGNÓSTICO: Amebíase intestinal Pesquisa do parasito (cistos / trofozoitos) nas fezes Teste sorológico positivo Retrosigmoidoscopia (biópsia) Pesquisa de coproantígenos ou Acs (ELISA, RIFI) Amebíase hepática Diagnóstico Laboratorial: Imagem Aspirado hepático Pesquisa de Acs Leucocitose Transaminases e bilirrubina ------------------
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